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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 18ª UNIDADE DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DE FORTALEZA – CE. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C/C TUTELA ANTECIPADA FELIPE LIMA DE SALES, brasileiro, solteiro, barman, RG. nº. 2007715681 –SSP-CE e CPF nº. 606.630.563-81, e-mail: j18012809@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Itaquera, nº 570, Casa “A”, Jangurussu, Fortaleza/Ce, CEP: 60.110-000, vem, com o devido respeito e acatamento, à presença de V. Exa., por meio de seu advogado que esta subscreve, ADRIANO CAÚLA DA SILVA, Brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB/CE nº. 42.626, com endereço profissional, sito a Rua Coronel Jucá, nº 855, Aldeota, Fortaleza – CE, CEP 60.170- 320, endereço eletrônico: adrianocaula@yahoo.com.br. O que faz com base e funamentação nos arts. 3º, inciso I e 9º da Lei n.º 9.099/95; arts. 186 e 927 do Código Civil, bem como os arts. 2º, 3º, 6º, inciso VIII, 39, inciso I todos da Lei n.º 8.078/90, propor a presente: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS C/C TUTELA ANTECIPADA em face de: ANTÔNIO ALVES DA SILVA FILHO LTDA, (Razão Social:AS Consórcio Nacional LTDA) empresa de capital privado, atividade principal 73.19-0-02- Promoção de vendas. Atividades secundárias: 64.93.-0-00 Administração de consórcio para aquisição de bens e direitos, 66.19-3-02 – Correspondentes de Instituições Financeirtas, 66.22-3-00 – Corretores e agentes de seguros, de planos de previdência complementar e de saúde, 82.91- 1-00 – Atividades de cobrança e informações cadastrais, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 28.969.940.0001-02, com sede na Rua Raimunda da Silva, nº. 1001, CEP 65.075-060, Bairro Bom Jesus – São Luis – MA; NACIONALADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS EIRELI, Atividade Principal: 74.90-1-04 – Atividades de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral, excetom imobiliários; Atividades Secundárias: 64.93-0-00 – Administração de consórcios para aquisição de bens e direitos, inscrita no CNPJ: mailto:j18012809@gmail.com 36.520.209/0001-23. Rua Sete de Abril, nº. 264, República, São Paulo – SP, portadora do endereço eletrônico: contato@consorciosnacional.com.br; quadro de sócios: JOÃO VICTOR SANTANA MOURA, 65 – Titular Pessoa Física Residente ou Domiciliado no Brasil; ZOOP TECNOLOGIA E MEIOS DE PAGAMENTO S.A. Atividade Principal: 66.19-3-99 – Outras atividades Auxiliares Dos Serviços Financeiros Não Especificadas Anteriormente; Atividades Secundárias: 62.02-3-00 – Desenvolvimento e Licenciamento De Programas Den Computador Customizáveis; 64.92-1-00 – Securitização De Créditos; 66.13-4-00 Aministração De Cartões de Crédito, inscrita no CNPJ: 19.468.242/0001-32. Situada no endereço: Av. Das Américas, nº. 700 – BL 5 Salas 101 a 104 e 301 a 316, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22.640-100, portadora do endereço eletrônico: suporte@zoop.com.br; quadro de sócios administradores: FABIANO TEIXEIRA DA CRUZ, Diretor e DAN FACCIO, Diretor; BUSSINES CRED, situada na Av. Santos Dumont, nº 771 – Centro Fortaleza – CE, CEP 60.150-160; pelos motivos abaixo descritos: I – DA JUSTIÇA GRATUITA Inicialmente, cumpre arguir que o Requerente, é defato pessoa pobre, na acepção jurídica da expressão, e declara não poder demandar em juízo sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, em especial no caso concreto, pois encontra-se percebendo tão somente o valor de um salário mínimo, conforme documentos em anexos de comprovação; qual seja: cópia de sua CTPS, Assim, necessário que lhe sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, in verbis: Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIV – O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; Semelhantemente, o Código de Processo Civil tratou de forma concisa a possibilidade da concessão da gratuidade processual aos necessitados, vejamos os excertos abaixo: Art. 98º - A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. mailto:contato@consorciosnacional.com.br mailto:suporte@zoop.com.br https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10727456/inciso-lxxiv-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 (...) Art. 99º - O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. (...) § 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Os ditames mencionados anteriormente se amoldam perfeitamente ao caso em apreço, isto posto, não há a possibilidade da parte autora buscar a tutela jurisdicional, sem que dita medida repercuta de forma negativa o cotidiano financeiro familiar, o que é vedado pelo ordenamento jurídico vigente. O Autor não dispõe de recursos para custear as despesas processuais, em razão da insuficiência financeira que o impossibilita de arcar com o valor das custas. Mister se faz informar que o Requerente encontra-se desempregado, e que seus rendimentos atuais apenas servem para manter sua própria subsistência e o de sua família. Em vista da hipossuficiência do Autor requer os beneplácitos da gratuidade da justiça. II - DA CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA Segundo o artigo 300, que trata da tutela antecipatória, é necessário para a sua concessão que o juiz se convença da verossimilhança da alegação contida na petição inicial, desde que devidamente provada nos autos, bem como que haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. A prova inequívoca se vislumbra cabalmente nesta lide através de copias de contratatos assinados e carimbados por uma da empresas Requeridas, o que demonstra o valor de entrada pago na quatia de R$ 2.163,00 (Dois Mil, Cento Sessenta e Três Reais), na data de 25 de setembro de 2020, passsando a parte autora a ser titular de uma cota (2,173) de participação em consórcio, junto a Nacional Administradora de Consórcio, com o número de contrato: nº 3.991, e em ato contínuo ficando resposável por pagamentos mensais em parcelas de R$ 363,00 (Trezentos e Sessenta e Três Reais), num prazo de 99 meses, a inciarem seu adimplemento em 17 de outubro de 2020 frise-se, totalmente sem a sua vontade, visto ter sido vítima de propaganda enganosa, pois pensava o mesmo está diante de um financiamento de veículo. Conforme fora propagado e bastante esclarecido pelo preposto das Requeridas; Sr Gustavo Rodrigues. A verossimilhança da alegação se identifica com o fummus boni juris e o periculum in mora, a qual está patente, pela exposição fática acima apresentada, que dão conta, notadamente, do dano ao direito do consumidor pela propaganda emganosa e o induzimento ao erro da parte Requerente, chegando este assinar documentos totalmente adverso do que fora propagado. E, sendo um contrato, frise-se, bem duvidoso e nebuloso, já que foi pactuado em meio a tantas mentiras e falsas promessas, onde envolve ainda quatro partes Requeridas. Ficar pagando tal obrigação só gerará mais prejuízos à parte Peticionante, deste modo o mais acertado será a antecipação dos efeitos da tutela no quesito cancelamento do contrato com a devida devolução dos valores até então pagos já evidenciados nas provasanexadas nesta exordial (cópia de contrato devidamente assinado) Assim Excelência, inegável, no caso em tela, a existência do fundado receio de dano irreparável e de justificado receio de ineficácia do provimento final, visto que se a parte autora continuar pagando tao consórcio seu direito de crédito junto às requeridas somente irá aumentar e consequentemente um futuro prejuizo maior ainda, pois este não pode agir por sua conta risco no não pagamento das parcelas sem que tenha o respaldo deste respeitável Juízo. O relevante fundamento da demanda também se justifica pela violação ao direito do consumidor quanto a questão da publicidade abusiva previsto no §2º, do art. 37, do CDC. Este se conjuga com o princípio da veracidade, pois reprime os desvios publicitários, especialmente no tocante ao desrespeito às normas constitucionais. Pugna-se, com fulcro nos artigo 84, § 3º da Lei 8.078/90, artigos 294 c/c artigos 300 do CPC, seja determinado que as partes Requeridas habilitem-se proceder com a não cobrança das parcelas vincendas e devolução dos valores pagos, até decisão final deste Respeitável Juízo. Presentes os requisitos autorizadores para a concessão da medida de urgência postulada, pela possibilidade de uma elevada oneração no prejuízo financeiro da parte autora, em caso de continuar com os pagamentos das parcelas do referido contrato (periculum in mora), efetuando diante de latente ilegalidade, haja vista, a propaganda enganosa e o induzimento ao erro da parte Requerente, o que levou o mesmo a contratar um produto nunca perseguido pelo mesmo. Já o (fummus boni iuris), consubstanciados pelo arcabouço probatório acostado e fundado receio de dano irreparável ao autor, ressaltando-se a atitude desidiosa das Requeridas, causando graves transtornos e prejuizos à parte autora, porque o produto que estaria adquirindo seria um financiamento e nunca um consórcio, cumprindo a este D. Juízo, deferir os efeitos DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA INAUDITA ALTERA PARS para que as empresas Requeridas, habilitem-se proceder com a não cobrança das parcelas vincendas e devolução dos valores pagos. III – DA COMPETÊNCIA DESTE JUIZADO ESPECIAL CIVIL A legislação atinente estabelece, como regra geral para determinação do juízo competente para o processamento e julgamento das causas de pequeno valor da Competência do Juizado Especial Civil, o domicílio do Réu, conforme preceitua o art. 4º, I, da Lei 9.099/95. O legislador, porém, com o desiderato de beneficiar o Autor, que se presume, juris tantum, ser a parte mais frágil da relação processual, bem como garantir uma melhor instrução processual, criou foros especiais para a propositura de certas ações civis perante o Juizado Especial Cível, preceituando que, a critério do Autor, nas ações de reparação de danos, poderá o mesmo ajuizar a ação em seu domicilio ou no local do ato ou fato. Assim prescreve o art. 4º, III, da Lei n.º 9099/95, in verbis: É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro: (…) III do domicílio do autor ou local do fato ou ato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza?. Diante do exposto no artigo sobredito, não há que se questionar da possibilidade jurídica conferida ao Autor para propor a ação de indenização para reparação de danos, quer seja moral ou material, no local do fato ou ato provocador do direito à obtenção da reparação dos danos. Na presente querela, o fato ou ato que serve como fundamento para a presente ação ocorreu na sede desta Comarca, a qual, também, é o domicilio do Autor, sendo este Juízo o competente para o processamento e julgamento do presente feito, não cabendo às Rés em futura resposta alegar incompetência deste órgão Judiciário, por ter sua sede em outra unidade judicial. Corroborando com o que foi exposto, vejamos os ensinamentos do mestre Humberto Theodoro Júnior: “A escolha entre os foros especiais é livre para o autor, não havendo ordem de preferência entre ele. Em qualquer hipótese, caber-lhe-á sempre a opção pelo foro geral do domicilio do Réu, ainda que se trate de uma das situações especiais contempladas pela lei(art. 4º, parágrafo único) Logo, não caberá ao demandado, na espécie, impugnar a exceção exercida pelo promovente. No mesmo diapasão trilha a inteligência jurisprudencial: DOMICÍLIO DO AUTOR. Exceção de Incompetência. Opção pelo autor na ação de reparação de danos. Rejeição. Ao autor se abre a opção da escolha do foro de seu domicilio no caso de ações para reparação de dano de qualquer natureza (Segundo Colégio recursal da Capital do Estado de são Paulo, Rec. 57, j. em 14-9-1996, Rel. Juiz Marciano da Fonseca). Ante o exposto, acha-se competente este r. Juízo, para o processamento e julgamento desta Ação de Indenização. IV - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO/MEDIAÇÃO Tendo em vista o teor do Novo Código de Processo Civil, especialmente a redação presente no art. 3°, caput e §§ 2° e 3°, bem como o artigo 319, VII, solicita-se à Vossa Excelência que seja designada data para realização de audiência de conciliação. V - DOS OBJETOS DA AÇÃO A presente ação tem por objeto, a) a Condenação das empresas Rés ao pagamento de indenização por danos morais, causados ao Autor; b) A Restituição dos valores pagos; c) A não cobrança das parcelas do Referido contrato até ulterior decisão deste Respeitável Juízo VI - DOS FATOS E FUNDAMENTOS O autor necessitando de uma aquisição de bem móvel (veículo), por meio de indicação de terceiros; qual seja sua prima; a qual frize-se, também foi vítima de tal ato lesivo, procurou a pessoa do Sr. Gustavo Rodrigues; este preposto das Requeridas, para proceder como referido contrato de financimento de veículo. Ao contatar a pessoa do Senhor Gustavo Rodrigue, o Sr. Felipe Sales (autor) começou suas perguntas quanto a possibilidade do referido contrato de financiamento, foi então que o Preposto das Requeridas começou suas explicações de como seria a política para tal aquisição do bem, segundo o mesmo: Gustavo Rodrigues, o cliente/consumidor entraria com um valor “x” https://jus.com.br/tudo/processo de entrada, seu cadastro ia para análise e sendo aprovado o valor perseguido, o referido bem seria adquerido e repasado ao Consumidor, este por sua vez passaria a pagar as parcelas ao Credor em questão. Deste modo Excelência, tudo foi feito conforme o propagado e divulgado, no entanto as coisas não fluiram como deveriam fluir, chegando ao ponto de parte autora descobrir que na realidade o que havia acontecido era uma armadilha por meios de propagandas enganosas e indução ao erro levando o mesmo a contratar um produto nunca querido pela parte Peticionante. Assim Douto Julgador, contrariando qualquer expectativa depositada no referido negócio jurídico; compra do automóvel, o produto a que o mesmo estava assinando tratava-se de um consórcio e frise-se já ludribriando o autor a contratar um lance “’préfixado”, no valor de R$ 2.163,00 (Dois Mil, Cento Sessenta e Três Reais), pois nos dizeres do sr Gustavo Rodrigues, tal valor de entrada referia-se à um “sinal” para a liberação da carta de crédito, e garantindo ao Requerente a certeza da aprovação e liberação do valor do veiculo perseguido pela parte autora. É mister, esclarecer ainda, de que antes das referidas assinaturas em nenhum momento o Sr. Gustavo Rodrigues, falou em consórcio ou mesmo em possibilidades de sorteios, mas sim de aprovação de crédito. Assim depois de assinado e repassado o referido valor foi que o preposto das Requeridas mencionou essa possivel assembléia, todavia, afirmando que o credito já estava aprovado e que era somente aguardar pelo sorteio e tudo estaria satisfeito dentro das expectativas da parte autora. Todavia exaurido o lápso temporal e chegado a data determinada para a liberação do crédito o que se daria por meio de assembléia; qual foi a surpresa da parte autora: a deque não foi contemplado e que poderia aumentar o valor do lance, configurando mais uma tentativa em lesar o consumidor. Diante de todo este transtorno, a parte autora entra em contato com a terceira Requerida, bem como com a pessoa do senhor Gustavo e estes afirmam, que nada podem fazer, e tão somente de que a parte autora poderia requerer um desistência do grupo consorcial, porém, tudo depedendo de sorteios dentre outras burocracias, bem como perda de parte do que foi dado como entrada. E assim, Excelência, ao sentir-se lesado, sem qualquer possibilidade de resolução do problema, muito menos sem ter a quem recorrer, não lhe restou outra alternativa senão a impetração desta demanda, pedindo ao Estado Juiz, que solucione todo esse problema sob o qual a parte autora encontra-se. Diante desta atitude injusta e ilegal efetuada pelas Rés, restou apenas ao autor recorrer as vias judiciais, para obter, em parte, o respeito pela sua honra e a diminuição do prejuízo, já provado, em seu direito patrimonial., pois jamais será totalmente restabelecida. VII - DO DIREITO VII - 1. DA RELAÇÃO DE CONSUMO Inicialmente, urge mencionar que a Constituição Federal de 1988, no seu ARTIGO 5º, XXXII, dispõe, in verbis, que: “Art. 5º. XXXII – O ESTADO PROMOVERÁ, NA FORMA DA LEI, A DEFESA DO CONSUMIDOR.”; (aditados nossos); Os ARTIGOS 2º e 3º, CAPUT da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), respectivamente, qualificam o consumidor e dispõe sobre seus direitos, destacando ser consumidor aquele que compra alguma coisa ou serviço, e fornecedor, aquele que vende ou presta serviço ao destinatário final. “Art - 2º. “ CONSUMIDOR É TODA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA QUE ADQUIRE OU UTILIZA PRODUTO OU SERVIÇO COMO DESTINATÁRIO FINAL”. “Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”. É mister destacar ainda, que os contratos de consórcio caracterizam verdadeiros contratos de adesão, tendo em vista não ser propiciada ao consumidor nenhuma discussão sobre as cláusulas e condições contratuais, sobre caindo-lhe simplesmente a imposição a adquirir ao pacto. Ademais, é cediço que o contrato de adesão celebrado entre os ora litigantes favorece em suas cláusulas as partes Rés, que vem a ser, insofismavelmente, a parte econômica e tecnicamente mais forte, de forma que ao consumidor, in casu, hipossuficiente e beneficiário da justiça gratuita resta uma posição de submissão jurídica, fato que obsta flagrantemente o seu direito de defesa. Logo, é bem claro que o caso em tela trata-se de uma relação consumerista, tendo em vista que o requerente “contratou” a aquisição do produto fornecido pela empresa acionada. Se assim o é, a análise do pedido exordial deverá ser realizada sob as determinações constantes no Código de Defesa do Consumidor, em observância aos arts. 2º e 3º do referido diploma legal. Deste modo Excelência, dúvidas não paira de que se está diante de uma clara relação consumerista. VII - 2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Diante da situação de hipossuficiência de conhecimento e poder de defesa da parte Requerente, visto não dispor de conhecimento técnico, muito menos de aptidão para provar diversas vertentes pertinentes a essa lide, pede-se pela inversão do ônus da prova, para que só assim tenha sua facilitação de defesa dos direitos ora requeridos, nos termos do artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor. Tamanha é a vulnerabilidade do consumidor quanto ao fornecedor de produtos ou serviços na relação de consumo que o legislador procurou, de todas as maneiras possíveis, igualar essa gigantesca diferença, sendo tal situação, principalmente no artigo 6º, do código consumerista, como verificamos, in verbis: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - A FACILITAÇÃO DA DEFESA DE SEUS DIREITOS, INCLUSIVE COM A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, A SEU FAVOR, NO PROCESSO CIVIL, QUANDO, A CRITÉRIO DO JUIZ, FOR VEROSSÍMIL A ALEGAÇÃO OU QUANDO FOR ELE HIPOSSUFICIENTE, SEGUNDO AS REGRAS ORDINÁRIAS DE EXPERIÊNCIAS; (Grifos nossos). O renomado doutrinador, Professor Humberto Theodoro Júnior, em sua obra sobre os direitos do consumidor, define o conceito de hipossuficiência, como vemos a seguir: “QUANTO À HIPOSSUFICIÊNCIA, TRATA-SE DE IMPOTÊNCIA DO CONSUMIDOR, SEJA DE ORIGEM ECONÔMICA, SEJA DE OUTRA NATUREZA, PARA APURAR E DEMONSTRAR A CAUSA DO DANO CUJA RESPONSABILIDADE É IMPUTADA AO FORNECEDOR. PRESSUPÕE UMA SITUAÇÃO EM QUE CONCRETAMENTE SE ESTABELEÇA UMA DIFICULDADE MUITO GRANDE PARA O CONSUMIDOR DE DESINCUMBIR-SE DE SEU NATURAL ONUS PROBANDI, ESTANDO O FORNECEDOR EM MELHORES CONDIÇÕES PARA DILUCIDAR O EVENTO DANOSO” E a razão é óbvia: o fornecedor é quem detém os meios e técnicas de produção, tendo, consequentemente, acesso aos elementos de provas relativas à demanda, isto é, o fornecedor esta em melhores condições de realizar a prova de fato ligado diretamente à sua atividade. Assim, Excelência em apertada síntese, os fatos acima declinados se demonstram suficientes para que o Ilustre Magistrado, do alto do seu notório saber jurídico solucione o caso. E, assim Douto Julgador, caracterizada a relação de consumo, a inversão do ônus da prova se opera automaticamente (ope legis), tornando-se desnecessária a análise da vulnerabilidade do consumidor, que, no caso, é presumida. Assim, por consequência, incumbe às Requeridas o ônus da prova do questionado vício do negócio jurídico no tocante a propaganda enganosa, bem como o induzimento ao erro da parte do consumidor. Então Excelência não há outra presunção, senão, a de que as empresas ora demandadas têm o objetivo tão somente de lesar ao consumidor com falsas promesas e induzir ao erro seus consumidores. VIII – DA PROPAGANDA ENGANOSA No âmbito das relações consumeristas, faz-se essencial ao consumidor, enquanto parte hipossuficiente, informações ou instruções claras que lhe forneçam condições para total compreensão do negócio jurídico pretendido. No presente caso o autor foi induzido a erro diante da informação de que se tratava de um aquisição de financiamente, não de um consórcio, sendo ainda, que para agravar mais ainda a situação, induziram o consumidor a contratar um lance prefixado, afirmando ser o sinal de entrada para a liberação do crédito pretendido pela parte autora, deixando claro nesta siuação, Excelência, de que a intenção das Requeridas é tão somente fazerem receitas a qualquer preço e enriquecer de forma ilicita, ferindo claramente o direito do consumidor. Esta proteção, vem claramente positivada no Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual proibe e conceitua a publicidade enganosa, em art. 37, caput e § 1º: Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1º. É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. Amparado na Constituição Federal (5º, XXXII, e 170, V) o Código de Defesa do Consumidor prevê dentre os direitos básicos: Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentam. A publicidade se insere, da mesma forma, como um direito inerente ao fornecimento, mas, com limites claramente dispostos no referidodiploma consumerista (CDC). Art. 6º (...) IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços O referido dispositivo legal protege o consumidor de qualquer informação ou comunicação de caráter publicitário capaz de induzi-lo a erro quanto ao produto ou serviço ofertado, como ocorre no presente caso. Trata-se de publicidade que infringe essa disposição legal contrariando os interesses de toda a coletividade causando prejuizos a um número incalculável de consumidores. Exige-se, portanto, que a publicidade seja verdadeira, completa e pautada na honestidade, a fim de que o consumidor possa fazer sua escolha de maneira consciente ainda na primeira oferta, como destaca o STJ em recente decisão sobre o tema: Esclarecimentos posteriores ou complementares desconectados do conteúdo principal da oferta (informação disjuntiva, material ou temporalmente) não servem para exonerar ou mitigar a enganosidade ou abusividade. Viola os princípios da vulnerabilidade, da boa-fé objetiva, da transparência e da confiança prestar informações por etapas e, assim, compelir o consumidor a tarefa impossivel de juntar pedaços informtivos esparramados em mídias, documentos e momentos diferentes. Em rigor, cada ato de informação é analisado e julgado em relação a si mesmo, pois absurdo esperar que, para cada produto ou serviço oferecido, o consumidor se comporte como Sherlok Holmes, improvisado e despreparado à busca daquilo que, por dever ope legis inafastável, incumbe somente ao fornecedor. Seria transformar o destinatário- protegido, à sua revelia, em protagonista do discurso mercadológico do fornecedor, atribuindo e transferindo ao consumidor missão inexequível de vasculhar o universo inescurtável dos meios de comunicação, invertendo tanto, o ônus do dever legal como a ratio e o âmago do próprio microssistema consumerista. (Resp 1.802,787-SP, Rel.Min. Herman Benjamin. Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 08/10/2019, Dje. 11/09/2020 Na mesma linha é a Jurisprudência dos Tribunais: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – PROPAGANDA ENGANOSA E ABUSIVA – DANO MORAL CONFIGURADO – VALOR – PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PORPORCIONALIDADE. É proibida a utilização de propaganda enganosa ou abusiva de acordo com o artigo 37, do Código de Defesa do Consumidor. – A veiculação de campanha publicitária que induza o consumidor a adquirir produtos, sob a crença de que tem chances especiasi de se tornar ganhador de concurso, caracteriza propaganda abusiva e enganosa por parte do fornecedor, ensejando a reparação dos danos morais sofridos em razão da falsa expectativa criada. – O arbitramento do quantum indenizatório deve obedecer aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como observar o caráter pedagógico, punitivo e reparatório da indenização. (TJ-MG – Apelação Cível 1.0708.10.003792-6/001, Relator (a): Des. (a) Aparecida Grossi, julgamento em 21/08/2020, publicação da súmula em 01/09/2020) Sobre o tema, leciona a doutrinadora Cláudia Lima Marques: Note-se que o artigo 37 do CDC não se preocupa com a vontade daquele que faz veicular a mensagem publicitária. Não perquire da sua culpa ou dolo, proíbe apenas o resultado: que a publicidade induza o consumidor a formar esta falsa noção da realidade. Basta que a informação publicitária, por ser falsa, inteira ou parcialmente, ou por omitir dados imçportantes, leve o consumidor ao erro, para ser caracterizada como publicidade enganosa. Portanto, diante da demostração inequívoca da propaganda enganosa, devem as empresas Requeridas serem condenadas a devolução dos valores pagos corrigidos monetariamente, bem como ao pagamento indenizatório por danos morais, nos termos a seguir dispostos: VIII.1 - DA RESTITUIÇÃO DA QUANTIA PAGA Diante da demonstração inequívoca do descumprimento de boa fé por parte das empresas Requeridas, insta consignar que diferentemente da expectativa gerada pela propaganda enganosa e promessa não cumprida feita pelo preposto das Peticionadas, o Autor não poderá ver satisfeito sua necessidade, que seria a quisição do automóvel ora perseguido. Desta forma, diante do desgaste ocasionado na relação de consumo com os réus, o reclamante não tem qualquer interesse na manutenção do contrato, pleiteando a restitução imediata da quantia despendida, corrigida e atualizada monetariamente, com fulcro no disposto do inciso II do § 1º do artigo 18, do CDC. IX - DANOS MORAIS Após longo embate doutrinário e jurisprudencial sobre a possibilidade de indenização do dano moral, a questão foi completamente superada por imposição de mandamento lapidarmente insculpido no art. 5º, inc. X, da Constituição de 1998: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano moral ou material decorrente dessa violação. Seguindo a mesma linha de pensamento do legislador constituinte, o legislador ordinário assim dispôs sobre a possibilidade jurídica da indenização pelos danos morais, prescrevendo no art. 6º, VI, da Lei 8.078/90: Art. 6º – São direitos básicos do consumidor: (…) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos; SAVATIER define o dano moral como qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária, abrangendo todo o atentado à reputação da vítima, à sua autoridade legitima, ao seu pudor, a sua segurança e tranquilidade, ao seu amor próprio estético, à integridade de sua inteligência, as suas afeições, etc. Quando se pleiteia uma ação visando uma indenização pelos danos morais sofridos, não se busca um valor pecuniário pela dor sofrida, mais sim um lenitivo que atenue, em parte, as consequências do prejuízo sofrido. Visa-se, também, com a reparação pecuniária de um dano moral imposta ao culpado representar uma sanção justa para o causador do dano moral. A ilustre civilista Maria Helena Diniz, com a precisão que lhe é peculiar, assim se tem manifestado sobre a existência dos danos morais: Não se trata, como vimos, de uma indenização de sua dor, da perda sua tranquilidade ou prazer de viver, mas de uma compensação pelo dano e injustiça que sofreu, suscetível de proporcionar uma vantagem ao ofendido, pois ele poderá, com a soma de dinheiro recebida, procurar atender às satisfações materiais ou ideais que repute convenientes, atenuando assim, em parte seu sofrimento. A reparação do dano moral cumpre, portanto, uma função de justiça corretiva ou sinalagmática , por conjugar, de uma só vez, a natureza satisfatória da indenização do dano moral para o lesado, tendo em vista o bem jurídico danificado, sua posição social, a repercussão do agravo em sua vida privada e social e a natureza penal da reparação para o causador do dano, atendendo a sua situação econômica, a sua intenção de lesar, a sua imputabilidade etc. Corroborando com o pensamento doutrinário da civilista alhures, assim se tem manifestado Guilherme Couto de Castro: Diante da impossibilidade de dar preço infligida ao lesado, há de se tangenciar os verdadeiros valores protegidos e para isso há de ser ter como paradigma elementos objetivos consubstanciados basicamente num duplo caráter, compensatório e punitivo. Sua fixação tem como fim, sob o primeiro ângulo, trazer benefício apto a, de certo modo, permitir um alívio à vítima, ajudando-a a liberar-se do sofrimento, ou reconfortando-a , através do percebimento pecuniário. Não se trata de pagar a dor já sentida, admitindo-se, isto sim, que o valor estipulado ao trazer benesse para quem padeceu sentimentalmente, implique uma compensação justa, já sob o aspecto punitivo o montante deve ser fixado de modo a não admitir que o agente saia lucrandoou plenamente satisfeito com a ilegal conduta. A tormenta maior que cerca o dano moral, diz respeito a sua quantificação, pois o dano moral atinge o intimo da pessoa, de forma que o seu arbitramento não depende de prova de prejuízo de ordem material. Mesmo diante da imensurável dificuldade em arbitra-se o valor do quantum da indenização, ante a falta de reais parâmetros, doutrina tem se manifestado no sentido que ficará ao arbítrio do juiz a apreciação deste valor, levando-se em considerações algumas diretrizes, senão vejamos: A fixação do quantum competirá ao prudente arbítrio do magistrado de acordo com o estabelecido em lei, e nos casos de dano moral não contemplado legalmente a reparação correspondente será fixada por arbitramento. É de competência jurisdicional o estabelecimento do modo como o lesante deve reparar o dano moral, baseado em critérios subjetivos (posição social ou política do ofendido, intensidade do ânimo de ofender) ou objetivo (situação econômica do ofensor, risco criado, gravidade e repercussão da ofensa). Na mesma linha de raciocínio, a orientação emanada do Colendo Superior tribunal de Justiça é no sentido de que o valor da indenização por danos morais deve ser entregue ao prudente arbítrio do juiz que motivadamente deve atender à peculiaridade de cada caso concreto e tomar em consideração à sua dupla finalidade: reparatória e pedagógica. A primeira visa dar uma satisfação à vítima pelo dano sofrido, enquanto que a segunda tem o propósito de desestimular eventual reincidência do autor da lesão. Evidentemente o resultado final também leva em consideração as possibilidades e necessidades das partes de modo que não seja insignificante, a estimular a prática do ato ilícito, nem tão elevado que cause o enriquecimento indevido da vítima. O dano moral sofrido pelo Autor ficou cabalmente demonstrado, vez que além de ser induzido a contratar um produto que jamais contrataria se tivesse sido clarividenciado da realidade. Bem como ainda teve de desembolsar valores elevados pensando está repassando um “sinal” para a liberação do crédito Deste modo Douto Julgador, para que os direitos do autor sejam integralmente tutelados, requer que na prolação da sentença seja deferida na sua totalidade imputando a parte requerida todas as sanções pedidas nesta exordial. Diante dos fatos narrados e todos os dispositivos legais que amparam o direito da requerente, não resta aplicar outra solução senão a mais equânime para o caso em tela, sendo então a condenação por danos morais, bem como a devolução da quantia paga e o deferimento do pedido de tutela antecipada a medida de justiça que se impõe a fim de recompor o patrimônio imaterial da lesada. Isto com fundamento no artigo 5º, X da Constituição Federal, artigos 186, 187, 927 e 944 todos do Código Civil, e as demais disposições do Código de Defesa do Consumidor aplicáveis ao caso em tela. IX.1 - DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO MORAL Conforme demonstrado pelos fatos narrados e provas que junta no presente processo, as empresas Requeridas deixaram de cumprir com suas obrigações primárias de cautela e prudência na atividade, causando constrangimento indevidos ao autor. Não obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas tentaivas de resolver a necessidade do autor ultrapassa a esfera dos aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma vez que foi obrigado a buscar informações e ferramentas para resolver um problema causado pelas empresas Requeridas, as quais deveriam dá uma solução ao seu problema. Logo, no presente caso não se pode analisar isoladamente o constrangimento sofrido, mas a conjuntura de fatores que obrigaram o consumidor a buscar a via judicial. Ou seja, deve-se considerar o grande do autor nas reiteradas tentativas de solucionar o ocorrido sem êxito, gerando o dever de indenizar, conforme precedentes sobre o tema: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA C.C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS TELEFÔNICOS – PROPAGANDA ENGANOSA – DANOS MORAIS – CONFIGURAÇÃO – INDENIZAÇÃO DEVIDA – FIXAÇÃO DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. Sofre danos morais a pessoa que é induzida a erro, por meio de informações inverídicas e imprecisas, a contratar serviços telefônico, mas é surpreeendida com a cobrança de valores acima do contratado e o cancelamento unilateral do seu antigo plano de telefonia, além de ser tratada com indiferença e decaso ao tentar solucionar a questão. A fixação do valor da indeniozação por danos morais pauta-se pela aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade . (TJ-MG – AC: 10447130019485001 MG, Relator: Rogério Medeiros, Data de Julgamento: 30/03/2017, Câmaras Cíveis/13ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/04/2017). Trata-se da necessária consideração dos danos causados pela perda do tempo útil (desvio produtivo) do consumidor. IX.2 - DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO MORAL Conforme disposto nos fatos iniciais, o :consumidor teve que desperdiçar seu tempo útil para solucionar problemas que foram causados pelas empresas Rés que não demonstraram qualquer intenção na solução do problema, obrigando o ingresso da presente ação. Este desgaste fica prefeitamente demonstrado por meio de consversas de whatsap, onde a parte autora tentou solucionar o referido problema. Este transtorno involuntário é o que a doutrina denomina de DANO PELA PERDA DO TEMPO ÚTIL, pois afeta diretamente a rotina do consumidor gerando um desvio produtivo involuntário, que obviamente causam angústia e stress. Humberto Theodoro Júnior, ao lecionar de forma simples e didática sobre o tema, destaca: Entretanto, casos há em que a conduta desidiosa do fornecedor provoca injusta perda de tempo do consumidor, para solucionar problema de vício do produto ou serviço. (...) O fornecedor, desta forma, desvia o consumidor de suas atividades para "resolver um problema criado" exclusivamente por aquele. Essa circunstância, por si só, configura dano indenizável no campo do dano moral, na medida em que ofende a dignidade da pessoa humana e outros princípios modernos da teoria contratual, tais como a boa-fé objetiva e a função social: (...) É de se convir que o tempo configura bem jurídico valioso, reconhecido e protegido pelo ordenamento jurídico, razão pela qual, "a conduta que irrazoavelmente o viole produzirá uma nova espécie de dano existencial, qual seja, dano temporal" justificando a indenização. Esse tempo perdido, destarte, quando viole um "padrão de razoabilidade suficientemente assentado na sociedade", não pode ser enquadrado noção de mero aborrecimento ou dissabor." (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do Consumidor. 9ª ed. Editora Forense, 2017. Versão ebook, pos. 4016) Bruno miragem, no mesmo sentido destaca: Por outro lado, vem se admitindo crescentemente, a partir de provocações doutrinária, a concessão de indenização pelo dano decorrente do sacrificio do tempo do conumidor em razão de determinado descumprimeto contratual, como ocorre em relação à necessidade de sucessivos e infrutíferos contatos com o serviço de atendimento do fornecedor, e outras providências necessárias à reclamação de vícios no produto ou na prestação de serviço. (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor – Editora RT, 2016. Versão e-book, 3.2.3.4.1) Nesse sentido: Então, a perda injusta e intolerável do tempo útil do consumidor provocada por desídia, despreparo, desatenção ou má-fé (abuso de direito) do fornecedor de produtos ou serviços deve ser entendida como dano temporal (modalidade de dano moral) e a conduta que o provoca classificada como ato ilícito. Cumpre reiterar que o ato ilícito deve ser colmatado pela usurpação do tempo livre, enquanto violação a direito da personalidade, pelo afastamento do dever de segurança que deve permear as relações de consumo, pelainorbservância da boa-fé objetiva e seus deveres anexos, pelo abuso da função social do contrato (seja na fase pré-contratual, contratual ou pós-contratual), e, em último grau, pelo desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana (GASPAR, Alan Monteiro. Responsabilidade civil pela perda indevida do tempo útil do consumidor. Revista Síntese: Direito Civil e Processo Civil.n. 104, nov-dez/2016,p.62). O STJ, nessa linha de entendimento já reconheceu o direito do consumidor à indenização pelo desvio produtivo diante do desperdício do tempo do consumidor para solucionar um problema gerado pelo fornecedor, afastando a idéia do mero aborrecimento, in verbis: Adoção, no caso, da teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, tendo em vista que a autora foi privada de tempo relevante para dedicar-se ao exercício de atividades que melhor lhe aprouvesse, submetendo-se, em função do episódio em cotejo, a intermináveis percalços para a solução de problemas oriundos de má prestação do serviço bancário. Danos morais indenizáveis configurado. (...) Com efeito, tem-se como absolutamente injustificável a conduta da instituição financeira em insistir na cobrança de encargos fundamentalmente impugnados pela consumidora, notório, portanto, o dano moral por ela suportado, cuja demonstração evidencia-se pelo fato de ter sido submetida, por longo período {por mais de três anos, desde o início da cobrança e até a prolação da sentença}, a verdadeiro calvário para obter o estorno alvitrado, cumprindo prestigiar no caso a teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, por meio da qual sustenta Marcos Dessaune que todo tempo desperdiçado pelo consumidor para a solução de problemas gerados por maus fornecedores constitui dano indenizável, ao perfilhar o entendimento de que a “ issão subjacente dos fornecedores é – ou deveria ser – dar ao consumidor, por intermédio de produtos e serviços de qualidade, condições para que ele possa empregar seu tempo e suas competências nas atividades de sua preferência. Especialmente no Brasil é notório que incontáveis profissionais, empresas e o próprio Estado, em vez de atender ao cidadão consumidor em observância à sua missão, acabam fornecendo-lhe cotidianamente produtos e serviços defeituosos, ou exercendo práticas abusivas no mercado, contrariando a lei. Para evitar maiores prejuízos, o consumnidor se vê então compelido a desperdiçar o seu valioso tempo e a desviar as suas custosas cumpetências – de atividades como o trabalho, o estudo, o descanço, o lazer – para tentar resolver esses problemas de consumo, que o fornecedor tem o dever de não causar. Tais situações corriqueiras, curiosamente, ainda não haviam merecido a devida atenção do Direito brasileiro. Trata-se de fatos nocivos que não se enquadram nos conceitos tradicionais de ‘dano material’, de ‘perda de uma chance’ e de ‘dano moral’ indenizáveis. Tampouco podem eles (os fatos nocivos) ser juridicamente banalizados como meros dissabores ou percalços na vida do consumidor, como vêm entendendo muito juristas e tribunais. (http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogado-leis- jurisprud~encia/71/desvio-produto-doconsumidor-tese-do-advogado- marcos-ddessaune-255346-1,asp) (...). (AREsp 1.260.458/SP – Ministro Marco Aurélio Bellize). Portanto, trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que lhe seria útil ao descanso, lazer ou de forma produtiva, acaba sendo destinado na solução de problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade A perda do tempo de vida útil do consumidor, em razão da falha da prestação do serviço não constitui mero aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto negativo em sua vida, devendo ser INDENIZADO IX - 3. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO Para fixar o valor indenizatório do dano moral, deve o juiz observar as funções ressarcitórias e putativas da indenização, bem como a repercussão do dano, a possibilidade econômica do ofensor e o princípio de que o dano não pode servir de fonte de lucro. Nesse sentido, esclarece Sérgio Cavalieri Filho que: “(...) o juiz, ao valor do dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogado-leis-jurisprud~encia/71/desvio-produto-doconsumidor-tese-do-advogado-marcos-ddessaune-255346-1,asp http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogado-leis-jurisprud~encia/71/desvio-produto-doconsumidor-tese-do-advogado-marcos-ddessaune-255346-1,asp http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogado-leis-jurisprud~encia/71/desvio-produto-doconsumidor-tese-do-advogado-marcos-ddessaune-255346-1,asp sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes”. A jurisprudência fornece elucidativos precedentes sobre à utilização dos citados critérios de mensuração do valor reparatório: A indenização do dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento sem causa, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência, e do bom-senso, atendo à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve ela contribuir para desestimular o ofensor repetir o ato, inibindo sua conduta antijurídica (RSTJ 137/486 e STJ-RT 775/211). De todo modo, Excelência, levando em consideração o patrimônio das partes Requeridas, a reiteração nas suas práticas lesivas aos direitos de seus consumidores, que pedagogicamente falando, as Rés pelo que se presume ainda não sofreram uma sanção que de fato possa ser por esta repensado os seus atos lesivos, pede-se que seja esta condenada exemplarmente a indenizar por Danos Morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), face aos constrangimentos e transtornos sofridos pela promovente, bem como a falta de respeito para com o consumidor por parte das promovidas, e por toda a perda do tempo útil necessário, tudo isso não somente em caráter punitivo, bem como, em caráter preventivo/pedagógico. X - DOS PEDIDOS Ante o exposto: I – Requer o deferimento postulado dos beneplácitos da gratuidade da justiça, em razão de não ter condição de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, estando, assim enquadrado na situação legal de necessitado. II – Seja deferida a ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA INAUDITA ALTERA PARS, por força dos artigos, 84, § 3º da Lei 8.078/90, artigos 294 c/c arts. 300 do CPC; III - Requer a citação das partes promovidas para audiência de conciliação, no endereço constante nesta, para ser tentada uma composição amigável que atenta às necessidades de ambos; IV – Que seja as Requeridas condenadas a Restituição das quantias pagas, V – Seja ainda condenada exemplarmente as Requeridas a indenizar por Danos Morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), face aos constrangimento e transtornos sofridos pelo promovente, bem como a falta de respeito para com o consumidor por parte das promovidas, e por toda a perda do tempo útil necessário, tudo isso não somente em caráter punitivo, bem como, em caráter preventivo/pedagógico. VI – A inversão do ônus da prova de acordo com o art. 6º, VIII da Lei 8.078/90, ante a verossimilhança das alegações e da hipossuficiência técnica da parte autora VII - Requer que seja decretada a revelia das promovidas e proferida julgamento antecipado da lide, caso as mesmas não compareçam a qualquer das audiências a serem designada no curso do processo que instaurar-se-ácom esta inicial; Protesta provar o alegado por todas as provas admissíveis em direito, especificamente, pelos documentos anexos a esta inicial, bem como, pela prova testemunhal que poderá ser arrolada, caso necessário, no curso deste. XI – VALOR DA CAUSA XI.1 – VALOR DA CAUSA Especificação dos valores: Valor da entrada R$ 2.163,00 Dano moral configurado R$ 10.000,00 TOTAL____________________________R$ 12.163,00 Dá-se à causa o valor de R$ 12.163,00 (Doze Mil Cento e Sessenta e Três reais e Zero Centavos); Fortaleza – CE, 22 de Outubro de 2020. ADVOGADO ADRIANO CAÚLA DA SILVA OAB/CE nº. 42.626
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