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II. Estudos de CoorteAna Carolina Jordão – 2018.1 É um dos estudos observacionais analíticos mais nobre, pois consegue calcular a incidência da doença. O estudo de coorte é um dos principais tipos de estudos observacionais analíticos. Nesse tipo de desenho a população é acompanhada por um período de tempo para determinar a ocorrência do desfecho em cada um dos grupos de exposição. Portanto, na amostra do estudo todos devem estar livres do desfecho sob investigação, já que o objetivo do estudo é a analisar o fator de exposição como um fator de risco, de proteção ou sem associação. Os indivíduos são selecionados para o estudo com base na presença (expostos) ou ausência (não expostos) de exposição. Exemplo I: num estudo onde se quer analisar a relação da atividade física com a hipertensão, não deve haver pessoas hipertensas na amostra observada. *Estudos de sobrevida: dois grupos de exposição são observados até ocorrer o desfecho “óbito” para caracterizar o tempo de sobrevida. Tipos de Estudo de Coorte · Prospectivo: são analisados dados do tempo presente até o futuro. É mais caro e demanda muito mais logística comparado aos estudos retrospectivos; · Retrospectivo: são analisados registros existentes no passado até os dias atuais. Normalmente esses registros são os prontuários hospitalares. Ou seja, são analisados exposições e desfecho do passado. O problema dos estudos de coorte retrospectivos é que a classificação da exposição pode ter mudado. No estudo de coorte é importante pensar na pergunta que se quer responder, no delineamento do estudo. Risco Relativo ou Razão de Riscos (RR) Medida do tipo razão que relaciona a incidência do desfecho nos expostos com a incidência do desfecho nos não expostos. Estima a magnitude de uma associação entre exposição e desfecho e indica a probabilidade de desenvolvimento de desfecho entre o grupo exposto em relação ao grupo não exposto. · RR > 1: incidência em expostos > incidência em não expostos – FATOR DE RISCO · RR = 1: incidência em expostos = incidência em não expostos – NÃO ASSOCIAÇÃO · RR < 1: incidência em expostos < incidência em não expostos – FATOR DE PROTEÇÃO Exemplo II: Devido à alta frequência de episódios de diarreia em uma creche comunitária, um estudo foi realizado no sentido de avaliar o risco de episódio de diarreia em crianças com idades entre 2 e 4 anos em relação a diversos fatores, sendo que a renda média familiar apresentou os seguintes resultados. O risco de apresentar a diarreia é 2 vezes maior nas crianças pertencentes a família com renda média menor que 2 salários mínimos. Exemplo III: Um estudo de coorte analisou o uso de sabonete íntimo com a ocorrência de infecção urinária (IU). Entre 2390 mulheres (16 a 49 anos) sem IU no início do estudo, 482 eram usuárias de sabonete íntimo e 1908 não. Após o período de acompanhamento, 27 mulheres usuárias do sabonete íntimo e 77 do grupo de não usuárias haviam desenvolvido IU. O risco de a IU é 1,4 vezes maior nas mulheres usuárias de sabonete íntimo. Entendendo o RR < 1 Numa coorte de NV desejamos saber se aleitamento materno exclusivo está associado a diarreia nos primeiros 3 meses de vida. Quantas vezes o risco de diarreia é maior entre os bebês amamentados exclusivamente com leite materno? O risco de diarreia entre bebês amamentados exclusivamente é 0,2 vezes maior do que para os bebês não amamentados. O risco relativo (RR) estimado para diarreia entre os expostos ao aleitamento materno exclusivo é igual a 0,2 em relação aos não expostos. Um RR=0,2 indica que o risco entre os expostos é menor do que entre os não expostos. Então, pode-se dizer que o aleitamento exclusivo é um fator de proteção para diarreia. Aleitar exclusivamente no peito diminui o risco de desenvolver diarreia em 5x (1/RR) ou em 80% (1 – RR), quando comparado aos que não o fazem. Vantagens · Apresenta sequência temporal entre exposição e desfecho; · Exposição precede desfecho (ausência de causalidade reversa); · Permite o cálculo direto das medidas de incidência entre expostos e não expostos. Desvantagens · Caros e de longa duração (prospectivos); · Possível viés de memória/registro (retrospectivos); · Difíceis de operacionalizar; · Sua validade pode ser afetada pelas perdas durante o seguimento; · Ineficiente para doenças raras.
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