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defesa consumidor

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EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A) DE DIREITO DO 00 JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA CAPITAL.
Processo n.º 0000
WWWWW pessoa jurídica de direito privado, com endereço na AV: WW , n.º1681A, EE, , inscrita no CNPJ n.º 00000000, comprovando a regularidade de sua representação através do Contrato Social, por seus advogados infra-firmados, vem, respeitosa e tempestivamente, à presença de V. Exa., com fulcro no art. 30 da Lei 9.099/95, apresentar
CONTESTAÇÃO
Aos termos da ação descrita em epígrafe, promovida por WWWW, já devidamente qualificada nos autos, consoante as razões de fato e de direito que a seguir passa a expor:
I – SÍNTESE DA INICIAL:
Declara a autora que no dia 04/05/2015 efetuou a compra de dois produtos sendo um Fogão 4B , pelo valor de R$369,00 (trezentos e sessenta e noive reais) e um Refrigerador 458L continental RCCT480 BR 220V, pelo valor de R$1.499,00 (um mil quatrocentos e noventa e nove reais).
Aduz que com pouco tempo os dois produtos apresentaram vicio de qualidade, sendo assim a autora requer a substituição dos produtos Fogão SUPREME e Refrigerador 458L RCCT480 BR 220V por outros novos, dos mesmos modelos ou outros com as mesmas características, e indenização por danos morais, no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais)
Atribuiu à causa no valor de R$ 6.868,00 (seis mil oitocentos e sessenta e oito reais).
II – DA PRELIMINAR – DA ILEGITIMIDADE PASSIVA:
Sobre as alegações de defeito do produto, vale afirmar que carece de ação a Demandante no que se refere à ora Demandada, visto que o suposto defeito alegado é de responsabilidade exclusiva :WWW, haja vista ser a mesma a fabricante do produto objeto do presente litígio, sendo o comerciante responsável solidário, tão-somente, quando aquele não é identificado, o que não aconteceu no presente caso.
Neste sentido, preceitua o artigo 13 do CDC, o qual, de forma expressa, prevê a responsabilidade do comerciante apenas quando não puder ser identificado o fabricante:
Art. 13 – O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; (Destaques nossos)
A esse respeito, é pacífica a opinião do Colégio Recursal dos Juizados Especiais Cíveis de Pernambuco:
 	Assim, são aqui aplicáveis as regras inscritas nos arts. 12 e 13 do CDC. Por decorrência, em hipótese tais, a responsabilidade do comerciante, nos moldes do que estatui o art. 13 do CDC, é apenas subsidiária (secundária em relação àquela dos outros agentes econômicos - que é principal) e, nesse trilhar, são só três os casos em que o comerciante responde subsidiariamente quando detectado vício de qualidade por insegurança, quais sejam : a) quando for impossível a identificação do responsável principal ; b) quando ausente, no produto, a identificação adequada do responsável principal ; e c) quando o comerciante não conservar adequadamente os produtos perecíveis. No caso vertente, nenhuma das hipóteses prescritas no art. 13 do CDC está demonstrada nos autos. Em virtude disto, cabe mesmo ao fabricante do bem (exatamente a segunda demandada - EMPRESA ENXUTA INDÚSTRIA LTDA.) responder pelos danos alegados - nos precisos termos do que estabelece o art. 12 do CDC. Eis por que entendo que a decisão monocrática que admitiu a ilegitimidade passiva da primeira demandada (LKM - LTDA. - LOJAS HERMOL) e a excluiu do feito está correta. (Recurso 000562/2003. Rel. Saulo Sebastião de Oliveira Freire. Juizado Especial Cível de Casa Amarela) (grifos nossos).
No mesmo intento, decidiu a Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, relatado pelo eminente Des. Antônio Vinícius Amaro da Silveira em PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL idêntico, in extenso:
EMENTA:  APELAÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR. DEFEITO DO PRODUTO. ACIDENTE DE CONSUMO. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. ILEGITIMIDADE PASSIVA. REVELIA. O artigo 13 do Código de Defesa do Consumidor reputa subsidiária a responsabilidade do comerciante pelo acidente de consumo (fato do produto ou do serviço), o qual poderá compor a lide apenas quando o fabricante não puder ser identificado. Uma vez ajuizada a demanda contra o comerciante e sendo plenamente identificável o fabricante, o acolhimento da preliminar de ilegitimidade passiva é medida que se impõe. O decreto de revelia não apaga a possibilidade de reconhecimento de matéria de ordem pública. SENTENÇA REFORMADA. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70009153677, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Vinícius Amaro da Silveira, Julgado em 11/11/2004).
Verifica-se que a responsabilidade do comerciante é meramente subsidiária, pois os obrigados principais são aqueles discriminados no Art. 12 do CDC. 
O próprio art. 13, acima transcrito, faz menção ao artigo anterior, segundo o qual, a responsabilidade por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos serão do fabricante, produtor, construtor, nacional ou estrangeiro, e importador, independente de culpa. 
Neste diapasão é o entendimento doutrinário de Ada Pellegrini Grinover, em seus comentários ao Art. 13 do CDC (Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, Forense Universitária, 6ª edição, 1999, p.169):
Os incisos I e II disciplinam hipóteses correlatas, mas distintas. Nos termos do Inc. I, o comerciante será responsabilizado se o fabricante, construtor, produtor ou importador não puderem ser identificados. (Destaques nossos)
Ademais, no caso em tela, repita-se, o fabricante pode ser facilmente identificado mesmo estando presente na ação, a :WWW , podendo, portanto, responder pelo suposto defeito apresentado objeto do presente litígio.
Cabe salientar não ter a ora Contestante qualquer vínculo com a fabricação do produto, somente atuando em um momento posterior à sua fabricação, motivo pelo qual não pode ser responsabilizada por qualquer vício existente no produto. 
Deve-se ressaltar, por oportuno, que, em momento algum, houve qualquer tipo de comprovação – nos presentes autos – do nexo causal entre a ação da ora Contestante, venda do produto, e o suposto defeito reclamado. 
Neste sentido, o nexo causal constitui um dos elementos essenciais para a configuração da responsabilidade da Empresa Contestante em reparar o suposto dano sofrido pela Demandante. 
In casu, ressalta-se que só se poderia falar em Legitimidade da ora Contestante para figurar no pólo passivo da presente demanda se houvesse pertinência subjetiva da ação da Peticionária, bem como o defeito supostamente apresentado no produto.
Desta forma, caracterizada a ilegitimidade da parte ora Contestante, ausente está uma das condições da ação, e tem-se como conseqüência a carência da mesma de acordo com o art. 301, X, CPC.
Por fim, verificando-se a inexistência de condições da ação, desrespeitando-se a trilogia de Liebman, requer a ora Contestante seja extinta a ação sem julgamento do mérito, na forma preceituada no art. 267, inciso VI do CPC, bem como a inclusão da : WW na presente lide.
IV - DA VERDADE DOS AUTOS:
A Laser Eletro é uma empresa com atuação em todo a Região Nordeste do Brasil e largo respaldo perante os consumidores, tendo um nome a zelar, já bastante consolidado no mercado da venda de eletro-eletrônicos, sempre agindo pautada na boa-fé e visando a satisfação integral de todos os clientes. 
Valendo-se das atividades prestadas pela Requerida, a PARTE AUTORA, adquiriu um produto, de marca XXX , portanto, deveria ter ingressado com a presente ação unicamente contra o fabricante do produto, na medida em que este é o responsável pela produção, armazenamento e garantias do produto fabricado por ela. 
Portanto, como visto, não há como vislumbrar qualquer irregularidade na conduta perpetrada pela RÉ, que realizou todos os procedimentos cabíveis e previstosem contrato para, estando absolutamente insubsistente a pretensão da AUTORA, já que todos os procedimentos necessários estavam sendo operados. 
A VERDADE, EXCELÊNCIA, É QUE, POR MOTIVOS OUTROS, DESCONHECIDOS PELA RÉ, PRETENDE A PARTE AUTORA SER INDENIZADA POR DANOS SUPOSTAMENTE SOFRIDOS, OS QUAIS NÃO CHEGARAM NEM MESMO A SEREM DESCRITOS, NEM TAMPOUCO COMPROVADOS.
Nobre Julgador, a Autora tinha pleno conhecimento da existência do contrato, não havendo que se falar em pagamento de indenização por danos morais, nem mesmo danos materiais. Sendo assim, não há conduta indevida da Promovida, nem a autora seria obrigada a se restringir às vias judiciais para exigir o seu débito, pelo que se conclui NÃO TER HAVIDO PRÁTICA DE NENHUM ATO ILÍCITO, CONDIÇÃO ESSENCIAL PARA QUE SE POSSA COGITAR EM RESPONSABILIDADE CIVIL.
Desta feita, resta revelado que as alegações trazidas à apreciação deste MM Juízo no requerimento inicial não devem prosperar, entender de forma diversa é fugir da realidade dos fatos para propiciar o enriquecimento ilícito de pessoas que tentam dissimular os fatos verdadeiros para ao final se locupletar de valores a que não faz jus. Além do que, por ser questão eminentemente de direito, há outras reiteradas decisões julgando pela improcedência de pedidos idênticos a este.
RESTA CLARO, QUE NENHUMA ILICITUDE COMETEU A PROMOVIDA, TENDO TODOS OS SEUS ATOS PAUTADOS DENTRO DO QUE PRESCREVE A LEI.
Portanto, consoante já foi plenamente demonstrado, a ora Contestante não pode ser responsabilizada, uma vez que sua ação não influiu em nada para a ocorrência dos supostos danos causados à Postulante.
Por amor ao debate, cumpre esclarecer que inócuos são os argumentos da Autora no que se refere à empresa demandada, uma vez que todos os serviços foram prestados na mais perfeita regularidade, relatando fatos que por si só descaracterizariam as pretensões abusivas da autora, quando só vem comprovar a busca pelo enriquecimento ilícito, uma vez que os serviços da garantia estendida foram devidamente contratados. 
Quanto ao vício apresentado pelo produto, percebe-se que não é contra a Empresa Demandada que a demanda deve prosseguir, mas tão-somente contra o fabricante, uma vez que a responsabilidade pela reclamação da Parte Autora foge à responsabilidade da Reclamada, demonstrando a necessidade de que a empresa demandada seja excluída da lide.
Portanto, consoante já foi plenamente demonstrado, a ora Contestante não pode ser responsabilizada, uma vez que sua ação não influiu em nada para a ocorrência dos supostos danos causados à Postulante, sendo, desta forma, parte ilegítima para satisfazer as pretensões autorais.
Com efeito, o fabricante é o único responsável legítimo para a reparação dos danos causados, uma vez que é o responsável pela escolha das assistências técnicas aptas para realização de serviços nos equipamentos de sua fabricação, assumindo o risco pelos serviços mal prestados dos seus prepostos, de modo que resta patente a ilegitimidade da ora Contestante para figurar na presente lide.
Saliente-se, igualmente, a impossibilidade de ser incutida qualquer responsabilidade à Master Eletrônica de Brinquedos – Laser Eletro na presente Demanda, tendo em vista a completa ausência de nexo de causalidade entre a ocorrência do suposto defeito no mencionado aparelho, bem como da ausência de reparos no mesmo, e a atuação da ora Defendente, qual seja, venda do produto.
O magistério de Humberto Theodoro Júnior (in, Curso de Direito Processual Civil, Ed. Forense, Vol. I, 37ª edição), nos ensina que uma das condições da ação é a titularidade ativa e passiva. Diz ele que “para que o provimento de mérito seja alcançado, para que a lide seja efetivamente solucionada, não basta existir um sujeito ativo e um sujeito passivo. É preciso que os sujeitos sejam, de acordo com a lei, partes legítimas, pois se tal não ocorrer o processo se extinguirá sem julgamento do mérito.” (grifos nossos)
Com isso, pugna a Empresa Reclamada, desde já, que seja retirado o seu nome da presente lide e que o feito continue apenas com relação ao fabricante do aparelho e assistência técnica, tendo em conta, tudo o que foi relatado acima.
IV - DA AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR:
É sabido que, para conversão da responsabilidade civil em ressarcimento pecuniário concreto, faz-se necessário não só a comprovação do dano efetivo, mas também, e sobre tudo, a sua causa.
Em análise, cuidando-se de pretensão indenizatória, ainda que amparada sob a égide da teoria da responsabilidade civil objetiva, o juízo de procedência depende visceralmente da comprovação do nexo causal, por inexistência nos autos de provas indispensáveis à imposição do dever de indenizar.
MEROS ABORRECIMENTOS NÃO PODEM SER CONSIDERADOS DANOS MORAIS, ATÉ MESMO PORQUE NÃO EXISTE NAS PEDIDOS AUTORAIS O PLEITO DE DANO MATERIAL, COM A RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO, O QUE FAZ CRER QUE O BEM ENCONTRA-SE EM PERFEITO FUNCIONAMENTO.
O artigo 12 da Lei nº 8.078/90, Código de Defesa do Consumidor, traz esclarecimento importante à questão ao tratar da responsabilidade pelo fato do produto, in verbis:
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”. (grifamos).
O artigo 13 do mesmo diploma legal traz a hipótese de exclusão da responsabilidade do comerciante, na hipótese dos autos está Claro, senão vejamos:
“Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.” (grifos nosso)
Assim, vê-se que a demandada só seria responsabilizada nas hipóteses dos autos, se o fabricante do produto supostamente defeituoso, não pudesse ser identificado, o que não ocorre de fato. Logo, motivos não há para sua responsabilização.
Conforme restou claramente identificado, inexistindo ato ilícito praticado pela RÉ, inexiste o dever de indenizar, restando insubsistente a pretensão autoral de indenização. Inadmissível, pois, a indenização pretendida, posto que tal conduta seria desvirtuar completamente o objetivo do instituto do dano moral, constituindo o enriquecimento ilícito.
VI – DANOS MORAIS - MERO ABORRECIMENTO - A ABSOLUTA INEXISTÊNCIA DE DANOS
É evidente que não houve qualquer dano moral da demandante a necessitar de reparação, pois a autora nenhuma prova colacionou aos autos a partir da qual pudesse ser verificado algum verdadeiro prejuízo, qualquer que seja a sua natureza.
Em se tomando outro norte dar-se-ia a total banalização do dano moral constitucionalmente previsto em nosso ordenamento a tornar o Poder Judiciário instrumento de uma “indústria de indenização” que poderia causar prejuízos a toda a economia nacional com a desestabilização das relações econômicas. 
Feitas tais ilações, infere-se que a pretensão da parte autora se mostra absolutamente dissociado da legislação aplicável à espécie, razão pela qual se conclui pela manifesta insubsistência do pleito indenizatório que deduziu em face da RÉ, o que demonstra ser modificada a decisão monocrática.
VII - DOS REQUERIMENTOS:
Assim, à luz de todo o acima exposto, vem a RÉ requerer a Vossa Excelência se digne em acolher as preliminares de ilegitimidade passiva e incompetência do Juízo suscitadas, e, caso este pedido não seja o entendimento de Vossa Excelência, o que sinceramente não acredita, requer que sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos formulados pela autora, pelas razões acima aduzidas.
Requer ainda a exclusão do nome da presente contestante, da referida lide para quesua imagem não sofra ainda mais com a responsabilidade de terceiros. 
Por fim requerer, que todas as publicações sejam efetuadas em nome da XXX, inscrita na OAB/PE sob o n.º XX, com endereço profissional à Av. XX, Nº 60, 6º Andar, xx CEP: 0000-000, Recife/PE sob pena de eventuais nulidades processuais.
Por cautela, protesta a RÉ por todos os meios de prova em direito admitidos.
Nestes Termos,
Pedem Deferimento.
Recife,00 de junho de 0000

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