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TCC - HOLDING FAMILIAR v.FINAL (1)

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA 
ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
 2021 
 
ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Graduação em 
Direito, da Universidade do Sul de Santa 
Catarina, como requisito parcial para 
obtenção do título de Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Orientadora: Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa 
 
 
 
 
ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
 
 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi 
julgado adequado à obtenção do título de 
Bacharel em Direito e aprovado em sua 
forma final pelo Curso de Graduação em 
Direito, da Universidade do Sul de Santa 
Catarina. 
 
 
 
Florianópolis, 30 de junho de 2021. 
 
 
______________________________________________________ 
Fátima Kamel Abed Deif Allah Mustafa, Esp. 
Universidade do Sul de Santa Catarina 
 
______________________________________________________ 
Prof. Jeferson Puel, Msc. 
Universidade do Sul de Santa Catarina 
 
______________________________________________________ 
Prof. Patricia Russi de Luca, Esp. 
Universidade do Sul de Santa Catarina 
 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
 
 
 
 
HOLDING FAMILIAR COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
 
 
 
 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a 
Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a 
Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste 
Trabalho de Conclusão de Curso. 
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente 
em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico. 
 
 
 
Florianópolis, 30 de junho de 2021. 
 
 
 
 
 
 
________________________________________ 
ALVARO DE CAMPOS LOBO NETO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu querido Pai, Alvaro (in memorian), 
que sempre me apoiou em meus 
caminhos e sempre será grande 
inspiração de força e engenhosidade. 
 
 
RESUMO 
O objetivo desse trabalho é apresentar as vantagens da constituição da holding 
familiar como ferramenta de planejamento sucessório, em comparação aos métodos 
tradicionais. Através do estudo dos aspectos societário, financeiro, tributário, e social 
desse instrumento, pondera-se sobre sua efetividade e seus benefícios. Apresenta-
se os tipos de composição societária mais utilizados quando da constituição de uma 
empresa holding. Frisa-se também a importância do planejamento sucessório 
examinando-se as modalidades tradicionais de sucessão. Avalia-se a chamada 
blindagem patrimonial e a perspectiva de utilização de cláusulas especiais em 
contratos de doação, como um dos pontos positivos que mais se destacam na 
escolha da holding familiar. Ademais, observa-se os elementos tributários em 
espécie envolvidos na constituição da holding familiar, evidenciando pontos 
característicos que resultam frequentemente em diminuição da carga tributária. Por 
meio do procedimento monográfico utiliza-se a pesquisa exploratória, sendo os 
temas abordados mediante a utilização de procedimentos técnicos de pesquisa 
bibliográfica e também documental, através de livros e artigos científicos. Utiliza-se o 
método de abordagem dedutivo buscando as respostas à pesquisa efetuada na 
Constituição Federal, Código Civil, Código de Processo Civil e ainda nas legislações 
específicas. Conclui-se pelo estudo que a holding familiar é um excelente e eficiente 
instrumento para efetivar-se a sucessão. Entretanto, entende-se que a escolha 
dessa ferramenta, no caso concreto, deve levar em conta todos os aspectos, não só 
econômicos e tributários, mas também sociais, ponderando a família se o mesmo é 
o mais adequado ao inevitável processo sucessório. 
 
 
 
Palavras-chave: holding familiar. Planejamento sucessório. Vantagens da empresa 
holding. 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9 
2 HOLDING: NOÇÕES PROPEDÊUTICAS ............................................................. 12 
2.1 ESPÉCIES DE HOLDING ............................................................................................ 13 
2.2 ASPECTOS SOCIETÁRIOS DE CONSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING ............. 14 
2.2.1 Sociedade Anônima ................................................................................................. 15 
2.2.2 Sociedade Limitada ................................................................................................. 18 
2.2.3 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a Sociedade 
Unipessoal Limitada ........................................................................................................... 19 
3 HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DE SUCESSÃO ..................... 22 
3.1 O DIREITO À SUCESSÃO .......................................................................................... 22 
3.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO ...................................... 24 
3.3 MÉTODOS SUCESSÓRIOS TRADICIONAIS ......................................................... 25 
3.3.1 Inventário .................................................................................................................... 26 
3.3.1.1 Inventário Extrajudicial ............................................................................................ 29 
3.3.1.2 Inventário Judicial .................................................................................................... 30 
3.3.2 Testamento ................................................................................................................ 33 
3.3.3 Holding familiar ......................................................................................................... 34 
4 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMO 
FERRAMENTA NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO ................................................. 36 
4.1 BLINDAGEM PATRIMONIAL ...................................................................................... 37 
4.2 CLÁUSULAS ESPECIAIS ............................................................................................ 38 
4.3 ASPECTOS FINANCEIROS E TRIBUTÁRIOS DA HOLDING FAMILIAR .......... 40 
4.3.1 GESTÃO FISCAL DA HOLDING E BENEFÍCIOS DE SUA 
CONSTITUIÇÃO.... ............................................................................................................... 41 
4.3.2 ELEMENTOS TRIBUTÁRIOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE 
CONSTITUIÇÃO DA HOLDING FAMILIAR ..................................................................... 42 
4.3.2.1 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES .................... 42 
4.3.2.2 IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS ........................................ 44 
4.3.2.3 IMPOSTO DE RENDA ............................................................................................ 45 
4.3.2.4 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO .................................. 47 
4.3.2.5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL e CONTRIBUIÇÃO PARA O 
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL ............................................................... 48 
 
4.3.3 TRIBUTAÇÃO DOS SÓCIOS DA HOLDING........................................................ 48 
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 51 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 53 
ANEXO ....................................................................................................................................67 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
A holding familiar apesar de ainda pouco utilizada no Brasil é muito comum 
em outros países. Nos Estados Unidos e em muitos países europeus, a prática é 
muito difundida, pois os impostos sucessórios são muito elevados, ocasionando que 
cidadãos daqueles países optem maciçamente por esta ferramenta. 
A necessidade do mercado brasileiro neste segmento é evidente, pois a 
população desconhece tais mecanismos e a maioria das pessoas não se preocupa 
com o que acontecerá no momento de sua morte. 
É no momento da abertura da sucessão que os herdeiros começam a ter 
noção da burocracia e das despesas envolvidas com esse tipo de processo, gastos 
estes que poderão ser ainda maiores se houver alguma discordância em relação à 
divisão dos bens. 
Com o planejamento sucessório realizado através de um mecanismo 
intitulado holding familiar, procura-se evitar o desgaste emocional e financeiro no 
momento da partilha, onde o doador previamente determinará o futuro de seu 
patrimônio. Desta forma, o presente trabalho visa demonstrar quais os benefícios na 
utilização de holding familiar como ferramenta de planejamento sucessório eficaz. 
Procura-se pelo presente estudo uma alternativa eficiente e legítima ao 
processo sucessório tradicional, que se mostre menos onerosa para família, 
minimizando eventuais conflitos inerentes à sucessão, e ainda preservando o seu 
patrimônio. 
Examina-se a possibilidade de reduzir-se o custo financeiro do processo 
sucessório de forma lícita, empregando-se como ferramenta, o próprio ordenamento 
jurídico, por meio da elisão fiscal. 
Emprega-se a pesquisa exploratória onde serão abordados os temas 
utilizando-se os procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica e pesquisa 
documental, através de livros a artigos científicos. 
Quanto ao método de abordagem, será utilizado o método dedutivo, 
buscando na Constituição Federal, Código Civil e legislações específicas e doutrina, 
soluções às necessidades estudadas. 
O procedimento adotado será o monográfico onde para caso específico, será 
investigado através de metodologia, pois é a melhor solução para a presente 
monografia. 
10 
 
O presente trabalho de conclusão de curso teve origem com a percepção do 
autor, de como são elevados os custos financeiros decorrentes de um processo de 
sucessão, elaborada através dos métodos tradicionais mais usuais, quais sejam, o 
inventário e o testamento. 
No decorrer desta monografia, é demonstrada, a importância do planejamento 
sucessório. Através de uma breve explanação dos métodos sucessórios tradicionais, 
demonstra-se as vantagens na criação de uma holding familiar em relação às 
ferramentas mais usuais em nosso país. 
Apresenta-se a conceituação e as modalidades de holding, destacando-se os 
tipos societários utilizados na constituição da referida ferramenta no capítulo dois. 
No capítulo três, sublinha-se a importância do planejamento sucessório, bem 
como assinalam-se os métodos sucessórios tradicionais e caracteriza-se 
especificamente a holding familiar. 
As vantagens da utilização da ferramenta no planejamento sucessório, 
salientando-se a blindagem patrimonial e as cláusulas especiais, bem como os 
aspectos financeiros e tributários da holding familiar, benefícios de sua constituição 
em relação a gestão fiscal e ainda os elementos tributários em espécie envolvidos 
no processo de sua constituição, são analisados no capítulo quatro. 
Com o objetivo de demonstrar, a partir da comparação com os métodos 
tradicionais de sucessão, as vantagens na criação de uma holding familiar como 
ferramenta eficiente para a sucessão, desenvolve-se a presente pesquisa visando 
responder à problemática: Quais os benefícios na utilização de holding familiar como 
ferramenta de planejamento sucessório? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
12 
 
2 HOLDING: NOÇÕES PROPEDÊUTICAS 
No presente capítulo, sem a menor intenção de esgotar o tema, e com o 
intuito de uma melhor compreensão do mesmo, serão tratados o conceito, as 
finalidades e as espécies de holding, sob a ótica dualista – holding pura e holding 
mista – sustentada por alguns autores, oportunamente apresentados ao longo do 
trabalho. 
A holding, cuja denominação origina-se da expressão verbal inglesa to hold 
(cujo significado remete as palavras manter, segurar, reter), não se configura como 
uma nova espécie societária, mas sim uma atividade empresarial em que se deve 
optar por um dos tipos societários abarcados em nossa legislação. (MAMEDE 2020, 
p. 13). 
A holding nada mais é do que uma sociedade constituída com o intuito de 
manter participação em outras empresas, segundo Silva e Rossi (2017, p. 20). 
Fernandes (2018) no mesmo sentido esclarece que: 
 
A legislação brasileira prevê a holding certo tempo, mesmo que não utilize a 
expressão em si. Na Lei de Sociedade Anônima - 6.404/76, em seu artigo 
2º, inciso III, estabelece que "a empresa pode ter por objetivo participar de 
outras empresas..." Apesar de constar na LSA - 6.404/76, não significa que 
necessariamente esta empresa cujo objeto social seja participar de outras 
empresas deve ser uma sociedade anônima, podendo adotar outro tipo 
societário e constituição. Não existe vedação legal para que a empresa seja 
constituída como sociedade contratual (quotas) com responsabilidade 
limitada, ou mesmo outros tipos societários. 
 
Em relação ao objetivo da empresa holding, várias são as razões para sua 
criação, Oliveira (2014, p. 18) destaca algumas como: representação do acionista 
controlador no comando de empresas de sociedades anônimas de capital aberto; 
simplificar as soluções relativas à herança, sucessões e patrimônio familiares; atuar 
como procuradora de todas as empresas de um mesmo grupo empresarial 
aumentando o poder de barganha junto a entidades de classe, governo, instituições 
financeiras, etc.; facilitar a administração do grupo empresarial, bem como o 
planejamento fiscal e tributário; otimizar as estratégias do grupo empresarial. 
Já a holding familiar, tema desse trabalho, conforme esclarece Mamede 
(2020, p. 12), não é um tipo específico de holding, e sim uma contextualização 
específica. Segundo o autor, a holding familiar tem como ponto característico estar 
assentada no âmbito familiar, com o objetivo de promover a organização do 
13 
 
patrimônio, administração dos bens, otimização fiscal e sucessão hereditária com 
vistas ao melhor interesse de seus membros. 
2.1 ESPÉCIES DE HOLDING 
Doutrinariamente existem várias classificações de holding. Alguns autores 
apresentam mais de 20 tipos de holding, como por exemplo Lodi e Lodi (2012, p. 50-
62), que classificam as holdings no plano estrutural em: holding pura, mista, de 
controle, de participação, principal, administrativa, setorial, piloto, familiar, 
patrimonial, derivada, cindida, incorporada, fusionada, isolada, em cadeia, em 
estrela, em pirâmide, aberta, fechada, nacional e internacional. 
Já Silva e Rossi (2017, p. 21-22), embora admitam que a doutrina faz menção 
a várias modalidades de holding, classificam-na em apenas dois grupos: holding 
pura e holding mista, ponderando que as demais classificações tem objetivo 
meramente didático, sem qualquer consequência jurídica. 
Em se tratando de holding familiar, Mamede (2020, p. 13 -14), leciona que a 
mesma tanto pode ser uma holding pura ou uma holding mista, e mais, afirma que 
outras conceituações como holding de administração, patrimonial, ou de 
organização também podem compor uma holding familiar. 
Como nesse estudo intenciona-se discorrer, sobretudo, acerca da holding 
familiar como ferramenta de planejamento sucessório, adota-se a classificação 
dualista. 
Em síntese e conforme a definição de Silva e Rossi (2017, p. 21-22), a 
holding pura tem como objetivo social exclusivamente a participação em outra 
empresa. Sendo assim, essa espécie de holding tem como única atividade manter 
quotasou ações de outras empresas. É conhecida também por sociedade de 
participação pelo fato de participar de outras empresas. 
Já a holding mista, agrega além do objeto social de participação em outra 
empresa, a exploração de alguma atividade empresarial, de acordo com Silva e 
Rossi (2017, p. 22). 
Ultrapassados os elementos conceituais e classificatórios da sociedade 
holding, passa-se nos próximos tópicos a uma rápida explanação dos tipos de 
composição societária mais utilizados na constituição da empresa holding, bem 
como se estuda qual o melhor tipo em se tratando da holding familiar. 
14 
 
2.2 ASPECTOS SOCIETÁRIOS DE CONSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING 
Conforme esclarece Mamede (2021, p.22), no direito brasileiro as sociedades 
simples ou empresárias tem que obrigatoriamente seguir um dos tipos previstos em 
lei. Não existe a possibilidade de instituir-se uma sociedade mista com 
características de dois ou mais tipos societários. Entretanto, tal normativa apenas 
estabelece elementos obrigatórios e elementos vedados em cada tipo, não 
significando, entretanto, que as sociedades brasileiras sejam padronizadas. Ou seja, 
a legislação permitiu maior liberalidade quanto aos elementos essenciais e os não 
permitidos, para que os contratos sociais ou estatutos tenham a identidade de cada 
sociedade. 
Campinho (2020, p. 61) ao classificar as sociedades, ensina sobre a 
responsabilidade dos sócios afirmando que a definição dos tipos societários, bem 
como o núcleo central de seus conceitos encontra-se no modo de responsabilidade 
do sócio pelas dívidas da sociedade. Assim, dependendo do tipo societário, os 
sócios responderão limitada ou ilimitadamente pelas dívidas da sociedade1. 
Segue o referido autor (2020, p. 61): 
 
Feita a observação, temos que as chamadas sociedades de 
responsabilidade limitada são aquelas em que a responsabilidade dos 
sócios fica restrita às suas contribuições para o capital (sociedade anônima) 
ou à própria soma do capital (sociedade limitada). Ilimitadas são aquelas 
nas quais os sócios responderão em caráter subsidiário e ilimitado pelas 
dívidas sociais, podendo-se dizer que os sócios respondem de forma 
pessoal (patrimônio pessoal), subsidiária (pressupõe o esgotamento do 
patrimônio da sociedade), solidária (o credor pode exigir a integralidade do 
crédito em face de todos os sócios com essa modalidade de 
responsabilidade, sendo, pois, a solidariedade entre os sócios e não entre 
estes e a sociedade) e ilimitada (respondem com todas as forças do seu 
patrimônio pessoal). 
 
De acordo com Silva e Rossi (2017, p.35) a sociedade limitada é a forma 
societária mais adequada com vistas à constituição de uma holding familiar, como se 
observa: 
 
 
 
1 Portanto, quando se fala em sociedades de responsabilidade limitada, na verdade, esse foco da 
limitação se refere ao sócio e não a sociedade.(...) Daí ser imprópria a designação de sociedade de 
responsabilidade limitada ou ilimitada, uma vez que a responsabilidade da sociedade é sempre 
ilimitada. (Campinho 2020, p. 61) 
15 
 
De todo modo nos parece que fica clara a noção de que a sociedade 
limitada é adequada para os propósitos do planejamento societário a partir 
da constituição de uma holding familiar, mormente considerando sua 
limitação de responsabilidade, a proteção contra a entrada de terceiros 
estranhos, menor complexidade em relação à sociedade anônima e, 
consequentemente, menor custo de manutenção. 
 
Portanto, embora se utilize com maior frequência a forma de Sociedade 
Limitada para as holdings familiares, outras formas societárias também podem ser 
utilizadas na constituição das holdings, como Sociedade Anônima, EIRELI e 
Sociedade Unipessoal, as quais serão examinadas nos próximos tópicos. 
 
2.2.1 Sociedade Anônima 
Regulamentada através da Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976 (BRASIL, 
1976)2, a Companhia ou Sociedade Anônima tem como característica a limitação da 
responsabilidade dos sócios acionistas ao preço da emissão das ações, de acordo 
com o artigo 1.088 do Código Civil , “Na sociedade anônima ou companhia, o capital 
divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de 
emissão das ações que subscrever ou adquirir.” (BRASIL, 2002), sendo essa 
também a inteligência do artigo 1º da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976). 
Assim afirma Borba (2020, p. 175): 
 
A sociedade anônima oferece as seguintes características básicas: (a) é 
sociedade de capitais; (b) é sempre empresária; (c) o seu capital é dividido 
em ações transferíveis pelos processos aplicáveis aos títulos de crédito; (d) 
a responsabilidade dos acionistas é limitada ao preço de emissão das ações 
subscritas ou adquiridas. 
 
 Essa modalidade empresária é facilmente reconhecida, pois sua 
denominação tem características especiais, figurando imperiosamente a expressão 
Companhia ou Sociedade Anônima, podendo também compor a denominação o 
nome do fundador ou acionista, conforme a Lei das Sociedades Anônimas em seu 
artigo 3º: 
 
 
 
2 Lei 6404/76 - Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 
16 
 
Art. 3º. A sociedade será designada por denominação acompanhada das 
expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso 
ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. § 1º O 
nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha 
concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação. 
(BRASIL, 1976) 
 
Cabe destacar que, para situações em que a Lei 6.404/1976 (BRASIL, 1976) 
for omissa, a situação será resolvida aplicando-se os artigos correspondentes do 
Código Civil, conforme dispõe o art. 1.089: “A sociedade anônima rege-se por lei 
especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código.” 
(BRASIL, 2002) 
Em relação ao limite de responsabilidade dos acionistas da sociedade 
anônima, Campinho (2020, p. 31) afirma que a mesma é sempre limitada, ficando 
restrita ao valor de emissão das respectivas ações subscritas ou na fase de 
constituição da companhia ou por conta do aumento de seu capital social, não tendo 
o acionista responsabilidade pelas obrigações sociais, nem mesmo de forma 
subsidiária. 
A sociedade anônima poderá ter o capital aberto, onde as ações são 
negociadas em bolsa de valores ou mercado de balcão, ou ser de capital fechado, 
limitando sua negociação às conveniências dos sócios, conforme lecionam Lamy 
Filho e Pedreira (1997, apud Marlon Tomazette, 2019, p. 447): 
 
Em síntese, a diferença mais importante entre a sociedade aberta e a 
fechada é que a primeira possui relações com todo o mercado investidor, 
devendo obediência a normas específicas que visam à sua proteção, ao 
passo que na fechada a relação é restrita aos próprios membros da 
sociedade. 
 
Para Campinho (apud COELHO, 2021 p. 169): “A ação consiste em unidade 
do capital social. É a lei que expressamente declara ser o capital da sociedade 
anônima dividido em ações.” E ainda discorre o autor sobre as espécies de ação: 
“Consoante a natureza dos direitos ou vantagens que confere, a ação pode ser de 
três espécies: ordinária, preferencial ou de fruição.” 
Dentre as vantagens das ações preferenciais, importante salientar as 
vantagens políticas, de onde se podem eleger membros da administração, conforme 
o artigo 18 da Lei das Sociedades Anônimas, que estabelece: “O estatuto pode 
assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de eleger, em 
17 
 
votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração.” (BRASIL, 
1976) 
Para constituição de uma Sociedade Anônima são necessários alguns 
requisitos, entre eles para sua composição são necessários no mínimo duas 
pessoas e a necessidade de subscrição de pelo menos 10% do valor das ações, 
depositados em conta corrente de estabelecimento bancário, conforme se observa 
no artigo 80 da Lei das SociedadesAnônimas: 
 
Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos 
seguintes requisitos preliminares: 
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que 
se divide o capital social fixado no estatuto; 
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço 
de emissão das ações subscritas em dinheiro; 
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento 
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do 
capital realizado em dinheiro. (BRASIL, 1976) 
 
Entretanto, analisando algumas peculiaridades relativas a constituição e 
manutenção da Sociedade Anônima, constata-se a onerosidade dessa modalidade, 
em detrimento das demais espécies. Dessa forma colabora Silva e Rossi (2017, p. 
41) 
 
Há que se considerar, contudo, que a legislação que disciplina a sociedade 
anônima traz algumas exigências que tornam sua constituição e 
manutenção mais custosa em comparação com a sociedade de 
responsabilidade limitada. Entre as exigências, destacam-se: necessidade 
de publicação de seus atos constitutivos e convocações para assembleias 
em jornais de grande circulação; avaliação de bens integralizados por três 
peritos ou por empresa especializada; necessidade de constituição de 
conselho fiscal. Assim nos parece que, ao menos em princípio, a sociedade 
de responsabilidade limitada é o tipo societário mais adequado quando se 
trata de holding familiar. 
 
Além disso, em se tratando de holding familiar, o tipo societário de sociedade 
anônima não se mostra o mais adequado tendo em vista a limitação das hipóteses 
de restrição à entrada de terceiros estranhos em seu capital social, ao se pressupor 
a livre circulação de suas ações, como observa Silva e Rossi (2017, p.40). 
 
18 
 
2.2.2 Sociedade Limitada 
A Sociedade Limitada está regulamentada no Código Civil nos artigos 1052 a 
1087, onde está definida a responsabilidade societária, a qual é limitada ao valor de 
suas cotas, entretanto todos os sócios respondem solidariamente pela integralização 
do capital social. (BRASIL, 2002) 
Alguns aspectos da sociedade limitada favorecem a escolha desse tipo 
societário como o mais apropriado para a constituição da holding familiar. Como 
discorre Silva e Rossi (2017, p.28). Afirmam os autores que, por ser menos 
burocratizada, e por seu custo de constituição e manutenção ser mais moderado que 
as demais modalidades, a sociedade limitada torna-se a opção mais atrativa para 
compor essa modalidade de holding. 
Sob outro prisma, a sociedade limitada classifica-se em sociedade de 
pessoas, mais comumente utilizada, e sociedade de capital. (RIZZARDO, 2019, p. 
168) 
De acordo com Almeida (2018, p. 80) a distinção entre sociedade de pessoas 
e sociedade de capital funda-se no critério de maior ou menor responsabilidade dos 
sócios, sendo a sociedade de pessoas aquelas em que essa responsabilidade se 
acentua, e sociedade de capital, aquela em que a responsabilidade se dilui. 
Por outra vertente, Rizzardo (2019, p. 168) leciona que na sociedade de 
pessoas destacam-se as particularidades pessoais dos sócios, bem como suas 
afinidades e sintonia e, sobretudo, a mútua confiança entre os mesmos. 
Diferentemente da sociedade de capital, que é o caso das sociedades anônimas, 
sendo nesse caso o aspecto da contribuição material mais relevante do que as 
características próprias de seus acionistas. 
Do exposto, depreende-se que a escolha da sociedade limitada para 
constituição de holding familiar encontra amparo no fato de que esse tipo societário, 
quando constituído como sociedade de pessoas, baseia-se no aspecto 
personalíssimo da relação jurídica entre os sócios, bem como no intuito personae 
que caracteriza referida relação. 
Jorge Lobo (2004, p.51) caracteriza perfeitamente tal relação jurídica entre os 
sócios da limitada ao conceituar a chamada affectio societatis: 
 
19 
 
(...) a vontade firme de os sócios unirem-se por comungarem de idênticos 
interesses, manterem-se coesos, motivados por propósitos comuns, e 
colaborarem, de forma consciente, com a consecução do objeto social da 
sociedade. 
 
Dessa forma, é perceptível a preferência pelo modelo societário de sociedade 
limitada em detrimento das demais espécies na composição da holding familiar, visto 
que tal modelo facilita a preservação do patrimônio familiar, representando uma 
maior proteção ao mesmo, e ainda resguardando de terceiros estranhos ao núcleo 
familiar os interesses da própria família. 
2.2.3 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a Sociedade 
Unipessoal Limitada 
O legislador, por meio da Lei 12.441/11 (BRASIL, 2011), com vistas ao 
espírito empreendedor do povo brasileiro, e no intento de promover a regularização 
de empreendimentos ligados à economia informal, teve a perspicácia de inserir o art. 
980-A no Código Civil Brasileiro. (MARTINS, 2019): 
 
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será 
constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, 
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior 
salário-mínimo vigente no País. (BRASIL, 2002) 
 
Entretanto, vale destacar que conforme observa Martins (2019), a chamada 
EIRELI, inserida no referido Códex necessita de integralização de capital de, no 
mínimo 100 salários mínimos. 
Em relação à criação da empresa individual de responsabilidade limitada, 
acrescenta Diniz (2019, p.85): 
 
Com a entrada em vigor da Lei nº 12.441/2011, o ordenamento jurídico 
brasileiro incorporou nova modalidade de pessoa jurídica (e não a 
sociedade unipessoal): trata-se da empresa individual de responsabilidade 
limitada (geradora da sigla EIRELI). A inovação em nossas tradições de 
estruturas negociais e organizacionais veio acompanhada de críticas, seja 
pela concepção teórica e debate acadêmico apequenado, seja pelas 
dúvidas extremadas que a lei nos relegou. De relevante, todavia, é que, por 
meio dessa pessoa jurídica, torna-se possível organizar atividade 
empresarial em novo centro de imputação com autonomia do patrimônio da 
EIRELI em relação àquele que a constituiu. Em tese, minimizam-se os 
riscos da atividade empresária, isolando-a em organização específica, sem 
comprometer outros bens do patrimônio de quem constituiu a tal EIRELI. 
Além disso, argumenta-se, reduzem-se as urgências e os problemas do 
20 
 
“presta nome”, ou “sócio de palha”, ou “testa de ferro”, ou “laranja” (com 
permissão das alcunhas tratadas com sinonímia nos dicionários). 
 
Sem muito esforço, percebe-se, que apesar das benesses trazidas pela 
alteração legislativa, tal exigência, não favoreceu plenamente a regularização de 
muitos negócios informais, como era um dos escopos da criação da empresa 
individual de responsabilidade limitada, uma vez que tal valor de integralização de 
capital restringe a opção pela EIRELI a um grupo de pessoas, conforme Silva 
(2013). 
Entretanto, em 2019 através da Lei 13.874 (BRASIL, 2019)3, foi aberta a 
possibilidade da constituição de uma sociedade limitada, com apenas um sujeito, 
oportunizando ao mesmo a subscrição do capital, objetivando também estimular o 
empreendedorismo e a regularização de atividades de profissionais liberais, que 
segundo Sílvio Venosa (2020, p.181), até então só tinham a seu dispor a opção de 
EIRELI, caso não possuíssem sócios, pois em decorrência do regulamento do 
Imposto de Renda, não lhe é facultado optar por Empresa Individual, a chamada EI. 
A lei 13.874/2019 alterou, portanto, o art. 1052 do Código Civil Brasileiro, 
incluindo o parágrafo único, para instituir que a sociedade limitada pode ser 
constituída por uma ou mais pessoas: 
 
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é 
restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela 
integralização do capital social. 
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais 
pessoas. (BRASIL, 2002)Campinho (2020, p. 68) complementa informando que as sociedades 
unipessoais já são realidade em diversos países desde o século passado. 
 
No Direito estrangeiro, entretanto, detectamos uma já antiga e crescente 
adoção da unipessoalidade societária. 
Na Lei Alemã, de 4 de julho de 1980, prescreveu-se a possibilidade da 
existência da sociedade de responsabilidade limitada instituída por uma só 
pessoa, física ou jurídica. 
Posteriormente, a Lei Francesa n. 85.697, de 11 de julho de 1985, alterando 
o art. 1.832 do Código Civil francês, veio permitir a denominada “Empresa 
Unipessoal de Responsabilidade Limitada”, consagrando, igualmente, a 
sociedade de responsabilidade limitada com um só sócio. 
 
 
3 A Lei 13.874/2019 instituiu a chamada Declaração de Direitos de Liberdade Econômica 
21 
 
Portugal, por meio do Decreto-Lei n. 257, de 31 de dezembro de 1996, 
também adotou, de forma expressa, o modelo de sociedade unipessoal por 
quotas. 
Com efeito, a figura jurídica da sociedade unipessoal acabou por ser 
disseminada no Direito Europeu com a edição da Décima Segunda Diretiva 
da Comunidade Econômica Europeia, hoje União Europeia, que cuidou das 
sociedades por quotas unipessoais. 
Como constatado no Direito estrangeiro, e já então no Direito brasileiro, 
vislumbra--se a possibilidade de a lei autorizar que a sociedade seja 
instituída por ato de vontade de uma só pessoa. 
 
A Sociedade Limitada Unipessoal apresentou então significativa vantagem 
sobre a EIRELI, vez que a segunda impõe a subscrição de capital não inferior a 100 
salários mínimos, conforme disposição do art. 980-A do Código Civil (BRASIL, 
2002). 
Já na sociedade limitada unipessoal, assim como nas demais modalidades 
societárias, o valor do capital social deve ser especificado no contrato, mas o mesmo 
não possui nem limite mínimo e nem máximo para a integralização, pois conforme 
assegura Retto (2007, p. 49), o Código Civil de 2002 foi omisso em relação a esses 
valores. 
Em relação a possibilidade de escolha da EIRELI na constituição da holding, 
Drigo e Rovai (2013) afirmam que não há impedimentos para que se escolha a 
espécie, uma vez que o Código Civil (BRASIL, 2002) não traz vedações a esse 
respeito e, portanto, “nada impede uma EIRELI de se associar para constituir novas 
sociedades”. 
Na mesma linha, a respeito da sociedade unipessoal limitada, conforme 
afirma Dias e Basílio (2020): “a holding poderá possuir o tipo societário de uma 
sociedade limitada, de uma sociedade anônima, de uma sociedade unipessoal, e 
até, de uma empresa individual de responsabilidade Limitada – EIRELI”. 
Assim, apresentadas as modalidades de constituição da holding, com 
destaque ao fato de que a holding familiar, no mais das vezes, apresenta mais 
benefícios quando na forma de sociedade limitada do que de sociedade anônima, 
passa-se agora a apresentar as principais modalidades de sucessão patrimonial. 
 
 
 
22 
 
3 HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO DE SUCESSÃO 
A transmissão de bens aos sucessores, em virtude do falecimento da pessoa, 
decorre do direito à sucessão, e tradicionalmente opera-se pelo inventário e partilha, 
decorrente de determinação de lei, ou ainda por disposição de última vontade, que 
se configura pelo testamento. 
Uma alternativa aos modos tradicionais de sucessão, que se afigura lícita e 
eficiente, é a constituição de uma holding familiar objetivando o planejamento 
sucessório. 
No presente capítulo, será estudado o direito à sucessão, analisando-se as 
modalidades sucessórias tradicionais, bem como a importância da realização de um 
planejamento sucessório. 
 
3.1 O DIREITO À SUCESSÃO 
Com vistas à contextualização do tema, de forma breve, será examinado o 
direito constitucional à herança decorrente da sucessão. 
Em sentido genérico a palavra sucessão significa transmissão, como bem 
lembra Tartuce (2021, p. 16), sendo que a mesma pode ser relativa a ato inter vivos 
ou causa mortis. E segue o autor aclarando que no direito hereditário “a sucessão 
opera causa mortis”. 
Com amparo em vários doutrinadores, Tartuce (2021, p. 17) conceitua direito 
sucessório como um dos ramos do Direito Civil “que tem como conteúdo as 
transmissões de direitos e deveres de uma pessoa a outra, diante do falecimento da 
primeira, seja por disposição de última vontade, seja por determinação da lei, que 
acaba por presumir a vontade do falecido”. 
Carvalho (2018, p.13), explicita que: 
 
A sucessão em geral, segundo o fato que lhe dá origem, pode operar-se por 
ato inter vivos ou causa mortis. A sucessão inter vivos – situada no campo 
do Direito das Obrigações, do Direito das Coisas, do Direito de Família, etc. 
é aquela provocada pelos negócios jurídicos inter vivos, cujos efeitos 
translativos de direitos, poderes-deveres jurídicos ou o exercício respectivo 
devam vir a ocorrer durante a vida do declarante, ou declarantes, em regra 
por força da vontade humana, o que acontece nos contratos em geral. [...] 
Já a chamada sucessão hereditária ou causa mortis, objeto de nosso 
estudo denominada de sucessão stricto sensu é aquela cuja transferência 
23 
 
patrimonial dar-se-á por causa ou com causa da morte da pessoa física ou 
natural, só operando seus efeitos a partir daí. [...] Na pena de alentada 
doutrina, pode ser definida nos seguintes moldes: “A transmissão dos 
direitos e obrigações de uma pessoa morta à outra sobreviva, por virtude da 
lei ou da vontade expressa do transmissor”. 
 
No Brasil, o direito à herança foi respaldado pela nossa mais alta lei em um 
de seus títulos mais importantes, qual seja, o que trata dos direitos e garantias 
fundamentais, art. 5º, inciso XXX, onde o legislador expressamente garante o direito 
de herança. (BRASIL, 1988): 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
(...) XXX - é garantido o direito de herança; 
 
Essa garantia constitucional é de suma importância, pois sua existência 
proporcionou o surgimento de legislações infraconstitucionais, objetivando 
regulamentar todo o processo sucessório. 
Rizzardo (2019, p.183), destaca que do art. 5º, inciso XXII, da Constituição 
Federal (BRASIL, 1988), decorre o direito de propriedade, que por sua vez origina o 
direito à sucessão: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
(...) XXII - é garantido o direito de propriedade; 
 
Para que se tenha, em apertada síntese, ensinamentos a respeito da parte 
histórica do direito das sucessões, em muito se pode aprender com os ensinamentos 
de Rizzardo (2019, p.32) ao enfatizar que: 
 
No Brasil, o direito das sucessões sofreu grande influência do direito 
romano, com seu materialismo e individualismo, e do direito canônico, 
especialmente em relação à sucessão testamentária, incentivando os fiéis a 
se mostrarem agradecidos à igreja, deixando-lhe parte dos bens. Vigorava o 
direito das sucessões de Portugal, compilado nas Ordenações do Reino, até 
a entrada em vigor do Código Civil de 1916. Os filhos recebiam tratamento 
diferenciado no direito sucessório, excluindo da sucessão os extra 
matrimoniais que não podiam ser reconhecidos, mas paulatinamente foram 
conquistando direitos sucessórios. O mesmo ocorria com os filhos adotivos, 
24 
 
que eram preteridos em favor dos biológicos. A companheira não possuía 
direitos sucessórios. A Constituição Federal de 1988 excluiu todas as 
desigualdades entre os filhos e reconheceu outras entidades familiares além 
do casamento, prevendo a Lei n. 8.971/94 o direito de o companheiroparticipar da sucessão hereditária do outro. O Código Civil de 2002 acolheu 
as transformações sociais e regula o direito sucessório incluindo os 
companheiros, apesar de conferir no art. 1.790 direitos desiguais em relação 
ao cônjuge, regredindo os direitos conquistados na ordem de vocação 
hereditária pela Lei n. 8.971/94. O Supremo Tribunal Federal, na sessão 
plenária em 10 de maio de 2017, afastou a diferença entre cônjuges e 
companheiros para fins sucessórios, considerando inconstitucional a 
distinção e determinando a aplicação a ambos do regime do art. 1.829 do 
Código Civil. 
 
Em muitos países, são cobradas taxas exorbitantes para a transmissão de 
heranças, inviabilizando muitas vezes os processos tradicionais. No Brasil, as 
alíquotas do Imposto de Transmissão causa mortis e doação – ITCMD4, embora não 
estejam entre as mais altas do mundo, variando conforme o estado membro entre 2 
a 8% sobre o valor venal do imóvel, ainda sim oneram bastante o processo 
sucessório (CAPITAL RESEARCH, 2019). A tabela com as alíquotas de alguns 
países está disposta no anexo. 
Desse modo, conforme será apresentado, a ferramenta da holding familiar, 
assunto dessa monografia, surge como uma opção vantajosa em relação aos 
métodos tradicionais, que serão apresentados na sequência. 
3.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
O planejamento sucessório, indubitavelmente, configura-se como valiosa 
ferramenta não só no sentido de promover garantia jurídica e financeira, bem como 
proteção aos bens dos membros da família. Assim no presente tópico serão 
apresentados, por meio de conceitos doutrinários, a importância do referido 
planejamento. 
Silva e Rossi (2017, p. 85-86) sintetizam de forma clara e objetiva a 
importância do planejamento sucessório, esclarecendo que o patrimônio familiar, 
bem como os negócios empresariais da família, têm a oportunidade de serem 
preservados e de furtar-se ainda da interferência de terceiros estranhos ao núcleo 
familiar. 
 
 
4 O ITCMD será melhor estudado no tópico 4.3.2.1 do presente estudo. 
25 
 
Também destacam os referidos autores, que tal planejamento, permite aos 
patriarcas escolher o herdeiro mais capacitado para administrar a empresa e, por 
fim, tem a vantagem de evitar conflitos típicos da sucessão e minimizar os custos 
decorrentes do processo de inventário por meio do planejamento do pagamento dos 
tributos, evitando a eventual alienação de um bem para saldar custas processuais e 
tributos. 
Na mesma linha de raciocínio, Mamede (2021, p. 103) afirma que é preciso 
formar sucessores, e que a ausência de um plano sucessório e o despreparo de 
uma organização para a sucessão, pode constituir um “legado maldito”, que se deixa 
para os sucessores, que nas empresas familiares são os entes queridos. Sendo 
inúmeros os exemplos de empresas familiares que vão à falência ou enfrentam 
graves crises, devido a uma sucessão abrupta entre gerações. 
Assim, em que pese certo desconforto para a maioria das pessoas tratarem 
do tema, pois envolve questões relativas a finitude do ser humano, percebe-se a 
importância do planejamento sucessório. 
3.3 MÉTODOS SUCESSÓRIOS TRADICIONAIS 
Nesse tópico, visa-se uma breve e objetiva conceituação dos métodos 
sucessórios ditos “tradicionais”, no intuito de, na sequência do presente estudo, 
demonstrar-se as vantagens da utilização da estratégia da holding familiar como 
alternativa mais vantajosa do que as ferramentas usuais. 
Conforme conceitua Carvalho (2019, p.13), sucessão é a “modificação 
subjetiva em determinada situação jurídica, tendo em vista o sujeito ativo ou passivo. 
Isto é, o sucessor passa a ocupar a posição jurídica do antecessor”. 
A sucessão, em sentido amplo, ocorre quando uma pessoa sub-roga-se nos 
direitos e ou obrigações do titular anterior, segundo o referido autor (Telles, 1973 
apud, Carvalho, 2019, p.13), sem ocorrer alteração nas relações jurídicas 
patrimoniais transferidas. 
26 
 
A sucessão pode ser classificada conforme o fato que lhe dá origem em: 
sucessão inter vivos5 e sucessão causa mortis6. 
 Conforme dispõe o art. 1.784 do Código Civil (BRASIL, 2002), aberta a 
sucessão, em decorrência do falecimento da pessoa, a herança “transmite-se, desde 
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. 
Conforme bem observa Madaleno (2020): 
 
A transmissão da herança é imediata e não depende da prévia adição dos 
herdeiros, que sequer precisam ter conhecimento da morte do titular dos 
bens, e tampouco estar presentes ou gozarem da capacidade civil, 
sucedendo a aceitação ou o repúdio da herança em ato posterior. 
Igualmente independe da posse física da coisa, o herdeiro simplesmente 
substitui o autor da herança no exato momento de seu óbito, recebendo os 
bens no estado e com os vícios eventualmente existentes. 
 
A sucessão hereditária, aquela que se dá em virtude do falecimento de 
alguém, subdivide-se em sucessão hereditária legítima, onde as regras de 
transmissão advém da própria lei; e sucessão hereditária testamentária, a qual é 
disciplinada por um “ato jurídico negocial, especial e solene” - o testamento. 
(GAGLIANO, 2021, p. 19) 
Passa-se, portanto, ao exame conciso do procedimento de inventário e suas 
variantes, quais sejam: inventário judicial e inventário extrajudicial, bem como de 
aspectos do testamento. 
3.3.1 Inventário 
Quando ocorre a morte de uma pessoa natural com bens para serem 
partilhados, é iniciado o prazo de abertura da sucessão. A partir daí, tem-se um 
 
 
5 A sucessão inter vivos – situada no campo do Direito das Obrigações, do Direito das Coisas, do 
Direito de Família etc. – é aquela provocada pelos negócios jurídicos inter vivos, cujos efeitos 
translativos de direitos, poderes-deveres jurídicos ou o exercício respectivo devam vir a ocorrer 
durante a vida do declarante, ou declarantes, em regra por força da vontade humana, o que acontece 
nos contratos em geral. Nesse sentido, na compra e venda, o comprador assume o lugar do vendedor 
em relação ao seu objeto; na doação, o donatário passa a ser titular do bem doado; na permuta, os 
permutantes substituem-se mutuamente na titularidade dos bens permutados. (CARVALHO, 2019, 
p.13) 
6 Já a chamada sucessão hereditária ou causa mortis – denominada de sucessão stricto sensu –, é 
aquela cuja transferência patrimonial dar-se-á por causa ou concausa da morte da pessoa física ou 
natural, só operando seus efeitos a partir daí. (CARVALHO, 2019, p.13) 
27 
 
prazo de 2 (dois) meses, para iniciar o levantamento do patrimônio do de cujus7, 
que deverá ser concluído em no máximo 12 (doze) meses, conforme dispõe o artigo 
611 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015): 
 
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro 
de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 
(doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de 
ofício ou a requerimento de parte. 
 
Da doutrina (DINIZ, 2005, apud Scalquette, 2020, p.187), extrai-se que: 
 
A abertura da sucessão se dá no momento da morte. Segundo Maria 
Helena Diniz, o momento da morte precisa ser comprovado, no plano 
biológico, pelos recursos empregados na medicina legal e, no plano jurídico, 
pela certidão passada pelo oficial do Registro Civil. 
 
O inventário nada mais é do que o levantamento do patrimônio pertencente 
ao de cujus, inclusive suas dívidas. Em sentido jurídico inventariar significa “apurar, 
arrecadar e nomear bens deixados pelo falecido.” (OLIVEIRA, 2019, p. 314). 
Segue o referido autor informando que o inventário, até o advento da Lei 
11.441/2007 (BRASIL, 2007)8, era exclusivamente feito pelas vias judiciais. Assim a 
citada lei, introduziu o chamado inventário extrajudicial ou administrativo, o qual é 
feito por escritura pública desde que não haja testamento, e as partes sejam 
capazes e maiores,bem como estejam de acordo em relação à partilha dos bens. 
Conforme afirma Gagliano (2019, p.433), somente ocorrerá uma eventual 
partilha, ou adjudicação dos bens do falecido, caso suas dívidas tiverem sido pagas. 
 Nesse sentido, dispõe o art. 642 do Código de Processo Civil (BRASIL, 
2015): 
 
 
 
7 Rodrigues (2019, p. 185, apud, RIZZARDO, 2003, p. 11), nos ensina que são frequentemente 
motivo de curiosidade a utilização de certos nomes e expressões em nosso mundo jurídico, e uma 
delas é a expressão “de cujus”. A expressão de cujus, é tirada da sentença latina de cujus sucessione 
agitur, isto é, de cuja sucessão se trata. Em decorrência da economia vocal trazida pelo costume ao 
longo do tempo, passou-se a falar “de cuja sucessão”, que acabou por tornar-se “de cujus”, 
expressão hoje largamente empregada por toda a doutrina. 
8 Lei 11.441/2007 - Altera dispositivos da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de 
Processo Civil, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio 
consensual por via administrativa. 
28 
 
Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo 
do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis. 
§ 1.o A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por 
dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário. 
§ 2.o Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o 
credor, mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de 
bens suficientes para o pagamento. 
§ 3.o Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o 
pagamento dos credores habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-
se as disposições deste Código relativas à expropriação. 
§ 4.o Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, 
para o seu pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, 
concordando todas as partes. 
§ 5.o Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a aprovação 
das dívidas, sempre que haja possibilidade de resultar delas a redução das 
liberalidades. 
 
Neste mesmo enfoque, Tartuce (2020, p.653) corrobora com o raciocínio, ao 
destacar que poderão os credores do espólio do falecido, antes da partilha, requerer 
o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis ao juízo do inventário, conforme 
dispõe o art. 642 em seu §1º do CPC/2015 (BRASIL, 2015). 
Com fins ilustrativos cabe observar a diferença de herdeiro e legatário, como 
bem define Rizzardo (2019, p. 185) 
 
Em geral, usamos a palavra “herdeiro” indiscriminadamente quando nos 
referimos a alguém que foi ou será beneficiado por uma herança. É 
importante ressaltar que há distinção quanto à nomenclatura daquele que é 
destinatário de uma herança. Há duas espécies de herdeiro: Herdeiro 
legítimo – Aquele que recebe uma herança de acordo com a ordem disposta 
em lei (sucessão legítima). É chamado, nesse caso, de herdeiro. Herdeiro 
testamentário – Aquele que é instituído por meio de testamento (sucessão 
testamentária). Pode ser: − a título universal, quando recebe uma parte da 
totalidade da herança – herdeiro; − a título singular, quando recebe um bem 
ou vários bens determinados – legatário. Como se depreende, nem sempre 
aquele que é o beneficiário de uma herança é denominado herdeiro; se 
receber um ou vários bens determinados, especificados em um testamento, 
será chamado de legatário. 
 
Ainda na seara da conceituação do termo inventário, Gagliano (2019, pag. 
418) pondera didaticamente: “Do ponto de vista do Direito Sucessório, o inventário 
pode ser conceituado como uma descrição detalhada do patrimônio do autor da 
herança, atividade esta destinada à posterior partilha ou adjudicação dos bens”. 
Examinando a questão procedimental, tem-se que através do inventário serão 
arrolados e avaliados os bens do de cujos, citados ou habilitados os herdeiros, 
pagas as dívidas vencidas e exigíveis, relacionados os bens doados em vida pelo 
falecido, e ainda calculados os respectivos impostos devidos pela transmissão, 
29 
 
conforme bem enumera Carvalho (2019, p.18). E segue o referido autor 
esclarecendo ainda que: “A partilha, por sua vez, é a fase final do procedimento 
sucessório, em que se haverá de atribuir a cada um dos herdeiros a porção que lhe 
couber dos bens e direitos do acervo”. 
Superadas as definições de inventário e partilha, passa-se nos próximos 
tópicos a expor algumas questões relativas às duas modalidades de inventário: 
judicial e extrajudicial. 
3.3.1.1 Inventário Extrajudicial 
É através do inventário que se objetiva averiguar todo o patrimônio que o de 
cujus deixou para seus herdeiros, bem como suas dívidas. O inventário quando em 
sua forma consensual, pode ser realizado em cartório de notas, com escritura 
pública, conforme disciplinado pela já citada Lei 11.441/2007. (BRASIL, 2007). 
Cabe observar que o legislador, no Novo Código de Processo Civil de 2015 
(BRASIL, 2015), conforme destaca Silva e Barros (2017), manteve a previsão de 
inventário judicial, caso haja testamento ou interessado incapaz, em seu artigo 610; 
alterando tão somente o aspecto redacional relativo ao inventário extrajudicial, em 
seu §1º: 
 
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao 
inventário judicial. 
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão 
ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para 
qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância 
depositada em instituições financeiras. 
 
A modalidade extrajudicial do inventário é facultativa, como bem observa 
Carvalho (2019, p. 25). 
Discorre ainda o mesmo autor que: “Excepcionalmente, a lei autoriza o 
levantamento de determinados valores sem necessidade de inventário, judicial ou 
extrajudicial, ou de arrolamento”.9 
 
 
9 Exemplificando tem-se que: A Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefícios da 
Previdência Social e dá outras providências, prescreve no artigo 112 que o valor não recebido em 
vida pelo segurado só será pago aos dependentes habilitados à pensão por morte ou, na falta 
30 
 
Segundo Arruda (2017) precisam estar preenchidos os seguintes requisitos, 
para realização do inventário extrajudicial, quais sejam: 
 
a) as partes devem estar assistidas por advogado (art. 610 §2 do NCPC), o 
profissional está apto para elucidar e instruir os herdeiros sobre os 
procedimentos e consequências jurídicas de cada ato; 
b) o falecido não pode ter deixado testamento, é obrigatória a apresentação 
de certidão de inexistência de testamentos, facilmente encontrado no 
Colégio Notarial do Brasil; 
c) todos os herdeiros devem ser maiores e capazes para os atos da vida 
civil; 
d) e deve haver entre os herdeiros, concordância em relação a partilha de 
bens. 
 
Tepedino et al. (2020, p. 230) salienta as facilidades do inventário extrajudicial 
em detrimento do inventário judicial, destacando que mesmo que possível a 
realização do inventário extrajudicial, o mesmo pode, caso seja vontade dos 
interessados dar-se pela via judicial, posto que o procedimento extrajudicial é tão 
somente uma faculdade. Assim, o autor enumera vantagens do mesmo em relação 
ao procedimento judicial como: celeridade, maior autonomia dos interessados e livre 
escolha do tabelião de notas. E ainda acrescenta que, o fato de existirem credores 
do espólio não obsta a realização do inventário e partilha ou adjudicação por 
escritura pública, podendo os credores acordar diretamente com os sucessores o 
pagamento das mesmas. Podem ainda no procedimento extrajudicial, os 
interessados nomearem um inventariante com a função de representante do espólio. 
3.3.1.2 Inventário Judicial 
Por outro lado, havendo testamento, herdeiros incapazes, ou não havendo 
consenso quanto à divisão do patrimônio deixado pelo de cujus, deveráser utilizado 
o procedimento de inventário judicial, conforme dispõem os artigos 2.016 do Código 
Civil e 610 do Código Processual Civil (BRASIL, 2015): 
 
 
 
desses, aos seus sucessores na forma da lei civil, independentemente de inventário ou arrolamento. 
Carvalho (2019, p. 25). 
 
 
31 
 
Art. 2.016. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim 
como se algum deles for incapaz. 
 
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao 
inventário judicial. 
 
Leite (2016) esclarece que o inventário judicial é um procedimento especial, 
onde devem ser arrolados todos os bens e obrigações que compõem a herança, 
bem como a meação do cônjuge sobrevivente, embora explica que a meação não 
integra a herança. O inventário tem a função de enumerar o ativo e o passivo do 
acervo hereditário, enquanto a partilha define cada quinhão sucessório. 
Conforme previsão do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), o 
procedimento especial de inventário divide-se em três modalidades: tradicional ou 
solene (artigos 610 a 658 do CPC/2015); arrolamento comum (arts. 659 a 663 do 
CPC/2015); e arrolamento sumário (artigos 664 ao art. 666 do CPC/2015). 
Continua a referida autora, Leite (2016), aclarando que o inventário será 
aberto por meio de petição inicial por aquele que estiver na posse e administração 
do espólio, conforme a literalidade do art. 615 do Código de Processo Civil (BRASIL, 
2015), tendo, entretanto legitimidade concorrente às pessoas relacionadas no art. 
616 do mesmo diploma legal, como por exemplo, o legatário e o Ministério Público, 
em caso de haver herdeiros incapazes. Ainda vale destacar que o CPC/2015 inovou 
ao suprimir a possibilidade de abertura de inventário de ofício. 
Conforme se infere do art. 616 do CPC, a pessoa jurídica não está no rol dos 
que possuem legitimidade para serem inventariantes (BRASIL, 2015). 
Dentro do processo judicial, serão citados todos os herdeiros não 
representados, o testamenteiro, intimado o Ministério Público nos casos em que 
deva intervir, bem como as Fazendas Públicas estaduais e municipais em 
decorrência da incidência dos impostos, de acordo com Carvalho (2020, p.163) 
Finalizadas as citações, o art. 627 do Código de Processo Civil determina a 
abertura de vistas às partes para se manifestarem sobre as primeiras declarações 
no prazo comum de 15 dias. 
Destaca Carvalho (2020, p. 165) que: 
 
32 
 
No inventário, portanto, não existe fase probatória com audiência, provas 
periciais e testemunhais, ou seja, somente se decidirá matéria de direito ou 
de fato comprovado documentalmente. Toda questão de alta indagação10 
ou que depender de outras provas será remetida para as vias ordinárias. 
 
Em seguida, conforme dispõe o artigo 629 do Código Processual Civil, a 
Fazenda Pública informará ao juízo no prazo de 15 dias o valor dos bens de raiz 
descritos nas primeiras declarações (BRASIL, 2015). 
Na sequência será feita a avaliação dos bens, por avaliador judicial, conforme 
define o art. 630 do CPC11. 
O Código de Processo Civil, em seus artigos 635, 636 e 637, determina a 
manifestação das partes sobre o laudo de avaliação, lavrando-se na sequência as 
últimas declarações e procedendo-se ao cálculo dos tributos. (BRASIL, 2015). 
De acordo com Ferreira (2015), determinado o pagamento do imposto pelo 
juízo, o inventariante deverá dar início ao procedimento administrativo junto a 
Fazenda Pública para recolhimento tributário. 
Conforme o artigo 654 do CPC/2015 (BRASIL, 2015): 
 
Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos 
autos certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda 
Pública, o juiz julgará por sentença a partilha. 
 
Por fim, o juízo chancela o processo de inventário através da chamada 
homologação da partilha. Assim, após o trânsito em julgado da decisão de 
homologação, expede-se o chamado formal de partilha que é o documento que 
concretiza a própria partilha (Ferreira, 2015), recebendo os herdeiros os bens que 
lhe tocarem, conforme o art. 655 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015). 
 
 
10 A expressão “alta indagação” refere-se às questões que necessitam fazer prova em juízo, como as 
relativas à propriedade dos bens, condição de herdeiro, investigação de paternidade, nulidade de 
atos praticados pelo finado, exclusão de herdeiro, sonegação de bens, entre outras. São questões 
que não podem ser resolvidas no processo de inventário, exigindo elementos externos trazidos pelos 
interessados e que só podem ser apreciados no rito ordinário próprio. (CARVALHO, 2020, p. 165) 
11 Na prática, na maioria dos casos, não existe essa fase de avaliação dos bens, considerando que a 
Fazenda Pública Estadual procede à avaliação ao serem declarados os bens e direitos ao Fisco 
antecipadamente, para o recolhimento do imposto causa mortis nos Estados em que é concedido 
descontos e evitar multas, ou na fase das primeiras declarações. Discordando os herdeiros da 
avaliação do Fisco ou existindo herdeiros incapazes, com intervenção do Ministério Público, procede-
se à avaliação judicial. (CARVALHO, 2020, p. 165) 
 
33 
 
Vencidas as modalidades de inventário, passa-se a uma breve exposição da 
modalidade sucessória do testamento. 
3.3.2 Testamento 
 
A sucessão testamentária está balizada entre os artigos 1.857 a 1.939 do 
Código Civil (BRASIL, 2002). Sendo muitas as disposições legais a esse respeito e, 
considerando que esse estudo não tem por escopo a análise das modalidades 
sucessórias “tradicionais”, o presente tópico será abordado com vistas apenas a 
contextualização do assunto, vez que o mesmo guarda pertinência ao tema proposto 
que é a holding familiar como ferramenta de planejamento sucessório. 
De acordo com Rodrigues (2003, apud, SCALQUETTE, 2020, p.229), a 
sucessão testamentária é “a sucessão que deriva da manifestação de última 
vontade, revestida da solenidade prescrita pelo legislador”. 
Destacam-se algumas características do testamento: é ato personalíssimo e 
unilateral, conforme leciona Maria Helena Diniz (2005, p. 178), é um ato revogável 
(art. 1.858 CC/2002). Também, de acordo com Sílvio Venosa é um ato solene, e 
ainda é um ato gratuito (2005, p.192 e p.195). 
Nos ensinamentos de Tartuce (2020, p.402): 
 
O testamento constitui um negócio jurídico unilateral, pois tem 
aperfeiçoamento com uma única manifestação de vontade. Dessa forma, 
basta a vontade do declarante – do testador – para que produza efeitos 
jurídicos. A aceitação ou renúncia dos bens deixados, manifestada pelo 
beneficiário do testamento, é irrelevante juridicamente para a essência do 
ato. 
 
Em relação às formas de testamento, didaticamente leciona Venosa (2018, 
p.229) que existem conforme o Código Civil (BRASIL, 2002), três formas 
tradicionais: público, cerrado e particular. Citando ainda três formas excepcionais de 
testamentos transitórios, quais sejam: marítimo, aeronáutico e militar, os quais são 
de pouco alcance prático. 
Cabe observar que não há outras formas de testamento permitidas, de acordo 
com a literalidade do art. 1.887 do Código Civil. (BRASIL, 2002) 
Assim, com essa sucinta apresentação dos ditos métodos sucessórios 
“tradicionais”, passa-se a percorrer o conceito, aspectos, as vantagens e outras 
34 
 
características da ferramenta holding, com ênfase na chamada holding familiar como 
estratégia oportuna e vantajosa de planejamento sucessório. 
3.3.3 Holding familiar 
A holding familiar como ferramenta de sucessão hereditária, apresenta 
vantagens em relação aos chamados métodos “tradicionais” anteriormente 
assinalados. O referido instrumento mais se assemelha a uma estratégia do que a 
um instituto jurídico, como se observa na conceituação oferecida porMamede (2021, 
p.19): 
 
A chamada holding familiar não é um tipo específico, mas uma 
contextualização específica. Pode ser uma holding pura ou mista, de 
administração, de organização ou patrimonial, isso é indiferente. Sua marca 
característica é o fato de se enquadrar no âmbito de determinada família e, 
assim, servir ao planejamento desenvolvido por seus membros, 
considerando desafios como organização do patrimônio, administração de 
bens, otimização fiscal, sucessão hereditária etc. 
 
Como bem observa Silva e Rossi (2017, p. 16), caracteriza-se a holding 
familiar por ter em vista a proteção ao patrimônio familiar, incluindo também a tutela 
do sucesso de eventuais empresas pertencentes à família. 
Pondera Leone (2005, p. 50) que, “dar à empresa uma nova perspectiva de 
atuação ou ser a sua destruição, aliada à falta de profissionalismo, é a questão 
central do processo sucessório, constituindo-se num enfoque de ambiguidade.” 
Assim, interessante e oportuna é a consideração da utilização da holding 
familiar como opção no processo sucessório. 
É de conhecimento notório que a sucessão hereditária, seja no âmbito familiar 
ou empresarial, muitas vezes representa um assunto espinhoso dentro do núcleo 
familiar. 
Como esclarece Oliveira (2014, p. 25-26), a holding familiar como ferramenta 
de sucessão empresarial, surge como uma opção para solucionar o problema da 
disputa sucessória, pois permite ao fundador da empresa determinar seu sucessor, 
resguardando a continuidade da mesma. 
Adentrando a especificidade do tema holding familiar, temos que a formação 
da mesma implica na reunião de todos os bens pessoais como patrimônio dessa 
sociedade, oferecendo ainda a seu titular a possibilidade de repassar a seus 
35 
 
herdeiros cotas ou ações na forma que melhor lhe convir, tendo a opção ainda de 
conservar para si, em usufruto vitalício essas participações. Assim, pode continuar 
administrando todo o seu patrimônio, conforme leciona Oliveira (2014, p.25). 
Com vistas à escolha dessa ferramenta no planejamento sucessório, 
destacam-se as considerações de Silva e Rossi (2017, p.17) acerca dos benefícios 
da utilização da mesma com esse objetivo. Segundo o citado autor, através da 
holding familiar pode-se alcançar um planejamento societário, sucessório e tributário 
mais pormenorizado, abrigado pela legislação, visando minorar os inúmeros riscos 
inerentes ao desenvolvimento da atividade empresarial, bem como evitar os 
inconvenientes da sucessão hereditária de bens e ainda estruturar a parte fiscal, 
resultando numa diminuição da carga tributária. 
No próximo capítulo serão apresentadas algumas vantagens da utilização da 
holding familiar como instrumento sucessório, objetivando-se a avaliação de seus 
vários aspectos positivos. 
 
 
 
 
36 
 
4 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA HOLDING FAMILIAR COMO 
FERRAMENTA NO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO 
 
A holding familiar tornou-se um instrumento bastante interessante ao 
possibilitar a transferência do patrimônio aos herdeiros de forma prévia e 
organizada, resultando numa sucessão eficaz na condução dos negócios de 
eventual empresa que integre o conjunto de bens, como também possibilita a 
determinação em vida pelos patriarcas do destino de seus bens, conforme Silva e 
Rossi (2017, p. 81). 
De acordo com Vidigal (1996, apud LEONE, 2005, p. 50), não são raros os 
conflitos familiares quando do processo sucessório, devido, sobretudo, a falta de 
planejamento do fundador da empresa, muitas vezes permanecendo até idade 
avançada no comando da mesma e não oportunizando aos sucessores a liderança. 
Outro aspecto a ser considerado é o fator econômico. Por óbvio, a 
constituição de uma holding familiar não é isenta de custos; mas nessa questão, 
apresenta algumas peculiaridades vantajosas no aspecto sucessório em relação aos 
chamados métodos tradicionais, que demandam a realização, por exemplo, do 
inventário. 
De acordo com Silva e Rossi (2017, p. 84), quando do advento do inventário, 
em muitos casos, a família precisa se desfazer de um bem para quitar o imposto, 
que deve ser recolhido previamente. 
Nesse sentido, cumpre destacar as afirmativas de Gutierrez (2006, p. 260, 
apud ARAÚJO, 2018, p. 14), em relação aos princípios constitucionais que amparam 
o planejamento tributário, ao sustentar que, embora o indivíduo não possa furtar-se 
ao pagamento de tributos, o mesmo possui o direito, amparado pelos princípios da 
legalidade tributária, tipicidade cerrada e autonomia privada, a legitimamente buscar 
a redução ou postergação dos respectivos pagamentos. 
Outra particularidade bastante atrativa da holding familiar como ferramenta no 
planejamento sucessório, conforme bem elucida Mamede (2021, p. 94), é a 
possibilidade de no ato constitutivo da holding fazer uma doação de cotas ou ações 
gravadas com cláusula de incomunicabilidade, evitando que sejam alvo de partilha 
resultante de separação ou divórcio. Atentando-se, porém, ao fato de que a doação 
compõe a legítima, sendo ainda necessário observar a limitação do art. 1.848 do 
37 
 
Código Civil (BRASIL, 2002)12, ou seja, deve haver justa causa para impedir a 
alienação, penhora ou comunicação patrimonial. 
A doutrina pátria destaca vários benefícios oriundos da utilização da 
ferramenta da holding familiar com o propósito de proteção ao patrimônio da família, 
por meio de lícita e legal blindagem patrimonial, a qual será estudada no próximo 
tópico. 
 
4.1 BLINDAGEM PATRIMONIAL 
Uma das vantagens que mais se destacam quando da constituição da holding 
familiar, é a possibilidade de, por meio de uma forma lícita e legal blindar-se o 
patrimônio por meio da elisão fiscal, evitando a geração de tributos em decorrência 
do planejamento tributário (HIGUSHI, 2016, p. 670). 
São diversas e numerosas as possibilidades relacionadas à elisão fiscal. 
Consta que o planejamento tributário decorrente do planejamento sucessório, pode 
envolver antecipação de impostos, redução e até mesmo eliminação da carga 
tributária, conforme aduz Araújo (2018, p. 40). 
Por outra vertente, com vistas não à empresa familiar, mas tão somente ao 
planejamento sucessório do próprio patrimônio da família, mas com a mesma 
finalidade de blindagem patrimonial, tem-se o expediente da doação de bens aos 
herdeiros com reserva de usufruto em substituição à feitura do testamento. 
(PEIXOTO 2011, p. 273). 
Silva e Rossi (2017, p. 103), trazem também outra possibilidade de escudar o 
patrimônio familiar por meio da constituição da holding. Afirmam os autores que 
existe a possibilidade de constituir-se a holding, por meio da integralização do 
patrimônio dos patriarcas na empresa, doando-se quotas da mesma aos herdeiros 
com o gravame de usufruto13, a fim de evitar “um processo judicial de inventário, em 
que as desavenças entre os envolvidos podem protelar seu desfecho”. 
 
 
12 Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer 
cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima. 
13 O usufruto é um direito real (artigo 1.225, IV, do Código Civil) que, em se tratando de imóveis, se 
constitui mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis (artigo 1.391). Não se pode transferir o 
38 
 
Oportuno destacar que, segundo Silva e Rossi (2017, p. 133): “na doação das 
quotas da holding como parte do planejamento envolvendo o adiantamento da 
legítima, o que ocorre é a antecipação [e redução] do custo tributário que se 
efetivaria apenas com o passamento dos proprietários dos bens.” 
Outras benesses da utilização da holding familiar como ferramenta de 
planejamento sucessório, são as chamadas cláusulas especiais nos contratos de 
doação, que serão examinadas na sequência. 
4.2 CLÁUSULAS ESPECIAIS 
O Código Civil, em seu art. 1911 (BRASIL, 2002) disciplina a cláusula de 
inalienabilidade,a qual implica em impenhorabilidade e incomunicabilidade e que 
pode ser imposta ao bem doado. 
Nesse sentido a súmula nº 49 do Supremo Tribunal Federal (BRASIL, 2015): 
“A cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade dos bens”. 
Segundo Gomes (2004, apud Scalquette, 2020, p. 264), entende-se como 
cláusula de inalienabilidade “a proibição de alienar, a título gratuito ou oneroso, os 
bens deixados a herdeiros, ou legatários.” Já incomunicabilidade é “a restrição em 
impedir que integrem a comunhão estabelecida com o casamento” e por fim, 
impenhorabilidade seria a “restrição à penhora”. 
Muito embora as cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e 
impenhorabilidade sejam autônomas, em razão do seu interesse social, conforme 
Fioranelli (2008, p. 24-25), a cláusula de inalienabilidade “absorve as demais”, sendo 
a cláusula de incomunicabilidade “bem mais restrita e com efeitos limitados à 
individualidade da pessoa”. 
Conforme bem coloca Bagnoli (2016, p.59), a cláusula de inalienabilidade 
impede que o bem que foi recebido a título de doação seja transferido para outrem, 
respeitando-se a vontade o doador. 
Segundo Silva e Rossi (2017, p. 116), é bastante usual a utilização da 
cláusula de inalienabilidade no bojo do planejamento sucessório, via holding familiar, 
 
 
usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso (artigo 
1.393). Mamede (2015, p.102-103) 
39 
 
no intuito de proteção do patrimônio da interferência de pessoas estranhas ao 
núcleo familiar, impedindo os herdeiros de alienar suas quotas sociais. 
Já em se tratando especificamente da cláusula de incomunicabilidade, 
destaca-se que dentre os regimes de casamento, a comunhão universal de bens 
implica a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas 
dívidas passivas, conforme o art. 1.667 do Código Civil (Brasil, 2002). 
Entretanto, o art. 1.668 do Código Civil (BRASIL, 2002), que também trata da 
comunhão universal de bens, preconiza que o bem doado com cláusula de 
incomunicabilidade não se comunica ao outro cônjuge. 
Silva e Rossi (2017, p. 116) contextualizam afirmando que de acordo com o 
artigo 1.669 do Código Civil, embora um bem doado ao herdeiro com cláusula de 
incomunicabilidade não comunica ao cônjuge, mesmo que sejam casados pelo 
regime de comunhão universal de bens, os frutos por ventura advindos do referido 
bem, afirmam os autores, integram o patrimônio do casal, podendo ser usufruídos 
por ambos durante a vigência do casamento, como acontece com a distribuição de 
lucros advindos das quotas do capital social. 
Em relação especificamente a cláusula de impenhorabilidade, Rizzardo (2019, 
p. 371), reitera que os bens com essa cláusula não podem ser penhorados pelos 
credores. 
Segue o autor (2019, p. 377), acrescentando que a impenhorabilidade pode 
decorrer de lei14 ou de convenção. A impenhorabilidade convencional, prossegue o 
autor, decorre de disposição testamentária, podendo recair sobre todo o patrimônio 
ou sobre os bens disponíveis, podendo também ser oposta contra todos os 
herdeiros, ou somente contra alguns. 
Por conseguinte, a impenhorabilidade não tem a amplitude da cláusula de 
inalienabilidade. Assim, conforme a RSTJ 137/457 (BRASIL, 2001), “o gravame de 
impenhorabilidade pode ser instituído independentemente da cláusula de 
inalienabilidade”, ficando o bem a salvo de eventual penhora. 
 
 
14 O Código de Processo Civil, no art. 833, estabelece inúmeros bens impenhoráveis, como os 
salários e os instrumentos de trabalho. A Lei nº 8.009, de 1990, em seus arts. 1º e 2º, também 
ressalva da constrição o imóvel residencial e os móveis que o guarnecem. Da mesma forma a 
Constituição Federal, no art. 5º, inc. XXVI, no tocante à pequena propriedade rural. (RIZZARDO, 
2019, p. 377) 
40 
 
O patrimônio pode ser doado contendo a chamada cláusula de reversão, 
estipulando que em caso de falecer o donatário antes do doador, o patrimônio 
retorna para o segundo (GUILHERME, 2017, p. 334), de acordo com o art. 547 do 
Código Civil (BRASIL, 2002). 
Pablo Stolze Gagliano (2021, p.57), de forma sintética e objetiva define a 
cláusula de reversão como “a estipulação negocial por meio da qual o doador 
determina o retorno do bem alienado, caso o donatário venha a falecer antes dele”. 
Segue o presente estudo examinando de forma sumária, porém objetiva, dos 
aspectos financeiros e tributários relacionados ao referido instrumento sucessório. 
4.3 ASPECTOS FINANCEIROS E TRIBUTÁRIOS DA HOLDING FAMILIAR 
Nesse tópico serão observados os aspectos financeiros e tributários que 
conferem à holding familiar vantagens econômicas em relação aos métodos 
sucessórios ditos “tradicionais”. 
Sem a pretensão de esgotar o tema verificar-se-ão os principais tributos que 
oneram a sucessão, e ainda aspectos tributários da pessoa jurídica e dos sócios, 
destacando-se as particularidades que conferem à holding familiar benesses e, 
consequentemente, melhor fruição dos ativos econômicos da família e ou da 
empresa. 
Cabe destacar que ao falar-se de planejamento tributário, visa-se à chamada 
elisão fiscal, que é a busca da redução da carga tributária por meios legais. 
Diferentemente da evasão fiscal que se configura como a redução de carga tributária 
através de formas ilícitas. (CAMARGO, 2017) 
A holding familiar como instrumento sucessório, a contrario sensu do que sua 
denominação parece indicar, ao que tudo indica por meio do conteúdo já estudado, 
é uma ferramenta muito simples que está ao alcance de grande parte da população 
brasileira, com inúmeras vantagens, entre elas a desoneração dos custos atrelados 
a uma sucessão familiar tradicional. 
Assim ensina Seabra (1988, apud, Oliveira, 2014, p. 25): 
 
[...] a formação de uma empresa holding familiar promove a reunião de 
todos os bens pessoais no patrimônio dessa sociedade, oferecendo a seu 
titular a possibilidade de entregar aos seus herdeiros as cotas ou ações na 
forma que entenda mais adequada e proveitosa para cada um, conservando 
para si o usufruto vitalício dessas participações, o que lhe proporciona 
41 
 
condições de continuar administrando, integralmente, seu patrimônio 
mobiliário e imobiliário. Verifica-se que esse procedimento está 
correlacionado a um adequado planejamento fiscal e tributário. 
 
Segundo Silva e Rossi (2017, p. 125), a constituição da holding possibilita 
uma melhor organização fiscal do patrimônio, racionalizando a carga tributária, ao 
permitir avaliar-se qual a alternativa mais compatível na legislação pertinente as 
atividades da empresa. 
4.3.1 GESTÃO FISCAL DA HOLDING E BENEFÍCIOS DE SUA CONSTITUIÇÃO 
O planejamento fiscal, por meio da elisão, tem a função de produzir 
economia tributária, resultando na eficiência e, consequentemente, na redução de 
custos com o intuito de aumento dos lucros. (LODI e LODI, 2012, p. 86) 
Oportuno destacar que a Lei Complementar 104/2001(BRASIL, 2001)15, 
acrescentou o parágrafo único ao art. 116 do Código Tributário Nacional16, 
estabelecendo uma norma com função de desqualificar a elisão fiscal como 
ferramenta lícita e efetiva, mitigando o planejamento tributário (SHINGAKI, 2016, p. 
54), como se observa: 
Em resposta, a Confederação Nacional do Comércio promoveu uma Ação 
Direta de Inconstitucionalidade ADI 2.446, questionando a constitucionalidade do 
referido parágrafo único do art. 116 do CTN (BRASIL, 1966)17, a qual se encontra no 
presente momento com o julgamento suspenso devido ao pedido de vista de 
ministro da corte. 
 
 
15 Altera dispositivos da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. 
16 Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário,

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