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HIDRÁULICA ESCOAMENTOS EM SUPERFÍCIE LIVRE ENERGIA ESPECÍFICA (1/2) Prof. André Luiz Andrade Simões andre.simoes@ufba.br 2015 ESCOLA POLITÉCNICA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 1 INTRODUÇÃO Energia ou carga total, H, em uma seção: Energia potencial gravitacional mais trabalho das forças de pressão mais energia cinética (por unidade de peso de fluido). g2 V coshz g2 Vp zH 22 2 Energia específica, E* Conceito introduzido por Boris Alexandrovich Bakhmeteff (1880-1951, engenheiro russo), em 1912. A energia ou carga específica é a carga disponível em uma seção, tomando como plano de referência um plano horizontal que passa pelo fundo do canal, naquela seção. *No sentido hidráulico. Não confundir com a terminologia da termodinâmica. g2 V2 cosh z Figura 1 – Carga total H. INTRODUÇÃO 3 Boris Alexandrovich Bakhmeteff (1880-1951, engenheiro russo) Fonte: Columbia University Libraries Fonte: Rouse (1976). http://library.columbia.edu/locations/rbml/units/bakhmeteff/biography.html http://library.columbia.edu/locations/rbml/units/bakhmeteff/biography.html http://library.columbia.edu/locations/rbml/units/bakhmeteff/biography.html http://library.columbia.edu/locations/rbml/units/bakhmeteff/biography.html INTRODUÇÃO Energia específica: g2 V hE g2 V coshE 2 2 4 Com Q = VA, escreve-se: Para < 8º, cos 1 g2 V2 cosh 2 2 gA2 Q hE Figura 2 – Energia específica, E. CURVAS h x E PARA q = constante E h x q PARA E = constante Simplificações: canal retangular* e = 1. 5 .Vhb/Qq , gh2 q h hgb2 Q hE 2 2 22 2 q é a vazão unitária ou vazão específica, Q/b. Figura 3 – Energia específica em função de h. b h CURVAS h x E PARA q = constante E h x q PARA E = constante 6 Figura 4 – h em função de q para E = E0. Fonte: Porto (2006). b h Simplificações: canal retangular* e = 1. hEhg2q o 7 crítico) o(Escoament 1Fr 0, dh dE Se co)supercríti o(Escoament 1Fr 0, dh dE Se )subcrítico o(Escoament 1Fr 0, dh dE Se Fr1 gh V 1 gh q 1 dh dE gh2 q hE 2 2 3 2 2 2 ESCOAMENTO CRÍTICO É o escoamento correspondente à energia específica mínima para uma dada vazão ou o escoamento em que a vazão é máxima para uma dada energia específica. b h *Canal retangular: ESCOAMENTO CRÍTICO 8 2 h h h2 h h gh2 q hE g q h1 gh q 0 dh dE c c2 c 3 c c2 c 2 cc 3/1 2 c3 2 b h *Canal retangular: cc h 2 3 E c c 3 c c c gh h gh h q V Ec e Vc ESCOAMENTO CRÍTICO 9 forte. edeclividad de é canal o e cosupercríti é uniforme escoamento o ,II Se fraca edeclividad de é canal o e subcrítico é uniforme escoamento o ,II Se h gn h ghn II hh Se . h nq Ih I nq I b/nQ bhhAR I nQ 1)2h/b se largo (canal h b/h21 h h2b bh P A R co co 3/1 c 2 3/10 c 3 c 2 co c, 2 3/5o 3/5 oo 3/23/2 h o h Declividade crítica ESCOAMENTO CRÍTICO 10 3 máx 33 32 2 2322 322 2 2 2 gE 27 8 q E 27 8 g2E 9 4 g2E 3 2 g2E 3 2 gE2q máximo) de ponto :raiz (segunda 2/3Eh e raiz) (primeira 0h 0)h3E2(h 0,dq/dh Para .)h3E2(gh dh dq q gh3gEh2 dh dq q)gh2gEh2( dh d q dh d Eh para 0q 0h para 0q gh2gEh2q ,gh2por ndomultiplica , gh2 q hE máxq 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 h /h c E/hc Subcrítico Supercrítico ESCOAMENTO CRÍTICO Determinação das alturas alternadas em canais retangulares 11 2 2 c cc 2 2 c c c2 3 c 2 2 h2 h h h h E h2 h h h h h2 h h gh2 q hE Figura 5 – Canais retangulares: Relação adimensional envolvendo E, h e hc. 3 3 c 3 2 22 2 2 2 h h gh q hghb Q gh V Fr , gh V Fr ESCOAMENTO CRÍTICO Determinação das alturas alternadas em canais retangulares 12 3 954,0 2,86 h E m 954,0 8,9 )2,1/5,3( g q h c 3/1 2 3/1 2 c Exemplo 10.2 (Porto, 2006, p.296) – Um canal retangular tem 1,20 m de largura. Quais são as duas profundidades nas quais é possível ter um escoamento de 3,5 m³/s de água, com uma energia ou carga específica de 2,86 m? 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 h /h c E/hc Subcrítico Supercrítico )l(torrencia m 43,0h45,0 h h (fluvial) m 81,2h95,2 h h 2 c 2 1 c 1 SEÇÃO DE CONTROLE - INTRODUÇÃO 13 Figura 6 – Conceito de seção de controle. Fonte: Porto (2006). 1. Seções de controle são aquelas em que há uma relação conhecida entre vazão e altura de escoamento. 2. Seções de controle controlam as profundidades do escoamento em trechos do canal a montante ou a jusante, dependendo do tipo de escoamento. 3. Uma seção crítica é uma seção de controle. 4. A seção de controle de um escoamento subcrítico é localizada a jusante. 5. A seção de controle de um escoamento supercrítico é localizada a montante. APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 14 Figura 7 - Redução na largura do canal. Fonte: Porto (2006). APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 15 Figura 7 - Redução na largura do canal. Fonte: Porto (2006). APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 16 Figura 7 - Redução na largura do canal. Fonte: Porto (2006). APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 17 Figura 7 - Redução na largura do canal. Fonte: Porto (2006). APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Calhas medidoras de vazão 18 Figura 8 - Calhas medidoras de vazão. Fonte: Porto (2006). APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Calhas medidoras de vazão 19 Figura 9 – Exemplo: Calha Parshall Fonte: USBR APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 20 Exemplo 10.3 (Porto, 2006, p.305). Um canal retangular com 3,0 m de largura, rugosidade n = 0,014 e declividade de fundo Io = 0,0008 m/m transporta em regime permanente e uniforme uma vazão de 6,0 m³/s. Em uma determinada seção, a largura é reduzida suavemente para 2,40 m, assim qual a altura d’água nesta seção? Qual deveria ser a largura da seção contraída para que o escoamento seja crítico, sem alteração das condições do escoamento a montante? Despreze as perdas na transição. Solução. Altura de escoamento no regime uniforme (imediatamente antes da constrição) e o número de Froude correspondente: g2 V h g2 V hEE )subcrítico o(escoament 45,0 9,8.1,26 ,26)6,0/(3,0.1 gh V Fr uniforme) o(escoament m 26,1h42,0b/h158,0K 2 2 2 2 1 121 2 APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 21 Exemplo 10.3 (Porto, 2006, p.305). Um canal retangular com 3,0 m de largura, rugosidade n = 0,014 e declividade de fundo Io = 0,0008 m/m transporta em regime permanente e uniforme uma vazão de 6,0 m³/s. Em uma determinada seção, a largura é reduzida suavemente para 2,40 m, assim qual a altura d’água nesta seção? Qual deveria ser a largura da seção contraída para que o escoamento seja crítico, sem alteração das condições do escoamento a montante? Despreze as perdas na transição. Solução. Aplicando a equação da energia (desprezando perdas de carga) entre as seções 1 (início da constrição) e 2 (Seção contraída), escreve-se: 2 2 2 2 22 22 2 1 2 2 2 2 2 22 1 2 1 2 1 2 2 2 2 1 121 h.40,2.8,9.2 0,6 hE m 39,1 26,1.0,3.8,9.2 0,6 26,1E hgb2 Q h hgb2 Q h g2 V h g2 V hEE APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 22 Exemplo 10.3 (Porto, 2006, p.305). Um canalretangular com 3,0 m de largura, rugosidade n = 0,014 e declividade de fundo Io = 0,0008 m/m transporta em regime permanente e uniforme uma vazão de 6,0 m³/s. Em uma determinada seção, a largura é reduzida suavemente para 2,40 m, assim qual a altura d’água nesta seção? Qual deveria ser a largura da seção contraída para que o escoamento seja crítico, sem alteração das condições do escoamento a montante? Despreze as perdas na transição. Solução. Altura crítica e energia específica mínima na seção 2: m 29,186,0 2 3 h 2 3 E m 86,0 8,9 )40,2/0,6( g q h 2c2c 3/1 2 3/1 2 2c 2c 1,29 m < 1,39 m (Ec2 < E1) Conclusão: o escoamento continuará fluvial em 2. APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 23 Exemplo 10.3 (Porto, 2006, p.305). Um canal retangular com 3,0 m de largura, rugosidade n = 0,014 e declividade de fundo Io = 0,0008 m/m transporta em regime permanente e uniforme uma vazão de 6,0 m³/s. Em uma determinada seção, a largura é reduzida suavemente para 2,40 m, assim qual a altura d’água nesta seção? Qual deveria ser a largura da seção contraída para que o escoamento seja crítico, sem alteração das condições do escoamento a montante? Despreze as perdas na transição. Solução. Resolvendo a equação da energia: fluvial) o(escoament m 16,1h h.40,2.8,9.2 0,6 h39,1 26,1.0,3.8,9.2 0,6 26,1E hgb2 Q h hgb2 Q h g2 V h g2 V hEE 2 2 2 2 2 222 2 1 2 2 2 2 2 22 1 2 1 2 1 2 2 2 2 1 121 APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Redução na largura do canal 24 Exemplo 10.3 (Porto, 2006, p.305). Um canal retangular com 3,0 m de largura, rugosidade n = 0,014 e declividade de fundo Io = 0,0008 m/m transporta em regime permanente e uniforme uma vazão de 6,0 m³/s. Em uma determinada seção, a largura é reduzida suavemente para 2,40 m, assim qual a altura d’água nesta seção? Qual deveria ser a largura da seção contraída para que o escoamento seja crítico, sem alteração das condições do escoamento a montante? Despreze as perdas na transição. Solução. Largura limite em 2 para que o escoamento não seja alterado: m 14,2bbq0,6 s/m 81,2q g q 93,0h39,1h 2 3 EE 2c2c2c 2 2c 3/1 2 2c 2c2c2c1 APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Elevação no nível de fundo 25 Figura 10 - Elevação no nível de fundo. Fonte: Porto (2006). ZEE ZEE 12 21 APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Elevação no nível de fundo 26 Exemplo 10.4 (Porto, 2006, p. 309). Em um canal retangular de 5 m de largura escoa em regime permanente e uniforme uma vazão de 16 m³/s, com uma declividade de fundo Io = 1 m/km e coeficiente de rugosidade n = 0,021. Em uma determinada seção, um degrau de 0,20 m de altura é construído no fundo do canal e nesta mesma seção a largura é reduzida para 4,0 m. Desprezando as perdas de carga, verifique se a transição afetou as condições a montante e determine a altura d’água na seção. Se as condições do escoamento a montante não foram afetadas, qual deverá ser a máxima altura do degrau, sem que isto ocorra? Solução. m 2,113 98,1.6,19 )5/16( 98,1 gh2 q hE )subcrítico o(escoament m 98,1hm 015,1 8,9 )5/16( g q h uniforme) o(escoament m 98,1h395,0b/h145,0K 2 2 2 1 2 1 11 1 3/1 2 3/1 2 1 1c 12 APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Elevação no nível de fundo 27 Exemplo 10.4 (Porto, 2006, p. 309). Em um canal retangular de 5 m de largura escoa em regime permanente e uniforme uma vazão de 16 m³/s, com uma declividade de fundo Io = 1 m/km e coeficiente de rugosidade n = 0,021. Em uma determinada seção, um degrau de 0,20 m de altura é construído no fundo do canal e nesta mesma seção a largura é reduzida para 4,0 m. Desprezando as perdas de carga, verifique se a transição afetou as condições a montante e determine a altura d’água na seção. Se as condições do escoamento a montante não foram afetadas, qual deverá ser a máxima altura do degrau, sem que isto ocorra? Solução. fluvial) escoamento com contraída (seção m 2,113m 966,1766,120,0EZE vazão)a veicular para específica energia (mínima m 766,1 8,9 )4/16( g q 2 3 E 2c2min 3/1 2 3/1 2 2 2c APLICAÇÕES DA ENERGIA ESPECÍFICA EM TRANSIÇÕES Elevação no nível de fundo 28 Exemplo 10.4 (Porto, 2006, p. 309). Em um canal retangular de 5 m de largura escoa em regime permanente e uniforme uma vazão de 16 m³/s, com uma declividade de fundo Io = 1 m/km e coeficiente de rugosidade n = 0,021. Em uma determinada seção, um degrau de 0,20 m de altura é construído no fundo do canal e nesta mesma seção a largura é reduzida para 4,0 m. Desprezando as perdas de carga, verifique se a transição afetou as condições a montante e determine a altura d’água na seção. Se as condições do escoamento a montante não foram afetadas, qual deverá ser a máxima altura do degrau, sem que isto ocorra? Solução. Cálculo da altura de escoamento na seção 2 (transição) e Zc: m 35,0ZZ766,1113,2ZEE Portanto, .EE e hh :montante de condições asalterar não para limite Condição m 59,1h gh2 q h20,0113,2ZEE ccc2c1 c22c22 22 2 2 2 221 OCORRÊNCIA DA PROFUNDIDADE CRÍTICA 29 1) Caso 1a: Alimentação de um longo canal retangular de largura b, com certa declividade de fundo, por um reservatório mantido em nível constante. 0 dx dh porque 1Fr 0, dx dZ Se .0Fr1 dx dh dx dZ Fr1 dx dh dx dZ dx dh gh q dx dh dx dZ dx dH x,a relação em ndodiferencia , gh2 q hZH 2 2 3 2 2 2 Figura 11 – Canal com declividade forte. Fonte: Porto (2006). OCORRÊNCIA DA PROFUNDIDADE CRÍTICA 30 1) Caso 1b (canal de fraca declividade): Cálculo de Q e h (para condição uniforme) 2 2 3/2 h o gA2 Q hEH e AR n I Q Figura 12 – Canal com declividade fraca. Fonte: Porto (2006). Figura 12b – Queda livre. Fonte: Chow (1959). Bibliografia 1) CHAUDHRY, M. H. (2008) Open-channel flow. Springer, p.523. 2) CHOW, V.T. (1959). Open channel hydraulics. 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