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1 ANTROPOMETRIA APLICADA 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA ................................................................................................................ 2 1.INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 3 2.A ANTROPOMETRIA ......................................................................................................... 5 3.PERSPECTIVA HISTÓRICA DA ANTROPOMETRIA ......................................................... 6 4.ANTROPOMETRIA E SUA UTILIZAÇÃO NA ERGONOMIA .............................................. 6 5.A NORMA REGULAMENTADORA (NR-17) E A ATIVIDADE PROFISSIONAL DO ERGONOMISTA .................................................................................................................. 13 5.1LAUDO ERGONÔMICO ................................................................................................. 14 6.REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 16 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO A ergonomia é definida como a adaptação do trabalho ao homem. Segundo a Ergonomics Research Society, “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento” (IIDA, 1991). “Ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente procurando adaptar as condições de trabalho às características do ser humano” (COUTO, 1995). Engenharia dos fatores humanos como é denominada nos Estados Unidos, (Human Factors) a ergonomia não é uma simples disciplina científica se não uma síntese que integra as ciências biológicas, (psicologia, antropologia, fisiologia, medicina, etc.) com a engenharia (PANERO e ZELNIK, 1991). No passado quase a totalidade das aplicações da ergonomia teve lugar no setor industrial e militar. As aplicações de caráter social foram secundárias como o desenho dos espaços interiores de uma casa, equipamentos sanitários e até o próprio tanque de lavar roupa. A associação entre o tamanho físico de uma pessoa é tão velha que surpreende a freqüência com que este fato é negligenciado. Hoje em dia, não é rara a cena em que um indivíduo tem que se curvar todo para lavar pratos na pia. Para a realização dos seus objetivos a ergonomia estuda uma diversidade de fatores que são: o homem e suas características físicas, fisiológicas e psicológicas; a máquina que constituem todas as ferramentas, mobiliário, equipamento e instalações; o ambiente que contempla a temperatura, ruídos, vibrações, luz, cores, etc.; a informação que refere-se ao sistema de transmissão das informações; a organização que constitui todos os elementos citados no sistema produtivo considerando horários, turnos e equipes; e as consequências do trabalho onde entram as questões relacionadas com os erros e acidentes além da fadiga e o estresse (IIDA, 1991). A meta principal constitui a segurança e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com os sistemas produtivos. A eficiência é conseqüência e não fim, pois se colocada a eficiência como objetivo principal poderia significar sofrimento e sacrifício dos trabalhadores o que seria inaceitável. Em 1948 com o projeto da cápsula espacial norteamericana nasce o conceito de ergonomia moderna, pois foi necessário 4 fazer um replanejamento de tempos e meios para se fazer a viagem ao espaço, em decorrência do desconforto que passaram os astronautas no primeiro protótipo, surge assim, através da antropometria, o conceito de que o fundamental não é adaptar o homem ao trabalho, mas procurar adaptar as condições de trabalho ao ser humano (PANERO e ZELNIK, 1991). A ergonomia está presente no dia a dia das pessoas pois as suas aplicações estão presentes na indústria, na mineração, no setor de serviços e no próprio lar. Recentemente foi lançado um novo barbeador com três lâminas que se realmente concebido e fabricado dentro das especificações fornecidas pelo fabricante, se adapta melhor aos contornos do rosto, permite um menor número de passadas diminuindo a irritação provocada pelo ato de barbear, constituindo um barbeador ergonômico. Uma característica da ergonomia é a sua interdisciplinaridade. Existem diversos profissionais ligados com a questão ergonômica seja relacionado à saúde, ao projeto de máquinas e equipamentos ou `a organização do trabalho por si. Não existe uma categoria profissional capaz de dar uma solução ergonômica completa de maneira que engenheiros, médicos, professores de educação física, arquitetos, psicólogos, nutricionistas, etc. podem ser observados trabalhando em projetos comuns. Os níveis de intervenção de uma equipe ergonômica podem ser classificados em: 1) transformação das condições primitivas em postos de trabalho; 2) melhoramento das condições de conforto relacionadas ao ambiente de trabalho; 3) melhoramento do método de trabalho; 4) melhoramento da organização do sistema de trabalho e 5) ergonomia de concepção (COUTO, 1995). A antropometria trata das medidas físicas do corpo humano. A origem da antropometria remonta-se à antigüidade pois Egípcios e Gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O reconhecimento dos biótipos remontase aos tempos bíblicos e o nome de muitas unidades de medida, utilizadas hoje em dia são derivados de segmentos do corpo. A importância das medidas ganhou especial interesse na década de 40 provocada de um lado pela necessidade da produção em massa, pois um produto o mal dimensionado pode provocar a elevação dos custos e por outro lado, devido ao surgimento dos sistemas de trabalho complexos onde o desempenho humano é crítico e o desenvolvimento desses sistemas dependem das dimensões antropométricas dos seus operadores. Atualmente a antropometria (antropologia física) associada aos valores culturais (antropologia cultural) constituem um ponto importante nas questões que envolvem transferência 5 de tecnologias, é a denominada antropotecnologia (PANERO e ZELNIK, 1991; IIDA, 1991; SANTOS et. al., 1997). 2. A ANTROPOMETRIA A antropometria foi definida como a ciência de medida do tamanho corporal (NASA, 1978). A antropometria é um ramo das ciências biológicas que tem como objectivo o estudo dos caracteres mensuráveis da morfologia humana. Como diz Sobral (l985) "o método antropométrico baseia-se na mensuração sistemática e na análisequantitativa das variações dimensionais do corpo humano". O tamanho físico de uma população pode ser determinado através damedição de comprimentos, profundidades e circunferências corporais, e os resultados obtidos podem ser utilizados para a concepção de postos de trabalho, equipamentos e produtos que sirvam as dimensões da população utilizadora. A antropometria divide-se em: (1) somatometria que consiste na avaliação das dimensões corporais do indivíduo- (2) cefalometria que se ocupa do estudo das medidas da cabeça do indivíduo- (3) osteometria que tem como finalidade o estudo dos ossos cranianos- (4) pelvimetria que se ocupa das medidas pélvicas- (5) odontometria que se ocupa do estudo das dimensões dos dentes e das áreas dentárias. As técnicas antropométricas de que iremos falar parecem ser muito simples. Contudo o seu domínio requer um treino rigoroso e uma selecção criteriosa tanto das técnicas pré-estabelecidas como dos instrumentos de medida, das medidas e dos pontos de referência antropométricos. Deste modo pretendemos minimizar erros de observação, causa real de muitos erros encontrados nos resultados de trabalhos deste tipo. 6 3. PERSPECTIVA HISTÓRICA DA ANTROPOMETRIA Na era romana a antropometria e o design eram considerados como relacionados. O teórico e arquiteto romano Vitrúvius argumentou que o design de edifícios devia ser baseado em certos princípios estéticos pré-estabelecidos do corpo humano. Foi dele o sistema de proporções humanas mais detalhado que nos chegou dos tempos clássicos. Vitrúvios via a ciência das proporções humanas como um principio fundamental na concepção. Foi provavelmente Albrecht Dürer (1471-1528) que marcou o inicio da ciência antropometria. Ele tentou categorizar a diversidade de tipos físicos humanos de acordo com uma observação sistemática e medição de um largo número de pessoas. No entanto, neste período renascentista a teoria da estética permanecia a mais importante. O desenho de Leonardo da Vinci (1452-1519) no qual um homem é mostrado inscrito dentro de um quadrado e de um circulo deriva diretamente de Vitruvios, e é uma das imagens mais conhecidas. A ciência antropométrica desenvolveu-se no século XIX e princípio do século XX. Era o tempo onde eram feitas tentativas para subdividir e classificar a raça humana de acordo com as dimensões físicas. Na última parte deste século o foco tem incidido no crescimento humano e classificação de características físicas. Os avanços tecnológicos como as viagens espaciais e as atividades militares têm também requerido substanciais fontes de dados. 4. ANTROPOMETRIA E SUA UTILIZAÇÃO NA ERGONOMIA A antropologia é a ciência da humanidade com a preocupação de conhecer cientificamente o ser humano na sua totalidade (Marconi citado por SANTOS, 1997). Devido ao fato de ser um objetivo extremamente amplo que visa o homem como ser biológico, pensante, produtor de culturas e participante da sociedade, a antropologia se divide em dois grandes campos a antropologia física e a antropometria cultural. A antropologia física ou biológica estuda a natureza física do homem, origem, evolução, estrutura anatômica, processos fisiológicos e as diferenças raciais das populações antigas e modernas. Nesta situa-se a antropometria, com o objetivo de levantar dados 7 das diversas dimensões dos segmentos corporais (SANTOS, 1997). A contribuição da ciência das medidas tem sido comentada muito na história das civilizações. Segundo ROEBUCK (1975), ao estatístico belga Quetelet é creditada a fundação da ciência e a invenção do próprio termo “antropometria” com a publicação em 1870 da sua obra Antropometrie que constitui a primeira pesquisa somatométrica em grande escala. A antropometria tem as suas origens na antropologia física que como registro e ciência comparada remonta-se ás viagens de Marco Polo (1273-1295), que revelou um grande número de raças humanas diferentes em tamanho e constituição e na antropologia racial comparativa inaugurada por Linné, Buffon e White no século XVIII, e demonstrava que haviam diferenças nas proporções corporais de várias raças humanas (PANERO e ZELNIK, 1991; ROEBUCK, 1975). No final do século XIX e início do século XX observou-se o desenvolvimento e a ampliação do interesse por estudos detalhados do homem vivo e as suas marcas no esqueleto. As estatísticas fornecidas pelos médicos militares de recrutas são de especial interesse pois relacionam as dimensões corporais com a ocupação (antropologia ocupacional). São notáveis os estudos realizados durante a Guerra Civil Americana, Primeira e Segunda Guerra Mundial. Durante aproximadamente o mesmo período em que se estudou as dimensões corporais estáticas, um interesse no estudo dos movimentos foi desenvolvido. Em muitos estudos a ênfase foi no uso dos movimentos corporais no melhor desempenho do trabalho. Tal interesse, baseado na aplicação das ciências físicas em vez das ciências biológicas foi rapidamente classificada num grupo de atividades chamada engenharia. Muitos estudos sistemáticos das dimensões do corpo humano do final dos 1800 e início dos 1900 tinham propósitos relacionados com produtos comerciais, registros médicos ou seleção militar. Muitas pesquisas antropológicas militares foram direcionadas para o estabelecimento dos efeitos das dimensões corporais na construção e utilização de equipamento militar. Estes estudos eventualmente auxiliaram na convergência das disciplinas tais como psicologia, antropologia, fisiologia e medicina com engenharia. A síntese de tudo isso, veio mais tarde se chamar engenharia humana nos Estados Unidos e ergonomia na maioria dos outros países. A área deste trabalho que envolve as dimensões corporais foi chamado por Randal de antropologia física aplicada (ROEBUCK, 1975). 8 A necessidade da integração das ciências da vida para aplicações de engenharia foi colocada em evidência durante a Segunda Guerra Mundial que criou uma nova série de problemas que envolvem o homem, a máquina e o meio ambiente. Em adição a tais problemas como a definição das dimensões de roupas para a tropa, um grande número de acidentes na operação de aeronaves apontou a necessidade do estudo da suas causas. Diversos profissionais foram consultados para estudar as ações do homem sob o estresse de voar e encontraram que a complexidade dos modernos equipamentos militares foram concebidos fora das capacidades do homem para operá-los. Entre outros problemas, foi encontrado que as cabines eram freqüentemente muito pequenas para muitos pilotos dificultando ou impedindo muitos movimentos. O estudo das dimensões corporais tomou renovado interesse quando foi constatado que havia poucos dados confiáveis dos tamanhos dos pilotos militares que auxiliasse na resolução desses problemas. Após a Segunda Guerra Mundial a ênfase em adaptar a máquina ao homem tornou-se melhor desenvolvida com objetivos comerciais e militares levando em consideração não apenas as medidas corporais mas também os fatores fisiológicos e psicológicos envolvidos. Se na década de 40 as medidas antropométricas procuravam determinar as médias de uma população como peso, estatura, etc. Hoje o interesse principal está centrado nas diferenças entre grupos e as influência de variáveis como raça, região geográfica e a cultura. Toda população é constituída de indivíduos diferentes e até há pouco tempo havia a preocupação para estabelecer padrões nacionais, porém com a crescente internacionalização da economia, alguns produtos são vendidos no mundo todo, como por exemplo os computadores, automóveis e aviões. Isto contribuiu para que se pensa-se mais amplamente. Ao se projetar um produto deve-se pensar que os consumidores podem estar espalhados por muitos países. Embora não existam medidas confiáveis para a população mundial, grandeparte das medidas disponíveis são oriundas de contingentes das forças armadas o que limita bastante pois esta população caracteriza-se por ser predominantemente do sexo masculino, na faixa dos 18 aos 30 anos e que atenderam aos critério para recrutamento militar como peso e estatura mínimos (ROEBUCK, 1975; IIDA, 1991; PANERO e ZELNIK, 1991). A Revolução Industrial focou suas atividades no mercado de massas e as medidas de saúde de massas, isto, devido à necessidade de aplicar as medidas do homem para desenvolvimento de produtos para a produção em massa. A noção de 9 “normalidade” na proporção e tamanho foi gradualmente substituída por tabelas estatísticas. Desde 1940 a 1970 houve um aumento significativo da necessidade das dimensões corporais na área industrial. Esta tendência tem sido particularmente forte na indústria aeronáutica, onde peso e tamanho constituem fatores críticos na performance e economia das aeronaves (ROEBUCK, 1975). Sempre que possível e justificável, deve-se realizar as medidas antropométricas da população para a qual está sendo projetado um produto ou equipamento, pois equipamentos fora das características dos usuários podem levar a estresse desnecessário e até provocar acidentes graves. Normalmente as medidas antropométricas são representadas pela média e o desvio padrão, porém a utilidade dessas medidas depende do tipo de projeto em que vão ser aplicadas (IIDA, 1991). Um primeiro tipo de projeto pode ser considerado como sendo para o tipo médio. O homem médio ou padrão é uma abstração, pois poucas pessoas podem ser consideradas como padrão, porém uma cadeira construída para a pessoa média, vai provocar menos incômodos para os muito grandes e para os muito pequenos do que se fosse feita para um gigante ou para um anão. Não será ótimo para todas as pessoas, mas causará menos inconvenientes do que se fosse feita para pessoas maiores ou menores em relação à média. Projetos para indivíduos extremos. Uma saída de emergência projetada pela média, provavelmente não permitiria que um indivíduo grande saía, ou num determinado painel de controle projetado para a população média uma pessoa baixa poderia não alcançar. Nestes casos aplica-se o projeto para indivíduos extremos, maior ou menor dependendo do fator limitativo do equipamento. Deve-se tentar acomodar pelo menos 95% dos casos. Projetos para faixas da população. São equipamentos normalmente desenvolvidos para cobrir a faixa de 5 a 95% de uma população. Por exemplo bancos e cintos de automóveis. Desenvolver produtos para 100% de uma população apresenta problemas técnicos e econômicos que não compensam. Projetos para o indivíduo. São produtos projetados especificamente para um indivíduo. São raros no meio industrial. É o caso dos aparelhos ortopédicos, roupas feitas sob medida. Proporciona melhor adaptação entre o produto e o usuário mas aumentam o custo e só são justificáveis em casos onde a possibilidade de falha teria 10 conseqüências que deixariam o custo muito maior como as roupas dos astronautas, corredores de fórmula 1,etc. Do ponto de vista industrial, quanto mais padronizado for o produto, menores serão seus custos de produção e de estoque. O projeto para a média é baseado na idéia que isso maximiza o conforto para a maioria. Na prática isso não se verifica. Há diferença significativa entre as médias de homens e mulheres, e a adoção de uma média geral acaba beneficiando uma faixa relativamente pequena da população, cujas médias caem dentro da média adotada. Nos casos onde há uma predominância de mulheres, deve-se adotar a média feminina, pois isso proporcionará conforto para essa maioria. Até a década de 50 os automóveis eram dimensionados para motoristas do sexo masculino, à medida que foi aumentando o número de mulheres na direção de veículos, tornou-se necessário fazer uma adaptação ao projeto, aumentando a faixa de ajustes do banco. Em muitas circunstâncias há necessidade de se combinar medidas máximas masculinas com medidas mínimas femininas como é o caso das saídas de emergência que devem ser projetadas para comportar pelo menos até o percentil 95 masculino. Os locais de trabalho onde devem trabalhar homens e mulheres geralmente são dimensionados pelo mínimo, isto é, o percentil 5 das mulheres. Uma das grandes aplicabilidade das medidas antropométricas na ergonomia é no dimensionamento do espaço de trabalho. IIDA (1991), define espaço de trabalho como sendo o espaço imaginário necessário para realizar os movimentos requeridos pelo trabalho. O espaço de trabalho para um jogador de futebol é próprio campo de futebol e até uma altura de 2,5 m (que é a altura de cabeceio). O espaço de trabalho de um carteiro seria um sólido sinuoso que acompanha a sua trajetória de entregas e tem uma seção retangular de 60 cm de largura por 170 de altura. Porém a maioria das ocupações da vida moderna desenvolve-se em espaços relativamente pequenos com o trabalhador em pé ou sentado, realizando movimentos relativamente maiores com os membros do que com o corpo e onde devem ser considerados vários fatores como: postura, tipo de atividade manual e o vestuário. Dentro do espaço de trabalho as superfícies horizontais são de especial importância, pois sobre ela que se realiza grande parte do trabalho. Na mesa de trabalho os equipamentos devem estar corretamente posicionados dentro da área de alcance que corresponde aproximadamente a 35 – 45 cm com os braços caídos normalmente e de 55 a 65 cm com os braços estendidos girando em torno do ombro. 11 A altura da mesa também é muito importante principalmente para o trabalho sentado sendo duas varáveis as responsáveis para a determinação da sua altura, a altura do cotovelo que depende da altura do assento e o tipo de trabalho a ser executado. A altura da mesa resulta da soma da altura poplítea e da altura do cotovelo. Com relação ao tipo de trabalho deve-se considerar se este será realizado a nível da mesa ou em elevação. O assento é provavelmente, uma das invenções que mais contribuiu para modificar o comportamento humano. Muitas pessoas chegam a passar mais de 20 horas por dia na posição sentada e deitada. Daí o grande interesse dos pesquisadores da ergonomia com relação ao assento. Na posição sentada, o corpo entra em contato com o assento só através da sua estrutura óssea. Esse contato é feito através das tuberosidades isquiáticas que são recobertas por uma fina camada de tecido muscular e uma pele grossa, adequada para suportar grandes pressões. Em apenas 25 cm2 de superfície concentra-se 75% do peso total do corpo. Com relação aos assentos, deve-se observar os seguintes princípios gerais: 1) existe um assento adequado para cada tipo de função, 2) as dimensões do assento devem ser adequadas às dimensões antropométricas, 3) o assento deve permitir variações de postura, 4) o encosto deve ajudar no relaxamento, 5) assento e mesa formam um conjunto integrado (IIDA, 1991). Existem inúmeros dados antropométricos que podem ser utilizados na concepção dos espaços de trabalho, mobília, ferramentas e produtos de forma geral, na maioria dos casos pode-se utilizá-los no projeto industrial (SANTOS, 1997). Contudo, devido a abundância de variáreis, é importante que os dados sejam os que melhor se adaptem aos usuários do espaço ou objetos que se desenham. Por isso, há necessidade de se definir com exatidão a natureza da população que se pretende servir em função da idade, sexo, trabalho e raça. Muitas vezes quando o usuário é um indivíduo ou um grupo reduzido de pessoas e estão presentes algumas situações especiais, o levantamento da informação antropométrica é importante, principalmente quando o projeto envolve um grande investimento econômico (PANERO e ZELNIK, 1991). Embora muitas das aplicações de engenharia utilizam técnicas desenvolvidas pelos primeiros antropologistas,tem ocorrido muitas mudanças na formas de obter dados e principalmente nos instrumentos desenvolvidos para atender a necessidades específicas. 12 Em especial a necessidade de estabelecer relações espaciais em coordenadas tridimensionais foi desenvolvida como aplicação da antropometria na engenharia. Os engenheiros devem saber trabalhar não somente com os comprimentos do corpo mas também saber onde eles estão localizados durante a atividade física. A antropometria possui uma importância muito grande no planejamento do posto de trabalho e no desenvolvimento de projetos de ferramentas e equipamentos. As relações entre antropometria clássica, a biomecânica e engenharia antropométrica são tão estreitas e interrelacionadas que é difícil e muitas vezes desnecessário delimita-las. A antropologia física é obviamente a base para cada uma delas e a designação do ambiente humano para atender as suas dimensões e atingir as suas capacidades é o resultado (ROEBUCK, 1975). Durante os últimos anos, o desenvolvimento dos computadores permitiu um melhor tratamento dos dados obtidos em grandes levantamentos e permitiu o desenvolvimento de modelos matemáticos dos fenômenos antropométricos. No futuro, certamente as atividades antropométricas continuarão no estudos de características populacionais e das condições de conforto destas. Com a melhor definição das variáveis antropométricas talvez menos pessoas ficarão descontentes por pertencer aos grupos que ficam abaixo do percentil e acima do percentil 95. Nas áreas de tecnologia avançada haverá um aumento da precisão e automatização das técnicas de medida com o desenvolvimento de “scaners” para uma melhor definição do tamanho humano e da mecânica do espaço de trabalho, roupas equipamentos e ferramentas. Quem sabe um dia observaremos a antropometria instantânea para o desenvolvimento de roupas, cadeiras e extensões eletromagnéticas dos sentidos do homem “sob medida”. Dentro da engenharia antropométrica o estabelecimento de relações espaciais em coordenadas tridimensionais pode fornecer descrições detalhadas das superfícies corporais e uma variedade de novos fenômenos podem ser investigados como a localização de ossos, órgãos vitais e outras estruturas para a confecção de próteses, reconstrução de órgãos ou então para a aplicação de procedimentos diagnósticos a distância ou por controle remoto. Em todas essas atividades, o problema básico será a definição numérica da forma humana e as características físicas que estão relacionadas com a engenharia antropométrica. 13 5. A NORMA REGULAMENTADORA (NR-17) E A ATIVIDADE PROFISSIONAL DO ERGONOMISTA A NR-17 é a única norma brasileira relacionada com a Ergonomia. Visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas do trabalhador, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Os aspectos envolvidos na norma são: levantamento, transporte e descarga individual de materiais; mobiliário dos postos de trabalho; equipamentos dos postos de trabalho, condições ambientais de trabalho e organização do trabalho. De acordo com a NR-17, para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, a qual deve abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido na Norma Regulamentadora. A ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia), através da Norma Regulamentadora BR 1001 (2009), reconhece que o praticante profissional de ergonomia é a pessoa que: (i) Investiga e avalia as demandas de projeto ergonômico no sentido de assegurar a ótima interação entre trabalho, produto ou ambiente e as capacidades humanas e suas limitações; (ii) Analisa e interpreta os achados das investigações em ergonomia; (iii) Documenta de forma adequada os achados ergonômicos; (iv) Determina a compatibilidade da capacidade humana com as solicitações planejadas ou existentes; (v) Desenvolve um plano para o projeto ergonômico ou a intervenção ergonômica; (vi) Faz recomendações apropriadas para projeto ou intervenção ergonômica; (vii) Implementa recomendações para otimizar o desempenho humano; O Ministério do Trabalho e Emprego disponibilizou na internet um manual de aplicação da NR-17: (http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR17.pdf). 14 (viii) Avalia os resultados da implementação das recomendações ergonômicas; e (ix) Demonstra comportamento profissional. Para possuir esta competência técnica-profissional é essencial que o profissional em ergonomia possua uma formação adequada e tenha uma qualificação técnica compatível com esta função. Para isto a ABERGO criou o Sistema de Certificação do Ergonomista Brasileiro (SisCEB), que é um conjunto de normas e procedimentos que tem como objetivo certificar pessoas, equipes e empresas prestadoras de serviços de ergonomia com a garantia de assegurar a competência técnica para o fornecimento de tais serviços aos seus clientes. 5.1 Laudo Ergonômico O laudo ou análise ergonômica identifica os riscos ergonômicos, bem como recomenda as intervenções e ou adaptações necessárias, seja no ambiente de trabalho, mobiliário, máquinas, equipamentos e ferramentas, ou nos processos de trabalho, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, além de preservar a saúde do trabalhador, em especial, o acometi- mento das LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Ósteosmusculares Relacionados ao Trabalho). Os riscos dos ambientes de trabalho são avaliados de forma qualitativa, procedendo-se em seguida, o enquadramento de acordo com os dispositivos legais. O laudo ergonômico deve ser realizado por equipe de especialistas em estudos ergonômicos e riscos ambientais à saúde, produzindo material descrito das operações, dos ambientes, dos equipamentos utilizados, que permitirá elaborar considerações e recomendações a respeito dos métodos e da organização do trabalho com relação às atividades inerentes à administração. O responsável pelo laudo é a pessoa que tem a habilitação para a função, ou seja, o engenheiro de segurança do trabalho, o profissional “legalmente habilitado” na área de segurança do trabalho e devidamente credenciado junto ao CREA (Conselho Regional de Engenharia). O laudo ergonômico deverá ser realizado sempre que necessário, observando o seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades. Deve, ainda, ser refeito se houver modificações no posto, 15 no trabalho ou no usuário. Ele, por fim, deve ser guardado por um período mínimo de vinte (vinte) anos. A Norma Regulamentadora – NR-17 – Ergonomia (Lei no 6514/77 – Portaria no 3751/90) estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todas as empresas que admitam empregados que estejam expostos a riscos ergonômicos. O laudo ergonômico de uma estação de trabalho deve ser direcionado à análise global do posto de trabalho, sempre levando em consideração o psicobiofísico do seu operador. Ele deve ser elaborado por posto de trabalho individual, levando em consideração a empresa como um todo. Nada deve ser analisado de forma segmentada. Conforme a NR 17, o objetivo do laudo ergonômico é estabelecer parâmetros para a adaptação das condições de trabalho as características psicofisiológicas dos trabalhadores. Existem três tipos de laudos ergonômicos: a) Laudo ergonômico do objeto; b) Laudo ergonômico do posto de trabalho; c) Laudo ergonômico funcional. O laudo ergonômico denominado “consciente” deve ser realizado com estudos visando os três tipos de laudos mencionados anteriormente, para que se tenha uma real avaliaçãoergonômica do posto de trabalho. O desenvolvimento de um laudo ergonômico consta de: a) Estudo detalhado dos processos utilizados no desenvolvimento das atividades; b) Avaliações qualitativa e quantitativa dos riscos ergonômicos; c) Avaliação do mobiliário e equipamentos frente às atividades (hora x homem x trabalho); d) Aferição e análise das condições ambientais dos locais de trabalho; e) Aferição e análise do psicobiofísico do operador; f) Recomendações técnicas para melhoria das condições de trabalho; g) Implantação de medidas de controle; h) Treinamentos e cursos sobre ergonomia. 16 6. REFERÊNCIAS ABRAHÃO, Júlia Issy. Ergonomia; Modelo, Métodos e Técnicas. In: II CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE ERGONOMIA E 6. SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ERGONOMIA. Anais... Florianópolis, 1993. ABRAHÃO, Júlia Issy. 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