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CURSO: ARQUITETURA E URBANISMO ATIVIDADE 1 - ARQ – TEORIA DO URBANISMO - 53/2022 ALUNO: GEORGE MARTINS MARIANI - RA: 21068587-5 Em meados do século XIX, Paris passou por uma profunda reforma urbana, durante o governo de Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte. A Reforma Urbana de Paris foi um vasto programa de obras públicas de modernização da capital francesa promovida por Georges-Eugène Haussmann entre 1852 e 1870. Georges-Eugène Haussmann (1809-1891) foi um advogado, funcionário público, político e administrador francês. Nomeado prefeito de Paris por Luis Napoleão III, tendo o título de “Barão”, foi o grande remodelador de Paris, cuidando do planejamento da cidade, durante 17 anos, contando com a colaboração de arquitetos e engenheiros renomados da Paris da época. Planta de Paris em 1853, antes dos trabalhos de Haussmann. Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. Haussmann, o então prefeito do departamento do Sena, concentrou os esforços da renovação urbana no sentido de promover melhorias nas manobras militares, assim como na circulação e na higienização da capital da França. Naquele momento, a França passava por um intenso período de industrialização e de urbanização e Paris não tinha infraestrutura para abrigar todos aqueles que migravam do campo para a cidade: nunca antes tantas pessoas habitaram a capital. Entre os muitos problemas enfrentados estavam as frequentes epidemias que surgiam devido à concentração populacional e à inexistência de saneamento básico. Com o intuito de promover a qualidade de vida, as obras de Haussmann incluíram melhorias como a instalação de esgotos, a extensão do sistema de distribuição de água e a promoção da iluminação pública. Para tal fim, demoliu inúmeras vias pequenas e estreitas residuais do período medieval, e criou imensos boulevards organizadores do espaço urbano, assim como jardins e parques. As largas avenidas e boulevares tinham um objetivo importante dentro do contexto das revoluções do século XIX. As amplas vias permitiam que tropas do governo se movimentassem livremente para manter a ordem em tempos revolucionários, de forma a evitar as barricadas e demais distúrbios. Os exércitos e a polícia podiam posicionar suas artilharias de forma a conter as aglomerações que porventura pudessem ocorrer. O plano incluía a demolição de cerca de dezenove mil prédios históricos e a construção de outros trinta e quatro mil novos, aproximadamente. As antigas ruas foram substituídas por amplas vias, de arquitetura eclética e neoclássica, em tons pastel, alinhados e dentro de proporções uniformizadas. Foram construídos grandes parques, um novo sistema de esgoto, um novo aqueduto para a água doce, rede de gás subterrâneo para iluminação pública e privada, fontes e banheiros públicos. Novas estações de trem foram construídas, bem como o ícone do ecletismo mundial, a Opera de Paris. As avenidas radiais, saindo do Arco do Triunfo, caracterizam o plano de Haussmann. Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris. Linhas mais grossas, novas ruas – tracejado quadriculado, novos bairros – tracejado horizontal, os dois grandes parques periféricos: o Bois de Boulogne (à esquerda) e o Bois de Vincennes (à direita).Paris Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. Um dos principais pontos da reforma de Haussmann é a reforma da Ìlle de la Cité em área militar. Para atingir esse objetivo, todas as edificações existentes são demolidas. Para Haussmann, “a arquitetura é um problema administrativo” e só deve visar os interesses de Napoleão, interesses esses, de cunho estritamente militares. A partir daí, é produzido um urbanismo totalmente racionalista visando apenas à técnica e desconsiderando o aspecto histórico. A Île de la Cité e seus arredores medievais antes das obras de Haussmann (Vaugondy mapa de 1771). A Île de la Cité (Ilha da Cidade em português) é uma de duas ilhas no rio Sena (a outra é a Île Saint-Louis) que pertencem à cidade de Paris, em França. É o centro da capital francesa e foi onde a cidade medieval de Paris foi fundada. A Ile de la Cité transformada por Haussmann: novas ruas transversais (vermelho), espaços públicos (azul claro) e dos edifícios (azul mais escuro). Uma das obras primas foi a construção da Ópera por Charles Garnier, inaugurada em 1875, um dos mais emblemáticos edifícios da arquitetura eclética francesa. L’Opéra de Paris foi projetado pelo arquiteto Charles Garnier a pedido do imperador Napoleão III e levou treze anos para ser concluído, de 1862 a 1875. O prédio é suntuoso e singular, uma mistura de materiais como pedra, bronze, mármore e outros, bem como de estilos que vão do clássico ao barroco, tido como o "estilo do 2º Império". L’Opéra de Paris foi projetado pelo arquiteto Charles Garnier. O plano criado para o centro da cidade, previa a reformulação da área em um dos extremos dos Champs-Elysées (Campos Elíseos). Haussmann criou uma estrela de 12 avenidas amplas em volta do Arco do Triunfo, onde grande mansões foram erguidas entre 1860 e 1868. Além da Place de l'Opéra, foi projetada também pelo Barão a Place de l’Étoile, um dos cruzamentos mais complicados de Paris. Place de l’Étoile, um dos cruzamentos mais complicados de Paris. Place de l’Étoile, projeto. Haussmann transformou Paris em vinte anos, quando foi forçado a deixar o cargo em 1870. Foi Sub-prefeito em Nérac em 1830, prefeito do Sena de 1853 a 1870, senador em 1870, deputado em 1877. As despesas decorrentes de todas as suas obras provocaram protestos e levaram à sua demissão. Seus projetos continuaram sendo seguidos até os anos 1920. Porém, Haussmann também foi criticado, pois demolira a Paris antiga e tradicional, não sendo poupado por críticos, jornalistas e desenhistas de sua época. Os projetos de Haussmann foram sem precedentes pelo fato de ter conseguido resultados com padrões elevados e uniformes em tão pouco tempo, dentro do contexto do ecletismo da segunda metade do século XIX. Dessa forma se ergue uma elegante e homogeneizadora Paris sobre os escombros da antiga, futuramente apagando-a da memória histórica junto das correntes guerras civis e influenciando a modernização de outras tantas metrópoles desde o século XIX e estendendo-se até hoje.
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