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Políticas Públicas e 
Legislação Educacional
Organização do Ensino no Brasil
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Murilo Angeli Dias dos Santos
Revisão Textual:
Profª. Ms. Selma Aparecida Cesarin
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Un
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e
Organização do Ensino no Brasil
Discutiremos a organização do ensino no Brasil, da educação infantil ao ensino 
superior, as modalidades da educação de jovens e adultos (EJA), profissional e 
especial. Vamos analisar também a educação a distância.
A Constituição Federal designou os diferentes níveis de ensino. Do antigo primeiro grau, passou 
a designar Ensino Fundamental. O mesmo para o segundo grau, que passou a ser Ensino Médio. 
O detalhamento desta nova estrutura está na Lei de Diretrizes e Basesda Educação (LDB).
Níveis e modalidades da educação e do ensino
Educação Básica:
Educação infantil
Ensino fundamenal
Ensino médio
Educação Escolar:
Educação Básica
Ensino superior
Modalidades de ensino:
Educação à distância
Educação especial
Educação Profissional
Educação de Jovens e Adultos
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
•	 Introdução
•	 Educação Infantil
•	 Ensino Fundamental
•	 Ensino Médio
•	 Educação Profissional
•	 Educação Superior
•	 Educação de Jovens e Adultos (EJA)
•	 Educação Especial
•	 Educação à Distância
•	 Fechamento
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Unidade: Organização do Ensino no Brasil
Para iniciarmos esta unidade, convido você a refletir acerca da política pública de ampliação 
das matrículas do ensino superior: PROUNI. Assista ao vídeo sobre o Prouni, no programa 
Justiça em Questão, disponível em: <http://youtu.be/zykGgYYBC40>. Acesso em: 10 nov. 
2014.
O vídeo apresenta o julgamento do PROUNI no Supremo Tribunal Federal.
Porque o programa foi julgado inconstitucional? 
Com base na Constituição Federal e na LDB, podemos considerar o programa 
inconstitucional? Por quê? 
Aponte 3 argumentos a favor do programa e 3 contra o PROUNI.
Contextualização
http://youtu.be/zykGgYYBC40
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Introdução
Nesta Unidade, trataremos do tema Organização do Ensino no Brasil. Iremos interpretar 
os artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que tratam da educação básica e do 
ensino superior, além das suas modalidades específicas de ensino, tais como educação especial, 
educação de jovens e adultos, educação profissional e educação à distância.
O Art. 21 da LDB apresenta a composição da educação escolar brasileira, sendo educação 
básica e educação superior. A educação básica compreende a educação infantil, o 
ensino fundamental e o ensino médio.
A Educação básica, composta por 3 níveis, infantil, fundamental e médio, é uma 
novidade da LDB e apresenta estes níveis como necessários e obrigatórios para a formação da 
população brasileira, garantidos como um direito à educação.
O Art. 22 da LDB diz que a educação básica tem como finalidade “desenvolver o educando”, 
assegurando alguns objetivos:
•	Educação para o exercício da cidadania;
•	Formação para a vida produtiva do trabalho;
•	Continuidade dos estudos em cursos de atualização, profissionalizantes ou ensino superior.
A dicotomia da formação para a cidadania e para o trabalho vem sendo discutida 
recorrentemente no meio acadêmico, tentando responder: “como formar para a cidadania e 
para o trabalho ao mesmo tempo?”. 
O desafio é formar para os processos produtivos, com a lógica do mundo empresarial, e 
também para o exercício da cidadania, a vida social. Esta discussão passa pelo debate do ensino 
médio integrado ao ensino técnico profissional, que veremos a seguir.
Segundo o Art. 23 da LDB, a educação básica tem autonomia na sua organização. Esta autonomia 
garante sua organização por séries anuais, séries semestrais, ciclos, alternância de período, grupos 
não seriados, entre outros modelos, buscando adaptar a escola à realidade do aluno.
Ainda, de acordo com o Art. 23, a escola poderá reclassificar o aluno, ou seja, poderá adiantar, 
manter ou retroceder o ano escolar que o aluno necessita cursar.
O calendário escolar também poderá ser adequado às particularidades locais, climáticas e 
econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino. É a denominada “pedagogia da alternância”. 
Por exemplo, num município com escola técnica rural, onde o tempo de colheita na região é de 
janeiro a março, as aulas podem começar em abril, para respeitar o período de colheita, na qual 
o aluno geralmente ajuda a família, mas mantendo o número de horas letivas previstas em lei.
O Art. 24 da LDB apresenta as regras comuns da educação básica para os níveis do ensino 
fundamental e médio:
•	No mínimo, 800 horas/aula;
•	No mínimo, 200 dias letivo;
•	Promoção dos alunos, com aproveitamento dos estudos anteriores;
•	Transferência de alunos de outras escolas, independente do sistema de ensino;
•	Realização de aproveitamento de estudos, mediante avaliação feita pela escola, conforme 
regulamentação do sistema de ensino.
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Unidade: Organização do Ensino no Brasil
Quando o sistema de ensino adota a progressão por série, pode também organizar outras 
formas de progressão parcial, por exemplo, a cada duas séries o aluno poderá ser retido.
Aulas de línguas estrangeiras, artes ou outras disciplinas, poderão ser organizadas em turmas com 
alunos de séries, anos ou ciclos distintos. Esta possibilidade prevê que estas áreas do conhecimento 
podem ser trabalhadas com alunos multiseriados, buscando maior eficiência do sistema.
Sobre os critérios para o rendimento escolar, o Art. 24 prevê a avaliação contínua do 
desempenho do estudante, ou seja, várias avaliações ao longo da série, ano ou ciclo, garantindo 
a prevalência do qualitativo sobre o quantitativo.
Um ponto de destaque na avaliação é a possibilidade de aceleração dos estudos, caso o 
aluno tenha um atraso escolar. Muitos sistemas de ensino organizam classes de aceleração para 
que o aluno consiga alcançar a idade e a série ideal para o seu nível de ensino.
As escolas também podem avançar os alunos a partir da realização de avaliações, aproveitando 
os estudos anteriores dentro ou fora do ambiente escolar. Todas as escolas são obrigadas a 
oferecer recuperação escolar paralela ao período em que o aluno estuda.
A frequência mínima para aprovação, de acordo com o mesmo artigo, é de 75% das horas 
letivas. Se a frequência do aluno não atingir este percentual, sem justificativa, a família poderá 
ser acionada e responsabilizada.
Um ponto fundamental tratado no Art. 25 da LDB é que cabe ao Poder Público e seus 
sistemas de ensino buscar “a relação adequada entre o número de alunos e professor”. Ou seja, 
a lei não estabelece os parâmetros mínimos para estas condições de número mínimo de alunos 
para cada professor e deixa a cargo dos municípios, estados e Distrito Federal estabelecerem 
parâmetros para o atendimento ao disposto no artigo.
Educação Infantil
Conhecer os direitos previstos para crianças de zero a cinco anos da educação infantil é 
fundamental para fazer valer os direitos de cidadania. Estudos indicam que a educação infantil 
é etapa primordial para o desenvolvimento da criança e seu sucesso em etapas posteriores de 
escolarização; portanto, é necessário garantir o acesso e a permanência com qualidade neste 
nível de ensino.
A CF de 1988 retirou a educação infantil do âmbito assistencial para alçá-la a uma etapa da 
educação escolar, garantindo direitos antes não previstos. No entanto, os desafios são enormes, 
com a garantia de vagas às famílias que assim o quiserem, padrões mínimos de qualidade, 
formação adequada dos seus professores e demais profissionais.
O Art. 29 da LDB, que trata da educação infantil, passou, em 2013, por uma reformulação 
em sua redação, alterando a idade máxima deste nível de 6 para 5 anos, em consonância com 
a alteração feita no ensino fundamental, com a entrada aos 6 e não mais aos 7 anos.
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A Educação Infantil compreende creches e pré-escolas, sendo que:
•	As crianças de zero a três anos devem ser matriculadas em creches;
•	As crianças de quatro a cinco anos devemser obrigatoriamente matriculadas em pré-
escolas.
O Art. 31 detalha as regras comuns deste nível de ensino:
•	A avaliação não tem o propósito de promoção.
•	A avaliação deve servir para acompanhamento do desenvolvimento da criança;
•	Carga horária de 800 horas distribuídas, no mínimo, por 200 dias letivos;
•	Jornada escolar diária de, no mínimo, 4 horas para turno parcial;
•	Jornada escolar diária de 7 horas para jornada integral;
•	Frequência mínima de 60% do total de horas.
Vamos Calcular
Se o aluno da educação infantil tem 200 dias letivos com 4 horas diárias, quantos dias ele 
poderá faltar?
Ensino Fundamental
A Lei nº 11.274, de 2006, alterou a redação de alguns artigos da LDB que tratam do ensino 
fundamental. As principais alterações foram o aumento da sua duração, passando de 8 para 9 
anos e o início aos 6 e não mais aos 7 anos, em consonância com a alteração feita na redação 
para a Educação Infantil.
O ensino fundamental tem por objetivo a “formação básica do cidadão”. Para alcançar 
estes objetivos, esta etapa de ensino deve desenvolver a capacidade de aprender. Espera-se 
que o aluno tenha domínio da leitura, da escrita, do cálculo e entenda o ambiente natural e 
social ao seu redor.
Os sistemas de ensino municipal, estadual ou do Distrito Federal podem também organizar 
esta etapa de ensino em ciclos. Ou seja, os sistemas podem organizar o ensino em séries ou 
ciclos de duas ou mais séries. Esta indicação rompe os formatos tradicionais, possibilitando às 
redes inovarem sua estrutura curricular.
Os sistemas de ensino também podem usar o regime de progressão continuada. Neste modelo, 
o aluno é avaliado, mas não é retido em determinadas séries ou ciclos, conforme normas do 
próprio sistema. 
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Unidade: Organização do Ensino no Brasil
Este tema vem causando polêmica em algumas redes de ensino, por não observarem de forma 
criteriosa a realização de uma avaliação diagnóstica da aprendizagem do aluno e desenvolvido 
estratégias para recuperação em sala de aula, sendo que, em muitos casos, alunos passam de 
ano sem a aprendizagem do mínimo exigido para a determinada série ou ciclo. No entanto, 
manter a reprovação também não garante a aprendizagem, muitas vezes empurrando o aluno 
“repetente” para fora da escola, causando evasão.
Destaca-se que é assegurado às comunidades indígenas o uso das línguas maternas e 
processos próprios de aprendizagem, dando autonomia para estas comunidades organizarem 
suas escolas.
Ficam assegurados, também, conteúdos que tratem dos direitos das crianças e dos 
adolescentes e o estudo de símbolos nacionais de forma transversal no currículo. Ou seja, não 
é necessária uma ou mais disciplinas que tratem destes conteúdos, sendo desenvolvidos como 
tema transversal nas diversas disciplinas do currículo do ensino fundamental.
O ensino religioso é tratado na LDB e deve ter sua matrícula facultativa nos estabelecimentos 
de ensino. No entanto, seu ensino deve respeitar a diversidade cultural religiosa do país. Fica a 
cargo dos sistemas de ensino definir quais conteúdos devem ser tratados nesta “disciplina”; para 
isso, deverão ouvir as entidades civis, constituídas pelas diferentes denominações religiosas, 
para definição dos conteúdos deste ensino. A educação religiosa, tema bastante polêmico, está a 
cargo dos sistemas de ensino e sua regulamentação, ou seja, a sua definição fica descentralizada, 
cabendo à sociedade civil acompanhar este processo.
O Art. 34 da LDB diz que a jornada em sala de aula é de 4 horas, mas os sistemas de ensino 
devem ampliar a jornada progressivamente, para alcançar uma educação em “tempo integral”. 
Este artigo está em conformidade com os esforços governamentais na constituição de escolas de 
tempo integral. No entanto, maior tempo de escola não é garantia de aprendizagem se o tempo 
não for estruturado e aproveitado com qualidade para aprendizagem do aluno.
O desafio do ensino fundamental é garantir qualidade para todos por meio de métodos 
pedagógicos que tratem do ensino de forma significativa, desafiante e prazerosa para os alunos 
com baixo acesso ao ambiente letrado e cultural, possibilitando a democratização deste nível 
de ensino.
Ensino Médio
O Ensino Médio passa a integrar a última etapa do processo educacional denominado 
Educação Básica, tendo a duração de 3 anos e, segundo o Art. 35 da LDB, tem como finalidades:
•	Aprofundamento do que foi aprendido no ensino fundamental;
•	Possibilitar o prosseguimento dos estudos em cursos profissionalizantes ou ensino 
superior;
•	Preparação para a vida produtiva do trabalho;
•	Preparação para o exercício da cidadania;
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•	Continuar aprendendo, o que é denominado “aprender a aprender”, com flexibilidade 
às “novas condições” de ocupação no trabalho ou aperfeiçoamento posterior;
•	Capacidade para a autonomia intelectual e o pensamento crítico, incluindo formação 
ética para a cidadania;
•	Entender os processos produtivos (empresarial);
•	Relacionar teoria à prática.
Pelas finalidades expostas, o Ensino Médio tem “missões ambiciosas”, uma para a preparação 
para o trabalho, outra para a formação para o exercício da cidadania, e uma terceira para 
a continuidade dos estudos. Estas várias “missões” na prática não vêm sendo realizadas 
adequadamente. Sabe-se que o Ensino Médio deverá passar por uma reformulação, pois está 
muito distante das suas finalidades definidas por lei, não preparando para o trabalho e para o 
exercício da cidadania. As disciplinas da área de humanas se voltam para o conteúdo e não 
para uma “autonomia intelectual e o pensamento crítico”.
Ainda, o currículo do ensino médio não tem a pretensão de aliar “teoria e prática”, 
distanciando-se tanto do mundo do trabalho quanto das questões sociais e econômicas que 
afligem a sociedade e, particularmente, dos problemas das comunidades onde estão situadas as 
escolas deste nível de ensino. Ou seja, o ensino é desconectado da realidade e não significativo 
para o aluno.
O Art. 36 da LDB dispõe das diretrizes para o currículo do ensino médio:
•	Compreensão das letras, das artes e das ciências;
•	Compreensão do processo histórico da sociedade;
•	Conhecer profundamente a língua portuguesa para a comunicação eficaz;
•	Exercício da cidadania.
Cabe ao ensino médio, ainda, em sua metodologia de ensino e aprendizagem, valorizar e 
estimular a iniciativa dos alunos por meio de ações educacionais voltadas para o protagonismo 
juvenil, como por exemplo, a constituição de grêmios estudantis.
Segundo as diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio, o currículo deve ser 
organizado em grandes áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza 
e ciências humanas.
As disciplinas que compõem esta organização são: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, 
Artes, Educação Física, Matemática, Biologia, Física, Química, História, Geografia, Filosofia 
e Sociologia e esta organização pode ser alterada de acordo com a realidade local dos 
sistemas de ensino.
Diretrizes curriculares nacionais do Ensino Médio.
Disponível em: <http://pactoensinomedio.mec.gov.br/images/pdf/resolucao_
ceb_002_30012012.pdf>.
http://pactoensinomedio.mec.gov.br/images/pdf/resolucao_ceb_002_30012012.pdf
http://pactoensinomedio.mec.gov.br/images/pdf/resolucao_ceb_002_30012012.pdf
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Unidade: Organização do Ensino no Brasil
De acordo com o Art. 36 da LDB, os conteúdos, a metodologia e os processos avaliativos 
devem possibilitar que o aluno demonstre o domínio dos princípios científicos e tecnológicos que 
presidem a produção moderna (mundo do trabalho) e conhecimento das formas contemporâneas 
de linguagem. Ou seja, o ensino médio deve estar apoiado em competências básicas para que 
o aluno contextualize o aprendizado com formas atuais de linguagem (social e tecnológica) e as 
transformações do mundo do trabalho.
No entanto, este nível de ensino carece de um rumo em que a aprendizagem, que hoje 
é descontextualizada e baseada em acúmulo de informações sem vínculo com a prática, 
possa ser realmentesignificativa, formativa, respeite a autonomia do aluno, interdisciplinar e 
transdisciplinar em seus temas mais elementares para o exercício da cidadania, estimulando a 
capacidade de aprender e a criatividade.
São grandes os desafios para o cumprimento do que a lei estabelece, pois implicam mudança 
radical do currículo do ensino médio, nas metodologias de aprendizagem e nas práticas escolares.
Educação Profissional
Segundo o Art. 36-A da LDB, incluído pela Lei 11.741, de 2008, o ensino médio, atendida 
a sua formação geral, também poderá preparar o aluno para o exercício de profissões técnicas, 
de forma facultativa, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino ou 
em cooperação com instituições especializadas em educação profissional, como o Sistema S 
(SENAC, SENAI, Senat, Senar etc.) e organizações não governamentais (ONGs).
O Art. 36-B, também incluído em 2008, apresenta duas formas de desenvolvimento da 
educação profissional, sendo a primeira articulada com o ensino médio e a segunda como 
“subsequente”, para atendimento aos alunos que concluíram o ensino médio.
O Art. 36-C da LDB detalha a educação profissional técnica de nível médio “articulada com 
o ensino médio”, da seguinte forma:
•	Integrada ao ensino médio na mesma escola, com matrícula única para cada aluno;
•	Concomitante, ofertada para quem esteja cursando o ensino médio, com matrícula 
distinta para cada curso.
A educação profissional “concomitante” pode ocorrer de duas formas: na mesma instituição 
ou em instituições distintas, aproveitando as oportunidade educacionais locais.
A possibilidade de uma educação profissional concomitante e integrada ao ensino médio pode 
proporcionar uma formação para o trabalho com o exercício para a cidadania, possibilitando 
uma formação integral ao aluno desta modalidade de ensino. Muitos especialistas defendem esta 
modalidade de ensino para que o jovem tenha uma educação completa e integral, articulada 
com a realidade profissional e social.
O Art. 36-D estabelece que os diplomas de educação profissional técnica de nível médio 
habilitarão para a continuidade dos estudos no ensino superior. Ou seja, o aluno formado no 
ensino técnico pode continuar seus estudos. 
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Em alguns países europeus, principalmente, esta possibilidade não existe: quem segue o 
caminho profissionalizante não pode ir para o ensino superior. Alguns especialistas indicam 
que é um investimento já feito no aluno que cursou o ensino médio técnico, principalmente 
se estudou em estabelecimento público, e a sua entrada no ensino superior seria um duplo 
investimento.
Sobre a educação profissional tecnológica, pode ser organizada por eixos tecnológicos, 
construindo diferentes itinerários formativos do aluno.
Intinerários Formativos
Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/itifor.html>.
De acordo com o segundo parágrafo do Art. 39, a educação profissional pode ser organizada 
da seguinte forma:
•	Formação básica para a qualificação profissional, sem necessidade de pré-requisito de 
ensino para sua matrícula;
•	Formação técnica de nível médio, necessidade de cursar ou ter concluído o ensino médio;
•	Formação tecnológica para o ensino superior, no nível de graduação ou até mesmo de 
pós-graduação.
Destaca-se, no Art. 41º da LDB, a possibilidade de aproveitamento de estudos anteriores ou 
mesmo de conhecimentos adquiridos no ambiente do trabalho, para avaliação e certificação na 
educação profissional. Ou seja, parte do currículo de um curso técnico que o aluno já tenha feito 
em outro momento pode ter seu aproveitamento para dispensa de determinadas disciplinas do 
novo curso; o mesmo pode ocorrer, mediante avaliação, de conhecimentos adquiridos também 
no ambiente de trabalho, respeitando a trajetória do aluno.
A educação profissional ainda carece de ajustar a sua formação às transformações que 
ocorrem no mundo empresarial e produtivo, com seus processos globais e inter-relacionados. 
No entanto, não podemos esquecer o papel da educação, que é formar para o exercício da 
cidadania e o pensamento crítico e, neste sentido, a discussão dos papéis sociais na estrutura do 
setor produtivo é fundamental.
Educação Superior
O Art. 43 da LDB apresenta a finalidade da educação superior de formar alunos nas 
diferentes áreas do conhecimento, possibilitando a sua inserção profissional e participação ativa 
na sociedade brasileira. A educação superior deve, ainda, possibilitar a criação cultural e o 
espírito científico nacional, estimulando o trabalho de pesquisa acadêmica.
O Art. 44 da LDB diz que a educação superior abrangerá cursos e programas de graduação, 
de pós-graduação, de extensão universitária e sequenciais e em seu parágrafo único dispõe que 
o processo seletivo deverá se tornar público pela instituição de ensino, divulgando a relação 
nominal, a ordem de classificação e o cronograma para matrícula.
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/itifor.html
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Unidade: Organização do Ensino no Brasil
A autorização de cursos em Instituições de Educação Superior (IES) é renovada periodicamente 
por meio de avaliação de órgão competente. Ou seja, o sistema de ensino deverá realizar 
avaliações periódicas de cursos e de IES, buscando a qualidade do ensino dentro das finalidades 
do ensino superior exposto no Art. 43 da LDB.
A educação superior deve ter, segundo o disposto no Art. 47, no mínimo, duzentos dias 
de trabalho letivo, excluindo exames finais. As IES são obrigadas a informar os alunos dos 
programas de cursos. Todo aluno, antes do início das suas aulas regulares, deve ter acesso às 
informações previstas no Plano de Ensino de cada disciplina que irá cursar, tais como ementa, 
metodologia, avaliação, bibliografia básica e complementar e conteúdo programático.
Ainda, os alunos podem ter aproveitamento nos estudos feitos em outras IES, abreviando seus 
cursos. Este aproveitamento deve ser demonstrado por meio de provas ou outras avaliações.
As Instituições de Ensino deverão oferecer cursos de graduação no período noturno com o 
mesmo padrão de qualidade dos demais períodos ministrados. Desta forma, o aluno trabalhador 
tem garantida a mesma qualidade de curso que o aluno que não trabalha e, em tese, dispõe de 
mais recursos financeiros.
Os alunos que cursaram graduação em universidades estrangeiras deverão “revalidar” seus 
diplomas em IES públicas brasileiras que tenham curso do mesmo nível e área.
As Instituições de Ensino Superior (IES) poderão ser públicas ou privadas. As instituições em 
estabelecimento de ensino oficial não podem cobrar matrícula ou mensalidade.
A gratuidade em estabelecimentos oficiais também é bastante discutida no meio acadêmico, 
pois muitas IES públicas cobram, por meio de suas fundações, cursos de extensão ou mestrados 
profissionais. Alguns pesquisadores dizem que esta prática é inconstitucional.
As IES privadas podem ser com ou sem fins lucrativos. As instituições privadas sem fins 
lucrativos são de 3 tipos:
1. Comunitárias, que incluem em sua entidade mantenedora representantes da 
comunidade;
2. Confessionais, que atendem a determinada orientação confessional e ideológica; e
3. Filantrópicas, que prestam serviços à população, em caráter complementar às 
atividades do Estado.
Quanto à classificação, as IES podem ser:
1. Universidades;
2. Centro Universitário;
3. Faculdade.
Segundo o Art. 52 da LDB, as Universidades devem aliar os três campos do saber: o 
ensino, a pesquisa e a extensão universitária. A universidade deve ter, ainda, produção de 
conteúdo intelectual e, em relação aos seus profissionais, 1/3 do corpo docente com titulação 
com mestrado e doutorado e em regime de trabalho em tempo integral. 
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Muitas universidades privadas questionam esta obrigatoriedade do corpo docente, tendo 
em vista a dificuldade em encontrar mestres e doutores em determinadas regiões do Brasil e o 
aumento de custos com este tipo de contratação.
Ainda segundo o Art. 53, as universidades gozam de autonomiana criação, organização e 
extinção de cursos e programas de ensino, pesquisa e extensão. Podem também estabelecer o 
número de vagas, sem precisar de autorização do sistema de ensino. O poder desta autonomia 
deve passar pelos colegiados institucionais das universidades.
Já as universidades públicas terão estatuto jurídico próprio para a organização da sua 
estrutura e recursos humanos e financeiros. Cabe ao Poder Público garantir recursos financeiros 
para a sua manutenção e desenvolvimento e elas deverão obedecer ao princípio da gestão 
democrática, assegurando a existência de órgãos colegiados deliberativos, nos quais 70% dos 
assentos serão docentes. O professor deverá ministrar, no mínimo, oito horas semanais de aulas.
Os Centros Universitários são semelhantes às Universidades em termos de estrutura, mas 
não apresentam o requisito da pesquisa institucionalizada.
Já a Faculdade não apresenta autonomia para conferir títulos e diplomas, os quais devem 
ser registrados por uma Universidade. Além disso, não tem a função de promover pós-graduação 
e a pesquisa.
Educação de Jovens e Adultos (EJA)
A Educação de Jovens e Adultos ganha destaque na LDB nos artigos 37 e 38 e se destina 
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental ou médio na 
idade própria, ou seja, até os 17 anos. Esta modalidade de ensino, para muitos pesquisadores, é 
garantia constitucional de acesso de todos à educação básica e resgate do exercício da cidadania.
Aos alunos desta modalidade de ensino, os sistemas de ensino devem garantir, de forma 
gratuita, a matrícula e permanência em cursos em Instituições de Ensino ou a ocorrência de 
exames para verificação de aprendizagem e certificação.
A EJA tem clientela diferenciada do ensino regular, muitos alunos trabalhadores ou com 
experiência profissional e pessoal que deve ser aproveitado nos processos de aprendizagem. 
Para este tipo de aluno, uma educação que trate de temas atuais e presentes no cotidiano 
pessoal e profissional possibilita a aprendizagem significativa. A EJA deverá, preferencialmente, 
estar articulada com a educação profissional.
Os cursos e exames de EJA mantidos pelos sistemas de ensino deverão garantir a continuidade 
dos estudos e deverão, ainda, possibilitar a conclusão do ensino fundamental para alunos 
maiores de quinze anos e, para os maiores de dezoito anos, a conclusão do ensino médio.
Como no ensino profissionalizante já tratado nesta Unidade, os conhecimentos anteriores do 
aluno da EJA também serão avaliados e reconhecidos para aproveitamento de estudos.
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Unidade: Organização do Ensino no Brasil
Educação Especial
A Educação Especial recebe atenção nos artigos 58, 59 e 60 da LDB.
O Art. 58 dispões que a educação especial é considerada uma modalidade de educação 
escolar, que deve ser ofertada preferencialmente na rede regular de ensino. A redação deste 
artigo foi alterada em 2013, dando destaque para o atendimento aos alunos com “transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”.
Os sistemas de ensino deverão ofertar ainda, serviços especializados, quando necessário, ao 
aluno com esta peculiaridade, preferencialmente, na escola regular, buscando a integração com 
a educação comum.
Quando não for possível a integração do aluno no ensino regular, o atendimento educacional 
especializado poderá ser feito em escolas ou serviços especializados. Desta forma, abre espaço 
para as redes de ensino articularem parcerias com Instituições de Ensino especializadas neste 
tipo de atendimento, como as APAEs.
É garantindo ao aluno da educação especial o atendimento a partir de zero ano, na educação 
infantil, prosseguindo aos demais níveis de ensino. Importante considerar que as escolas de 
educação infantil devem estar preparadas para atender bem os alunos com necessidades 
educacionais especiais e integrá-los aos demais alunos e processos educativos.
O Art. 59 diz que os sistemas de ensino garantirão aos alunos da educação especial 
currículos, metodologia e recursos específicos para atender suas necessidades, além da garantia 
de terminalidade do ensino fundamental para aqueles que, por causa das suas deficiências, não 
puderam atingir o nível exigido para a conclusão dos estudos. 
Para os alunos “superdotados”, há a possibilidade de finalizar os estudos em tempo menor. 
Cabe aos sistemas de ensino estabelecer normas para regulamentar tais ações e apresentar, 
também, a formação adequada aos professores desta modalidade de ensino, para atender os 
alunos em classes ou escolas específicas ou em turmas regulares. No entanto, o artigo traz uma 
contradição quando diz que a formação pode ser também de Ensino Médio, quando, na realidade, 
esta modalidade de ensino exige mais, exige nível de Especialização, para atendimento adequado.
O Art. 60 diz que os sistemas de ensino deverão estabelecer critérios para a atuação em 
serviços especializados de instituições privadas sem fins lucrativos.
Na redação anterior deste artigo, estava estabelecido que, preferencialmente, o atendimento 
seria em instituições privadas sem fins lucrativos, alterada em 2013 para estabelecimento de 
critérios para atuação e apoio técnico e financeiro. Desta forma, o Poder Público deve ter 
autonomia e ser ativo neste processo.
Entretanto, o mesmo artigo diz que os sistemas de ensino deverão ampliar o atendimento 
aos alunos da educação especial na própria rede regular, reforçando a necessidade de inclusão 
deste tipo de atendimento nas redes de ensino.
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Educação à Distância
A Educação a Distância foi regulamentada pelo Decreto 5.622, de 2005, caracterizando esta 
modalidade de ensino como um processo de mediação didático-pedagógica por intermédio de 
meios e tecnologias de informação e comunicação, denominadas TICs.
A educação a distância tem metodologia, gestão e avaliação próprias; no entanto, existem 
momentos presenciais obrigatórios:
I. avaliações de estudantes;
II. estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;
III. defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; e
IV. atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.
A educação a distância poderá ser ofertada, ainda, nos seguintes níveis e modalidades: 
educação básica, EJA, educação especial, educação profissional de nível técnico e tecnológico 
e ensino superior.
A instituição interessada em oferecer cursos superiores a distância precisa solicitar 
credenciamento específico à União. 
As Universidades e Centros Universitários que são credenciados para oferta de cursos superiores 
a distância podem criar novos cursos superiores sem necessidade de autorização do MEC, estando 
submetidos apenas aos processos de reconhecimento já estabelecidos no ensino superior.
Ainda quanto aos cursos de ensino superior, a criação de cursos de graduação em Direito, 
Medicina, Odontologia e Psicologia, inclusive em Universidades e Centros Universitários, deverá 
ser submetida, respectivamente, à análise do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do 
Brasil ou do Conselho Nacional de Saúde.
Outra possibilidade prevista no ensino superior é a oferta de 20% da carga horária dos cursos 
superiores na modalidade semipresencial. Ou seja, uma instituição pode ofertar até 20% da 
carga horária total do curso em disciplinas online. Muitas IES utilizam deste expediente para 
redução de custos com a contratação de docentes.
O desafio da educação a distância é garantir a mesma qualidade do ensino presencial; no 
entanto, ela traz a possibilidade de democratização do ensino e de alcançar estudantes que 
antes não teriam acesso, em vários lugares do Brasil.
Fechamento
Esta Unidade tratou dos níveis de ensino: educação básica, formada pela educação infantil, 
ensino fundamental e ensino médio, e educação superior, previstas na LDB. Falou-se, ainda, 
das modalidades de ensino: EJA, Especial, profissionalizante e educação a distância.
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Unidade: Organização do Ensino no Brasil
Aeducação infantil, sendo a pré-escola incluída como obrigatória, tem o desafio de oferta de 
vagas para atender a demanda.
O ensino médio passa por um momento de transição em seu currículo, buscando atrelá-lo à 
realidade do aluno, reunindo teoria e prática. O mesmo se passa com o ensino superior, no qual 
a pesquisa, o ensino e a extensão devem favorecer o desenvolvimento do país e gerar inovação.
O ensino profissional deve ser aumentado em sua oferta para melhorar a qualificação do 
trabalhador, da mesma forma que a EJA, garantindo o acesso e a permanência do aluno que 
não cursou o ensino básico no tempo regular. 
O desafio no Brasil é garantir os direitos adquiridos por lei à educação e dispor da 
organização e oferta dos diferentes níveis de ensino e modalidade, garantindo a sua qualidade 
e a permanência do aluno.
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Material Complementar
Legislação citada:
BRASIL. Congresso Nacional. Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília: 
Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>.
______. Lei n. 9394, de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDB). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>.
Livros complementares da biblioteca virtual no ambiente da Blackboard:
CARVALHO, José Sérgio Fonseca de. Reflexões sobre Educação, Formação e 
Esfera Pública. Penso, 2013. Disponível em: <http://integrada.minhabiblioteca.com.br/
books/9788565848015>;
CASTRO, Claudio de Moura. Os Tortuosos Caminhos da Educação Brasileira: Pontos 
de Vista Impopulares. Penso, 2013. Disponível em: <http://integrada.minhabiblioteca.com.br/
books/9788565848770>;
COLOMBO, Sonia Simões, CARDIM, Paulo A. Gomes e colaboradores. Nos Bastidores 
da Educação Brasileira: A gestão Vista por Dentro. ArtMed, 2011. Disponível em: 
<http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788536323527>;
MOLL, Jaqueline. Caminhos da Educação Integral no Brasil: Direito a Outros Tempos 
e Espaços Educativos. Penso, 2012. Disponível em: <http://integrada.minhabiblioteca.com.br/
books/9788563899637>;
NOVAES, Valério; COUTINHO, Diva; SILVA, Cileda de Queiroz e. Estatística para Educação 
Profissional. Atlas, 2009. VitalBook file. Disponível em: <http://integrada.minhabiblioteca.com.
br/books/9788522465767>.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
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http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788565848015
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788565848015
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788565848770
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788565848770
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788536323527
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788563899637
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788563899637
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522465767
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Unidade: Organização do Ensino no Brasil
Referências
Bibliografia Básica:
BUCCI, M. P. D. Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006.
PINTO, D. B. B.; CINTRA, R. S. (Orgs). Direito e educação: reflexões críticas para uma 
perspectiva interdisciplinar. São Paulo: Saraiva, 2013.
ROSÁRIO, M. J. A.; ARAÚJO, R. M. de L. Políticas públicas educacionais. 2. Ed. Campinas: 
Alínea, 2011.
Bibliografia Complementar
BITTAR, Carla Bianca. Educação e Direitos Humanos no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.
HORA, T. L.; SANTOS, T. F. A. M. (org.). Políticas Educativas e Gestão Educacional. 
Campinas: Editora Alínea, 2014.
OLIVEIRA, Romualdo Portela; ADRIÃO, Thereza. Gestão Financiamento e Direito à 
Educação: análise da LDB e da Constituição Federal. São Paulo: Xamã, 2001.
OLIVEIRA, Romualdo Portela; ADRIÃO, Thereza. Organização do ensino no Brasil: níveis 
e modalidades na Constituição Federal e na LDB. v 2. São Paulo: Xamã, 2002.
SARAIVA, Enrique; FERRAREZI, Elisabete (org.). Políticas Públicas. Coletânea. Volumes 1 
e 2 . Brasília: ENAP, 2006.
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Anotações

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