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4_LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO

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(
Lei n
º
 
9.613/1998
 
–
 
Lavagem de Dinheiro
)
 (
DIREITO
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
PROF.ª AMANDA TAVARES BORGES
Contato: 
amanda.tavaresborges033@gmail.com
profa_amanda_tavares
www.linkedin.com/in/
Profa-amanda-tavares-pc2020
 
 
)
MATERIAL DE APOIO - LAVAGEM DE DINHEIRO (LAVAGEM DE CAPITAIS) 
Lei n. 9613/98
Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. 
 	
CAPÍTULO I
Dos Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
I a VIII - REVOGADOS
Pena: reclusão de três a dez anos e multa.
§ 1º  Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal:         (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
        I - os converte em ativos lícitos;
        II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
        III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.
§ 2º  Incorre, ainda, na mesma pena quem:   FORMAS EQUIPARADAS
 I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal;          (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
        II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei.
        
§ 3º A TENTATIVA é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal.
§ 4º  A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.           (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 5º  A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.             (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se a utilização da ação controlada e da infiltração de agentes.    (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
1. HISTÓRICO DA LEI 9613/98.
Tem sua origem na Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de drogas. Essa Convenção foi concluída em Viena, em 20/12/88. Essa Convenção é ratificada pelo decreto n.º 154, de 26/06/91.
Os Estados signatários perceberam que era difícil punir e identificar os traficantes em caso de tráfico internacional de drogas. Mas, o tráfico geral altas quantias, muito volume em dinheiro. E essa quantia não vai ficar parada, vai ser movimentada. Então, pelos valores movimentados pelo tráfico, consigo prender e localizar.
O projeto de lei foi realizado por Nelson Jobim, Assis Toledo, René Ariel Dotti.
A Lei n° 9.613/98, na redação original do art. 1°, elencava taxativamente os crimes que poderiam ser antecedentes à lavagem de dinheiro. 
Com a entrada em vigor da Lei nº 12.683/12, o caput do art. 1° passou a punir as condutas de ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal, sem especificação, revogando-se todos os incisos que se referiam às infrações antecedentes. 
2. A EXPRESSÃO LAVAGEM DE CAPITAIS (OU DE DINHEIRO):
Lavagem de dinheiro é o ato ou o conjunto de atos praticados por determinado agente com o objetivo de conferir aparência lícita a bens, direitos ou valores provenientes de uma infração penal.
Tem origem nos EUA (Money laundering) a partir de 1920. Os gângsteres da cidade de Chicago, na época da lei seca, começaram a usar lavanderias para movimentar o dinheiro sujo. Daí o nome.
Em alguns países da Europa, se utiliza a expressão branqueamento de capitais (Portugal/Espanha). Na Itália usa-se reciclagem.
3. CONCEITO DE LAVAGEM DE CAPITAIS NO BRASIL:
Por meio da lavagem de capitais, bens, direitos e valores obtidos com a prática dos crimes antecedentes do art. 1º da lei 9613/98, são integrados ao sistema econômico financeiro, com a aparência de terem sido obtidos de maneira lícita. Ex.: locadora de filmes, cinemas. É difícil demonstrar quanto eles realmente ganham.
Vale ressaltar que o dispositivo fala em infração penal. 
Infração Penal = Crime ou Contravenção Penal.
CRIME: de acordo com o art. 1º da Lei de introdução ao Código Penal, considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. Os crimes estão previstos no Código Penal e nas Legislações Especiais (como a Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas)
CONTRAVENÇÃO: de acordo com o art. 1º da Lei de introdução ao Código Penal, 2º parte, considera-se contravenção a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. As contravenções penais estão tipificadas na Lei das Contravenções Penais (Decreto- Lei nº 3.688/41).
QUESTÃO: O depósito de um único cheque configura lavagem?
R.: Sim. Para o STF, não é necessária uma complexidade de operações, tampouco um vulto assustador de quantias envolvidas. Logo, o depósito de um único cheque já é suficiente para configurar a lavagem. 
4. GERAÇÃO DE LEIS DE LAVAGEM DE CAPITAIS 
A Lei 12.683/12 promoveu várias mudanças na Lei 9.613/98 para incorporar ao ordenamento recomendações internacionais acerca do assunto. São as principais:
	
Supressão do rol taxativo de crimes antecedentes (agora, qualquer infração penal pode configurar antecedente).
	
Fortalecimento do controle administrativo sobre setores sensíveis à reciclagem de capitais.
	Ampliação das medidas cautelares patrimoniais incidentes sobre a lavagem e sobre as infrações
antecedentes, além da regulamentação da alienação antecipada.
De acordo com o professor Renato Brasileiro (Legislação Criminal Especial – 2015) elenca-se três gerações de leis de lavagem de capitais.
1ª geração: As primeiras leis que incriminaram a lavagem de capitais traziam apenas o tráfico ilícito de drogas como crime antecedente, razão pela qual ficaram conhecidas como legislação de primeira geração.
2ª geração: Há uma AMPLIAÇÃO no rol de crimes antecedentes, porém este rol é taxativo (“numerus clausus”). É o que ocorria com a lei brasileira até o advento da lei 12.638/2012. A lei brasileira de lavagens, portanto, abandonou o critério do rol taxativo dos crimes antecedentes com o advento da referida lei.
3ª geração: Considera que QUALQUER crime pode figurar como delito antecedente da lavagem de capitais. Este sistema é adotado na França somente com relação a qualquer crime grave. Já na Argentina qualquer crime pode figurar como infração precedente. O Brasil, com o advento da lei 12.638/2012 passou a se enquadrar como lei de 3ª geração, adotando o sistema Argentino, pois, inclusive contravenções penais podem figurar como infração penal antecedente do crime de lavagem de capitais.
Na figura do caput do artigo 1º da lei 9613/98, parte-se do pressuposto da existência da infração penal antecedente, sendo o delito de lavagem acessório. O rol taxativo do artigo 1º da lei 9.613/98 foi revogado pela lei 12.683/2012.
Um dos grandes defeitos das leis de segunda geração dava-se pelo fato da dificuldade de se demonstrar que o autor recebeu um dinheiro proveniente de algum dos crimesantecedentes descritos no rol taxativo. As leis de lavagem de terceira geração não enfrentam este problema, pois é muito mais fácil condenar o acusado, demonstrando que o acusado sabia que o dinheiro era “sujo” (proveniente de origem ilícita), sem necessidade de provar que ele sabia a origem do capital.
ATENÇÃO: Para o STF não há necessidade de um vulto assustador de quantias envolvidas, nem tão pouco de complexidade de operações para se configurar o crime de lavagem de capitais.
Renato critica o fato de a Lei 12.683/12 permitir que toda infração penal possa configurar
antecedente sem se analisar a gravidade: pode ocorrer de a lavagem ser punida muito mais
severamente do que uma contravenção que seja antecedente, o que violaria a proporcionalidade.
5. FASES DA LAVAGEM DE CAPITAIS
Vamos trabalhar com as fases de acordo com o GAFI (grupo de ação financeira sobre lavagem de dinheiro). Criado pelos países ricos.
1ª fase: colocação (placement) – consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro, dificultando a identificação da procedência dos valores. (É a fase do delito cuja descoberta é mais fácil). 
* SMURFING: técnica de fracionamento de grandes quantias em pequenos valores (o nome vem do desenho animado mesmo).
A lei de lavagem quer impor ao sistema financeiro alguns procedimentos para facilitar a identificação dos criminosos. Ex.: art. 10 da lei. Há uma portaria do Bacen que fala que se você faz uma movimentação financeira acima de 10 mil reais, o banco tem que verificar isso. Ele gera uma comunicação ao COAFI. Para evitar isso, os bandidos usam o SMURFING: vai depositando pequenos valores em dias distintos.
*Utilização de estabelecimentos comerciais que trabalham com dinheiro em espécie. Ex.: Cinemas que exibem filmes pornográficos, doleiros.
2ª fase: dissimulação (layering – significa colocar em camadas): nessa fase é realizada uma série de negócios ou movimentações financeiras a fim de impedir o rastreamento e encobrir a origem ilícita de valores.
 Aqui entra o sistema bancário: faço várias movimentações financeiras para dificultar a identificação da origem.
3ª fase: integração (integration): nessa fase, já com aparência lícita, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, geralmente por meio de investimentos no mercado mobiliário ou imobiliário. É a fase que o dinheiro volta.
Os valores retornam na forma de investimentos, seja em uma atividade lícita, seja em uma atividade ilícita.
Para que o delito de lavagem esteja consumado, não precisa do preenchimento destas três fases. Quando as três fases ocorrerem, é o crime de lavagem perfeito. (RHC 80.816/SP – Máfia dos fiscais: o depósito de um cheque está na fase de colocação. Eles foram presos na fase de colocação).
6. BEM JURÍDICO TUTELADO: 
Há quatro correntes na doutrina:
a) Mesmo bem jurídico tutelado pela infração penal antecedente. Ex.: a lavagem do dinheiro
obtido com o tráfico de drogas afetaria a saúde pública (bem jurídico tutelado). Caracteriza
bis in idem: a punição pela lavagem estaria fundada na afetação do mesmo bem já lesionado. Posição minoritária
b) Administração da justiça. A lavagem torna difícil a recuperação do produto direto ou
indireto da infração antecedente, dificultando a ação da justiça. 
c) Ordem econômico-financeira. A lavagem afeta o equilíbrio do mercado, a livre concorrência, as relações de consumo. É um elemento de desestabilização econômica. As
empresas de fachada podem subsidiar os produtos da empresa a preços inferiores ao custo
do próprio produtor (vantagem competitiva indevida). Posição majoritária.
d) Ofende dois bens jurídicos: o sistema econômico-financeiro e o bem jurídico tutelado pelo crime antecedente. Pluriofensividade. A lavagem ofende vários bens jurídicos. Posição de Alberto Silva Franco.
Para a doutrina, se o bem jurídico é a ordem econômico-financeira, é cabível a aplicação do princípio da insignificância, condicionada a quatro pressupostos:
a) mínima ofensividade da conduta.
b) ausência de periculosidade social da ação.
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Ainda em se analisando sob o prisma da Insignificância, Renato Brasileiro sugere como parâmetro o mesmo critério utilizado para os crimes contra a ordem tributária, já que tais delitos também são infrações contra a ordem econômico-financeira (R$ 10.000 para o STJ; R$ 20.000 para o STF).
7. SUJEITOS DO CRIME
· Sujeito passivo: Estado.
· Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa, inclusive aquele que concorreu para o delito antecedente.
 	
8. TIPO OBJETIVO
OCULTAR: significa esconder a coisa dissimulando a posse.
DISSIMULAR: significa disfarçar, ou seja, o agente visa garantir a ocultação. Dissimulação é a ocultação com fraude.
O verbo ocultar é exemplo de um crime permanente (crime cuja consumação se protrai no tempo).
Se A é ex prefeito de uma metrópole do Brasil (entre 94 e 96), se apropriou ilicitamente de dinheiro da prefeitura efetuando o depósito desse valor em 96. Se em 2000 essa conta foi descoberta, é possível a punição?
R.: O depósito foi efetuado em 96, mas se foi mantido ao longo dos anos e entrou em vigor a lei de lavagem, posso ser punido. Caso os depósitos tenham sido efetuados antes da vigência da lei (caso Maluf) responderá normalmente pelo delito se essa ocultação se protrai no tempo (04/03/98). Caso julgado no TRF da 3ª região. Súmula 711 do STF.
O crime de lavagem é crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. Princípio da alternatividade: nos crimes de ação múltipla ou conteúdo variado responderá por crime único o agente que praticar mais de uma conduta dentro do mesmo contexto fático.
A lavagem é exemplo de crime diferido ou remetido porque depende da prática do crime antecedente.
Natureza do crime de lavagem: material ou formal? O caput do art. 1º é crime material, e o §1º é crime formal (isso é o ideal). Mas, a doutrina majoritária entende que é formal nos dois casos (adotar essa para concurso).
Crime de lavagem é congruente ou incongruente? 
Tipo congruente ou congruente simétrico: há uma perfeita adequação entre os elementos objetivos e subjetivos do tipo penal. 
O tipo objetivo é idêntico ao tipo subjetivo. Ex.: homicídio. Tipo objetivo: matar alguém. Tipo subjetivo: querer matar alguém.
Tipo incongruente: não há uma perfeita adequação, sendo que o tipo subjetivo é acrescido de um dolo específico (ou especial fim de agir). 
Tipo incongruente é também conhecido como congruente assimétrico. Ex.: comparação entre crime de sequestro ou cárcere privado (art. 148 do CP) e extorsão mediante sequestro (art. 159). O art. 159 tem especial fim de agir, isso é crime incongruente. 
Na lei de drogas, o art. 33 é tráfico e o 28 é porte para consumo pessoal. O tráfico é congruente e o porte para consumo pessoal é incongruente. 
Na lei de lavagem, o art. 1º, caput é exemplo de tipo congruente. Enquanto que o §1º é exemplo de tipo incongruente.
9. TIPO SUBJETIVO
No Brasil, o crime de lavagem somente é punido a título de dolo. Em alguns países (Alemanha, Luxemburgo e Espanha) a conduta culposa também é punida.
Importante frisar que no crime de “lavagem de dinheiro” NÃO se admite a forma culposa (por imperícia, imprudência e/ou negligência).
Por mais que não se admita a forma culposa, considera-se desnecessária a existência de um conhecimento exato, preciso ou detalhado sobre a procedência criminosa dos bens, capitais ou valores, sendo que se conforma com um mero conhecimento superficial ou vago, sobre a origem delitiva do bem.
O erro versando sobre o elemento fático, como o erro de tipo, opera a exclusão do dolo (art. 20, caput, do CP).
O delito de lavagem é punido a título de dolo direto e eventual? Alguns doutrinadores defendem que a lavagem seria punida, apenas, a título de dolo direto. Mas, quando a lei não disser nada (ex.: homicídio) são punidos os dois (dolo direto e eventual). Quando não quer punir o eventual, o legislador o faz de forma expressa. Ex.: art. 339 do CP só pune o dolo direto (expressãoque o sabe). Art. 180 do CP: a lei também limita ao dolo direto (coisa que sabe ser produto de crime). 
Portanto, em relação ao delito de lavagem se pune: 
- Art. 1º, caput: dolo direto e eventual.
- Art. 1º, §1º: dolo direto e eventual.
- Art. 1º, §2º: dolo direto.
Todas as condutas do art. 1º são puníveis tanto a título de dolo direto quanto a título de dolo eventual, salvo no caso do §2º em que as condutas somente são puníveis a título de dolo direto.
É indispensável que o agente tenha conhecimento de que os bens, direitos ou valores ocultados são provenientes dos crimes antecedentes. 
Essa é a grande dificuldade na prática, sendo o grande problema da lei. 
A maioria dos criminosos alegam que não sabiam que aquele dinheiro que investiram era produto dos crimes antecedentes. O exemplo mais comum é do doleiro.
- Admite-se o DOLO EVENTUAL. Ressalva: o tipo do art. 1º, §2º, II só comporta o dolo direto (incorre na mesma pena do crime de lavagem quem “participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei”).
É comum que o terceiro responsável pela lavagem procure, deliberadamente, evitar a consciência quanto à origem ilícita dos valores por ele mascarados. Isto porque se o agente desconhece a procedência ilícita dos bens, falta o dolo de lavagem. A esses casos aplica-se a TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA (willful blindness), também conhecida como DOUTRINA DAS INSTRUÇÕES DA AVESTRUZ (ostrich instructions) ou da EVITAÇÃO DA CONSCIÊNCIA (conscious avoidance doctrine): quando o agente deliberadamente evita a consciência quanto à origem ilícita dos bens, assume o risco de produzir o resultado, respondendo por lavagem de capitais a título de dolo eventual. 
Essa teoria tem origem nos EUA e também é conhecida como Teoria da avestruz ou Teoria das Instruções da Avestruz (wilfull blindness ou ostrich instructions). Surgiu para o tráfico e passou a ser adotada para todos os casos de lavagem. Isso porque, nos casos de lavagem, os lavadores profissionais deliberadamente evitam tomar conhecimento da origem, para depois falar no processo que não sabia de nada.
EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA: Caso do Bacen em Fortaleza. Dois empresários venderam os veículos para os autores da infração. Valor altíssimo pago em dinheiro. O juiz Danilo Fontinelli Sampaio utilizou essa teoria para condenar os 2 empresários por lavagem por receberem 980 mil reais em notas de 50 reais em sacos de nylon pela compra de 11 veículos de uma só vez (164 milhões, 755 mil e 150 reais foram subtraídos). Sendo que 250 mil reais ficaram de crédito na concessionária. A lei de lavagem obriga os donos da empresa a comunicar uma operação suspeita. Crime praticado por organização criminosa foi o crime antecedente.
A consumação do crime de lavagem é controversa na doutrina. Problema: a Lei 12.683/12 extinguiu o rol de crimes que podiam ser infrações antecedentes (agora, qualquer infração pode ser
antecedente). E se o agente cometeu uma infração antecedente que não estava no rol antes da Lei12.683/12 (ex.: jogo do bicho), mas a ocultação ou dissimulação de valores se perpetuou na vigência da Lei 12.683/12? A tipificação do crime de lavagem depende de sua natureza jurídica, e sobre isso há duas correntes:
10. OBJETO MATERIAL
Não se confunde com bem jurídico. No crime de lavagem, o objeto material são os bens, direitos ou valores provenientes direta ou indiretamente dos crimes antecedentes definidos no art. 1º.
Produto direto de crime (producta sceleris): é o resultado imediato do delito. Ex.: Na corrupção passiva, a vantagem recebida. No tráfico de drogas, o dinheiro da venda.
Produto indireto ou proveito do crime (fructus sceleris): é o resultado mediato do crime, ou seja, é o proveito obtido pelo criminoso como resultado da utilização do produto direto do delito.
11. CRIMES ANTECEDENTES
Uma das principais novidades introduzidas pela Lei n. 12.683/12 encontra-se justamente neste tema específico, a saber, (o antigo rol de) infração penal antecedente.
Antes da modificação legislativa, o crime de lavagem de dinheiro estava vinculado a certas e determinadas infrações penais, segundo rol taxativo (ou “numerus clausus”). 
Ou seja: só haveria crime de lavagem de capitais se todo esse processo de mutação financeira ocorresse tendo como objeto o produto de certos crimes (antecedentes), a saber: 
I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; 
II – de terrorismo e seu financiamento; 
III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção; 
IV - de extorsão mediante seqüestro; 
V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos; 
VI - contra o sistema financeiro nacional; 
VII - praticado por organização criminosa; 
VIII – praticado por particular contra a administração pública estrangeira.
Com o advento da Lei n. 12.683/12, não há mais restrição quanto ao rol (antes taxativo) de crimes precedentes e necessários à discussão sobre a lavagem de capital. Em verdade, não há sequer rol de crimes antecedentes (agora).
A nova legislação sobre o tema alargou por completo o âmbito de reconhecimento (ou esfera de tipificação) da lavagem, que poderá ocorrer (em tese) diante de qualquer “infração penal”. 
Vale lembrar, neste particular, que “infração penal” é gênero do qual são espécies o crime e a contravenção penal. Assim, será possível, por exemplo, responsabilizar alguém por lavagem de dinheiro tendo como infração penal antecedente o jogo do bicho (contravenções penais), crimes ambientais, crimes contra a ordem tributária, etc.
12. TENTATIVA
 3º A TENTATIVA É PUNIDA NOS TERMOS DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 14 DO CÓDIGO PENAL.
- É possível a tentativa de lavagem, pois o agente pode, por exemplo, ser interrompido antes de completar a conduta ligada à primeira fase (colocação). O crime estará consumado quando houver o primeiro ato de mascaramento dos valores ilícitos.
13. HABITUALIDADE (ART. 1º, §4º DA LEI)
Diante do art. 1º, §4º da lei, conclui-se que o crime de lavagem não é um crime habitual. A habitualidade não é uma elementar do crime de lavagem.
Não confundir crime habitual com a chamada habitualidade criminosa. São conceitos distintos. 
No crime habitual, a prática de um ato isolado não gera tipicidade, ou seja, exige-se do agente a prática reiterada da conduta a fim de restar caracterizado o delito. Ex.: art. 282 é crime habitual (exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica). 
Habitualidade criminosa é sinônima de reiteração criminosa ou de criminoso habitual.
Na habitualidade criminosa há pluralidade de crimes, sendo a habitualidade uma característica do agente e não da infração penal. Na habitualidade criminosa tem-se uma sequência de atos típicos que demonstram o estilo de vida do autor.
Art. 1º, §4º: não é necessária uma homogeneidade de circunstâncias de tempo, lugar e modus operandi para a incidência da causa de aumento de pena do art. 1º, §4º (STJ HC 19.902).
14. DELAÇÃO PREMIADA
§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou
semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por
pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com
as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à
identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou
valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
O §5º traz a COLABORAÇÃO PREMIADA. Para ser beneficiado, o colaborador deve prestar
esclarecimentos que conduzam à APURAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS, à IDENTIFICAÇÃO DOS
DEMAIS COAUTORES E PARTÍCIPES ou à LOCALIZAÇÃO DOS BENS, DIREITOS OU VALORES objetos do crime. Como o legislador utilizou a partícula “ou”, os3 objetivos são alternativos, e não
cumulativos.
A colaboração pode ser celebrada A QUALQUER TEMPO (fase investigatória e fase judicial).
Três benefícios podem ser concedidos ao colaborador:
O procedimento, regulamentação e definição da COLEBORAÇÃO PREMIADA é definido pela Lei 12.850/2013 (Organização Criminosa), recentemente alterado pela Lei 13.964/2019 – pacote anticrime, e será objeto de estudo na Lei de Organizações Criminosas.
15. PROCEDIMENTO
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
Art. 2º - O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:
I - obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos com reclusão, da competência do juiz singular;
II - independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e julgamento; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
III - são da competência da Justiça Federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas;
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
O crime de lavagem continua sujeito ao PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO, não pelo fato de ser punido com reclusão (como diz o legislador no inciso I), mas por possuir sanção máxima cominada superior a 4 anos (3 a 10 anos e multa).
O crime de lavagem é de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
O inciso II frisa a autonomia relativa do processo: O PROCESSO POR LAVAGEM NÃO PRECISA TRAMITAR OBRIGATORIAMENTE EM CONJUNTO COM O PROCESSO DA INFRAÇÃO ANTECEDENTE.
Para decidir sobre a necessidade de unificação dos feitos, deve-se analisar o caso concreto (STJ, HC59.663/SP). Ex.: se a infração antecedente é praticada fora do país, é óbvio que o processo será separado. Em outros casos, é melhor reunir as ações penais para se evitar decisões contraditórias, reconhecendo-se uma conexão instrumental ou probatória, na medida em que a prova da Infração antecedente influi na prova da lavagem (art. 76, III do CPP). Tudo depende do caso concreto.
* Apenas as questões prejudiciais heterogêneas (outro ramo do direito) autorizam o sobrestamento.
- No caso de julgamento separado, é possível que a lavagem seja julgada antes da infração
antecedente e que as decisões sejam contraditórias (condenação pela lavagem e posterior absolvição pela infração antecedente). Nesse caso, diante da acessoriedade limitada da lavagem (a infração antecedente deve ser típica e ilícita), deve-se ajuizar revisão criminal ou HC, objetivando o
trancamento do processo referente à lavagem. Tudo isso para atender ao PRINCÍPIO DO DUPLO
INJUSTO.
16. AUTONOMIA DO PROCESSO
De acordo com o art. 2º, II, o processo e julgamento dos crimes de lavagem independe do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos na Lei de Lavagem a decisão sobre a unidade de processo e julgamento. A Lei consagrou a AUTONOMIA DO CRIME DE LAVAGEM.
Renato Brasileiro ressalva: na verdade, não há uma total e absoluta independência. Isto porque a tipificação da lavagem está atrelada à prática da infração penal antecedente que produza o dinheiro, bem ou valor, que será objeto de ocultação. A “INFRAÇÃO PENAL” é uma elementar do crime de lavagem, existindo uma relação de ACESSORIEDADE OBJETIVA entre as infrações.
Portanto, A AUSÊNCIA DE INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE AFASTA A TIPICIDADE DA LAVAGEM. POR OUTRO LADO, A CONDENAÇÃO PELA INFRAÇÃO ANTECEDENTE NÃO É PRESSUPOSTO PARA A CONDENAÇÃO PELA LAVAGEM.
Para o STJ (HC 36.837/GO), não há que se falar em manifesta atipicidade da conduta
correspondente ao crime de lavagem ao argumento de que o agente não foi igualmente condenado
pela prática de algum crime anterior, sendo inexigível que o autor do crime acessório tenha
concorrido para a prática do crime principal, desde eu tenha conhecimento quanto à origem
criminosa dos bens ou valores.
QUESTÃO: E se a lavagem for praticada fora do país, pode ser julgada no Brasil?
R.: Sim. Mesmo que o delito de lavagem de capitais fosse praticado em outro país, também estaria sujeito à lei estrangeira (extraterritorialidade condicionada da lei penal brasileira – art. 7º, II do CP), na medida em que tal crime está previsto em tratado ou convenção internacional. Lembrar a necessidade do implemento das condições previstas no CP.
- Vale ressaltar que o crime de lavagem praticado no estrangeiro também pode se sujeitar à lei
brasileira. Hipótese de extraterritorialidade condicionada: crimes que, por tratado ou convenção, o
Brasil se obrigou a reprimir (art. 7º, II, a do CP).
- A autoridade da coisa julgada de uma sentença absolutória pela infração antecedente impede o
processo pelo crime de lavagem nas seguintes situações:
17. COMPETÊNCIA CRIMINAL
Art. 109, VI da CF: Crime de lavagem é crime contra a ordem econômico-financeira. Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira somente serão de competência da JF quando a lei assim o determinar. Não cair na pegadinha de prova de achar que todos eles iriam para a JF.
Logo, tenho que olhar a lei. 
Diante do art. 2º, III, conclui-se: em regra, compete à justiça estadual o processo e julgamento do crime de lavagem de capitais. 
A competência será da JF, somente nas seguintes hipóteses:
a) Quando o crime for praticado contra o sistema financeiro (lavei capitais usando o sistema financeiro) ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, das suas empresas públicas ou autarquias federais.
b) Quando o crime antecedente for de competência da JF.
Ex.1: Ex-prefeito de São Paulo (Maluf) que se apropriou de dinheiro de obras públicas. Pega esse dinheiro e, para ocultar, manda para o exterior. Aí ele pratica lavagem e evasão de divisas (crime contra o sistema financeiro). Quem julga é a JF.
Ex.2: PCC pega o dinheiro do tráfico feito em SP e lava o dinheiro no comércio local. A competência é da JE. 	STJ CC96.678 e HC 11.462.
 Há, ainda, uma outra hipótese de competência da Justiça Federal que se depreende do art. 109, V, da CF/88: 
QUANDO A LAVAGEM FOR PRATICADA ALÉM DO TERRITÓRIO NACIONAL E HOUVER TRATADO OU CONVENÇÃO INTERNACIONAL FIRMADO PELO BRASIL NO QUAL O ESTADO BRASILEIRO SE COMPROMETE A REPRIMIR A INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE.
Diversas varas no âmbito da Justiça Federal foram especializadas no combate de crimes contra o sistema econômico-financeiro (Resolução 314 do CNJ/2003). Não há violação do princípio do juiz natural, já que a própria CF/88 assegura ao Poder Judiciário autonomia administrativa e financeira, podendo proceder à sua auto-organização administrativa (art. 96). 
O Poder Judiciário não depende de lei para especializar suas varas (se assim fosse, estaria subordinado ao Poder Legislativo, o queviolaria a separação de poderes). Há, contudo, uma ressalva: as portarias e resoluções expedidas pelos TRFs não podem alterar a competência territorial do art. 70 do CPP.
Portanto, às varas especializadas não pode ser conferida competência territorial mais ampla do que a subseção judiciária a que pertencem. 
A propósito, a súmula 206 do STJ: a existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a competência territorial resultante das leis de processo.
18. CRIAÇÃO DE VARAS ESPECIALIZADAS PARA O JULGAMENTO DO CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS
Resolução 314/2003 do CJF (Conselho da Justiça Federal): determinava que os TRF`s deveriam especializar varas no combate à lavagem de capitais. Isso porque o TRF verificou que os juízes não tinham experiência com crimes de lavagem.
Varas especializadas (livro de lavagem de capitais do Fausto de Sanchez):
	 1ª região: 2ª vara de Salvador, 10ª vara do DF, 11ª de Goiânia, 1ª Vara de São Luiz, 4ª Vara de BH, 4ª Vara de Belém.
	 2ª região: 2ª, 3ª 5ª e 7ª Varas do RJ e a 5ª Vara federal de Vitória.3ª região (MS e SP): 2ª e 6ª Vara federal de SP, 1ª vara de Campinas, 4ª Vara de Ribeirão Preto e 3ª Vara de Campo Grande.
	 4ª região (RS, SC, PR): 1ª Vara de Porto Alegre, e uma vara (não sei qual) em Florianópolis e 2ª e 3ª varas de Curitiba.
	 5ª região (NE): 11ª vara de Fortaleza e 4ª Vara de Recife.
Em SP, o provimento de n.º 238/04 foi que especializou a 2ª e 6ª varas federais – crimes contra o sistema financeiro e crimes de lavagem de capitais. 
O problema foi que o provimento mandou que os processos que já haviam sido distribuídos, deveriam ser redistribuídos para as varas especializadas, salvo se já estivessem com a instrução encerrada. 
Aí surgem dois questionamentos:
1 – Tribunal pode especializar vara? Tem previsão legal para isso?
R.: Existe previsão legal para a especialização de varas federais (art. 12 da lei 5010/66 – lei que organiza a JF). Além disso, a própria CR assegura ao Poder Judiciário autonomia administrativa e financeira, podendo proceder à sua auto-organização administrativa. Apesar do art. 12 dizer que o Conselho da JF pode especializar varas, diante da CR/88 tal atribuição passou a ser dos próprios TRF`s.
2 – Essa redistribuição não viola o princípio do juiz natural?
R.: Quanto à redistribuição dos processos que estavam em andamento nas demais varas às varas especializadas, entendeu o STJ não ser possível a aplicação da regra da perpetuação da jurisdição prevista no art. 87 do CPC, na medida em que teria ocorrido uma alteração da competência em razão da matéria. O art. 87 é aplicada subsidiariamente. STJ CC 57.838 e Res 628.5(6)73. 
Posição do STF: HC 86.660: para o STF, a resolução n.º 314 do CJF é inconstitucional, pois o Conselho teria extrapolado suas atribuições ao definir competências de órgãos jurisdicionais, o que, no entanto não contaminou as resoluções e provimentos dos TRF`s. STF entendeu que a definição de competência (o tema organização judiciária) não está restrito ao campo de incidência exclusiva da lei, uma vez que depende da integração de critérios estabelecidos na CR, nas leis e nos regimentos internos dos tribunais. HC 85.060.
19. REQUISITOS DA DENÚNCIA:
§1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
O dispositivo refere-se à JUSTA CAUSA DUPLICADA: deve haver lastro mínimo probatório quanto à LAVAGEM e quanto à INFRAÇÃO ANTECEDENTE. Atenção: a justa causa duplicada necessária para o oferecimento de denúncia em relação ao crime de lavagem exige a presença de indícios suficientes tão somente quanto à existência da infração antecedente, sendo dispensáveis quaisquer elementos de informação relacionados à autoria de tal infração.
Não é necessário descrever pormenorizadamente a conduta delituosa relativa à infração antecedente, que pode inclusive ser objeto de outro processo, mas é indispensável ao menos a sua descrição resumida. 
Nesse sentido, o STJ (HC 207.936/MG) entende que para a configuração do delito de lavagem de dinheiro não há necessidade de prova cabal do crime anterior, mas apenas a demonstração de indícios suficientes de sua existência.
20. SUSPENSÃO DO PROCESSO
§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal, devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
NÃO SE APLICA O ART. 366 DO CPP: “se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312”.
O legislador, na Exposição de Motivos, fundamentou a vedação: “trata-se de medida de política criminal diante da incompatibilidade material existente entre os objetivos desse novo diploma legal e a macrocriminalidade representada pela lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e
valores oriundos de crimes de especial gravidade. A suspensão do processo constituiria um prêmio
para os delinquentes astutos e afortunados e um obstáculo à descoberta de uma grande variedade
de ilícitos que se desenvolvem em parceria com a lavagem ou a ocultação” (item 63 da Exposição
de Motivos 692/MJ).
Renato Brasileiro sustenta a inconstitucionalidade do dispositivo: em prol de uma maior efetividade no combate à lavagem de capitais, não se pode desprezar a aplicação do preceito do art. 366, consectário lógico da garantia da ampla defesa (art. 5º, LV, CF/88). 
O próprio art. 366 possibilita que o juiz determine a produção antecipada de provas consideradas urgentes, além de estar autorizado a decretar sua prisão preventiva, desde que presente uma das hipóteses listadas no art. 312 do CPP. 
Além disso, ao juiz é deferido o poder de determinar a execução de medidas assecuratórias (art. 4º), salvaguardando, assim, a eficácia do processo principal. Defender essa posição para a Defensoria!
Súmula 415 do STJ: o período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.
QUESTÃO: Por quanto tempo a prescrição fica suspensa?
R.: Para o STF, a prescrição fica suspensa por prazo indeterminado. Em alguns tribunais estaduais havia um entendimento de que a prescrição ficaria suspensa pelo prazo máximo da prescrição pela pena cominada, mas isso não vingou no STF.
Juiz pode determinar a produção de provas consideradas urgentes e decretar a prisão preventiva desde que preenchidos seus pressupostos (art. 312).
Apesar do teor desse dispositivo, há uma segunda corrente que diz existir uma antinomia entre o art. 2º, §2º da lei 9613 e o art. 4º, §3º da lei 9613. Esse art. 4º, §3º diz que é cabível a aplicação do art. 366. A doutrina usa o princípio do FAVOR REI com o princípio da ampla defesa: diante da dúvida, deve prevalecer a interpretação mais favorável ao acusado. Isso não é para ser considerado em concurso.
21. LIBERDADE PROVISÓRIA NA LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS
Liberdade provisória é uma medida de contra-cautela que substitui a prisão em flagrante, desde que o indivíduo preencha determinados requisitos, podendo ou não ficar sujeito ao cumprimento de certas condições. Liberdade provisória é só para prisão em flagrante. Quem foi preso preventivamente ou temporariamente é caso de revogação ou cassação da prisão. Não errar isso.
Art. 3º da lei 9613/98: não seria cabível liberdade provisória, com ou sem fiança. Art. 5º, LXVI da CR.
QUESTÃO: Pode o legislador vedar a liberdade provisória?
Além desse dispositivo, vários outros também vedam a liberdade provisória (art. 31 da lei 7492/86; art.2º, II da lei 8072/90; Art. 7º da lei 9.034/95; art. 1º, §6º da lei 9455/97; art. 14, § único, art. 15 § único e art. 21, todos da lei 10.826/03 (declarados inconstitucionais pelo STF na ADI 3112); art. 44 da lei 11.343/06. 
R.: Posição doutrinária: parte da doutrina entende que não é dado ao legislador vedar de maneira absoluta a concessão da liberdade provisória. A uma porque tal vedação violaria o princípio da presunção de inocência, criando-se hipótese de prisão obrigatória àquele que foi preso em flagrante, a duas porque a prisão de qualquer indivíduo antes do trânsito em julgado de sentença condenatória depende de decisão fundamentada da autoridade judiciária competente. 
LFG, Eugenio Pacelli de Oliveira (muito bom nesse ponto de liberdade provisória).
Alteração da lei 8072/90 pela lei 11.464/07. A lei 8072/90 dizia que crimes hediondos e equiparados são insuscetíveis de: liberdade provisória com fiança, liberdade provisória sem fiança. 
A lei 11.464/07 excluiu da redação a liberdade provisória sem fiança. Aí, em tese, os crimes hediondos admitiriam a liberdade provisória sem fiança (art. 310, parágrafoúnico do CPP – inocorrência de qualquer hipótese que autoriza a prisão preventiva). 
Para a doutrina, portanto, se é cabível liberdade provisória sem fiança para crimes hediondos, o mesmo raciocínio deve ser aplicado às demais leis que vedam a liberdade provisória.
Para o STF, à exceção de algumas decisões do Ministro Celso de Mello, não é cabível liberdade provisória ao crime de tráfico de drogas. Se a CR diz que tais crimes são inafiançáveis, implicitamente teria vedado a concessão da liberdade provisória. (STF HC 93.302 e STJ HC 85.682).
22. RECURSO EM LIBERDADE
Art. 3º, parte final da lei 9613/98 diz textualmente que o juiz decidirá se o réu poderá apelar em liberdade. É o chamado recolhimento à prisão para apelar. O art. 594 do CPP também previa isso. Súmula 9 do STJ aceitava isso. Eis que surge o HC 88420 do STF (é um julgado histórico).
Entendeu o STF que, pelo fato de a convenção americana de direitos humanos assegurar o direito ao duplo grau de jurisdição, não poderia o legislador ordinário condicionar o recebimento da apelação ao recolhimento à prisão. Ver súmula 347 do STJ.
Atenção para a nova redação dos art.s 413, §3º, 387 parágrafo único e 492, I, “e” do CPP. Diante das alterações do entendimento jurisprudencial, e das leis 11.689 e 11.719, conclui-se que não é mais possível condicionar o conhecimento da apelação ao recolhimento do acusado à prisão. STF HC 83.868.
23. RECUPERAÇÃO DE ATIVOS E MEDIDAS CAUTELARES
Um dos principais objetivos da criminalização da lavagem de capitais é o ataque ao braço financeiro das organizações criminosas, pelos seguintes motivos:
· O confisco de bens e valores promove a asfixia econômica da organização criminosa.
· Insuficiência e ineficiência das penas privativas de liberdade. 
· Capacidade de controle das organizações criminosas do interior dos presídios.
· Rápida substituição dos administradores das organizações criminosas.
 Medidas cautelares previstas a partir do art. 4º da lei de lavagem (lei 9613/98):
a) Apreensão: trata-se de medida cautelar decretada com o objetivo de apreender coisas, objetos
e documentos de interesse para a instauração do processo. Regulada pelo art. 240 do CPP.
Se realizada no interior de um domicílio, depende de autorização judicial. Se for parado em uma blitz, a busca no veículo não depende de autorização judicial. Basta que a autoridade tenha algum indício contra você.
Tomar cuidado da apreensão de cartas da alínea f do art. 240 do CPP. O direito constitucional ao sigilo de correspondência não é absoluto.
Busca e apreensão em escritórios de advocacia: esse escritório do advogado é considerado um domicílio, por ser local onde é exercida atividade profissional.
Estabelecimento comercial: a parte que está aberta ao público não é considerada domicílio, mas do balcão para dentro é domicílio. Hotel: área comum não é domicílio, partes reservadas é domicílio.
Autoridades fazendárias precisam de mandado judicial para ingressar no meu estabelecimento comercial para verificação, por exemplo, de livros mercantis? Mesmo as autoridades fazendárias dependem de autorização judicial para ingressar no domicílio (lembrar que pode ser comércio).
Em relação a escritório de advocacia o mandado de busca e apreensão deve ser específico e pormenorizado a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo vedada a utilização de documentos e objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, salvo se tais clientes também estiverem sendo investigados como partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime que deu origem ao mandado. Art. 7º, II do Estatuto da OAB.
É necessário cientificar a OAB que o mandado será cumprido. A OAB indica um representante. Caso a OAB não indique esse representante, o mandado será cumprido mesmo assim.
O escritório do advogado no art. 7º, II da OAB pode ser sua casa, seu quarto. Se for cumprir mandado lá, deve ser cumprido durante o dia, com os requisitos acima citados.
Há uma certa divergência na doutrina sobre o que se entender como dia:
- Há quem entenda que dia é o período compreendido entre o nasce e o por do sol.
- Há quem entenda que é entre 06:00 às 18:00 horas.
O mandado de busca e apreensão deve ter início durante o dia. Porém, iniciado durante o período diurno, nada impede que se prolongue durante a noite.
b) Sequestro de bens e valores. É uma medida assecuratória, fundada no interesse público e antecipativa do perdimento de bens como efeito da condenação, no caso de bens que sejam produto do crime ou adquiridos pelo agente com a prática do fato delituoso (Vicente Greco Filho).
Art. 91, II, “b” do CPP: efeito da condenação. O sequestro é medida cautelar antecipando esse efeito da condenação.
Pode haver sequestro de bens imóveis e também de bens móveis se não for cabível a busca e apreensão. Art.s 125 e 132 do CPP. Se passa para o nome de laranja, basta demonstrar o vínculo que consigo o sequestro. Geralmente, para bens móveis faço a busca e apreensão.
Uma vez feito o sequestro (o ideal é que sejam feitas antes mesmo ou no momento da prisão, para que consiga encontrar os bens, sob pena de o acusado escamoteá-los), a ação penal deverá ser iniciada no prazo de 120 dias (art. 4º, §1º da lei de lavagem). No CPP, esse prazo não é de 120 dias, e sim de 60 dias.
Esses prazos não têm caráter absoluto, admitindo a jurisprudência sua prorrogação em virtude do princípio da proporcionalidade (tendo em vista o caso concreto).
c) Restituição de coisas apreendidas. (Curiosidade: no caso dos dólares na cueca foi feito o pedido de restituição dos dólares. STF negou por não haver prova da licitude dos valores).
Art. 4º, §2º da lei de lavagem: momento posterior à apreensão. 
Discussão na doutrina: esse dispositivo não estaria violando e invertendo a regra do ônus da prova? LFG: não, porque isso só ocorre no curso do processo. Se o indivíduo pretender a restituição dos objetos apreendidos ou sequestrados durante o curso do processo, não só deverá comparecer pessoalmente, como também comprovar a licitude quanto a sua origem. 
Caso, ao final do processo, o MP não comprove a ilicitude da origem dos bens, o acusado deverá ser absolvido, com a consequente restituição dos bens.
d) Arresto: é uma medida assecuratória fundada no interesse privado que tem por finalidade assegurar a reparação civil do dano causado pelo delito, em favor do ofendido ou de seus sucessores.
O arresto recai sobre qualquer bem que integre o patrimônio do acusado, desde que suficiente para garantir a futura recomposição patrimonial. Ex.: Homicídio. Não tenho bem litigioso para correr atrás, mas vou arrestar o patrimônio para garantir a reparação civil.
Regulado pelos art.s 136 e 144 do CPP.
QUESTÃO: Será que é cabível o arresto na lei de lavagem de capitais?
R.: O art. 4º da lei de lavagem fala apreensão ou sequestro. Não fala em arresto. Mas, remete a alguns artigos do CPP. Há duas interpretações sobre isso:
1ª corrente: Ao fazer menção à apreensão no art. 4º, quis o legislador se referir ao arresto, na medida em que faz menção aos artigos 125 a 144 do CPP. Logo, é cabível o arresto na lei de lavagem de capitais. (Willian Terra)
2ª corrente: Como o art. 4º dispõe que somente podem ser indisponibilizados bens, direitos ou valores suspeitos de guardar vinculação com a lavagem de capitais, seria inviável que essas medidas fossem adotadas em relação a patrimônio diverso, razão pela qual somente seria cabível o sequestro e não o arresto. (Pacceli e Questão de ordem no Inq. n.º 2248)
 	
ALIENAÇÃO ANTECIPADA: está prevista na lei de drogas. Consiste na venda antecipada de bens considerados instrumentos da infração penal ou daqueles que constituam proveito auferido pelo agente com a prática do delito, desde que haja risco de perda do valor econômico pelo decurso do tempo. Art. 61 da lei 11.343/06. Ex.: Avião, helicóptero.
Art. 62, caput da lei de drogas. Ex.: apreensão de automóveis importados na feira de automóveis de SP que entraram no país com indício de fraude ao fisco. Art. 62, §4º da lei 11.343/06: a PF tem muitos automóveis dessetipo utilizados em operações.
A alienação antecipada ocorre na medida em que a utilização do bem não interesse à polícia. Ex.: Um Jaguar não poderá ficar parado quatro anos, e não será utilizado pela polícia. 
Então, há alienação antecipada. Os valores da venda antecipada ficarão em conta de banco rendendo (§9º). Se no final do processo a pessoa é condenada, esses valores serão perdidos para o Estado. Se for absolvida, sacará o dinheiro referente ao bem alienado da conta.
Na lei de drogas é perfeitamente possível a alienação antecipada pois há previsão legal (art. 62, §§ 4º e SS). 
E na lei de lavagem de capitais? 
1ª corrente: O Prof. José Paulo Baltazar Junior admite. Mas a questão não é pacífica. 
2ª corrente: A lei de lavagem não tem dispositivo legal acerca da alienação antecipada. O que a lei prevê, na verdade, em seus art.s 5º e 6º é a nomeação de um administrador dos bens apreendidos ou sequestrados. Logo, não cabe alienação antecipada na lei de lavagem.
QUESTÃO: Cabe alienação antecipada na lavagem?
R.: Cabe somente se o crime antecedente for tráfico de drogas, com base na lei 11.343/06.
24. AÇÃO CONTROLADA E INFILTRAÇÃO DE AGENTES 
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se a utilização da ação controlada e da infiltração de agentes.    (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
A lei n. 13.964/19 (Pacote anticrime) fez a previsão, no §6º, da Ação Controlada e da Infiltração de Agentes, ambos regulamentados pela Lei das Organizações Criminosas (Lei 12.850/13) para apuração dos crimes de lavagem de dinheiro.
A Ação Controlada é um meio de prova descrito na Lei nº 12.850/13, que consiste em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. Basicamente o que ocorre é um retardamento da prisão em flagrante, ou seja, mesmo que a autoridade policial esteja diante da concretização do crime cometido por organização criminosa, aguarda o momento oportuno visando a obtenção de mais provas e informações para que, quando de fato ocorrer a prisão, seja possível atingir um maior número de envolvidos e, especialmente, atingir a liderança do crime organizado. Fundamentação: Artigos 3º, III, 8º e 9º da Lei nº 12.850/13.
A Infiltração de Agentes trata-se de um meio de prova previsto na Lei nº 12.850/13, que destina-se a garantir que agentes policiais, em tarefas de investigação, possam ingressar, lentamente, no âmbito da organização criminosa, como se integrantes fossem, mantendo identidade falsas, acompanhando as suas atividades e conhecendo sua estrutura, divisão da tarefas e hierarquia interna. Seus requisitos estão elencados no artigo 10 da lei em comento. Fundamentação: Artigos 3º, VII, 10 ao 14 da Lei nº 12.850/13.
25. O CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES FINANCEIRAS	
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão criado no âmbito do Ministério da Fazenda, foi instituído pela Lei 9.613, de 1998, e atua eminentemente na prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
“Art. 14 da Lei 9.613/19997: Fica criado, no âmbito do Ministério da Economia, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - Coaf, com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo das competências de outros órgãos e entidades. (Redação dada pela Medida Provisória nº 886, de 2019)”
É um órgão responsável por analisar transações financeiras suspeitas relacionadas a população brasileira. Somente no ano de 2018, o COAF investigou 370 mil pessoas físicas e empresas.
O volume representa alta de 10% em relação ao ano de 2017. Em parceria com o Ministério Público e autoridades policiais, o COAF conseguiu bloquear judicialmente cerca de R$ 36 milhões no Brasil e no exterior, relacionados a investigações sobre lavagem de dinheiro e outros crimes.
O COAF é responsável por ações de inteligência para prevenir a lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e o financiamento do terrorismo. O COAF recebe, examina e identifica ocorrências suspeitas de atividade ilícita e comunica às autoridades competentes.
As competências do COAF estão definidas nos artigos 14 e 15 da referida lei, quais sejam:
· Receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas;
· Comunicar às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis nas situações em que o Conselho concluir pela existência, ou fundados indícios, de crimes de “lavagem”, ocultação de bens, direitos e valores, ou de qualquer outro ilícito;
· Coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores;
· Disciplinar e aplicar penas administrativas;
· Requerer aos órgãos da Administração Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades suspeitas.
             
O §1º do artigo 14 da lei também atribuiu ao COAF a competência de regular os setores econômicos para os quais não haja órgão regulador ou fiscalizador próprio.
Nesses casos, cabe ao COAF definir as pessoas abrangidas e os meios e critérios para envio de comunicações, bem como a expedição das instruções para a identificação de clientes e manutenção de registros de transações, além da aplicação de sanções previstas no artigo 12 da lei.
CRIAÇÃO DO COAF
A criação do COAF se deu durante reformas econômicas do governo de Fernando Henrique Cardoso, no ano de 1998, com a Lei 9.613. Esta mesma lei deu início à regulamentação da lavagem de dinheiro no país.
Em agosto de 2019, com a Medida Provisória nº 893, o COAF foi transformado em Unidade de Inteligência Financeira (UIF), vinculada ao Banco Central.
Com o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras foi transferido do extinto Ministério da Fazenda para o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A alteração ocorreu por meio da Medida Provisória (MP) nº 870, que estabeleceu a organização dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios.
Porém, em dezembro de 2019 foi aprovada no Congresso Nacional a transferência do Conselho para o Ministério da Economia, sendo então decidida a vinculação administrativa do órgão ao Banco Central do Brasil.
COMO FUNCIONA O COAF
O COAF funciona para a inteligência financeira e o apoio na economia brasileira para a proteção contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.
Em transações financeiras, o órgão examina e identifica aquelas que podem estar ligadas às práticas ilegais. Isto pode acontecer, por exemplo, quando existem movimentações consideradas "anormais" em uma conta bancária.
No passo seguinte, estas informações são passadas às autoridades que são competentes na investigação de crimes de lavagem de dinheiro, como a Polícia Federal.
Além disso, o COAF atua em conjunto com estas autoridades para atuar de maneira rápida com o objetivo de evitar que criminosos consigam ocultar bens conseguidos de forma ilegal.
As instituições bancárias também devem passar, para o COAF, qualquer operação que possua caráter suspeito envolvendo moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, metais preciosos ou, ainda, qualquer outro ativo passível de ser convertido em dinheiro e no valor de R$ 10.000,00.
Além disso, é preciso que os bancos repassem informações de operações suspeitas realizadas em um mesmo mês por uma mesma pessoa, conglomerado, grupo de pessoas ou empresas, que superem o valor de R$ 10.000,00 por instituição ou entidade, em seu conjunto.
Não bastasse, os bancos e instituições financeiras necessitam comunicar a esse importante órgão institucional qualquer depósito em espécie, retirada em espécie, ou ainda qualquer pedido de provisionamentopara saque, de valor igual ou superior a R$ 100.000,00, independentemente de serem operações de caráter suspeito ou não.
Ainda, essas instituições precisam manter o registro de toda e qualquer operação acima de R$ 10.000,00, porém, deve reportar ao COAF apenas as que forem julgadas como contendo algum tipo de suspeita.
DECLARAÇÃO COAF
As organizações ou profissionais que prestem serviços na área da contabilidade devem comunicar ao COAF a não ocorrência de eventos suspeitos de lavagem de dinheiro ou financiamento ao terrorismo.
Para fazer isso, os profissionais da área devem enviar ao órgão uma "declaração negativa", todos os anos durante o mês de janeiro.
Essa prática é totalmente sigilosa e protege o contador que pode transmitir ao órgão informações de atividades suspeitas de seus clientes. Se o profissional tiver informações suspeitas e não as declarar, pode ser responsabilizado caso algum crime seja comprovado.
Vale lembrar que a declaração não é obrigatória para contadores que trabalhem como empregados de uma empresa.
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Professora
 A m a n d a T a v a r e s B o r g e s
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