Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A SUPRESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO DO RECURSO DE APELAÇÃO * Lucinéia Magali dos Santos** SUMÁRIO: 1 Introdução.2. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição 3. Segurança Jurídica e Celeridade Processual 4. Poder Decisório do Juiz de 1º Grau. 5. Recurso de Apelação 6. O Efeito Suspensivo do Recurso de Apelação. 7. Decisões Interlocutórias. 8. Considerações finais. Referências. RESUMO: O presente trabalho busca analisar considerações sobre a supressão do efeito suspensivo do recurso de apelação visto que estudos apontam que o referido efeito não é condição determinante para garantir a segurança jurídica sendo que este prejudica a celeridade processual. Outro fator preocupante é que há uma tendência ao aumento das demandas no judiciário que advém dos negócios jurídicos decorrentes da globalização. Nesse sentido evidente que o efeito suspensivo influencia na celeridade da efetivação da decisão judicial. PALAVRAS-CHAVE: Recurso de Apelação. Efeito Suspensivo. Segurança Jurídica. ABSTRACT: The paper analyzes considerations about the suppression of the suspensive effect of the appeal, since studies indicate that the effect is not a determining factor to guarantee legal security and that it prejudice the speed of process. Another worrying factor is that there is a tendency to increase the demands on the judiciary that comes from the juridic business resulting from globalization. In this sense evident that the suspensive effect influences in the celerity of the effectiveness of the judicial decision. KEY-WORDS: Appeal. Suspensive Effect. Legal Secutiry. 1 INTRODUÇÃO * Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Integrado de Campo Mourão. ** Graduanda em Direito pelo Cies – Centro Universitário Integrado. E-mail: neiamg1@hotmail.com. mailto:neiamg1@hotmail.com 2 A vigência do Código de Processo Civil de 2015 marcou o fim de uma longa espera e representou um avanço importante na rotina dos operadores do direito. Assim, diante de tantas alterações, muito foi discutido se o efeito suspensivo no recurso de apelação iria ou não continuar, onde se optou pela sua manutenção. Existem poucos artigos a respeito do efeito suspensivo da apelação, todavia é um recurso com efeito relevante quanto a eficácia das decisões judiciais. O efeito suspensivo impede a eficácia da decisão judicial, decorrente dos efeitos que produz. Quando não se recorre da totalidade das matérias a serem impugnadas seu efeito somente será na porção recorrível, como por exemplo: o legitimado poderia ter recorrido de “a” e “b” porém só recorre de “a” o efeito suspensivo somente atuará em “a” havendo a incomunicabilidade do efeito suspensivo. No entanto, quanto à extensão do efeito suspensivo, aplica-se o “mutatis mutandis”, quando nem todos os legitimados buscarem a justiça o efeito do recurso de apelação de um dos litisconsortes se estenderá aos demais, ou seja, aos não recorrentes. O ponto crucial do efeito suspensivo no recurso de apelação é a incerteza quanto ao acerto da decisão recorrida o que traz segurança jurídica ao processo objeto da lide. Porém ele tira de certa forma o poder do magistrado em proferir sua decisão na sentença ao passo que uma decisão interlocutória proferida não é alcançada pelo efeito suspensivo do recurso temos o exemplo: Efeito suspensivo é o recurso que impede a possibilidade de execução imediata da decisão quando proferida em 1ª instância sendo que não poderá ser executada até o julgamento do recurso de apelação. Com isso, o seu efeito acaba por adiar os efeitos desta decisão recorrida, ou seja, fica a eficácia da decisão dependente à espera do julgamento pela instância superior. Interessantemente, que ao contrário das sentenças proferidas, as decisões interlocutórias devem ser cumpridas assim que proferidas, pois o agravo de instrumento, recurso cabível contra algumas espécies de decisões interlocutórias, não é dotado de efeito suspensivo imediato, conforme dispõe o artigo 1.019, inciso I, do CPC. “O efeito suspensivo vai além da vedação da eficácia executória da decisão recorrida, atuando não somente nos pronunciamentos de natureza condenatória, mas impedindo qualquer eficácia ao ato recorrido para impedir a sua execução”.1 1 BERMUDES, Sergio. Considerações Sobre o Efeito Suspensivo dos Recursos Cíveis. Revista da EMERJ, v.3, n. 11, 2000. 3 O efeito suspensivo é o recurso primordial para garantir o duplo grau de jurisdição, quando ele incide, a decisão recorrida não surtirá efeito até a apreciação pelos tribunais superiores. A regra é o efeito suspensivo no recurso de apelação, porém, nas hipóteses exemplificativas previstas no artigo 1.012, §1º, do CPC, a sentença produz efeitos imediatos e poderá ser cumprida assim que proferida. Muitos doutrinadores defendem a supressão do efeito suspensivo do recurso de apelação haja vista que ele contribui para a morosidade processual e ao contrário que muitos pensam não necessariamente é um fator determinante para a segurança jurídica, pois a maioria das decisões de 2º grau apenas confirmam as de 1º grau. Outro fator que afeta cada vez mais o Poder Judiciário sendo um desafio de gestão é o aumento das demandas da sociedade em massa, cada vez mais globalizada. 2 PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 2.1 Conceito O duplo grau de jurisdição é um princípio processual onde há a possibilidade de reapreciação do processo em instância superior. “De todos os recursos previstos em nível infraconstitucional percebe- se que os únicos que são aptos a garantir o duplo grau de jurisdição são previstos como forma de impugnação de sentença. Adotando-se o entendimento que exige que o reexame seja realizado por um juízo de grau hierárquico superior, somente a apelação garantirá a observância do princípio ora analisado”.2 Cabe ressaltar que para uma parcela dos doutrinadores a mera possibilidade de reapreciação pelo mesmo órgão jurisdicional gera o duplo grau de jurisdição. 2.2 Vantagens do duplo grau de jurisdição A possibilidade de reexame do processo traz conforto psicológico às partes, também diz respeito a própria falibilidade do ser humano, sendo o juiz um ser humano ele também pode errar ou se equivocar. Sendo interessante manter um mecanismo de reexame da decisão processual, trazendo segurança jurídica possibilitando que uma 2 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume único. 8d. Salvador: Ed. Juspodvim, p. 1483, 2016. 4 injustiça na decisão possa ser revista. “É evidente que a revisão poderá trazer a ilegalidade ou injustiça não presente na primeira decisão”3. O duplo grau de jurisdição também é uma forma de evitar certas arbitrariedades e que decida sem qualquer preocupação com respeito a lei o juiz na decisão da lide, pelo fato da decisão poder ser revista pelos tribunais superiores. Outra vantagem é a evolução da prestação jurisdicional pelo fato que a decisão será reexaminada por juízes mais antigos e mais experientes pelo anos de exercício da função jurisdicional. 2.3 Desvantagens do duplo grau de jurisdição O duplo grau de jurisdição prejudica a ideia de unidade da jurisdição e de sua indivisibilidade, e com o reexame o processo pode levar a decisões contraditórias. O princípio da oralidade fica prejudicado haja vista que o duplo grau de jurisdição aplica-se em regra à apelação, sendo um recurso sob a forma escrita, “permitindo-se ao Tribunal uma revisão dos fatos sem que tenha participado da produção da prova oral” 4 O princípio da celeridade processual fica também prejudicado por ocorrer a evidente demora no julgamento da lide, principalmente nos tribunais quem tem uma demanda maior de recursos a seremjulgados. “Do julgamento do recurso decorrerá outra decisão. Em virtude dela, o ato recorrido subsistirá, todas às vezes em que não se julgar o mérito do recurso, ou desaparecerá, substituído por outro, mesmo que mera confirmatório”. 5 Com isso ocorre o desprestígio da primeira instância ocorrendo a possibilidade da decisão ser analisada pela instância superior e contrariar a decisão anterior. 3. SEGURANÇA JURÍDICA E CELERIDADE PROCESSUAL O princípio da segurança jurídica está disposto na Constituição Federal de 1988 como direitos e garantias fundamentais, o artigo 5º, XXXVI, traz que: “ a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” 3 ASSIS, Araken. Manual, n.5.1, p.70 Apud NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume único. 8d. Salvador: Ed. Juspodvim, p. 1483, 2016. 4 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume único. 8d. Salvador: Ed. Juspodvim,p. 1484, 2016. 5 BERMUDES, Sergio. Considerações Sobre o Efeito Suspensivo dos Recursos Cíveis. Revista da EMERJ, v.3, n. 11, 2000. 5 “A segurança jurídica é essencial ao Estado Democrático de Direito e desenvolve-se em torno de dois conceitos basilares: o da estabilidade das decisões dos poderes públicos, que não podem ser alteradas senão quando concorrerem fundamentos relevantes, através de procedimentos legalmente exigidos6; o da previsibilidade, que se reconduz à exigência de certeza e calculabilidade, por parte dos cidadãos”.7 O direito com a ausência da segurança jurídica, da previsibilidade e da estabilidade leva a total insegurança. Segundo Passarelli (2011), que realizou uma análise a partir do estudo de casos e dados obtidos junto ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro entre 2003 e 2009 junto as Varas Cíveis do TJRJ após uma análise de dados quantitativos, observa-se que o efeito suspensivo não tem surtido efeito concreto sobre as sentenças proferidas na primeira instância; ou seja, em geral, as decisões de primeira instância não têm sido modificadas. A maioria das propostas para aperfeiçoar o acesso à justiça e dar celeridade baseiam-se em alternativas tecnológicas e de gestão. Essas medidas são importantes e cumprem o seu papel. No entanto a medida processual capaz de aumentar essa celeridade seria a supressão do efeito suspensivo. O princípio da efetividade processual está contido no artigo 5º da Constituição Federal em seu inciso LXXVIII, garantindo a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. O conceito da efetividade está diretamente relacionado entre o equilíbrio dos valores de segurança e celeridade, proporcionando as partes o resultado desejado que é o direito material. A resolução dos conflitos sociais através do Judiciário esbarra no problema da celeridade, existindo na população em geral a sensação de morosidade na justiça brasileira. A supressão do efeito suspensivo do recurso da apelação como regra é vista por alguns doutrinadores como uma medida eficaz para a diminuição do tempo de duração dos processos no judiciário. Sendo uma das propostas para o novo CPC /2015 pelos doutrinadores, como forma para contribuir para o aumento da celeridade processual. 6 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. 3 ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, p.741, 2015. 7 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Apud MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. 3 ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, p. 741, 2015. 6 Defendem ainda que a supressão do efeito suspensivo com regra do recurso de apelação não viola o princípio da segurança jurídica, quando o apelante puder requerer o efeito em caso de dano irreparável ou de difícil reparação. 4. PODER DECISÓRIO DO JUIZ DE 1º GRAU Em face da Constituição Federal de 1988 pela Emenda Constitucional EC45/2004, assume o juiz brasileiro o poder dever de garantir a efetividade e eficiência do direito fundamental do litigante gozar da razoável duração do processo. Os recursos são mecanismos que levam a morosidade da prestação jurisdicional, retirando a eficácia das decisões de primeiro grau como também impõe à parte que já teve o seu direito confirmado o ônus do tempo no processo. “O legislador não deve presumir a sua própria onisciência, estabelecendo em enumerações taxativas uma casuística completa e fechada, sem permitir que o juiz, que vive de perto a realidade concreta e sente, vizinho a si, o drama dos protagonistas do processo, fixe a norma processual concreta que lhe pareça mais apta a conduzir ao fim desejado (DINAMARCO, 2000,p.31).’’8 Sendo o juiz de primeiro grau dotado de competência para garantir a razoável duração de processo , o efeito suspensivo do recurso de apelação não seria uma afronta ao seu poder de decisão? Contrariamente as decisões interlocutórias devem ser cumpridas no instante que proferidas, sendo o agravo de instrumento, recurso imediato não dotado de efeito suspensivo. 5. RECURSO DE APELAÇÃO A Sentença é um dos atos processuais mais esperados pelos litigantes, pois, é através dela que se declara o resultado dos pedidos formulados e põe fim ao processo com ou sem julgamento de mérito. A doutrina ocupou-se de criticar o legislador, “basta pensar na possibilidade de a sentença ser desafiada por recurso de apelação para perceber que o processo não se extingue com sua prolação”9 8 DINAMARCO, Cândido. Apud PACHECO, Patrícia Wilma Correia. O fim do efeito suspensivo da apelação visando à garantia da efetividade processual. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 12 dez. 2014. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.51328&seo=1>. Acesso em: 03 maio 2019. 9 RODRIGUES, Marcelo Abelha; SIQUEIRA, Thiago Ferreira. O Conceito de Sentença no processo civil brasileiro: passado, presente e futuro. 7 Assim, parte da doutrina afirma que a sentença põe fim ao processo somente na instância de primeiro grau, sendo que o processo prosseguirá para julgar o recurso de apelação no segundo grau. No mesmo pensamento sobre sentença o brilhante Cleanto Siqueira: “[...] a sentença é ato que carrega em si, em potência, a eficácia de extinguir a relação processual. Ela, sentença, por ela mesma, não tem esse condão; somente a coisa julgada que dela vier, no futuro, a eclodir trará consigo a força de pôr fim à relação processual. [...] Ocorre, então, de a sentença, por si só, não liberar aquela potência, sendo necessário, para tal mister, que a ela se somem outros acontecimentos que lhe sucedem no tempo”.10 O Recurso de apelação está disposto no artigo 1009 a 1014 do CPC, a apelação é o recurso cabível contra sentença, que é o procedimento judicial que põe fim a fase cognitiva do processo de conhecimento ou extingue a execução. Com o advento do CPC /2015 a apelação é um recurso aplicado contra sentença como no CPC/1973, mas também contra decisões interlocutórias não impugnáveis por agravo de instrumento, conforme o §1º do artigo 1.009 do CPC/2015. O artigo 203 do CPC traz a o conceito de decisão interlocutória Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independemde despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. Assim facilita a diferenciação de sentença e decisão interlocutória, será uma sentença e caberá apelação o pronunciamento do juiz que põe fim a lide com ou sem resolução do mérito. “Apelação, portanto, é o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro grau de jurisdição para levar a causa ao reexame dos tribunais do segundo grau, visando a obter uma https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sent enca.pdf?sequence=1 acesso em 04 maio de 2019. 10SIQUEIRA, Cleanto. apud RODRIGUES, Marcelo Abelha; SIQUEIRA, Thiago Ferreira. O Conceito de Sentença no processo civil brasileiro: passado, presente e futuro. https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sent enca.pdf?sequence=1 acesso em 04 maio de 2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art487 https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 8 reforma total ou parcial da decisão impugnada, ou mesmo sua invalidação”.11 Humberto Theodoro Junior explica: São apeláveis tanto as sentenças proferidas em procedimentos contenciosos com as dos feitos de jurisdição voluntária. Também nos procedimentos incidentes ou acessórios, como habilitação, restauração de autos etc., a apelação é o recurso cabível contra a sentença que os encerrar. O mesmo, todavia, não ocorre com o julgamento de simples incidentes do processo, a exemplo da exibição de documento ou coisa e das tutelas provisórias, já que in casu ocorrem apenas decisões interlocutórias”.12 O recurso de apelação deverá ser interposto por petição no prazo de 15 dias contados da intimação da sentença proferida. Ao receber a apelação o juiz de 1º grau não exerce o juízo de admissibilidade sendo esta atividade reservada ao juiz de 2º grau conforme o § 3º do art. 1.010 do CPC/2015. A atividade do relator após receber a apelação, o mesmo deverá observar o que dispõe o art. 932 do CPC/2015 principalmente os incisos que o liberem de decidir monocraticamente, como também observar o que dispõe o parágrafo único do artigo 932: Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível Quando interposto o recurso ele produz efeitos em relação ao processo, no caso o recurso de apelação é dotado de efeito devolutivo e suspensivo sendo o único recurso dotado desses dois efeitos. 5.1 Recorribilidade das decisões interlocutórias não agraváveis. No Código de Processo Civil em seu artigo 1.009, §1º encontra-se que as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em 11 AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras linhas de direito processual civil. 4. ed. São Paulo: Max Limonad, 1973, v. III, n. 708. Apud JÚNIOR THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum - volume III. 47 ed. ver., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, p. 1003, 2016. 12 JÚNIOR THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum - volume III. 47 ed. ver., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, p. 1003, 2016. 9 preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. O doutrinador José Miguel Garcia Medina(2017) nos traz como exemplo de decisão interlocutória indeferimento de prova pericial que não está prevista legalmente no rol artigo 1.015 do CPC/2015, não cabendo sua impugnação por agravo de instrumento, mas sim em preliminar de apelação. 13 6. O EFEITO SUSPENSIVO DO RECURSO DE APELAÇÃO 6.1 Generalidades. A apelação via de regra produz o efeito suspensivo, tem efeito automático após a publicação da sentença. O efeito suspensivo impede que a sentença proferida no processo produza efeitos, até que o recurso seja examinado. “Essa regra aplica-se exclusivamente à apelação contra sentença; a apelação contra decisões interlocutórias não agraváveis não possui efeito suspensivo automático; essas decisões interlocutórias não poderiam permanecer ineficazes até o julgamento da apelação” 14 inviabilizando a solução da lide em instancia de primeiro grau e não havendo sentido suspender os efeitos da decisão interlocutória depois de proferida a sentença. A principal razão para que a apelação seja dotada de efeito suspensivo é a incerteza quanto ao acerto da decisão recorrida, na busca da maior segurança jurídica. Porém, BERMUDES ( 2000) diz que nunca se conseguirá ter certeza de que, mesmo submetida a todos os recursos, a decisão recorrida não se encontra contaminada por um erro de procedimento, ou por um erro de julgamento, pois o julgar por último não significa julgar melhor. O efeito suspensivo garante o princípio do duplo grau de jurisdição, pois quando ele é aplicado, a decisão proferida não surte eficácia até a apreciação do órgão recursal. 6.2 Hipóteses em que a apelação não tem efeito suspensivo automático 13 MEDINA, José Miguel Garcia. Apud: Carlos Alexandre de Souza. Apelação no CPC/2015. https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?sequence=1&isAllo wed=y acesso em 26.04.2019. 14 JUNIOR DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Meios de Impugnação às Decisões Judiciais e Processo nos Tribunais. 13 ed. reform – Salvador: Ed. Juspodivm, p.184, 2016. https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?sequence=1&isAllowed=y 10 O Código Civil lista hipóteses em que a apelação não tem efeito suspensivo automático, salientando que este rol não é exaustivo sendo que a parte inicial do texto do § 1º do art. 1.012 ratifica isso, quando dispõe: “Além de outras hipóteses...”. Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. § 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: a)I - homologa divisão ou demarcação de terras; b)II - condena a pagar alimentos; c)III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; d)IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; e)V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; f)VI - decreta a interdição. No inciso I, do artigo 1.012 do CPC por se tratar de uma hipótese de sentença constitutiva seus efeitos são imediatos, ainda que pendente o recurso. No inciso II, a lei permite que seja cumprida provisoriamente a prestação alimentícia. O propósito do inciso III é “permitir que o exequente possa prosseguir execução, na pendência da apelação interposta contra sentença que julgou improcedentes ou extinguiu sem resolução de mérito os embargos do executado”15. Sendo a execução fundada em título extrajudicial definitiva, após a sentença que não acolheu os embargos voltará a correr como execução definitiva é o que dispõe a Súmula de número 317 do STJ: “É definitivaa execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos”.16 No caso quando qualquer das partes estiver vinculado a uma convenção de arbitragem e a mesma se negue a instituir o procedimento arbitral , cabe ação, e dessa sentença que julgar procedente esse pedido produz efeitos imediatamente, a respeito da proposição da apelação. “Se a sentença confirma tutela provisória anteriormente concedida, nada mais razoável do que a apelação não possuir efeito suspensivo automático em relação ao capítulo cujos efeitos haviam sido antecipados provisoriamente”.17 Sendo que a sentença apenas confirma o que já existe, em que há juízo fundado que não resta duvidas, não há porque a situação ser alterada. 15 JUNIOR DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Meios de Impugnação às Decisões Judiciais e Processo nos Tribunais. 13 ed. reform – Salvador: Ed. Juspodivm, p.185, 2016. 16 https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2011_26_capSumula317.pdf acesso em 22/04/2019. 17 JUNIOR DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Meios de Impugnação às Decisões Judiciais e Processo nos Tribunais. 13 ed. reform – Salvador: Ed. Juspodivm, p. 186, 2016. https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2011_26_capSumula317.pdf 11 Mesmo que a sentença de interdição produza efeitos imediatos, o recurso de apelação não tem efeito suspensivo automático, pois a eficácia do recurso não retira do interditando a capacidade processual, podendo o mesmo recorrer da sentença. Neste caso não precisando ser representado pelo seu curador. 6.3 Procedimento para requisição do efeito suspensivo à apelação. Quando a apelação não possui efeito automático o CPC/2015 em seu artigo 1.012, § 1º lista as hipóteses para seu requerimento como já mencionado neste trabalho, os §§ 2º, 3º e 4º do artigo 1012 do CPC/2015 o requerimento aparece de uma forma autoexplicativa vejamos: Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. § 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença. § 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la; II - relator, se já distribuída a apelação. § 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Nota-se que o requerimento do efeito suspensivo é dirigido ao tribunal, em petição autônoma caso o recurso não tenha sido recebido no juízo, que será distribuída ao tribunal competente para apreciação do recurso de apelação. Caso haja algum relator prevento conhecedor de um agravo de instrumento proveniente do mesmo processo, o requerimento será dirigido a ele. O § 4º do artigo 1.012 do CPC/2015 na parte inicial trata de tutela de evidencia recursal e a segunda parte de tutela de urgência recursal nesse caso não é só demonstrar o perigo de dano grave mas é preciso que haja relevante fundamentação ou seja a demonstração do perigo. 6.4 Opinião doutrinária a respeito da supressão do efeito suspensivo. O projeto do Novo CPC aprovado pela Câmara Federal inexplicavelmente manteve o efeito suspensivo do recurso de apelação, fato que gerou muita discussão entre os doutrinadores defensores da supressão do efeito suspensivo. 12 Essa decisão pela manutenção do efeito suspensivo contrariou na época segundo Gajardoni, 2013 “a) A tendência nacional e internacional a respeito da temática; b) A proposta do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Processual Civil) gestada desde a década de 1990; c) a sugestão da Comissão de Juristas nomeada para a elaboração do anteprojeto do CPC (art. 908); d) o próprio projeto aprovado no Senado Federal (art. 949); e) o coro quase que uniforme da doutrina especializada no assunto. “A posição majoritária da doutrina brasileira aponta que a exclusão do efeito suspensivo como regra do recurso de apelação será uma alteração fundamental para o melhor funcionamento da máquina do Judiciário”.18 Segundo Campos (2011) esses autores são a favor da supressão do efeito suspensivo: Marinoni, José Carlos Barbosa Moreira, Ovídio A. Baptista Silva, Cândido Rangel Dinamarco. “Os defensores da suspenção automática do recurso de apelação justificam sua posição baseados em três argumentos: a) risco de injustiça em razão dos irreversíveis prejuízos sofridos pelo recorrente/executado amparado pelo provimento do recurso de apelação no Tribunal b) incerteza na medida em que execuções provisórias se iniciaram sem o referendo do duplo grau de jurisdição”.19 Outro argumento bastante discutido para a manutenção do efeito suspensivo da apelação foi a insegurança jurídica que causaria a sua supressão. Em relação a risco de injustiça em razão dos irreversíveis prejuízos sofridos pelo recorrente/executado amparado pelo provimento do recurso de apelação no Tribunal, a ausência do efeito suspensivo da apelação possibilitará a execução provisória da decisão, mantida todas as condições a ela inerentes como, por exemplo: a responsabilidade civil objetiva do exequente da demanda. Cabe ressaltar que nos casos de risco de dano sempre existe a possiblidade de se obter o recurso suspensivo da apelação. Sobre a incerteza na medida em que execuções provisórias se iniciarem sem o referendo do duplo grau de jurisdição, quanto a esse argumento não se subtrai a oportunidade de recurso de segundo grau, apenas busca que não seja o tutelado vítima do tempo processo. 18CAMPOS, Jorge Alberto Passarelli de Souza Toledo. A Supressão do Efeito Suspensivo do Recurso de Apelação. Uma investigação sobre seus reflexos na celeridade processual e segurança jurídica, a partir de estudos de casos e dados obtidos junto ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2011. 19GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Não vale aprovar um novo CPC sem a supressão do efeito suspensivo automático da apelação, 2013. https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI190665,61044- Não+vale+aprovar+um+novo+CPC+sem+a+supressão+do+efeito+suspensivo acesso em 12/05/2019. https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI190665,61044-Não+vale+aprovar+um+novo+CPC+sem+a+supressão+do+efeito+suspensivo https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI190665,61044-Não+vale+aprovar+um+novo+CPC+sem+a+supressão+do+efeito+suspensivo 13 Estudos de caso mostram que o efeito suspensivo não é condição suficiente para garantir segurança jurídica, alguns autores sustentam que esse efeito é utilizado apenas para prorrogar o tempo de processo. Afinal, para que um sistema judicial seja efetivo, não se pode dar a sentença onde a decisão do juiz de primeiro grau tem valor de um parecer. Deveria caber ao juiz de primeiro grau através de decisão fundamentada a concessão do efeito suspensivo do recurso de apelação nos casos de risco de dano grave pela possibilidade de início da execução provisória. Dessa forma, os doutrinadores comungam da ideia que a supressão do efeito suspensivo do recurso de apelação será capaz de otimizar a prestação jurisdicional, levando a celeridade processual sem prejudicar o princípio do devido processo legal. 7. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS De acordo com o CPC/2015 as decisões interlocutórias agraváveis podem ser impugnadas por agravo de instrumento conforme o artigo 1.015 do CPC/2015 e por apelação quando na fase de conhecimento as questões não comportar agravo de instrumento conforme o artigo 1.009, § 1º do CPC/2015). O CPC/2015eliminou o agravo retido e estabeleceu um rol20 de decisões sujeitas a agravo de instrumento. Com isso somente nos casos previstos em lei é que as decisões interlocutórias são agraváveis. Sendo que as não agraváveis devem ser combatidas por Apelação. Artigo 1.015 do CPC. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; 20 Taxatividade Mitigada: O STJ decidiu que o rol do artigo 1.015 do Código de Processo Civil de 2015 tem taxativade mitigada e admite a interposição de agravo de instrumento quando verificada urgência . https://www.jota.info/justica/rol-do-1-015-tem-taxatividade-mitigada-admite-agravo-de-instrumento- 05122018 acesso em 19/05/2019. https://www.jota.info/justica/rol-do-1-015-tem-taxatividade-mitigada-admite-agravo-de-instrumento-05122018 https://www.jota.info/justica/rol-do-1-015-tem-taxatividade-mitigada-admite-agravo-de-instrumento-05122018 14 XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art.373, § 1o; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Assim, as decisões interlocutórias que não poderão ser vistas em agravo de instrumento e sim em preliminar de apelação, não estando prevista legalmente, conclui- se então que o artigo 1.015 do CPC é um rol de taxatividade mitigada e que não estando a condição ali mencionada não poderá ser aplicado esse recurso. “A decisão interlocutória que indefere produção de prova pericial, p. ex., não é impugnável por agravo de instrumento, por ausência de previsão legal; logo, a questão deve ser suscitada em preliminar de apelação, cf. dispõe o §1º do art. 1.009 do CPC/2015”.21 Quando não couber agravo de instrumento da decisão interlocutória será cabível então apelação em razões ou contrarrazões de apelação. Porém haverá casos em que a sentença proferida pelo magistrado o legitimado vai requerer o reexame de uma decisão interlocutória, como, por exemplo, quando o juiz ordenar o pagamento de honorários de sucumbência ao vencedor da causa neste caso a apelação. Portanto deve ser admitida a apelação, mesmo que ela trate exclusiva ou preponderantemente em reformar apenas decisão interlocutória fugindo da regra de que apenas seja feita em preliminar de apelação22. O Código de Processo Civil de 2015 trouxe uma diminuição das questões de recorribilidade imediata das decisões interlocutórias de primeiro grau. Com isso as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento. A preclusão temporal foi atingida no Código de Processo Civil de 2015, uma vez que as exceções às hipóteses expressamente previstas no artigo 1.015 as decisões interlocutórias não serão recorríveis de imediato e sim em recurso de apelação interposto contra sentença ou nas contrarrazões de apelação. “Com o Código de Processo Civil de 2015, esta esvaziado um pouco mais o cabimento de recurso em relação às interlocutórias de primeiro grau, ao consagrar: (a) maior restrição ao recurso de agravo de instrumento (1.015), (b) extinção do agravo retido, (c) revisão do regime de preclusão, (d) a ampliação do efeito devolutivo por 21 MEDINA, José Miguel Garcia. Curso de Direito Processual Civil Moderno.3ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p. 948, 2017. 22 MEDINA, José Miguel Garcia. Apud: Carlos Alexandre de Souza. Apelação no CPC/2015. https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?sequence=1&isAllo wed=y acesso em 26.04.2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art373%C2%A71 https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?sequence=1&isAllowed=y 15 profundidade do recurso de apelação (art. 1.009) e das contrarrazões”.23 Com o rol do artigo 1.015 do CPC/2015 houve o esvaziamento do cabimento de agravo de instrumento, porém aumentou e muito os recursos de apelação, o legislador desafogou o agravo de instrumento mais acabou afogando o recurso de apelação. Como já mencionado, o Código Processual Civil de 2015 diminui o número de decisões interlocutórias agraváveis, ampliando a devolutividade da apelação e das contrarrazões da apelação. “O CPC/2015 não considerou o conteúdo para distinguir as hipóteses de cabimento de agravo de instrumento e de apelação: assim, p. ex., pode haver decisões interlocutórias que versem sobre o mérito e são agraváveis ( cf. art. 1.015, II do CPC/2015) e decisões interlocutórias relacionadas a questões processuais, por não poderem ser impugnadas em agravo de instrumento, poderão sê-lo em apelação ( cf. § 1º do art. 1.009 do CPC/2015)”.24 Cabe ressaltar que as restrições prevista no artigo 1.015 do CPC/2015 aplicam- se as decisões interlocutórias da fase de conhecimento do processo e segundo o parágrafo único do mesmo artigo, também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. O agravo de instrumento é um recurso limitado a decisões interlocutórias, é de natureza especial e, em regra, não impede ao andamento do processo (artigo 995), nem suspende a execução da decisão impugnada, exceto nos casos do art. 1019, I. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS O efeito suspensivo do recurso de apelação provoca morosidade nas sentenças do Judiciário. Esse demora causa efeitos negativos a parte que venceu a ação ou seja a parte com a razão/direito, pois o resultado da sentença na primeira instância não pode ser realizado de pronto pela parte vencedora. Estudos comprovam que em muitos casos, o fato do efeito suspensivo da apelação retardar o resultado da sentença é usado estrategicamente para “ganhar tempo” no processo. 23 ARAÚJO, José Henrique Mouta. A Recorribilidade das Interlocutórias no Novo CPC: Variações Sobre O Tema. Revista dos Tribunais Online. Jan/2016. 24 MEDINA, José Miguel Garcia. Curso de Direito Processual Civil Moderno. 3ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p. 948, 2017. 16 A supressão do efeito suspensivo não retira da parte perdedora o direito de recorrer a segunda instância. O que ocorrerá é que a parte vencedora pode gozar de uma execução provisória, sendo assim um meio de assegura a efetividade da prestação jurisdicional. Ademais o CPC prevê a necessidade de algumas garantias como a caução, a penhora, tendo sido concedida a tutela provisória a parte vencedora, ela tem a responsabilidade civil e responderá objetivamente aos danos causados a parte perdedora caso o recurso de apelação seja provido. 17 REFERÊNCIAS AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras linhas de direito processual civil. 4. ed. São Paulo: Max Limonad, 1973, v. III, n. 708. Apud JÚNIOR THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum - volume III. 47 ed. ver., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, p. 1003, 2016. ARAÚJO, José Henrique Mouta. A Recorribilidade das Interlocutórias no Novo CPC:Variações Sobre O Tema. Revista dos Tribunais Online. Jan/2016. ASSIS, Araken. Manual, n.5.1, p.70 Apud NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume único. 8d. Salvador: Ed. Juspodvim, p. 1483, 2016. BRASIL. Código de Processo Civil. Lei n. 13.105 de 16 de Março de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em 22.04.2019. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em 22.04.2019. BERMUDES, Sérgio: Considerações Sobre o Efeito Suspensivo dos Recursos Cíveis, Revista da EMERJ, v.3, n.11, 2000. CAMPOS, Jorge Alberto Passarelli de Souza Toledo. A Supressão do Efeito Suspensivo do Recurso de Apelação. Uma investigação sobre seus reflexos na celeridade processual e segurança jurídica, a partir de estudos de casos e dados obtidos junto ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2011. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Apud MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. 3 ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, p. 741, 2015. DINAMARCO, Cândido. Apud PACHECO, Patrícia Wilma Correia. O fim do efeito suspensivo da apelação visando à garantia da efetividade processual. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 12 dez. 2014. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.51328&seo=1>. Acesso em: 03 maio 2019. GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Não vale aprovar um novo CPC sem a supressão do efeito suspensivo automático da apelação. 2013. https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI190665,61044- Não+vale+aprovar+um+novo+CPC+sem+a+supressão+do+efeito+suspensivo acesso em 12/05/2019. https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI190665,61044-Não+vale+aprovar+um+novo+CPC+sem+a+supressão+do+efeito+suspensivo https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI190665,61044-Não+vale+aprovar+um+novo+CPC+sem+a+supressão+do+efeito+suspensivo 18 https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas- 2011_26_capSumula317.pdf acesso em 22/04/2019. JUNIOR DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Meios de Impugnação às Decisões Judiciais e Processo nos Tribunais. 13 ed. reform – Salvador: Ed. Juspodivm, p. 184-186, 2016. JÚNIOR THEODORO, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum - volume III. 47 ed. ver., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. MEDINA, José Miguel Garcia. Curso de Direito Processual Civil Moderno. 3ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, p. 948, 2017. MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. 3ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, p.741, 2015. MEDINA, José Miguel Garcia. Apud: Carlos Alexandre de Souza. Apelação no CPC/2015. https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?se quence=1&isAllowed=y acesso em 26.04.2019. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Volume único. 8d. Salvador: Ed. Juspodvim, p.1483-1484, 2016. PACHECO, Patrícia Wilma Correia. O fim do efeito suspensivo da apelação visando à garantia da efetividade processual. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 12 dez. 2014. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.51328&seo=1>. Acesso em: 03 maio 2019. RODRIGUES, Marcelo Abelha; SIQUEIRA, Thiago Ferreira. O Conceito de Sentença no processo civil brasileiro: passado, presente e futuro. https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marce lo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 acesso em 04 maio de 2019. SIQUEIRA, Cleanto. apud RODRIGUES, Marcelo Abelha; SIQUEIRA, Thiago Ferreira. O Conceito de Sentença no processo civil brasileiro: passado, presente e futuro. https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marce lo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 acesso em 04 maio de 2019. https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://www.riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/5842/Artigo%20P%C3%B3s.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1 https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.500.12178/91494/2015_rodrigues_marcelo_conceito_sentenca.pdf?sequence=1
Compartilhar