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capítulo 1 • 21 Muito embora em quase toda Europa (França, Alemanha, Inglaterra, Dinamarca entre outros países) tenha sido realizada estatuária com a temática histórico-mitológi- ca, foi mesmo na Itália que ecoou com maior prodigalidade os ideais defendidos por Winckelmann. Pelo fato dele ter morado em Roma e esta ser um verdadeiro “museu a céu aberto”, a Cidade Eterna acabou se tornando o centro irradiador da escultura neoclássica e de interesse de muitos estudantes e artistas desta arte em sua época. Indiscutivelmente o italiano Antônio Canova (1757-1822), que também viveu em Roma contemporaneamente à Winckelmann. Canova foi o mais bem sucedido escultor desde Gian Lorenzo Bernini que talvez tenha sido o último grande artista italiano reconhecido em nível internacional, não só italiano, mas europeu, que atingiu com perfeição a representação em mármore branco de uma ampla gama de formas dinâmicas e de sentimentos sem retroceder ao contorcionismo exagerado do barroco. Embora sua carreira tenha se iniciado com uma produção rococó, logo se voltou para a temática neoclássica. Trabalhou como ninguém na exploração das emoções expressas numa fria pedra de mármore como sentimentos de ingenui- dade pueril em“As Três Graças” (1816) [figura 1.9] e “Eros e Psique” (1787), arrependimento e desconsolo na “Madalena Penitente” (1796) e até mesmo uma explosão de violência em obras como “Teseu e o Minotauro” (1783) ou “Hércules e Licas” (1815) [figura 1.10], apenas para citar alguns exemplos. Canova possuía uma refinada técnica no processo de trabalho do entalhe ao tra- tamento do mármore, na clareza das referências dos grandes escultores antigos e na pureza de linhas que o tornaram um modelo referencial para todos. No início século XIX sua fama se espalhou pela Europa, beneficiando-se de prestigiadas encomendas como de Napoleão e do Papa, bem como da nobreza italiana francesa e austríaca. Sua fama ultrapassou as fronteiras italianas alcançando a França, onde Napoleão convidou-o a ir a Paris. Assim, Canova tornou-se o retratista oficial de Napoleão produzindo várias obras, incluindo um bronze representando Napoleão como “Marte pacificatore“ (1806), que foi rejeitada pelo imperador pelo fato de ter sido representado nu (atualmente exposta na Accademia di Brera em Milão). A escultura representa, na verdade, muito mais um depoimento sobre o “napo- leonismo” do que propriamente a imagem do imperador. Nela, Napoleão aparece trazendo na mão direita o globo terrestre e a vitória alada; na esquerda e sobre o ombro, o bastão e a túnica militares.
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