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Resumo de Doenças Infecciosas dos Animais Domésticos - AV1 Tétano Etiologia ● Doença infecciosa; ● Altamente fatal; ● Causada por toxinas produzidas pelo Clostridium tetani; ● Caracteriza-se por rigidez muscular e morte por parada respiratória ou convulsões; ● Bactéria gram positiva; ● Formadora de esporos; ● Encontrada no solo e no trato intestinal. Patogenia Na maioria dos casos a bactéria é introduzida nos tecidos através de ferimentos, permanecendo nesse local, não invadindo os tecidos adjacentes, começando a proliferar e produzir neurotoxinas somente sob determinadas condições ambientais, principalmente, a redução de oxigênio local. Isso pode ocorrer imediatamente após a introdução, se o traumatismo concomitante for suficientemente grave, ou pode demorar alguns meses, até que um traumatismo subsequente no local provoque lesão tissular, podendo a lesão original estar completamente cicatrizada na ocasião. A bactéria produz pelo menos três proteínas tóxicas, a tetanospasmina, a tetanolisina e a toxina não-espasmogênica. A tetanolisina promove a disseminação da infecção ao ampliar a quantidade de necrose tecidual local. A tetanospasmina é uma exotoxina lipoprotéica que se difunde, a partir do local de produção, até o sistema cardiovascular, onde se distribui, difusamente, até a área pré-sináptica das placas motoras, interferindo, provavelmente, na liberação de neurotransmissores, glicina e ácido gama aminobutírico (GABA), que provoca hiperexcitabilidade. Supõe-se que os fenômenos autônomos, resultantes da hiperestimulação do sistema nervoso simpático, resultem da atividade da toxina não-espasmogênica. Em geral, quando as neurotoxinas são absorvidas pelos nervos motores da região e ascendem ao trato nervoso em direção a medula espinhal, causam tétano ascendente. Ocorrem espasmos e contrações tônicas da musculatura voluntária pela irritação da célula nervosa. Se mais toxinas forem liberadas no local da infecção do que os nervos circunvizinhos podem carregar, o excesso é levado pela linfa para a circulação sanguínea e chega ao sistema nervoso central (SNC), causando tétano descendente. Nenhuma lesão estrutural é produzida, mas há potencialização central dos estímulos sensoriais normais, de forma a produzir um estado de constante espasticidade muscular e estímulos normalmente inócuos provocam respostas exageradas. A morte ocorre por asfixia devido a paralisia dos músculos respiratórios. Epidemiologia ● Equinos mais suscetíveis e os bovinos menos sensíveis. ● Maior nos locais quentes dos vários continentes; ● Solos intensamente contaminados por matérias fecais contêm elevadas concentrações de esporos de C. tetani. A doença ocorre, em geral, de forma esporádica, apesar de surtos serem observados ocasionalmente em bovinos, ovinos, caprinos e suínos. ● Esporadicamente tétano pode ocorrer devido a ferimentos externos contaminados como umbigo mal curado ou por lesões internas ou, ainda, em forma de surtos, geralmente após práticas de manejo, submetendo vários animais às mesmas condições de contaminação, como castrações, colocando brincos ou vacinações. ● C. tetani está comumente presente nas fezes dos animais, em particular dos equinos, e no solo contaminado por estas fezes. ● Ingestão de alimentos que possam gerar feridas na boca podem favorecer uma porta de entrada. ● Os esporos podem permanecer latentes nos tecidos por algum tempo e produzir doença clínica apenas quando as condições tissulares favorecem sua proliferação. ● Feridas penetrantes dos cascos são portas de entrada comuns nos equinos. ● A penetração por vias genitais durante o parto é uma porta de entrada comum em bovinos. Sinais clínicos ● O período de incubação do tétano é variável e depende das dimensões do ferimento, grau de anaerobiose, número de bactérias inoculadas, título de antitoxina do hospedeiro. ● Na maioria dos animais susceptíveis, os sinais clínicos ocorrem de uma a três semanas após a infecção bacteriana. ● O quadro clínico é similar para todas as espécies de animais. ● Principais sinais clínicos: andar com os membros rígidos, tremores musculares, trismo mandibular, prolapso da terceira pálpebra, rigidez da cauda (cauda em bandeira), orelhas eretas, hiperexcitabilidade e tetania dos músculos masseteres. ● Constipação e retenção urinária são comuns, provavelmente, pela incapacidade de assumir a posição normal para urinar. ● Podem ocorrer convulsões, inicialmente quando há estímulo pelo som ou pelo toque e, posteriormente, de forma espontânea. ● Os espasmos dos músculos do dorso e da cernelha causam extensão da cabeça e do pescoço, e o enrijecimento dos músculos dos membros fazem o animal assumir uma ‘posição de cavalete”. ● Há muita dificuldade de marcha e o animal fica propenso a cair, principalmente quando estimulado. A queda ocorre ainda com os membros em estado de tetania e o animal pode se traumatizar. ● A evolução da doença é variável. ● A morte em equinos e bovinos ocorre, geralmente, após curso clínico de 5-10 dias, mas os ovinos em geral morrem pelo terceiro ou quarto dia. ● Antes da morte os animais permanecem em decúbito lateral com a cabeça e pernas em completa extensão. ● As orelhas são mantidas quase que paralelamente com a coluna vertebral torácica. ● Os músculos respiratórios são afetados e os animais sofrem hipóxia. ● Os animais morrem, frequentemente, durante convulsão terminal, sendo a morte atribuída a hipoxemia. ● A insuficiência cardíaca, que ocorre secundariamente, é devida a hipertensão sistêmica e pneumonia por aspiração. Patologia ● Não há alterações macroscópicas ou histológicas características que permitam confirmar o diagnóstico. ● Na maioria dos casos pode-se observar feridas que podem ser a fonte da infecção. Diagnóstico ● Na maioria dos casos, o diagnóstico está baseado apenas na anamnese e na sintomatologia clínica, sem referência a testes laboratoriais. ● Entretanto, nos estágios iniciais pode ser confundido com outras doenças. ● A cultura, quando possível (em AS, sobre condições de 12 anaerobiose) deve ser realizada e a morfologia do C. tetani é caracterizado pela produção de um esporo terminal dando ao bacilo um formato de raquete de tênis. ● Imunofluorescência. Controle e profilaxia ● Princípios do tratamento: Eliminar a bactéria causadora, neutralizar as toxinas residuais, relaxar a tetania muscular para evitar asfixia e manter o relaxamento até que a toxina seja eliminada ou destruída. ● Tratamento: deve-se fazer a drenagem e a limpeza do ferimento para eliminar o microorganismo e concomitante, fazer infiltração de penicilina G em torno da ferida e administração parenteral de penicilina G potássica ou penicilina G procaína via intramuscular. ● O uso de antitoxina, uso de sedativos e antibióticos são recomendados. ● A vacinação (2, 3 e 6 meses com reforço um ano após) e uso de anti-soro são recomendados antes de procedimentos que possam levar ao desenvolvimento da enfermidade. ● O relaxamento da tetania muscular pode ser propiciado pela sedação e manutenção do paciente em local tranquilo e obscuro. ● A terapia medicamentosa que pode reduzir os espasmos musculares consiste de clorpromazina, promazina ou acetilpromazina, duas vezes ao dia, durante 8-10 dias, até que os sinais graves desapareçam. ● Nas áreas enzoóticas, todos os animais suscetíveis devem ser imunizados ativamente com “toxóide”, uma toxina precipitada pelo alumínio e tratada pela formalina. ● Uma injeção confere proteção em 10 a 14 dias, persistindo por um ano, e a revacinação em 12 meses confere uma sólida imunidade por toda a vida. Questionário sobre tétano 1. O tétano é uma doença infecciosa não contagiosa, causada pela ação das exotoxinas, produzidas pelo Clostridium tetani, as quais provocam alterações funcionais no sistema nervoso central com aumento da excitabilidade.No controle e no tratamento: a) A vacinação com os toxóides C e D de Clostridium tetani é a principal forma de controle do tétano dos animais domésticos. b) O controle e a profilaxia da toxina tetânica devem basear-se em medidas adequadas de manejo e de vacinações sistemáticas de todo o rebanho. As vacinas devem ser administradas por via oral, preferencialmente, em duas doses intervaladas de 8-10 semanas na primo-vacinação e reforço bianual. c) Os animais acometidos devem ser rapidamente tratados, devido ao curso superagudo da doença, com administração intravenosa de altas doses de virginiamicina. As chances de recuperação são maiores para animais no início da infecção ou aqueles cuja lesão muscular não esteja disseminada, mas, em geral, os tratamentos são bem sucedidos. d) Os princípios básicos são sedação, neutralização da toxina tetânica circulante por soro antitetânico, debridamento do foco infeccioso, erradicação do agente com administração de penicilina e medidas gerais de suporte. A vacinação com toxóide é a principal forma de prevenção do tétano, e encontra-se disponível para bovinos, ovinos e suínos. e) Deve-se enfatizar ainda que o Clostridium tetani é um grande contaminante ambiental, sendo o uso correto de produtos contendo cloro ativo e a higienização das mãos duas estratégias de extrema importância principalmente em hospitais veterinários. Estudos no Brasil sugerem que a tiamulina, virginiamicina e tilosina, incluídos na alimentação dos animais, são eficazes no tratamento desta enfermidade. 2. O tétano é uma doença toxi-infecciosa anaeróbia grave que acomete os mamíferos. É causada por uma neurotoxina produzida pelo Clostridium tetani. É caracterizada pela rigidez muscular, morte e parada respiratória ou convulsões. Ocorre variação de suscetibilidade entre as espécies sendo os equinos os mais comprometidos. Sobre o tétano, é correto afirmar: a) O diagnóstico é realizado somente pelos achados macroscópicos e histológicos. b) É uma bactéria anaeróbia, Gram-positiva, formadora de esporos, sendo comumente encontrada no solo e no trato digestório de herbívoros. c) A morte ocorre em 30 dias após as primeiras manifestações clínicas pulmonares por conta da asfixia, falta de alimentação e água. d) Nos estágios finais da doença deve-se diferenciar exclusivamente de envenenamento e laminite. e) Os sinais mais facilmente detectáveis e característicos são o vômito e histórico de lesão ou cirurgia há mais de 20 dias. 3. Sobre o tétano leia os itens abaixo e marque a opção correta. I. No tétano a capacidade de inibir informações indesejáveis que partem do sistema nervoso rumo à musculatura é perdida, devido esta falta de inibição dos neurônios motores ocorre rigidez muscular. II. Trismo mandibular, marcha trôpega, prolapso de terceira pálpebra, orelhas eretas, timpanismo e rigidez dos membros são comumente manifestados e a necropsia não revela lesões macroscópicas, exceto eventuais áreas de necrose no local onde o clostrídio teve condições de multiplicar-se, não existem lesões histológicas específicas da doença. III. A tetanolisina danifica o tecido sadio ao redor da ferida e diminui o potencial de oxi-redução, promovendo o crescimento de organismos anaeróbico, ou seja, a disseminação da infecção, a tetanospasmina é a responsável pela hipertonia e espasmos musculares e a toxina não espasmogênica, pelos fenômenos autônomos resultantes da hiperestimulação do sistema nervoso simpático. IV. O período de incubação varia de 7 a 21 dias, em bovinos, no entanto, o período de incubação pode variar de 18 horas a quatro semanas e na fase inicial da doença os equinos normalmente apresentam espasticidade muscular, resultando em movimentos rígidos dos membros e à medida que a doença progride os animais adotam postura de cavalete, apresentam dispnéia grave, rigidez do pescoço, sudorese intensa e decúbito. V. A morte geralmente ocorre por insuficiência respiratória restritiva e obstrutiva decorrente da paralisia dos músculos respiratórios e apesar de potencialmente fatal quando tratada com sucesso, os sintomas regridem por completo. Marque a resposta correta. a) Estão corretos somente os itens I, II e V. b) Estão corretos somente os itens II, III e IV. c) Estão corretos os itens I, II, III, IV e V. d) Estão errados os itens I, III, IV e V. e) Somente o item III está errado.
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