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SERVIÇO-SOCIAL-E-POLÍTICA-SOCIAL

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 OS DESAFIOS DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL................................ 3 
2.1 A política social como campo privilegiado da intervenção profissional
 ............................................................................................................11 
2.2 Desafios Cotidianos do Assistente Social nas Políticas Públicas ....... 15 
3 A ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL
 ...................................................................................................................20 
4 ASSISTÊNCIA SOCIAL É POLÍTICA PÚBLICA ....................................... 24 
5 A GESTÃO DE TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA 
SOCIAL ...................................................................................................................28 
6 O TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA ASSISTÊNCIA SOCIAL
 ...................................................................................................................32 
7 SERVIÇO SOCIAL E PROJETO ÉTICO-POLÍTICO ................................. 41 
8 O TRABALHO PROFISSIONAL NA CONTEMPORANEIDADE ............... 45 
9 SINTONIZANDO O SERVIÇO SOCIAL COM OS NOVOS TEMPOS ...... 47 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 51 
 
 
2 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
3 
 
3 
 
2 OS DESAFIOS DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL 
 
Fonte: www.ssrede.pro.br 
Na década de 30 convive-se com um fenômeno que começa a tomar grandes 
proporções. Sendo algo distinto da pobreza já existente o pauperismo das massas 
trabalhadoras retratava o crescimento da pobreza em decorrência da ampliação da 
capacidade da sociedade de produzir cada vez mais bens e serviços. 
Conforme Santos e Costa, (2006) as condições econômico-sociais e políticas 
para o surgimento da denominada questão social estão diretamente articulados ao 
amplo desenvolvimento das forças produtivas, com a expansão do industrialismo e a 
ampliação de mercados no século XIX. 
Na economia são alterados os processos e as relações de produção, as 
máquinas são incorporadas ao processo produtivo desencadeando uma nova 
dinâmica industrial que pressupõe a concentração de mão de obra nas cidades e a 
existência de uma nova disciplina na fábrica. 
Desta forma, os novos processos e relações de produção afetam o operariado 
emergente em suas condições de vida e de existência social em termos materiais e 
políticos. Na grande indústria o grande capital eliminou os entraves à sua plena 
expansão. 
Com a introdução da máquina os trabalhadores passaram a ser vistos como 
apêndices desta, motivo de revolta por parte das massas trabalhadoras. Esse 
processo, denominado Movimento de Reconceituação, desloca o debate da profissão 
do “metodologismo” até então reinante, para o debate das relações sociais nos marcos 
4 
 
4 
 
do capitalismo, e com ele passa a dar ampla visibilidade à política social como espaço 
de luta para a garantia dos direitos sociais (FALEIROS, 1990). 
 
 
Fonte: www.uel.br 
Nesse contexto, segundo Campos (1988), a política social alçou um estatuto 
teórico, no âmbito do Serviço Social, que lhe permitiu realizar a articulação entre a 
perspectiva analítica de sociedade e de profissão. Isso foi possível, por um lado, em 
razão da gênese da profissão vincular-se ao contexto de enfrentamento da questão 
social através das políticas sociais, assegurando as condições necessárias para a 
expansão do capitalismo monopolista (CARVALHO, IAMAMOTO, 1982, NETTO, 
1992, MONTAÑO, 1998. Apud MIOTO, NOGUEIRA, 2013). 
 
Por outro lado, há o reconhecimento de que a política social reveste-se de 
um caráter contraditório, pois, ao mesmo tempo em que atende aos 
interesses do capital, atende também às necessidades da classe 
trabalhadora. Portanto, a sua expansão é marcada pela luta dos 
trabalhadores na perspectiva da conquista e da consolidação dos direitos 
sociais (IAMAMOTO, 2003; YAZBEK, 2000; PEREIRA, 2008). 
 
No Brasil, o debate instaurado em torno da profissão, e sobre a relação visceral 
entre Serviço Social e política social, floresceu e aprofundou-se significativamente ao 
longo das duas últimas décadas do século 20 e consolida-se no início do século 21. 
Isso pode ser explicado pela alteração nos sistemas de proteção social dos brasileiros, 
5 
 
5 
 
após o retorno do país ao Estado de Direito em 1985, período de intensa mobilização 
da sociedade civil, no sentido de ampliar e garantir direitos em setores de ponta, ou 
seja, o núcleo duro da política social – saúde, previdência e assistência, e de forte 
investimento nos marcos profissionais, para expandir os saberes sobre a relação entre 
questão social e política social. 
 
 
 
Fonte: www.fespmg.edu.br 
Estabelece-se um amplo processo de produção de conhecimento em torno da 
política social, que tem se constituído em um pilar central na consolidação do Serviço 
Social como área de conhecimento no campo das ciências sociais. Este fato favoreceu 
tanto a inserção da profissão e de seus profissionais no embate político da sociedade 
brasileira como, também, a discussão sobre a intervenção profissional dos assistentes 
sociais no terreno da política social. 
Esse processo, denominado Movimento de reconceituação, desloca o debate 
da profissão do “metodologismo” até então reinante, para o debate das relações 
sociais nos marcos do capitalismo, e com ele passa a dar ampla visibilidade à política 
social como espaço de luta para a garantia dos direitos sociais (FALEIROS, 1990). 
Nesse contexto, segundo Campos (1988), a política social alçou um estatuto 
teórico, no âmbito do Serviço Social, que lhe permitiu realizar a articulação entre a 
perspectiva analítica de sociedade e de profissão. Essa trajetória lhes possibilitou o 
6 
 
6 
 
diálogo com uma argumentação mais consistente junto aos defensores do 
“produtivismo econômico” da tecnocracia brasileira. 
 
 
Fonte: servicosocial.ulusofona.pt 
Período de intensa mobilização de segmentos da sociedade civil, no sentido de 
ampliar e garantir direitos em setores de ponta, ou seja, o núcleo duro da política social 
– saúde, previdência e assistência – e de forte investimento nos marcos profissionais, 
para expandir os saberes sobre a relação entre questão social e política social. 
Estabelece-se um amplo processo de produção de conhecimento em torno da política 
social, que tem se constituído em um pilar central na consolidação do Serviço Social 
como área de conhecimento no campo das ciências sociais. 
Este fato favoreceu tanto a inserção da profissão e de seus profissionais no 
embate político da sociedade brasileira como, também, a discussão sobre a 
intervenção profissional dos assistentes sociais no terreno da política social. Em 
relação ao conhecimentoproduzido, Iamamoto, (2004) destaca o privilégio de uma 
categoria profissional que atua “na transversalidade das múltiplas expressões da 
questão social, na defesa dos direitos sociais e humanos e das políticas públicas que 
os materializam”. 
Esta situação, de acordo com Simionatto (2004), não significou unicamente o 
aumento da produção de conhecimento sobre o tema, mas uma crescente 
7 
 
7 
 
qualificação em termos de rigor teórico-metodológico e um sensível aprofundamento 
da discussão dos processos sociais contemporâneos. 
 
 
 
Fonte: cursosindesfor.com.br 
Com referência a intervenção profissional, observa-se que a inclusão da política 
social no debate da profissão permitiu situar mais concretamente os seus objetivos na 
sociedade capitalista. Pôde-se sobrepor, no campo da intervenção, a questão do “por 
que fazer” à do “como fazer”. Com o aprofundamento da investigação sobre a inter-
relação política social e Serviço Social nas bases da teoria social crítica, pôde-se 
avançar o conhecimento em direção ao “para que fazer”. As proposições daí advindas 
constituíram as bases de um projeto profissional para os assistentes sociais 
brasileiros, construído coletivamente e conhecido como Projeto Ético-Político 
Profissional (MIOTO, 2009). 
A partir da Constituição Federal de 1988, foi possível vislumbrar, no campo da 
política social, uma confluência virtuosa entre os dispositivos legais que foram sendo 
criados para a implementação do projeto da Seguridade Social brasileiro – Lei 
Orgânica da Saúde, Lei Orgânica da Assistência Social – e o movimento da categoria 
profissional em torno de seu Projeto Ético-político Profissional. 
8 
 
8 
 
Um projeto que postula o “posicionamento” em favor da equidade e justiça 
social, que assegura a universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos 
programas e às políticas sociais, bem como sua gestão democrática”, além do 
“compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o 
aprimoramento intelectual, na perspectivada competência profissional. 
Porém, duas situações provocaram a ruptura desta relação virtuosa, 
encaminhando-se para uma divergência séria que merece ser trazida ao debate. 
Primeiramente, a reversão praticada, ainda na década de 1990 nas proposições 
fundamentais da Seguridade Social brasileira, quebrando as expectativas de parte da 
sociedade de ampliação de direitos sociais. 
A forma complexa das demandas, em termos quantitativos e qualitativos, além 
do desenho e da maneira de institucionalização dos programas sociais, influenciados 
pelas matrizes de regulação das agências multilaterais de financiamento e fomento, 
com exigências de avaliação de ordem quantitativa e de intenso controle gerencial-
burocrático sobre as ações desenvolvidas e os resultados obtidos (VARANDAS, 
STABILE, ATHAURI, 2007). 
 
 
 Fonte: pt.slideshare.net 
 
As duas situações, além de produzirem impactos significativos nos processos 
interventivos dos assistentes sociais, revelam a existência de questões relativas ao 
9 
 
9 
 
tratamento da intervenção nas políticas sociais, no âmbito da profissão, que merecem 
ser abordadas. 
A exposição está organizada em dois tópicos. O primeiro, trata da relação entre 
a política social brasileira e a intervenção profissional, em uma breve retrospectiva 
histórica, marcando os valores profissionais, o espaço da intervenção e a sua 
convergência ou divergência com as políticas públicas da área social. O segundo, 
particulariza o debate sobre a intervenção e sua relação com a política social, 
compreensão favorecida a partir do enquadre do primeiro tópico, no que se refere à 
expansão e à complexidade das demandas e às respostas oferecidas em termos de 
princípios e desenhos institucionais. Os desdobramentos econômicos e sociais da 
divisão do trabalho colocam às necessidades sociais que implicam nas demandas de 
intervenção social a partir das políticas sociais, configurando na base sócio-
ocupacional do Serviço Social ((JUNQUEIRA, 1980. Apud MIOTO, NOGUEIRA, 
2013). 
Netto (1992) ao analisar a emergência do Serviço Social como profissão coloca 
que é particularmente na intercorrência do conjunto dos processos econômicos, 
sociais, políticos e teórico-culturais ocorridos no período monopolista do capitalismo 
que é instaurado o espaço histórico-social que permite o surgimento do Serviço Social 
enquanto profissão inserida na divisão social (e técnica) do trabalho. 
O caminho da profissionalização do Serviço Social é, na verdade, o processo 
pelo qual seus agentes –ainda que desenvolvendo uma auto representação e um 
discurso centrados na autonomia dos seus valores e da sua vontade–se inserem em 
atividades interventivas cuja dinâmica, organização, recursos e objetivos são 
determinados para além de seu controle [...] precisamente quando passam a 
desempenhar papéis que lhes são alocados por organismos e instâncias alheios às 
matrizes originais das plataformas do Serviço Social é que os agentes se 
profissionalizam (NETTO, 1992). 
 
10 
 
10 
 
 
Fonte: www.youtube.com 
O processo de instauração do Serviço Social baseia-se nas modalidades de 
intervenção do Estado burguês na questão social, tipificadas nas políticas sociais. 
Estas, por sua vez, além de suas dimensões políticas, também se constituem como 
conjuntos de procedimentos técnico-operativos, o que implica na necessidade de 
agentes técnicos que não só formulem, mas também implementem políticas sociais 
(NETTO, 1992). 
O caráter executivo das políticas sociais envolve a demanda de vários atores 
ou profissionais dentre eles os que prioritariamente atuam no patamar terminal da 
ação executiva. Ou seja, atuam no ponto em que as vítimas das sequelas e refrações 
da questão social são respondidas de forma direta e imediata, tal resposta articulada 
às políticas sociais setoriais. 
O campo para o desenvolvimento das atribuições profissionais é bastante 
amplo se considerarmos de um lado a natureza inclusiva das políticas sociais e o 
caráter dos serviços cuja tendência é se desenvolver nas mais variadas direções. A 
intervenção profissional realiza-se à margem das instâncias de formulação de 
diretrizes e da tomada de decisões em torno das políticas sociais. 
A ação do assistente social se realiza no âmbito da lógica em que se inscrevem 
essas políticas, no espaço das estruturas técnicas, legais, burocráticas e formais. 
Contudo, vale ressaltar que o surgimento do Serviço Social enquanto profissão está 
11 
 
11 
 
diretamente articulado ao capitalismo monopolista e que a denominada questão social 
atribui as bases para sua profissionalização (BISPO, 2010). 
2.1 A política social como campo privilegiado da intervenção profissional 
 
Fonte: www.p3k.com.br 
Um recorrido sobre a trajetória da profissão no Brasil, desde a sua 
institucionalização no país até a época recortada para análise, localiza a intervenção 
profissional à margem do debate sobre o enfrentamento das demandas sociais pela 
sociedade brasileira, embora com a presença de profissionais nos quadros estatais, 
especialmente de âmbito federal, além da inserção em sistemas e organizações de 
cunho religioso e confessional. 
As funções desempenhadas pelos assistentes sociais, até meados da década 
de 1960, evidenciavam a preocupação com a integração dos indivíduos e a 
normalização das suas condutas. Não se discutia a relação com as políticas sociais, 
as quais não eram igualmente tratadas no plano analítico, tanto pelo Serviço Social 
como por outras áreas do conhecimento. 
 Questões mais graves com explicações teóricas mais densas não faziam parte 
do cotidiano profissional. Há que se levar em conta o momento particular do Serviço 
Social, buscando a sua consolidação como profissão em uma área supostamente 
considerada como benemerência e desempenhando ações no sentido de organização 
da demanda aos serviçose benefícios oferecidos pelo aparato institucional público e 
privado (MIOTO, NOGUEIRA, 2013). 
12 
 
12 
 
 
Fonte: atuacidadao13.com.br 
O debate sobre o significado das funções no trato das questões sociais, e 
destas com as questões estruturais e conjunturais passava ao largo das 
preocupações profissionais. Essas funções eram centradas de forma bastante 
endógena no interior do Serviço Social, nos processos e métodos de intervenção, 
autonomizados das instâncias institucionais. Internacionalmente, conectava-se com 
as questões relativa ao desenvolvimento e ao progresso social como uma trajetória 
natural a ser seguida pelos países, à época considerados subdesenvolvidos. 
Já a partir da segunda metade da década de 50, em clima de grande 
expectativa, decorrente da filosofia do pós-guerra – a do desenvolvimento – e dos 
primeiros planos desenvolvimentistas em implantação, o Serviço Social, ao mesmo 
tempo que incorporava a filosofia, reconhecia a necessidade de uma revisão de sua 
teoria, de sua postura e de seus métodos, como condição de melhor integrar-se nesse 
processo (JUNQUEIRA, 1980). 
 
Com o rápido processo de urbanização, vivenciado na década de 1970, e o 
empobrecimento populacional, ampliaram-se as demandas por ações no 
campo da proteção social aos estados e municípios. Aumentou-se a oferta 
de serviços, consolidando-se a rede público-privado, especialmente na 
proteção à criança e ao adolescente. Identifica-se a expansão dos quadros 
profissionais, cuja ação é polarizada entre iniciativas de desenvolvimento 
comunitário, atenção a segmentos populacionais bem definidos, tanto em 
organismos governamentais como não governamentais (MIOTO, 
NOGUEIRA, 2013). 
13 
 
13 
 
 
Fonte: www.catanduva.sp.gov.br 
Situa-se, nessa época, a criação das primeiras secretarias estaduais e 
municipais para dar conta das novas demandas. Instaura-se o discurso do bem-estar, 
fazendo eco ao debate internacional. Há um aggiornamento toda profissão, que passa 
a assumir uma função mais definida em termos de posição jurídico administrativa, e, 
aparentemente, mais qualificada e com melhor posição hierárquica nas instituições 
recém-criadas. 
No final deste mesmo período, experiências isoladas trazem uma perspectiva 
crítica ao fazer do assistente social, descolando-se do discurso dominante do 
tecnicismo, decorrente este tanto da influência americana como da influência 
técnica/gerencial própria da ditadura militar, e também das explicações reducionistas 
sobre a relação entre estrutura e questão social (MIOTO, NOGUEIRA, 2013). 
A lógica dos programas e projetos sociais aparece no bojo do racionalismo 
técnico instituído, configurando o momento da emergência dos processos de 
planejamento como forma de orientar e controlar as mudanças sociais. Entretanto, o 
método de formulação e acompanhamento do planejamento estatal, em quaisquer dos 
níveis federativos, foi feito de maneira pontual e assistemática, sempre em termos dos 
grandes objetivos. 
 
14 
 
14 
 
 
 
Fonte: www.canalibase.org.br 
Tal favorecia a autonomia da ação profissional, mesmo quando divergente da 
postura oficial dominante, pois as instâncias de controle não detinham a apreensão 
dos processos interventivos locais e particulares. Nessa época, a política social vai 
sendo apreendida em sua relação com a questão social, e a criação dos programas 
de pós-graduação favorece uma leitura mais crítica sobre a realidade brasileira, com 
a perspectiva máxima paulatinamente inscrita na produção teórica de segmentos da 
categoria profissional (MIOTO, NOGUEIRA, 2012). 
O retorno ao Estado de Direito, em 1985, traz um novo alento à profissão, 
principalmente com a Constituição, em 1988. Esta incorpora o ideário dos direitos 
sociais, definindo uma perspectiva, no plano constitucional, de valores éticos, caros 
aos assistentes sociais. Assim como a garantia da proteção social universal sob a 
responsabilidade do Estado, especialmente no campo da saúde e da assistência 
social. A intervenção profissional volta-se para a implementação das políticas 
nacionais. No primeiro momento, logo após o fim da ditadura, é observada a 
identificação entre os valores profissionais e os dispositivos constitucionais relativos 
aos direitos sociais (SILVA, 2007). 
Verifica-se, entretanto, uma assimetria entre a prática do assistente social, 
continuando o fazer de épocas anteriores, em contraste com os valores atualizados, 
como a igualdade na fruição dos direitos, a participação democrática e a proteção 
universal, sob a égide do Estado em algumas políticas sociais. Dura pouco tempo a 
15 
 
15 
 
convergência de princípios e valores entre o Serviço Social e as políticas 
governamentais (MIOTO, NOGUEIRA, 2012). 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
O círculo virtuoso rompe-se, pelo menos em duas direções – no campo 
profissional e no plano das políticas nacionais de proteção social. No plano 
profissional, não houve o tempo necessário para o reordenamento das práticas para 
uma perspectiva condizente com as possibilidades de sedimentação dos direitos 
sociais, oferecidas pelo novo momento. 
Uma das explicações possíveis para este fato foi a forma de apropriação do 
novo currículo construído com base na teoria crítica que, no plano ético, posiciona-se 
radicalmente ao lado da classe trabalhadora. 
2.2 Desafios Cotidianos do Assistente Social nas Políticas Públicas 
 
Para identificar o modo como os assistentes sociais executam o seu exercício 
profissional, torna-se necessário reconhecer que o Serviço Social vem se constituindo 
como profissão, inscrito na divisão social e técnica do trabalho, regulamentada pela 
Lei nº 8662/93, de 07 de junho de 1993, com alterações determinadas pelas 
16 
 
16 
 
resoluções CFESS nº 290/94 e nº 293/94, e balizada pelo Código de Ética, aprovado 
através da resolução CFESS nº 273/93, de 13 de março de 1993. 
 
 
Fonte: br.linkedin.com 
É uma profissão reconhecida pela sua natureza analítica e interventiva, o que 
legitima os assistentes sociais a planejar e construir respostas profissionais 
mediatizadas pelas necessidades sociais identificadas com experiência pelos 
sujeitos que vivem nesta realidade social. O assistente social atua nas mais 
diversas políticas sociais, contratado pelo Estado para planejar, executar, 
monitorar e avaliar as ações. Ou seja, o Serviço Social é uma profissão 
requisitada pelo Estado e suas instâncias para atender as necessidades 
sociais -via políticas sociais -decorrentes das expressões da "questão social" 
(TORRES, LANZA, SILVA, CAMPOS, 2009). 
 
De acordo a identificação de tais necessidades, toma como referência: o 
reconhecimento das expressões da "questão social"; a análise da realidade social; 
identifica demandas de atendimento e finca a atuação calcada na perspectiva dos 
direitos. Portanto, o assistente social atua nas contradições inerentes a constituição 
da sociedade capitalista e ao mesmo tempo em que responde aos interesses do 
empregador, interpreta o campo ocupacional no qual se insere como trabalhador 
assalariado. 
Por meio de um conjunto de saberes decorrentes do seu processo formativo, 
constrói respostas profissionais direcionadas as demandas apresentadas pela 
população usuária, bem como aquelas propostas pelo empregador. Neste sentido, o 
exercício profissional é construído a partir do entendimento que o profissional tem das 
17 
 
17 
 
dimensões que são constitutivas do seu fazer profissional –interventiva, ético-política; 
analítica e investigativa. 
 
 
Fonte: www.ufba.br 
Observando o trabalho realizado pelos assistentes sociais vale dizer que deve 
ser analisado por meio de suas particularidades; no modo como os profissionais 
analisam as contradições constitutivas da realidade social e efetivam suas atividades. 
Assim, a este profissional “[...] remete à compreensão do espaço institucional, 
enquanto expressão dascontradições sociais, [...]” (SILVA; SILVA, 1995), bem como 
as implicações destas contradições nas condições objetivas de vida dos usuários que 
buscam no trabalho deste profissional as respostas às suas necessidades. 
Desde os primórdios da profissão, o trabalho desenvolvido pelos assistentes 
sociais é direcionado majoritariamente à população que vive em condição de pobreza. 
Excluída do processo produtivo, da produção de bens e serviços, essa população 
procura no assistente social o profissional que poderá ampará-la, orientá-la para que 
possa superar suas necessidades sociais. 
Atua nas mais diversas políticas públicas, sendo reconhecido como um dos 
protagonistas na produção do conhecimento sobre: proteção social; contradições 
inerentes ao modo de produção capitalista; implicações das desigualdades nas 
condições objetivas de vida da população, entre outros temas essenciais para 
interpretar a realidade social. 
18 
 
18 
 
 
 
 
 
Fonte: cursosindesfor.com.br 
A medida em que é requisitado por quem o contratou para construir respostas 
profissionais, o assistente social também tem reconhecido seus saberes, o que 
legitima o seu fazer. Esta legitimação não está somente na intervenção em si mas 
decorre do modo como aqueles que requisitam o trabalho do assistente social 
reconhecem seus saberes, sua capacidade argumentativa e, conferem e dão aval ao 
fazer deste profissional. Outro aspecto fundamental para o reconhecimento do 
exercício profissional do assistente social é identificar as condições objetivas onde 
este trabalho é realizado; ao mesmo tempo em que é necessário entender o porquê 
do Serviço Social ser considerado uma profissão que colabora para dar vida e 
visibilidade às organizações onde os profissionais executam suas ações (LACERDA, 
2014). 
Assim, "as condições que peculiarizam o exercício profissional são uma 
concretização da dinâmica das relações sociais vigentes na sociedade, em 
determinadas conjunturas históricas [...] a atuação do assistente social é 
necessariamente polarizada pelos interesses de tais classes, tendendo a ser 
cooptada por aqueles que têm uma posição dominante (IAMAMOTO, 
CARVALHO, 1983). 
 
 
19 
 
19 
 
 É perceptível o quanto essas relações estabelecidas no cotidiano profissional 
bem como o conhecimento associado a elas colaboram para o estabelecimento de 
uma cultura profissional, ora associada ao consenso, a minimização dos conflitos, ora 
associada à defesa de um projeto societário em consonância ao projeto ético-político. 
A cultura profissional revela hoje as contradições de experiências pelos assistentes 
sociais no seu cotidiano profissional, o que reflete a luta pela hegemonia da direção 
que se quer para o Serviço Social na contemporaneidade. 
Num certo sentido os profissionais reconhecem que o Serviço Social vem 
ganhando visibilidade e qualidade analítica quando se concretiza a partir de uma 
articulação de saberes que lhe garantem consistência argumentativa. 
O que se observa é que a discussão do conhecimento pode ser identificada 
como algo distante do trabalho realizado pelo assistente social que se reconhece 
como profissional da prática, ou seja, a dinâmica imposta nos campos ocupacionais, 
as precárias condições de trabalho possibilitam pouco espaço para que estes 
profissionais possam analisar do ponto de vista teórico –metodológico ético e político 
seu exercício profissional ((BARROCO, 2001. Apud TORRES, FREITAS, 
MONTAGNINI, 2015). 
Isso favorece a reprodução das atividades determinadas pela organização que 
contrata seus serviços, sem questionamentos-não necessariamente com o objetivo de 
se contrapor a elas, mas sim de analisar, com vistas a construção de respostas 
profissionais critico e criativas que de fato tenham relação com a realidade social, com 
o projeto ético-político e com as condições objetivas de vida do usuário, sujeito desse 
processo. 
 
 
Fonte: grupouninova.com.br 
20 
 
20 
 
3 A ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL 
 
Fonte: www.sinasefern.org.br 
A política de Assistência Social, legalmente reconhecida como direito social e 
dever estatal pela Constituição de 1988 e pela Lei Orgânica de Assistência Social 
(LOAS), vem sendo regulamentada intensivamente pelo Governo Federal, com 
aprovação pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), por meio da Política 
Nacional de Assistência Social (2004) e do Sistema Único de Assistência Social (2005) 
(CAMPOS, OLIVEIRA, 2014). 
O objetivo com esse processo é consolidar a Assistência Social como política 
de Estado; para estabelecer critérios objetivos de partilha de recursos entre os 
serviços sócio assistenciais e entre estados, DF e municípios; para estabelecer uma 
relação sistemática e interdependente entre programas, projetos, serviços e 
benefícios, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Bolsa Família, para 
fortalecer a relação democrática entre planos, fundos, conselhos e órgão gestor; para 
garantir repasse automático e regular de recursos fundo a fundo e para instituir um 
sistema informatizado de acompanhamento e monitoramento, até então inexistente. 
Para a efetivação da Assistência Social como política pública, contudo, é 
imprescindível sua integração e articulação à seguridade social e às demais políticas 
sociais. Por isso, a concepção de Assistência Social e sua materialização em forma 
de proteção social básica e especial (de média e alta complexidades), conforme 
21 
 
21 
 
previsto na PNAS/SUAS, requer situar e articular estas modalidades de proteção 
social ao conjunto das proteções previstas pela Seguridade Social (OLIVEIRA, 2010). 
Dito de outro modo, a Assistência Social não pode ser entendida como uma 
política exclusiva de proteção social, mas deve-se articular seus serviços e benefícios 
aos direitos assegurados pelas demais políticas sociais, a fim de estabelecer, no 
âmbito da Seguridade Social, um amplo sistema de proteção social. 
Nessa perspectiva, a intervenção profissional na política de Assistência Social 
não pode ter como horizonte somente a execução das atividades arroladas nos 
documentos institucionais, sob o risco de limitar suas atividades à “gestão da pobreza” 
sob a ótica da individualização das situações sociais e de abordar a questão social a 
partir de um viés moralizante. 
 
 
Fonte: www.cfess.org.br 
Isso significa que a complexidade e diferenciação das necessidades sociais, 
conforme apontada no SUAS e na PNAS, e que atribui à Assistência Social as funções 
de proteção básica e especial, com foco de atuação na “matricialidade sócio familiar”, 
não deve restringir a intervenção profissional, sobretudo a do/a assistente social, às 
abordagens que tratam as necessidades sociais como problemas e responsabilidades 
individuais e grupais (CAMPOS, OLIVEIRA, 2014). 
Isso porque todas as situações sociais vividas pelos sujeitos que demandam a 
política de Assistência Social têm a mesma estrutural e histórica raiz na desigualdade 
de classe e suas determinações, que se expressam pela ausência e precariedade de 
22 
 
22 
 
um conjunto de direitos como emprego, saúde, educação, moradia, transporte, 
distribuição de renda, entre outras formas de expressão da questão social. 
Na PNAS, a Proteção Social Especial refere-se a serviços mais especializados, 
destinados a pessoas em situações de risco pessoal ou social, de caráter mais 
complexo, e se diferenciaria da proteção social básica por “se tratar de um 
atendimento dirigido às situações de violação de direitos”. Assim, é fundamental que 
os/as trabalhadores/as envolvidos/as na implementação do SUAS tenham clareza das 
funções e possibilidades das políticas sociais que integram a Seguridade Social, de 
modo a não atribuir à Assistência Social a intenção e o objetivo hercúleo e inatingível 
de responder a todas as situações de exclusão, vulnerabilidade, desigualdade social 
(SILVA,FERREIRA, 2013). 
Essas são situações que devem ser enfrentadas pelo conjunto das políticas 
públicas, a começar pela política econômica, que deve se comprometer com a 
geração de emprego e renda e distribuição da riqueza. A definição dos campos de 
proteção social (básica ou especial) que compete à assistência e às demais políticas 
sociais é fundamental, não por mero preciosismo conceitual, mas por outras razões. 
Primeiro, porque o sentido de proteção social extrapola a possibilidade de uma única 
política social e requer o estabelecimento de um conjunto de políticas públicas que 
garantam direitos e respondam a diversas e complexas necessidades básicas 
(PEREIRA, 2000) da vida social. Desse modo, à Assistência Social não se pode 
atribuir a tarefa de realizar exclusivamente a proteção social. 
 
 
Fonte: waltersorrentino.com.br 
23 
 
23 
 
Esta compete, articuladamente, às políticas de emprego, saúde, Previdência, 
habitação, transporte e Assistência, nos termos do artigo 60 da Constituição Federal. 
Se esta articulação não for estabelecida, corre-se dois riscos: o primeiro, de 
dimensionar a Assistência Social e atribuir a ela funções e tarefas que competem ao 
conjunto das políticas públicas; e o segundo, de restringir o conceito de proteção social 
aos serviços sócio assistenciais; neste caso, o conceito de proteção social passa a 
ser confundido com a Assistência Social e perde sua potencialidade de se constituir 
em amplo conjunto de direitos sociais. 
 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
Outra razão, de ordem prática, é que o tipo de serviços sócio assistenciais (de 
proteção social básica ou especial) executados pelos municípios e estados será 
definidor do montante de recursos que o Governo Federal repassará aos Fundos de 
Assistência Social, já que os pisos estabelecidos na Norma Operacional Básica 
(NOB/SUAS) diferenciam-se para cada tipo de proteção social. Portanto, é preciso ter 
clareza de quais são os direitos da Assistência Social que serão executados nas 
modalidades de proteção básica e especial, pois sua configuração definirá o montante 
de recursos que cada município, estado e/ou DF receberá de recursos. Com base 
nessa compreensão de Assistência Social e nas normas regulamentadoras das 
profissões, apontamos a seguir algumas referências relativas à intervenção de 
assistentes sociais no âmbito do SUAS (CORRÊA, MAGALHÃES, 2017). 
24 
 
24 
 
4 ASSISTÊNCIA SOCIAL É POLÍTICA PÚBLICA 
 
Fonte: fortalecerpsi.com.br 
O Serviço Social como profissão, em sete décadas de existência no Brasil e no 
mundo, ampliou e vem ampliando o seu raio ocupacional para todos os espaços e 
recantos onde a questão social explode com repercussões no campo dos direitos, no 
universo da família, do trabalho e do “não trabalho”, da saúde, da educação, dos/as 
idosos/as, da criança e dos/as adolescentes, de grupos étnicos que enfrentam a 
investida avassaladora do preconceito, da expropriação da terra, das questões 
ambientais resultantes da socialização do ônus do setor produtivo, da discriminação 
de gênero, raça, etnia, entre outras formas de violação dos direitos. 
Tais situações demandam ao Serviço Social projetos e ações sistemáticas de 
pesquisa e de intervenção de conteúdos mais diversos, que vão além de medidas ou 
projetos de Assistência Social. Os/as assistentes sociais possuem e desenvolvem 
atribuições localizadas no âmbito da elaboração, execução e avaliação de políticas 
públicas, como também na assessoria a movimentos sociais e populares. 
O primeiro curso de Serviço Social no Brasil surgiu em 1936 e sua 
regulamentação ocorreu em 1957. O processo de conceituação gestado pelo Serviço 
Social desde a década de 1960 permitiu à profissão enfrentar a formação tecnocrática 
conservadora e construir coletivamente um projeto ético-político profissional expresso 
no currículo mínimo de 1982 e nas diretrizes curriculares de 1996 e no Código de Ética 
25 
 
25 
 
de 1986 e 1993, nos quais as políticas sociais e os direitos estão presentes como uma 
importante mediação para construção de uma nova sociabilidade. 
Trata-se de uma profissão de nível superior, que exige de seus/suas 
profissionais formação teórica, técnica, ética e política, orientando-se por uma Lei de 
Regulamentação Profissional e um Código de Ética. 
A Assistência Social, como um conjunto de ações estatais e privadas para 
atender a necessidades sociais, no Brasil, também apresentou nas duas últimas 
décadas uma trajetória de avanços que a transportou, da concepção de favor, da 
pulverização e dispersão, ao estatuto de Política Pública e da ação focal e pontual à 
dimensão da universalização. A Constituição Federal de 1988 situou-a no âmbito da 
Seguridade Social e abriu caminho para os avanços que se seguiram (SILVA, 
OLIVEIRA, 2015). 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
A Assistência Social, desde os primórdios do Serviço Social, tem sido um 
importante campo de trabalho de muitos/as assistentes sociais. Não obstante, não 
pode ser confundida com o Serviço Social, pois confundir e identificar o Serviço Social 
com a Assistência Social reduz a identidade profissional, que se inscreve em um 
amplo espectro de questões geradas com a divisão social, regional e internacional do 
trabalho. Que possui interface com todas as políticas públicas e envolve, em seus 
processos operativos, diversificadas entidades públicas e privadas, muitas das quais 
sequer contam com assistentes sociais em seus quadros, mas com profissionais de 
outras áreas ou redes de apoio voluntárias nacionais e internacionais. 
26 
 
26 
 
Serviço Social, portanto, não é e não deve ser confundido com Assistência 
Social, embora desde a origem da profissão, os/as assistentes sociais atuem no 
desenvolvimento de ações sócio assistenciais, assim como atuem nas políticas de 
saúde, educação, habitação, trabalho, entre outras ((PASTORINI, 1997. Apud PIANA, 
2008). 
 
 
Fonte: http://uniateneu.edu.br/ 
A identidade da profissão não é estática e sua construção histórica envolve a 
resistência frente às contradições sociais que configuram uma situação de barbárie, 
decorrentes do atual estágio da sociabilidade do capital em sua fase de produção 
destrutiva, com graves consequências na força de trabalho. A política de Assistência 
Social, por sua vez, comporta equipes de trabalho profissionais, sendo que a 
formação, experiência e intervenção histórica dos/as assistentes sociais nessa política 
social não só os habilitam a compor as equipes de trabalhadores/as, como atribuem 
a esses/as profissionais um papel fundamental na consolidação da Assistência Social 
como direito de cidadania. 
A Seguridade Social deve pautar-se pelos princípios da universalização, da 
qualificação legal e legítima das políticas sociais como direito, do comprometimento e 
dever do Estado, do orçamento redistributivo e da estruturação radicalmente 
democrática, descentralizada e participativa (CORRÊA, MAGALHÃES, 2017). 
Os movimentos específicos do Conjunto CFESS-CRESS na luta pela instituição e 
consolidação da Assistência Social como política pública e dever estatal situam-se 
27 
 
27 
 
nesta compreensão de direitos, Seguridade Social e cidadania. Esta tem sido a 
bússola que vem orientando, historicamente, sua ação em momentos importantes no 
processo de reconhecimento da Assistência Social como direito social e política de 
Seguridade Social, entre os quais cabe destacar: 
 Durante a Constituinte (1987-1988), o CFESS participou ativamente nas 
subcomissões e Comissão da Ordem Social, sendo um ardoroso defensor da 
Seguridade Social como amplo sistema de proteção social, que deveria incluir a 
Assistência Social. Neste processo, contrapôs-se às forças que defendiam que a 
Seguridade Social deveria se limitar à Previdência Social; 
 
 
Fonte: advocaciamaar.com.br 
 No transcorrer do processo de elaboração e aprovação da Lei Orgânica da 
AssistênciaSocial (LOAS, 1989-1993), o Conjunto CFESS-CRESS combateu 
ferozmente o veto do então Presidente Collor ao primeiro Projeto de LOAS; 
articulou a elaboração e apresentação ao Congresso de um amplo e alargado 
Projeto de Lei de Assistência Social (que infelizmente não foi aprovado); lutou no 
âmbito do Legislativo contra vários Projetos de Lei que defendiam ações 
extremamente restritivas de Assistência Social; apresentou inúmeras emendas ao 
Projeto de Lei que veio a ser aprovado e sancionado em 1993, no intuito de ampliar 
a renda per capita para acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), 
incluir diferente programas, projetos e serviços e garantir a descentralização e o 
28 
 
28 
 
exercício do controle social de forma autônoma pelos Conselhos nas três esferas 
(muitas foram acatadas); 
 
 Após a aprovação da LOAS, o CFESS continuou lutando arduamente para sua 
implementação: entrou com ação judicial para que o Conselho Nacional de 
Assistência Social (CNAS) fosse instituído em 1994; participou de cinco gestões 
no CNAS, representando o segmento dos/as trabalhadores/as; elaborou e publicou 
diversas manifestações em defesa do cumprimento da LOAS e, mais 
recentemente, do SUAS; em todos os estados brasileiros, os CRESS inseriram-se 
nas lutas pela formulação das leis orgânicas estaduais e municipais de Assistência 
Social e pela instituição dos conselhos de Assistência Social. 
5 A GESTÃO DE TRABALHO NO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 As possibilidades de atuação profissional não podem ser desvinculadas 
das condições e processos em que se realiza o trabalho. É nesse sentido que 
as competências e atribuições profissionais devem se inserir na perspectiva da 
gestão do trabalho em seu sentido mais amplo, que contempla ao menos três 
dimensões indissociáveis: as atividades exercidas pelos/as trabalhadores/as, 
as condições materiais, institucionais, físicas e financeiras, e os meios e 
instrumentos necessários ao seu exercício (ALVES, 2009. Apud PERES, 
2016). 
 
 
Fonte: direitodetodos.com.br 
29 
 
29 
 
A garantia e articulação dessas dimensões são fundamentais para que os/as 
trabalhadores/as possam atuar na perspectiva de efetivar a política de Assistência 
Social e materializar o acesso da população aos direitos sociais. A natureza da 
atuação dos/as profissionais referenciada neste documento está, em grande medida, 
condicionada à realização das demais dimensões. 
 
 
Fonte: sindiquimicos.org.br 
O estabelecimento de relações de trabalho estáveis, a garantia institucional e 
condições e meios necessários à realização das atividades são indispensáveis para o 
exercício profissional. Nessa perspectiva, o trabalho precário que se manifesta na 
ausência das dimensões anteriormente citadas, nos baixos salários, na elevada carga 
de trabalho, na alta rotatividade, na inexistência de possibilidades institucionais para 
atender às demandas dos/as usuários/as, entre outros, é um obstáculo para a atuação 
profissional, para a universalização das políticas sociais, para as relações entre 
trabalhadores/as e usuários/as e para a qualidade e continuidade dos programas, 
projetos e serviços (PEREIRA, 2008. Apud PERES, 2016). 
A implantação de uma política de reconhecimento e valorização do/a 
trabalhador/a e a concretização da NOB/RH/SUAS, com implementação do Plano de 
Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), aprovada em 2007, são imprescindíveis para 
assegurar as condições de materialização do trabalho dos/as profissionais que atuam 
no SUAS (CORRÊA, MAGALHÃES, 2017). No que se refere à autonomia do trabalho, 
as condições objetivas de estruturação do espaço institucional devem assegurar 
30 
 
30 
 
aos/às profissionais o direito de realizar suas escolhas técnicas no circuito da decisão 
democrática, garantir a sua liberdade para pesquisar, planejar, executar e avaliar o 
processo de trabalho, permitir a realização de suas competências técnica e política 
nas dimensões do trabalho coletivo e individual e primar pelo respeito aos direitos, 
princípios e valores ético-políticos profissionais estabelecidos nas regulamentações 
profissionais (BEHRING, 2003). 
 
 
Fonte: www.cress-mg.org.br 
No que se refere às condições físicas e técnicas de exercício profissional, 
alguns procedimentos exigem a garantia de espaço para atendimentos individuais e 
coletivos, bem como local adequado para a guarda de prontuários e documentos 
pertinentes ao atendimento aos/às usuários/as. A qualidade na atuação profissional 
implica na realização de educação permanente em Assistência Social e destinação 
de recursos para a supervisão técnica sistemática. 
A carga horária de trabalho deve assegurar tempo e condições para o/a 
profissional responder com qualidade às demandas de seu trabalho, bem como 
reservar momentos para estudos e capacitação continuada no horário de trabalho, 
além de garantir apoio ao/à profissional para participação em cursos de 
especialização, mestrado ou equivalentes, que visam à qualificação e aprimoramento 
profissional (MIOTO, NOGUEIRA, 2012). 
 A ausência de espaços de reflexão dos referenciais teóricos e metodológicos 
que subsidiam o trabalho da equipe interdisciplinar gera dificuldade na compreensão 
31 
 
31 
 
do papel e atribuições dos/as profissionais, tanto por parte dos/as gestores/as, quanto 
dos/as próprios/as trabalhadores/as. Dessa forma, ações de educação permanente 
devem ser planejadas com base na identificação das necessidades dos (as) 
profissionais, e levando em consideração as características das demandas locais e 
regionais. A atuação na Assistência Social ocorre em espaços institucionais e de 
mediação social junto aos movimentos sociais e populares. 
 
 
Fonte: unilins.edu.br 
 
Valores, ideologias, relações sociais e políticas são constitutivos das práticas 
realizadas nesses espaços. Como seres históricos e sociais, os/as 
profissionais são sujeitos e investigadores/as dos fenômenos e processos 
com os quais trabalham. A luta pela competência profissional é fruto do 
trabalho coletivo e da mobilização social pela garantia dos direitos dos/as 
trabalhadores/as, pela universalização dos direitos sociais e pela 
consolidação da Assistência Social como política pública e dever do Estado 
(PIANA, 2009). 
 
Os/as assistentes sociais foram os/as primeiros/as a se mobilizar em defesa da 
assistência social como direito. Essa luta não se deu de forma isolada. Desde sempre, 
esses/as profissionais se articularam aos movimentos da classe trabalhadora, dentre 
os quais, os/as usuários/as da assistência social. Essa articulação se deu e se dá 
desde o estímulo à organização dos/as usuários/as, passando pela sua mobilização 
como sujeitos individuais e coletivos, até a construção e fortalecimento de espaços de 
representação e controle democrático, onde possam ter voz e ação (MIOTO, 
NOGUEIRA, 2012). 
32 
 
32 
 
Essa postura pauta-se na atitude e posicionamento político de compreender e 
de reconhecer os/as usuários/as como sujeitos históricos, o que implica “fazer com”, 
significa assumir uma atitude profissional que potencializa as ações dos sujeitos. Tal 
posicionamento pode, aparentemente, parecer “banal”, mas ele nem sempre 
prevalece nos espaços profissionais, e requer um compromisso político e uma atitude 
profissional. Contribuir para o fortalecimento do protagonismo dos/as usuários/as, 
portanto, exige compromisso político e profissional com a classe trabalhadora e com 
transformações radicais que tenham como projeto a socialização da riqueza 
socialmente construída, ao contrário do que acontece na sociedade atual, com a 
apropriação privada da riqueza. Só por esse caminho os/as usuários/as realmente 
serão protagonistas de uma história a favor da classe trabalhadora. 
 
6 O TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
 
 
Fonte: cursosabrafordes.com.br 
As atribuições e competências dos/as profissionaisde Serviço Social, sejam 
aquelas realizadas na política de Assistência Social ou em outro espaço sócio 
ocupacional, são orientadas e norteadas por direitos e deveres constantes no Código 
de Ética Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão, que devem ser 
33 
 
33 
 
observados e respeitados, tanto pelos/as profissionais, quanto pelas instituições 
empregadoras. 
No que se refere aos direitos dos/as assistentes sociais, o artigo 2º do Código 
de Ética assegura: 
Art. 2º - Constituem direitos do/a assistente social: 
a) garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas, estabelecidas na Lei 
de Regulamentação da Profissão e dos princípios firmados neste Código; 
b) livre exercício das atividades inerentes à profissão; 
c) participação na elaboração e gerenciamento das políticas sociais, e na 
formulação e implementação de programas sociais; 
d) inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos e documenta- 
ção, garantindo o sigilo profissional; 
e) desagravo público por ofensa que atinja a sua honra profissional; 
f) aprimoramento profissional de forma contínua, colocando-o a serviço dos 
princípios deste Código; 
g) pronunciamento em matéria de sua especialidade, sobretudo quando se 
tratar de assuntos de interesse da população; 
h) ampla autonomia no exercício da profissão, não sendo obrigado a prestar 
serviços profissionais incompatíveis com as suas atribuições, cargos ou funções; 
i) liberdade na realização de seus estudos e pesquisas, resguardados os 
direitos de participação de indivíduos ou grupos envolvidos em seus trabalhos. No 
que se refere aos deveres profissionais, o artigo 3º estabelece: 
Art. 3º - São deveres do/a assistente social: 
a) desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e 
responsabilidade, observando a Legislação em vigor; 
b) utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício da 
profissão; 
c) abster-se, no exercício da profissão, de práticas que caracterizem a 
censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos, 
denunciando sua ocorrência aos órgãos competentes; 
d) participar de programas de socorro à população em situação de calamidade 
pública, no atendimento e defesa de seus interesses e necessidades. Tendo em vista 
o disposto acima, o perfil do/a assistente social para atuar na política de Assistência 
34 
 
34 
 
Social deve afastar-se das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmáticas, que 
reforçam as práticas conservadoras que tratam as situações sociais como problemas 
pessoais que devem ser resolvidos individualmente. 
 O reconhecimento da questão social como objeto de intervenção profissional 
(conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares da ABEPSS), demanda uma 
atuação profissional em uma perspectiva totalizante, baseada na identificação dos 
determinantes socioeconômicos e culturais das desigualdades sociais. 
 
 
Fonte: seguridadesocial3.com.br 
A intervenção orientada por esta perspectiva crítica pressupõe a assunção, 
pelo/a profissional, de um papel que aglutine: leitura crítica da realidade e 
capacidade de identificação das condições materiais de vida, identificação das 
respostas existentes no âmbito do Estado e da sociedade civil, reconhecimento e 
fortalecimento dos espaços e formas de luta e organização dos/as trabalhadores/as 
em defesa de seus direitos; formulação e construção coletiva, em conjunto com os/as 
trabalhadores/as, de estratégias políticas e técnicas para modificação da realidade 
e formulação de formas de pressão sobre o Estado, com vistas a garantir os recursos 
financeiros, materiais, técnicos e humanos necessários à garantia e ampliação dos 
direitos (LACERDA, 2014). 
 
35 
 
35 
 
 
Fonte: jornal4cantos.com.br 
As competências e atribuições dos/as assistentes sociais, na política de 
Assistência Social, nessa perspectiva e com base na Lei de Regulamentação da 
Profissão, requisitam, do/a profissional, algumas competências gerais que são 
fundamentais à compreensão do contexto sócio-histórico em que se situa sua 
intervenção: 
 Apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das 
relações sociais numa perspectiva de totalidade; 
 Análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as 
particularidades do desenvolvimento do Capitalismo no país e as 
particularidades regionais; 
 Compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento 
sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as 
possibilidades de ação contidas na realidade; 
 Identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular 
respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando 
as novas articulações entre o público e o privado (ABEPSS, 1996). 
 São essas competências que permitem ao/à profissional realizar a 
análise crítica da realidade, para, a partir daí, estruturar seu trabalho e 
estabelecer as competências e atribuições específicas necessárias ao 
enfrentamento das situações e demandas sociais que se apresentam em seu 
cotidiano. As competências específicas dos/as assistentes sociais, no âmbito 
36 
 
36 
 
da política de Assistência Social, abrangem diversas dimensões interventivas, 
complementares e indissociáveis: 
 
 
Fonte: www.acsc.com.br 
1. Uma dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais 
na perspectiva de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos, bens 
e equipamentos públicos. Essa dimensão não deve se orientar pelo atendimento 
psicoterapêutico a indivíduos e famílias (próprio da Psicologia), mas sim à 
potencialização da orientação social, com vistas à ampliação do acesso dos 
indivíduos e da coletividade aos direitos sociais; 
2. Uma dimensão de intervenção coletiva junto a movimentos sociais, na 
perspectiva da socialização da informação, mobilização e organização popular, que 
tem como fundamento o reconhecimento e fortalecimento da classe trabalhadora 
como sujeito coletivo na luta pela ampliação dos direitos e responsabilização estatal; 
3. Uma dimensão de intervenção profissional voltada para inserção nos 
espaços democráticos de controle social e construção de estratégias para fomentar 
a participação, reivindicação e defesa dos direitos pelos/as usuários/as e 
trabalhadores/as nos Conselhos, Conferências e Fóruns da Assistência Social e de 
outras políticas públicas; 
4. Uma dimensão de gerenciamento, planejamento e execução direta de bens 
e serviços a indivíduos, famílias, grupos e coletividade, na perspectiva de 
fortalecimento da gestão democrática e participativa, capaz de produzir, intersetorial 
37 
 
37 
 
e interdisciplinarmente, propostas que viabilizem e potencializem a gestão em favor 
dos/as cidadãos/ãs; 
 
 
Fonte: www.youtube.com 
5. Uma dimensão que se materializa na realização sistemática de estudos e 
pesquisas que revelem as reais condições de vida e demandas da classe 
trabalhadora, e possam alimentar o processo de formulação, implementação e 
monitoramento da política de Assistência Social; 
6. Uma dimensão pedagógico-interpretativa e socializadora de informações e 
saberes no campo dos direitos, da legislação social e das políticas públicas, dirigida 
aos/às diversos/as atores/atrizes e sujeitos da política: os/as gestores/as 
públicos/as, dirigentes de entidades prestadoras de serviços, trabalhadores/as, 
conselheiros/as e usuários/as. A materialização dessas diversas dimensões é 
prenhe de possibilidades e pode se desdobrar em diversas competências, 
estratégias e procedimentos específicos, com destaque para: 
 Realizar pesquisas para identificação das demandas e reconhecimento das 
situações de vida da população, que subsidiem a formulação dos planos de 
Assistência Social; 
 Formular e executar os programas, projetos, benefícios e serviços pró- prios 
da Assistência Social, em órgãos da AdministraçãoPública, empresas e 
organizações da sociedade civil; 
38 
 
38 
 
 Elaborar, executar e avaliar os planos municipais, estaduais e nacional de 
Assistência Social, buscando interlocução com as diversas áreas e políticas 
públicas, com especial destaque para as políticas de Seguridade Social; 
 Formular e defender a constituição de orçamento público necessário à 
implementação do plano de Assistência Social; 
 Favorecer a participação dos/as usuários/as e movimentos sociais no 
processo de elaboração e avaliação do orçamento público; 
 Planejar, organizar e administrar o acompanhamento dos recursos 
orçamentários nos benefícios e serviços sócio assistenciais nos Centros de 
Referência em Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência 
Especializados de Assistência Social (CREAS); 
 
Fonte: www.garopaba.sc.gov.br 
 Realizar estudos sistemáticos com a equipe dos CRAS e CREAS, na 
perspectiva de análise conjunta da realidade e planejamento coletivo das 
ações, o que supõe assegurar espaços de reunião e reflexão no âmbito das 
equipes multiprofissionais; 
 Contribuir para viabilizar a participação dos/as usuários/as no processo de 
elaboração e avaliação do plano de Assistência Social; prestar 22 assessoria 
e consultoria a órgãos da Administração Pública, empresas privadas e 
movimentos sociais em matéria relacionada à política de Assistência Social e 
acesso aos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; 
39 
 
39 
 
 Estimular a organização coletiva e orientar/as os usuários/as e 
trabalhadores/as da política de Assistência Social a constituir entidades 
representativas; 
 Instituir espaços coletivos de socialização de informação sobre os direitos 
sócio assistenciais e sobre o dever do Estado de garantir sua implementação; 
 Assessorar os movimentos sociais na perspectiva de identificação de 
demandas, fortalecimento do coletivo, formulação de estratégias para defesa 
e acesso aos direitos; 
 
 
Fonte: www.amures.org.br 
 Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre 
acesso e implementação da política de Assistência Social; realizar estudos 
socioeconômicos para identificação de demandas e necessidades sociais; 
 Organizar os procedimentos e realizar atendimentos individuais e/ou coletivos 
nos CRAS; 
 Exercer funções de direção e/ou coordenação nos CRAS, CREAS e 
Secretarias de Assistência Social; 
 Fortalecer a execução direta dos serviços sócio assistenciais pelas 
prefeituras, governo do DF e governos estaduais, em suas áreas de 
abrangência; 
 Realizar estudo e estabelecer cadastro atualizado de entidades e rede de 
atendimentos públicos e privados; 
40 
 
40 
 
 Prestar assessoria e supervisão às entidades não governamentais que 
constituem a rede sócio assistencial; 
 Participar nos Conselhos municipais, estaduais e nacional de Assistência 
Social na condição de conselheiro/a; 
 Atuar nos Conselhos de Assistência Social na condição de secretário/a 
executivo/a; 
 Prestar assessoria aos conselhos, na perspectiva de fortalecimento do 
controle democrático e ampliação da participação de usuários/as e 
trabalhadores/as; • organizar e coordenar seminários e eventos para debater 
e formular estratégias coletivas para materialização da política de Assistência 
Social; 
 Participar na organização, coordenação e realização de conferências 
municipais, estaduais e nacional de Assistência Social e afins; 
 Elaborar projetos coletivos e individuais de fortalecimento do protagonismo 
dos/as usuários/as; 
 Acionar os sistemas de garantia de direitos, com vistas a mediar seu acesso 
pelos/as usuários/as; 
 Supervisionar direta e sistematicamente os/as estagiários/as de Serviço 
Social. 
 
 
Fonte: www.cesesb.edu.br 
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A realização dessas competências e atribuições requer a utilização de 
instrumentais adequados a cada situação social a ser enfrentada profissionalmente. 
O uso das técnicas e estratégias não deve contrariar os objetivos, diretrizes e 
competências assinalados, ou seja, estes não devem ser utilizados com a 
perspectiva de integração social, homogeneização social, psicologização dos 
atendimentos individuais e/ou das relações sociais, nem se destinar ao 
fortalecimento de vivências e trocas afetivas em uma perspectiva subjetivista 
(CFESS, 2012. Apud MATOS, 2015). 
A definição das estratégias e o uso dos instrumentais técnicos devem ser 
estabelecidos pelo/a próprio/a profissional, que tem o direito de organizar seu trabalho 
com autonomia e criatividade, em consonância com as demandas regionais, 
específicas de cada realidade em que atua. A intervenção profissional, na perspectiva 
aqui assinalada, pressupõe enfrentar e superar duas grandes tendências presentes 
hoje no âmbito dos CRAS. 
A primeira é de restringir a atuação aos atendimentos emergenciais a 
indivíduos, grupos ou famílias, o que pode caracterizar os CRAS e a atuação 
profissional como um “grande plantão de emergências”, ou um serviço cartorial de 
registro e controle das famílias para acessos a benefícios de transferência de renda. 
A segunda é de estabelecer uma relação entre o público e o privado, onde o poder 
público transforma-se em mero repassador de recursos a organizações não 
governamentais, que assumem a execução direta dos serviços sócio assistenciais. 
Esse tipo de relação incorre no risco de transformar o/a profissional em um/a mero/a 
fiscalizador/a das ações realizadas pelas ONGs e esvazia sua potencialidade de 
formulador/a e gestor/a público/a da política de Assistência Social (RAICHELIS, 2010). 
 
7 SERVIÇO SOCIAL E PROJETO ÉTICO-POLÍTICO 
Segundo Iamamoto (2007), o Serviço Social, por ser uma profissão inserida 
nas relações sociais na sociedade capitalista, tem na questão social a sua base 
fundante. Por isso, a dinâmica do desenvolvimento do capitalismo incide sobre as 
manifestações da questão social, que apresenta diferentes configurações em cada 
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conjuntura e, consequentemente, altera as condições concretas do exercício 
profissional. 
 
 
Fonte: aprender.buzzero.com 
Em relação as condições concretas de trabalho, as determinações 
institucionais, Iamamoto (2007) destaca que estas não devem ser consideradas pelos 
assistentes sociais como condicionantes externos e nem como obstáculos, mas sim 
como partes constituintes intrínsecas à sua inserção ocupacional. Por isso, é 
fundamental o conhecimento, pelo profissional, das condições estruturais e 
conjunturais para a realização da sua intervenção, condição imprescindível para a 
criação de possibilidades para uma intervenção comprometida com os propósitos 
expressos no projeto ético-político. 
O atual projeto profissional do Serviço Social surge vinculado a um novo projeto 
societário, já que propõe a construção de uma nova ordem social, sem exploração de 
classe. Devido ao seu caráter histórico, este projeto possui raízes sólidas na realidade 
social brasileira, não se constituindo algo abstrato, pois se materializa no cotidiano 
dos assistentes sociais. Como destacado por Braz (2001), a materialidade deste 
projeto se dá a partir de três dimensões articuladas entre si: a dimensão da produção 
de conhecimentos no interior do Serviço Social afinadas com as tendências teórico 
criticas do pensamento social; a dimensão político-organizativa da profissão 
representada pelos fóruns de deliberação e pelas entidades representativas como a 
ENESSO, conjunto CFES/CRESS e ABEPSS; e a dimensão jurídico- política da 
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profissão, que na esfera estritamente profissional se expressa pelo Código de Ética, 
pela Lei de Regulamentação da Profissão e pelas novas Diretrizes Curriculares e, 
numa esfera mais abrangente, pelo conjunto de leis advindas do capítulo da Ordem 
Social da Constituição de 1988. 
Por estar vinculado a um novo projeto societário, sem dominação e/ou 
exploração de classe,etnia e gênero, o projeto ético-político do Serviço Social defende 
a liberdade como valor ético central, o compromisso com a autonomia, a emancipação 
e a plena expansão dos indivíduos sociais. 
Por isso, este projeto profissional encontra limites estruturais para se 
concretizar, principalmente no contexto de regulação social fundamentada na 
orientação neoliberal em que há redução das políticas sociais, da concentração de 
riqueza e da sistemática implementação de uma política macroeconômica lesiva à 
massa da população. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Não obstante, ao considerar a dinâmica contraditória e o contexto histórico 
desfavorável, ao projeto ético-político não se pretende, por isso, desacreditá-lo, mas 
sim ter clareza de seus desafios e reconhecer a sua validade no questionamento das 
relações sociais postas pela sociedade capitalista. É com esta compreensão que 
afirmamos a necessidade de avançarmos nos indicativos de intervenção profissional, 
parte ainda pouco explorada neste projeto profissional. 
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Como apontado por Netto (1999), “(..) não se desenvolveram suficientemente 
as suas possibilidades [do projeto profissional], por exemplo, no domínio dos 
indicativos para a orientação de modalidades de práticas profissionais, neste terreno, 
ainda há muito por fazer-se) (..)” [grifos nossos]. Assim, não podemos considerar este 
projeto como algo pronto, acabado, mas sim considerá-lo enquanto um processo a 
ser materializado no cotidiano de intervenção dos assistentes sociais. É com esta 
compreensão que concordamos com (IAMAMOTO, 2007) quando afirma: 
Verifica-se (...) uma tensão entre o trabalho controlado e submetido ao poder 
do empregador, as demandas dos sujeitos de direitos e a relativa autonomia 
do profissional para perfilar seu trabalho. Assim, o trabalho do assistente 
social encontra-se sujeito a um conjunto de determinantes históricos, que 
fogem ao seu controle e impõe limites, socialmente objetivos, à consecução 
de um projeto profissional coletivo no cotidiano do mercado de trabalho. 
Alargar as possibilidades de condução do trabalho no horizonte daquele 
projeto exige estratégias político-profissionais que ampliem bases de apoio 
no interior do espaço ocupacional e somem forças com segmentos 
organizativos da sociedade civil, que se movem pelos mesmos princípios 
éticos e políticos (IAMOMOTO, 2007) 
Desta forma, o assistente social é desafiado, nos diferente espaço sócio 
ocupacionais, a desenvolver mediações que possibilitem, no enfrentamento das 
expressões da questão social, materializar o compromisso ético-político assumido 
pelo projeto profissional hegemônico no Serviço Social. 
 
 
 
Fonte: servicosocialdafama.com.br 
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8 O TRABALHO PROFISSIONAL NA CONTEMPORANEIDADE 
É no contexto da globalização mundial sobre a hegemonia do grande capital 
financeiro, da aliança entre o capital bancário e o capital industrial, que se testemunha 
a revolução técnico científica de base microeletrônica, instaurando novos padrões de 
produzir e de gerir o trabalho. Ao mesmo tempo, reduz-se a demanda de trabalho, 
amplia-se a população sobrante para as necessidades médias do próprio capital, 
fazendo crescer a exclusão social, econômica, política, cultural de homens, jovens, 
crianças, mulheres das classes subalternas, hoje alvo da violência institucionalizada. 
Exclusão social esta que se torna, contraditoriamente, o produto do desenvolvimento 
do trabalho coletivo. 
Em outros termos, a pauperização e a exclusão são a outra face do 
desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social, do desenvolvimento da 
ciência e da tecnologia, dos meios de comunicação, da produção e do mercado 
globalizado. Estes novos tempos reafirmam, pois, que a acumulação de capital não é 
parceira da equidade, não rima com igualdade. Verifica-se o agravamento das 
múltiplas expressões da questão social, base sócio histórica da requisição social da 
profissão. 
A linguagem de exaltação do mercado e do consumo, que se presencia na 
mídia e no governo, corre paralela ao processo de crescente concentração de renda, 
de capital e de poder. Nos locais de trabalho, é possível atestar o crescimento da 
demanda por serviços sociais, o aumento da seletividade no âmbito das políticas 
sociais, a diminuição dos recursos, dos salários, a imposição de critérios cada vez 
mais restritivos nas possibilidades da população ter acesso aos direitos sociais, 
materializados em serviços sociais públicos. 
 Estão todos convidados a pensar as mudanças que vêm afetando o mundo da 
produção, a esfera do Estado e das políticas públicas e analisar como elas vêm 
estabelecendo novas mediações nas expressões da questão social hoje, nas 
demandas à profissão e nas respostas do Serviço Social. Em um primeiro momento, 
pretende-se tratar do tema focando o contexto em que é produzida a questão social e 
suas repercussões no mercado de trabalho do assistente social. 
 
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Fonte: s.socialesaude.zip.net 
Ele atravessa e conforma o cotidiano do exercício profissional do Assistente 
Social, afetando as suas condições e as relações de trabalho, assim como as 
condições de vida da população usuária dos serviços sociais. Em um segundo 
momento, procurar-se-á recuperar alguns dos recursos e forças teóricas e ético-
políticas, acumulados a partir dos anos 1980, para enfrentar esses desafios, 
trabalhando especificamente o processo de trabalho em que se insere o Assistente 
Social - ou seja, a prática do Serviço Social - e as alternativas ético-políticas que se 
colocam hoje ao exercício e à formação profissional crítica e competente (PIANA, 
2008). 
Pensar o Serviço Social na contemporaneidade requer os olhos abertos para o 
mundo contemporâneo para decifrá-lo e participar da sua recriação. Um grande 
pensador alemão do século XIX dizia o seguinte: "a crítica não arranca flores 
imaginárias dos grilhões para que os homens suportem os grilhões sem fantasia e 
consolo, mas para que se livrem deles e possam brotar as flores vivas". É esse o 
sentido da crítica: tirar as fantasias que encobrem os grilhões para que se possa livrar 
deles, libertando os elos que aprisionam o pleno desenvolvimento dos indivíduos 
sociais (PIANA, 2008). 
É nessa perspectiva que se inquire a realidade buscando, pela sua decifração, 
o desenvolvimento de um trabalho pautado no zelo pela qualidade dos serviços 
prestados, na defesa da universalidade dos serviços públicos, na atualização dos 
compromissos ético-políticos com os interesses coletivos da população usuária. 
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9 SINTONIZANDO O SERVIÇO SOCIAL COM OS NOVOS TEMPOS 
 
Fonte: www.pucsp.br 
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é 
desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho 
criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes 
no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo. O Assistente 
Social tem sido historicamente um dos agentes profissionais que implementam 
políticas sociais, especialmente políticas públicas. Ou, nos termos de Netto, um 
executor terminal de políticas sociais, que atua na relação direta com a população 
usuária (CFAS, 1979. Apud MIOTO, NOGUEIRA, 2013). 
Mas, hoje, o próprio mercado demanda, além de um trabalho na esfera da 
execução, a formulação de políticas públicas e a gestão de políticas sociais. 
Responder a tais requerimentos exige uma ruptura com a atividade burocrática e 
rotineira, que reduz o trabalho do assistente social a mero emprego, como se esse se 
limitasse ao cumprimento burocrático de horário, à realização de um leque de tarefas 
as mais diversas, ao cumprimento de atividades preestabelecidas. Já o exercício da 
profissão é mais do que isso. 
É uma ação de um sujeito profissional que tem competência para propor, para 
negociar com a instituição os seus projetos, paradefender o seu campo de trabalho, 
suas qualificações e funções profissionais. 
Requer, pois, ir além das rotinas institucionais e buscar apreender o movimento 
da realidade para detectar tendências e possibilidades nela presentes passíveis de 
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serem impulsionadas pelo profissional. Essa observação merece atenção: as 
alternativas não saem de uma suposta "cartola mágica" do Assistente Social; as 
possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automaticamente 
transformadas em alternativas profissionais. 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Sempre existe um campo para a ação dos sujeitos, para a proposição de 
alternativas criadoras, inventivas, resultantes da apropriação das possibilidades e 
contradições presentes na própria dinâmica da vida social. Essa compreensão é muito 
importante para se evitar uma atitude fatalista do processo histórico e, por extensão, 
do continente latino-americano. 
Serviço Social: como se a realidade já estivesse dada em sua forma definitiva, 
os seus desdobramentos predeterminados e os limites estabelecidos de tal forma, que 
pouco se pode fazer para alterá-los. Tal visão determinista e a-histórica da realidade 
conduz à acomodação, à otimização do trabalho, ao burocratismo e à mediocridade 
profissional. Mas é necessário, também, evitar uma outra perspectiva, que venho 
chamando de messianismo profissional: uma visão heroica do Serviço Social que 
reforça unilateralmente a subjetividade dos sujeitos, a sua vontade política sem 
confrontá-la com as possibilidades e limites da realidade social (IAMAMOTO, 2014). 
Olhar para fora do Serviço Social é condição para se romper tanto com uma 
visão rotineira, reiterativa e burocrática do Serviço Social, que impede vislumbrar 
possibilidades inovadoras para a ação, quanto com uma visão ilusória e desfocada da 
realidade, que conduz a ações inócuas. Ambas têm um ponto em comum: estão de 
costas para a história, para os processos sociais contemporâneos. 
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O segundo pressuposto é entender a profissão hoje como um tipo de trabalho 
na sociedade. Há muito tempo, desde os anos 1980, vem-se afirmando que o Serviço 
Social é uma especialização do trabalho, uma profissão particular inscrita na divisão 
social e técnica do trabalho coletivo da sociedade, ora, essa afirmativa não é sem 
consequências. 
As mudanças históricas estão hoje alterando tanto a divisão do trabalho na 
sociedade, quanto a divisão técnica do trabalho no interior das estruturas produtivas, 
corporificadas em novas formas de organização e de gestão do trabalho. Sendo o 
Serviço Social uma especialização do trabalho na sociedade, não foge a esses 
determinantes, exigindo "apreender os processos macroscópicos que atravessam 
todas as especializações do trabalho, inclusive, o Serviço Social (RAICHELIS,2010). 
 
 
Fonte: www.faintvisa.com.br 
A abordagem do Serviço Social como trabalho supõe apreender a chamada 
"prática profissional”, profundamente condicionada pelas relações entre o Estado e a 
Sociedade Civil, ou seja, pelas relações entre as classes na sociedade, rompendo 
com etnogenia no Serviço Social. Por exemplo, aceita-se, como senso comum, que a 
profissionalização do Serviço Social surge de uma reunificação da filantropia. Inclusive 
é esta a tônica do discurso da maioria dos pioneiros e da literatura especializada - 
mesmo na época do movimento de conceituação - que sustenta que o Serviço Social 
se torna profissão ao se atribuir uma base técnico científica de atividades de ajuda, à 
filantropia (PIANA, 2008). 
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Esta é uma visão de dentro e por dentro das fronteiras do Serviço Social, como 
se ele fosse fruto de uma evolução interna e autônoma das formas de proteção e de 
apoio social. Todavia, a constituição e institucionalização do Serviço Social como 
profissão na sociedade, ao contrário de uma progressiva ação do Estado na regulação 
da vida social, quando passa a administrar e gerir o conflito de classes, o que 
pressupõe, na sociedade brasileira, a relação capital/trabalho constituída por meio do 
processo de industrialização e urbanização. É quando o Estado se "amplia", nos 
termos de Gramsci passando a tratar a questão social não só pela coerção, mas 
buscando um consenso na sociedade, que são criadas as bases históricas da nossa 
demanda profissional. 
Contudo, se isso é verdade, as mudanças que vêm ocorrendo no mundo do 
trabalho e na esfera estatal, em suas relações com a sociedade civil, incidem 
diretamente sobre os rumos do desenvolvimento dessa profissão na sociedade. O 
Assistente Social dispõe de um Código de Ética profissional e embora o Serviço Social 
seja regulamentado como uma profissão liberal, não tem essa tradição na sociedade 
brasileira. 
 
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