Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Scire Salutis Out 2019 a Jan 2020 - v.10 - n.1 ISSN: 2236-9600 This article is also available online at: www.sustenere.co ©2020 ®Companhia Brasileira de Produção Científica. All rights reserved. Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática O sistema linfático é um dos principais sistemas do corpo humano, responsável pela drenagem do excesso de fluidos intersticiais, age paralelamente ao sistema cardiovascular e é constituído por uma rede de vasos e capilares linfáticos que transportam a linfa, ductos coletores e gânglios. Desequilíbrios nesse sistema podem acarretar na formação de edema, acumulo de liquido entre as células. A drenagem linfática manual é uma técnica desenvolvida para auxiliar o sistema linfático a realizar suas funções. A técnica desenvolvida por Vodder e Estrid, ganhou visibilidade mundial e consiste no estimulo dos linfonodos e no direcionamento da linfa no seu sentido natural, apresentando bons resultados no tratamento de edema. Para a realização do presente trabalho foi utilizado o método de revisão de literatura, utilizando as bases de dados SciELO, Google Acadêmico e Annals of Internal Medicine. Como critério de inclusão foram avaliados artigos da língua portuguesa que retratavam especificamente a fisiologia do sistema linfático e a fisiopatologia do edema, de modo que, ao final da leitura, dos 65 artigos avaliados, apenas 19 se enquadravam. Com a realização desta pesquisa, pode-se constatar que existem diversas técnicas de drenagem linfática, método utilizado para auxiliar o sistema linfático na drenagem do excesso de liquido intersticial, e que independentemente do método utilizado, a técnica deve ser realizada por pessoa qualificada e com movimentos suaves e lentos, respeitando sempre a anatomia e fisiologia do corpo humano. Palavras-chave: Sistema Linfático; Linfa; Drenagem Linfática; Edema. Anatomy and physiology of the lymphatic system: edema formation process and lymphatic drainage technique The lymphatic system is one of the main systems of the human body, responsible for the drainage of excess interstitial fluids, acts in parallel with the cardiovascular system and consists of a network of lymphatic vessels and capillaries that carry the lymph, collecting ducts and ganglia. Imbalances in this system can lead to the formation of edema, fluid accumulation between cells. Manual lymphatic drainage is a technique designed to help the lymphatic system perform its functions. The technique developed by Vodder and Estrid has gained worldwide visibility and consists of stimulating lymph nodes and directing lymph in its natural sense, presenting good results in the treatment of edema. For the accomplishment of this work the literature review method was used, using the databases SciELO, Google Scholar and Annals of Internal Medicine. As inclusion criteria were evaluated articles of the Portuguese language that specifically portrayed the physiology of the lymphatic system and the pathophysiology of edema, so that, at the end of reading, of the 65 articles evaluated, only 19 fit. With this research, it can be seen that there are several techniques of lymphatic drainage, a method used to assist the lymphatic system in the drainage of excess interstitial fluid, and regardless of the method used, the technique should be performed by qualified person and with smooth and slow movements, always respecting the anatomy and physiology of the human body. Keywords: Lymphatic System; Lymph; Lymphatic Drainage; Edema. Topic: Fisiologia Reviewed anonymously in the process of blind peer. Received: 02/10/2019 Approved: 20/01/2020 Tauge Marione Leal da Silva Marques Instituto de Excelência em Educação e Saúde, Brasil http://lattes.cnpq.br/7484500567322586 http://orcid.org/0000-0003-2563-3077 tauge.marione@gmail.com Adriane Garcia Silva Instituto de Excelência em Educação e Saúde, Brasil http://lattes.cnpq.br/0675634316488245 http://orcid.org/0000-0002-0327-8951 drika_adriane0@hotmail.com DOI: 10.6008/CBPC2236-9600.2020.001.0001 Referencing this: MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G.. Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática. Scire Salutis, v.10, n.1, p.1-9, 2020. DOI: http://doi.org/10.6008/CBPC2236-9600.2020.001.0001 Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. P a g e | 2 Scire Salutis v.10 - n.1 Out 2019 a Jan 2020 INTRODUÇÃO O corpo humano é formado por um conjunto de órgãos que agrupados, dão origem aos sistemas responsáveis pelo funcionamento e equilíbrio do organismo. Dentre estes, o sistema linfático (Sl) é responsável por remover fluidos em excesso dos tecidos, absorver ácidos graxos e transporte subsequente da gordura para o sistema circulatório, agindo paralelamente ao sistema cardiovascular (SILVA, 2010). Silva (2010) enfatiza que: A água rica em elementos nutritivos, sais minerais e vitaminas, ao deixar a luz do capilar arterial, desembocam no interstício, onde as células retiram os elementos necessários ao seu metabolismo e eliminam produtos de degradação celular. Em seguida, o liquido intersticial, através das pressões exercidas, retorna a rede de capilares venosos. Devido à função de reabsorção de fluidos no espaço intersticial (espaço entre os capilares sanguíneos e as células), o SL representa papel fundamental para o equilíbrio hídrico. Qualquer disfunção na atividade desse sistema pode acarretar em um acumulo de liquido no tecido intersticial, resultando em edema, que, de acordo a Santos et al. (2016), constitui um quadro de desordem vascular onde se observa um déficit no equilíbrio das trocas de líquidos em nível de interstício. [...] o aparecimento dos edemas depende de um desequilíbrio hidrostático, que facilitaria a transudação de fluido, e a pressão osmótica do plasma, que se oporia a sua saída. A permeabilidade capilar, pressão tecidual são outros fatores associados para o equilíbrio dos compartimentos vascular e intersticial. (FRANCA et al., 2014) Um questionamento frequente entre os profissionais da saúde é: Como proceder em casos de edema?. Atualmente, um dos métodos de tratamento de edema é a Drenagem Linfática Manual (DLM), técnica de massagem realizada com movimentos suaves e rítmicos que seguem a anatomia do SL, sendo iniciada com o estimulo dos linfonodos, e posteriormente, movimentos para drenagem da linfa (CAMARGO, 2012). Além de tratar o edema, a DL também aumenta a hidratação e nutrição celular, acelerando a cicatrização de ferimentos, redução da retenção de liquido, aumento da imunidade, reabsorção de hematomas e equimoses, combate a celulite e relaxamento corporal, motivo pelo qual está entre os métodos mais procurados em clínicas e centros de estética especializados em tratamentos corporais (TACANI et al., 2011). Por se tratar de um método que age sobre um dos sistemas de maior complexidade do organismo, faz-se necessário o desenvolvimento de conhecimentos específicos sobre o tema, o que justifica a elaboração do presente artigo. Neste estudo, elaborado a partir de revisão bibliográfica, objetiva-se descrever de forma sucinta a anatomia e fisiologia do sistema linfático, bem como o processo de formação de edema e a teoria relacionada às principais técnicas de drenagem linfática. METODOLOGIA O artigo foi desenvolvido a partir da metodologia de pesquisa bibliográfica que consiste na avaliação de documentos, textos e publicações que possam contribuir de forma cultural ou cientifica para elucidação de alguma questão ou problema, sendo parte fundamental de qualquer estudo por tornar possível conhecer Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagemlinfática MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. P a g e | 3 Scire Salutis v.10 - n.1 Out 2019 a Jan 2020 e comparar a visão de outros autores sobre determinado assunto (CERVO et al., 1983). Utilizando os descritores, Sistema linfático, linfa, drenagem linfática e edema, foram localizados 65 artigos dos quais apenas 19 se enquadravam no critério de seleção, que se baseou em artigos da língua portuguesa que retratavam especificamente da fisiologia do sistema linfático e a fisiopatologia do edema. As bases de dados utilizadas para obtenção dos artigos científicos foram: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Annals of Internal Medicine e Google Acadêmico. DISCUSSÃO TEÓRICA Sistema linfático Para melhor compreender a ação da DLM no organismo, faz-se necessário ter um breve conhecimento sobre a anatomia e fisiologia do SL, bem como o processo de formação de edema. Embriologicamente, o SL tem origem no mesoderma, folheto germinativo do qual derivam diversos tecidos como o muscular, conjuntivo e vascular. Constituído por uma ampla rede de vasos, funciona associadamente ao sistema circulatório e tem como principal função a remoção de líquidos dos espaços intersticiais, sua reciclagem através da retirada de proteínas e ácidos graxos e sua devolução a corrente sanguínea. Esse processo pode ser observado na fig. 1 (COELHO, 2004). Figura 1: relação entre os capilares linfáticos, células teciduais e capilares sanguíneos. Após adentrar nos capilares linfáticos o liquido intersticial passa a ser chamado de Linfa. A linfa é um liquido viscoso e transparente com composição semelhante à do plasma sanguíneo, diferindo apenas na concentração de proteínas que é mais baixa. Existe ainda uma grande concentração de leucócitos, principalmente linfócitos, uma vez que o SL participa de forma ativa na resposta imunológica do organismo (BACELAR et al., 2017). Sabe-se que o fluxo da linfa é lento, uma vez que o SL não possui um sistema bombeador próprio – como no caso do coração para o sistema cardiovascular – dependendo de fatores como a pulsação de artérias, peristaltismo visceral e respiratório e contração muscular próximo aos vasos linfáticos (OZOLINS et al., 2018). Anatomicamente o SL subdivide-se em (SILVA, 2010): Capilares linfáticos: menores vasos condutores do SL, constituídos de tubos de paredes finas formados por uma única camada de células endoteliais Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. P a g e | 4 Scire Salutis v.10 - n.1 Out 2019 a Jan 2020 superpostas, coletam a linfa nos vários órgão e tecidos; Pré-coletores: intermediam capilares e vasos linfáticos. Possuem paredes formadas por tecido endotelial, estando o seu endotélio interno coberto por tecido conjuntivo e fibras elásticas e musculares (LEDUC et al., 2007); Sistema de vasos linfáticos: originadas dos capilares linfáticos possuem paredes formadas por três camadas de células semelhantes à parede das veias. Conduzem a linfa dos capilares linfáticos até a corrente sanguínea (sistema circulatório). Todos os vasos linfáticos possuem válvulas que impedem o retorno da linfa em seu interior, fazendo com que flua em um único sentido; Ductos linfáticos: Ducto linfático torácico: maior vaso linfático do corpo se origina no abdômen e desemboca na veia suplacavia esquerda na sua junção com a veia jugular interna esquerda. Ducto linfático direito: desemboca na veia subclávia direita em junção com a veia jugular interna direita; Linfonodos ou gânglios linfáticos: pequenas estruturas ovais interpostas no trajeto dos vasos linfáticos que tem como função criar uma barreira ou filtro contra a penetração de micro-organismos, toxinas ou substancias estranhas e/ou nocivas ao organismo na corrente sanguínea. Existem ainda três órgãos que são relacionados ao sistema linfático, devido à presença de tecido linfoide, são eles: Baço (participa da resposta imune através da formação de linfócitos), tonsilas (funciona como barreira contra MO da região oral e faríngea) e timo (atua no desenvolvimento do sistema imunológico, instruindo os linfócitos T e tornando-os imunocompetentes) (SILVA, 2010). Movimento da linfa e formação de edema O filosofo britânico Ernest Starling foi o primeiro a descrever o movimento dos fluidos corporais. Com a formulação de uma equação que posteriormente ficaria conhecida como equação de Starling, o autor descreveu as forças fisiológicas que controlam o movimento de fluidos ao longo do leito capilar (LEDUC et al., 2007). Starling defendia que o movimento dos fluidos através das membranas capilares dependia de seis variáveis (SILVA, 1998): Pressão hidrostática capilar (Pc) – própria pressão exercida pela passagem do sangue no vaso; varia de 10 a 30 mm Hg – a depender do local de medição; Pressão hidrostática Intersticial (Pi); é levemente negativa, devido a constante sucção de liquido pelos capilares linfáticos (- 3 mm hg); Pressão oncótica capilar ou pressão coloidosmótica (πc) – gerada pelas proteínas plasmáticas presentes no sangue; 28 mm Hg; Pressão oncótica intersticial (πi) 8 mm H g; Coeficiente de reflexão (R) - mede o índice de eficácia da parede capilar de impedir a passagem de proteínas, de modo que 1 (normal) equivale a totalmente impermeável e menor que 1 (patológico), facilmente permeável; Coeficiente de filtração (Kf) – permeabilidade da parede vascular para os líquidos depende da condutividade hidráulica e da área de superfície do capilar. Na equação desenvolvida por Starling, o fluxo de liquido do capilar ao interstício (Q) é medido em milímetro por minuto (mm.min), as pressões são medidas em milímetro de mercúrio (mm Hg), e o coeficiente de filtração é medido em milímetros por minuto em milímetro de mercúrio – ml.min-1.mm Hg-1, ficando (SILVA, 1998): Q = Kf ([Pc – Pi] – R [πc – πi]) Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. P a g e | 5 Scire Salutis v.10 - n.1 Out 2019 a Jan 2020 *A filtração (passagem de água do capilar para o interstício) ocorrera sempre que o movimento do liquido for positivo (+) e a absorção (passagem de água do interstício para o capilar) ocorrerá sempre que o movimento for negativo (-). Deste modo, nos indivíduos normais, a quantidade líquida filtrada será quase igual à quantidade absorvida, de modo que a força efetiva para a filtração é de 0,3 mmHg. Essa quantidade de liquido filtrada ira retornar a circulação através dos capilares linfáticos (CAMARGO, 2012). Ressalta-se ainda que, na extremidade arterial do capilar ocorre a filtração, enquanto que na extremidade venosa, ocorre absorção. Isto acontece devido a diferença na pressão hidrostática nas extremidades do capilar (arterial = 30 mmHg/venosa = 10 mmHg) fig. 2 (SILVA, 1998). Figura 2: esquema de filtração a absorção da linfa no espaço intersticial. Em suma, o fluxo dos fluidos a nível capilar dependera da permeabilidade da parede capilar e pela diferença entre as variações das pressões hidrostática e oncótica ao longo do leito capilar, e, segundo o autor, alterações nesse equilíbrio, resultariam em edema (OZOLINS et al., 2018). Formação de Edema Como supracitado, entende-se por edema o aumento no volume de liquido intersticial e/ou cavidades corporais, resultante de um desequilíbrio das pressões hidrostáticas e oncótica que atuam para mover o liquido para o capilar sanguíneo (SOUZA et al., 2015). As principais causas de edema podem ser observadas no quadro 1. Quadro 1: Principais causas de edema. Aumento da permeabilidade vascular Retorno deficiente do filtrado Diminuição da pressão coloidosmótica intravascular (oncótica) Alterações intersticiais com aumento da hidrofilia intercelularMacromoléculas migram para o interstício Pressão oncótica intravascular Pressão oncótica intersticial. Causas: inflamações, intoxicações, toxemias, alergias, hipóxia. Pressão hidrostática em nível da extremidade vênular do capilar. Tempo de filtração; Diminui o tempo de reabsorção. Causas: obstáculo ao fluxo venoso (trombose, embolia, cirrose etc.) Atração do líquido durante a fase de reabsorção na extremidade vênular do capilar. Causas: hipoproteinemias por perda ou por deficiência de síntese. Mucopolissacarídeos no interstício; Pressão oncótica intersticial e da hidrofilia por aumento na complacência e diminuição da pressão intersticial. Causas: hipotrofias. Fonte: Adaptado de Vasconcelos (2010). Sabe-se que o Sl funciona como uma via de drenagem de líquidos intersticiais para as vias linfáticas, Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. P a g e | 6 Scire Salutis v.10 - n.1 Out 2019 a Jan 2020 quando os fluidos dos tecidos não voltam aos vasos sanguíneos, evitando seu acúmulo. Quando ocorre algum desequilíbrio nesse sistema de drenagem, o SI não consegue realizar a filtragem da linfa e devolve-la para o sistema circulatório, gerando um acumulo entre os tecidos que ocasiona edema, como pode ser observado na figura 4 (BACELAR et al., 2017). Faz-se indispensável à compreensão dos mecanismos formadores do edema para que a terapêutica aplicada suceda em bons resultados, deste modo entende-se que as principais alterações fisiológicas envolvidas no processo de formação de edema são a integridade vascular e o desequilíbrio das forças de starling (COELHO, 2004). Figura 3: Formação de edema. Drenagem linfática manual Trata-se de uma técnica de massagem que visa estimular o correto funcionamento do SL, aumentando a oxigenação tecidual e diminuído o edema causado por acumulo de liquido (SOUZA et al., 2015). De acordo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017), A drenagem linfática tem como objetivo aumentar o volume da linfa a ser transportada pelos vasos e ductos linfáticos, por meio de manobras que imitem o bombeamento fisiológico. Ela tem influência direta no aumento da oxigenação dos tecidos favorecendo a eliminação de toxinas e metabolitos, aumenta a absorção de nutrientes por meio do trato digestório, aumenta a quantidade de líquidos a ser eliminada e melhora as condições de absorção intestinal, dentre outras funções. Historicamente, o primeiro relato de uso da DLM data 1892, pelo cirurgião austríaco Winiwarter. Posteriormente, estudo aprofundados sobre a aplicação da drenagem em tratamento de disfunções e patologias foram realizados, fazendo com que o a técnica se tornasse mundialmente conhecida. Os principais nomes na drenagem linfática estão descritos no quadro 2 (CAMARGO et al., 2018). Quadro 2: Principais nomes da drenagem linfática. Técnica Manobra Pressão aplicada Acessório Sentido da drenagem VODDER (DINAMARCA) Círculos fixos; Bombeamento; Mao em concha; Giratório ou rotação. De 30 a 40 mmHg. Suave e leve deve ser decrescente, da palma das mãos para os dedos. Não utiliza. Corporal: Proximal para distal Facial: Centro da face ao linfonodo correspondente FÖLDI (ALEMANHA) Bombeamento em bracelete; Círculos estacionários; Pinçamento com mobilização tecidual; De 30 a 40 mHg suave, lenta, intermitente e relaxante. Bandagem elástica de média compressão. Corporal: Proximal para distal Facial: Centro da face ao linfonodo correspondente Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. P a g e | 7 Scire Salutis v.10 - n.1 Out 2019 a Jan 2020 Mobilização articular; Movimento combinado. LEDUC (BELGICA) Circular com os dedos; Circular com os polegares; Combinados Pressão em bracelete. De 30 a 40 mmHg suave e leve deve ser decrescente da palma das mãos para os dedos. Bandagens, pressoterapia ou exercícios. Corporal: Proximal para distal Facial: Centro da face ao linfonodo correspondente GODOY e GODOY (BRASIL) Bombeamento por ativação clavicular; Mao em concha; Giratório ou rotação. De 30 a 40 mmHg suave e leve deve ser decrescente da palma das mãos para os dedos. Roletes e RA de Godoy e Godoy Corporal: Proximal para distal Facial: Centro da face ao linfonodo correspondente Fonte: Adaptado de Zanella et al. (2010) e Santos et al. (2016). Apesar de terem sido descritas em estudo diferentes, Todas as técnicas consistem na associação de três categorias de manobras: captação, reabsorção e evacuação da linfa. As manobras são realizadas com pressões suaves, lentas, intermitentes e relaxantes (OZOLINS et al., 2018). Godoy et al. (2004) dividem a drenagem linfática em duas leis: 1ª a drenagem linfática manual deve obedecer ao sentido do fluxo, pois se for realizada em sentido contrário pode forçar a linfa Cintra as válvulas, podendo danifica-las e, consequentemente, destruir um ‘coração linfático’. 2º os linfonodos constituem naturalmente barreiras limitantes e funcionam como filtros do sistema; portanto são limitadores da velocidade de drenagem. Deste modo, devemos obedecer a capacidade de filtração dos linfonodos, controlando a velocidade da drenagem e a pressão exercida. Os autores descrevem uma nova técnica de drenagem linfática que associa roletes ao mecanismo de drenagem. O estimulo segue o sentido do fluxo linfático como no método de Vodder, mas sugere a eliminação dos movimentos circulares ao estimulo do linfonodo, simplificando o método (GODOY et al., 2004). É de suma importância que, para a aplicação adequada da DLM, seja respeitada a anatomia e a fisiologia do sistema linfático, ressaltando a necessidade de ser realizada por pessoa capacitada. O sentido da drenagem linfática manual pode ser observado na figura 4. Figura 4: Sentido da drenagem linfática. Estudos apontam que, a partir da aplicação da DL em paciente com edema, observa-se rapidamente a diminuição do inchaço, hematoma com favorecimento da neoformação vascular e nervosa, prevenindo ainda a formação de cicatrizes hipertróficas (CEOLIN, 2006). A técnica é indicada ainda no tratamento do Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. P a g e | 8 Scire Salutis v.10 - n.1 Out 2019 a Jan 2020 linfedema, fibroedemageloide (celulite), cirurgia plástica, menopausa, gestação, tensão pré-menstrual (SILVA, 2010). No entanto, é contraindicada em casos de insuficiência renal, hipertensão arterial, gestação de alto risco, câncer, trombose, processos infecciosos (SILVA et al., 2017). Vale ressaltar que o corpo humano realiza de forma natural o processo de drenagem de líquidos, porém, em casos de patologias esse processo fica mais lento ou defeituoso. Deste modo, a DL é um mecanismo que ajuda o organismo a reestabelecer o equilíbrio através do estímulo no fluxo da linfa. CONCLUSÕES Através do exposto, pode-se concluir que, o sistema linfático possui papel fundamental no equilíbrio do corpo humano e que, apesar de o organismo realizar a drenagem linfática de forma natural, eventualmente pode ocorrer um desequilíbrio no funcionamento, acarretando em edema. Visando a importância de se conhecer a opinião de outros autores sobre o tema exposto, observou-se uma grande variação sobre a técnica escolhida, de modo que, a principal semelhança entre as técnicas descritas neste trabalho é a velocidade e o direcionamento das manobras. A técnica de drenagem linfática não é algo novo, desde sua criação, diversos estudos foram realizados visando o aprimoramento, sempre respeitando a anatomiae fisiologia do sistema linfático. Deste modo, observa-se que, independentemente do método aplicado, os movimentos da drenagem sempre devem ser suaves e lentos, seguindo o sentido do fluxo da linfa. Ressalta-se ainda que, quando realizada por profissional capacitado e da maneira correta, a drenagem linfática manual proporciona resultados positivos na redução de edemas, motivo pelo qual é tão difundida pelo mundo. REFERÊNCIAS BACELAR, R. O.; PEREIRA, V. H.. Revisão de literatura da fisiopatologia da popularmente conhecida celulite: uma reflexão sobre o método Godoy e Godoy como possibilidade de tratamento. Rio de Janeiro, 2017. CAMARGO, E. A.. Estudo da ação da drenagem linfática manual sobre as concentrações dos eletrólitos e fluxo urinário. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTIFICA UNIMEP, 20. Anais. 2012. CAMARGO, E. A.; BORGHI, F.; SOUZA, A. L.; MARCORIN, D. M.; RODRIGUES, L. D.; CREGE, D. R.. Efeito Agudo da Drenagem Linfática Manual sobre a Natriurese e Lipólise de Mulheres Jovens. International Journal of Cardiovascular Sciences, v.31, n.3, p.274-281, 2018. CEOLIN, M. M.. Efeitos da drenagem linfática manual no pôs operatório imediato de lipoaspiração no abdome. Monografia (Bacharelado em Fisioterapia) - Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, 2006. CERVO, L. A.; BERVIAN, P. A.. Metodologia Científica para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1983. COELHO, E. B.. Mecanismo de Formação de Edemas. Ribeirão Preto, 2004. FRANCA, C. P.; AGUIAR, G. F.; PARRA, C. C.. Efeitos Fisiológicos e benefícios da drenagem linfática manual em edema de membros inferiores: Revisão de Literatura. Monografia (Bacharelado em Fisioterapia) - Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Araçatuba, Araçatuba, 2014. GODOY, J. M.; GODOY, M. D.. Drenagem linfática manual: novo conceito. Jornal Vascular Brasileiro, Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, v.3, n.1, p.77- 79, 2004. LEDUC, A.; LEDUC, O.. Drenagem Linfática: Teoria e Pratica. São Paulo: Manole, 2007. OZOLINS, B. C.; MENDES, A. F.; PINTO, L. P.; ASSIS, I. B.. Drenagem Linfática Clássica: revisão de literatura. Revista Saúde em Foco, n.10, p.319-323, 2018. SANTOS, D. A.; MEJIA, D. P.. Analise comparativa das técnicas de drenagem linfática manual: Método Vodder e Método Godoy e Godoy. Dissertação (Especialização em Fisioterapia Dermato-Funcional) - Faculdade Cambory, Goiânia, 2016. SILVA, G. A.. Derrames Pleurais: Fisiopatologia e Diagnostico. Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. P a g e | 9 Scire Salutis v.10 - n.1 Out 2019 a Jan 2020 In: SIMPÓSIO DE DOENÇAS PULMONARES. Anais. 1998. p.208-215. SILVA, R. H.. Drenagem linfática manual no tratamento de pacientes portadores de feridas venosas crônicas em membros inferiores em uso de curativos bioativos. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia Médica) - Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2010. SILVA, T.; GUERRA, M. S.. Aspectos Fisiológicos da Drenagem Linfática Manual na Gestação. Revista Saúde em Foco, n.9, p.576-579, 2017. SOUZA, A. P.; SANTOS, T. M.; GIACOMOLLI, C.. Drenagem Linfática na Gestação. In: SEMINÁRIO INTERINSTITUCIONAL DE ENSINO PESQUISA E EXTENSÃO, 20. Anais. UNICRUZ, 2015. TACANI, R. E.; TACANI, P. M.; LIEBANO, R. E.. Intervenção fisioterapêutica nas sequelas de drenagem linfática manual iatrogênica: relato de caso. Revista Fisioterapia e Pesquisa, v.18, n.2, p.188-194, 2011. VASCONCELOS, A. C.. Patologia Geral. Belo Horizonte, 2010. ZANELLA, B. I.; RUCKL, S.; VOLOSZIN, M.. A importância da drenagem linfática manual no pôs operatório da abdominoplastia. Monografia (Tecnólogo em Cosmetologia e Estética) - Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, 2010. A CBPC – Companhia Brasileira de Produção Científica (CNPJ: 11.221.422/0001-03) detém os direitos materiais desta publicação. Os direitos referem-se à publicação do trabalho em qualquer parte do mundo, incluindo os direitos às renovações, expansões e disseminações da contribuição, bem como outros direitos subsidiários. Todos os trabalhos publicados eletronicamente poderão posteriormente ser publicados em coletâneas impressas sob coordenação da Sustenere Publishing, da Companhia Brasileira de Produção Científica e seus parceiros autorizados. Os (as) autores (as) preservam os direitos autorais, mas não têm permissão para a publicação da contribuição em outro meio, impresso ou digital, em português ou em tradução.
Compartilhar