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Introdução ao Estudo do Direito Monitora Paola Salgueiro 2022.1 Contato: (32) 99118-1891 Paolasalgueiro51@gmail.com _______________________________________________________________ A disciplina de Introdução ao Estudo do Direito é autônoma das demais, por desempenhar função exclusiva. Tem caráter: disciplina propedêutica, de base, introdutória do estudante no curso de Direito. Com função/objetivo principal: definir o objeto de estudo; apresentar as noções e princípios jurídicos fundamentais da ciência, bem como as noções sociológicas, históricas, filosóficas necessárias à compreensão do Direito (Ciência do Direito sentido amplo) em todos os seus aspectos. São três os objetos da I.E.D.: 1) conceitos gerais do Direito (ex.: Direito; fato jurídico; relação jurídica, justiça); 2) visão de conjunto do Direito; 3) lineamentos da técnica jurídica. * Obs.: Ciência do Direito (num sentido amplo): é um setor do conhecimento humano que investiga e sistematiza os conhecimentos jurídicos. Em outras palavras, é a ciência voltada aos estudos jurídicos. Conceito básico O que é Direito? DIREITO Uma resposta comum é que Direito é o justo, certo, correto, o que está de acordo com a lei. É a capacidade que se tem de praticar ou não praticar um ato. O benefício que se tem de exigir de quem quer que seja, em proveito próprio, que pratique ou deixe de praticar algum ato. E, do mesmo modo, Direito é o conjunto de normas jurídicas em vigor em um país. Mais exemplos ..... O direito não permite a vingança. O Estado tem o direito de legislar. A educação é direito da criança. Cabe ao direito estudar a criminalidade. O direito é parte da nossa vida social. Não é direito que alguém passe fome. Podemos perceber que a palavra direito tem vários significados, quando se trata do senso comum quando se ouve a palavra direito relacionamos com o que é justo e quando estamos falando no âmbito jurídico Direito pode ser definido pelo conjunto de normas. DIREITO: TUDO O QUE É JUSTO E CERTO DIREITO: NORMAS JURIDICAS Acepções da palavra Direito: 2.1) DIREITO NATURAL: são aspirações jurídicas de determinada época que surgem da natureza social do homem e que se revelam pela conjugação da experiência e da razão. É um conjunto de princípios universais. Não é algo escrito, mas deverá ser consagrado pelo direito positivo, a fim de se ter um ordenamento jurídico (conjunto de normas jurídicas; conduta exigida ou o modelo imposto de organização social) realmente justo. Para alguns autores, o Direito Natural não é mutável, o que muda é a forma como a sociedade o encara. Para outros, ele muda, vai evoluindo com a sociedade e sendo acrescentado por novos ideais, novas aspirações. Exemplos de direitos naturais: o direito à vida o direito à liberdade Numa evolução histórica do Direito Natural, temos: 1) Na Idade Média, o Direito Natural vinha de Deus e era ditado pelos religiosos (representantes de Deus na Terra); Direito natural representantes de Deus na terra. 2) No século XVII, Hugo Grócio (jurisconsulto holandês), considerado o pai do Direito Natural, afirma que este surge da natureza humana e da natureza das coisas (é uma noção de Direito Natural filosófica). 3) No século XVIII, Kant (filósofo) dirá que o Direito Natural é um conjunto de normas superiores apreendidas da razão, da consciência humana. Então o direito Natural advém da sociedade é ela que pré-determina, de acordo com suas necessidades, com sua realidade, o que é Direito Natural, e essas são suas aspirações. Direito natural, natureza das coisas. Direito razão consciência humana. DIREITO POSITIVO: é o Direito criado ou reconhecido pelo Estado; é a ordem jurídica obrigatória num determinado tempo e lugar, independentemente de ser escrito ou não, pois outras formas de expressão jurídica constituem, também, Direito Positivo (ex.: os costumes, jurisprudência). O que é essencial saber é que o Direito Positivo é o Direito institucionalizado pelo Estado. Atenção :Direito Natural e Direito Positivo são distintos, mas se interligam, convergem-se reciprocamente, pois, como vimos nos conceitos acima, o Direito Natural depende de uma consagração do Direito Positivo, de um respaldo pelo Estado, para que exista um ordenamento ou ordem jurídica justa. De outro lado, o Direito Positivo também deve atentar, observar, as aspirações, os ideais, da sociedade, no tempo e no espaço, para que a ordem jurídica seja respeitada e não algo arbitrário. DIREITO OBJETIVO: é o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto objetivo, ou seja, é a norma de conduta e organização social (por muito tempo conhecido como norma agendi). É algo teórico, uma previsão. DIREITO SUBJETIVO: é o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto subjetivo. São as possibilidades ou poderes de agir que uma ordem jurídica ou um contrato garante a alguém de exigir de outra pessoa uma conduta ou uma omissão (por muito tempo, facultas agendi). É o direito personalizado, é a norma (direito objetivo) perdendo o seu caráter teórico e se projetando numa relação jurídica concreta, numa situação que ocorreu. Ex.: Fulano tem direito à hora-extra porque trabalhou depois de seu horário normal. Beltrano tem direito à Direito positivo Estado, ordem jurídica. indenização porque foi publicada, num jornal de grande circulação, uma notícia falsa a seu respeito. O Direito subjetivo pode ser: Patrimonial (direitos reais e obrigacionais) X não patrimonial. - O direito patrimonial é alienável e transferível para outra pessoa (pode ser dado, vendido, trocado); exemplo o direito de propriedade. - O direito não patrimonial não é alienável, não é transferível; exemplo: direito à vida; direito ao nome (o artigo 16 do Código Civil prevê: “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendido o prenome e o sobrenome”). O Direito e as ciências afins FILOSOFIA DO DIREITO Essas ciências auxiliam o Direito em sua interpretação e aplicação na prática do dia a dia forense, são facilitadoras da origem, da aplicação e de sua criação. O filósofo se preocupa com a valoração jurídica dos bens da vida, existentes na sociedade, tais como a justiça, o bem comum, o interesse social, a liberdade, entre outros, preocupando-se com as correntes filosóficas e ideológicas. O que interessa à Filosofia são os fundamentos, A razão de ser das leis. História do Direito A História do Direito é uma disciplina jurídica que tem por finalidade a pesquisa e a análise dos institutos jurídicos do passado. Psicologia Jurídica A Psicologia Jurídica estuda os fenômenos mentais que são juridicamente relevantes, estabelecendo um ligamento facilitador do trabalho do legislador e dos intérpretes do Direito. O Direito é baseado em três elementos: fato, norma e valor. FATO: Fato social, conflito entre pessoas. (Sociologia) NORMA: Regula o fato social. (Dogmática) VALOR: Avaliação de caso, importância que se dá ao fato. (Filosofia) NORMA: É a regra social obrigatória, a lei. DIREITO ESTATAL: É o conjunto de regras jurídicas emanadas do Estado com a finalidade de reger a vida social (Ex.: Constituição, Código Civil, Código Penal). DIREITO NÃO-ESTATAL: Normas obrigatórias elaboradas por diferentes grupos sociais particularmente institucionalizados destinadas a reger a vida interna desses grupos (Ex.: Direito Religioso, Direito Desportivo,Direito Universitário). DIREITO POSITIVO (corrente): É o conjunto de normas estatais em vigor, em determinado país, numa determinada época. Limita o estudo do direito sobre as legislações jurídicas. Acredita que a lei resolva tudo, está acima de tudo. Surge do Estado, é mutável e particular à sociedade política que o cria (Ex.: Constituição, lei complementar, lei ordinária, decreto). DIREITO NATURAL (corrente): É o conjunto mínimo de preceitos dotados de caráter universal, imutável, que surge da natureza humana e que se configura como um dos princípios de legitimidade do direito. Adota o “direito universal”. Ligado à moral e aos costumes. Obs.: Essas duas correntes entram em conflito, pois uma se considera superior à outra. Porém, quando as duas correntes entram em conflito, a do Direito Natural prevalece sobre a do Direito Positivo. ORDEM JURÍDICA: É o conjunto de todas as normas em vigor no Estado, completadas pelas técnicas de interpretação e integração do direito. DIREITO OBJETIVO: É o conjunto de todas as normas em vigor no Estado, estatal ou não. É a regra, o ordenamento jurídico. É a NORMA. DIREITO SUBJETIVO: É uma faculdade de agir, uma prerrogativa de agir. É a autorização concedida pela norma para que o indivíduo possa agir. Enquanto que o direito objetivo é a norma, o direito subjetivo é o interesse do indivíduo sobre a norma, seja ele qual for. É um poder do sujeito. TEORIA DA NORMA JURÍDICA: Parte do preceito que o direito é objetivo, preocupando-se integralmente com a norma jurídica. FONTES DO DIREITO: É todo modo de formação do direito, todo o documento, monumento, pessoa, órgão ou fato de onde provém a norma jurídica. FONTES MATERIAIS: São todos os fatores sociais representados pelas necessidades políticas, econômicas e culturais, bem como fatores naturais como o clima e o relevo. Constituem a matéria-prima da elaboração do direito. FONTES HISTÓRICAS: São todos os documentos jurídicos e coleções legislativas do passado que devido a sua importância continuam a influenciar a legislação do presente. (Ex.: Código de Hamurabi). FONTES FORMAIS: São as leis, os costumes jurídicos, a doutrina e a jurisprudência, nessa ordem de indicação. Para a maioria dos doutrinadores, as fontes do direito têm duas classes: Fontes de produção (direito estatal e não-estatal), materiais ou substanciais. MONISMO JURÍDICO (DIREITO ESTATAL): Não admite os ordenamentos jurídicos não elaborados pelo Estado como fonte do direito, ou seja, só admite o direito objetivo e estatal. COSTUME JURÍDICO (também chamado de direito não escrito): É o costume frequentemente adotado com caráter obrigatório. Não é fonte primária. Opõe-se à forma escrita do direito. É positivado dentro do nosso direito. Uma boa definição: é a prática social reiterada e obrigatória, ou ainda, é a norma jurídica que resulta de uma prática geral constante e prolongada. Elementos que caracterizam o COSTUME JURÍDICO: 1) Continuidade 2) Uniformidade 3) Diuturnidade 4) Moralidade 5) Obrigatoriedade “Secundum legem”: Segundo a lei; a lei de fato. “Preter legem”: Lacuna falta de lei. “Contra legem”: Contra lei, se opõe à lei (alguns dizem que estes não são fonte do direito). JURISPRUDÊNCIA: São as decisões “plurais”, ou ainda, é o conjunto das decisões que promanam dos Tribunais. O juiz leva em conta as decisões da doutrina, leva em conta também os costumes, a população (sociedade), influências sociais. É o direito criado pelo juiz, conhecido como “Direito Vivo”. É subsidiado, por exemplo, pelas SÚMULAS VINCULANTES (força vinculante), que são as elaborações de um tribunal para auxiliar outros em determinadas situações. É bom salientar que a súmula vinculante põe em conflito as teorias do Direito Romano-Germânico e o Anglo-Saxão. DOUTRINA: É o estudo elaborado pelos juristas sobre um determinado assunto. Também cria ou influencia leis. Alguns acreditam que não é fonte do direito pois não tem força obrigatória, já outros a consideram fonte do direito pois dizem que ela contribui para a criação, reforma e aplicação do direito. Exercícios 1. Conceitue ética 2.Quais são as características da norma jurídica? 3.O que é Direito Natural? Como ele se diferencia do Positivismo 4.Diferencie validade de eficácia. Questões de VERDADEIRO OU FALSO • O senso moral, por ser universal, independe da sociedade na qual o indivíduo está inserido. ( ) V ( ) F • A pessoa moral e os valores são elementos constitutivos do campo ético. ( ) V ( ) F • Os juízos de valor, sob a perspectiva jurídica, enunciam ações segundo o critério de legalidade ou ilegalidade da conduta. ( ) V ( ) F • A existência da conduta ética pressupõe a liberdade de consciência do agente. ( ) V ( ) F • Os valores positivos e negativos de uma sociedade podem ser dissociados do senso moral. ( ) V ( ) F • A moral não se limita à descrição ou à análise de condutas, prescrevendo formas de agir. ( ) V ( ) F • O jusnaturalismo é uma das primeiras formas de pensamento jurídico. ( ) V ( ) F • As normas de direito natural devem preceder às normas de direito positivo sempre que houver conflito entre elas. ( ) V ( ) F • Conduta moral refere-se à vontade interna do sujeito e o direito é imposto por uma ação exterior. ( ) V ( ) F • É na possibilidade de impor-se pela força, independentemente da vontade, que o direito e a moral regulam a liberdade. ( ) V ( ) F
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