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Lavagem de Capitais

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Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
LEIS PENAIS EXTRAVAGANTES 
 
MUDE SUA VIDA! 
1 
 
LAVAGEM DE CAPITAIS 
(LEI Nº 9.613/98 ) 
INTRODUÇÃO 
	
CONTEXTO HISTÓRICO 
Segundo	Gabriel	Habib1,	a	expressão	 lavagem	teve	
origem	nos	EUA,	por	volta	da	década	de	1920,	quando	
a	 máfia	 criou	 várias	 lavanderias,	 utilizando-se	 desse	
comércio	 formalmente	 legalizado	 para	 ocultar	 a	
origem	 criminosa	 de	 todo	 o	 dinheiro	 auferido	
ilicitamente,	dando-lhe	aparência	de	lícito.	
	
No	 Brasil,	 infelizmente,	 é	 bastante	 comum	 que	
criminosos	sejam	bem-sucedidos	e	consigam	angariar	
expressiva	 quantidade	 de	 dinheiro	 com	 a	 prática	 de	
ilícitos.	
	
Contudo,	a	fruição	descuidada	de	tais	valores	pode	
chamar	a	atenção	de	órgãos	de	fiscalização,	tais	como	a	
Receita	 Federal,	 Banco	 Central	 e	 Polícia	 Federal,	
circunstância	 que	 exige	 do	 criminoso	 uma	 maior	
cautela	ao	exteriorizar	sua	riqueza.	
	
Assim,	 é	 por	meio	 da	 lavagem	 de	 dinheiro	 que	 o	
criminoso	 buscará	 afastar	 a	 atenção	 das	 autoridades	
quanto	à	origem	de	seus	bens,	razão	pela	qual	ganha	
em	relevância	conhecer	os	mecanismos	de	repressão	
desse	ilícito.	
	
CONCEITO 
	
A	 lavagem	 de	 dinheiro	 consiste	 na	 atividade	 de	
transformar	recursos	financeiros	obtidos	ilicitamente	
em	 bens,	 aparentemente,	 lícitos,	 por	 meio	 de	
operações	 financeiras	 ou	 outras	 transações	
econômicas.	
 
FASES DA LAVAGEM DE CAPITAIS 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
Por	 se	 tratar	 de	 procedimento,	 muitas	 vezes,	
complexo,	a	doutrina	resolveu	classificar	a	lavagem	de	
dinheiro	em	03	fases	distintas:	
	
 
1 HABIB, GABRIEL. LEIS PENAIS ESPECIAIS, VOL. ÚNICO, PÁG. 587. 2019 
OBS:	 Para	 configurar	 o	 crime	 de	 lavagem	 de	
dinheiro	 não	 é	 necessário	 que	 se	 pratique	 todas	 as	
fases,	bastando,	portanto,	apenas	uma	delas.	
	
	
	
INTRODUÇÃO (PLACEMENT) 
	
É	a	primeira	fase	da	lavagem	de	capitais	e	consiste	
no	 afastamento	 do	 agente	 criminoso	 do	 produto	 do	
crime,	 tudo,	 no	 intuito	 de	 dificultar	 a	 origem	 do	
dinheiro.	
	
Nesta	 fase,	 o	 agente	 vai	 introduzir	 o	 recurso	
financeiro	ilícito	no	mercado	formal,	por	exemplo,	por	
meio	 de	 depósitos	 bancários	 diluídos	 em	 pequenos	
valores	 ou	 compra	 de	 bens	 de	 fácil	 ocultação,	 como	
jóias	ou	obras	de	arte.	
	
DISSIMULAÇÃO (LAYERING) 
	
É	nesta	 fase	em	que	ocorre,	de	 fato,	a	 lavagem	do	
dinheiro.	
	
Uma	 vez	 inserido	 o	 recurso	 financeiro	 ilícito	 no	
mercado	 formal,	 o	 agente	 buscará	 realizar	 diversas	
movimentações	 financeiras	 ou	 outras	 transações	
econômicas	para	impedir	a	descoberta	da	procedência	
ilítica	dos	valores.	
	
Por	exemplo,	imagine-se	um	site	de	apostas	em	que	
os	 apostadores	 ganhariam	 valores	 proporcionais	 a	
probalidade	estatística	dos	resultados	dos	jogos.	
	
Nesse	 caso,	 ainda	 que	 os	 resultados	 apontassem	
margem	de	 prejuízo	 para	 a	 “banca”,	 o	 negócio	 ainda	
seria	 vantajoso,	 pois	 seria	 possível	 justificar	 grande	
movimentação	 financeira,	 mesmo	 que	 diluídas	 em	
pequenas	operações.	
	
FASES DA 
LAVAGEM DE 
CAPITAIS
Introdução
Dissimulação
Integração
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
LEIS PENAIS EXTRAVAGANTES 
 
MUDE SUA VIDA! 
2 
 
INTEGRAÇÃO (INTEGRATION) 
	
É	 nesta	 última	 fase	 que	 o	 patrimônio	 ilícito,	 já	
devidamente	 incorporado	 ao	 mercado	 econômico	
formal,	é	livemente	movimentado	pelo	agente.	
	
Em	regra,	o	agente	reinsere	os	recursos	ilícitos	na	
economia	 	 por	 meio	 de	 investimentos	 em	 negócios	
lícitos.	
 
TIPOS PENAIS 
 
ART. 1º, CAPUT, DA LEI Nº 9.613/98 
	
A	atual	redação	do	art.	1º,	caput,	da	Lei	de	Lavagem	
de	Dinheiro	é:	
	
Art.	 1o	Ocultar	 ou	 dissimular	 a	 natureza,	 origem,	
localização,	disposição,	movimentação	ou	propriedade	
de	 bens,	 direitos	 ou	 valores	 provenientes,	 direta	 ou	
indiretamente,	 de	 infração	 penal.									(Redação	 dada	
pela	Lei	nº	12.683,	de	2012)	
I	-	(revogado);										(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.683,	
de	2012)	
II	-	(revogado);									(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.683,	
de	2012)	
III	-	(revogado);									(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.683,	
de	2012)	
IV	-	(revogado);									(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.683,	
de	2012)	
V	-	(revogado);									(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.683,	
de	2012)	
VI	-	(revogado);									(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.683,	
de	2012)	
VII	-	(revogado);									(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.683,	
de	2012)	
VIII	 -	 (revogado).								 	(Redação	 dada	 pela	 Lei	 nº	
12.683,	de	2012)	
Pena:	 reclusão,	 de	 3	 (três)	 a	 10	 (dez)	 anos,	 e	
multa.										(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.683,	de	2012)	
	
Chama	 bastante	 atenção	 a	 existência	 de	 diversos	
incisos,	todos	revogados.	
	
Na	 realidade,	 tal	 fato	 tem	 relação	 direta	 com	 as	
chamadas	gerações	da	lei	de	lavagem	de	capitais.	
	
DÚVIDA: Quais são as gerações da lei de lavagem 
de capitais? 
	
Em	 âmbito	 internacional,	 as	 primeiras	 leis	 de	
lavagem	de	capitais	surgiram	para	reprimir	o	tráfico	
de	drogas.	
	
Não	há	dúvidas	de	que	o	tráfico	de	drogas	envolve	
vultosas	quantias	de	dinheiro,	 razão	pela	qual	surgiu	
dessa	 conduta	 criminosa	 as	 primeiras	 medidas	 para	
repressão	da	lavagem	de	capitais.	
	
Com	 o	 desenvolvimento	 dos	 mecanismos	 de	
repressão	da	lavagem	de	capitais,	percebeu-se	que	tal	
conduta	 não	 se	 restringia	 ao	 crime	 antecedente	 de	
tráfico	de	drogas,	ou	seja,	sua	prática	era	muito	mais	
comum	e	difundida.	
	
Nesse	sentido,	as	leis	de	lavagem	de	capitais	de	2ª	
geração	 apresentavam	 um	 rol	 taxativo	 de	 ilícitos	
antecedentes	que	permitiam	a	persecução	penal	pela	
ocultação	dos	bens	ilícitos.	
	
É	 possível	 afirmar	 que	 a	 Lei	 nº	 9.613/98,	 na	 sua	
origem,	é	classificada	como	de	2ª	geração.	
	
Por	 fim,	 considerando	 que	 a	 existência	 de	 um	 rol	
taxativo	de	crimes	antecedentes	acaba	por	limitar	em	
demasia	a	configuração	da	lavagem	de	capitais,	as	leis	
de	3ª	geração	acabaram	por	extinguir	o	rol	taxativo,	
permitindo	 que	 qualquer	 ilícito	 seja	 antecedente	 da	
lavagem.	
	
Por	 exemplo,	 é	 o	 que	 ocorreu	 com	 a	 Lei	 nº	
12.683/12,	 que	 revogou	 todos	 os	 incisos	 do	 art.	 1º,	
caput,	da	Lei	de	Lavagem,	já	que	neles	constavam	o	rol	
taxativo	dos	crimes	antecedentes.	
	
	
	
	
	
DÚVIDA: Os tipos penais previstos no Lei de 
Lavagem de Capitais admitem a modalidade tentada? 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
1ª Geração: Tráfico de drogas
2ª Geração: Rol taxativo
3ª Geração: Qualquer crime antecedente
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A	resposta	é	SIM.	
	
Os	 tipos	 penais	 contidos	 na	 Lei	 de	 lavagem	 de	
capitais	admitem	a	modalidade	tentada,	nos	termos	do	
art.	1º,	§3º:	
	
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo 
único do art. 14 do Código Penal.	
	
Apesar	de	se	tratar	de	disposição	expressa	em	lei,	o	
tema	 é	 bastante	 cobrado	 nas	 provas	 de	 concurso	
público.	
	
DÚVIDA: Esconder o dinheiro proveniente de 
propina nas vestes, na cintura e no paletó é considerado 
lavagem de capitais? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
No	Info	955,	o	STF	entendeu	que	a	conduta	descrita	
acima	não	configura	o	núcleo	do	tipo	penal	“ocultar”.	
	
É	 importante	 ressaltar	 que	 o	 tipo	 penal	 da	 Lei	 nº	
9.613/98	 não	 exige	 sofisticação	 no	 esquema	 de	
lavagem	de	capitais.	
	
Contudo,	 não	 é	 qualquer	 conduta	 praticada	 pelo	
agente	 que	 tem	 a	 aptidão	 de	 se	 amoldar	 ao	 art.	 1º,	
caput,	da	Lei	nº	9.613/98.	
	
DÚVIDA: O mero recebimento de propina, mesmo 
que por interposta pessoa, configura o crime de lavagem 
de capitais? 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Segundo	o	STF	(Info	904),	o	mero	recebimento	da	
propina	 proveniente	 da	 corrupção	 passiva	 não	
configura,	 por	 si	 só,	 o	 crime	 de	 lavagem	 de	 capitais,	
ainda	que	recebido	por	interposta	pessoa.	
	
DÚVIDA: O recebimento de propina por meio de 
depósitos bancários fracionados pode configurar 
lavagem de dinheiro? 
	
A	resposta	é	SIM.	
	
Neste	 caso	 concreto,	 julgado	 pelo	 STF,	 o	 Tribunal	
firmou	o	entendimento	de	queo	pagamento	de	propina	
feito	por	meio	de	depósitos	bancários	de	valores	que	
não	 chamariam	atenção	das	 autoridades	 reguladoras	
seria	suficiente	para	caracterizar	o	crime	de	 lavagem	
de	capitais.	
	
SITUAÇÃO	 HIPOTÉTICA:	 “A”,	 agente	 público,	
recebe	 R$	 100.000,00	 de	 propina.	 Para	 não	 chamar	
atenção	da	instituição	financeira	e,	consequentemente,	
do	BACEN,	realiza	20	depósitos	de	R$	5.000,00	em	sua	
conta	bancária.	
 
CARACTERÍSTICAS DO CRIME DE LAVAGEM 
DE CAPITAIS 
 
MUITO IMPORTANTE 
	
NATUREZA ACESSÓRIA 
	
Diz-se	 que	 a	 lavagem	 de	 capitais	 é	 um	 crime	
acessório	 (parasitário),	 pois	 depende	 da	 prática	 de	
uma	infração	penal	antecedente.	
	
OBS:	É	importante	frisar	que	a	infração	antecedente	
da	 lavagem	 de	 capitais	 pode	 ser	 um	 crime	 ou	 uma	
contravenção	penal.	
	
A	 natureza	 acessória	 do	 crime	 de	 lavagem	 de	
capitais	 é	 evidenciada	 no	 art.	 2º,	 §1º,	 da	 Lei	 nº	
9.613/98:	
	
Art.	 2º,	 §	 1o		 A	 denúncia	 será	 instruída	 com	 indícios	
suficientes	da	existência	da	infração	penal	antecedente,	
sendo	puníveis	os	 fatos	previstos	nesta	Lei,	ainda	que	
desconhecido	ou	 isento	de	pena	o	autor,	ou	extinta	a	
punibilidade	da	infração	penal	antecedente.		
	
Nesse	sentido,	a	peça	acusatória	deverá	apontar	a	
existência	 da	 infração	 penal	 antecedente,	 sendo,	
portanto,	um	requisito	essencial	para	o	recebimento	da	
denúncia.	
	
DÚVIDA: O Ministério Público é obrigado a 
apresentar, na denúncia, uma descrição minuciosa da 
infração penal antecedente? 
	
TEMA DE APROFUNDAMENTO 
	
A	resposta	é	NÃO.	
	
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
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4 
 
Considerando	que	o	 crime	de	 lavagem	de	 capitais	
tem	 natureza	 acessória,	 é	 importante	 que	 haja	 a	
comprovação	da	existência	de	crime	antecedente.	
	
Contudo,	 segundo	 o	 STJ	 (Info	 657),	 o	 Ministério	
Público	não	é	obrigado	a	descrever	de	forma	exaustiva	
e	minuciosa	a	 infração	penal	 antecedente	no	bojo	da	
denúncia.	
	
Nesse	sentido,	basta	que	a	peça	acusatória	aponte	a	
existência	 de	 indícios	 suficientes	 de	 que	 a	 lavagem	
tenha	origem	nesse	crime	antecedente.	
	
	
NATUREZA AUTÔNOMA 
	
Apesar	 de	 ser	 um	 crime	 acessório,	 a	 lavagem	 de	
capitais	é	autônoma	em	relação	ao	crime	antecedente.	
	
Isso	 quer	 dizer	 que	 não	 há	 relação	 de	
prejudicialidade	entre	a	infração	penal	antecedente	e	o	
crime	de	lavagem	de	capitais.	
	
Por	 exemplo,	 se	 o	 réu	 obteve	 a	 extinção	 da	
punibilidade	 em	 razão	 da	 prescrição	 do	 crime	
antecedente,	tal	fato	não	terá	influência	na	persecução	
penal	do	crime	de	lavagem	de	capitais.	
	
DÚVIDA: O que é autolavagem? É admissível no 
ordenamento jurídico brasileiro? 
	
A	autolavagem	ocorre	quando	o	mesmo	agente	que	
praticou	a	 infração	antecedente	 realiza	a	 lavagem	de	
capitais.	
	
Segundo	o	STF	(AP	470),	é	punível	a	autolavagem	
no	Brasil.	
	
CRIME PERMANENTE 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
Segundo	o	STF	(Info	866),	a	lavagem	de	capitais	na	
modalidade	 “ocultar”	 é	 classificada	 como	 crime	
permanente.	
	
Daí	 dizer	 que,	 em	 tese,	 admitiria	 a	 prisão	 em	
flagrante.	
 
2 HABIB, GABRIEL. LEIS PENAIS ESPECIAIS, VOL. ÚNICO, PÁG. 595. 2019 
	
Outra	 consequência	 importante	 é	 a	 incidência	 da	
Súmula	nº	711	do	STF:	
	
Súmula	 nº	 711	 do	 STF:	 “A	 lei	 pena	 mais	 gravosa	
aplica-se	ao	crime	continuado	ou	permanente	se	era	a	
lei	 vigente	 quando	 da	 cessação	 da	 permanência	 ou	
continuidade.”	
	
Em	suma,	por	se	tratar	de	crime	permanente,	caso	
sobrevenha	 lei	 penal	 mais	 grave,	 esta	 será	 aplicada	
caso	a	ocultação	cesse	durante	sua	vigência.	
	
	
 
TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA (TEORIA 
DAS INSTRUÇÕES DO AVESTRUZ) 
 
TEMA DE APROFUNDAMENTO 
	
De	 origem	 norte-americana,	 a	 teoria	 da	 cegueira	
deliberada	 tem	 relação	 com	o	 elemento	 subjetivo	do	
crime	de	lavagem	de	capitais.	
	
Segundo	Gabriel	Habib2,	“essa	teoria	tem	incidência	
caso	o	agente	possua	consciência	da	possível	origem	do	
dinheiro	com	o	qual	está	tratando,	mas,	mesmo	assim,	
deliberadamente	 cegue-se	 para	 tal	 fato	 (...)	 deixando	
de	buscar	informações	que	lhe	permitam	concluir	por	
tal	origem.	
	
Por	exemplo,	o	vendedor	de	uma	concessionária	de	
veículos	vende	grande	quantidade	de	carros	que	é	pago	
em	espécie.	
	
Por	se	tratar	de	dolo	indireto	eventual,	a	teoria	da	
cegueira	 deliberada	 encontra	 grande	 resistência	 de	
aplicabilidade	no	Brasil.	
 
TIPOS PENAIS EQUIPARADOS À LAVAGEM 
DE CAPITAIS 
 
ART. 1º, §1º, DA LEI Nº 9.613/98 
	
 
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5 
 
O	art.	1º,	§1º,	da	Lei	nº	9.613/98,	traz	as	condutas	
relacionadas	 à	 segunda	 fase	 da	 lavagem	 de	 capitais	
(dissimulação):	
	
§	 1o		 Incorre	 na	mesma	 pena	 quem,	 para	 ocultar	 ou	
dissimular	 a	 utilização	 de	 bens,	 direitos	 ou	 valores	
provenientes	 de	 infração	 penal:									(Redação	 dada	
pela	Lei	nº	12.683,	de	2012)	
I	-	os	converte	em	ativos	lícitos;	
II	-	os	adquire,	recebe,	troca,	negocia,	dá	ou	recebe	em	
garantia,	 guarda,	 tem	 em	 depósito,	 movimenta	 ou	
transfere;	
III	 -	 importa	 ou	 exporta	 bens	 com	 valores	 não	
correspondentes	aos	verdadeiros.	
	
ART. 1º, §2º, DA LEI Nº 9.613/98 
	
O	art.	1º,	§2º,	da	Lei	nº	9.613/98,	traz	as	condutas	
relacionadas	 à	 terceira	 fase	 da	 lavagem	 de	 capitais	
(integração):	
	
§	 2o		 Incorre,	 ainda,	 na	 mesma	 pena	
quem:								 	 (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 
2012)	
I	-	utiliza,	na	atividade	econômica	ou	financeira,	bens,	
direitos	 ou	 valores	 provenientes	 de	 infração	
penal;									 (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 
2012)	
II	-	participa	de	grupo,	associação	ou	escritório	tendo	
conhecimento	 de	 que	 sua	 atividade	 principal	 ou	
secundária	 é	 dirigida	 à	 prática	 de	 crimes	 previstos	
nesta	Lei.	
 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
 
Caso	 a	 lavagem	 de	 capitais	 ocorra	 de	 forma	
deliberada	 ou	 por	 intermédio	 de	 organização	
criminosa	(ORCRIM),	o	art.	1º,	§4º,	da	Lei	nº	9.613/98	
prevê	aumento	de	pena	de	1/3	a	2/3.	
	
	
 
COLABORAÇÃO PREMIADA 
 
A	 colaboração	 premiada	 não	 é	 um	 instituto	
exclusivo	da	Lei	nº	12.850/13	(Lei	de	ORCRIM).	
	
Nesse	 sentido,	 a	Lei	de	 lavagem	de	 capitais,	 antes	
mesmo	da	Lei	de	ORCRIM,	previu	a	possibilidade	de	o	
envolvido	 colaborar	 com	 as	 investigações	 ou	 ação	
penal,	nos	termos	do	art.	1º,	§5º:	
	
§	5o		A	pena	poderá	ser	reduzida	de	um	a	dois	terços	e	
ser	 cumprida	 em	 regime	 aberto	 ou	 semiaberto,	
facultando-se	ao	juiz	deixar	de	aplicá-la	ou	substituí-la,	
a	qualquer	tempo,	por	pena	restritiva	de	direitos,	se	o	
autor,	 coautor	 ou	 partícipe	 colaborar	
espontaneamente	 com	 as	 autoridades,	 prestando	
esclarecimentos	 que	 conduzam	 à	 apuração	 das	
infrações	penais,	à	identificação	dos	autores,	coautores	
e	 partícipes,	 ou	 à	 localização	 dos	 bens,	 direitos	 ou	
valores	 objeto	 do	 crime.												 (Redação dada pela 
Lei nº 12.683, de 2012)	
	
DÚVIDA: O que é a colaboração premiada? 
	
A	 colaboração	 premiada	 ocorre	 quando	 o	
investigado/acusado,	 além	 de	 confessar	 a	 prática	 do	
delito,	 resolve	 colaborar	 com	 a	 elucidação	 dos	 fatos,	
fornecendo	 informações	 relevantes	 que	 irão	 auxiliar,	
efetivamente,	na	colheita	de	provas	contra	os	demais	
envolvidos	 e,	 em	 contrapartida,	 recebe	 benefícios	
penais	e	processuais.	
 
AÇÃO CONTROLADA E INFILTRAÇÃO DE 
AGENTES 
 
IMPORTANTE: ALTERAÇÃO LEGISLATIVA – LEI 
Nº 13.964/19 
	
Da	 mesma	 forma	 que	 ocorre	 com	 a	 colaboração	
premiada,	a	Lei	de	lavagem	de	capitais	também	previu	
os	 meios	 de	 obtenção	 de	 provas:	 ação	 controlada	 e	
infiltração	de	agentes,	nos	termos	do	art.	1º,	§6º:	
	
§	6º	Para	a	apuração	do	crime	de	que	trata	este	artigo,	
admite-se	 a	 utilização	 da	 ação	 controlada	 e	 da	
infiltração	de	agentes.			 (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019)	
	
DÚVIDA: O que é a ação controlada? 
Aumento de pena 
(1/3 a 2/3)
Reiteração
ORCRIM
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É	 um	 instrumento	 de	 investigação	 em	 que	 a	
autoridade	policial	(ou	administrativa),	mesmo	diante	
de	 indícios	 da	 prática	 de	 uma	 conduta	 delituosa,	
retarda	 a	 intervenção	 para	 um	momento	 posterior	 e	
mais	conveniente	do	ponto	de	vista	da	investigação.	
	
DÚVIDA: o que é infiltração de agentes? 
	
É	 uma	 técnica	 de	 investigação	 que	 consiste	 em	
implantar,	 dentro	 das	 organizações	 criminosas,	
agentes	 policiais	 disfarçados	 que,	 dessa	 forma,	
conseguirão	obter	elementos	de	prova	impossíveis	de	
serem	coletados	por	outros	métodos	de	investigação.	
 
DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS ESPECIAIS 
 
COMPETÊNCIA 
	
DÚVIDA: Qual é a competência criminal para a 
lavagem de capitais? 
	
A	resposta	é	DEPENDE.	
	
A	 competência	 será	 fixada	 em	 razão	 da	 infração	
antecedente.	
	
Assim,	 caso	 o	 crime	 antecedente	 seja	 da	 esfera	
federal,	competirá	à	Justiça	Federal	processar	o	crime	
de	lavagem	de	capitais.	
	
Da	mesma	forma,	se	a	 infração	antecedente	for	da	
esfera	 estadual,	 a	 competência	 será,	 portanto,	 da	
Justiça	Estadual.	
	
	
	
	
O	 art.	 2º,	 inciso	 III,	 da	 Lei	 nº	 9.613/98,	 tem	 a	
seguinte	redação:	
	
III	-	são	da	competência	da	Justiça	Federal:	
a)	quando	praticados	contra	o	sistema	financeiro	e	a	
ordem	 econômico-financeira,	 ou	 em	 detrimento	 de	
bens,	 serviços	 ou	 interesses	 da	 União,	 ou	 de	 suas	
entidades	autárquicas	ou	empresas	públicas;	
b)	 quando	 a	 infração	 penal	 antecedente	 for	 de	
competência	da	 Justiça	Federal.													(Redação	dada	
pela	Lei	nº	12.683,	de	2012)	
	
CITAÇÃO POR EDITAL 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
O	 art.	 2º,	 §2º,	 da	 Lei	 nº	 9.613/98	 tem	 a	 seguinte	
redação:	
	
§	2o		No	processo	por	crime	previsto	nesta	Lei,	não	se	
aplica	o	disposto	no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, 
de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo 
Penal),	 devendo	o	acusado	que	não	comparecer	nem	
constituir	advogado	ser	citado	por	edital,	prosseguindo	
o	feito	até	o	julgamento,	com	a	nomeação	de	defensor	
dativo	
	
Por	 outro	 lado,	 o	 art.	 366	 do	 Código	 de	 Processo	
Penal:	
	
Art.	366.	 Se	 o	 acusado,	 citado	 por	 edital,	 não	
comparecer,	 nem	 constituir	 advogado,	 ficarão	
suspensos	o	processo	e	o	curso	do	prazo	prescricional,	
podendo	o	juiz	determinar	a	produção	antecipada	das	
provas	consideradas	urgentes	e,	se	for	o	caso,	decretar	
prisão	preventiva,	nos	termos	do	disposto	no art. 312.	
	
A	regra	aplicável	ao	crime	de	lavagem	de	capitais	é	
bem	específica	e,	portanto,	muito	cobrada	nas	provas	
de	concurso	público.	
	
Nesse	 sentido,	 se,	 no	 rito	 ordinário	 do	 Código	 de	
Processo	Penal,	a	citação	por	edital	suspende	o	curso	
do	processo,	na	apuração	de	lavagem	de	capitais,	será	
nomeado	um	defensor	dativo	 com	o	prosseguimento	
do	feito.	
	
	
COMPETÊNCIA 
FEDERAL
Infração 
antecedente 
federal
COMPETÊNCIA 
ESTADUAL
Infração 
antecedente 
estadual Lei nº 9.613/98
Na citação por edital, 
o processo prossegue
Código de 
Processo Penal
Na citação por edital, 
há suspensão do 
processo e do prazo 
prescricional
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
LEIS PENAIS EXTRAVAGANTES 
 
MUDE SUA VIDA! 
7 
 
	
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS DE BENS 
	
MUITO IMPORTANTE 
	
O	 art.	 4º	 da	 Lei	 nº	 9.613/98	 disciplina	 a	 medida	
assecuratória	 de	 bens	 em	 desfavor	 do	
investigado/acusado,	nos	seguintes	termos:	
	
Art.	4º		O	juiz,	de	ofício,	a	requerimento	do	Ministério	
Público	 ou	 mediante	 representação	 do	 delegado	 de	
polícia,	 ouvido	 o	 Ministério	 Público	 em	 24	 (vinte	 e	
quatro)	horas,	havendo	indícios	suficientes	de	infração	
penal,	poderá	decretar	medidas	assecuratórias	de	bens,	
direitos	 ou	 valores	 do	 investigado	 ou	 acusado,	 ou	
existentes	em	nome	de	interpostas	pessoas,	que	sejam	
instrumento,	produto	ou	proveito	dos	crimes	previstos	
nesta	Lei	ou	das	infrações	penais	antecedentes.	
	
§	 1º	Proceder-se-á	 à	 alienação	 antecipada	 para	
preservação	 do	 valor	 dos	 bens	 sempre	 que	 estiverem	
sujeitos	 a	 qualquer	 grau	 de	 deterioração	 ou	
depreciação,	 ou	 quando	 houver	 dificuldade	 para	 sua	
manutenção.	
	
(...)	
	
§	3º	Nenhum	pedido	de	liberação	será	conhecido	sem	o	
comparecimento	pessoal	do	acusado	ou	de	interposta	
pessoa	a	que	se	refere	o	caput	deste	artigo,	podendo	o	
juiz	 determinar	 a	 prática	 de	 atos	 necessários	 à	
conservação	de	bens,	direitos	ou	valores,	sem	prejuízo	
do	disposto	no	§	1o.	
	
Inicialmente,	 é	 importante	 destacar	 a	 previsão	 de	
atuação	 oficiosa	 do	 juiz	 em	 relação	 à	 decretação	 de	
medidas	 assecuratórias	de	bens	no	 âmbito	da	Lei	 de	
Lavagem	de	Capitais.	
	
Tal	discussão	ganha	relevância	em	razão	da	recente	
alteração	 legislativa	 advinda	 da	 Lei	 nº	 13.964/19	
(Pacote	 Anticrimes)	 no	 Código	 de	 Processo	 Penal	
(CPP),	que	proibiu	a	possibilidade	de	o	Poder	Judiciário	
decretar	 medidas	 cautelares	 (incluindo	 a	 prisão	
preventiva)	de	ofício.	
	
Há	 quem	 possa	 defender	 a	 tese	 de	 que	 a	 Lei	 de	
Lavagem	de	Capitais	é	especial	em	relação	ao	CPP	e	a	
alteração	 dada	 pelo	 Pacote	 Anticrimes	 não	 teria	 a	
aptidão	de	afastar	a	previsão	do	art.	4º,	caput,	da	Lei	nº	
9.613/98.	
	
Particularmente,	 acho	 temerário	 adotar	 qualquer	
posicionamento,	 seja	 pela	 possibilidade	 ou	 pela	
impossibilidade,	antes	que	os	Tribunais	Superiores	se	
manifestem	quanto	ao	tema.	
	
Para efeito de concurso público, acredito que a 
questão, se abordar o tema, pedirá a literalidade do 
dispositivo legal, oportunidade em que o aluno deverá 
adotá-la como resposta. 
	
Por	 outro	 lado,	 o	 art.	 4º,	 §1º,	 da	 Lei	 nº	 9.613/98	
aponta	as	hipóteses	em	que	será	possível	a	alienação	
antecipada	dos	bens	apreendidos:	
	
	
	
	
Por	 fim,	o	 art.	 4º,	 §3º,	 da	Lei	nº	9.613/98	exige	o	
comparecimento	pessoal	do	acusado	para	a	liberação	
dos	bens	apreendidos.	
	
Na	 prática,	 tal	 disposição	 legal	 é	 bastante	
interessante,	 pois	 em	 investigações	 que	 envolvem	
lavagem	 de	 capitais	 é	 muito	 comum	 os	 pedidos	 de	
levantamento	 das	 constrições,	 mas,	 dificilmente,	 o	
“dono”	dos	bens	tem	interesse	de	se	apresentar	como	
tal,	 já	 que,	 certamente,	 precisará	 comprovar	 sua	
origem	lícita.	
 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
As	 disposições	 gerais	 foram	 acrescidas	 à	 Lei	 de	
Lavagem	 de	 Capitais	 por	meio	 da	 Lei	 nº	 12.683/12,	
destacando-se	os	seguintes	artigos:	
	
Art.	17-B.		A	autoridade	policial	e	o	Ministério	Público	
terão	acesso,	exclusivamente,	aos	dados	cadastrais	do	
investigado	 que	 informam	 qualificação	 pessoal,	
filiação	e	endereço,	independentemente	de	autorização	
judicial,	mantidos	pela	Justiça	Eleitoral,	pelas	empresas	
telefônicas,	 pelas	 instituições	 financeiras,	 pelos	
provedores	 de	 internet	 e	 pelas	 administradoras	 de	
cartão	de	crédito.	
	
Art.	17-D.		Em	caso	de	indiciamento	de	servidor	público,	
este	 será	 afastado,	 sem	 prejuízo	 de	 remuneração	 e	
ALIENAÇÃO 
ANTECIPADA
Risco de 
deteriorização
Custo de 
manutenção
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
LEIS PENAIS EXTRAVAGANTES 
 
MUDE SUA VIDA! 
8 
 
demais	 direitos	 previstos	 em	 lei,	 até	 que	 o	 juiz	
competente	autorize,	em	decisão	fundamentada,	o	seu	
retorno.	
	
Em	 relação	 ao	 art.	 17-B	 da	 Lei	 nº	 9.613/98,	 há	
previsão	 legal	 de	 um	 importante	 instrumento	
investigatório	 que	 é	 a	 possibilidade	 de	 os	 órgãos	 de	
persecução	 penal	 terem	 acesso	 aos	 dados	 cadastrais	
dos	 investigados/acusados	 em	 diversos	 bancos	 de	
dados	e	sem	necessidade	de	autorização	judicial.	
	
Tal	 instrumento	possui	correspondente	similar	na	
Lei	nº	12.850/13	(Lei	das	ORCRIM).	
	
MUITO IMPORTANTE 
	
Por	fim,	o	art.	17-D	da	Lei	nº	9.613/98	apresentou	
um	tema	bastante	polêmico	em	sede	doutrinária.	
	
Trata-se	 do	 afastamento	 cautelar	 do	 servidor	
público	em	decorrência	de	seu	indiciamento.	
	
DÚVIDA: O que é o indiciamento? 
	
Segundo	Renato	Brasileiro3,	o	 indiciar	é	atribuir	a	
autoria	de	uma	infração	penal	a	uma	pessoa.	
	
DÚVIDA:Quem tem a atribuição de indiciar? 
	
Por	se	tratar	de	um	ato	resultado	das	investigações	
policiais,	trata-se	de	atribuição	privativa	do	Delegado	
de	Polícia4.	
	
Portanto,	 a	 controvérsia	 reside	 no	 afastamento	
cautelar	 da	 função	 pública	 sem	 necessidade	 de	
apreciação	 do	 Poder	 Judiciário,	 mas	 que	 poderá	
autorizar,	posteriormente,	o	seu	retorno.	
	
 
EXERCÍCIOS 
1. (CESPE	–	2018/Polícia	Federal	-	Perito)	Acerca	de	
crédito	tributário,	 legislação	tributária	e	crime	de	
lavagem	de	capitais	ou	ocultação	de	bens,	direitos	
e	valores,	 julgue	o	 item	que	se	segue.	O	crime	de	
 
3 Lima, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: 
volume único. 2020, pág.223. 
lavagem	de	capitais	ou	ocultação	de	bens,	direitos	
e	valores	não	é	admitido	na	modalidade	tentada.	
	
2. (CESPE	 –	 2018/Polícia	 Federal	 -	 Delegado)	 Com	
referência	 à	 interceptação	 de	 comunicação	
telefônica,	 ao	 crime	 de	 tráfico	 ilícito	 de	
entorpecentes,	ao	crime	de	lavagem	de	capitais	e	a	
crimes	 cibernéticos,	 julgue	 o	 seguinte	 item.	
Situação	 hipotética: Álvaro,	 servidor	 público	
federal,	foi,	por	cinco	anos,	presidente	da	comissão	
de	licitações	de	determinado	órgão	público	federal.	
Em	 diversas	 ocasiões,	 Álvaro	 recebeu	 valores	 e	
bens	 para	 favorecer	 empresas	 nos	 certames	
licitatórios,	 e	 os	 transferiu	 para	 o	 patrimônio	 de	
Flávio,	seu	irmão,	que	os	utilizava	nos	negócios	da	
empresa	da	família,	com	vistas	a	ocultar	o	ingresso	
desses	 recursos	 e	 a	 sua	 origem	 ilícita. Assertiva:	
Nessa	 situação,	Álvaro	e	Flávio	 responderão	pelo	
crime	 de	 lavagem	 de	 capitais,	 e	 será	 da	 justiça	
federal	 a	 competência	 para	 processar	 e	 julgar	 a	
ação	penal.	
	
3. (CESPE	–	2012/TCE-ES	-	Auditor)	Com	base	no	que	
dispõe	 o	 Código	 Penal	 (CP)	 e	 na	 interpretação	
doutrinária	 da	 legislação	 penal,	 julgue	 o	 item	
seguinte.	 Considere	 que	 Jonas,	 servidor	 público,	
tenha	 dissimulado	 a	 natureza,	 a	 origem	 e	 a	
propriedade	de	bens	oriundos	de	infração	penal	e	
que,	 descoberto,	 tenha	manifestado	 interesse	 em	
exercer	 a	 colaboração	 criminal	 premiada.	 Nesse	
caso,	as	práticas	mencionadas	caracterizam	crime	
de	 lavagem	 de	 dinheiro,	 podendo	 a	 colaboração	
premiada	ser	exercida	a	qualquer	tempo.	
	
4. (CESPE	 –	 2018/ABIN	 -	 Oficial)	 João	 integra	
conhecida	 organização	 criminosa	 de	 âmbito	
nacional	 especializada	 em	 tráfico	 de	 drogas	 e	
lavagem	de	dinheiro.	Com	o	objetivo	de	tornar	legal	
o	 dinheiro	 obtido	 ilicitamente,	 ele	 convenceu	
Pedro	 e	 Jorge,	 conselheiros	 fiscais	 de	 uma	
cooperativa	de	mineradores	que	atuam	na	região	
Norte	do	país,	a	modificar	valores	obtidos	em	uma	
mina	 de	 ouro.	 Pedro,	 sem	 conhecer	 a	 fundo	 a	
origem	 dos	 valores,	 concordou	 em	 fazer	 a	
transação.	 Antes	 de	 concluí-la,	 entretanto,	 ele	
desistiu	da	ação,	e	tentou	convencer	Jorge	a	fazer	o	
mesmo.	 Tendo	 Jorge	 decidido	 prosseguir	 no	
esquema,	Pedro,	então,	fez	uma	denúncia	sigilosa	à	
polícia,	 que	 passou	 a	 investigar	 o	 fato	 e	 reuniu	
elementos	 necessários	 ao	 indiciamento	 dos	
envolvidos.	Antes	que	concretizasse	a	ação	final	de	
registro	de	valores,	Jorge	foi	impedido	pela	polícia,	
que	o	prendeu	em	flagrante.	Acerca	dessa	situação	
4 Lima, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: 
volume único. 2020, pág.225. 
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
LEIS PENAIS EXTRAVAGANTES 
 
MUDE SUA VIDA! 
9 
 
hipotética,	julgue	o	item	subsequente. 	Em	relação	
ao	 crime	de	 lavagem	de	dinheiro,	 a	pena	de	 João	
poderá	 ser	 aumentada	 de	 um	 a	 dois	 terços,	 em	
razão	de	o	crime	ter	sido	cometido	por	intermédio	
de	organização	criminosa. 	
	
5. (CESPE	–	2015/TCE-RN	-	Auditor)	A	respeito	dos	
crimes	 de	 lavagem	 de	 dinheiro	 e	 de	 abuso	 de	
autoridade,	 julgue	 o	 item	 subsequente.	 A	 lei	
brasileira	 que	 criminaliza	 a	 lavagem	 de	 dinheiro	
classifica-se	como	de	terceira	geração,	pois	admite	
que	o	delito	de	lavagem	de	dinheiro	pode	ter	como	
precedente	qualquer	ilícito	penal.	
	
6. (CESPE	–	2013/Polícia	Federal	-	Delegado)	No	que	
se	refere	aos	crimes	de	lavagem	de	dinheiro,	julgue	
o	item	subsecutivo	com	base	no	direito	processual	
penal.	 Conforme	 a	 jurisprudência	 do	 STJ,	 não	
impede	 o	 prosseguimento	 da	 apuração	 de	
cometimento	 do	 crime	 de	 lavagem	de	 dinheiro	 a	
extinção	da	punibilidade	dos	delitos	antecedentes.	
	
7. (CESPE	–	2013/Polícia	Federal	-	Delegado)	No	que	
diz	 respeito	 aos	 crimes	 previstos	 na	 legislação	
penal	 extravagante,	 julgue	o	 item	subsequente.	O	
crime	 de	 lavagem	 de	 capitais,	 consoante	
entendimento	 consolidado	 na	 doutrina	 e	 na	
jurisprudência,	 divide-se	 em	 três	 etapas	
independentes:	 colocação	 (placement),	
dissimulação	(layering)	e	integração	(integration),	
não	 se	 exigindo,	 para	 a	 consumação	 do	 delito,	 a	
ocorrência	dessas	três	fases. 	
	
8. (FCC	–	2019/MPE-MT	–	Promotor)	De	acordo	com	
o	 ordenamento	 jurídico	 e	 o	 posicionamento	 dos	
tribunais	superiores	acerca	do	crime	de	“lavagem”	
ou	 ocultação	 de	 bens,	 direitos	 e	 valores	 (Lei	 n°	
9.613/1998),	
	
a) a	 pena	 será	 aumentada	 de	 metade,	 se	 os	
crimes	 definidos	 na	 Lei	 n°	 9.613/1998	
forem	cometidos	de	forma	reiterada	ou	por	
intermédio	de	organização	criminosa.	
b) somente	constitui	o	crime	de	“lavagem”	ou	
ocultação	 de	 bens,	 direitos	 e	 valores	 se	 o	
valor	em	pecúnia	envolvido	tiver	decorrido	
de	um	dos	crimes	referidos	no	rol	exaustivo	
da	Lei	n°	9.613/1998.	
c) a	 lei	 de	 “lavagem”	 ou	 ocultação	 de	 bens,	
direitos	e	valores,	muito	embora	criminalize	
a	 conduta	 de	 ocultar	 ou	 dissimular	 a	
utilização	 de	 bens,	 direitos	 ou	 valores	
provenientes	 de	 determinados	 crimes,	 é	
omissa	quanto	à	tipificação	das	condutas	de	
importar	ou	exportar	bens	com	valores	não	
correspondentes	aos	verdadeiros.	
d) não	 é	 punível	 a	 tentativa	 de	 “lavagem”	 ou	
ocultação	de	bens,	direitos	e	valores.	
e) é	 adotada	 nos	 tribunais	 superiores	
brasileiros	a	doutrina	norte-americana	que	
aponta	a	existência	de	três	fases	distintas	do	
crime	 de	 “lavagem”	 de	 bens,	 direitos	 e	
valores:	 a	 colocação,	 o	 encobrimento	 e	 a	
integração.	
	
9. (AOCP	 –	 2018/SUSIPE-PA	 –	 Agente	 Prisional)	
Segundo	a	Lei	nº	9.613/1998,	havendo	indícios	do	
cometimento	 de	 infração	 penal,	 poderão	 ser	
decretadas	 medidas	 assecuratórias	 de	 bens,	
direitos	 ou	 valores	 do	 investigado	 ou	 acusado.	
Nesse	 sentido,	 a	 alienação	 antecipada	 para	
preservação	de	valor	de	bens	sob	constrição	será	
decretada	 pelo	 juiz,	 de	 ofício,	 a	 requerimento	 do	
Ministério	 Público	 ou	 por	 solicitação	 da	 parte	
interessada,	mediante	petição	autônoma,	que	será	
autuada	 em	 apartado	 e	 cujos	 autos	 terão	
tramitação	 em	 separado	 em	 relação	 ao	 processo	
principal.	Assinale	a	alternativa	correta	acerca	da	
referida	alienação	antecipada.	
	
a) O	requerimento	de	alienação	deverá	conter	
a	 relação	 dos	 bens	 que	 se	 pretende	
assegurar,	 com	 a	 descrição	 breve	 de	 cada	
um	deles,	 resguardando-se	 as	 informações	
sobre	 quem	 os	 detém	 e	 lacração	 do	 local	
onde	se	encontram.	
b) O	juiz	determinará	a	avaliação	dos	bens,	nos	
autos	 principais,	 e	 intimará	 o	 Ministério	
Público	 e	 os	 advogados	 de	 defesa	 do	
investigado	ou	acusado.	
c) Feita	 a	 avaliação	 e	 dirimidas	 eventuais	
divergências	 sobre	 o	 respectivo	 laudo,	 o	
juiz,	 por	 despacho,	 homologará	 o	 valor	
atribuído	aos	bens	e	determinará	que	sejam	
alienados	 em	 leilão	 ou	 pregão,	
preferencialmente	presencial,	por	valor	não	
inferior	 a	 60%	 (sessenta	 por	 cento)	 da	
avaliação.	
d) Feita	 a	 avaliação	 e	 dirimidas	 eventuais	
divergências	 sobre	 o	 respectivo	 laudo,	 o	
juiz,	 por	 sentença,	 homologará	 o	 valor	
atribuído	aos	bens	e	determinará	que	sejam	
alienados,	 obrigatoriamente	 em	 pregão	
eletrônico,	 por	 valor	 não	 inferior	 a	 70%	
(setenta	por	cento)	da	avaliação.	
e) Proceder-se-á	 à	 alienação	 antecipada	 para	
preservação	do	valor	dos	bens	sempreque	
estiverem	 sujeitos	 a	 qualquer	 grau	 de	
deterioração	 ou	 depreciação,	 ou	 quando	
houver	dificuldade	para	sua	manutenção.	
	
Professor: JULIANO YAMAKAWA 
 
LEIS PENAIS EXTRAVAGANTES 
 
MUDE SUA VIDA! 
10 
 
(IBADE	 –	 2017/PC-AC	 –	 Delegado)	 A	 fase	 da	
lavagem	 de	 capitais,	 de	 acordo	 com	 as	
definições	 do	 COAF,	 em	 que	 são	 realizados	
diversos	negócios	e	movimentações	financeiras,	
a	 fim	 de	 impedir	 o	 rastreamento	 e	 encobrir	 a	
origem	 ilícita	 dos	 valores	 é	 denominada	 pela	
doutrina	de:	
	
a) ocultação.	
b) colocação	
c) destinação	
d) evaporação	
e) integração	
	
	
Comentário da questão 1: A questão está 
equivocada, diante da redação do art. 1º, §4º, da Lei de 
lavagem de capitais, que admite a modalidade tentada 
nos tipos penais. 
 
	
Comentário da questão 2: De fato, considerando 
que o crime antecedente é de competência da Justiça 
Federal, o crime de lavagem de dinheiro também o será, 
nos termos do art. 2º, inciso III. 
 
	
Comentário da questão 3: A Lei de lavagem de 
capitais admite a possibilidade de colaboração premiada, 
nos termos do art. 1º, §5º. 
 
	
Comentário da questão 4: Há causa de aumento 
de pena caso a lavagem de capitais ocorra de forma 
reiterada ou por intermédio de organização criminosa, 
nos termos do art. 1º, §4º. 
 
	
Comentário da questão 5: Apesar da Lei de 
lavagem de capitais, quando promulgada, ser de 2ª 
geração (existência de rol taxativo), a Lei nº 12.863/12, 
ao revogar os incisos do art. 1º, transformou-a em 3ª 
geração. 
 
	
Comentário da questão 6: O crime de lavagem de 
capitais é autônomo em relação à infração anterior, 
razão pela qual não há prejudicialidade por conta da 
extinção de punibilidade. 
 
	
Comentário da questão 7: As fases da lavagem de 
capitais são: 1) colocação; 2) dissimulação; 3) 
integração. 
 
	
Comentário da questão 8: Letra E. De fato, com a 
adoção da teoria norte-americana, as fases da lavagem 
de capitais são: 1) colocação; 2) dissimulação; 3) 
integração. 
	
Comentário da questão 9: Letra E. De fato, as 
hipóteses autorizadoras de alienação antecipada são: 
risco de deterioração e custo de manutenção. 
	
Comentário da questão 10: Letra A. A fase da 
lavagem descrita no enunciado é a dissimulação 
(ocultação), em que o agente tenta encobrir a origem 
ilícita do dinheiro, por exemplo, por meio de diversas 
operações financeiras. 
	
GABARITO 
1. Errado	
2. Certo	
3. Certo	
4. Certo	
5. Certo	
6. Certo	
7. Certo	
8. E	
9. E	
10. A

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