Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR Professora Me. Mariane Helena Lopes GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LOPES, Mariane Helena. Direito Empresarial e do Consumidor. Mariane Helena Lopes. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2019. 152 p. “Graduação - EaD”. 1. Direito 2. Empresarial 3. Consumidor 4. EaD. I. Título. ISBN: 978-85-459-1761-8 CDD - 22 ed. 346.81 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Patrícia Rodrigues Designer Educacional Amanda Peçanha Dos Santos Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Flávia Thaís Pedroso Qualidade Textual Érica Fernanda Ortega Ilustração Bruno Cesar Pardinho Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. CU RR ÍC U LO Professora Me. Mariane Helena Lopes Mestre em Ciências Jurídicas com ênfase em Direitos da Personalidade pelo Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR). Pós-graduada em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná, graduou-se em Direito pelo Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR). É docente no Ensino à Distância do Unicesumar no curso de Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Gestão de Cooperativas, Gestão Hospitalar, Gestão de Recursos Humanos, Processos Gerenciais, Secretariado, Serviço Social e Segurança do Trabalho. Ainda, é professora e mediadora de cursos de pós graduação no EAD da Unicesumar. Por fim, foi membro do Colegiado do Curso de Gestão de Recursos Humanos do Centro Universitário de Maringá. Foi docente no curso de Administração, Comércio Exterior, Direito, Gestão de Recursos Humanos, Jornalismo, Logística, Pilotagem de Aviões, Publicidade e Propaganda e Turismo do Centro Universitário de Maringá. Para maiores informações, acesse: <http://lattes.cnpq.br/1815582404405502>. SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, caro(a) aluno(a)! O Direito é uma ciência ampla e por isso merece uma análise minu- ciosa. Para quem pretende desenvolver uma atividade enquanto futuro gestor, torna-se essencial o conhecimento de algumas áreas específicas, o que possibilita uma melhor administração e gestão da sua atividade. Enquanto profissional da área e professora, ao longo dos anos acredito que conhecer o Direito deveria ser essencial para todos, enquanto indivíduos que fazem parte de uma sociedade, possibilitando assim um melhor funcionamento dela e as pessoas saberiam também de que forma poderiam exigir mudanças em nossa sociedade. Na Unidade I, estudaremos o Direito Empresarial, analisando quem pode ser considerado empresário ou não, de que forma a pessoa pode ser considerada empresária, bem como as modali- dades de sociedade e os títulos de crédito que existem na nossa legislação. Na Unidade II, estudaremos o Direito Tributário, compreendendo que o tributo é o gêne- ro, que se subdivide em espécies que são: imposto, taxa, contribuição de melhoria, con- tribuição social e empréstimo compulsório, e analisaremos cada uma delas. Lembrando que existe em discussão uma reforma tributária proposta, mas que até o presente mo- mento não há indícios de quando será aprovada. Na Unidade III, falaremos um pouco sobre Direito do Trabalho, a área de mais impor- tância e grande discussão dentro de uma organização empresarial. Veremos a diferen- ça entre empregado e empregador, a forma de remunerar o empregado pela função desempenhada, em que medida vai o poder de direção do empregador, entre outros aspectos relevantes e pertinentes ao conteúdo. A ReformaTrabalhista foi um grande marco de mudanças dentro do Direito do Trabalho e que merece uma análise cuidadosa e receosa já que ainda não temos muitas definições a respeito. Por fim, na Unidade IV estudaremos o Direito do Consumidor, conhecendo um pouco melhor os direitos e deveres que o Código do Consumidor criou tanto para o consumi- dor final quanto para o próprio fornecedor. Espero que você aproveite o conteúdo trabalhado para conhecer um pouco mais sobre essa ciência tão ampla e possa, assim, desempenhar melhor seu trabalho e toda a orga- nização empresarial em que está. Bons estudos! APRESENTAÇÃO DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR SUMÁRIO 08 UNIDADE I DIREITO EMPRESARIAL 15 Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil 25 Sociedades Comerciais 29 Títulos de Crédito 36 Direito Falimentar 46 Referências 48 Gabarito UNIDADE II DIREITO TRIBUTÁRIO 51 Conceito e Denominação 53 Tributo 58 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 63 Exclusão do Crédito Tributário 71 Referências 72 Gabarito SUMÁRIO 09 UNIDADE III DIREITO DO TRABALHO 77 A Evolução no Brasil 80 Autonomia do Direito do Trabalho 83 Direito Individual do Trabalho 94 Empregado 98 Empregador 103 Remuneração 109 Formas de Rescisão de Contrato de Trabalho e Direitos do Empregado 123 Referências 125 Gabarito UNIDADE IV DIREITO DO CONSUMIDOR 129 Finalidade 131 Princípios do Direito do Consumidor 133 Consumidor 134 Fornecedor 140 Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo 142 Responsabilidade pelo Vício do Produto e do Serviço 153 Referências 154 Gabarito 155 Conclusão U N ID A D E I Professora Me. Mariane Helena Lopes DIREITO EMPRESARIAL Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender o Direito Empresarial. ■ Analisar modelos societários. ■ Analisar títulos de crédito. ■ Conhecer o direito falimentar. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil ■ Sociedades comerciais ■ Títulos de crédito ■ Direito falimentar Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 13 DESENVOLVIMENTO DO DIREITO EMPRESARIAL NO BRASIL No período Brasil Colônia, as relações jurídicas brasileiras eram reguladas pelas Ordenações Portuguesas sob influência do Direito Canônico e Direito Romano (TEIXEIRA, 2011). Em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, surgiu a necessidade de organização da Corte e de uma legislação com finalidade econô- mica. Por obra de Visconde de Cairu, com a chamada Lei de Abertura dos Portos de 1808, os comerciantes, antes impedidos pela política mesquinha da metró- pole, abrem-se plenamente para o comércio (TEIXEIRA, 2011). Na sequência, de acordo com Tarcisio Teixeira (2011), surgiram a Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações e o Banco do Brasil, entre outras determinações legais. Com a Proclamação da Independência, foi convocada a Assembleia Legislativa de 1823, ficando determinada a vigência, no Brasil, das leis portuguesas, com a possibilidade de invocar leis mercantis. Assim, o Código Comercial francês de 1807, o espanhol de 1829 e o português de 1833 foram ver- dadeiras fontes legislativas para o Brasil (TEIXEIRA, 2011). DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E14 O espírito de soberania no Brasil exigia uma legislação própria. Em 1834, foi elaborado um projeto de Código de Comércio, que tramitou na Câmara até ser sancionado em 1850 como Lei nº 556, sendo conhecida como Código Comercial brasileiro (VERÇOSA, 2004). O Código Comercial brasileiro de 1850 adotava a teoria dos atos de comér- cio. Na segunda metade do século XX, tanto a jurisprudência quanto a doutrina começaram a perceber que tal teoria era insuficiente, passando a admitir a teo- ria da empresa. Tal afirmação pode ser percebida na Lei nº 8.078/90, também conhecida como Código de Defesa do Consumidor (TEIXEIRA, 2011). Com a vigência do Código Civil de 2002, a primeira parte do Código Comercial de 1850 foi revogada. A partir desse momento, o Direito Empresarial deixou de ter como fonte principal o Código Comercial, passando a ser regu- lado pelo Código Civil. AUTONOMIA, IMPORTÂNCIA E CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL Como a vigência do Código Civil levou à unificação dos diplomas obrigacionais, as obrigações, tanto civis quanto empresariais, seguem esse mesmo regime jurí- dico. O Direito Empresarial difere do Direito Civil por ser mais dinâmico em suas relações e normas. O Direito Civil é estável, enquanto o primeiro é criativo e mutante. Para se comparar com o Direito Empresarial, neste se contrata reite- radamente, enquanto no outro contrata-se poucas vezes e se pensa muito antes de realizar algo (TEIXEIRA, 2011). Esse ramo do Direito possui uma principiologia própria, sendo dinâmico e cambiante, ocupando-se de negócios de massa, diferente dos demais, que têm a peculiaridade de ser mais conservadores e estáveis nas suas relações e também quanto às mudanças, tratando de atos isolados (TEIXEIRA, 2011). Assim, o con- ceito de Direito Comercial continua como aquele que “constitui aquela parte do direito privado que tem, principalmente, por objeto regular a circulação dos bens entre aqueles que os produzem e aqueles que os consomem” (VIVANTE, 1936, p. 1). Asus Realce Asus Realce Asus Realce Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 O Direito Empresarial influencia o Direito Civil, visto que ele arrisca mais, inventando e experimentando coisas novas, que mais tarde poderão ou não ser consolidadas no âmbito civil. Rubens Requião (2008) lembra a posição de Sylvio Marcondes Machado (1956), ao dizer que as razões da retratação do renomado jurista italiano Cesare Vivante (1936) continuavam válidas, mas nem por isso excluíam a coordenação unitária de atos jurídicos concernentes ao fenômeno econômico, e que o Direito Comercial podia conviver com o Direito Civil em um código unificado. A unificação do direito das obrigações não significa a abo- lição da vida comercial, e uma unidade orgânica não conflita com a disciplina da vida mercantil (REQUIÃO, 2008). Ainda, Fábio Ulhoa Coelho (2008) pondera que a justificativa fundamental para a autonomia do Direito Empresarial se dá pela manutenção dessa disci- plina nos bancos universitários, inclusive no exterior, como no caso da Itália e da Espanha. OBJETO DO DIREITO EMPRESARIAL O objeto desse ramo do Direito é, essencialmente, regular as relações entre empre- sários e dispor sobre as regras das sociedades empresariais. Se, anteriormente, o objeto do Direito Empresarial era tido a partir da teoria dos atos de comér- cio, com a vigência do Código Civil de 2002 o objeto passa a ser mais amplo, o da teoria da empresa, abrangendo toda e qualquer atividade econômica (art. 966 do Código Civil). O Direito Empresarial, em sua evolução, chegou à atualidade como uma ala- vanca ao desenvolvimento dos negócios, em razão dos instrumentos que coloca à disposição para as operações, atendendo, assim, às necessidades dos empresá- rios com suas normas e diversos tipos de contratos (TEIXEIRA, 2011). Asus Realce DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO De acordo com o art. 966 do Código Civil de 2002, empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circu- lação de bens ou de serviços. O artigo citado é reflexo do art. 2.082 do Código Civil italiano (apud VIVANTE, 1936) que dispõe: “é empreendedorquem exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada para o fim da produção ou da troca de bens ou de serviços”. O empresário é um ativador do sistema econômico. Ele funciona como um intermediário, pois de um lado estão os que oferecem capital e/ou força de tra- balho e, de outro, os que demandam satisfazer suas necessidades (TEIXEIRA, 2011). Para melhor entender o conceito de empresário, bem como analisar os elementos que o compõem, dividiremos nosso estudo em cinco grupos: 1. O exercício de uma atividade A atividade é um conjunto de atos coordenados para alcançar um fim comum. Não é uma mera sequência de atos; é necessária a coordenação. Ela pode envol- ver atos jurídicos e atos materiais. Quando se fala em atividade, pressupõe-se uma habilidade do sujeito que a exerce ou a organiza, assumindo o seu risco eco- nômico (TEIXEIRA, 2011). 2. A natureza econômica da atividade A atividade econômica tem como finalidade o lucro. “Econômica” é uma expres- são que aqui está relacionada ao fato de a atividade apresentar “risco”. A atividade é exercida com total responsabilidade do empresário, pois há o risco de perder o capital ali empregado, justificando o proveito que ele tem em retirar o lucro decorrente da atividade (TEIXEIRA, 2011). Asus Realce Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 3. A organização da atividade A organização de uma atividade empresarial depende exclusivamente do empre- sário. Ele faz uma combinação entre os fatores de produção, que podem ser divididos em: a) natureza, onde se fala da matéria-prima; b) capital, que são os recursos utilizados; c) trabalho, que é toda a mão de obra envolvida no negócio; e d) tecnologia, que são as técnicas necessárias para o desenvolvimento da ativi- dade. A partir dessa divisão, o empregador observa as necessidades do mercado, constituindo assim sua empresa. 4. A profissionalidade do exercício de tal atividade Para que seja considerada a profissionalidade do empresário, é preciso a análise de 2 pontos: habitualidade; pessoalidade e especialidade. Devemos considerar que toda atividade empresarial é de risco e este deve ser assumido pelo empre- sário, não podendo ser repassado aos seus empregados. 5. A finalidade da produção ou circulação de bens ou de serviços O empregador pode organizar uma atividade empresarial para quatro finalidades diferentes. São elas: a) produção de bens, que seria a fabricação de mercado- rias; b) produção de serviços; c) circulação de bens, que é a aquisição deles para revendê-los ao mercado; e, por fim, d) circulação de serviços: que é a intermedia- ção entre o cliente e o fornecedor do serviço prestado pela empresa organizada. Empresário Individual Quando falamos em empresário, precisamos entender que todo empresário deve ser considerado como o gênero, onde tem-se o empresário individual e a sociedade empresária como espécies. Ao falarmos da modalidade empresário individual precisamos entender que é aquele que fez a opção de realizar a sua atividade de forma isolada, não solicitando a participação de sócios. A essa modalidade de empresário é assegurado o direito à inscrição, à recu- peração de empresas, à falência, à utilização dos seus livros como provas, assim DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 como é assegurado o direito da sociedade empresária. Contudo, ele não goza da limitação de responsabilidade e da separação patrimonial inerente às socieda- des empresárias (TEIXEIRA, 2011). Sérgio Campinho (2009) nos atenta para o fato de que o empresário indivi- dual é a pessoa física titular de uma atividade empresarial, que, por sua vez, não se confunde com o sócio da sociedade empresária. O sócio não é empresário, mas um integrante do quadro social de uma sociedade empresária. Reflita se a nossa legislação é favorável para que alguém desenvolva seu es- pírito empreendedor na sociedade a ponto de criar um produto ou serviço, por exemplo, fomentando a economia e não se tornando apenas mais um empregado dentro de uma organização empresarial. CONCEITO DE EMPRESA Com relação ao conceito de empresa, o italiano Alberto Asquini (1996) foi quem melhor escreveu sobre o conceito de empresa, sendo traduzido no Brasil por Fábio Konder Comparato. De acordo com Alberto Asquini (1996), a empresa pode ser entendida em quatro perfis, sendo os seguintes: 1. Objetivo: a empresa significa patrimônio, ou seja, o conjunto de bens destinados ao exercício da empresa. Nesse sentido, temos o art. 1.142 do Código Civil. 2. Subjetivo: a empresa significa empresário, individual ou sociedade empre- sária, que possui personalidade jurídica, com a capacidade de adquirir direito e contrair obrigações. Nesse sentido, temos o art. 966 e 981 do Código Civil. 3. Institucional: é um conjunto de pessoas em razão de um objetivo comum. 4. Funcional: a empresa é a atividade organizada, com a coordenação dos fatores de produção para alcançar sua finalidade. Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Com base no exposto, pode-se dizer que empresa significa atividade. Ela é um conjunto de atos coordenados pelo empresário com habilidade. CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO De acordo com o art. 972 do Código Civil, qualquer pessoa pode exercer a ati- vidade empresarial, desde que esteja em pleno gozo da sua capacidade civil, não sendo impedida por lei. Para que uma pessoa realize o exercício da atividade empresarial, pressupõe-se capacidade civil do sujeito que irá exercê-la. Essa capacidade ocorre quando a pessoa atinge a maioridade – completa 18 anos – e possui sanidade mental. Assim, vamos entender melhor como funciona a capa- cidade no Direito brasileiro. O Art. 1º do Código Civil (2002) prevê que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”, implicando a capacidade de ser parte. Existem duas espé- cies de capacidade. São elas: a de gozo ou de direito e a de exercício ou de fato. A primeira é a aptidão da pessoa gozar seus direitos. Ela é inerente ao ente humano e toda pessoa a possui. Enquanto a segunda é a aptidão de exercitar direitos. A capacidade no Direito Civil é dividida em: 1) absolutamente incapazes; 2) relativamente capazes e; 3) plenamente capazes ou capacidade absoluta. Os absolutamente incapazes devem ser representados por seus pais ou guardi- ões e não podem exprimir sua vontade. De acordo com o Art. 3º do Código Civil (BRASIL, 2002, on-line), até o ano de 2015 eram os absolutamente incapazes: a) Os menores de 16 anos. b) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o neces- sário discernimento para a prática desses atos. c) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. É o que ocorre com a pessoa embriagada ou com alguém en- torpecido por drogas alucinógenas. Contudo, no ano de 2015, foi sancionada a Lei nº 13.146, que trouxe modifica- ções com relação aos absolutamente incapazes. Por essa modificação, não existe mais, no Direito Privado, pessoa absolutamente incapaz que seja maior de idade. Como consequência, não há que se falar mais em uma ação de interdição absoluta Asus Realce Asus Realce Asus Realce DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 no nosso sistema civil, visto que os menores não são interditados. Todas as pes- soas com deficiência, das quais tratava o comando anterior, passam a ser, em regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua plena inclusão, em prol de sua dignidade (TARTUCE, 2015, on-line)1. Os relativamente incapazes são aqueles que devem ser assistidos por seus paisou representantes. Eles são incapazes relativamente a certos atos, ou à maneira de exer- cê-los. De acordo com o Art. 4º do Código Civil (BRASIL, 2002, on-line) são eles: a) Os maiores de 16 e menores de 18 anos. b) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. c) Os pródigos são as pessoas que gastam desordenadamente, que dis- sipam ou dilapidam seu patrimônio sem justificativa. No caso dos relativamente incapazes, a Lei nº 13.146 de 2015 também trouxe modificações. Aqui não se fala mais no inciso II, no caso dos deficientes mentais. Mantiveram-se somente os ébrios habituais e os viciados em tóxicos (TARTUCE, 2015, on-line). Por fim, os plenamente capazes ou que possuem capacidade abso- luta são os maiores de 18 anos, que ficam habilitados para a prática de todos os atos da vida civil. Emancipação O Art. 1.634, V do Código Civil (2002) dispõe que, até os 16 anos, os filhos menores devem ser representados por seus pais. A partir dos 16 anos e até os 18 anos eles são assistidos. É nessa possibilidade de assistência que se pode falar na emancipação. A emancipação é a cessação, para os maiores de 16 e menores de 18 anos, de sua incapacidade, antes da idade prevista em lei – diga-se 18 anos – nos seguin- tes casos, de acordo com o Art. 5º do Código Civil (BRASIL, 2002, on-line): a) Por concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos comple- tos. Não pode ser feita por instrumento particular. Asus Realce Asus Realce Asus Realce Asus Realce Asus Realce Asus Realce Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 b) Pelo exercício do emprego público efetivo. c) Pela colação de grau em curso de ensino superior. d) Pelo casamento. e) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos comple- tos tenha economia própria. Uma vez que o sujeito é emancipado, esta não poderá ser revogada. Ainda que tivemos a mudança dos sujeitos que são considerados absolutamente ou relati- vamente incapazes, não se fala em modificação da emancipação. O que se pode observar é que existem casos em que esse instituto não é mais utilizado, pois caiu em desuso. Impedimentos e incapacidade Existem alguns casos em que uma pessoa pode ser plenamente capaz civilmente, mas não podendo exercer a atividade empresarial caso esteja impedida por lei. Tal fato acontece por ser uma proibição legal, entre esses impedimentos podem ser citados: falido não reabilitado, funcionário público, militar, devedor do INSS, estrangeiro e incapacidade superveniente (LOPES, 2018). Os impedimentos e a incapacidade do sujeito impedem que ele tenha uma empresa, de acordo com o que estudamos e com a legislação vigente. Para saber mais sobre os impedimentos e a incapacidade leia o texto de Vanessa Diniz Mendonça Miranda, intitulado O exercício da atividade empresarial pelo incapaz nos termos no Código Civil de 2002, disponível em <http:// www.fest.edu.br/data/fckfiles/file/nepe/2009_2fest_revistatransversalida- des_issn.pdf#page=121>. Fonte: a autora. Asus Realce Asus Realce DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Estabelecimento De acordo com o art. 1.142 do Código Civil, o estabelecimento é o conjunto de bens organizado pelo empresário para o exercício da empresa. A primeira vez que se falou em estabelecimento foi com Oscar Barreto Filho (1969, p. 73), que o define como um “conjunto de meios materiais e imateriais, pelos quais o comer- ciante explora determinada espécie de comércio”. Os bens materiais/corpóreos são aqueles que se caracterizam por ocupar espaço no mundo exterior, como no caso de mercadorias, instalações, máqui- nas. Por outro lado, os bens imateriais/incorpóreos são as coisas que não ocupam lugar no mundo exterior, sendo um resultado da elaboração abstrata humana, como os títulos dos estabelecimentos, as marcas, as patentes, os desenhos indus- triais entre outros (TEIXEIRA, 2011). O estabelecimento é o instrumento para o empresário exercer sua atividade; é uma base física da empresa, podendo ser virtual também. Normalmente, os clientes se dirigem para o estabelecimento do empresário para a realização de negócios (TEIXEIRA, 2011). Nome empresarial Nome empresarial é aquele que vai identificar o empresário. A denominação, bem como a razão social, podem ser usadas tanto na sociedade limitada como na sociedade em comandita por ações. No caso da sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada, operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão “e companhia” ou sua abreviatura. Com relação ao nome empresarial, este não pode ser objeto de alienação. O que pode ser feito é que o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, se o contrato permitir, pode usar o nome do alienante, precedido de seu próprio, com a qualificação de sucessor (MARTINS, 2013). No caso de o sócio falecer, for excluído ou ainda se retirar da sociedade, o nome não poderá ser conservado na firma social. Segundo Sérgio Pinto Martins (2013), a inscrição do nome empresarial poderá ser cancelada, a requerimento Asus Realce Asus Realce Sociedades Comerciais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi ado- tado, ou quando ocorrer a liquidação da sociedade que o inscreveu. SOCIEDADES COMERCIAIS Dispõe o art. 981 do Código Civil (2002) que podem celebrar contrato de sociedade as pessoas que recipro- camente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. A sociedade é con- siderada empresária quando tem por objeto o exercício de atividade pró- pria de empresário sujeito a registro. Ela visa à produção ou circulação de bens ou serviços para o mercado com o objetivo de lucro. Exemplos dessa forma de sociedade são: anônima, coman- dita por ações, em nome coletivo, limitada, em comandita simples. Todas devem ser registradas na Junta Comercial, de acordo com o art. 1.150 do Código Civil. As sociedades simples são as demais, como a cooperativa. Ela não tem por objetivo a produção ou a circulação de bens ou serviços para o mercado (MARTINS, 2013). Sociedade não Personificada Nesta classificação, temos a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação. DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 1. Sociedade em comum Esse modelo societário é a sociedade em formação ou organização. Quando se fala nesse modelo, os sócios só podem provar a existência da sociedade por escrito e os terceiros podem provar a existência dela de qualquer forma. Os bens e as dívidas sociais constituem um patrimônio especial, sendo os sócios os titu- lares em comum (LOPES, 2018). Nesse caso, os bens da sociedade responderão pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que só terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer (MARTINS, 2013). Os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. 2. Sociedade em conta de participação Nesta classificação, é aberta uma conta para indicar as operações realizadas bem como os resultados alcançados. A participação será a divisão dos lucros entre os sócios. Ela não é uma pessoa jurídica, não tem personalidadejurídica, mas representa um contrato entre os sócios (MARTINS, 2013). O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica a ela. Nesse caso, pode-se dizer que a inscrição é uma faculdade e não uma obriga- ção (LOPES, 2018). SOCIEDADE PERSONIFICADA Nessa classificação, veremos EIRELI, MEI, sociedade simples, em nome cole- tivo, em comandita simples, limitada e sociedade anônima. 1. EIRELI É a empresa individual limitada, que permite a constituição da empresa com apenas um sócio, que será o próprio empresário. Essa modalidade empresa- rial já existia, sofrendo uma alteração em 2011, com a intenção de acabar com a Sociedades Comerciais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 figura do sócio “fictício”, que é uma prática comum nas empresas que são regis- tradas como limitada, visto que antes poderiam ser constituídas por, no mínimo, duas pessoas. Essa modalidade permite a separação entre o patrimônio empresarial e o privado, em que, caso a empresa contraia dívidas, apenas o seu patrimônio será utilizado para quitá-las. O que precisa ser observado aqui é que deve ter um capi- tal mínimo de 100 vezes o valor do salário-mínimo no momento do registro da empresa (SEBRAE, 2018, on-line)2. 2. MEI É o microempreendedor individual, ou seja, aquele empreendedor que tem um baixo faturamento, sendo este limitado de acordo com a lei. Há uma margem de tolerância junto a Receita Federal que é de 20% do valor total do fatura- mento anual. Para ser caracterizado como MEI, não pode fazer parte de outra empresa como sócio, administrador ou titular de outra empresa (PORTAL DO EMPREENDEDOR, 2018, on-line)3. 3. Sociedade simples É uma sociedade de profissão devidamente regulamentada, como a sociedade de advogados, por exemplo. Ela deve ser registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, de acordo com os artigos 998, 1000 e 1150 do Código Civil. A constituição de tal sociedade é feita mediante um contrato escrito, seja ele público ou particular. As obrigações dos sócios, neste modelo societário, come- çam imediatamente com o contrato, se este não fixar uma data diferente, e se extinguirá com a liquidação da sociedade (MARTINS, 2013). Os sócios não podem ser substituídos sem o consentimento dos demais. Eles também participam tanto dos lucros quanto das perdas da empresa, de acordo com a proporção das respectivas quotas. Asus Realce Asus Realce Asus Realce DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 4. Sociedade em nome coletivo Tem previsão nos arts. 1.039 a 1.044 do Código Civil. Somente pessoas físicas podem fazer parte desse modelo societário. Todos os sócios responderão de forma solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. A admi- nistração da sociedade será exclusivamente dos sócios, sendo que o uso da firma poderá ser feito nos limites dos que tenham os necessários poderes (MARTINS, 2013). 5. Sociedade em comandita simples Há os sócios comanditados e comanditários. Os primeiros são pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Os segundos, porém, obrigam-se apenas pelo valor de sua quota (TEIXEIRA, 2011). Assim, quando for detectada qualquer compatibilidade, deverão ser aplicadas às nor- mas da sociedade em nome coletivo. O sócio comanditário poderá participar de deliberações da sociedade e fiscalização das operações, não podendo realizar atos de gestão, nem podendo ter o seu nome na firma social, sob pena de ficar sujeito a responsabilidade solidária e ilimitada (TEIXEIRA, 2011). 6. Sociedade limitada Nessa modalidade, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social (art. 1.052 do CC). Com a integralização do capital, o sócio passa a ter respon- sabilidade limitada a cada quota. A responsabilidade solidária diz respeito ao capital faltante e não a todo o capital, visto que o art. 1.052 do CC faz referência à solidariedade pela integra- lização do capital social. Este divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. Ela é administrada por uma ou mais pessoas desig- nadas no contrato social ou em ato separado. A administração pode ser feita por qualquer sócio ou por não sócio, dependendo de determinação no contrato social. Asus Realce Asus Realce Asus Realce Asus Realce Asus Realce Asus Realce Títulos de Crédito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 TÍTULOS DE CRÉDITO Quando falamos em título de cré- dito podemos defini-lo como um documento pelo qual se faz neces- sário para que o exercício do direito seja realizado de forma literal e autô- noma. Por considerar que o título é um documento, a ele sempre será reportado um fato, ou seja, que existe uma relação jurídica constituída e que o originou. Tal documento se distingue dos demais em três aspectos. São eles: 1º) refere-se unicamente a rela- ções creditícias, não se documentando no título nenhum outro tipo de obrigação; 2º) facilidade de cobrança do crédito em juízo. Ele é considerado um título exe- cutivo extrajudicial, de acordo com o art. 585, I do Código de Processo Civil. Ou seja, ele possui executividade, dando ao credor o direito de promover a exe- cução judicial do seu direito; 3º) ostenta o atributo da negociabilidade, estando sujeito a certa disciplina jurídica, tornando cada vez mais fácil a circulação do crédito, a negociação do direito nele mencionado (COELHO, 2013). PRINCÍPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO Estudaremos, aqui, três princípios do direito cambiário: cartularidade, literali- dade e autonomia das obrigações cambiais. ■ Princípio da Cartularidade O exercício dos direitos representados por um título de crédito pressupõe a sua posse. Ou seja, somente quem exibe a cártula (papel) pode pretender a satisfação de uma pretensão relativamente ao direito documentado pelo título (COELHO, 2013). Asus Realce DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Tal princípio é a garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo seu titular. Ele evita o enriquecimento indevido de quem o negociou com terceiros. Ainda, em virtude do citado princípio, quem paga o título deve, como forma de cautela, exigir que ele lhe seja entregue. Isso para evitar que a cambial seja ainda negociada com terceiros de boa-fé, que terão direito de exigir um novo pagamento e para que o pagador possa exercer, contra outros devedo- res, o direito de regresso (LOPES, 2018). ■ Princípio da Literalidade Pelo princípio da literalidade, somente produzirão efeitos jurídico-cambiais os atos que forem lançados no próprio título de crédito. Caso um ato seja documentado em instrumento apartado, ou seja, quando for feito sepa- radamente do contrato principal, ainda que válidos e eficazes entre os sujeitos envolvidos, não produzirão efeitos perante o portador do título (COELHO, 2013, p. 122). Um exemplo disso é quando se faz a quitação em recibo separado. Quem paga parcialmente um título deve pedir a quitação na própria cártula, não podendo se exonerar de pagar o valor total, caso ela seja transferida a terceiro de boa-fé. Isso por que o princípio da literalidade projeta consequências favoráveis e contrá- rias, tanto para credor como para devedor. Por um lado, nenhum cre- dor pode pleitear mais direitos do que os resultantes exclusivamente do conteúdo do título de crédito. (COELHO, 2013, p. 122) Isso ocorre para que o devedor não seja obrigado a pagar mais do que está no documento. “De outro lado, o titular do crédito pode exigirtodas as obrigações de- correntes das assinaturas constantes, o que representa para os obriga- dos o dever de satisfazer exatamente o que está no título” (COELHO, 2013, p. 122-123). Títulos de Crédito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 ■ Princípio da Autonomia das Obrigações Cambiais Pode ser que um mesmo título documente mais de uma obrigação. Se, porven- tura, uma delas for considerada inválida, não prejudicará as demais. Imagine a situação hipotética a seguir: Marcos de Oliveira vendeu seu veículo usado para Antonio Caetano, concordando que receberia metade do preço no prazo de 60 dias. Neste caso, a nota representa a obrigação do comprador, na compra e venda do veículo. Marcos é devedor de Camilo Santos, em importância próxima ao valor facial da nota promissória. Caso Camilo Santos concorde, o débito de Marcos de Oliveira poderá ser satisfeito com a transferência do crédito que titu- lariza em razão da nota. Neste caso, o título que representava apenas a obrigação de Antônio Caetano pagar a Marcos de Oliveira o saldo devedor do valor do automóvel, representa agora duas outras relações jurídicas. As implicações do princípio da autono- mia representam uma garantia efetiva de circularidade do título de crédito. Dessa forma, o terceiro descontador não precisa investigar as condições em que o crédito transacionado teve origem, visto que, ainda que haja irregularidade, invalidade ou ineficácia na relação fundamental, ele não terá o seu direito macu- lado (COELHO, 2013). ENDOSSO O endosso é uma das formas de transmissão da propriedade dos títulos de cré- dito. Ele não tem por objetivo a garantia do título, somente a possibilidade de sua transferência (LOPES, 2018). O endosso pode ser feito em branco ou em preto. O primeiro é chamado também de incompleto, sendo feito somente pela aposição da assinatura, sem identificar o destinatário (LOPES, 2018). Por outro lado, o segundo, chamado também de completo, envolve a aposição da assinatura e mais a indicação do nome do beneficiário (MARTINS, 2013). A transferência só se completa com a tradição do título. O endossatário do endosso em branco pode mudá-lo, comple- tando-o com o seu nome ou de um terceiro. Poderá endossar novamente o título, em branco ou em preto, ou pode transferi-lo sem um novo endosso (COELHO, DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 2013). Uma vez que a responsabilidade é assumida pelo pagamento constante no endosso, o endossante torna-se devedor solidário. Caso o endossante pague o título, tem direito à ação de regresso contra os coobrigados anteriores. AVAL O avalista se obriga pelo avalizado, comprometendo-se à satisfação da obriga- ção, caso o devedor principal não a pague. Deve-se distinguir o aval da fiança. Nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2013, p. 366), a fiança precisa ser feita por escrito, enquanto o aval não necessita dessa formalidade. Na fiança, a responsabilidade é subsidiária, enquanto no aval é solidária. A fiança é dada para a garantia de contratos. O aval é prestado para a garantia de títulos de crédito. O aval só pode ser dado no próprio título. A fiança pode ser dada em documento em separado. Dessa forma, pode-se analisar que o aval é uma garantia com relação à pessoa do devedor, enquanto a fiança é uma garantia relacionada ao contrato realizado. O aval é feito no verso ou anverso do próprio título. Para a sua validade, quando for feito no anverso do título, é a simples assinatura do avalista. ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO A partir de agora, iremos estudar um pouco sobre os títulos de crédito. Iremos falar sobre a letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata. ■ Letra de Câmbio A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, sendo sacada por um credor con- tra o seu devedor, favorável a alguém. Este pode ser um terceiro ou o próprio sacador (COELHO, 2013). O saque é a emissão do título e quem o faz é o saca- dor, enquanto o sacado é o devedor contra quem foi emitida a letra de câmbio. Asus Realce Asus Realce Títulos de Crédito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Ele tem 24 horas para aceitar ou não o título (MARTINS, 2013). O endossante é o proprietário do título, que o transfere para outrem conhecido como endossatário. Figura 1 - Letra de Câmbio Fonte: adaptada de Sieiro (2013, on-line)4. ■ Nota Promissória A nota promissória é uma promessa de que, na data estipulada, será realizado o seu pagamento. Nota-se, assim, que, diferentemente do título visto anterior- mente, aqui tem-se uma promessa de pagamento e não uma ordem (MARTINS, 2013). A nota promissória será paga de acordo com o que for acordado entre as partes. Ela ainda é muito praticada em nossa sociedade, principalmente no caso das pessoas que vendem a domicílio. É importante que as pessoas tomem cui- dado ao anotar todos os dados do devedor para garantir a possibilidade do seu pagamento, caso não seja cumprida na data acordada. DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Figura 2 - Nota promissória Fonte: Cobrar Simples (2015, on-line)5. ■ Cheque O cheque é uma ordem de pagamento à vista sacada por uma pessoa contra um banco. É chamada de emissor ou emitente a pessoa que assina o cheque e determina a ordem de pagamento. Por sua vez, o beneficiário ou portador é a pessoa destinatá- ria da ordem de pagamento (MARTINS, 2013; COELHO, 2013; TEIXEIRA, 2011). Essa modalidade de título de crédito, diferentemente do que muitas pessoas acreditam, em lei, nada prevê a modalidade à prazo. Contudo, o cheque pré- -datado (nome dado pela prática comercial), ou ainda à prazo ou pós-datado, é aceito pelo comércio, possibilitando assim a circulação de mercadorias, fazendo que exista uma movimentação no comércio e um consumo dos produtos e bens produzidos (LOPES, 2018). Além disso, caso o cheque pré-datado seja apresentado antes da data acor- dada, o emissor terá direito a uma indenização por danos morais, visto que há uma quebra de acordo verbal realizado entre as partes (LOPES, 2018). Quando se fala em cheque cruzado é aquele que contém duas linhas parale- las em seu anverso. Tal cruzamento indica que ele só poderá ser pago pelo banco, devendo ser depositado. Caso o título tenha o nome do referido banco, só este paga o cheque (MARTINS, 2013). Títulos de Crédito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 O cheque, quando for da mesma praça, deve ser apresentado ao sacado no prazo de 30 dias, ou 60 dias, quando for de outra praça. A não apresentação do cheque importará em decadência da ação de execução contra os endossantes e seus avalistas. Figura 3 - Cheque Fonte: adaptada de Direitos Brasil ([2018], on-line)6. ■ Duplicata A duplicata é um título que decorre da venda e compra mercantil ou da presta- ção de serviços. Ao se emitir a fatura de venda, o comerciante saca uma duplicata para a circulação como todo título de crédito (LOPES, 2018). Ela é emitida para ser o pagamento feito em um momento posterior (MARTINS, 2013; COELHO, 2013; TEIXEIRA, 2011). Só se pode recusar a duplicata em casos de avaria, não recebimento de mercadorias, vícios redibitórios e divergência quanto aos pra- zos e preços. Quando se fala em duplicata esta deve ser apresentada ao devedor no prazo de 30 dias de sua emissão para aceite, que deve ser feito em 10 dias. DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 DIREITO FALIMENTAR O direito falimentar tem previsão na Lei nº 11.101/2005, que regulamentaa recuperação extrajudicial, recuperação judicial e a falência. Tanto a falência quanto a recuperação judicial não se aplicam a: a) empresa pública e socie- dade de economia mista; b) instituição financeira pública ou privada, coopera- tiva de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL A recuperação extrajudicial é aquela em que o devedor propõe e negocia com seus credores um plano de recuperação da empresa (TEIXEIRA, 2011). No entanto, nesta modalidade, não serão incluídos os créditos de natureza tributá- ria, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente do trabalho (MARTINS, 2013). Pode-se concluir que o plano de recuperação extrajudicial não contempla o pagamento antecipado das dívidas existentes, nem mesmo o tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. RECUPERAÇÃO JUDICIAL Essa modalidade tem como objetivo a viabilização da superação de uma situação de crise econômico-financeira do devedor, buscando permitir que a fonte produtora do emprego dos trabalhadores continue suas atividades, sendo também de interesse dos credores, uma vez que assim preservam-se a empresa, sua função social e o estí- mulo à atividade econômica (MARTINS, 2013; COELHO, 2013; TEIXEIRA, 2011). Asus Realce Direito Falimentar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 A recuperação judicial pode ser requerida pelo devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de dois anos, atendendo aos seguintes requisitos: 1- não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 2- não ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de recuperação judicial; 3- não ter, há menos de oito anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial; 4- não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na lei de falências. Ela também pode ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente (LOPES, 2018). Podem ser objetos da recuperação todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos (LOPES, 2018). As obrigações anteriores à recu- peração judicial devem observar as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial (MARTINS, 2013). FALÊNCIA A falência é um processo de execução coletiva contra o devedor insolvente (ALMEIDA, 2007). Considera-se falida a empresa ou empresário que, sem rele- vante razão de direito, não paga no vencimento a obrigação líquida constante de título que legitime a ação executiva (TEIXEIRA, 2011). Em verdade, a caracteriza- ção da falência acontece pela impontualidade no cumprimento de suas obrigações. De acordo com a Lei Falimentar (Lei n° 11.101/2005) em seu artigo 94, ela pode ser decretada nas seguintes situações: 1) sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos na data do pedido de falência; 2) executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo le- gal; 3) pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: a) faz a liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de Asus Realce Asus Realce Asus Realce Asus Realce DIREITO EMPRESARIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alie- nação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consenti- mento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para preju- dicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausentar-se sem deixar representante habi- litado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona o estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, uma obrigação assumida no plano de recuperação judi- cial (BRASIL, Lei n° 11.101, 2005). Nota-se, assim, que a falência ocorre quando a empresa não tem mais possibili- dade de continuar exercendo suas atividades, impossibilitando seu funcionamento, bem como a continuação da atividade escolhida pelo empresário. Uma vez decretada a falência, quando houver necessidade, poderá ser decretada a des- personificação da pessoa jurídica criada para a existência da sociedade, a fim de se atingir o patrimônio dos sócios, possibilitando assim o pagamento das dívi- das não cumpridas. Por fim, nesse caso, sempre deverá ser dada a preferência para o pagamento de dívidas trabalhistas, depois de acidentes de trabalho, dívi- das tributárias e, por último, dos demais credores (LOPES, 2018). Direito Empresarial: estuda o funcionamento da organização empresarial. Benefícios com a inscrição da empresa na Junta Comercial ou cartório competente: personificação da pessoa jurídica e separação do patrimônio pessoa física e pessoa jurídica. Com relação a responsabilidade e ao direito falimentar, competirá ao modelo societário analisado. Títulos de crédito: Nota promissória; Cheque; Letra de câmbio; Duplicata mercantil. Direito falimentar: Recuperação extrajudicial; Recuperação judicial; Falência. Fonte: a autora. QUADRO RESUMO Asus Realce Asus Realce 37 1. O desenvolvimento do direito empresarial tem forte ligação com o contexto histórico de nosso país. Pautando-se no conteúdo estudado sobre o desenvol- vimento do Direito Empresarial no Brasil, analise as assertivas: I. Com a Proclamação da Independência, foi convocada a Assembleia Legisla- tiva de 1823, ficando determinada a vigência, no Brasil, das leis portuguesas, com a possibilidade de invocar as leis mercantis. II. O Código Comercial brasileiro de 1850 adotava a teoria dos atos de comércio. III. Com a vigência do Código Civil de 2002, a primeira parte do Código Comer- cial de 1850 foi revogada. IV. O código comercial brasileiro tinha suas próprias características sem a adap- tação das leis portuguesas, visto que Família Real Portuguesa queria leis ex- clusivas para a nova terra. É correto afirmar o que se encontra em: a) Apenas I, II e III. b) Apenas II, III e IV. c) Apenas I e III. d) Apenas II e IV. e) I, II, III e IV. 2. O nome empresarial tem como função identificar o empresário. Considera-se a firma ou denominação adotada para o exercício da empresa. Por outro lado, a firma ou razão social é destinada às sociedades em nome coletivo e em co- mandita simples. De acordo com o que foi estudado sobre o nome empresarial, considere V para assertiva verdadeira e F para assertiva falsa. I. A denominação bem como a razão social não podem ser usadas tanto na sociedade limitada como na sociedade em comandita por ações. II. No caso da sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada, operará, sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar aonome de um deles a expressão “e compa- nhia” ou sua abreviatura. III. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. IV. No caso do sócio falecer, for excluído ou ainda se retirar da sociedade, o nome não poderá ser conservado na firma social. 38 É correto o que se encontra em: a) F,V,V,V. b) V,V,V,V. c) F,V,F,V. d) V,F,V,F. e) F,V,V,F. 3. O título de crédito é um documento necessário para o exercício do direito, li- teral e autônomo. Por ser considerado um documento, ele reporta a um fato, ou seja, prova a existência de uma relação jurídica: ele prova que certa pessoa é credora de outra; ou que duas ou mais pessoas são credoras de outras. Sobre os títulos de crédito e seus princípios, analise as assertivas que seguem: I. Os títulos de crédito se distinguem dos demais em alguns aspectos, sendo que um deles é a facilidade de cobrança do crédito em juízo, pois ele é con- siderado um título executivo extrajudicial. II. O princípio da cartularidade é a garantia de que o sujeito que postula a sa- tisfação do direito é mesmo seu titular. Ele evita o enriquecimento indevido de quem o negociou com terceiros. III. O princípio da literalidade representa uma garantia efetiva de circularidade do título de crédito. IV. O princípio da autonomia das obrigações cambiais projeta consequências favoráveis e contrárias tanto para credor como para devedor. É correto o que se encontra em: a) Apenas a I e II. b) Apenas a II e III. c) Apenas a I, II e IV. d) Apenas a I, III e IV. e) Apenas a II, III e IV. 39 4. A Lei nº 11.101/2005 prevê a possibilidade de o empresário renegociar seus débitos mediante os institutos da recuperação judicial e da recuperação extra- judicial. De acordo com as semelhanças e diferenças entre as formas de recu- peração, assinale a alternativa correta. a) Diferentemente do previsto para a recuperação judicial, a recuperação ex- trajudicial limita-se ao procedimento negocial entre o devedor e os respecti- vos credores, excluída a participação do Poder Judiciário, em qualquer uma de suas fases. b) Ambos os procedimentos envolvem a negociação de todos os créditos opo- níveis ao devedor, sendo a recuperação extrajudicial reservada apenas às microempresas e empresas de pequeno porte. c) Ambos os procedimentos exigem que o devedor apresente plano de recu- peração, o qual somente vinculará os envolvidos se devidamente aprovado em assembleia geral de credores. d) Diferentemente do previsto para a recuperação extrajudicial, o pedido de recuperação judicial poderá acarretar a suspensão de ações e execuções contra o devedor antes que o plano de recuperação do empresário seja apresentado aos credores. e) Na verdade, o direito falimentar regulamenta somente a falência que ocorre em empresas públicas e regidas pelo próprio Estado. 5. Empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica orga- nizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Esse empresário é um ativador do sistema econômico. Ele funciona como um intermediário, pois de um lado estão os que oferecem capital e/ou força de trabalho e, de outro, os que demandam satisfazer suas necessidades. Com relação aos elementos que compõem o conceito de empresário, analise as assertivas que seguem: I. O exercício de uma atividade é um conjunto de atos não coordenados para alcançar um fim esperado, sendo uma mera sequência de atos. II. A organização da atividade é do empresário. Ele combina fatores de produ- ção, que são: natureza, capital, trabalho e tecnologia. III. A profissionalidade do exercício do empresário pressupõe habitualidade, pessoalidade e especialidade. Toda atividade é de risco. IV. A finalidade da produção ou circulação de bens ou de serviços é o lucro. 40 É correto o que se afirma em: a) Somente a assertiva I está correta. b) Somente as assertivas I e III estão corretas. c) Somente as assertivas III e IV estão corretas. d) Somente as assertivas II e III estão corretas. e) Todas as assertivas estão corretas. 41 DIREITO FALIMENTAR BRASILEIRO Celso Marcelo de Oliveira INSTITUTO FALIMENTAR BRASILEIRO No ano de 1603, surgiram as Ordenações Filipinas, que abrangiam a Espanha e Portu- gal, submetido ao Reino de Castela, e que tiveram maior influência no Brasil, devido o florescimento da Colônia e de suas atividades mercantis. Nessa fase, sendo o devedor condenado por sentença que transitasse em julgado, era, automaticamente, executado e penhorados os seus bens. Caso não achassem os bens, ele seria recolhido a cárcere privado, até que pagasse, cabendo ao devedor optar por fazer a cessão de seus bens, sendo assim, seria libertado. Amador Paes de Almeida, escreveu que eram impostas ao devedor culposo penas que variavam do degredo até a pena de morte, mas para os credores que não agiram com culpa, era dado tratamento diferente. Em suas palavras: "E os que caírem em pobreza sem culpa sua, por receberem grandes perdas no mar, ou na terra em seus tratos e comércios lícitos, não constando de algum dolo, ou malícia, não incorrerão em pena alguma crime. E neste caso serão os autos remetidos ao Prior Cônsu- les do Consulado, que os procurarão consertar e compor com seus credores, conforme a seu regimento". A lei de falências recebida de Portugal só passou a vigorar no Brasil após a Proclamação da República, conforme imposto pela Lei de 30 de outubro de 1823, através de notó- ria observância do Alvará expedido em 18 de agosto de 1769, o qual aplicava a lei das nações civilizadas, como também do Código Napoleônico de 1807. No ano de 1850, período designado imperial, foi promulgado o Código Comercial. Dedicou a sua terceira parte às “quebras”, inaugurando assim, a primeira fase histórica desse instituto do di- reito brasileiro e que se estenderia até o advento do regime republicano. José Cândido Sampaio de Lacerda descreveu sobre essa época, destacando os principais aspectos: Em 1850, promulgado o Código Comercial, dedicou ele a sua terceira parte à falência, intitu- lando-a “Das Quebras”, tendo o Decreto nº 738, de 1850, estabelecido o processo para as falências (arts. 102 a 187). Com a publicação do Código Comercial de 1 850 inaugura-se a primeira fase histórica do instituto do direito brasileiro, fase essa que se estenderia até o advento do regime republicano. Nesse período, o que caracteriza a falência é a cessação de pagamentos (art. 797). Alegava-se, contra o sistema do Código Comercial, ser lento, complicado, dispendioso, prejudicando, há um tempo, credores e devedor; além disso, dava maior importância à apuração da responsabilidade comercial da falência, pois só com a ultimação do processo da quebra e qualificação da falência é que iniciava a liqui- dação da massa. Por outro lado à aceitação da concordata dependendo da maioria de credores em número e que representassem pelo menos dois terços dos créditos sujeitos aos efeitos da concordata (art. 847, 3ª al.) constituía obstáculos à obtenção desse favor. 42 O período republicano teve seu início marcado pela proclamação da República. Com esse advento, surgiu à preocupação moralizante com o governo que se instalara, a ree- laboração da legislação sobre a falência. Sendo assim, o Governo Provisório optou por revogar, inteiramente, as disposições sobre falências do Código Comercial pelo Decreto nº 917 de 24 de outubro de 1890. Essa nova lei trouxe as esperanças de conter a fraude, sendo considerada um marco para o andamento em matéria de falência, caracterizan- do-se pelo estado de falência por atos ou fatos previstos na lei e na impontualidade do pagamento da obrigação mercantil líquida e certa, tendo instituído como meios pre- ventivos à moratória, a cessão de bens, o acordo extrajudicial e a concordata preventiva. Mas, mesmo fazendo algumas mudanças importantes para o sistema, esse decreto não foi isento de críticas, sendo reformado pela Lei nº 859 de 16.8.1902, regulamentada pelo Decreto nº 4.855 de 2.6.1903. Promulgou-se, então, a Lei 2.024 de 17.12.1908.Essa nova lei baseou-se no projeto do comercialista J. X. Carvalho de Mendonça, apresentando suas características, conforme relata Nelson Abrão: Apresentou como características es- senciais: a impontualidade como caracterizadora da falência; a enumeração das obriga- ções cujo inadimplemento denota a falência; alinhou os chamados atos falimentares, a exemplo do Direito Inglês; suprimiu a concordata amigável, admitida só a judicial; con- ceituou os crimes falimentares e estabeleceu que o procedimento penal correria em au- tos apartados e, a partir do recebimento da denúncia (àquela época pronúncia) perante o juiz criminal; determinou a escolha de um até três síndicos, conforme o valor da massa, entre os maiores credores. Em 21 de outubro de 1943, novo anteprojeto é apresentado, agora elaborado por uma comissão composta pelo Ministro da Justiça Alexandre Marcondes Filho, e este se trans- formou na lei vigente, isto é, no Decreto-Lei nº 7.661 de 21.6.1945. Esse novo decreto teve como novidade a extinção da figura do liquidatário e, também, o fato de que, a concessão da concordata preventiva não ficava mais à mercê dos credores. Instaurou-se, também, a marcha paralela do processo falimentar com o processo criminal. Nas hipóteses de crime falimentar, trazia, no entanto, um tratamento severo ou tolerante ao falido, na esfera civil. O Decreto-Lei nº 7661 sofreu, posteriormente, muitas alterações, principalmente no que concerne às concordatas e à classificação dos créditos e recursos cabíveis. Com o tempo, verificou-se que a moratória e a concordata preventiva da falência, na for- ma de acordo entre devedor e seus credores, não atendiam às necessidades do devedor, cumprindo, então, mudar, de novo, o sistema, para tornar, independente da vontade dos credores, obrigatória a dilação dos prazos de pagamento das dívidas do devedor e até mesmo a remissão parcial, o que veio a ocorrer com a concordata preventiva da fa- lência imposta pelo juiz, pelo simples fato de o devedor preencher determinados requi- sitos expressamente previstos em lei. Neste momento, passa, então, a ser a concordata preventiva da falência deferida em benefício do devedor, com efeitos reflexos sobre os direitos do credor. Fonte: Oliveira (2005, on-line)7. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Curso de Direito Comercial, v. 2 Autor: Fábio Ulhoa Coelho Editora: Saraiva Sinopse: a economia globalizada e a inserção do Brasil nesse cenário reclamam novas lições sobre o direito empresarial. Como as mudanças são tantas, apenas o sólido conhecimento das bases teóricas da disciplina, reexaminadas à luz dos problemas atuais, capacita o estudante e o profi ssional da área a enfrentá-las. Os volumes deste Curso trazem destacadas, ao longo do texto, sínteses da matéria em desenvolvimento, com conceitos, anotações relevantes, súmulas de jurisprudência ou dispositivos de lei. Trata-se dos subtextos, que podem servir tanto de introdução como de reforço e recapitulação dos assuntos abordados. Para saber mais sobre o direito falimentar, leia o texto “Noções à respeito da Falência”, de André Abatayguara Trindade, disponível em: <http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=10580 >. REFERÊNCIASREFERÊNCIAS ALMEIDA, A. P. de. Curso de falência e concordata. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. ASQUINI, A. Perfis da empresa. Profili dell’impresa. Rivista del Diritto Commerciale, 1943, v. 41, I. Tradução de Fábio Konder Comparato. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, São Paulo, RT, n. 104, p. 109 e ss., out./dez. 1996. BARRETO FILHO, O. Teoria do estabelecimento comercial. São Paulo: Max Limo- nad, 1969. BRASIL. Código Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ l10406.htm>. Acesso em: 22 out. 2018. ______. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Disponível em: <hhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm>. Acesso em: 10 mar. 2017. ______. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 10 mar. 2017. CAMPINHO, S. O direito de empresa à luz do novo Código Civil. 10. ed. São Paulo: Renovar, 2009. COELHO, F. U. Curso de direito comercial: direito de empresa. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. LOPES, M. H. Legislação Empresarial. Unicesumar: Maringá, 2018. MARTINS, S. P. Instituições de direito público e privado. São Paulo: Atlas, 2013. REQUIÃO, R. Curso de direito comercial. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2008. TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado. São Paulo: Saraiva, 2011. VERÇOSA, H. M. D. Curso de Direito Comercial. v. 1. São Paulo: Malheiros, 2004. VIVANTE, C. Elementi di diritto commerciale. Milano: Ulrico Hoepli. 1936. REFERÊNCIAS 45 REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: <http://www.migalhas.com.br/FamiliaeSucessoes/104,MI224217,21048-Alte- racoes+do+Codigo+Civil+pela+lei+131462015+Estatuto+da+Pessoa+com>. Aces- so em: 03 out. 2018. 2 Em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-o-que-e-u- ma-eireli,4fe2be300704e410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 02 out. 2018. 3 Em: <https://portaldoempreendedor.me/?gclid=Cj0KCQjwv-DaBRCcARIsAI9sba- 9Cok175TR5uZ0B2q_htqlOZmPmkYNemM4I2vEq9dzBNUG_gBPOj3caAgU7EALw_ wcB >. Acesso em: 03 out. 2018. 4 Em: <http://srtasieiro.blogspot.com/2013/09/letra-de-cambio.html>. Acesso em: 03 out. 2018. 5 Em: <https://cobrarsimples.jusbrasil.com.br/artigos/305950452/requisitos-essen- ciais-da-nota-promissoria>. Acesso em: 03 out. 2018. 6 Em: <https://direitosbrasil.com/como-preencher-um-cheque-corretamente/>. Acesso em: 03 out. 2018. 7 Em:<http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI7991,91041-Direito+Falimentar+ Brasileiro>. Acesso em: 03 out. 2018. GABARITOGABARITO 1. A. 2. A. 3. A. 4. D. 5. D. U N ID A D E II Professora Me. Mariane Helena Lopes DIREITO TRIBUTÁRIO Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender o Direito Tributário. ■ Demonstrar a diferença entre tributo e suas modalidades. ■ Analisar de que forma funciona o Direito Tributário. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Conceito e denominação ■ Tributo ■ Limitações constitucionais ao poder de tributar ■ Exclusão do crédito tributário Asus Realce Asus Realce Asus Realce Asus Realce Conceito e Denominação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 CONCEITO E DENOMINAÇÃO O Direito Tributário, nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2012, p. 11), pode ser definido como “o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regem o poder fiscal do Estado e suas relações”. Para tal ramo do Direito, podemos citar inúmeras denominações, tais como: Direito Financeiro, Direito Fiscal, Direito Tributário e Direito do Imposto (MARTINS, 2013). Em verdade, a melhor denominação é Direito Tributário, pois ele diz respeito ao gênero tributo. PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS Com relação ao Direito Tributário, os princípios aos quais devemos dar impor- tância e estudar são: da legalidade, da anterioridade da lei, da igualdade tributária, da vedação do confisco e, por fim, mas não menos importante, da uniformidade (LOPES, 2018). DIREITO TRIBUTÁRIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 O princípio da legalidade nos mostra que só existirá tributo se houver uma prévia determinação legal. Pelo art. 150, I da Constituição Federal, é vedado ao ente público exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Obrigatoriamente, a lei tem de definir o fato gerador, a base de cálculo e o contribuinte do tributo(art. 97 do CTN). O princípio da anterioridade da lei dispõe que nenhum tributo pode ser exigido no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou, de acordo com o art. 150, III, b, da Constituição. A exce- ção ocorre em relação aos seguintes impostos: IPI, IOF, imposto de importação e imposto de exportação. O princípio da anterioridade é uma segurança para o contribuinte, pois com ele existe a possibilidade de se programar, preparando-se para o próximo ano fiscal. Por essa razão, qualquer alteração ou novos tributos que são cria- dos pelo Poder Legislativo e Executivo devem obedecer a esse princípio. Contudo, sabemos que o Direito possui uma série de exceções. Para tanto, faz-se necessário conhecer que o princípio em questão também possui ex- ceções, considerando situações extraordinárias em que não deve ser aplica- da a anterioridade. Fonte: a autora. Por sua vez, o princípio da igualdade tributária dispõe que todos são iguais perante a lei para efeito de tributação, não podendo haver exceção entre pes- soas que estejam na mesma situação. É uma aplicação específica prevista no art. 5º da Constituição Federal. Com relação a tal princípio, reza o art. 150, II da Constituição que é vedado ao sujeito ativo instituir tratamento desigual entre contribuintes que estejam em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, sendo indepen- dente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Tributo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 O quarto princípio, que é o da vedação do confisco, indica que os tributos não podem ser utilizados com efeitos de confisco. Ou seja, a tributação não pode exigir exação em percentual superior a 50% do patrimônio da pessoa (MARTINS, 2012). Por fim, o princípio da uniformidade dispõe que é vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique dis- tinção ou preferência em relação ao Estado, Distrito Federal ou aos Municípios, em detrimento de outro, sendo admitida a concessão de incentivos fiscais des- tinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país (art. 151, I, da Constituição). Assim, percebe-se que em todo território nacional deve ser aplicado o mesmo tributo, não podendo fazer nenhuma distinção entre as regiões, bem como entre os sujeitos. TRIBUTO Pelo art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN), o tributo é toda pres- tação pecuniária, compulsória, que não constitua sanção de ato ilícito, institu- ída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Ele só pode ser exigido em moeda ou valor que nela possa se exprimir. É compulsória, pois não depende da von- tade do contribuinte. Para que um tributo seja cobrado, deve ter previsão em lei, de acordo com o princípio da legalidade tributária. Ele não constitui uma sanção de ato ilícito. Não pode ser considerado uma punição pelo descumprimento da lei. Os tributos podem ser classificados em fiscais e extrafiscais. No fiscal, o Estado arrecada valores para o bem geral da coletividade, enquanto no extrafiscal tem por objetivo restringir certas condutas das pessoas, como de atividades nocivas. DIREITO TRIBUTÁRIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 Pelo art. 4º do CTN, a natureza do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: a) a denominação e demais características formais adotadas pela lei; b) a destinação legal do pro- duto de sua arrecadação. As espécies de tributo são: imposto, taxa, contribuição de melhoria, contribuições sociais e empréstimo compulsório. Iremos estudar cada uma delas a seguir. Aqui devemos lembrar que analisaremos o que compreende cada uma das espécies tributárias. Contudo, não teremos como discutir os tributos de cada um dos Estados, muito menos dos Municípios. Por essa razão, deve ser observado que cada um dos entes federados pode possuir uma alíquota diferente, bem como um tributo diferente. Fonte: a autora. IMPOSTO De acordo com o art. 16 do CTN, o imposto é o tributo que tem por fato gera- dor uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Ele é genérico, pois atende aos interesses gerais da coletividade. O imposto não tem uma prestação vinculada à sua cobrança, sendo assim um tributo geral. Na medida do possível, os impostos têm caráter pessoal e serão computa- dos de acordo com a capacidade econômica do contribuinte (LOPES, 2018). TAXA Pelo art. 77 do CTN, a taxa tem por fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. A taxa pode ser Tributo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 classificada em duas formas: de polícia ou de serviços. A primeira é aquela que decorre do poder de polícia da Administração Pública. Esse poder é considerado como uma atividade da administração que limita ou disciplina direito, interesse ou liberdade, regulando a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público relacionado à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos, conforme o art. 78 do CTN. Como exemplo, temos as taxas de vistoria, de licença e de funcio- namento entre outros. A taxa de serviço, porém, é dependente de serviço prestado ou posto à dis- posição daqueles que contribuem. Um exemplo seria a taxa de limpeza pública. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA A contribuição de melhoria é um tributo que visa custear uma obra pública, decorrente de valorização imobiliária (BRASIL, 1967). A contribuição tem como limite total a despesa realizada e o limite indi- vidual tem um acréscimo do valor que da obra resultará cada imóvel que for valorizado. Se não houver uma valorização imobiliária essa forma de contribui- ção não pode ser cobrada. O Decreto-lei nº 195, de 24 de fevereiro de 1967, em seu art. 2°, dispõe sobre a cobrança da contribuição de melhoria e as obras que implicam valori- zação imobiliária são: a) abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, es- gotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas; b) construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes, túneis e viadutos; c) construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido, inclusive todas as obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema; DIREITO TRIBUTÁRIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E54 d) serviços de obras de abastecimento de água potável, esgotos, insta- lações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e instalações de comodidade pública; e) proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento e drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e ca- nais, retificação de ferro e construção, pavimentação e melhoramento de estradas de rodagem; f) construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos; g) aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive desapro- priações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico (BRA- SIL, 1967, on-line). Assim, percebe-se que a contribuição de melhoria sempre irá agregar mais valor ao patrimônio pela realização de alguma atividade por parte da Administração
Compartilhar