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21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/34 INTRODUÇÃO À AGRICULTURA AULA 4 Prof.ª Maria de Fatima Marques Medeiros Corradini 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/34 CONVERSA INICIAL Nesta abordagem, você vai aprender vários aspectos do setor agrário brasileiro, por meio de noções preliminares das práticas agropecuárias, em uma interação capaz de mostrar que o meio rural está conectado com o meio ambiente. Existem diversas informações técnicas para se trabalhar o meio agrário visando à produtividade, ao bem-estar e à sustentabilidade. No Tópico 1, vamos abordar as noções preliminares do setor agrário com o viés sustentável. No Tópico 2, destacaremos a importância da sustentabilidade na agricultura, apontando assuntos que mostram a diversificação do setor. Os Tópicos 3 e 4 estão interligados, pois são voltados para a agricultura brasileira, com as principais regiões produtoras e as principais culturas produzidas. E, finalmente, o Tópico 5 expõe as boas práticas agrícolas (BPAs) desenvolvidas para que o setor esteja em conformidade com os aspectos ambientais. Bons estudos! TEMA 1 – NOÇÕES PRELIMINARES DO SETOR AGRÁRIO BRASILEIRO 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/34 Crédito: Metamorworks/Shutterstock. Neste conteúdo, vamos desmitificar vários pontos sobre o meio rural. Muitas pessoas são levadas a pensar que o setor é o grande causador do desmatamento e/ou responsável pelo uso indiscriminado de agroquímicos na produção de alimentos. Outro desconhecimento é sobre o termo agronegócio, que acaba atribuído somente ao universo das grandes propriedades rurais, o que não é uma verdade, já que o agronegócio é tudo que envolve o andamento econômico do setor agrário. Atualmente, a maioria do setor é visto como tecnológico, responsável e sustentável. Lógico que existem ainda algumas propriedades rurais que utilizam pouca ou quase nada de tecnologia, mas que constituem uma minoria. Mas o importante é saber que o setor agropecuário tem um papel social, econômico e ambiental fundamental na economia brasileira. 1.1 AGRICULTURA TECNOLÓGICA 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/34 Crédito:Panchenko Vladimir/Shutterstock. Para produzir alimentos, o setor agrário utiliza técnicas e tecnologias que fazem com que os produtores rurais obtenham maior produtividade e, consequentemente, mais renda. Dessa maneira, podemos entender que as práticas agropecuárias estão utilizando tecnologias e inovações para atuarem em várias frentes de uma agricultura tecnológica, ou seja, uma agricultura que utiliza diversas tecnologias (drones, softwares, aplicativos, nanotecnologia, melhoramento genético, entre outras), é colaborativa (funciona por meio de cooperativas e associações) e circular (com práticas de reúso de rejeitos). Essas inovações estão presentes na maioria das propriedades agropecuárias e nas agroindústrias. 1.2 COMO INCREMENTAR O SETOR AGRÁRIO O setor agrário, nos últimos anos, passou por várias mudanças na maneira de se pensar o meio rural, principalmente para os agricultores familiares, que, hoje, necessitam de um olhar extensionista para que possam se fixar no campo, principalmente aderindo a BPAs (como exemplo, de manejar e conservar o solo e a água) e produzindo, assim, alimentos e gerando emprego e rentabilidade. Vamos ver alguns desses incrementos que faz com que a agricultura tecnológica comprove o seu papel na luta pela sustentabilidade: 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/34 Regeneração e/ou preservação das matas ciliares: são coberturas vegetais presentes em áreas próximas de cursos d’água, que margeiam rios, lagos, córregos, igarapés etc. É extremamente importante preservar essas áreas, tanto que existe o Código Florestal, elaborado e vigente para proteger esse ecossistema (Brasil, 2012). A partir do momento que há uma regeneração e/ou preservação das matas ciliares, é possível se alcançar o restabelecimento da fauna e da flora e a proteção da biodiversidade. Atenção ao bem-estar animal: deve-se conduzir uma ambiência e tratamentos adequados aos animais, isto é, usar práticas que respeitem a vida e a função dos animais, ainda que para proveito humano, ao se observar que os animais, quando vivem em sua zona de conforto, independentes da finalidade de criação, eles são capazes de produzir mais e melhor. Precisamos entender que cada espécie de animal tem o seu próprio metabolismo e suas necessidades. Por exemplo, a criação de suínos é diferente da criação de aves, pois o seu manejo é diferente. Desse modo, as cadeias produtivas de origem animal necessitam de planejamento, infraestrutura que garantam conforto aos animais e utilizem boas práticas de manejo (instalações adequadas, nutrição de qualidade, higiene e sanidade e capacitação dos funcionários). Atualmente, sabe-se que os animais são seres sencientes (que sentem emoções). Com isso, é necessário que, nos criadouros, os animais sejam tratados de maneira humanitária. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) definiu cinco princípios de liberdade para o bem-estar animal, como: eles devem viver livres de fome, sede e má-nutrição; de dor e doenças; para expressar o comportamento natural da espécie; de medo e de estresse; e de desconforto (CFMV, 2018). Portanto, usar esse modo de criação que visa ao bem-estar do animal é a melhor maneira de aumentar a produção, com sustentabilidade. Bioeconomia: com o atual avanço tecnológico, surge o modelo de produção conhecido como economia do século XXI, que é baseado no uso de recursos biológicos. A bioeconomia cria oportunidade de se utilizar elementos vivos para o desenvolvimento de produtos que geram energia. Por exemplo: biomassa (matéria orgânica de origem animal ou de vegetal), biocombustível (combustível de origem biológica, como o etanol), bioplástico (plástico biodegradável feito de fonte renovável, como milho), biodiesel (combustível renovável realizado por um processo químico chamado de transesterificação), entre outros. Para o desenvolvimento da bioeconomia, é necessário diversificar a multifuncionalidade da agricultura, ou seja, ela ser produtora de alimento, de fibras e de energia. Esse tipo de fornecimento de energia tem como objetivo mostrar que a agricultura energética oferece soluções renováveis, recicláveis e ecológicas, que se destinam à resolução de vários problemas sociais, como a contenção das 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/34 mudanças climáticas, a diminuição do emprego de recursos fósseis poluentes e a preservação da saúde e do bem-estar do ser humano. Controle biológico: em 1919, o pesquisador Harry S. Smith fez primeira menção a esse termo para se referir ao controle de pragas agrícolas e de insetos transmissores de doenças, utilizando- se contra elas os seus inimigos naturais. Com o passar do tempo, o termo controle biológico passou a ser utilizado para se determinar a maneira de controle alternativo com organismos vivos, sem o uso de insumos químicos. O mecanismo desse controle biológico envolve que o inseto (praga) seja controlado por outro inseto (predador). Assim, o ambiente fica naturalmente equilibrado. Esse controle tem como meta não deixar os alimentos com resíduos e torná-los inofensivos ao meio ambiente e à população. Segundo Berti Filho e Macedo (2011), o controle biológico segue uma dinâmica de introduzir, conservar e multiplicar, por meio de três tipos de controle: controle biológico natural (pela conservação dos inimigos naturais da praga, por intermédio da manipulação do ambiente), controle biológico clássico (introdução de inimigos naturais da praga, oriundos de regiões distantes, no meio) e controle biológico aplicado (multiplicação, em laboratório, de massas de parasitoides ou predadores, para uma redução rápida dapraga, visando ao equilíbrio de sua população). Berti Filho e Macedo (2011, p. 39) afirmam que: “Qualquer que seja o tipo de Controle Biológico, ações deverão ser conduzidas para aumentar, proteger e manter as populações ou os efeitos benéficos dos inimigos naturais na área a ser implantado”. Alimentação: a preocupação com a demanda de alimentos segue a aplicação de conhecimentos científicos para que possa ofertar mais alimentos, mas com o menor impacto ambiental. A preocupação vai além da produção de alimentos em si: é preciso que haja um consumo sustentável, ou seja, o aproveitamento dos alimentos para se evitar o desperdício e reduzir as suas perdas. Isso é primordial visto que muitas pessoas ainda passam fome (insegurança alimentar e nutricional). Além disso, a busca por novas fontes de alimentos, que possam ser alternativas para combater a fome, seja por meio de ingredientes artificiais, criados em laboratório, seja por meio de consumo de alimentos não convencionais (algas e insetos) ou mesmo pela via da diversificação de alimentos pouco utilizados, para melhorar os hábitos alimentares das pessoas. Saneamento rural: infelizmente, esse é um problema crônico no Brasil, seja na área urbana, seja na área rural. Apesar das grandes mudanças ocorridas no meio rural, com a implantação de tecnologias e inovações, ainda é comum encontrarmos problemas relacionados ao acesso a saneamento básico. É necessário haver políticas públicas e educacionais voltadas para atender à 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/34 demanda das comunidades isoladas e das áreas agrícolas na questão da saúde e do bem-estar das pessoas que vivem nessas regiões. Todas as ações de saneamento aplicadas no meio rural visam contribuir com a prevenção de doenças que são causadas pela falta de água tratada, rede de esgoto e destinação adequada do lixo. Segundo dados coletados na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020), 75% das residências rurais não possuem tratamento e nem destinação correta do esgoto e 65% delas utilizam águas captadas de poços ou de nascentes que muitas vezes são contaminadas. Outro ponto a ser ressaltado é a questão do manejo e destino correto dos resíduos (lixo), para evitar poluição e contaminação do solo e da água. Portanto, a adoção de medidas sanitárias corretas, no meio rural, além de prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida da população rural, atua na conservação do meio ambiente. TEMA 2 – DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL Crédito: Irina Strelnikova/Shutterstock. Vamos começar esta abordagem entendendo que os recursos naturais são finitos e que precisamos que o desenvolvimento seja capaz de atender às necessidades da nossa geração, mas sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Dessa maneira, o desenvolvimento rural sustentável tem como ponto de partida uma nova maneira de interpretar as questões socioeconômicas e ambientais. De acordo com Schmitt (1995), é preciso que esse desenvolvimento sustentável seja direcionado para as relações entre a natureza e os seres humanos, que é o que determina que o desenvolvimento rural seja justo socialmente, economicamente viável, sustentável em face do meio ambiente e culturalmente aceito (Almeida, 1995). 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/34 2.1 AGRICULTURA SUSTENTÁVEL Crédito: Freebird7977/Shutterstock. Relembramos, agora, um assunto já tratado anteriormente – a Revolução Verde – para mostrar a importância de se praticar uma agricultura sustentável. O movimento surgiu na década de 1960 com o objetivo de aumentar a produtividade agrícola mediante a utilização de maquinários e implementos, de insumos químicos, de cultivares melhoradas geneticamente e de irrigação. Isso se devia a uma série de fatos, como cita Almeida (1997, p. 44): “crise no mercado de grãos alimentícios, aumento do crescimento demográfico e a previsão, a curto prazo, de uma ‘catástrofe alimentar’ que poderia originar convulsões em certas regiões do mundo”. Ainda é possível salientar a desigualdade social e econômica então vigente, além da acentuação de problemas ambientais. As questões ambientais passaram a ser monitoradas por pesquisadores preocupados com o elevado uso de recursos naturais e energéticos – na década de 1980, a questão ecológica passou a ser estudada com o fim de conter o avanço desenfreado do consumo dos recursos naturais não renováveis. Por outro lado, a agricultura sustentável é justamente uma maneira de empregar tecnologias e inovações sem destruir o meio ambiente, com uma produção agrícola realizada de maneira em que ocorra o mínimo de impacto ambiental e o menor uso de insumos químicos, mediante BPAs como rotação de culturas, integração agrossilvipastoril, novas fontes energéticas e sem também, que, com isso, os agricultores deixem de atender às suas necessidades socioeconômicas. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/34 No âmbito da sustentabilidade rural, temos algumas formas de agricultura socialmente importantes, tais como: Agricultura colaborativa: é uma maneira de os produtores rurais estarem abertos a participar de um mundo onde a colaboração entre as partes seja benéfica para todos. Um exemplo desse movimento é o cooperativismo, em que diversos agricultores se reúnem com os mesmos objetivos, visando a alcançarem o seu fortalecimento econômico. Além disso, outras práticas podem ser aplicadas entre os agricultores, por exemplo, o compartilhamento de máquinas e equipamentos, de dados e informações e a otimização de recursos, a fim de se diminuírem os riscos inerentes à produção agropecuária. Agricultura circular: é outra forma colaborativa, pois o resíduo de uma prática agropecuária pode servir de insumo para outra atividade, por exemplo a cama de frango, que serve de fertilizante natural para diversas culturas. Esse modelo de colaboração na produção marca a dinâmica própria a uma agricultura moderna. Agricultura familiar e quilombola: podemos ampliar a concepção de agricultura com base no seu uso. A agricultura familiar deve ser entendida como o trabalho rural feito por núcleos familiares e com práticas agrícolas mais sustentáveis, geralmente uma agricultura orgânica. Em ambientes de comunidades quilombolas, são aplicadas práticas de uma agricultura familiar, em que se segue um modo de cultivar conforme as características ancestrais dos membros dos quilombos. Ou seja, como a maioria dos territórios quilombolas são áreas conservadas, há um controle maior sobre a exploração dos recursos, realizada de forma sustentável. Agricultura orgânica: visa produzir alimentos com tecnologias adequadas para garantir a segurança alimentar e nutricional dos seres humanos. Segundo a Associação de Agricultura Orgânica (AAO) os agricultores, ao produzirem alimentos sem a utilização de agroquímicos, asseguram aos consumidores o acesso a um alimento saudável, saboroso e com durabilidade, além de preservarem a qualidade da água e do solo na área cultivada (Agricultura, [S.d.]). Esse tipo de cultivo ajuda na restauração da biodiversidade, evita os impactos ambientais e viabiliza o sustento do agricultor familiar. Agricultura com atividade secundária: muitos agricultores acabam ampliando o seu modo de exploração da propriedade mediante a implantação de atividades que complementem o seu sustento, geralmente atividades produzidas de maneira paralela ou mesmo complementar à principal. Por exemplo, a criação de abelhas em meio a áreas de preservação da propriedade, além de ajudar na polinização, gera o mel e os seus subprodutos. Mas, atenção: para se criar 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/34 abelhas com ferrão é preciso fazer um planejamento e um monitoramento das colmeias, a fim de evitar acidentes com as pessoas que convivem numa mesma propriedade. 2.2 FAZENDA VERTICAL URBANACrédito: Aisyaqilumaranas/Shutterstock. A implantação de fazendas no meio urbano ocasiona inúmeros benefícios, a começar pela diminuição de gastos, principalmente com o transporte, pois os produtos podem ser comercializados na própria cidade. Os produtos são mais frescos e orgânicos, e o acesso a elas é mais fácil para o consumidor, que além do mais vai consumir um alimento mais saudável, isso sem falar da geração de empregos para os moradores da cidade. O conceito de fazenda vertical urbana surgiu no final da década de 1990, nos Estados Unidos, com o trabalho do professor Dickson Despommier, da Universidade de Colúmbia, mas o termo só se popularizou em 2011. O ambiente dessa fazenda é marcado por uma produção higienizada e livre de ataques de pragas e doenças, já que bem controlado, para evitar contaminações. O cultivo é realizado em um sistema limpo e que se adapta a condições climáticas adversas, pois todo feito em ambiente fechado, evitando o uso excessivo de recursos naturais. Além disso, esse tipo de cultivo adota tecnologias de ponta e economiza espaço, podendo assim obter uma produtividade maior do que em uma produção convencional. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/34 2.3 HORTA URBANA E PERIURBANA Crédito: YuRi Photolife/Shutterstock. Devido às muitas mudanças ocorridas no modo de vida das pessoas, principalmente as que vivem em ambiente urbano, que buscam uma alimentação mais saudável, o cultivo de hortas dentro das cidades está se tornando uma realidade. Esse tipo de cultivo busca ainda a produção de alimentos sem a aplicação de insumos químicos (fertilizantes e agroquímicos), ou seja, produtos orgânicos. A sua proposta é produzir frutos e hortaliças em espaços privados ou públicos encontrados nos centros urbanos e nas periferias. A forma de produção de hortas dentro das cidades pode ser conceituada como agricultura urbana e periurbana (AUP), o que inclui o modo de produção e coleta, além de alimentos processados, tanto de origem animal como vegetal, para consumo próprio e para comercialização. É interessante esse assunto; mas, se voltarmos à história de início das cidades, era natural as casas terem nos quintais uma horta, um pomar e até mesmo galinheiros para seus produtos ajudarem no consumo da família. Mas o tempo passou, os terrenos das casas foram diminuindo para dar espaço a novas construções e, com isso, foi se perdendo esse tipo de prática de cultivo, nas cidades. Porém, houve, a partir da década de 1980, uma retomada desse modo de cultivar alimentos em áreas disponíveis nos centros urbanos de países subdesenvolvidos das regiões da América Latina, África 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/34 e Ásia, para combater a fome e a crise econômica da população local. Aqui no Brasil não foi diferente: houve incentivos, por parte dos governos, para se voltar a produzir alimentos nas hortas urbanas e, assim, se promover o desenvolvimento sustentável da população e do ambiente urbano. Castelo Branco e Alcântara (2011, p. 421) afirmam que “o apoio a hortas urbanas e periurbanas no Brasil passou a fazer parte da política nacional de redução da pobreza e garantia de segurança alimentar”. Portanto, como uma produção alternativa, o cultivo de hortaliças e frutos em áreas urbanas ociosas forma uma cadeia de produção e de acesso a alimentos saudáveis, ajuda na geração de renda das pessoas que cultivam e comercializam esses produtos, preserva o meio ambiente, além de tornar a paisagem urbana mais agradável. TEMA 3 – A AGRICULTURA, POR REGIÕES, NO BRASIL Crédito: Jair Ferreira Belafacce/Shutterstock. O Brasil é considerado um dos grandes produtores agrícolas no mundo, protagonista na exportação de commodities (exemplos: soja, café, carne, entre outras). Mas, nem sempre foi assim: no seu passado agrícola, o país era marcado por ser importador de alimentos. O nosso setor agrícola se modernizou utilizando tecnologias e inovações, tanto que, atualmente, a nossa produção por hectare aumentou e isso ajuda inclusive na preservação dos recursos naturais. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/34 Apesar dessa modernização, alguns problemas ainda existem e precisam ser resolvidos. Por exemplo: concentração de terras, solos degradados, uso inadequado de insumos químicos, manejo incorreto da água, entre outros. Dessa maneira, entender a trajetória histórica da agricultura brasileira é necessário para se identificar os problemas e como resolvê-los e, a partir daí, visualizar as oportunidades para desenvolver o setor e buscar ações para se chegar a uma sustentabilidade. Vale lembrar que a história agrícola brasileira foi marcada por uma produção monocultora, desde o início de nossa colonização. A economia era voltada para a exportação de produtos que atendiam às necessidades do mercado externo, por exemplo, a cana-de-açúcar. Desse modo, durante muitos anos o setor agrário do país foi marcado pela presença de grandes propriedades nas mãos dos poucos que detinham o poder político e econômico do país. Atualmente, o setor agrícola ainda tem presença marcante de grandes empresários rurais, que investem numa agropecuária de ponta utilizando tecnologias e inovações para obter uma produtividade para atender, na maioria das vezes, ao mercado externo. Mas há a presença dos agricultores familiares, responsáveis pela maioria da produção de alimentos para atender ao nosso mercado interno. 3.1 MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA A modernização da agricultura brasileira ocorreu com os avanços tecnológicos e inovadores desenvolvidos após muitas pesquisas, realizadas por empresas públicas e/ou privadas e instituições de ensino. É possível considerar que essa modernização implantada no meio rural só teria sucesso com a atuação dos produtores rurais, que acreditaram que essas tecnologias e inovações gerariam resultados positivos, ou seja, aumento da produtividade. Essa veia empreendedora e até mesmo corajosa da maioria dos produtores rurais fez com que crescesse o setor agrícola brasileiro, com uma série de investimentos para se aprimorar a produção agrícola. Outro ponto importante a ser comentado é a questão das migrações ocorridas a partir da década de 1980, quando diversos produtores rurais das Regiões Sul e Sudeste se aventuraram em busca de oportunidades e de novas terras, em outras regiões brasileiras, para aplicar todos os conhecimentos tecnológicos adquiridos nas produções agrícolas de seus locais de origem. Essa migração, por exemplo, transformou a Região Centro-Oeste em um celeiro de produção de grãos e de pecuária (bovino de corte). Essa expansão territorial se fez à base do emprego da ciência e na tecnologia no setor agropecuário. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/34 Em contrapartida, há que se falar que a agricultura familiar como forma de produção agrícola está presente em todas as regiões brasileiras, pois é formada por pequenas propriedades familiares que produzem para atender a sua comunidade. Para se atender a essa demanda de agricultura familiar, é preciso desenvolver tecnologias que se apliquem a cada realidade. Ou seja, visar tecnologias que busquem o mercado diversificado e segmentado das regiões geográficas brasileiras. Cada região tem sua tradição e sua cultura alimentar, então é preciso investir em pesquisas que apontem para resolver os questionamentos próprios de cada localidade. Empresas como a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) direcionam suas pesquisas para a agricultura sustentável (agricultura orgânica, agroecologia, agrossilvipastoril), para que as propriedades familiares, quilombolas e assentamentos possam se tornar viáveis social e economicamente. Segundo Alves, Contini e Hainzelin (2005, p. 46): As inovações que permitirão a pequenas propriedades se tornarem viáveis não poderão ser construídas senão pelos produtores, com o auxílio de pesquisadoresque tenham uma visão sistêmica da diversidade e da especificidade de situações. Isso supõe uma visão cultural mais abrangente por parte dos pesquisadores, uma abertura para as ciências sociais (melhor compreensão da gestão de conhecimentos e das inovações por parte dos produtores, o jogo de atores na competição/cooperação, o impacto das políticas públicas, e outros) e o emprego de novos métodos de trabalho, como a pesquisa participativa. Desse modo, abre espaço para que os agricultores familiares tenham acesso a financiamentos por programas governamentais, além de profissionalizar a sua produção através de selos de qualidade (por exemplo: orgânico) que faz a diferenciação dos seus produtos. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/34 Crédito: Alf Ribeiro/Shutterstock. 3.2 REGIÕES AGRÍCOLAS BRASILEIRAS O meio rural brasileiro tem passado por transformações desde a década de 1970. Essas transformações apontam para a abordagem de questões sociais, econômicas e culturais, além de para a ampliação de apoio por parte do governo, das instituições de ensino e de empresas de pesquisas públicas e/ou privadas. Com isso, a nossa produção agrícola teve aumento de produtividade, para torná-la capaz de atender ao mercado interno e ao externo. Devido a essas transformações, o Brasil passou a ser uma potência mundial quando se fala em agropecuária. O Brasil é um país continental (8,516 milhões de km²), dividido em 5 regiões geográficas (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), com características agrícolas específicas. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/34 Crédito: Julinzy/Shutterstock. Segundo Nitahara (2019), referentemente ao Censo Agropecuário de 2017 realizado pelo IBGE: “Com território de 851,487 milhões de hectares (ha), o Brasil tem um total de 5.073.324 estabelecimentos agropecuários, que ocupam uma área total de 351,289 milhões de ha, ou seja, cerca de 41% da área total do país”. Com esses dados podemos entender que o desenvolvimento da agricultura brasileira fez com que as regiões agrícolas passassem por modernização, formando complexos agrícolas, em alguns estados, que se destacam na nossa produção agropecuária. A seguir vamos conhecer a aptidão agropecuária de cada região geográfica brasileira: Região Centro-Oeste: formada pelos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e pelo Distrito Federal, é uma região essencialmente agrícola, voltada para a produção de grãos, sendo a soja o principal produto ali cultivado, para atender ao mercado externo e interno. Há também o cultivo de milho, arroz e algodão e, na área pecuária, a criação de bovino de corte. A região é formada por solos de elevada acidez (cerrado), o que permitiu o cultivo de várias culturas. Utiliza- 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/34 se, na região, a mecanização nos tratos culturais, novas cultivares desenvolvidas pelas empresas de pesquisa e práticas agrícolas voltadas para aumentar a produtividade. Região Nordeste: formada por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, subdivide-se, de acordo com as suas características físicas, sociais e econômicas, em quatro sub-regiões (Meio-Norte, Zona da Mata, Agreste e Sertão). Nessa região, a agricultura familiar é mais presente, principalmente nas áreas semiáridas, já na Zona da Mata, por ser uma área mais úmida, o cultivo é baseado em produção agrícola para exportação de frutas como uva, manga, melão. Em áreas mais pobres da Região Nordeste, a agricultura de subsistência se faz presente para atender às necessidades da população local. Outros dois cultivares que representam um poder econômico para a região são a cana-de-açúcar e a soja. Região Norte: formada pelos Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins, tem uma área interna em especial, considerada como a sua grande fronteira agrícola: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – o Matopiba, com bioma de cerrado e cuja topografia plana e terras com preço mais acessível fizeram com que muitos produtores rurais de outras regiões lá imigrassem. Tal área faz uso de sistemas intensivos voltados para uma produção monocultora (de soja, milho e algodão) e com aplicação de tecnologias específicas às condições físicas da região. Região Sul: os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul fazem parte dessa região que tem a aptidão agrícola como a sua marca, assim como o emprego de tecnologia e inovação para a produção local atender aos mercados externo e interno. O cultivo mais significativo ali é o da soja, mas a região também cultiva milho, algodão, cana-de-açúcar, arroz e trigo. Na pecuária, a região também merece destaque ao possuir um plantel diversificado, por exemplo: bovino de corte e leite, suínos, avicultura e ovinocultura. Outra característica da região, de acordo com o Censo Agropecuário de 2017 (IBGE, 2020), é de ser a região que tem o maior número de produtores rurais associados ao cooperativismo agropecuário. Região Sudeste: composta pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, é a região com o maior poder econômico no país e cuja agropecuária tem destaque ao utilizar tecnologia de precisão, maquinários, implementos e muitas pesquisas desenvolvidas para o setor. Com isso, ela consegue obter altos índices de produtividade. Destaque também vai para a presença de inúmeras agroindústrias, responsáveis pelo desenvolvimento econômico do setor de agronegócio, e por uma grande geração de empregos. Devido ao solo de qualidade da região, o setor agrícola cultiva vários produtos, como: cana-de-açúcar, café, milho, fruticultura, entre outros. E, na pecuária, lá se desenvolve a criação de bovinos, suínos e equinos. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/34 TEMA 4 – PRINCIPAIS CULTURAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA Crédito: Tatevosian Yana/Shutterstock. Nesta abordagem, vamos mostrar os principais produtos agropecuários do agronegócio brasileiro. Essa potencialidade agrícola é devida a uma série de fatores físicos (clima, solo, topografia, água), permitindo que o setor tenha um aumento de produção. Além disso, o setor conta com o apoio da ciência, por meio das pesquisas e das tecnologias desenvolvidas para apoiar sua produtividade. Porém, para que a produção agrícola atinja uma produtividade significativa é necessário aplicar práticas agrícolas (insumos, maquinários, cultivares, correção do solo, manejo da água, entre outras) condizentes com um bom desempenho e um viés de sustentabilidade. Esse cenário conjunto faz com que haja crescimento econômico, em virtude do atendimento dos mercados interno e externo. Todo esse processo no qual o setor agrícola ganhou projeção está ligado à modernização da agricultura. De acordo com Alves, Contini e Gasques (2008, p. 70), nessa modernização da agricultura destacaram-se as políticas agrícolas voltadas para o “[...] crédito subsidiado, principalmente para a compra de insumos modernos e financiamento de capital; a extensão rural; e a pesquisa agropecuária”. A eficiência da produção agrícola ganhou notoriedade com a expansão das fronteiras agrícolas, em que se aumentaram as áreas de cultivo e, consequentemente, a produtividade. Como Contini et al. (2010, p. 62) afirmam, as políticas governamentais ajudaram a melhorar a eficiência agrícola, devido à “[...] abundante disponibilidade de fatores de produção, como terras 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/34 baratas e mecanizáveis, maior disponibilidade de insumos modernos e gente empreendedora, principalmente muitos pequenos produtores”. Apesar da modernidade e da expansão agrícola, ainda existem áreas em que os sistemas tradicionais (extensivos) de agricultura persistem, com baixa produtividade. 4.1 PANORAMA AGROPECUÁRIO BRASILEIRO Crédito: Erich Sacco/Shutterstock. Podemosvisualizar que o setor agropecuário se adaptou às características tropicais do Brasil. Essa mudança vem ocorrendo nos últimos 40 anos, com a implantação de tecnologias, pesquisas, BPAs e políticas públicas. Aliada a isso, é preciso consciência ecológica por parte da maioria dos produtores rurais, que precisam tratar o meio ambiente com responsabilidade, para que as gerações futuras possam usufruir dos recursos naturais. Com essa visão, o setor vem transformando a economia brasileira, ao conquistar novos mercados internacionais para a venda da produção agropecuária. E é fato que continua abrindo portas para o desenvolvimento do Brasil. Como aponta a CNA, sobre os dados do setor: O agronegócio tem sido reconhecido como um vetor crucial do crescimento econômico brasileiro. Em 2020, a soma de bens e serviços gerados no agronegócio chegou a R$ 1,98 trilhão ou 27% do PIB brasileiro. Dentre os segmentos, a maior parcela é do ramo agrícola, que corresponde a 70% desse valor (R$ 1,38 trilhão), a pecuária corresponde a 30%, ou R$ 602,3 bilhões. (Panorama, 2021) 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/34 Ainda sobre a produção agropecuária, a CNA aponta que o setor atingiu em 2020 o patamar de R$ 1,1 trilhão, sendo R$ 712,4 bilhões do setor agrícola e R$ 391,3 bilhões do setor pecuário (Panorama, 2021). Os dados atuais do agronegócio brasileiro mostram que o produto interno bruto (PIB) do setor cresceu 8,36% em 2021. Porém, se ressalta que: [...] no último trimestre de 2021, especificamente, o PIB do agronegócio brasileiro chegou a cair, 2,03%, influenciado sobretudo por uma piora nos preços reais do setor. Diante do bom desempenho do PIB agregado do agronegócio em 2021, o setor alcançou participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior desde 2004 (quando foi de 27,53%). (PIB-Agro/Cepea, 2022) Em 2021, os segmentos primários e de insumos apresentaram aumentos significativos, de 17,52% e 52,63%, respectivamente; e também cresceu o PIB dos segmentos da agroindústria (1,63%) e dos agrosserviços (2,56%) (PIB, 2022). Além disso, “Dentre os ramos, enquanto o PIB do agrícola avançou 15,88% de 2020 para 2021, o PIB do pecuário recuou 8,95%” (PIB-Agro/Cepea, 2022). 4.2 PRINCIPAIS PRODUTOS AGROPECUÁRIOS O Brasil é, sem dúvida, um dos principais produtores agropecuários do mundo. O setor conta com um desempenho econômico muito forte, tanto interna como externamente. Toda essa demanda do setor agrário é devido a um direcionamento de pesquisas e tecnologias que são implantadas para que aumente a produtividade dos produtos agropecuários. Dentre os inúmeros produtos cultivados e criados no Brasil, existem alguns que se sobressaem, pois são os que mais representam a forte economia do setor. Vamos ver alguns exemplos: Soja: é uma planta originária do continente asiático (de China e Japão). Seu nome científico é Glycine max, que pertence à família Fabaceae. A palavra soja vem do japonês shoyu. Muito utilizada na alimentação humana e na de animais (ração), a soja trata-se de um grão rico em proteínas, sais minerais e vitaminas. Segundo a Embrapa, com os levantamentos de dados obtidos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em maio de 2021, o Brasil é o maior produtor mundial do grão, com uma produção de 135.409 toneladas, atingindo uma produtividade de 3.517 kg/ha (Trajetória, [S.d.]). A área plantada é de 38.502 milhões de hectares. Os estados que despontam como mais efetivos na produção do grão são, nesta ordem: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Cana-de-açúcar: com nome científico de Saccharum officinarum L, originária da ilha de Nova Guiné, no meio do Oceano Pacífico, e pertencente à família Poaceae, aqui no Brasil a cana-de- açúcar começou a ser plantada no século XVI, quando os portugueses implantaram na colônia o 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/34 seu cultivo para abastecer de açúcar o mercado europeu. O tempo passou, o Brasil se tornou independente de Portugal, mas o cultivo de cana-de-açúcar permaneceu, pois se tornou uns dos cultivos de maior sucesso para a produção de açúcar e de etanol. Segundo dados levantados pelo IBGE em 2020, a quantidade produzida de cana-de-açúcar é de 757.116.855 toneladas (Produção, [202-]). E o seu maior produtor é o Estado de São Paulo. Café: a planta é originária do continente africano (na região da Etiópia) e se espalhou pelo mundo. O seu nome científico é Coffea sp, pertencente à família Rubiaceae. Os árabes foram os primeiros a cultivarem o café, por isso o nome científico Coffea arabica para denominar a mais importante espécie de café. Aqui no Brasil, foi no início do século XVIII que foram plantados os primeiros pés de café. E, daí em diante, a cafeicultura se tornou uma atividade de grande importância do agronegócio brasileiro. O cultivo do café gera renda e muitos empregos pelo país, seja na lavoura, seja na agroindústria, seja no comércio. De acordo com Ferreira e Santos (2021), a produção de café ocupa uma área de 1,82 milhão de hectares. Os estados que são os seus maiores produtores são, pela ordem: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia e Paraná. Milho: de nome científico Zea mays e pertencente à família Poaceae, provavelmente o milho teve sua origem no México e depois foi se espalhando pela América Central e pela América do Sul. Quanto à origem da palavra, o termo milho vem do latim milium, uma referência ao número mil, relacionado, no caso, à quantidade de grãos presentes nas espigas. O milho, junto com o trigo, o arroz e a soja, são os cereais mais cultivados pelo mundo. É um produto presente na alimentação humana e dos animais (ração) e na produção de combustível (etanol), sendo uma excelente fonte econômica para os países produtores. Os três países que mais produzem milho, cerca de 60% do milho produzido no mundo, são os Estados Unidos, a China e o Brasil, respectivamente. E, no Brasil, os principais estados produtores, nesta ordem, são: Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul. Algodão: a origem dessa planta remonta a antes de Cristo, quando vestígios de seu cultivo foram encontrados em diferentes regiões. Existem em torno de 40 espécies de algodão que fazem parte do gênero Gossypium L, pertencente à família Malvaceae. Sua cultura é rentável e versátil, pois utiliza as suas fibras e sementes para diversos fins, por exemplo, na indústria têxtil, na ração animal, na fabricação de óleo, entre outros. No Brasil, a exploração da cultura do algodão começou no Nordeste, na segunda metade do século XVIII até a década de 1980. Depois disso, houve uma queda na produção de algodão devido ao ataque do inseto bicudo-do-algodoeiro, uma praga que se disseminou nas plantações, causando prejuízo aos cotonicultores. A partir daí, 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/34 além da redução da área plantada de algodão, ocorreu a abertura comercial do setor ao exterior, fazendo com que os produtores e as indústrias têxteis ficassem à mercê do algodão importado. A Embrapa, no início da década de 1990, desenvolveu cultivares de algodão voltadas para o seu cultivo no cerrado. Com isso, os principais estados produtores de algodão no Brasil são Mato Grosso, Bahia, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, respectivamente. Arroz: é um dos alimentos mais presentes na alimentação humana, principalmente no Brasil, com o famoso arroz e feijão do dia a dia. Segundo os relatos históricos, o arroz tem sua origem em duas regiões, no Sudeste Asiático e na África Ocidental, e desde 3000 a.C. já era cultivado. O arroz é um cereal pertencente à família Poaceae, e o seu gênero Oryza abrange sete espécies, sendo a mais comum Oryza sativa (conhecida como arroz-asiático). Juntos, milho, trigo e arroz são os produtos mais cultivados no mundo. Desde o período colonial, o arroz assumiu um papel social, econômico e político muito importante, pois era considerado um alimento de subsistência.Houve necessidade de se cultivar o arroz em diversas regiões brasileiras, para atender à demanda dos consumidores. O arroz irrigado concentra 77% da área e 90% da produção de arroz no Brasil – as áreas de sequeiro seguem em retração e representam 23% da área e 10% da produção. Ainda que apresente redução na área total nos últimos anos, observa-se um constante aumento de produtividade do segmento, graças às melhorias no pacote tecnológico do produtor, que inclui uma maior eficiência no uso da água. A cultura também é responsável por 25% da área irrigada no País. (Mapeamento, 2020) Os maiores produtores brasileiros de arroz são os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins, nessa ordem. Feijão: sua origem é incerta – alguns estudos apontam que surgiu na Mesoamérica e outros que surgiu no Peru. Mas, uma coisa é certa: o feijoeiro se expandiu pela América e depois chegou ao resto do mundo. Faz parte da família Fabaceae, gênero Phaseolus, no qual existem inúmeras espécies – a mais comum é o feijão-comum (Phaseolus vulgaris). O feijoeiro é uma leguminosa com um grande potencial nutricional, o qual fornece proteínas, carboidratos, ferro, vitaminas do complexo B e fibras. O cultivo do feijão tem uma importância cultural no nosso país, afinal ele faz parte da alimentação diária dos brasileiros. Além disso, é um dos alicerces do agronegócio. Os principais estados produtores de feijão são Paraná, Minas Gerais e Bahia, que detêm quase 50% da produção brasileira. Mandioca: é nativa da América do Sul. O termo mandioca tem origem na língua tupi, mas ela também é conhecida como aipim, macaxeira e maniva. Trata-se de um tubérculo pertencente à família Euphorbiaceae, tendo o nome científico Manihot esculenta Crantz. Há duas espécies: a mandioca-doce, usada na alimentação humana e animal; e a mandioca-brava, usada na 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/34 fabricação de fécula e de farinha. O que as torna diferentes é a quantidade de ácido cianídrico. Para você entender melhor, na mandioca existe a linamarina e a lotaustralina (glicosídeos cianogênicos), que são capazes de produzir ácido cianídrico (HCN) quando ocorre uma reação de hidrólise. Quando a mandioca apresenta teor de HCN acima de 100 miligramas/quilo, ela é a mandioca-brava. Vale lembrar que o HCN é prejudicial à saúde, podendo causar danos como: dores de cabeça, tonturas, falta de ar e até afetar o sistema nervoso central. No Brasil, antes mesmo da chegada dos portugueses, os indígenas já utilizavam na sua alimentação a mandioca. E, com a colonização, esse produto começou a fazer parte também da alimentação dos colonos. A mandioca é uma planta rica em amido e que gera inúmeros derivados, por exemplo: amido de mandioca, polvilho azedo, fécula, farinha de mandioca, sagu, tapioca, maniçoba, entre outros. O Brasil é um grande produtor de mandioca, e o seu cultivo ocorre em todas as regiões brasileiras. As regiões que lideram a sua produção é a Região Norte, com 36,1% da safra, seguida da Região Nordeste, com 25,1%, e da Região Sul, com 22,1%, enquanto as Regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentam produções de 10,9% e 5,8%, respectivamente (Mandioca, [201-]). Trigo: a sua origem, segundo os pesquisadores, está nas gramíneas silvestres encontradas próximas dos Rios Tigre e do Eufrates, na antiga região da Mesopotâmia (Ásia), isso aproximadamente em 10 mil a 15 mil anos a.C. É atribuída aos egípcios, por volta de 4 mil a.C., a descoberta do processo de fermentação do trigo, no que deu início à fabricação de pães para alimentação e também ao seu uso em rituais religiosos. Os pesquisadores apontam também que os sumérios desenvolveram a escrita como uma forma de registrar e controlar a produção de alimentos, entre eles o trigo. O trigo se espalhou por várias partes do mundo e se tornou um produto essencial na alimentação. Ao possibilitar a fabricação do pão, este também se tornou um símbolo religioso – por exemplo, na eucaristia da religião católica e na celebração da Páscoa dos judeus, com o pão ázimo (sem fermento). No Brasil, o trigo vem com os colonizadores portugueses, isso lá no século XV. Mas o clima quente não ajudou a desenvolver o cultivo desse cereal. Passado muito tempo, mais precisamente no século XX, estados do sul do Brasil (Rio Grande do Sul e Paraná) começaram a cultivar o trigo, devido a seu clima ser mais frio e ao desenvolvimento de pesquisas com sementes, para gerar maior produtividade. O trigo é um cereal da família Poaceae, tendo o nome científico Triticum. Os grãos do trigo são compostos de amido, celulose, glúten e fibras e são usados na alimentação humana. Laranja: pertence à família Rutaceae, gênero Citrus. A palavra laranja, segundo a etimologia, é originária do sânscrito (naranga). A origem da fruta caminha junto com a história da humanidade, e a maior parte de Citrus surgiu em regiões do continente asiático. A laranja é um fruto híbrido, 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/34 gerado pelo cruzamento da cimboa com a tangerina. Citrus se espalhou pelo mundo e, com isso, sofreu mutações, dando origem a novas variedades (em cultivo por sementes). Aqui no Brasil, a laranja chegou pelas mãos dos portugueses, durante a colonização. Passados os anos, o seu cultivo tomou impulso e se tornou importante para a economia agrícola. Atualmente, a laranja está presente em todas as regiões brasileiras, mas sem dúvida nenhuma o Estado de São Paulo é o principal produtor e exportador de suco de laranja. O interessante também é associar a produção da fruta, no caso o cultivo de Citrus, aos pequenos produtores (agricultores familiares), que conseguem uma boa rentabilidade com o seu plantio. A laranja é rica em vitamina C, mas também fazem parte de sua composição cálcio, potássio, sódio e fósforo. Cacau: com nome científico Theobroma cacao L., pertence à família Malvaceae. É nativo da área de floresta tropical úmida da América Central e do Sul. O termo cacau é uma derivação do idioma falado pela civilização maia. Para os povos mesoamericanos, o cacaueiro tinha uma origem divina, produzindo um alimento dos deuses. No Brasil, o cultivo do cacaueiro se dá em alguns estados da Região Norte e da Região Nordeste. O cacau é um alimento rico em flavonoides (compostos bioativos) e que apresentam funções anti-inflamatória, antioxidante, preventiva de doenças cardiovasculares, entre outras. O principal alimento obtido do cacau é o chocolate, feito da amêndoa torrada do cacau. Tabaco: a folha do tabaco tem sua origem na região da Cordilheira dos Andes e, com as migrações dos povos nativos, o tabaco foi se espalhando por todo o continente americano. Para esses povos, o tabaco tinha diversas funções: religiosa, medicinal e até mesmo de lazer. Eles mascavam, bebiam, comiam, fumavam, ou seja, utilizavam o tabaco de diversas maneiras. Foram os colonizadores espanhóis que levaram o tabaco para a Europa, isso no século XVI. O seu nome científico é Nicotiana tabacum, pertencente à família Solanaceae. No Brasil, a Região Sul é que concentra a sua maior produção, sendo o Estado do Rio Grande do Sul o local onde ocorre a maior concentração de propriedades produtoras de tabaco. Bovino: a domesticação do gado bovino se deu em torno de 10 mil a.C., na região denominada Mesopotâmia, no Crescente Fértil, com a espécie extinta Bos primigenius (auroque). O seu nome científico é Bos taurus, pertencente à família Bovidae. Há duas subespécies: Bos taurus taurus (gado bovino europeu) e Bos taurus indicus (gado bovino zebuíno). O gado bovino é utilizado para a produção de carne e/ou de leite. Faz parte da base econômica de muitos países, inclusive do Brasil. Como não é uma espécie nativa do continente americano, os bovinos chegaram aqui com as Grandes Navegações. No Brasil, os primeiros exemplares chegaram junto com expedição chefiada por Martim Afonso de Sousa, donatário da Capitania de São Vicente, no século XVI. A21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/34 sua criação, a princípio, tinha a função de fornecer carne e leite e também a força motriz empregada nos engenhos. Com o passar do tempo, a criação do gado bovino foi sendo levada para o interior da colônia e assim foram surgindo novos povoados. Atualmente, o Brasil configura um dos países com o maior número de cabeças de gado bovino do mundo. Segundo dados coletados pelo IBGE (Rebanho, [202-]), o rebanho bovino tem em torno de 218,2 milhões de cabeças e o seu maior criador é o Estado do Mato Grosso. No estudo realizado pela Embrapa (2021), sobre as exportações de carne bovina, o Brasil, em 2020, “[...] foi o maior exportador mundial, com 2,2 milhões de toneladas e 14,4% do mercado internacional”. Sobre a produção de leite, em 2020 ela chegou a 35,4 bilhões de litros. O Estado de Minas Gerais é o seu principal produtor (9,7 bilhões de litros), seguido pelo Estado do Paraná (4,6 bilhões de litros) (Leite, 2021). Suíno: o nome científico do porco doméstico é Sus scrofa domesticus, pertencente à família Suidae. Pelos achados arqueológicos, a domesticação do porco se deu em torno de 9 mil a.C., na região em que atualmente se localizam a Grécia e a Turquia. Os exemplares do porco doméstico chegaram ao Brasil com a expedição de Martim Afonso de Sousa, no século XVI. Segundo comunicado técnico elaborado pela CNA: A produção de suínos está amplamente distribuída no Brasil, aproximadamente 97% de todos os municípios alojam matrizes para a produção de leitões. Estima-se que 95% desses animais sejam de produção comercial, tecnificada, e o restante, produções domésticas para subsistência. 50,1% do rebanho suíno está localizado na região sul do país, local de concentração de grande parte das integradoras no Brasil, sistema responsável por 90% da produção de suínos do país. (Suinocultura, 2021, p. 7) Nos dados levantados pela Embrapa (Suinocultura, 2021), a suinocultura no Brasil alcançou o 3º lugar em produção no mundo, com 41 milhões de cabeças (4,4%). A China lidera a produção com 41,1%, seguida pelos Estados Unidos (8,4%). Avicultura de corte e postura: a domesticação de galinhas aconteceu no Período Neolítico, quando os humanos começaram a desenvolver a agricultura e a criar alguns animais. A humanidade começa a se fixar assim em regiões, formando povoados e, posteriormente, as primeiras cidades. A criação de galinhas se espalha por várias regiões do mundo e elas passam a ser fornecedoras de alimentos (carnes e ovos). O nome científico da galinha é Gallus gallus domesticus e ela pertence à família Phasianidae. Aqui no Brasil, as primeiras galinhas domésticas chegaram com os primeiros europeus, em 1500, na esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral. Frango de corte: é importante fonte de alimento, que atende aos mercados interno e externo. O estudo realizado pela Embrapa (2021) aponta que: “O Brasil possui o quarto maior bando de 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 26/34 galináceos do mundo, com 5,6% do total em 2020, ou 1,5 bilhão de cabeças”. Os outros países que lideram esse ranking são a China (19,2%), a Indonésia (14,7%) e os Estados Unidos (7,5%). Outro levantamento importante é que: Apesar de os Estados Unidos terem o terceiro maior bando de galináceos, quando se considera a produção de frangos de corte, em 2020 eles lideraram com 16,7%, seguidos pelo Brasil com 11,8% (14 milhões de toneladas) e China, com 11,7% do total mundial. (Embrapa, 2021) Os grandes criadores nacionais se concentram nas Regiões Sul e Sudeste, com o Paraná liderando o ranking com 26,7% da criação, seguido por São Paulo (13,6%), Rio Grande do Sul (11,1%), Santa Catarina (9,2%) e Minas Gerais (8,1%), segundo dados do IBGE apontados no levantamento feito pelo Canal Rural (Brasil, 2021). Ave de postura: devido ao cenário econômico dos últimos tempos, o consumo de ovos aumentou, melhorando o mercado interno. Segundo o que aponta a CNA (Avicultura, 2021) no seu Comunicado Técnico, a produção de ovos foi recorde, com 4,76 bilhões de dúzias, em 2020. As aves poedeiras estão espalhadas por todas as regiões brasileiras, mas o Estado de São Paulo lidera o ranking de maior produtor com 25,6% da produção de ovos, seguido de Paraná (9,4%) e Minas Gerais (8,5%). TEMA 5 – BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS (BPAS) Crédito: Virrage Images/Shutterstock. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 27/34 Vamos tratar neste tópico das BPAs. Esse assunto é extremamente importante, dada a preocupação atual com o meio ambiente. Ultimamente, a questão ambiental tem sido muito discutida em seus vários aspectos, como qualidade da água, desmatamento, uso indiscriminado de insumos químicos, aumento de áreas erodidas, poluição do ar, entre outros. No setor agrícola, a preocupação é maior, pois o seu papel principal é o fornecimento de alimentos e outros bens necessários para o bem-estar da população mundial. E, justo para atender à demanda de alimentos para a população mundial, houve a necessidade de se produzir de forma maciça alimentos (de origem animal e/ou vegetal) utilizando muitos insumos químicos e aumentando áreas de cultivo e de criação de animais. Portanto, o meio ambiente acabou sendo usado de forma incorreta, contaminando os solos, as águas e o ar. Por isso, novas pesquisas e tecnologias desenvolvidas por centros de pesquisas, sejam públicos, sejam privados, buscam minimizar os danos causados ao meio ambiente. Por meio das BPAs, é possível orientar e direcionar os proprietários e os trabalhadores rurais para que sejam tomadas medidas que visem racionalizar de maneira efetiva o uso correto de fertilizantes e agroquímicos, por exemplo, na quantidade exata a ser aplicada, ou seja, seguindo as recomendações dos rótulos, com emprego dos equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários e dos profissionais qualificados na área. Desse modo, busca-se proteger os cursos d’água e a água subterrânea, o solo, além do trabalhador que está aplicando o produto. Dessa forma, as BPAs nada mais são do que uma maneira de aplicar as tecnologias, as práticas, as normas e as recomendações técnicas antes, durante e depois da porteira, ou seja, desde a produção de insumos, passando pelo uso desses insumos na lavoura ou na criação e até chegar aos produtos na mesa do consumidor. Portanto, as BPAs têm como objetivo garantir a segurança alimentar, com alimentos de boa qualidade e alto valor nutricional. A promoção dessas práticas visa garantir o uso sustentável dos recursos naturais, sem afetar a biodiversidade e a qualidade de vida da população. 5.1 EXEMPLOS DE BPAS 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 28/34 Crédito: Admir Sinanovic/Shutterstock. Vamos ver alguns exemplos de BPAs para melhorar e/ou aperfeiçoar o processo agrícola, tendo como princípio a proteção ambiental e do ser humano. Irrigação: para que haja um excelente rendimento na produção agrícola, a água utilizada para a irrigação deve ser limpa, de qualidade e livre de contaminantes. Quanto à qualidade da água, devem-se levar em consideração os aspectos químicos (salinidade, sodicidade e toxicidade). A presença desses aspectos químicos na água causa danos às plantas e ao solo. Em elevado nível de salinidade, a planta tem dificuldade de absorver a água, o que prejudica o seu desenvolvimento. A alta sodicidade prejudica as propriedades físico-químicas do solo, causando compactação e dificultando a infiltração da água. Em muita toxicidade, os íons (exemplos: cálcio, magnésio) presentes na água acabam sendo absorvidos pelas raízes, prejudicando o desenvolvimento das plantas. O sistema de irrigação empregado na lavoura precisa contar com sistemas de filtros, e utilizar água de qualidade evita entupimentos nos bicos e nas mangueiras. Plantio direto: é muito utilizado para o manejo do solo. Essa prática segue algumas orientações, como: manter durante todo o ano a coberturado solo, revolver o solo só na linha de plantio e fazer a rotação de cultura. Usando-se essa prática no solo, ocorre o aumento de matéria orgânica, o que, por conseguinte, melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. E quais os benefícios do plantio direto? São inúmeros, como: a. controle da erosão, sem perda da camada superficial do solo; 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 29/34 b. redução de uso de máquinas e implementos agrícolas no solo; c. diminuição do uso de irrigação na lavoura; d. aplicação de fertilizantes, com melhor resultado e sem desperdício; e. controle biológico de pragas e doenças; f. aumento da produtividade. Manejo integrado de pragas e doenças: nada mais é do que se fazer um controle dos agentes que causam danos aos produtos. Não é necessária a sua eliminação, mas sim a redução dessa população de insetos, ácaros, bactérias, fungos, nematoides, entre outros agentes, por meio da ação de seus inimigos naturais, que se encontram na lavoura, na busca de um equilíbrio natural. Esse manejo segue alguns métodos baseados em que a mortalidade dessas pragas e doenças aconteça de forma natural, para o que é necessário um monitoramento constante para avaliar a infestação e se ela está controlada. Os métodos alternativos usados no manejo integrado são: a. aumento da resistência das plantas por intermédio de adubação, ou seja, em que uma planta bem nutrida resistirá melhor às pragas e às doenças; b. emprego de sementes resistentes; c. rotação de culturas; d. limpeza do local do cultivo – de acordo com a Embrapa (2006, p. 11), “Nas ruas, entre as fileiras ou entre as covas das plantas, o mato deve ser roçado e os restos secos deixados para manter a umidade e evitar que a chuva carregue o solo”; e. utilização de barreiras físicas, por exemplo, de telado; f. controle da umidade do local; g. proteção dos inimigos naturais das pragas e das doenças, como: pássaros, aranhas, sapos, joaninhas, lagartos, entre outros; h. biocontrole – técnica natural, que utiliza os inimigos naturais no controle das pragas e de insetos causadores de doenças e é inofensiva ao meio ambiente e à saúde das pessoas. Cultivo protegido: esse tipo de técnica possibilita que haja um controle maior das condições climáticas, de uso de água, de insumos, ou seja, com a obtenção de um cultivo ideal para o desenvolvimento e a manutenção da qualidade das plantas. O cultivo protegido faz com que as plantas sejam padronizadas, melhorando a sua qualidade nutricional e, consequentemente, o produto cultivado agrega valor. Por ser um cultivo que produz alimentos com a utilização de 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 30/34 poucos insumos durante todo esse processo, isso diminui os custos de produção e, o melhor, fornece um alimento de qualidade, para uma maior segurança alimentar e nutricional. Colheita: todos os vegetais colhidos, sejam frutas, sejam hortaliças, devem seguir um padrão, e a colheita deve ser feita nos horários mais frescos e os produtos, colocados em caixas ou passarem por equipamentos limpos e desinfetados, ou seja, para livrá-los de toda sujidade. Além disso, deve-se fazer uma triagem dos produtos que não atendam às devidas especificidades. Ao se transportar os alimentos, por eles serem perecíveis, é importante que isso seja feito o mais rápido possível e para o local onde serão armazenados e/ou processados, que deve ser arejado e limpo. Pós-colheita: é um procedimento essencial, pois os alimentos (hortaliças e/ou frutas) precisam ser lavados, secados e passarem por uma classificação e descarte dos que não seguem o padrão predeterminado. A próxima etapa é acondicionar os produtos, seja em caixas, seja em embalagens próprias, com o objetivo de que o produto dure mais e chegue ao consumidor com toda a segurança alimentar e nutricional devida. 5.2 CERTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS Crédito: Photo_Pix/Shutterstock. Pode-se comprovar a adoção das BPAs por meio do rastreamento do produto, ou seja, ao longo de toda a cadeia produtiva do alimento. Esse rastreamento informa ao consumidor a origem do produto e 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 31/34 quais os manejos utilizados durante todos os seus processos produtivos. Essa é uma garantia que o produtor oferece ao consumidor: de que, desde o cultivo até a colheita, o produto seguiu todas as recomendações necessárias para o seu desenvolvimento. Por exemplo, quando um produto é orgânico, é preciso que as informações a respeito do seu processo produtivo demonstrem o respeito a todas as normas e preceitos de se produzir um alimento orgânico. Já em um produto convencional, ao se utilizar um agroquímico, é preciso ele ter sido recomendado por um engenheiro agrônomo, por meio de um receituário agronômico, e que siga corretamente o período de carência que é estipulado em cada agroquímico. A certificação dos produtos passa a ser uma estratégia que o produtor rural busca para que seu produto seja diferenciado e assim lhe gere um melhor retorno financeiro. Para conseguir essa certificação, é necessário que o alimento esteja vinculado a uma produção que busque qualidade e segurança alimentar. Aliado a isso, o produtor rural tem que aplicar técnicas para proteger os recursos naturais (solo, água), o bem-estar animal (ambiência, cuidados veterinários e nutrição adequadas ao animal) e os trabalhadores da propriedade devem lograr um bem-estar socioeconômico. O produtor, ao empregar as BPAs, tem como objetivo gerar uma produção integrada (PI) e, com isso, conseguir o selo Brasil Certificado: Agricultura de Qualidade. Para conseguir esse selo, o produtor precisa conhecer as normas técnicas específicas (NTE) ao produto com que ele busca a certificação. Nessas normas são estabelecidas as práticas adotadas durante todo o processo produtivo (do cultivo até a colheita e/ou da criação ao produto final), as formas de uso correto dos recursos naturais (solo, água), de análise dos resíduos deixados pelo cultivo, de rastreabilidade do produto, além de informações do profissional responsável por todo o processo. O selo é fornecido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), mas vale lembrar que, para consegui-lo, o produtor e seu produto passam por auditoria e/ou avaliação de conformidade realizada por certificadoras reconhecidas pelo Inmetro. FINALIZANDO Os interessantes assuntos abordados neste conteúdo permitiram que você ganhasse uma noção de que o setor agrário não é o vilão que muitas pessoas pensam. O setor, ao mesmo tempo que está investindo em tecnologia, está preocupado com o meio ambiente, aplicando técnicas para manter a sustentabilidade. Os assuntos foram, assim, interligados para se mostrar como se dá um desenvolvimento rural sustentável e moderno, por exemplo no caso da fazenda vertical. 21/09/2022 08:37 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 32/34 Foi apresentado, também, nesta abordagem, um panorama da agricultura brasileira, como ela está distribuída pelas regiões geográficas do país e os seus principais produtos agropecuários. Por fim, houve o conhecimento das BPAs que levam o produtor rural à busca pela certificação de seus produtos. REFERÊNCIAS AGRICULTURA orgânica. AAO: Associação de Agricultura Orgânica, [S.d.]. Disponível em: http://aao.org.br/aao/agricultura-organica.php. Acesso em: 17 ago. 2022. ALMEIDA, J. Da ideologia do progresso à ideia de desenvolvimento (rural) sustentável. In: ALMEIDA, J.; NAVARRO, Z. (Org.). Reconstruindo a agricultura: ideias e ideais na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre: Ed. UFRS, 1997. p. 33-55. ALMEIDA, J. 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