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TGDC I 1 – Introdução ao Direito Civil Bibliografia Básica. Direito Civil, Vol. 01 – Parte Geral. GONÇALVES, Carlos Roberto. “O fim do direito é precisamente determinar regras que permitam aos homens a vida em sociedade” (GONÇALVES, Ob. Cit. Pág. 19). 1.1. Conceito de Direito “É o conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a vida social” (MONTEIRO, Washington de Barros, in GONÇALVES, Carlos Roberto, p. 20). As normas se constituem em leis, costumes, jurisprudência, princípios gerais do direito, postos na sociedade por uma vontade superior. A criação do direito não tem objetivo outro senão a realização da justiça. A justiça é a “perpétua vontade de dar a cada um o que é seu, segundo uma igualdade” (Aristóteles). Compreendendo a distinção entre princípios e regras, espécies que são do gênero normas (Roberto Alexy)... Conceito de Direito por Caio Mário da Silva Pereira: “é o princípio de adequação do homem à vida social. Está na lei, como exteriorização do comando do Estado; integra-se na consciência do indivíduo que pauta sua conduta pelo espiritualismo do seu elevado grau de moralidade; está no anseio de justiça, como ideal eterno do homem; está imanente na necessidade de contenção para a coexistência”. Direito é a ciência do dever ser, mediante criação de cenário preestabelecido de condutas, fixando causas e consequências, em esforço de modelagem das condutas humanas com exclusão daquelas socialmente reprovadas, cujo nível de reprovação foi reconhecido por poder superior (Estado). 1.2. Distinção entre o Direito e a Moral “As normas jurídicas e morais têm em comum o fato de constituírem regras de comportamento. No entanto, distinguem-se precipuamente pela sanção (que no direito é imposta pelo Estado para constranger os indivíduos à observância da norma, e na moral somente pela consciência do homem, traduzida pelo remorso, pelo arrependimento, porém sem coerção” (GONÇALVEZ, p. 21). As normas jurídicas, a rigor, almejam a seleção de normas inicialmente morais. O direito é a moral juridicizada... Nem tudo que é moral é jurídico, pois apenas parte da moral está contemplada no direito. A moral comporta mais volatilidade, conforme o sujeito e suas relações sociais, enquanto o Direito busca otimizar regras gerais e abstratas. A moral é mais ampla e se representa por vasto círculo, o Direito é circulo menor e apenas em parte deste se comunica com o círculo da moral. Há tendência das normas morais se tornarem jurídicas, momento em que passarão a ser dotadas de sancionabilidade. A sanção é a mais relevante distinção entre a moral e o Direito. A moral pode se confundir com os costumes, que são fontes de Direito, conforme arts. 4° e 17 da LINDB: Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Exemplos de normas morais que se tornaram jurídicas: dever do pai velar filho, indenização por acidente de trabalho, reconhecimento da união estável, vedação a bigamia, e etc. 1.3. Direito Positivo e Direito Natural “Direito positivo é o ordenamento jurídico em vigor num determinado país e numa determinada época (jus in civitate positum). Direito Natural é a ideia abstrata do direito, o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior e suprema” (GONÇALVEZ, p. 22). O direito positivo se compreende enquanto o conjunto de princípios, leis, regulamentos, jurisprudência ou disposições normativas de qualquer espécie que incidam nas relações sociais e estejam em vigor em determinado tempo e sociedade. É o Direito Brasileiro, Alemão, Inglês, Romano... O Direito Natural se desenvolve sob o nome de jusnaturalismo, sendo visto como “expressão de princípios superiores ligados à natureza racional e social do homem”. Defendido por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, em exposição de um Direito ideal e eterno. Há positivistas que refutam o jusnaturalismo, por faltar realidade concreta típica do direito positivo. Carlos R. Gonçalves bem estabelece a ausência de antinomia, observando a proximidade do conceito do jusnaturalismo com a ordem moral, que influencia, fundamenta e inspira o direito positivo, a medida que juridiciza as regras naturais, vigentes na sociedade. 1.4. Direito Objetivo e Direito Subjetivo “Direito objetivo é o conjunto de normas impostas pelo Estado, de caráter geral, a cuja inobservância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção” (GONÇALVES, p. 24). Estas regras gerais e abstratas provocam a faculdade dos indivíduos promoverem certos atos ou compelirem outros a não o fazer, a cujo aspecto, individualista, se intitula direito subjetivo. A norma geral e abstrata, que se dirige a todos e a todos vincula revela o direito objetivo. Encarando o fenômeno através da prerrogativa para o indivíduo que decorre da norma, teremos o direito subjetivo (facultas agendi). Teoria Pura do Direito ou Negativistas: Negam a existência do direito subjetivo. Para Kelsen, a obrigação não é senão a própria norma jurídica. O Direito subjetivo, então, é o próprio direito objetivo. Teorias Afirmativas: reconhecem a existência do direito subjetivo. Teoria da Vontade: o direito subjetivo constitui a vontade reconhecida pela ordem jurídica. Teoria do Interesse: direito subjetivo é o interesse juridicamente protegido. Teoria Mista: direito subjetivo não constitui prevalência da vontade, tampouco do interesse, mas um poder de agir e de exigir, que existe independentemente da vontade ou do interesse. Carlos Roberto Gonçalves: Direito objetivo e subjetivo são aspectos da mesma realidade, o primeiro sob o panorama geral e o segundo enquanto expressão da vontade individual. 1.5. Direito Público e Direito Privado A dicotomia entre direito público e privado decorre do Direito Romano, em que Direito Público seria o direito do Estado, enquanto o Direito Privado pertence à utilidade das pessoas. Teoria pela Unificação do Direito... Teoria pela consideração conforme a natureza jurídica do sujeito... Teoria pela finalidade da norma... (crítica: ignora as normas de ordem pública – direito de família, p. ex, -, a rigor do direito privado)... Teoria com melhor aceitação: teoria do ius imperium, ou Direito de Império, no sentido de que o Direito Público regulamenta as situações jurídicas em que o Estado se relaciona com os demais enquanto detentor de supremacia e desigualdade (por supremacia do interesse público sobre o privado), enquanto o Direito privado trata de agentes privados (ou até públicos) em relações jurídicas, a rigor, sob patamar de igualdade. Carlos R. Gonçalves entende que o Direito deve ser visto como Uno... Tal pensamento não é pacífico. De maneira didática, no entanto: Direito Público – direito constitucional, administrativo, tributário, penal, processual (civil e penal), internacional e ambiental. Direito Privado – direito civil, comercial, agrário, marítimo, do trabalho, do consumidor e aeronáutico. Entendendo o inter-relacionamento entre Direito Privado e Direito Público (normas de ordem pública e, noutravia, contratos públicos sob regime privado)... 1.6. Unificação do Direito Privado Codificação do Código Civil, que trata, inclusive, do Direito Comercial, harmônico a relevantes leis esparsas (CDC, Lei do Inquilinato, ECA, Lei do Divórcio, dos Alimentos e etc.).
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