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52 Unidade II Unidade II 5 SISTEMA DE ENSINO 5.1 Conceituação de sistema de ensino O que significa sistema? A conceituação da palavra sistema, segundo Lalande (apud DIAS, 2004, p. 1), refere-se a um “conjunto de elementos, materiais ou não, que dependem reciprocamente uns dos outros, de maneira a formar um todo organizado”. Na citação está presente a ideia de estrutura, de um todo formado por partes interdependentes presentes no interior de um conjunto de elementos. O que é a Teoria de Sistemas? Quando usamos essa teoria, referimo-nos a um ambiente que, além de considerar o que está dentro do sistema, analisa também o que está fora, pelas trocas que se realizam entre o sistema e o ambiente. O sistema pode ser aberto ou fechado. O fechado não faz troca com o ambiente. Já no sistema aberto há troca, pela interação com o ambiente. Por isso, recebe informações de fora e devolve informações a partir do funcionamento do sistema, o feedback. Para fazer referência ao que entra como informação no sistema, usamos o conceito inputs, e para o que é devolvido como informação para o ambiente, outputs. Nesse sentido, há a ideia de supersistema e subsistema. 5.1.1 O sistema escolar O sistema escolar brasileiro tem como finalidade proporcionar educação num aspecto específico, que é a escolarização. Este é um processo sistemático e intencional, que tem como objetivo o desenvolvimento intelectual, físico, social, emocional e moral dos educandos. Essa é a exigência da nossa sociedade em relação ao sistema educacional brasileiro. É um processo integral. Podemos afirmar que as contribuições da sociedade para a escola são o conteúdo cultural, os recursos humanos, os recursos financeiros e os alunos. Já as contribuições da escola para a sociedade são a melhoria do nível cultural da população, o aperfeiçoamento individual, a formação de recursos humanos e o resultado de pesquisas nos diferentes campos do conhecimento humano. 53 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 5.2 Organização do sistema de ensino brasileiro nos âmbitos federal, estadual e municipal: composição, incumbências e organogramas (LDB, artigos 8º a 20) 5.2.1 Estrutura O sistema escolar brasileiro compreende uma rede de escolas e uma estrutura de sustentação: A rede de escolas é composta de estabelecimentos de ensino que atendem aos alunos, nos níveis de ensino descritos a seguir. • Primeira etapa – Educação Infantil: — creche, dos 0 aos 3 anos; — pré-escola, dos 4 aos 5 anos. • Segunda etapa – Ensino Fundamental: — séries iniciais (dos 6 aos 10 anos); — séries finais (dos 11 aos 14 anos). • Terceira etapa ou etapa final – Ensino Médio: — dos 15 aos 17 anos. As modalidades de ensino são oferecidas ao longo da educação básica e da Educação Especial desde a Educação Infantil até o fim da escolaridade possível ao educando, ou quando, por outros motivos, a criança ou o adolescente se integra à Educação Especial. A Educação de Jovens e Adultos é ofertada aos que não cursaram na idade própria o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. As outras modalidades previstas na lei são oferecidas de acordo com as peculiaridades locais e as necessidades. • Estrutura de sustentação – estrutura administrativa composta de elementos não materiais, entidades mantenedoras e administração. São elementos não materiais: — normas – disposições legais: Constituição Federal, leis e decretos; — disposições regulamentares: regimentos, portarias e instruções; — disposições consuetudinárias: ética, costumes e praxe. Os elementos não materiais constituem-se dos princípios e objetivos da educação escolar nacional, bem como dos deveres, direitos e responsabilidades dos integrantes do setor educacional. Expressam-se pelas legislações educacionais, que têm o objetivo de regulamentar, orientar, coordenar, acompanhar, implantar, implementar e avaliar ações, planos, programas e planejamentos de todos os níveis de organização e funcionamento do sistema de ensino nacional. 54 Unidade II A metodologia de ensino engloba orientações curriculares e metodológicas expressas nos documentos legais, principalmente nas Diretrizes Curriculares Nacionais, nos Parâmetros Curriculares, nos Referenciais Curriculares e nos materiais de orientação, avaliação e acompanhamento das ações educativas em todos os níveis – local, regional e nacional. Entidades mantenedoras são as instituições que organizam os estabelecimentos de ensino, matriculam as crianças e os adolescentes, desenvolvem o currículo, o ano letivo e o processo avaliativo e são responsáveis pela certificação na educação básica. São subdivididas conforme vemos a seguir: • Entidades mantenedoras: — Poder Público: federal, estadual e municipal; — entidades particulares: leigas e confessionais; — entidades mistas: autarquias. Os órgãos administrativos do sistema são responsáveis por assegurar o desenvolvimento da política pública educacional, fazer o levantamento dos alunos a serem atendidos na região, autorizar a criação das classes no início do ano letivo, atribuir aulas aos professores e propiciar a formação continuada, a seleção dos professores, sua remoção e aposentadoria. 5.2.2 Sistema O que consideramos sistema escolar brasileiro é aquele que está situado no território nacional, que está vinculado à cultura brasileira, expressa nos valores, costumes, hábitos, princípios e objetivos da educação nacional. Além disso, é também aquele que é ministrado na língua nacional e está submetido a uma legislação comum, incluindo disposições legais que articulam e integram os diferentes níveis e modalidades de ensino. 5.2.3 Funcionamento As características do funcionamento do sistema escolar brasileiro, do ponto de vista das entradas para o sistema escolar, delimitam que a sociedade brasileira é responsável pela provisão de recursos financeiros para que o sistema nacional de ensino funcione e que tem a responsabilidade de realizar o recrutamento de pessoal de acordo com as necessidades nacionais, regionais e locais, em todas as áreas de funcionamento do sistema. Também são características do funcionamento do sistema não somente a admissão de todas as crianças e adolescentes e dos que não estudaram na idade própria, mas também a oferta de vaga e a permanência na escola até o fim da educação básica. As características do funcionamento do sistema de ensino, do ponto de vista do processo educativo, dizem respeito à orientação, à coordenação dos currículos, dos programas e sua atualização conforme as necessidades da sociedade brasileira, por meio da constante qualificação do pessoal e da avaliação do rendimento escolar por avaliações internas e externas. Isso inclui a constante busca da qualidade social de ensino requerida pela nação brasileira, lutando por índices satisfatórios de desempenho escolar. 55 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA A evidência do bom desempenho do sistema escolar verifica-se por meio da promoção escolar, evitando a evasão, a defasagem idade/série e a reprovação, assegurando os estudos de recuperação. As características do funcionamento do sistema escolar, do ponto de vista das saídas desse sistema, significam a formação e a qualidade de ensino oferecido pela escola que garanta a plena cidadania, a formação para o trabalho e a preparação para a vida social. Assim, pretende-se que a formação de profissionais dos vários níveis, de acordo com as necessidades sociais e pessoais, propicie o desenvolvimento cultural da população, a partir da capacidade de expressar-se por escrito e oralmente com fluência. Pretende-se também que essa população seja capaz de usufruir o patrimônio artístico e cultural brasileiro. Ao mesmo tempo, é importante que o cidadão tenha a formação necessária para a escolha da qualidade de vida desejada para si e sua família. Segundo Faustini (apud MENESES, 2004), as instituições sociais, para atender aos objetivos sociais que lhes são determinados, devem ater-se a prescrições e regulamentos específicos.São atividades que estão previstas nas legislações gerais e específicas já apontadas e que os teóricos da Administração chamam de aspecto burocrático da organização. A forma burocrática tornou-se a forma dominante de organização de quase todas as sociedades da atualidade, e burocracia significa um tipo hierárquico de organização formal. Esse conceito foi descrito por Max Weber, que estabeleceu as características de uma organização burocrática do tipo ideal. Em uma organização burocrática, a autoridade é exercida com base em um sistema de regulamentos e métodos, por meio da posição oficial que os indivíduos ocupam na hierarquia da organização. As posições obedecem a um critério, que é o grau de importância da posição e que abarca a autoridade sobre os que estão abaixo. Há os que ocupam postos superiores e postos inferiores ou subordinados, mas isso não implica superioridade ou inferioridade entre os indivíduos, pois na burocracia ideal deveria haver impessoalidade na ocupação dos cargos e no cumprimento das tarefas. Nessa hierarquia formal existe uma estrutura de autoridade chamada cadeia de autoridade ou comando. As atividades aí desenvolvidas obedecem a regras abstratas e muito bem-definidas. 5.2.4 Níveis de administração dos sistemas de ensino e a LDB 9.394/96 Os sistemas de ensino brasileiros possuem uma rede de autoridades, desde aquelas que envolvem o país até as que se instauram nas unidades escolares. Há uma hierarquia de autoridades e de repartições em todos os níveis administrativos e com funções claramente definidas. Apresentaremos a organização administrativa dos diversos órgãos relacionados com a educação básica do sistema de ensino brasileiro e destacaremos suas funções como se apresentam na legislação básica. A LDB dispõe, no Título IV, artigo 8º, sobre a organização da educação nacional, e, no artigo 9º, sobre as competências e atribuições da União. O artigo 8º trata da organização da educação nacional em sistemas de ensino, de acordo com as instâncias federal, estadual e municipal. Além disso, destaca o papel central da União na coordenação, 56 Unidade II articulação e normatização do sistema nacional de educação, embora os sistemas de ensino tenham garantido, no parágrafo 2º do artigo 8º da LDB, o direito de liberdade em sua organização. A União tem o papel de coordenar a política nacional de educação, articular os diferentes níveis e sistemas de ensino e exercer as funções normativa, redistributiva e supletiva em relação às outras instâncias educacionais. A função normativa estabelece leis, regulamentos e normas que devem ser respeitados para o funcionamento integrado dos sistemas de ensino. Já a função redistributiva refere-se à contribuição com verbas para o ensino quando os sistemas de ensino estaduais e municipais não atingem o mínimo de verbas necessário para o desenvolvimento e a manutenção do ensino. Por fim, a função supletiva trata da situação decorrente de os sistemas de ensino terem dificuldade de cumprir todas as atribuições e competências em relação à estrutura e ao funcionamento da educação básica. Título IV Da Organização da Educação Nacional Art. 8º. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. § 1º. Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. § 2º. Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei (BRASIL, 1996). O conceito destacado é o de regime de colaboração, que deve ser o tipo de relação a reger os diferentes sistemas de ensino. O papel principal da União é coordenar a política nacional de educação e articular os diferentes níveis e sistemas com as funções normativa, redistributiva e supletiva. Prosseguindo: Art. 9º. A União incumbir-se-á de: I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios; II – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos territórios; III – prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva; 57 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA IV – estabelecer, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; IV-A – estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos para identificação, cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação; (Incluído pela Lei n. 13.234, de 2015). V – coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI – assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no Ensino Fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; VII – baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; VIII – assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino; IX – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. § 1º. Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei. § 2°. Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso a todos os dados e informações necessários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais. § 3º. As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de educação superior (BRASIL, 1996). O artigo 9° cita as atribuições e competências da União em relação à organização e ao funcionamento da educação escolar (incumbências essas que em grande parte envolvem a coordenação das ações educacionais – note-se que é função da esfera federal a elaboração do Plano Nacional de Educação, ainda que isso ocorra em colaboração com estados, Distrito Federal e municípios). 58 Unidade II Também compete à União garantir a participação de todos na educação; para isso, o plano deve conter diretrizes e metas a serem alcançadas, especificadas por nível e modalidade de ensino, com a vigência de 10 anos. Após essa elaboração, o plano deve ser encaminhado para discussão e aprovação no Congresso Nacional, que pode transformá-lo em lei federal. A inserção, em 2015, do inciso IV-A, estabelece diretrizes e procedimentos para identificação, cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação. Outra função do Estado é prestar assistência técnica, o que acaba se resumindo na elaboração das diretrizes educacionais, que são aceitas pelos sistemas de ensino. O conceito de colaboração novamente aparece, assim, como instrumento que vai efetivamente garantir pensar numa educação nacional, com a criação de mecanismos que assegurem a formação básica comum a todos, como está expresso na lei. A introdução da ideia de avaliação se constitui, nessa lei, como um dos pilares da política educacional brasileira. É o que chamamos de avaliação realizada da forma mais mensurável possível, assegurando o processo nacional de avaliação do rendimento escolar. O objetivo é eleger as prioridades nacionais (locais) com vistas à melhoria da qualidadede ensino. Já em 1995, antes da aprovação da Lei n. 9.394/96, o governo federal instaurou uma medida provisória, em 1995, a Lei n. 9.131/95, instituindo o Provão no ensino superior (o Exame Nacional de Cursos), O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica). Observação O Conselho Nacional de Educação foi criado pela mesma medida provisória que criou o Provão. É no parágrafo 3º do artigo 9º que encontramos uma medida descentralizadora da Lei n. 9.394/96, ao considerar como regime de colaboração a possibilidade de baixar normas gerais para os estabelecimentos de ensino. No Governo Lula, o Provão foi substituído por outra metodologia de avaliação chamada Sinaes – Sistema de Avaliação da Educação Superior –, aplicada pela primeira vez em 2004. Dando continuidade ao estudo, leia o próximo artigo – com modificações promovidas pelas leis n. 12.061/09 e n. 10.709/03. Art. 10º. Os estados incumbir-se-ão de: I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino; II – definir, com os municípios, formas de colaboração na oferta do Ensino 59 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III – elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus municípios; IV – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; VI – assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o Ensino Médio a todos [os] que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; VII – assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes aos estados e aos municípios (BRASIL, 1996). O artigo 10º apresenta as atribuições e competências dos estados brasileiros diante do ensino escolar no sistema nacional de educação. Podemos notar que há uma organização de atribuições e funções entre os diferentes sistemas de ensino. Art. 11. Os municípios incumbir-se-ão de: I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos estados; II – exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV – autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V – oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. 60 Unidade II VI – assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. Parágrafo único. Os municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica (BRASIL, 1996). Os municípios passam a ter atribuições na educação escolar. As ações estão em consonância com as atribuições da União e dos estados e devem acontecer em regime de colaboração, podendo essas esferas de governo formar um sistema único de educação básica. Assim, as políticas educacionais municipais devem estar integradas às políticas e aos planos da União e dos estados. Vejamos agora as atribuições dos estabelecimentos de ensino com modificações promovidas pelas Leis n. 12.061/2009 e 10.287/2001. Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – elaborar e executar sua proposta pedagógica; II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e [o] rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; VIII – notificar ao Conselho Tutelar do município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei. IX – promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei n. 13.663, de 2018) 61 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA X – estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas; (Incluído pela Lei n. 13.663, de 2018) XI – promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. (Incluído pela Lei n. 13.840, de 2019) (BRASIL, 1996). O artigo 12 trata das competências e responsabilidades da escola, destacando-se seu dever de elaborar e executar sua proposta pedagógica. Outros deveres são: assegurar o cumprimento dos dias letivos, velar pelo cumprimento do plano de trabalho docente e prover meios de recuperação dos alunos de menor rendimento, articular-se com as famílias e a comunidade, informar pais sobre o rendimento dos alunos e o desenvolvimento da proposta pedagógica. Está presente também entre as responsabilidades da escola administrar seu pessoal, bem como seus recursos materiais e financeiros. O fato de outras atividades não terem sido mencionadas não significa que o papel da escola tenha sido alterado, mas sim ampliado em sua visão e missão para com a coletividade escolar. A inserção do inciso VIII, atribui à escola o dever de notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% do percentual permitido em lei. O inciso IX refere-se aos tipos de violência escolar e atribui às instituições a promoção de medidas de prevenção e de combate; e o inciso X estabelece ações para promover a cultura de paz nas escolas. O inciso XI atribui, também como dever da escola, a promoção de ambiente seguro e estratégias de prevenção ao uso de drogas. O artigo 13 trata das atribuições do corpo docente, conforme exposto a seguir. Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III – zelar pela aprendizagem dos alunos; IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996). 62 Unidade II São apresentadas neste artigo as funções dos professores: participar da elaboração da proposta pedagógica da escola, elaborar e cumprir o plano de trabalho de acordo com a proposta da unidade escolar, estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento, participar integralmente das reuniões de planejamento, avaliação e desenvolvimento profissional, assim comocolaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996). O artigo 14 trata dos princípios da educação escolar municipal. Trata com destaque da gestão democrática da escola pública, mas não aponta como deve ser escolhido o gestor/diretor da escola. Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público (BRASIL, 1996). Este artigo complementa o anterior ao enfocar a questão da autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira da escola, de forma progressiva. Para continuarmos nossa abordagem, leia o trecho a seguir, que trata do sistema de ensino federal. Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: I – as instituições de ensino mantidas pela União; II – as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada; III – os órgãos federais de educação. Art. 17. Os sistemas de ensino dos estados e do Distrito Federal compreendem: I – as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; II – as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal; 63 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA III – as instituições de Ensino Fundamental e Médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; IV – os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de Educação Infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino. Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: I – as instituições do Ensino Fundamental, Médio e de Educação Infantil mantidas pelo Poder Público municipal; II – as instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; III – os órgãos municipais de educação. Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas seguintes categorias administrativas: I – públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; II – privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias: I – particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II – comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade; III – confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; IV – filantrópicas, na forma da lei (BRASIL, 1996). O conceito de sistema está presente na organização e no funcionamento da estrutura do sistema nacional de ensino, apresentado nos artigos de 16 a 20. As atribuições dos diferentes sistemas, no que 64 Unidade II se refere ao atendimento aos alunos nos níveis e nas modalidades de ensino, são detalhadas a fim de diferenciar as esferas de atuação. O conceito de regime de colaboração traz a ideia dos níveis de ensino não como etapas desligadas e estanques, mas como processo de atendimento ao aluno ao longo da educação básica. Lembrete Usamos o termo sistema de ensino para nos referirmos a diferentes redes de escolas: as vinculadas aos estados e as vinculadas aos municípios. Essa organização se dá em todo o território nacional. Essa é a descentralização da educação escolar. Saiba mais É importante que você consulte a Lei n. 9.394/96 e as alterações que sofreu no decorrer dos anos. Essa constatação é importante para que você note que a lei é alterada de acordo com as necessidades sociais. Acesse: BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 28 out. 2013. A Tabela 3 apresenta a participação dos sistemas de ensino federais, estaduais e municipais no atendimento às matrículas na educação básica. A rede pública é responsável pelo atendimento de 83,5% dos alunos, e a rede privada, por 16,5%. A esfera municipal atende a 45,9% das matrículas, a rede estadual, a 37,0%, e a federal, a 0,5%. Esses dados representam o funcionamento do sistema nacional de educação, segundo o que está proposto na Lei n. 9.394/96. Tabela 3 - Número de matrículas na Educação Básica por dependência administrativa – Brasil – 2018 Total geral Totalpública % Federal % Estadual % Municipal % Privada % 48.455.867 39.460.618 84,0 411.078 1,0 15.946.416 34,0 23.103.124 49,0 8.995.249 16,5 Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE). Fonte: Inep (2019, p. 7). 65 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 6 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR (LDB, ARTIGOS 21 A 28) Continuando o estudo mais acurado da lei, passaremos agora ao Capítulo I do Título V da Lei n. 9.394/96, que discute o conceito de educação e diferencia-a de educação escolar. O texto legal diferencia a educação entendida pelo senso comum da educação escolar, que, como é claramente definido, é aquela que acontece por meio do ensino e nas escolas que estão sob a vigência da Lei n. 9.394/96. Título V Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino Capítulo I Da Composição dos Níveis Escolares Art. 21. A educação escolar compõe-se de: I – Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; II – Educação Superior (BRASIL, 1996). Prosseguiremos nossos comentários com a continuação do texto legal: Capítulo II DA Educação Básica Seção I Das Disposições Gerais Art. 22. A Educação Básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (BRASIL, 1996). A partir do artigo 22, a lei vai tratar das disposições curriculares para o funcionamento das etapas e modalidades de ensino em todo o território nacional e vai apontar a possibilidade de atender às especificidades regionais. Assim, esse artigo trata das finalidades da educação básica de desenvolvimento do educando com a formação comum indispensável para a cidadania, o trabalho e estudos posteriores. Art. 23. A Educação Básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não 66 Unidade II seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. § 1º. A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais. § 2º. O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei (BRASIL, 1996). Esse artigo trata da organização da escola,que pode se dar em séries anuais ou períodos semestrais, basear-se no critério da competência ou em outros, possibilitar a reclassificação dos alunos e adequar o calendário escolar às peculiaridades locais. Vejamos os próximos artigos. Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I – a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) II – a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do Ensino Fundamental, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; III – nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; 67 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA IV – poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares; V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI – o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; VII – cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. § 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do art. 4º. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) (BRASIL, 1996). Estão apontadas no artigo 24 as regras comuns para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, com carga horária mínima anual de 800 horas, divididas em 200 dias letivos (os quais devem ser compostos de, no mínimo, 4 horas de efetivo trabalho escolar). 68 Unidade II Para o Ensino Médio, a carga horária mínima deverá ser ampliada, progressivamente no prazo de até cinco anos, para 1.400 horas, a contar a partir de 2 de março de 2017. O texto legal trata, ainda, de aspectos como os critérios para a classificação dos alunos, a organização das classes por níveis mais avançados de ensino ou de disciplinas, a verificação do rendimento escolar com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos, recuperação paralela ao período letivo, obrigatoriedade da recuperação dos estudos e controle da frequência por conta da escola. Especifica também que a escola é responsável pela expedição dos certificados e históricos escolares. Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar relação adequada entre o número de alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento. Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições disponíveis e das características regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste artigo (BRASIL, 1996). Há, no artigo 25, enfoque na importância do número de alunos por professor nas diferentes etapas da educação básica e na necessidade de haver, nas condições materiais da escola, padronização ou equivalência às condições regionais e locais disponíveis. Vamos continuar a leitura do texto que tem modificações promovidas pelas leis n. 10.793/2003, 11.645/2008, 11.769/2008, 12.287/2010, 12.608/2012 e 12.796/2013. Art. 26. Os currículos da educação infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. § 1º. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2º. O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da educação básica. (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) § 3º. A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; II – maior de trinta anos de idade; 69 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da Educação Física; IV – amparado pelo Decreto-Lei n. 1.044, de 21 de outubro de 1969; V – (Vetado); VI – que tenha prole. § 4º. O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. § 5º. No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) § 6º. As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei n. 13.278, de 2016) § 7º. A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) § 8º. A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído pela Lei n. 13.006, de 2014) § 9º. Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei n. 13.010, de 2014) § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluída entre os temas transversais de que trata o caput.(Incluído pela Lei n. 13.666, de 2018) § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017). 70 Unidade II Art. 26-A. Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e de Ensino Médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. § 1º. O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. § 2º. Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História brasileiras (BRASIL, 1996). Esse trecho trata com clareza da base nacional curricular comum e do complemento em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, constituído pela parte diversificada, tendo em vista as características regionais e locais, a cultura, a economia e a clientela da escola. Destaca-se, no texto legal, a importância do ensino de Arte, Música e Educação Física. Enfatiza-se, ainda, o oferecimento do ensino noturno regular e adequado às condições do estudante. Por fim, ressaltam-se as contribuições das diferentes etnias e culturas para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. Art. 27. Os conteúdos curriculares da Educação Básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: I – a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II – consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; III – adequação à natureza do trabalho na zona rural. Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar (BRASIL, 1996). IV – promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais. 71 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Art. 28. Na oferta de Educação Básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II – organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III – adequação à natureza do trabalho na zona rural. Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei n. 12.960, de 2014) (BRASIL, 1996). Esses artigos tratam da importância do trabalho com valores humanos, direitos e deveres dos cidadãos com vistas ao bem comum e à democracia, da preocupação com a discussão sobre o trabalho e as práticas esportivas, e da atenção às disparidades regionais, trazendo informações sobre o ensino na zona rural e suas características locais e regionais. É de responsabilidade do Ministério da Educação coordenar o sistema nacional de educação proposto na Lei n. 9.394/96 e o desenvolvimento das ações previstas no Plano Nacional de Educação. Assim, podemos encontrar, no site do MEC, os planos, programas e ações previstas para o atendimento às prioridades nacionais. O perfil dos programas que o governo implementa delimita o perfil de tratamento que ele pretende prestar à sua população. A seguir apresentaremos programas e ações do ministério, assim como suas secretarias e instituições auxiliares: • Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio; • Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa; • Mais Educação; • Ensino Médio Inovador; • Parlamento Juvenil do Mercosul; • ProInfância; • Saúde na Escola; 72 Unidade II • Atleta na Escola; • formação continuada para professores; • livros e materiais para escolas, estudantes e professores; • tecnologia a serviço da educação básica; • apoio à gestão educacional; • infraestrutura; • avaliações da aprendizagem; • Prêmios e competições • TV Escola. Saiba mais Para saber mais a respeito dos programas do MEC, visite o site: www.portal.mec.gov.br 6.1 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Em atendimento a LDBEN n. 9.394 de 1996, que tem por finalidade garantir a aprendizagem e o desenvolvimento pleno de todos os estudantes de 4 a 17 anos, visando a promoção da igualdade em todo sistema educacional brasileiro, temos como documento direcionador a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esse documento tem como objetivo nortear a elaboração dos currículos dos estados e municípios de todo o Brasil, pois apresenta e regulamenta as aprendizagens mínimas a serem trabalhadas nas escolas brasileiras públicas e particulares de Educação infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A LDBEN apresenta em seu artigo 9º, que cabe à União: Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. 73 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Segundo a BNCC, para que os estudantes da Educação Básica tenham assegurados os direitos de aprendizagem, é essencial que desenvolvam as competências gerais que serão trabalhadas em cada uma das áreas de conhecimento – linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino religioso – e construídas por habilidades desenvolvidas a partir de atividades em sala de aula. A BNCC tem como proposta colocar o estudante como agente ativo da sua própria educação, fazendo com que ele saiba identificar problemas, compreender conceitos, propor soluções, interagir com os colegas de classe, argumentar, desenvolver atitudes e valores para resolver as demandas da vida cotidiana. Desse modo, as dez competências gerais apontam quem é o estudante que a BNCC propõe formar. Competências Gerais da Educação Básica: 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressare partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da 74 Unidade II cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários (MEC, 2017, p. 7). As competências gerais serão trabalhadas em cada uma das áreas de conhecimento – Linguagens, Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Ensino religioso – e construídas por habilidades desenvolvidas a partir de atividades em sala de aula. De acordo com o MEC, não existe uma hierarquia entre as dez competências gerais, pois cada uma tem seu valor e todas se articulam para o desenvolvimento positivo da educação dos alunos. Sintetizando, as dez competências básicas são: I – Conhecimento: valorizar e utilizar os conhecimentos em suas escolhas. II – Pensamento científico e crítico na resolução de problemas. III – Repertório cultural: ter consciência multicultural. IV – Comunicação: utilizar as diferentes linguagens nas práticas sociais. V – Cultura digital: utilizar as tecnologias digitais. VI – Trabalho e projeto de vida: entender a importância do trabalho para a qualidade de vida. 75 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA VII – Argumentação: com base em fatos e dados. VIII – Autoconhecimento e autocuidado: conhecer e compreender a si mesmo. IX – Empatia e cooperação: fazer-se respeitar e respeitar ao outro. X – Responsabilidade e cidadania: agir pessoal e no coletivo. Histórico de elaboração Após uma análise profunda realizada por 116 especialistas indicados por universidades e secretarias municipais e estaduais sobre os documentos curriculares brasileiros, a BNCC começou a ser elaborada no ano de 2015. As leis que garantem a BNCC são: • Constituição Da República Federativa do Brasil: art. 210. • Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: art. 26. • Diretrizes Curriculares Nacionais: art. 14. Veja o histórico de criação da Base: • Julho de 2015: acontece um Seminário Internacional sobre a BNCC que reúne, em Brasília, especialistas nacionais e internacionais para compartilhar e debater experiências de construções curriculares. • Setembro de 2015: o MEC lança o texto da primeira versão da BNCC que vai para consulta pública. • Outubro de 2015: o texto da primeira versão entra em consulta pública em uma plataforma on-line, acessível para toda a sociedade, o que levou a mais de 12 milhões de contribuições – a maioria feita por educadores – enviadas ao Ministério da Educação (MEC). • Março de 2016: a consulta on-line da primeira versão é encerrada com contribuições da sociedade civil, professores, escolas, organizações do terceiro setor e entidades científicas. • Março a maio de 2016: as contribuições da consulta pública são sistematizadas por uma equipe da Universidade de Brasília, que as encaminha para o grupo de redatores. • Maio de 2016: o MEC divulga a segunda versão da BNCC, redigida a partir das contribuições da consulta pública. • Abril de 2017: o MEC entrega ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a terceira versão da BNCC, com as partes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. 76 Unidade II • Julho a setembro de 2017: o CNE realiza consultas públicas em todo país para ouvir a sociedade sobre a terceira versão. Contribuições também puderam ser enviadas por e-mail. • Dezembro de 2017: a parte referente à Educação Infantil e Ensino Fundamental foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologada pelo MEC. • Abril de 2018: entrega da parte do Ensino Médio ao CNE. • Maio a setembro de 2018: ocorrem as audiências sobre a BNCC do Ensino Médio. • Dezembro de 2018: homologação da BNCC do Ensino Médio. A oficialização da BNCC estabeleceu para os sistemas e redes de ensino do país o desafio de implementar a BNCC até o início de 2020. Lembrando que a Base Nacional Comum Curricular não é um currículo, mas sim um orientador curricular. Cabe aos estados e municípios elaborarem seus currículos a partir dos princípios e aprendizagens definidos por ela e também do Regime de Colaboração entre cidades e estados. “Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das políticas educacionais, enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de governo e seja balizadora da qualidade da educação” (MEC, 2017, p. 8). 6.2 Diferentes projetos e seus desdobramentos diante da realidade nacional Ensino Fundamental de nove anos Trata-se de uma medida para promover a aprendizagem dos educandos e garantir a permanência na escola com sucesso até o fim do Ensino Fundamental. Escola de gestores da educação básica É o reconhecimento da importância do gestor escolar como o grande mediador do conhecimento e das relações na escola. O programa promove a organização administrativa, curricular e pedagógica, bem como coordena e promove a coerência das ações. Fundeb O Fundeb tem natureza contábil, o que significa que os gastos devem ser comprovados por meio de prestação de contas junto aos órgãos administrativos públicos e acompanhados pelos conselhos. Merenda escolar A merenda escolar é um programa muito antigo na educação escolar pública. Os benefícios desse programa são indiscutíveis. Atualmente a merenda está sendo complementada com a produção agrícola 77 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA local, o que promove o desenvolvimento da agricultura familiar e fortalece a cultura local, a identidade e os hábitos e costumes da região. 6.3 Níveis e modalidades de ensino Iniciando a discussão sobre os níveis de ensino da educação básica, vamos apresentar a Educação Infantil como sua primeira etapa, conquista que só foi obtida com a Constituição Federal de 1988. 6.3.1 Primeira etapa da educação básica: Educação Infantil Veja o que diz a lei sobre a educação infantil neste texto com modificações promovidas pela Lei n. 12.796/2013: Seção II Da Educação Infantil Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30. A Educação Infantil será oferecida em: I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anosde idade; II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Art. 31. A Educação Infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental; II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; IV – controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; 78 Unidade II V – expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança (BRASIL, 1996). Os artigos que acabamos de ler expressam o reconhecimento da Educação Infantil como parte da educação escolar brasileira, constituindo-se na primeira etapa da educação básica, que deve apresentar estrutura e funcionamento pertinentes ao desenvolvimento infantil (na faixa etária de 0 a 5 anos), com coerência nos registros que faz e nas avaliações que aplica. A lei explicita que a Educação Infantil não apresenta a função de preparar para o Ensino Fundamental. A partir de 2013, a obrigatoriedade e gratuidade da educação escolar inicia-se aos 4 anos. A Lei n. 9394/96 destaca que, a partir de 2016, a obrigatoriedade de matrícula das crianças de 4 e 5 anos, 2º nível da Educação Infantil, deve ser implementada em todo o território nacional. As alterações apresentadas no texto legal refletem a importância do espaço escolar para a criança e seu crescimento, instituindo carga horária mínima anual de 800 horas, distribuídas em 200 dias letivos, nos quais pode ocorrer turno parcial, de 4 horas, ou jornada integral, de 7 horas. É ressaltada na lei a importância do controle de frequência e dos registros para transferência. Tabela 4 – Número de matrículas na Educação Básica por modalidade e etapa de ensino – Brasil (2018) Ensino regular – Educação Infantil Localização Total Creche Pré-Escola Total 12.332.476 3.587.292 8.745.184 Pública 7.509.924 2.352.032 5.157.892 Privada 4.822.552 1.235.260 3.587.292 Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE). Fonte: Inep (2019, p. 7). O número de matrículas na Educação Infantil indica atendimento maior na pré-escola e menor na creche. O atendimento ocorre também na zona rural, além da urbana. Os dados comprovam que há uma evolução na compreensão do papel da Educação Infantil como parte da educação escolar, embora ainda haja um caminho a percorrer para o atendimento à população dessa faixa etária. 6.3.2 Segunda etapa da educação básica: Ensino Fundamental Dando continuidade ao processo educativo iniciado na Educação Infantil, o Ensino Fundamental, anos iniciais e anos finais, constitui a continuidade do processo de aprendizagem, objetivando o aprofundamento dos estudos iniciados na etapa anterior. Não deve ser entendido como etapa a mais a ser cumprida na educação básica, mas como parte integrante da formação básica do cidadão brasileiro. 79 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Leia o trecho que segue, com modificações promovidas pelas leis n. 9.475/1997, 11.274/2006, 11.525/2007 e 12.472/2011. Seção III Do Ensino Fundamental Art. 32. O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. § 1º. É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o Ensino Fundamental em ciclos. § 2º. Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no Ensino Fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. § 3º. O Ensino Fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. § 4º. O Ensino Fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. § 5º. O currículo do Ensino Fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. 80 Unidade II § 6º. O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do Ensino Fundamental. Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. § 1º. Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2º. Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. Art. 34. A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. § 1º. São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 2º. O Ensino Fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (BRASIL, 1996). O Ensino Fundamental, devido à nova conceituação de Educação Infantil, deixa de ser visto como o único nível educacional obrigatório e passa a ser considerado como mais uma fase de estudos (a da educação dos 6 aos 14 anos). Essa fase, apesar de ser complemento da educação iniciada na primeira infância, diferencia-se da Educação Infantil, como podemos constatar pelas características próprias que a definem e organizam, conforme lemos na Seção III. Convém ainda dizer que o Ensino Fundamental permanece como nível de ensino com o maior número de matrículas e propicia a continuidade de estudos ao aluno, com vistas ao aprofundamento do que foi iniciado na Educação Infantil. Tabela 5 – Número de matrículas na Educação Básica por modalidade e etapa de ensino – Brasil (2018) Número de matrículas na Educação Básica por modalidade e etapa de ensino – Brasil (2018) Total Anos iniciais Anos finais 27.183.970 15.176.420 12.007.550 Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE). Fonte: Inep (2018, p. 7). 81 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA A Tabela anterior apresenta o número de matrículas no Ensino Fundamental, anos iniciais e anos finais, em 2012, zona urbana e zona rural. Os números demonstram que a defasagem idade-série ainda está presente no atendimento do Ensino Fundamental. Isso porque o número de matrículas nos anos iniciais é superior ao dos anos finais, fato que provavelmente esteja ligado à reprovação e/ou à evasão escolar.É notável também o fato de que o número de matrículas na zona urbana é superior ao da zona rural. 6.3.3 Etapa final da educação básica: Ensino Médio A seguir trataremos da última etapa da educação básica, o Ensino Médio, que deve ser entendido como a etapa de consolidação dos estudos realizados. O conceito de educação básica se realiza nesse nível, que não deve ser entendido como um conjunto de etapas estanques, mas, ao contrário, como um processo de escolarização que se desenvolve ao longo desse nível de ensino. Leia o trecho que segue. Seção IV Do Ensino Médio Art. 35. O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) I – linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) II – matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) 82 Unidade II III – ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) IV – ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 1º. A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 2º. A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 3º. O ensino da língua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas maternas. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 4º. Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 5º. A carga horária destinada ao cumprimento da Base Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 6º. A União estabelecerá os padrões de desempenho esperados para o ensino médio, que serão referência nos processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 7º. Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e sócio emocionais. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 8º. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação processual e formativa serão organizados nas redes de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) 83 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA I – domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) II – conhecimento das formas contemporâneas de linguagem. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) I – linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) II – matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) III – ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) IV – ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) V – formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 1º. A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências e habilidades será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) § 3º. A critério dos sistemas de ensino, poderá ser composto itinerário formativo integrado, que se traduz na composição de componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e dos itinerários formativos, considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei n. 13.415, de 2017) § 5º. Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o caput. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 6º. A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) I – a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo parcerias e fazendo uso, quando 84 Unidade II aplicável, de instrumentos estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem profissional; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) II - a possibilidade de concessão de certificados intermediários de qualificação para o trabalho, quando a formação for estruturada e organizada em etapas com terminalidade. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 7º. A oferta de formações experimentais relacionadas ao inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 8º. A oferta de formação técnica e profissional a que se refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada previamente pelo Conselho Estadual de Educação, homologada pelo Secretário Estadual de Educação e certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017). § 9º. As instituições de ensino emitirão certificado com validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em outros cursos ou formações para os quais a conclusão do ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017). § 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017). § 11. Para efeito de cumprimento das exigências curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão reconhecer competências e firmar convênioscom instituições de educação a distância com notório reconhecimento, mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) I – demonstração prática; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) II – experiência de trabalho supervisionado ou outra experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) III – atividades de educação técnica oferecidas em outras instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) 85 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA IV – cursos oferecidos por centros ou programas ocupacionais; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) V – estudos realizados em instituições de ensino nacionais ou estrangeiras; (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) VI – cursos realizados por meio de educação a distância ou educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) § 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional previstas no caput. (Incluído pela Lei n. 13.415, de 2017) O novo ensino médio A Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica do Ensino Médio foi homologada pelo ministro da Educação em 14 de dezembro de 2018, durante sessão extraordinária do Conselho Nacional de Educação (CNE). Com isso, a BNCC, que já tem as etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental homologadas desde dezembro de 2017, está completa. A BNCC do Ensino Médio é um documento normativo que define o conjunto de aprendizagens essenciais que devem ser desenvolvidas com base em conhecimentos, competências e habilidades. Não deve ser compreendida como um currículo, mas sim como um conjunto de orientações que irá conduzir as equipes pedagógicas na construção dos currículos locais. Por ela se entende que, no Brasil, o Ensino Médio, além de ser a etapa final da Educação Básica, é um direito de todo cidadão. No entanto, o segmento representa um gargalo na garantia do direito à educação, seja pelo desempenho insuficiente dos estudantes no Ensino Fundamental, pelo excesso de componentes curriculares ou pela distância das escolas entre a cultura juvenil e o mundo do trabalho. Por isso, como prevê a BNCC, é essencial buscar a universalização do ensino. Assim, o documento está configurado de modo a dar continuidade ao que já foi proposto e que está em vigor para as etapas iniciais da educação básica. Desse modo, as competências gerais estabelecidas para a Educação Básica orientam tanto as aprendizagens essenciais a serem garantidas no âmbito da BNCC do Ensino Médio quanto os itinerários formativos a serem ofertados pelos diferentes sistemas, redes e escolas. O objetivo apontado no seu texto é que a educação brasileira – pública e privada – caminhe para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. A BNCC do Ensino Médio, com a sua homologação, já tem caráter normativo e, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), as mudanças passariam a ser aplicadas no início de 2020. 86 Unidade II Segundo notícia veiculada no site do MEC: Os currículos deverão estar estruturados até junho de 2019. Entre julho e setembro, haverá consultas públicas regionais nos estados. Os novos documentos deverão ser analisados e aprovados pelos conselhos estaduais de educação entre outubro e dezembro, para serem aplicados a partir do início do ano letivo de 2020. As primeiras turmas irão se formar em 2022 (MEC, 2018). Com a homologação da BNCC do Ensino Médio, os sistemas de ensino e escolas de todo o país passarão a construir os novos currículos e suas propostas pedagógicas tendo em vista as características e culturas locais, assim como as necessidades de formação e as demandas dos estudantes. Principais destaques para o Ensino Médio: Áreas do conhecimento: assim como a BNCC do Ensino Fundamental, a BNCC do Ensino Médio está organizada por Áreas do Conhecimento, que são: 1) Linguagens e suas Tecnologias, 2) Matemática e suas Tecnologias, 3) Ciências da Natureza e suas Tecnologias, e 4) Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Cada área tem suas competências específicas que devem ser desenvolvidas e aprofundadas ao longo da etapa do Ensino Médio, uma vez que o desenvolvimento de algumas já está previsto nas competências de área do Ensino Fundamental. Confira o esquema abaixo e veja como se dá, na BNCC do Ensino Médio, a estrutura das competências nas áreas do conhecimento e itinerários formativos. Competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias Habilidades da área Habilidades de Língua Portuguesa Competências específicas de Matemática e suas Tecnologias Habilidades da área Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias Habilidades da área Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Habilidades da área Formação técnica e profissional Competências gerais da Educação Básica BN CC Iti ne rá rio En si no M éd io Figura 1 87 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Itinerários formativos: a Lei 13.415/2017, mais conhecida como Reforma do Ensino Médio, também traz mudanças para o currículo do Ensino Médio. Com sua sanção em 2017, foram estipulados cinco itinerários formativos que deverão ser oferecidos para os alunos. Eles são: • linguagens e suas tecnologias; • matemática e suas tecnologias; • ciências da natureza e suas tecnologias; • ciências humanas e sociais aplicadas; • formação técnica e profissional. Esses itinerários: deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino (…) Assim, os currículos e as propostas pedagógicas devem garantir as aprendizagens essenciais definidas na BNCC. Essas aprendizagens expressam as finalidades do Ensino Médio e as demandas de qualidade dessa formação na contemporaneidade, bem como as expectativas presentes e futuras das juventudes (BRASIL, 2017). Ou seja, os currículos das escolas serão compostos pela BNCC e também pelos itinerários formativos que serão ofertados pelas escolas. Dessa forma, foi estipulado que, no Ensino Médio, 1.800 horas serão destinadas para a parte comum da Base e que 1.200 horas serão destinadas aos itinerários formativos. Após a homologação, o MEC informou que o documento dos Referenciais para a Elaboração dos Itinerários Formativos está sendo finalizado. Eles devem ser organizados entre os seguintes eixos estruturantes: investigação científica, processos criativos, mediação e intervenção sociocultural, e empreendedorismo. Saiba mais Para saber mais sobre a carga horária obrigatória, a distribuição dos conteúdos e sobre o Enem, leia: PENTEADO, F. BNCC do Ensino Médio: tudo o que você precisa saber. SAE Digital, jun. 2018. Disponível em: https://sae.digital/bncc-do-ensino- medio/. Acesso em: 13 fev. 2020. 88 Unidade II 6.3.4 Educação Profissional Técnica de Nível Médio Vejamos a continuação do que diz a legislação, com modificações promovidas pela Lei n. 11.684/2008 e 11.741/2008: Seção IV A Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Art. 36 A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o Ensino Médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de Ensino Médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. Art. 36 B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: I – articulada com o Ensino Médio; II – subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o Ensino Médio. Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar: I – os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais
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