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Resenha Instituições e crescimento econômico os modelos teóricos de Thorstein Veblen

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Universidade Federal de Minas Gerais 
Curso: Relações Econômicas Internacionais Professor: Bernardo Campolina 
Disciplina: Economia, Estado e R.I. Data de entrega: 11/06/2018 
Aluna: Nathália Santos Coutinho 
 
Em seu artigo “Instituições e crescimento econômico: os modelos teóricos de Thorstein Veblen e 
Douglass North”, Herton Lopes trabalha a abordagem institucionalista, apresentando suas principais vertentes 
teóricas a partir dos modelos dos economistas Thorstein Veblen, e Douglass North. Considera-se para tanto 
institucionalismo como a corrente de pensamento econômico que surge a partir do início do século XX nos 
Estados Unidos e tem como foco o papel das instituições no comportamento econômico. Assim, o autor, além 
de apresentar ambos os modelos teóricos dos economistas previamente citados, constrói sua contraposição, 
traçando uma análise conjunta, que busca discrepâncias e semelhanças entre eles de forma a complementar a 
teoria institucionalista. 
Desta maneira, a discussão se inicia pelo trabalho de Douglass North, economista estadunidense e 
vencedor do prêmio Nobel em 1993, cujas principais obras e ideias encontram espaço na escola americana. 
Considerando North como participante do que Lopes chama do “novo institucionalismo”, North faz parte de 
um movimento posterior na escola americana, que critica a teoria neoclássica sem, entretanto, assumir uma 
posição antagonista. Fortemente ligado ao movimento neoclássico, as propostas de North têm como objetivo 
contrapor o movimento apenas na medida em que o fortalece, apontando pontos a serem reajustados dentro 
da própria teoria. 
Assim, sua análise parte dos conceitos tradicionais de desenvolvimento, considerando a produção 
dependente dos estoques de capital, tanto físico como humano, dos recursos naturais, da tecnologia e da 
inovação. Todavia, ao mesmo tempo que se apoia na teoria neoclássica, o novo institucionalismo de North a 
critica por não considerar os problemas na alocação de recursos que impedem o funcionamento dos mercados. 
Com isso North se refere aos custos de transação, que infere em custos de informação devido à incerteza para 
investir, aumentar o estoque de capital e viabilizar melhor desempenho econômico. Deste modo, considera-se 
a teoria neoclássica ineficiente, pois é bastante defasada na sua capacidade de prever comportamentos 
econômicos, devido ao fato de desconsiderar o contexto histórico para análise do desenvolvimento da 
economia em determinado lugar, excluindo de sua análise o panorama institucional. 
Neste sentido as instituições são caracterizadas como imposições formais e informais da economia, 
que, criadas pelos próprios agentes, têm como objetivo reduzir a incerteza em relação ao futuro e garantir um 
ambiente estável aos investimentos e a lucratividade do capital, apesar de assim acabar por restringir as ações 
individuais e organizacionais. Fundamentais para o desempenho econômico, as instituições agem, portanto, 
amenizando os problemas de utilização do mercado. Porém, são também as responsáveis pelo aparecimento e 
aumento dos custos de transação, até então desconsiderados pela teoria neoclássica. Com isso se observa uma 
situação de trade-off, na qual se dispõe do aumento de custos em favor da redução das incertezas. 
Deste modo nota-se uma característica fundamental do novo institucionalismo, que é a manutenção do 
foco sob os agentes em lugar do conjunto. Defende-se que é o comportamento dos agentes e suas interações 
que definem as regras e a criação de instituições. Por fim, outro conceito central na nova proposta 
institucionalista é o conceito da aprendizagem, que, segundo North, é fundamental ao desempenho econômico, 
pois é através da compreensão do processo de aprendizagem, da formação dos modelos mentais e das crenças 
compartilhadas que se influencia na formação e mudança institucional. 
Isto posto, parte-se para a análise de Veblen. Também estadunidense da escola institucionalista, Veblen 
se distingue de North principalmente por fazer parte de um grupo que Lopes definiu como precursores do 
institucionalismo, e, portanto, parte do “antigo institucionalismo”. Com isso, entende-se que Veblen, ao 
contrário de North, critica as limitações do modelo neoclássico por sua análise reducionista e estatística, sem 
contudo se propor complementá-lo. Ainda, dentro do velho institucionalismo, percebe-se uma mudança na 
relação entre as instituições e os agentes. 
Na proposta de Veblen não são os agentes que moldam as instituições de forma unilateral, mas se 
argumenta as instituições também exercem forte influência sobre os indivíduos, que por sua vez são agentes 
ativos cujas ações são também capazes de alterar as instituições em um processo construtivo conjunto. Neste 
sentido as instituições são definidas como hábitos estabelecidos pelo pensamento comum, consiste no 
mecanismo psicológico que forma a base de muitos comportamentos seguidores de regras, além de ser 
socialmente predominante, definindo incentivos e restrições aos indivíduos, continuamente reforçados pela 
força do hábito. Assim, destaca-se novamente o papel dos hábitos, que tendem a assumir um papel mais 
importante nas decisões humanas pois afetam as crenças e o processo de deliberação, que não pode ser tratado 
como resultado da racionalidade individual. Não somente, mas Veblen também argumenta que a emergência 
e a consolidação das instituições acontecem a partir dos hábitos, que quando enraizados criam instituições 
fortes difíceis de ser modificadas, o que só acontece através de um processo evolutivo gradual. 
Finalmente, conclui-se que ambos os autores analisados têm por foco de seus trabalhos a abordagem 
institucional, ou seja, tratam do papel e do impacto das instituições no contexto econômico, mas, entretanto, 
divergem quanto a estas respostas. Veblen, antigo institucionalista, defende a proposta na qual se atém à 
relação construtiva e evolutiva entre indivíduo e instituição que se influenciam mutuamente, alterando de 
forma significativa a proposta da abordagem neoclássica. North por outro lado, compõe o novo 
institucionalismo, vertente que mantém em destaque as propostas neoclássicas, em que as instituições 
aparecem como elemento otimizador das relações produtivas, buscando reduzir as incertezas do futuro ao 
mesmo tempo que com isto, aumentam os custos do processo ao adicionar à conta da produção os custos 
transacionais. Neste sentido, estas não partem de uma construção conjunta, mas unilateral, proporcionada 
através das ações individuais que formam modelos mentais compartilhados, resultado do processo de 
aprendizagem. Por fim, pode-se ressaltar a importância do estudo das propostas institucionalistas, que vem se 
sobressaindo na discussão econômica atual ao explicar o funcionamento da economia ou para observar como 
a mudança institucional afeta o modo de vida das pessoas e a organização da produção nas diferentes nações.

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