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capítulo 3 • 109 Assim, a partir da segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, a produção arquitetônica foi uma mistura de estilos do passado para a criação de uma nova linguagem. Foram realizadas combinações de elementos inspirados na arquitetura clássica, medieval, renascentista, barroca e neoclássica. A arquitetura eclética se desenvolveu ao mesmo tempo e inter-relacionada com a Arquitetura Historicista, que buscou reviver a arquitetura antiga e gerou os estilos “NEOS” (Neoclássico, Neogótico, Neorromânico, Neorrenascença, Neobarroco etc.). O ecletismo também se aproveitou das novas tecnologias desenvolvidas pela engenharia associada ao processo de industrialização corrente, como a que possibilitou construções com estruturas de ferro bem como o uso de muitos elementos pré-fabricados desse material e posteriormente do desenvolvimento de técnicas com o emprego do cimento. Numa verdadeira “batalha de estilos”, al- guns estilos históricos eram considerados superiores a outros, em parte por razões estéticas, mas também por que certos períodos históricos eram vistos como cul- turalmente mais elevados do que outros. Ao imitar o estilo escolhido, esperava-se sem muita convicção que seria reproduzir também sua suposta excelência e suas virtudes morais associadas.132 Tratava-se de uma arquitetura de gosto popular devido, em grande parte, ao fato de que o arquiteto e seu cliente estavam sintonizados sob uma mesma lin- guagem, ambos queriam o mesmo resultado. Sob o impacto dessas novas ten- dências, as obras passaram a apresentar um ecletismo luxuriante, sobrecarregando de ornamentações, que empregava arbitrariamente referências históricas díspares bem como elementos exóticos do oriente, com isso, criando muitas vezes espaços internos de pouca funcionalidade assim como fachadas esdrúxulas. O melhor exemplo do conjunto dessa gama burguesa, historicista e urbana é o Ringstraße- "Ringstrasse" - de Viena (a partir de 1859), cujo conjunto de edifícios gregos, góticos, renascentistas e barrocos, típicos da arquitetura eclética acabou criando um “sub estilo” denominado Ringstraßenstil (Estilo Ringstraße). O Ring de Viena é um anel viário urbano concebido como local para a implantação dos prin- cipais equipamentos culturais, educacionais, religiosos e institucionais da capital austríaca e paradigma da arquitetura historicista europeia, expoente máximo das realizações do auge do Império Austro-húngaro.133 132 CURTIS, William. Arquitetura moderna desde 1900. Porto Alegre: Bookman, 2008, p. 24 133 PEREIRA, J.R.A.P. Introdução à história da arquitetura: das origens ao século XXI. Porto Alegre: Bookman, 2005., p.199.
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