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54 Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 24(1), 2008 Tendências da produção científica em odontologia no Brasil Aldo Angelim Dias,1 Paulo Capel Narvai 2 e Delane Maria Rêgo3 Objetivo. Descrever a tendência da produção científica odontológica no Brasil, destacando-se a área de saúde bucal coletiva, nos primeiros anos do século XXI. Métodos. Os resumos de trabalhos apresentados nas reuniões da Sociedade Brasileira de Pes- quisa Odontológica (SBPqO) de 2001 a 2006 foram avaliados em termos do seu desenho meto- dológico (estudo agregado ou individuado; estudo observacional ou de intervenção; estudo transversal ou longitudinal), natureza geral (revisões bibliográficas, estudos com seres huma- nos ou pesquisas laboratoriais) e enquadramento em uma das 19 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Dos 10 406 trabalhos apresentados nesse período, foram lidos 5 203 (50,0% do total). Resultados. Quanto ao desenho metodológico, 87,5% dos resumos eram do tipo operativo in- dividuado e 12,5% do tipo agregado. Na classificação da natureza geral da pesquisa, 41,7% dos resumos tratavam de estudos com seres humanos. Os resumos restantes (58,3%) tratavam de pesquisas laboratoriais in vitro (31,1%), pesquisas laboratoriais in vivo (23,6%) e revisões bi- bliográficas (3,6%). Com relação às áreas de conhecimento do CFO, apenas cinco atingiram per- centuais de ocorrência superiores a 10,0%: dentística, periodontia, endodontia, odontopediatria e saúde coletiva. Conclusões. A produção científica odontológica brasileira no período de 2001 a 2006 foi equilibrada, com crescente interesse na área de saúde bucal coletiva. Odontologia, pesquisa/tendências, Brasil. RESUMO A pesquisa odontológica no Brasil ex- perimentou um aumento quantitativo significativo nos primeiros anos do sé- culo XXI, expresso pela maior divul- gação em revistas especializadas e por apresentações em encontros científicos (1). No entanto, esse aumento não foi necessariamente acompanhado por uma melhora na qualidade do que se publica. Além disso, é comum que os re- sultados de uma determinada pesquisa, ainda que apresentados em encontros científicos, nunca cheguem aos periódi- cos, não se completando, dessa forma, o processo de produção-divulgação- apropriação de conhecimentos. Em um ensaio sobre a qualidade dos artigos científicos publicados na área da saúde, Szklo (2) menciona vários fa- tores associados à má qualidade desse material, desde a interpretação errô- nea de dados e a análise equivocada de associações estatísticas até a ocor- rência de problemas elementares, como resumos extensos demais e uso excessivo de abreviações. Nesse que- sito, o adequado delineamento da pes- quisa é também um fator decisivo e fundamental para o alcance dos objeti- Palavras-chave Investigación original / Original research Dias AA, Narvai PC, Rêgo DM. Tendências da produção científica em odontologia no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2008:24(1):54–60. Como citar 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Programa de Pós-Graduação, e Universi- dade de Fortaleza (UNIFOR). Correspondência: Rua Coronel Jucá 330, apto. 1202, Meireles, CEP 60170-320, Fortaleza, CE, Brasil. E-mail: aldo_ angelim@hotmail.com 2 Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Saúde Pública, São Paulo (SP), Brasil. E-mail: pcnarvai@usp.br 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCSA) e Departamento de Odontolo- gia, Natal (RN), Brasil. E-mail: regodm@ufrnet.br vos, ainda que nenhum delineamento impeça erros (3). A acessibilidade aos periódicos é outro fator a ser considerado. A infor- mação consultada pelos cirurgiões- dentistas geralmente é definida pela fa- cilidade de acesso, como apontado em estudo de Amorim et al.(4). As autoras concluíram que as três revistas mais consultadas são de fácil acesso, tratam de assuntos mais gerais e têm uma fle- xibilidade maior na escrita do texto. O objetivo deste artigo é descrever as tendências das características quan- titativas da produção científica odon- tológica no Brasil, destacando-se a área de saúde bucal coletiva, nos pri- meiros anos do século XXI. Para tanto, os resumos de trabalhos apresentados nas reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPqO) foram avaliados em termos de sua área de conhecimento e do tipo e deli- neamento da pesquisa. MATERIAIS E MÉTODOS O material investigado constituiu-se dos resumos dos trabalhos apresenta- dos nas reuniões da SBPqO no período de 2001 a 2006. Dos 10 406 trabalhos apresentados nesse período, foram lidos 5 203 resumos, correspondendo a 50,0% do total. Foram lidos todos os resumos de numeração ímpar em cada seção em que se divide a grade de apresentação dos trabalhos durante o evento (5–10). Como o número de tra- balhos apresentados a cada ano não foi o mesmo, exatamente a metade dos re- sumos de cada ano foi lida. A SBPqO é um ramo da International Association for Dentistry Research (Asso- ciação Internacional para Pesquisa Odontológica, IADR) e se reúne anual- mente desde 1983. As pesquisas apre- sentadas durante esses encontros anuais servem como referência para o perfil da pesquisa odontológica desen- volvida no país (11). Nesse evento, são apresentados trabalhos previamente selecionados, oriundos de todas as re- giões do Brasil e abrangendo todas as áreas de conhecimento em odontolo- gia. Admite-se, portanto, que é possí- vel tomá-los como representativos do conjunto da produção científica odon- tológica no Brasil. Os resumos foram lidos e classifi- cados de acordo com dados coletados a partir de um formulário específico que incluía as seguintes categorias de classificação: desenho metodológico, natureza geral e pertinência a uma determinada área de conhecimento odontológico. Dentro dessas catego- rias, incluíam-se outras subcategorias, conforme descrito a seguir. Para a definição do desenho meto- dológico, foi utilizada a classificação epidemiológica de Rouquayrol e Al- meida Filho (12), que divide a pes- quisa de acordo com: 1) o tipo opera- tivo ou a natureza do grupo estudado; 2) a posição do investigador; e 3) a re- ferência temporal. Essa proposta está de acordo com a classificação da pes- quisa sugerida por Lilienfeld (13) e Miettinen (14) e vai ao encontro das classificações sugeridas por autores clássicos da área de epidemiologia, como Rothman e Greenland (15), e por autores da área de saúde bucal cole- tiva, como Antunes e Peres (16). Para o tipo operativo foram utili- zadas as categorias “agregado” e “in- dividuado”. A categoria agregado se refere a coletivos humanos necessaria- mente determinados por fatores so- ciais ou coletivos. São exemplos de agregados a população das escolas de um município ou o conjunto de habi- tantes de uma localidade. A categoria individuado se refere a estudos onde os sujeitos são analisados um a um, e não como grupo, podendo englobar pesquisas clínicas ou laboratoriais. Quanto à posição do investigador, as pesquisas foram classificadas como “estudos observacionais” ou “estudos de intervenção”, os quais determinam a participação passiva ou ativa, respec- tivamente, do pesquisador. Tal des- crição pode ser utilizada em conjunto com as categorias empregadas para classificar o tipo operativo (agregado ou individuado). Ainda na classifi- cação do desenho metodológico, os es- tudos foram agrupados quanto à re- ferência temporal em “transversais” e “longitudinais”. Essas categorias, por permitirem in- serção simultânea, possibilitam cruza- mentos, de modo que, por exemplo, os estudos de coorte ou prospectivos podem ser classificados como pesqui- sas individuadas, observacionais e longitudinais. A mesma classificação se aplica aos estudos de caso-controle (sendo estes retrospectivos). Já os en- saios clínicos podem ser classificados como estudos individuados, de inter- venção e longitudinais. Quanto à natureza geral, os estudos foram divididos em: 1) revisões biblio- gráficas (incluindo as revisões simplese as sistemáticas com ou sem meta- análise); 2) estudos com seres huma- nos (pesquisas clínicas ou com sujeito coletivo); e 3) pesquisas laboratoriais (in vivo, quando realizadas em ani- mais, e in vitro). A classificação das pesquisas se- gundo as áreas de conhecimento levou em consideração o seu enquadra- mento em uma das 19 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) (17). Embora a especialidade “saúde bucal coletiva” extrapole, por sua natureza, o que se poderia denominar de campo odonto- lógico, uma vez que se constitui tam- bém em uma área de conhecimento do campo mais geral da “saúde coletiva”, neste estudo é considerada como uma especialidade odontológica para fins analíticos. Os resultados foram expres- sos como freqüência de cada categoria. RESULTADOS Quanto ao desenho metodológico, 87,5% dos resumos eram do tipo ope- rativo individuado e 12,5% do agre- gado, o agregado. Com pequenas va- riações durante o período analisado, a freqüência dos estudos operativos in- dividuados foi sempre acima de 80,0%, com exceção do ano de 2005 (77,0%). Em 2003, os estudos individuados al- cançaram 97,0% (tabela 1). No quesito “posição do investigador”, 48,8% foram estudos de observação. Nesses, por definição, o pesquisador não inter- veio diretamente no fluxo dos aconteci- mentos que tomou como objeto de pes- quisa (tabela 2). Ainda quanto ao desenho metodológico, na dimensão “referência temporal” 52,9% foram es- Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 24(1), 2008 55 Dias et al. • Produção científica em odontologia Investigación original tudos longitudinais e 47,1%, transver- sais (tabela 3). Com relação à segmentação das pes- quisas nas áreas do conhecimento odontológico definidas pelo CFO (17), apenas cinco atingiram percentuais de ocorrência superiores a 10,0%: den- tística, periodontia, endodontia, odon- topediatria e saúde coletiva, nesta ordem. A saúde coletiva chegou a to- talizar 10,5% dos trabalhos pesquisa- dos. Patologia, prótese dentária, cirur- gia e traumatologia bucomaxilofaciais, ortodontia e estomatologia tiveram freqüências entre 4,7 e 9,8%. As outras nove especialidades reunidas totaliza- ram 9,6%. Nesse conjunto encontram- se as cinco especialidades aprovadas pelo CFO em 2002: odontologia do trabalho, ortopedia funcional dos ma- xilares, disfunção temporomandibular e dor orofacial, odontologia para pa- cientes com necessidades especiais e odontogeriatria. A essas se somam ra- diologia odontológica e imaginologia, implantodontia, odontologia legal e prótese bucomaxilofacial (tabela 4). Na classificação da natureza geral da pesquisa, 41,7% dos resumos tratavam de estudos com seres humanos. O peso maior nesse total, entretanto, foi dos estudos de natureza clínica quando comparados aos de base populacional. Os resumos restantes (58,3%) tratavam de pesquisas laboratoriais in vitro (31,1%), pesquisas laboratoriais in vivo (23,6%) e revisões bibliográficas (3,6%) (tabela 5). DISCUSSÃO Desde meados dos anos 1970, um re- presentativo campo intelectual se for- mou no Brasil, no qual as ciências so- ciais e a área de ensino e educação tomaram como tema a saúde, que, por sua vez, recebeu a influência de con- junturas sociais, políticas e institucio- nais. A esse respeito, Nunes (18) pon- dera que há um campo aberto para estudos sobre a construção científica na área das ciências sociais em saúde. Isso vem sendo realizado por meio de estu- dos que buscam fundamentação na so- ciologia, história e filosofia da ciência, permitindo uma análise mais aprofun- dada da produção científica. Apesar de esse crescimento contemplar pratica- mente todas as áreas de conhecimento do campo mais geral da saúde, nota-se que, na odontologia, ele tem aconte- cido de forma mais lenta e gradual. Ainda são poucos os relatos sobre a quantidade e a qualidade dos trabalhos científicos realizados na área odontoló- gica no Brasil, embora haja um cresci- mento gradativo do interesse por esses estudos nos últimos anos, permitindo 56 Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 24(1), 2008 Investigación original Dias et al. • Produção científica em odontologia TABELA 1. Freqüência absoluta e relativa dos estudosa apresentados nas reuniões da So- ciedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme tipo operativo, Brasil, 2001 a 2006 Estudos agregados Estudos individuados Ano n % n % 2001 117 17,0 570 83,0 2002 46 11,0 373 89,0 2003 38 3,0 1 214 97,0 2004 98 11,0 797 89,0 2005 170 23,0 572 77,0 2006 181 15,0 1 027 85,0 Total 650 12,5 4 553 87,5 a n = 5 203. TABELA 2. Freqüência absoluta e relativa dos estudosa apresentados nas reuniões da So- ciedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme posição do investigador, Brasil, 2001 a 2006 Estudos observacionais Estudos de intervenção Ano n % n % 2001 298 43,5 389 56,5 2002 187 44,6 232 55,4 2003 680 54,3 572 45,7 2004 362 40,4 533 59,6 2005 470 63,3 272 36,7 2006 570 47,2 638 52,8 Total 2 567 48,8 2 636 51,2 a n = 5 203. TABELA 3. Freqüência absoluta e relativa dos estudosa apresentados nas reuniões da So- ciedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme referência temporal, Brasil, 2001 a 2006 Estudos transversais Estudos longitudinais Ano n % n % 2001 395 57,5 292 42,5 2002 174 41,5 245 58,5 2003 576 46,0 676 54,0 2004 353 39,5 542 60,5 2005 378 51,0 364 49,0 2006 574 47,5 634 52,5 Total 2 450 47,1 2 753 52,9 a n = 5 203. traçar um diagnóstico mais preciso do que se produz em nosso país. Para esta pesquisa, optamos por utilizar o mesmo campo de ação empregado por Cormack e Silva-Filho (11). Na análise da produção apresentada na Reunião Anual da SBPqO de 1997, os autores concluíram que a pesquisa odontoló- gica no Brasil estava voltada para as- suntos que tratavam dos materiais de uso odontológico, aspectos biológicos e técnicas clínico-cirúrgicas. Tais temáti- cas corresponderam a 88,3% dos trabal- hos daquele ano. Apenas 11,7% das pesquisas versaram sobre assuntos de cunho social. A participação do setor privado no financiamento dessa pro- dução foi considerada inexpressiva (1,7%); as instituições públicas, por sua vez, despendiam suas verbas de forma desvinculada da área social. Os autores enfatizaram o fato de que, apesar de o financiamento ser essencialmente rea- lizado por instituições públicas, a grande maioria das pesquisas se orien- tava ao estudo de materiais odontológi- cos com fins terapêuticos com pouco ou quase nenhum alcance para a maior parte da população (11). Já no presente estudo, observamos um predomínio de pesquisas clínicas ou com sujeitos cole- tivos (41,7%). Entretanto, dentro dessa categoria, a maior contribuição foi das pesquisas de natureza clínica (30,2%) em relação às pesquisas com sujeitos coletivos (11,5%). O alto percentual de pesquisas labo- ratoriais (54,7%) deve ser visto com atenção, já que muitos desses estudos englobam benefícios que podem ser aplicados diretamente à coletividade. É o caso, por exemplo, das pesquisas que visam a reduzir os custos na área da prevenção, com o desenvolvimento de novos produtos para escovação ou de materiais restauradores mais aces- síveis. Embora esses estudos sejam re- alizados em um ambiente laboratorial, podem ter aplicação na área de saúde coletiva (19, 20). Antunes e Peres (16) também afirmam que a observação clí- nica e a pesquisa laboratorial se inte- gram aos estudos epidemiológicos, formando um tripé que sustenta os conhecimentos utilizados para os pro- gramas de saúde. Para Gadelha (21), o desenvolvimento da sociedade está intrinsecamente ligado ao conheci- mento, à pesquisa e à expansão do sis- tema de saúde em sua integralidade, incluindo estudos que possam trazer benefícios diretos ou indiretos para a saúde bucal coletiva. Quanto ao desenho metodológico, na dimensão referência temporal, chama a atenção o fato de que 52,9% dos estudos tenham sido classificados como longitudinais. Esse índice se jus- tifica pelo alto número de estudos la- boratoriais (54,7%) e pesquisas clínicas com seres humanos (30,2%) (tabela 5),que, geralmente, envolvem segui- mento ao longo de um determinado espaço de tempo. Os resultados mostram que as áreas que tratam diretamente das doenças bucais de maior prevalência (cárie e doença periodontal) também foram o foco mais freqüente da pesquisa. É vá- lido assinalar, porém, que houve uma proximidade dos valores de freqüên- cia relativa (entre 10,5 e 12,8%) obtidos pelas cinco primeiras áreas, que ainda incluíam a endodontia, a odontopedia- tria e a saúde coletiva. Destaca-se a po- sição ocupada pela saúde coletiva (10,5%), superando todas as outras es- pecialidades subseqüentes. Sua po- sição limítrofe em relação à patologia (9,8%), especialidade que estuda as- pectos histopatológicos das alterações do complexo bucomaxilofacial mostra, de certa forma, uma tendência de re- Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 24(1), 2008 57 Dias et al. • Produção científica em odontologia Investigación original TABELA 4. Freqüências absoluta e relativa dos estudosa apre- sentados nas reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme área de conhecimento, Brasil, 2001 a 2006 Área n % Dentística 665 12,8 Periodontia 609 11,7 Endodontia 593 11,4 Odontopediatria 562 10,8 Saúde coletiva 547 10,5 Patologia 510 9,8 Prótese buco-dentária 385 7,4 Cirurgia 317 6,1 Ortodontia 271 5,2 Estomatologia 245 4,7 Outras áreas 499 9,6 Total 5 203 100,0 a n = 5 203. TABELA 5. Freqüência absoluta e relativa dos estudosa apre- sentados nas reuniões da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica conforme a natureza geral da pesquisa, Brasil, 2001 a 2006 Natureza da pesquisa n % Estudos em humanos 2 170 41,7 Pesquisas clínicas 1 572 30,2 Pesquisas com sujeitos coletivos 598 11,5 Pesquisas laboratoriais 2 846 54,7 In vitro 1 618 31,1 In vivo 1 228 23,6 Revisões bibliográficas 187 3,6 Total 5 203 100,0 a n = 5 203. versão da preocupação dos grupos científicos em pesquisar apenas o dano ou a lesão para estudar outros aspec- tos que envolvem o adoecer humano, a sua prevenção e a promoção da saúde. Utilizando como categorias as áreas de conhecimento do Conselho Nacio- nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, ao invés das especialidades do CFO, como no presente estudo, Cavalcanti et al. (22) obtiveram resultados semelhantes, com a odontologia preventiva e social (equivalente neste estudo à saúde cole- tiva) em segundo lugar entre as áreas mais estudadas (8,5%), tendo como grupo de análise os trabalhos apresen- tados na 20a Reunião Anual da SBPqO. No estudo citado, as outras áreas onde mais houve pesquisa foram materiais dentários, endodontia, odontopedia- tria e radiologia, nesta ordem. No presente estudo, o mesmo racio- cínio usado para explicar a posição ocupada pela saúde coletiva pode também ser utilizado para interpre- tar o comportamento das três áreas seguintes: prótese (7,4%), cirurgia (6,1%) e ortodontia (5,2%). Essas áreas sempre despertaram o interesse dos cirurgiões-dentistas, mostrando-se, nesta avaliação, ainda com ocorrên- cia importante nos grupos estudados. Se, durante décadas, a reabilitação, a cirurgia e a ortodontia interceptora ou corretiva prevaleceram na pro- fissão odontológica, tanto como objeto de suas práticas quanto como objeto de investigação científica, os resulta- dos desta pesquisa indicam uma nova tendência. A estomatologia, uma área ainda pouco explorada da odontologia (ape- nas 369 cirurgiões-dentistas, ou 0,17% do total de profissionais, são registra- dos nessa especialidade no CFO) (23), tem apresentado um aumento signifi- cativo no número de pesquisas nos úl- timos anos, o que justifica estar entre as 10 áreas mais estudadas. Todas as cinco especialidades regis- tradas no CFO em 2002 ficaram entre as áreas menos estudadas. A baixa ocorrência provavelmente se deve a dois fatores: a ausência de disciplinas correlatas nos cursos de graduação em odontologia e os poucos cursos de pós-graduação lato e stricto sensu com foco nessas áreas. Amorim (24) obteve resultados se- melhantes aos do presente estudo ao analisar os três periódicos brasileiros mais consultados pelos cirurgiões- dentistas, entre 1990 e 2004. A autora encontrou que 52,73% dos artigos nesses periódicos estão concentrados em apenas cinco áreas: dentística (13,41%), saúde coletiva (11,25%), en- dodontia (11,24%), estomatologia/ patologia (8,95%) e prótese (7,89%). Destaca-se novamente a participação significativa da área de saúde coletiva, a segunda mais freqüente em periódi- cos que, por sua vez, concentravam 52,74% do acesso e utilização pelos cirurgiões-dentistas brasileiros. Os resultados aqui descritos vão ao encontro da observação de Barros (25) e Birman (26), que afirmam que o pro- gresso observado na saúde coletiva re- flete a demanda crescente das univer- sidades e principalmente do Sistema Único de Saúde. Embora incipiente, tal evolução quantitativa acena para uma nova realidade, na qual o interesse pelo social vem se consolidando como objeto de estudo nas instituições de en- sino e pesquisa. Narvai e Almeida (27) avaliaram a produção científica brasileira na área de odontologia social e preventiva no período de 1986 a 1993 e a associação dessa produção com o sistema de saúde e as políticas de saúde. Foram examinados 386 artigos, publicados em 19 periódicos. Embora o trabalho tenha se restringido à odontologia social e preventiva, é relevante destacar que os autores concluíram que cerca de 75% da produção nessa área tiveram ori- gem em universidades públicas. Em comparação com a pesquisa de Narvai e Almeida, na qual 56,7% dos artigos eram originais e outros 30,3% traziam revisões de literatura e en- saios, neste estudo as revisões ficaram em 3,6%, já que algumas categorias das reuniões da SBPqO foram mais dirigidas aos estudos sobre educação em saúde, com maior tendência de se apresentarem naquela classificação. Embora seja importante, em função de sua rapidez e chegada imediata ao público-alvo, a apresentação de trabalhos em congressos e eventos técnico-científicos, segundo Población e Duarte (28), ainda se reveste de um tratamento menos formal quando com- parada à divulgação mais criteriosa, re- presentada pela publicação em revistas científicas (29). Assim, cabe enfatizar que a divulgação em periódicos possi- bilita que toda uma comunidade, que lida com a construção e o progresso do conhecimento, possa se beneficiar dos resultados de cada investigação cientí- fica, na medida em que faz alavancar esse progresso e o submete à apre- ciação de pares acadêmicos. Foratini (30) assinala que, no Brasil, muitos periódicos não preenchem cri- térios de qualidade como impacto, competitividade e internacionalidade. Para Cury (31), a odontologia brasi- leira ainda está em estado inicial, não tendo incorporado os critérios interna- cionais. No entanto, o autor admite que a busca por parâmetros claros e objetivos de qualidade deve ser a tô- nica dos periódicos brasileiros. Para Narvai (32), o aumento do nú- mero de publicações em saúde bucal coletiva, que se expressa também na edição de livros, ainda não é suficiente para consolidar essa área como uma das mais produtivas, embora essa pa- reça ser uma tendência a curto e médio prazo. Nessa perspectiva, Mashelkar (33) afirma que a força econômica de um país é confrontada com sua capacidade autóctone de pesquisa. Dados do CNPq (34) indicam que o setor saúde, no período de 2000 a 2004, foi respon- sável por 27% das linhas e 33,2% dos grupos de pesquisa. Com relação ao número de pesquisadores, a partici- pação da área de saúde chegou a 32,9% do total de pesquisadores da base do CNPq no ano de 2004. Esses números refletem uma participação importante em todas as linhas de pesquisa, in- cluindo a saúde pública, responsável por 13,2% dos estudos realizados na- quele ano. O aumento da produção de pesquisa gera mais necessidade de di- vulgação no meio científico. Merece registro o fato de o CNPq ter firmado, em 2004, uma parceria com o Ministério da Saúde, por meio da qual 58Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 24(1), 2008 Investigación original Dias et al. • Produção científica em odontologia Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 24(1), 2008 59 Dias et al. • Produção científica em odontologia Investigación original 1 milhão de reais foram destinados es- pecificamente ao financiamento de projetos de pesquisa no campo da saúde bucal coletiva (35). O edital no 038/2004 do CNPq/Ministério da Saúde/Departamento de Ciência e Tecnologia (CNPq/MS-DECIT) con- templou 10 linhas de apoio sobre o tema, desde modelos de atenção e ser- viços de saúde bucal até impactos epidemiológicos e estudos de risco ocupacional em profissionais da área. A iniciativa interministerial emergiu num momento em que a saúde bucal coletiva ganha destaque na discussão das políticas públicas de saúde. Silveira (36) pondera que os desafios atuais da pesquisa odontológica brasi- leira remetem ao incremento da publi- cação em periódicos nacionais e es- trangeiros e à “aplicação racional” dos resultados “visando à melhoria de qualidade da saúde das populações”. CONCLUSÕES Conclui-se que, no período de 2001 a 2006, a pesquisa odontológica no Brasil se caracterizou pelas seguintes tendências: • predomínio, quanto ao desenho me- todológico, dos estudos de natureza individuada, típicos de pesquisas com enfoque clínico, para o estudo de materiais e com impacto limi- tado, mas não excludente, para as coletividades humanas; • apesar da pouca diferença per- centual, predomínio dos estudos de natureza intervencionista sobre os observacionais, e dos estudos longi- tudinais sobre os transversais; • freqüência maior, quanto à área do conhecimento, de pesquisas nas áreas da dentística, da periodontia, da endodontia e da odontopediatria e participação significativa da área de conhecimento da saúde bucal co- letiva, que correspondeu à quinta área com maior produção dentre 19 especialidades; • quanto à natureza geral, freqüência maior de estudos laboratoriais com relação àqueles em humanos. As pesquisas que usaram sujeitos coleti- vos como unidade de análise foram bem menos freqüentes do que as pesquisas eminentemente clínicas. A análise das reuniões da SBPqO mostrou que, não obstante as reconhe- cidas dificuldades encontradas para produzir conhecimento na área da saúde em países em vias de desenvol- vimento, houve uma equilibrada pro- dução no campo odontológico brasi- leiro no período de 2001 a 2006, com crescente interesse na área de saúde bucal coletiva. 1. Souza PR. O crescimento da produção cientí- fica. Folha de São Paulo 2002. Novembro 06:3. 2. Szklo M. Quality of scientific articles. Rev Saude Publica. 2006;40(N Esp):30–6. 3. Ambrosano GM, Reis AF, Giannini M, Pereira AC. Use of statistical procedures in Brazilian and international dental journals. Braz Dent J. 2004;15(3):231–7. 4. Amorim KPC, Alves MSCF, Germano RM. A construção do conhecimento na odontologia: a produção científica em debate. Acta Cir Bras. 2005;20(supl 1):12–5. 5. 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The abstracts of studies presented at meetings of the Brazilian Society for Dental Medicine Research (Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica) from 2001– 2006 were assessed in terms of methodological design (aggregate or population-based and individual-based studies, observational and intervention studies, cross-sectional and longitudinal studies); general type (literature review, studies with human sub- jects, and laboratory studies); and classification into one of the 19 specialty categories recognized by the Brazilian Federal Dentistry Council. Of the 10 406 abstracts pre- sented in this period, 5 203 (50%) were reviewed. Results. Concerning methodological design, 87.5% of the abstracts referred to indi- vidual-based studies, whereas 12.5% were of aggregate studies. Concerning the gen- eral category, 41.7% referred to studies with human subjects. The remaining abstracts (58.3%) described in vitro (31.1%) or in vivo (23.6%) laboratory research and literature reviews (3.6%). Concerning the Council’s specialty categories, only five had a fre- quency higher than 10.0%: esthetic dentistry, periodontics, endodontics, pediatric dentistry, and population-based oral health. Conclusions. Brazil’s scientific output in the field of oral health for the period 2001– 2006 was balanced, with increasing interest in the area of population-based oral health. Dentistry, research/trends, Brazil. ABSTRACT Scientific output trends in oral health in Brazil Key words << /ASCII85EncodePages false /AllowTransparency false /AutoPositionEPSFiles true /AutoRotatePages /None /Binding /Left /CalGrayProfile (Dot Gain 20%) /CalRGBProfile (sRGB IEC61966-2.1) /CalCMYKProfile (U.S. Web Coated \050SWOP\051 v2) /sRGBProfile (sRGB IEC61966-2.1) /CannotEmbedFontPolicy /Error /CompatibilityLevel 1.4 /CompressObjects /Tags /CompressPages true /ConvertImagesToIndexed true /PassThroughJPEGImages true /CreateJDFFile false /CreateJobTicket false /DefaultRenderingIntent /Default /DetectBlends true /ColorConversionStrategy /LeaveColorUnchanged /DoThumbnails false /EmbedAllFonts true /EmbedJobOptions true /DSCReportingLevel 0 /SyntheticBoldness 1.00 /EmitDSCWarnings false /EndPage -1 /ImageMemory 1048576 /LockDistillerParams false /MaxSubsetPct 100 /Optimize true /OPM 1 /ParseDSCComments true /ParseDSCCommentsForDocInfo true /PreserveCopyPage true /PreserveEPSInfo true /PreserveHalftoneInfo false /PreserveOPIComments false /PreserveOverprintSettings true /StartPage 1 /SubsetFonts true /TransferFunctionInfo /Apply /UCRandBGInfo /Preserve /UsePrologue false /ColorSettingsFile () /AlwaysEmbed [ true ] /NeverEmbed [ true ] /AntiAliasColorImages false /DownsampleColorImages true /ColorImageDownsampleType /Bicubic /ColorImageResolution 300 /ColorImageDepth -1 /ColorImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeColorImages true /ColorImageFilter /DCTEncode /AutoFilterColorImages true /ColorImageAutoFilterStrategy /JPEG /ColorACSImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /ColorImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000ColorACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000ColorImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasGrayImages false /DownsampleGrayImages true /GrayImageDownsampleType /Bicubic /GrayImageResolution 300 /GrayImageDepth -1 /GrayImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeGrayImages true /GrayImageFilter /DCTEncode /AutoFilterGrayImages true /GrayImageAutoFilterStrategy /JPEG /GrayACSImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /GrayImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000GrayACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000GrayImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasMonoImages false /DownsampleMonoImages true /MonoImageDownsampleType /Bicubic /MonoImageResolution 1200 /MonoImageDepth -1 /MonoImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeMonoImages true /MonoImageFilter /CCITTFaxEncode /MonoImageDict << /K -1 >> /AllowPSXObjects false /PDFX1aCheck false /PDFX3Check false /PDFXCompliantPDFOnly false /PDFXNoTrimBoxError true /PDFXTrimBoxToMediaBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXSetBleedBoxToMediaBox true /PDFXBleedBoxToTrimBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXOutputIntentProfile () /PDFXOutputCondition () /PDFXRegistryName (http://www.color.org) /PDFXTrapped /Unknown /Description << /ENU (Use these settings to create PDF documents with higher image resolution for high quality pre-press printing. 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