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CAPÍTULO 4 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Estudar os diferentes tipos de hipercromias. � Conhecer e compreender os tratamentos disponíveis e suas indicações. � Aprender os mecanismos de ação dos diferentes tratamentos, bem como suas contraindicações para a prevenção de riscos e efeitos adversos. 102 Estética Avançada Facial 103 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 Contextualização Este é o último capítulo da disciplina de Estética Avançada Facial. Nele estudaremos um tipo de discromia muito comum no Brasil: a hiperpigmentação ou hipercromia. Veremos os principais fatores responsáveis pelo surgimento das hiperpigmentações na face e como esses fatores influenciam a melanina presente na pele. Também estudaremos os tipos de hiperpigmentações: melasma, hiperpigmentação pós-inflamatória, efélide e lentigo. No decorrer do desenvolvimento deste capítulo, veremos novamente que a exposição à radiação solar é um dos principais fatores indutores de boa parte das hiperpigmentações, seja induzindo sua formação, seja potencializando a hiperpigmentação já existente. Ainda, estudaremos dois tipos de aplicações tópicas que são amplamente empregados para o tratamento das hipercromia: a microdermoabrasão e o peeling químico, que atualmente é uma das técnicas mais empregadas em estética. Estudaremos seus principais níveis e a profundidade que atingem, bem como seu mecanismo de ação na pele. Estudaremos também dois dos principais recursos terapêuticos utilizados para o tratamento de hiperpigmentações: a luz intensa pulsada e o laser fracionado. Por fim, estudaremos as principais indicações, contraindicações e efeitos adversos de cada um dos procedimentos estudados. Tratar de técnicas que causam danos à pele é fundamental, além do cuidado em sua aplicação. Hiperpigmentações ou Hipercromias A cor da pele é originada principalmente pela melanina (origem endógena), mas também pelos carotenoides (origem exógena), que são produzidos a partir do consumo de frutas e vegetais e que possuem cor amarela. Também existem os pigmentos intravasculares, como a oxiemoglobulina de cor vermelha e a hemoglobina reduzida de cor azul (KEDE; SABATOVICH, 2004). Como estudada no Capítulo 2, a síntese de melanina ocorre no interior dos melanócitos pela ação da enzima tirosinase. Tal enzima é sintetizada nos ribossomos e transportada para o complexo de Golgi; lá serão formadas as vesículas chamadas pré-melanossomas. 104 Estética Avançada Facial É no interior das vesículas que ocorrerá a formação da melanina a partir da tirosina por ação da tirosinase. Quando a vesícula estiver cheia de melanina, ela passa a ser chamada de melanossoma (MOTA, 2006). No interior dessas vesículas são formados dois tipos de melanina: a) feomelaninas, que é um grupo heterogêneo de pigmentos pardos, avermelhados, solúvel em álcalis, fotolábil, fotossensibilizador, e produz os radicais superóxido, hidroxila e peróxido de hidrogênio após radiação solar; b) eumelaninas, que constituem um grupo de pigmentos homogêneos pardos, considerado um polímero fotoestável, fotoprotetor, insolúvel na maioria dos solventes (SLOMINSKI et al., 2004). A melanina formada no interior dos melanossomas será transferida para os queratinócitos adjacentes e os grânulos irão se dispor no núcleo dessas células a fim de impedirem lesões ao DNA pela radiação ultravioleta (UV). É interessante notar que a eumelanina, pigmento homogêneo pardo, é mais eficiente na proteção do DNA. Assim, os cânceres são menos comuns em pessoas de pele morena e mais comuns em pessoas de pele clara (MOTA, 2006). Na verdade, os melanossomas são considerados as principais estruturas de diferenciação entre as raças. Em orientais e nas peles mais pigmentadas, são maiores e mais dispersos, já nas peles mais claras são pequenos e agrupados em uma única membrana (KEDE; SABATOVICH, 2004). A quantidade de melanina que será formada nos melanócitos é determinada, geneticamente, porém vários fatores que podem interferir no processo: exposição à radiação solar, idade, variações hormonais, inflamações, fatores emocionais, dentre outros. Quando falamos de hormônios, o estradiol e a progesterona ganham destaque na hiperpigmentação do rosto, genitais e auréola mamária, pois estimulam a melanogênese (NICOLETTI et al., 2002). O que chamamos de bronzeado, na verdade, é uma pigmentação adaptativa que surge como dispositivo eficaz contra os raios UV. Não haverá modificação na qualidade da melanina, mas sim na quantidade produzida (PEYREFITTE; MARTINI; CHIVOT, 1998). As patologias que causam modificações na cor natural da pele são chamadas de discromias. A discromia é a pigmentação anormal da pele que, geralmente, ocorre devido ao excesso de pigmentação, as chamadas hipercrômicas (manchas mais escuras como melanodermias, hemossiderose etc) ou pela deficiência de pigmentação, as hipocrômicas (manchas mais claras que a pele, como o vitiligo, albinismo etc) (GERSON et al., 2011). 105 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 As discromias podem ser desencadeadas por alguns fatores como o envelhecimento, gravidez, distúrbios endócrinos, excesso de exposição solar ou tratamentos com hormônios sexuais e podem se manifestar em qualquer região do corpo, sendo mais acometida a face, o pescoço, as axilas e a virilha (GERSON et al., 2011). Ainda, afetam ambos os sexos. A hiperpigmentação ou hipercromia ocorre devido a um excesso da produção de melanina que pode ter vários fatores causadores, dentre eles: a alta exposição à radiação UV, o envelhecimento, fatores hormonais, agressões químicas, físicas e inflamações cutâneas (GONCHOROSK; CORRÊA, 2005; BRENNER; HEARING, 2008). Outra situação bem comum, principalmente nas mulheres, é a hiperpigmentação axilar, que tem como uma das principais causas a depilação (SOUZA; ANTUNES JUNIOR, 2013). Em 1976, Fitzpatrick desenvolveu uma classificação para a pele humana de acordo com o fototipo e etnia, conforme apresentada na tabela a seguir. A escala de Fitzpatrick faz indicação do potencial de discromias, referindo que quanto maior for o fototipo cutâneo, maior a propensão à hiperpigmentação e menor o grau de fotoenvelhecimento. Entretanto, os fototipos mais claros são mais propensos às hipocromias (MAIO, 2004). Apesar do desenvolvimento de inúmeras pesquisas que tentam desvendar os mecanismos exatos da etiopatogenia das hipercromias, ainda pouco se sabe. Acredita-se que mediadores inflamatórios, como as citocinas, ou as espécies reativas do oxigênio (EROs), que são liberadas durante o processo inflamatório, promovam o aumento na atividade do melanócito (ALCHORNE; ABREU, 2008). Segundo Paulo e Santos (2009), apesar das discromias serem comuns em peles com fototipo cutâneo IV e V, há maior dificuldade em obtermos informações de tratamentos em pessoas morenas ou negras. A hiperpigmentação tem um impacto negativo no psicológico das pessoas, principalmente em se tratando de face. Outro ponto negativo dessa patologia é o difícil tratamento que exige vários cuidados, uma vez que a maioria das técnicas empregadas pode causar irritação, prurido, descamação, dentre outros (HALDER; RICHARDS, 2004). É importante ressaltarmos que, no Brasil, há uma grande miscigenação racial, não é incomum pessoas de pele clara apresentarem respostas a estímulos semelhantes às respostas observadas em pessoas com pele morena ou negra. É indispensável que o profissional apresente domínio sobre as diferenças entre os tipos de pele e o mecanismo de ação das diversas técnicas estéticas 106 Estética Avançada Facial presentes no mercado para assegurar a escolha correta, bem como o controle imediato de efeitos adversos (MAIO, 2004). Tabela 1 – Classificação dos fototiposde pele segundo Fitzpatrick Grupo Eritema Pigmentação Sensibilidade I Branca Sempre se queima Nunca se bronzeia Muito sensível II Branca Sempre se queima Às vezes se bronzeia Sensível III Morena clara Queima (moderado) Bronzeia (moderado) Normal IV Morena moderada Queima (pouco) Sempre bronzeia Normal V Morena escura Queima (raramente) Sempre bronzeia Pouco sensível VI Negra Nunca se queima Totalmente pigmentada Insensível Fonte: Adaptado de Mota (2006). Tipos de Hipercromias As hipercromias surgem devido à produção irregular de melanina e, segundo Maio (2004), estão divididas em quatro categorias: • Pigmentação pós-inflamatória. • Cloasmas ou melasma. • Sardas. • Lentigos senis. Faça o teste de Fitzpatrick para saber qual seu fototipo de pele. Nele são avaliadas a predisposição genética e a exposição solar. Acesso em: <http://stopcancerportugal.com/2016/05/30/qual-e-o-seu- fototipo-de-pele-faca-o-teste-de-fitzpatrick/>. Acesso em: 13 jun. 2018. 107 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 a) Hiperpigmentação pós-inflamatória (HPI) Ocorre devido ao aumento de pigmentação da pele como resposta fisiopatológica a um trauma ou a danos cutâneos. Várias são as etiologias, incluindo infecções bacterianas, fúngicas ou virais; doenças inflamatórias, tais como acne, líquen plano, psoríase e pseudofoliculite; reações de hipersensibilidade induzidas por drogas ou por dermatite atópica, causada por agentes físicos ou químicos, incluindo procedimentos estéticos (ALCHORNE; ABREU, 2008). Durante o processo inflamatório, a melanina produzida pode entrar na derme e como existe a presença de macrófagos, podem realizar a internalização do excesso de pigmentação, fazendo com que os macrófagos fiquem na derme por longos períodos (ORTONNE; BISSETT, 2008). A hiperpigmentação axilar tem sido considerada um tipo de HPI devido ao alongamento e à contração axilar, o atrito da roupa na pele, depilação a laser, dentre outros (JAMES et al., 2006). Os distúrbios na pigmentação são considerados a terceira razão mais frequente para consultas dermatológicas, contabilizando em média 8,5% das consultas no Brasil, principalmente por causa do clima quente e ensolarado na maioria das regiões do país (CESTARI; DANTAS; BOZA, 2014). Figura 1 – Fotografia de hipercromia pós-inflamatória após aplicação de laser para depilação Fonte: Disponível em: <http://www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/ hiperpigmentacao-pos-inflamatoria/>. Acesso em: 7 jun. 2018. 108 Estética Avançada Facial b) Melasmas É uma hipermelanose comum, adquirida, simétrica, caracterizada por manchas acastanhadas com contornos irregulares e limites nítidos, em áreas que ficam expostas à radiação solar, especialmente na face, região frontal, temporal, supralabial e, mais raramente, no nariz, pálpebras, mento e membros superiores (GRIMES, 1995). Tal hipercromia é mais comum em pessoas que moram em áreas tropicais e com fototipos intermediários e indivíduos de origem oriental ou hispânica. Sua maior incidência é em mulheres adultas em idade fértil, podendo, porém, iniciar-se pós-menopausa. Geralmente, o aparecimento ocorre entre 30-55 anos (PONZIO, 1995; GUEVARA; PANDYA, 2001). Na maioria dos casos, aparece durante a gravidez e é chamada de cloasma. Já se sabe que seu aparecimento está relacionado ao aumento das concentrações hormonais, em especial da progesterona. Também surge devido ao uso de métodos contraceptivos, tornando-se mais acentuada quando há exposição à radiação UV (COSTA et al., 2011). Nos melasmas, acredita-se que haja a participação de um componente genético em indivíduos predispostos. Já se sabe que ocorre o acúmulo de melanina na epiderme e derme, observado um discreto aumento no número de melanócitos. As alterações parecem estar ligadas a uma maior expressão do hormônio α-MSH em queratinócitos, bem como maior expressão do fator de crescimento de fibroblastos e melanócitos (ORTONNE; BISSETT, 2008). O melasma é facilmente diagnosticado no exame clínico, mas apresenta recidivas frequentes, além de grande refratariedade aos tratamentos. Inúmeros fatores estão envolvidos na etiopatogenia da hipercromia, como: gravidez, terapias hormonais, cosméticos, drogas fototóxicas, endocrinopatias, fatores emocionais e, principalmente, a exposição à radiação UV e as influências genéticas. Na verdade, a exposição à radiação solar parece ser o fator de maior peso na etiopatogenia, uma vez que as lesões de melasma se tornam mais evidentes durante ou após a exposição solar (GRIMES, 1995). 109 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 Figura 2 – Fotografias de pacientes com melasma. A. Glabelar, zigomático e nasal. B. Frontal e zigomático. C. Glabelar, zigomático, labial superior e mentoniano Fonte: Extraído de Miot et al. (2009). Fisiopatologia do melasma 631 An Bras Dermatol. 2009;84(6):623-35. Há inúmeros fatores envolvidos, na etiologia da doença, porém nenhum deles pode ser responsabili- zado isoladamente pelo seu desenvolvimento. Dentre estes: influências genéticas, exposição à RUV, gravidez, terapias hormonais, cosméticos, drogas fototóxicas, endocrinopatias, fatores emocionais, medicações anti- convulsivantes e outros com valor histórico. Porém, parece que predisposição genética e exposição às radiações solares desempenham um papel importan- te, tendo em vista que as lesões de melasma são mais evidentes, durante ou logo após períodos de exposi- ção solar.7,60,62,63,68-70 Sacre et al., investigando o melasma idiopático, concluiu que as reservas tireotrófica, prolactínica e gonadotrófica apresentaram-se normais e, como observou, as funções ovariana e tireoidiana, também, normais, logo, não foi possível estabelecer correlação entre os níveis hormonais encontrados e essa forma de melasma.71 Ao contrário do que ocorre na gravidez, o melasma induzido por anovulatórios não involui com suspensão da droga e, entre as pacientes que o apre- sentaram pelos contraceptivos, 87% também o tinham manifestado em gestações anteriores.63 A predisposição genética tem sido sugerida pelos relatos de ocorrência familiar. Um fator racial tem sido relatado pela ocorrência comum de melas- ma, nos pacientes de origem hispânica. Sanchez et al. identificaram história familiar em mais que 20% dos casos estudados, e todas as pacientes referiram exa- cerbação pela luz solar e uso de cosméticos.59,72 Vale destacar que a melasma é uma das derma- toses inestéticas das quais determinam a grande pro- cura ao atendimento dermatológico especializado, embora represente, somente, uma anormalidade comum e benigna da pigmentação. Talvez, isso se explique pela natureza cosmeticamente desfigurante e pelos efeitos emocionais e psicológicos nos indiví- duos acometidos pelo problema, os quais, muitas vezes, em virtude da insatisfação com a aparência, aca- bam se privando do convívio social, inclusive com casos de suicídio relatados.65-67,69 Embora a afecção tenha uma conotação, muitas vezes, somente do ponto de vista estético, com tal preocupação, pode ser muito importante e impactan- te na vida social, familiar e profissional dos indivíduos acometidos, provocando efeitos psicológicos que não podem ser negligenciados.65,73 Em 2003, o MELASQoL, um novo instrumento de qualidade de vida relacionado à saúde para mulhe- res com melasma, foi publicado por Balkrishnan e colaboradores. Tal instrumento foi validado e demonstrou utilidade para monitorar o impacto, cau- sado pelo melasma, na qualidade de vida dos pacien- tes. Os principais setores da qualidade de vida, que se mostraram afetados pelo melasma, foram: a vida social, a recreação e o lazer e o bem-estar emocional. Em 2006, tal instrumento foi traduzido para o portu- guês e adaptado culturalmente, de acordo com as regras estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde.65-67,74 O tratamento do melasma é geralmente insatis- fatório, pela grande recorrênciadas lesões e pela ausência de uma alternativa de clareamento definiti- vo. Estudos clínicos controlados indicam a fotoprote- ção e uso de clareadores como as medidas de primei- A B C FIGURA 7: Fotos clínicas de pacientes com melasma, demonstrando as principais topografias acometidas. A. Glabelar, zigomático e nasal. B. Frontal e zigomático. C. Glabelar, zigomático, labial superior e mentoniano c) Sardas ou efélides Consistem em pequenas manchas de cor castanho-amarelado que se manifestam, geralmente, na infância e adolescência após exposição solar, disseminadas no rosto e nas partes descobertas do corpo. Surgem de um caráter protetor da pele, oriundo de um aumento de melanina na camada basal devido à hiperatividade dos melanócitos, sem alteração no número (BEZERRA, 2007). As pessoas de fototipos de pele mais clara e avermelhada são mais propensas ao desenvolvimento de sardas (SOUZA; ANTUNES JUNIOR, 2013). Análises histológicas demonstram que as efélides são constituídas por um aumento da melanina na epiderme, sem a proliferação melanocítica ou alongamento epidérmico. Elas, normalmente, são máculas bem circunscritas, que ocorrem comumente na face, costas e ombros superiores, poupando as membranas mucosas (TAÏEB; BORALEVI, 2007). Devido aos altos índices do aparecimento de hipercromias durante a gravidez, é importante você estudar um pouco mais sobre o assunto. Acesso em: <http://tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/ALTERACAO- MELANOCITICA-NA-GESTACAO.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2018. 110 Estética Avançada Facial Figura 3 – Fotografia de efélides no ombro Fonte: Disponível em: <http://www.dermatologia.net/cat-doencas- da-pele/efelides-sardas/>. Acesso em: 7 jun. 2018. d) Lentigos Lentigens ou lentigos são pequenas manchas bem delimitadas que surgem pelo aumento tanto na quantidade quanto no número de melanócitos na epiderme. Diferentes dos demais tipos, os lentigos não se alteram pela exposição solar (AZULAY, Rubem; AZULAY, Luna, 2006). Tal tipo de hiperpigmentação é caracterizado pelos pontos hiperpigmentados que ocorrem nas regiões do corpo que são cronicamente expostas ao sol, como as mãos, braços e a face. Assim, a exposição crônica da pele à radiação ultravioleta é um fator de grande impacto etiopatogenético nessa patologia. É bastante comum em mãos de pessoas idosas, chamados de lentigos senis. A aparência característica escurecida tem como uma das principais causas a internalização da melanina depositada na derme pelos macrófagos. Ainda, a modificação na expressão genética de queratinócitos e melanócitos que compõem a região das lentigens também constitui um outro fator importante na etiologia dos lentigos. Já se sabe que nessas regiões escurecidas ocorre incremento nos níveis de RNAm, que fará a codificação de proteínas no processo de melanogênese (ORTONNE; BISSETT, 2008). 111 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 Figura 4 – Fotografia de lentigo senis Fonte: Adaptado de Goldsmith et al. (1999). Atividade de Estudos: 1) Cite 4 fatores que podem desencadear o aparecimento de hipercromia. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Você possui, ou já possuiu, algum tipo de hiperpigmentação na pele do seu rosto? Você percebeu quando a hiperpigmentação surgiu? Costuma usar filtro solar? Você se incomoda com a hiperpigmentação? Já realizou algum tratamento para tratar/atenuar essa hiperpigmentação? 112 Estética Avançada Facial 2) Explique o que é melasma. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Diferencie efélides de lentigos. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Tratamentos A maior parte dos tratamentos é baseada no princípio de promover uma renovação celular. De acordo com a intensidade de ação e o método de escolha, o procedimento escolhido poderá ter um caráter mais ou menos penetrante. a) Aplicações tópicas Os tratamentos estéticos que causam descamação de leve à moderada da pele vêm sendo amplamente utilizados durante as últimas décadas para a melhora da aparência da pele, tanto por causa das imperfeições, cicatrizes, quanto pela presença de hipercromias. O termo peeling vem do inglês e significa descamar. Seus principais efeitos são o afinamento e a compactação do estrato córneo, o aumento da espessura da epiderme, a diminuição da oleosidade e a dispersão da melanina da epiderme (BORGES; SCORZA, 2016). O peeling físico é empregado com o objetivo de proporcionar o lixamento da pele. Segundo Borges e Scorza (2016), os mais empregados são: • Peeling de cristal: emprega jateamento de cristais de polietileno ou alumínio para “lixar” a pele. • Peeling de diamante: emprega uma ponteira na forma de lixa associada a um vácuo, passada levemente sobre a pele. 113 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 • Peeling ultrassônico: emprega ondas ultrassônicas com o objetivo de extrair a camada mais superficial da pele. O peeling mais utilizado é o químico, também chamado de peeling ácido. Existem vários ácidos que podem ser empregados nessa técnica, sendo os mais comuns: ácido glicólico, mandélico, kójico, retinoico, salicílico, hidroquinona, dentre outros. b) Microdermoabrasão A microdermoabrasão é uma técnica bastante antiga, que foi desenvolvida em 1905 pelo dermatologista alemão Kromayer. A técnica apresenta como principal vantagem a rapidez da sua aplicação. Nela ocorre a projeção na pele de microcristais de óxido de alumínio (MAIO, 2004). A técnica é constituída por uma esfoliação não cirúrgica executada de forma não invasiva. Após sua aplicação, ocorre a aceleração da mitose celular, promovendo renovação da pele e reduzindo marcas/sequelas da pele. No entanto, existem poucos trabalhos que tratam do emprego da microdermoabrasão, apesar dela demonstrar bons resultados nos casos de hiperpigmentação (BORGES, 2010). Ela é realizada com o auxílio de um equipamento mecânico gerador de pressão negativa e pressão positiva simultâneas. Os microgrânulos de óxido de alumínio, que são quimicamente inertes, são jateados pela pressão positiva na superfície da pele em uma velocidade controlada, e têm o objetivo de promover uma espécie de erosão nas camadas da epiderme. Simultaneamente, os resquícios desses microgrânulos e de células córneas são sugados pela pressão negativa. Segundo Borges (2010), outro equipamento utilizado para aplicação da técnica é composto por uma manopla com diferentes ponteiras diamantadas de granulometrias diferentes, chamado peeling de diamantes. Na prática, a pressão negativa faz com que a pele seja sugada e o lixamento realizado pelos movimentos do terapeuta. Uma grande vantagem da microdermoabrasão é que as peles negras podem ser submetidas ao processo, sem sequelas indesejáveis. A técnica também não limita o paciente à rotina habitual (BORGES, 2010). A microdermoabrasão pode ser aplicada em todos os tipos de pele e fototipos cutâneos (KEDE; SABATOVICH, 2004). No entanto, ela está contraindicada em pacientes com lesões de pele com processos inflamatórios associados. 114 Estética Avançada Facial c) Peeling químico O peeling químico é uma técnica de aplicação tópica de uma solução ácida que provocará diferentes graus de “lesão” na pele, conforme a concentração e acidez.Age na epiderme desde a camada córnea até a camada basal. Consiste em um procedimento que ocasiona a esfoliação e descamação da epiderme através da aplicação de ácidos com pH inferior ao da pele (pH < 5,0). Sua aplicação promove melhora da elasticidade, viscosidade, textura e estimula a produção de novas células para substituírem as lesionadas pelo ácido (KEDE; SABATOVICH, 2004; PIMENTEL, 2008). Esse procedimento age estimulando o crescimento epidérmico mediante remoção do estrato córneo, provocando a destruição de camadas específicas da pele lesada e substituindo-as por um tecido mais normalizado e induzindo no tecido uma reação inflamatória mais profunda que a necrose produzida pelo agente esfoliante. Segundo Glogau (1994), as indicações mais comuns para o peeling químico são: • Cicatrizes superficiais. • Manchas hipercrômicas pós-inflamatórias. • Acne vulgar até grau II. • Discromias: efélides, lentigos e melasmas. • Estrias. Os peelings químicos podem ser classificados conforme o quadro a seguir. A classificação se baseia no grau de profundidade que o ácido consegue atingir nas camadas da pele. Quadro 1 – Classificação dos peelings químicos segundo o grau de profundidade atingido Nível de peeling Profundidade Algumas substâncias empregadas Muito superficial – Nível I (esfoliativo) Afina ou remove o estrato córneo e não cria lesão abaixo do estrato granuloso. – Ácido salicílico 10% – Ácido glicólico 10 a 15% – Ácido tricloroacético 5 a 10% – Ácido retinoico 1% – Ácido mandélico 10% Superficial – Nível II (epidér- mico) Cria necrose de parte ou de toda epiderme em qualquer região do estrato granuloso até a camada basal. – Ácido salicílico 20% – Ácido glicólico 20 a 30% – Ácido tricloroacético 15% – Ácido retinoico 3% – Ácido mandélico 30% 115 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 Médio – Nível III (dérmico papilar) Cria necrose da epiderme e de parte ou de toda a derme papilar ou reticular superior. – Ácido salicílico 40% – Ácido tricloroacético 30% – Fenol modificado Profundo – Nível IV (dérmico reticular) Cria necrose da epiderme e da derme papilar, que se estende até a derme reticular média. – Fenol modificado – Miltipeel ® Fonte: Adaptado de Borges e Scorza (2016). É importante ressaltar que quanto maior for a concentração do ácido, maior será seu efeito na pele, mas também maior a chance de irritação. Outro ponto importante é o tempo de aplicação: quanto maior o tempo de contato do ácido com a pele, maiores os riscos de lesões. Devemos ter atenção com a aplicação em regiões como o sulco nasogeniano, comissura labial, cantos da boca e do nariz, pálpebras e queixo. Por serem áreas mais sensíveis, pode ocorrer maior penetração do ácido, causando lesões mais intensas, que poderão gerar manchas hipercrômicas (BORGES; SCORZA, 2016). Segundo Borges e Scorza (2016), as principais contraindicações dessa técnica são: • Herpes ativa ou não. • Ferimentos na pele. • Hipersensibilidade/alergia ao ácido utilizado. • Não aplicação em mucosas (boca, nariz). • Peles bronzeadas, dentre outras. Compreenda a aplicabilidade do peeling químico em tratamentos faciais. Disponível em: <https://www.mastereditora.com. br/periodico/20130929_214058.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2018. Veja os prós e contras do uso do peeling químico. Disponível em: <https://www.saudedicas.com.br/beleza-e-estetica/peeling- quimico-pros-e-contras-1441599>. Acesso em: 13 jun. 2018. 116 Estética Avançada Facial Recursos Terapêuticos Além das aplicações tópicas estudadas, também existem recursos terapêuticos que podem ser empregados no tratamento das hipercromias. Estudaremos dois dos mais empregados atualmente, que são baseados em fototerapia. A fototerapia incorpora o efeito de calor produzido através de flashes, emissões de luz. Para entendermos o princípio das técnicas, é importante relembrarmos que a luz é uma onda de radiação eletromagnética de amplo espectro que transporta energia em quanta, conhecida como fóton (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006). Quando um feixe de luz atinge um corpo, ele está bombardeando os átomos da matéria que compõem esse corpo com fótons que, ao atingirem os elétrons, fazem com que eles se desprendam da sua camada orbital, fazendo uma migração que torna o átomo instável e obrigando o elétron a retornar para sua camada orbital a fim de reestabelecer o estado de equilíbrio. Contudo, quando ele retorna para camada original, produz um quantum de energia, o qual é dissipado em forma de calor ou de luz, emitindo um novo fóton (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2006). a) Luz intensa pulsada Ocorre o emprego de luz intensa de flash, que é controlada por sistemas microprocessados. Segundo Borges (2010), essa radiação apresenta as seguintes características: • Policromaticidade: mistura de duas ou mais cores (diferente do laser que é monocromático). • Incoerência: a energia é emitida em todas as direções. • Não colominado: luz apresenta divergência angular, sem ponto focalizado. • Reflexão da luz: refletida na epiderme. • Transmissão: a luz passa pelo tecido alvo dependendo do comprimento de onda. • Dispersão ou Espalhamento: luz apresenta direção desordenada em uma área maior e mais profunda ao se chocar com o cromóforo alvo, promovendo difusão pelo tecido. • Absorção: ocorre retenção da energia luminosa pelos componentes fotorreceptivos chamados de cromóforos (melanina, hemoglobina, colágeno e água). Quando a luz intensa pulsada incide no tecido, parte dela é absorvida e outra parte é dispersa. A energia luminosa absorvida é transformada em calor e provoca 117 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 a coagulação do tecido, ativação de reações químicas e com uma lesão somente no tecido-alvo, devido à combinação do comprimento de onda com a duração do pulso luminoso (RAULIN; SCHROETER, 1997; ROSS, 2006). A técnica é empregada no tratamento de rosácea e lentigos, uma vez que a luz intensa pulsada é absorvida tanto pela melanina, como pela oxi-hemoglobina. Assim, ocorre uma vasoconstrição no local que bloqueia a passagem do fluxo e lise dos melanossomas, ocasionando posterior descamação do local e clareamento. Um estudo realizado por Kawana, Ochiai e Tachihara (2007), empregando seis aplicações de luz intensa pulsada durante quatro semanas, demonstrou eficácia do tratamento em 92% dos voluntários que apresentavam rosácea e em 67% nos voluntários que apresentavam lentigos senis. Estudo realizado por Rojanamatin e Choawawanich (2006) realizaram um estudo em pacientes com acne inflamatória facial e demonstraram que o uso da técnica no tratamento das cicatrizes de acne promove melhora significativa superior a 75% das cicatrizes em tais pacientes. Segundo Borges (2010), os principais cuidados após a aplicação da luz intensa pulsada são: • Aplicação de compressas geladas ou cosméticos calmantes na área tratada. • Utilização de bloqueador solar e evitar, ao máximo, exposição ao sol durante o tratamento e até um mês após o seu término. • Pele deve ser hidratada diariamente. • O uso de maquiagem deve ser evitado. • Distanciamento da água quente. • Respeito aos intervalos mínimos de 21 dias entre as sessões. Apesar de ser segura e amplamente empregada, segundo Ross (2006) e Osório e Torezan (2009), a aplicação da luz intensa pulsada é contraindicada em algumas situações: • Pessoas que fazem uso de isotretinoína, corticoides e anticoagulantes há mais de 3 meses, além de medicamentos anti-inflamatórios não hormonais, dentre outros. • Pessoas que fazem uso de medicamentos fotossenbilizantes. • Pessoas com bronzeados oriundos de exposição contínua à radiação UV há pelo menos 4 semanas anteriores ao tratamento. • Diabetes descontrolada. • Gestantes e lactantes. • Peles com sinais de infecção ou inflamação. • Neoplasias e metástases. 118 Estética Avançada Facial b) Laser fracionado A palavra laser vem doinglês Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation. Seu uso terapêutico iniciou na década de 1990. Apesar de hoje ter uso disseminado nas terapias antienvelhecimento, ele também é empregado no tratamento de algumas hipercromias. Segundo Mattos et al. (2009), os usos dos lasers ablativos, por removerem a epiderme e a derme superficial, geram a possibilidade de alcance da derme profunda, gerando calor acentuado, aquecendo a água contida na derme profunda, reduzindo a elastose actínica e promovendo a neocolagênese. Contudo, surgiram os lasers fracionados, que são mais seguros e causam menos efeitos colaterais. Os lasers fracionados não removem a epiderme (não ablativos) e apresentam menor afinidade pela água. Devido ao menor comprimento de onda, o estímulo à produção de colágeno fica mais limitado (OSÓRIO; TOREZAN, 2009). Devemos sempre avaliar a pele do paciente para, então, definir qual o melhor método. Quando aplicado na pele, o laser fracionado faz com que o cromóforo (molécula que absorve a luz) gere calor, produzindo uma reação térmica capaz de destruir o tecido. Determinado tipo de laser tem grande influência, sendo que os feixes ocasionam colunas de lesões térmicas alternadas com colunas de tecidos íntegros (que não sofreram ação). É do tecido sadio que migrarão os queratinócitos, que promoverão uma rápida reepitelização, reduzindo o risco de cicatrizes e hipercromias (BODERDORF et al., 2009). Haverá um novo tecido no local da aplicação do laser sem a hiperpigmentação de antes. O aumento da temperatura na derme, que fica entre 60 ºC a 100 °C, ocasiona a vaporização das células e a desnaturação do colágeno estimulando, assim, a reorganização e a contração dele. Ainda, também ocorre a dissipação de energia pela formação de radicais livres que se ligarão às células sadias lesionando-as (BORGES; SCORZA, 2016). É importante ressaltar que, como há pouca água na camada córnea, ela permanece intacta na coluna de lesão, o que diminui os riscos de lesão e infecções (HORIBE, 2000). Segundo Borges e Scorza (2016), a profundidade do dano térmico depende da energia liberada por área de tecido em um intervalo de tempo e número de pulsos estacionados em cada região tratada. Para o tratamento de manchas hipercrômicas, Borges e Scorza (2016) sugerem o uso do Erbium fracionado (Pixel), pois promove a remoção das manchas e minimiza o efeito rebote de hiperpigmentação devido ao mínimo efeito térmico residual que causa. 119 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 Devido ao fato da melanina ser o principal cromóforo da epiderme, existirão incrementos na sua produção e na atividade citocrínica, transferindo melanina do melanócito para o queratinócito. As células basais ascendem pelo estrato epidérmico e são eliminadas junto aos queratinócitos por descamação. Assim, o excesso de pigmento depositado nas células será gradativamente eliminado. Então, entendemos que após a aplicação do laser, observamos uma hiperpigmentação transitória seguida de descamação (KEDE, 2004; BODENDORF et al., 2009). Em pessoas com fototipo acima de III, é sugerido o uso de clareadores como a hidroquinona, tretinoína e ácido glicólico durante quinze dias antes da aplicação do laser fracionado, com o objetivo de prevenir o risco do desenvolvimento de hiperpigmentação pós-inflamatória (BORGES; SCORZA, 2016). Apesar de ser uma técnica eficaz, ela apresenta algumas contraindicações que estão relacionadas no quadro a seguir: Quadro 2 – Situações em que o laser fracionado é contraindicado Situação Justificativa para o não uso Herpes zoster Possibilidade de reagudizar a neuralgia. Herpes simples ativa Piora do quadro álgico e aumento das lesões. Acne ativa Acentuação do processo inflamatório devido ao calor gerado pela radiação. Isotretinoína nos últimos 6 meses Aumento do risco de formação de cicatrizes, pois o medicamento promove a atrofia dos anexos cutâneos que são responsáveis pela reepitelização. Pressão arterial descompensada Variações no parâmetro durante a aplicação devido a sensações dolorosas ou de calor. Esclerodermia Aumento da produção de colágeno que já está bastante aumentada pela presença da patologia. Fototipo IV Risco de hiperpigmentação*. Gestantes Risco de hiperpigmentação inflamatória acentuada após a aplicação do laser devido ao aumento nas concentrações hormonais que já são fatores predisponentes para o aparecimento de hipercromias. *A aplicação de laser deve ser evitada em todos os fototipos altos por causa do risco de hiperpigmentação. Fonte: Adaptado de Borges e Scorza (2016). 120 Estética Avançada Facial Cuidados e Prevenção O uso de protetor solar é uma das principais formas de prevenção no surgimento de hipercromias, uma vez que a maioria dos tipos de hipercromias está relacionada com a exposição à radiação solar. É importante que a aplicação do protetor solar seja realizada meia hora antes da exposição ao sol, com reaplicações e reforço sempre que necessário. Ainda, é importante lembrarmos do período de exposição ao sol, evitando o horário das 10h às 16h. Tais cuidados, além de prevenirem o surgimento, previnem que a exposição solar acentue a pigmentação de manchas já existentes. No mercado existem os filtros solares dos grupos: salicilatos, antranilatos, cinamatos, benzofenonas, dentre outros, que agem absorvendo as radiações UVA e UVB (GAEDTKE, 2011; PURIM; AVELAR, 2012). Ainda, há também os fotoprotetores físicos chamados de bloqueadores solares, os quais não são absorvidos pela pele. Eles formam uma espécie de filtro que reflete e dispersa a radiação UV. Têm amplo espectro de proteção contra a radiação UV e contêm ingredientes como dióxido de titânio e óxido de zinco. As gestantes, dadas as variações nas concentrações hormonais, podem ser mais propensas ao desenvolvimento das hipercromias. Assim, pelo grau de segurança e proteção oferecido pelos bloqueadores solares, têm o uso associado às peles sensíveis e à gestação (FIGUEIRÓ; FIGUEIRÓ-FILHO; COELHO, 2008; GAEDTKE, 2011). Além dos filtros e bloqueadores solares, existem também os protetores de barreira, que são representados pelo uso de roupas e acessórios, como boné ou chapéu de abas largas, óculos de sol, guarda-sol e sombrinha. A hipercromia cutânea periorbital, também conhecida como “olheira”, é um tipo de hiperpigmentação que causa incômodo aos pacientes e é tratada com luz intensa pulsada. Disponível em: <http:// www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/158/Hiperpigmentacao- periorbital>. Acesso em: 14 jun. 2018. 121 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 Atividade de Estudos: 1) Explique a microdermoabrasão. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Cite os diferentes níveis de peeling químico e o que provocam na pele. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Como o peeling químico age na pele? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4) Como a luz intensa pulsada promove o clareamento de uma hipercromia? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5) Cite 3 situações em que a luz intensa pulsada é contraindicada. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 122 Estética Avançada Facial 6) Explique o mecanismo de ação do laser fracionado. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 7) Cite 3 situações em que o laser é contraindicado e explique o porquê. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 8) Por que em pessoas de fototipo III é recomendado o uso de clareadores antes da aplicação do laser? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Para aprofundar seus conhecimentos nos assuntos estudados, você pode utilizar os seguintes livros: BORGES, F. dos S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2016. GERSON, J. et al. Fundamentos de Estética 3: ciências da pele. 10. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. 123 Tratamento das Hiperpigmentações ou Hipocromias Capítulo 4 Algumas Considerações Neste capítulo, estudamos como as hiperpigmentações podem surgir na pele e os principais fatores que podem desencadear a patologia. Relembramos o processo de pigmentação da pele e novamente ficou evidente que a exposição à radiação solar está fortemente associada à formação e à potencialização das hiperpigmentações. Ainda, compreendemos os mecanismos de ação das aplicações tópicas estudadas e dos recursos terapêuticos. Dentre as aplicações tópicas, estudamos a microdermoabrasão e o peeling químico, considerado um dos métodos mais utilizados atualmente. Em relação aos recursos terapêuticos, relembramos como a fototerapia age na pele a partir dos estudos sobre a ação da luz intensa pulsada e do laser fracionado, duas técnicas que promovem ótimos resultados no tratamento das hiperpigmentações. Também conhecemos as principais indicações e contraindicações de cada uma das técnicas estudadas, o que tornou evidente que o uso de técnicas que causam danos na pele faz requerer muita atenção na aplicação, seja de recursos terapêuticos, seja de aplicações tópicas, pois apresentam efeitos colaterais comuns. Ao fim desta disciplina de Estética Avançada Facial, importa que você, caro acadêmico, tenha em mente os principais conceitos, procedimentos e mecanismos de ação das diversas técnicas estudadas para que possa aplicar, na prática, os conhecimentos aqui adquiridos. Referências ALCHORNE, M. M. de A.; ABREU, M. A. M. M. de. Dermatologia da pele negra. An. Bras. Dermatol. v.83, n.1, p. 7-20, 2008. Disponível em: <http://www.scielo. br/pdf/abd/v83n1/a02.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2018. AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R. Dermatologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogna, 2006. BEZERRA, S. M. de F. M. C. Efeitos da radiação solar crônica e prolongada sobre o sistema imunológico de pescadores de Recife. Tese Doutorado. Universidade de São Paulo. 2007. 124 Estética Avançada Facial BODENDORF, M. O.; GRUNEWALD, S.; WETZIG, T. S. J. C.; PAASCH, U. Fractional laser skin therapy. J Dtsch Dermatol Ges. v.7, n.4, p. 301-8, 2009. BORGES, F. dos S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010. BORGES, F. dos S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2016. BRENNER, M.; HEARING, V. J. Modifying skin pigmentation – approaches through intrinsic biochemis tryan dexogenous agents. Drug DiscovTodayDisMech. n. 5, p. 189-199. United States, 2008. CESTARI, F. T.; DANTAS, L. P.; BOZA, C. J. Adquired hyperpigmentations. Anais Brasileiros de Dermatologia. n. 1, p. 11-25. Porto Alegre, 2014. COSTA, A.; PEREIRA, DE O. M.; ABDALLA, M. T.; CORDERO, T.; SILVA, A. R. D.; AMAZONAS, F. T. P. et al. Avaliação da melhoria na qualidade de vida de portadores de melasma após uso de combinação botânica à base de Bellis perennis, Glycyrrhiza glabra e Phyllanthus embrica comparado ao da hidroquinona, medido pelo MELASQoL. Surg. Cosmet. Dermatol. n. 3, p. 207-212, [S.l.] 2011. FIGUEIRÓ, T. L. M.; FIGUEIRÓ-FILHO, E. A.; COELHO, L. R. Pele e gestação: aspectos atuais dos tratamentos e drogas comumente utilizados. Femina, v. 36, n. 8, p. 511-521, 2008. GAEDTKE, N. G. Abordagem terapêutica do melasma na gestação – revisão bibliográfica. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-graduação em Medicina Estética da Universidade Tuiuti do Paraná). Curitiba, 2011. GERSON, J.; D’ANGELO, J.; LOTZ, S.; DEITZ, S. Fundamentos de Estética 3: ciências da pele. 10. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. GLOGAU RG. 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