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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO Professora: Ilana Aló E-mail: ribeiro.ilana@estacio.br mailto:Ribeiro.ilana@estacio.br DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO Aula 4TEMA: 2. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO TÓPICOS: 2.1 FONTES DO DIREITO OBJETIVOS ❑Identificar as fontes do Direito Internacional Público e sua importância para a normatização da Sociedade Internacional ❑Compreender a importância das fontes para as normas jurídicas aplicáveis aos Estados, organismos internacionais e indivíduos. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO BIBLIOGRAFIA❑ VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público ❑ DA SILVA, Davi José de Souza. Apostila UNESA. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO 1. Situação problema Na presente situação hipotética, suponha a adoção de um tratado internacional, a respeito da proibição da prisão civil, exceto em casos de inadimplemento de pagamento de verba alimentar. Assinado o tratado, ele é incorporado, via processo legislativo, ao sistema normativo brasileiro. A partir disso, é possível identificar: qual a qualidade normativa que, em tese, ele deve ser recebido? TRATADOS INTERNACIONAIS • Conceito (Art. 2° CVDT): • Tratado é um acordo internacional concluído por escrito entre Estados ou entre Estados e Organizações Internacionais, regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. TRATADOS INTERNACIONAIS • Características gerais • Podemos identificar três grandes princípios gerais do direito dos tratados: • a) Consensualismo: • Fundamenta-se sobre a autonomia da vontade dos sujeitos de direito internacional. Os próprios sujeitos definem as características do futuro tratado. TRATADOS INTERNACIONAIS • b) Ausência de hierarquia: • Não há hierarquia entre tratados. • A exceção à regra é o jus cogens, considerado uma espécie de norma obrigatória a todos os Estados. TRATADOS INTERNACIONAIS • c) Ausência de formalismo: • Os tratados devem ser realizados por escrito. No entanto, não existem procedimentos específicos, rígidos para a redação dos tratados. TRATADOS INTERNACIONAIS • Classificação dos tratados: • Formal (de acordo com a forma): ❑ 1. Em função do número das partes: bilateral ou multilateral. ❑ 2. Qualidade das partes: Estados e/ou Organizações Internacionais. ❑ 3. Tipo de procedimento utilizado para a sua conclusão: Necessidade de ratificação. ❑ 4. Execução no tempo: Transitórios ou permanentes. ❑ 5. Quanto a possibilidade de adesão posterior: abertos (adesão limitada/condicionada ou ilimitada/incondicionada) ou fechados. TRATADOS INTERNACIONAIS • Material: ❑ 1. Natureza jurídica do tratado: ✓ Tratados-lei ou tratados normativos: Celebrado por grande número de Estados com o objetivo de fixar normas gerais e abstratas de DIP válidas para as partes contratantes. Ex. Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados. ✓ Tratados-contratos: criam benefícios recíprocos, em geral de cunho econômico ou financeiro. Dizem respeito apenas às partes interessada sem versar sobre negócios específicos. Ex: Acordos Econômicos. ❑ 2. Em função da matéria: ✓ De direitos humanos ou tratados em geral. TRATADOS INTERNACIONAIS • Nomenclatura • A categoria tratado tem um conceito amplo. É um gênero que aceita diversas espécies. • De qualquer forma, percebe-se que não se trata de uma classificação rígida e, na prática, é comum encontrar uma categoria com o sentido de outra. Vejamos os usos mais correntes para cada categoria de tratado. TRATADOS INTERNACIONAIS • Convenção: Tratado solene e multilateral em que a vontade das partes não é propriamente divergente, mas paralela e uniforme. Convenção de Viena sobre relações diplomáticas e consulares, Convenção de Genebra sobre direito humanitário. • Pacto: Restringe o objeto político de um tratado. Ex. Pacto de Aço – Berlim 1939. ONU: Pacto de Nova York (1966) Direitos Humanos - Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; Pacto internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969) Pacto de San José da Costa Rica. TRATADOS INTERNACIONAIS • Acordo: Tratados de natureza econômica, financeira, comercial ou cultural, segurança reciproca, projetos de desarmamento, fronteiras, ordem pública, assuntos comuns, meio ambiente. Ex. Acordo de Paris. • Acordo em forma simplificada ou acordo do executivo: (executive agreements) Tratados concluídos pelo executivo, sem o assentimento do legislativo. Conclusão imediata (negociação e assinatura). TRATADOS INTERNACIONAIS • Carta: Estabelece os elementos constitutivos de uma Organização Internacional (Carta da ONU 1945, Carta da OEA 1948) ou tratados solenes que estabeleçam direitos e deveres para os Estados-partes. Ex: Carta social Europeia – Adoptada em 1989. • Protocolo: Resultados de uma conferencia, acordo menos formal que um tratado, acordos subsidiários ou suplementares. “Protocolo de intenções” começo de um compromisso internacional. Ex. Protocolo de Ouro Preto de 1994, suplementar ao tratado de Assunção de 1990 – Tratado de instituiu o MERCOSUL – estruturas institucionais. Protocolo de Quioto. TRATADOS INTERNACIONAIS • Declaração: Indica uma posição politica comum de interesse coletivo. Ex. Declaração Universal dos Direitos Humanos 1948. • Concordata: Acordos bilaterais de caráter religioso. Tendo como parte a Santa Sé. (Tratado de Latrão 1929) • Convênio: Acordos de interesse político, geralmente com caráter cultural ou de transporte. • Compromisso: tratados pelos quais sujeitos de direitos internacional, aceitam a submeter-se a uma arbitragem para resolver litígios entre eles. TRATADOS INTERNACIONAIS • Fundamentos: • Artigo 26 - Pacta sunt servanda: “Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé.” • Artigo 53 - Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens). TRATADOS INTERNACIONAIS • VALIDADE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • As condições de validade de um tratado internacional, são semelhantes às de um negócio jurídico: 1. CAPACIDADE DAS PARTES (AGENTES HABILITADOS) 2. CONSENTIMENTO ENTRE AS PARTES 3. OBJETO LÍCITO E POSSÍVEL TRATADOS INTERNACIONAIS • 1. CAPACIDADE DAS PARTES (AGENTES HABILITADOS) • Somente os sujeitos de direito internacional são capazes de firmar tratados. Outros atores, não podem ser partes em tratados, por faltar- lhes capacidade jurídica para tanto. • Os atos bilaterais ou multilaterais firmados entre Estados e atores que não são sujeitos de direito internacional (ONGs, empresas etc.) não são tratados. TRATADOS INTERNACIONAIS • AGENTES HABILITADOS • As partes passam a ser consideradas agentes habilitados a partir do momento em que apresentam um documento em que constam os plenos poderes para representação dos Estados Partes. TRATADOS INTERNACIONAIS • Exceção: As principais polêmicas referem-se ao reconhecimento dos diferentes grupos em conflito em um Estado em guerra ou que envolvam diferentes Estados beligerantes, durante as negociações de paz. • Ex: A paz na Iugoslávia foi firmada por um conjunto de tratados, que foram assinados por três Estados soberanos: a República Federativa da Iugoslávia (RFI), a Bósnia-Herzegóvina e a Croácia e por uma entidade não estatal cuja autoridade foi reconhecida no conflito, a República Sérvia, representada por seu presidente. Trata-se de uma capacidade funcional para este fim. TRATADOS INTERNACIONAIS • Outros exemplos: • No Brasil, os estados federados não têm o direito de firmar tratados, que é competência privativa da União. • No Canadá, por exemplo, a província de Quebec teve reconhecido seu direito de firmar tratados sobre temas culturais e participa ativamente dos tratados sobre a francofonia, por exemplo. • A Polinésia francesa, uma espécie de colônia da França, tem direito defirmar tratados de cunho regional. • Na Alemanha, os länders têm competência para firmar alguns contratos com o exterior. • Na Suíça, os cantões podem celebrar tratados sobre economia pública, relações de vizinhança e polícia. Da mesma, na Argentina, as províncias podem firmar atos internacionais, desde que não contrariem a política externa da União. TRATADOS INTERNACIONAIS • 2. CONSENTIMENTO ENTRE AS PARTES: • O consentimento deve ser livre, sem vícios. • Os vícios de consentimento, bem como a capacidade dos representantes podem gerar ou não a nulidade do tratado, conforme sua natureza. Isso porque podem ser convalidados pelos Estados ou pelas Organizações Internacionais, caso tenham interesse. TRATADOS INTERNACIONAIS • Vícios de consentimento: • Erro (admite convalidação): O erro ocorre quando o sujeito de direito internacional consente com um tratado, supondo que determinada situação ou fato existia no momento em que o tratado foi concluído, e este era a base principal de seu consentimento. • Ex: quando se acredita que um mapa representa a delimitação tradicional do lugar; no entanto, o mapa está mal elaborado e a realidade é outra. Se sabia do equívoco, então não há erro. Existe dolo. TRATADOS INTERNACIONAIS • Dolo: Dolo é o vício do consentimento gerado pela conduta fraudulenta, que cria uma situação fictícia para conduzir o Estado ou Organização Internacional a manifestar sua vontade em desacordo com a realidade. Ao contrário do erro, há no dolo a intenção do negociador em simular uma situação. • Ex. O Pacto Ribentropp-Molotov, firmado entre a Alemanha de Hitler e a União Soviética de Stalin, pode ser considerado um exemplo de dolo em tratados. Os alemães já tinham a intenção de invadir a URSS quando do pacto. TRATADOS INTERNACIONAIS • Coação; A coação ocorre quando o representante é obrigado a comprometer o Estado ou Organização Internacional, seja por pressão psicológica, seja pelo uso da violência ou grave ameaça. Coação é causa de nulidade do tratado. • Ex: Em 1938, os alemães coagiram Emil Hacha, líder tchecoslovaco, ameaçando bombardear Praga, caso o mesmo não ratificasse o tratado que garantia à Alemanha o domínio sobre a Boêmia e a Morávia. TRATADOS INTERNACIONAIS • Corrupção: • Ocorre corrupção quando a manifestação da vontade do representante do Estado ou da Organização Internacional foi motivada por vantagem pessoal direta ou indireta, oferecida pela outra parte ou por particular. • O Estado que se crê lesado deve rejeitar o ato jurídico viciado de nulidade. (Não é comum acontecer). TRATADOS INTERNACIONAIS • 3. OBJETO LÍCITO E POSSÍVEL • Os tratados devem ter objeto lícito em relação ao direito interno e ao direito internacional • Art. 27 CVDT. Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. • Violação ao direito internacional: “jus cogens”: Um tratado que viola a regra de jus cogens não é passível de convalidação, pois o tratado nasce nulo, ainda que desejado pelas partes. Art. 53 CVDT TRATADOS INTERNACIONAIS Ex.: A Convenção sobre o Direito do Mar (Convenção de Montego Bay) é um exemplo de jus cogens. Dois Estados não podem realizar uma convenção, prevendo que sua zona econômica exclusiva seria maior que os limites estabelecidos pela Convenção de Montego Bay, sob pena de sequer ingressar no ordenamento jurídico. TRATADOS INTERNACIONAIS • Gêneses dos tratados ou fases de elaboração dos tratados: • Não há formalidade estrita, mas uma sequência de fases: • 1. Negociações preliminares. • 2. Aprovação parlamentar (referendum) por parte de cada Estado interessado em se tornar parte e assinatura. • 3. Ratificação ou adesão do texto convencional. • 4. Depósito • 5. A promulgação e publicação do tratado no âmbito interno. TRATADOS INTERNACIONAIS • 1. Negociações preliminares: • Prerrogativa do poder executivo: presidente ou ministro das relações exteriores. • Exige da autoridade carta plenos poderes (habilitação do chefe do Estado para levar adiante as tratativas). Idioma (inglês). • Usualmente estabelecida entre as chancelarias e a missão diplomática acreditada no país. Se não existe representação diplomática, é enviada uma delegação ou missão especial ad hoc incumbida de negociar. TRATADOS INTERNACIONAIS • Podem participar representantes de um ministério especifico quando este versa sobre matéria de sua competência (saúde, educação, agricultura). • Tratados multilaterais geralmente tem lugar em uma OI (negociações na assembleia plenária da OI) ou em uma conferencia internacional em algum Estado parte (ad hoc). • Subdivisão em comissões especiais encarregadas de preparar o projeto, estabelecer regras, acompanhar o processo até o final, representação (delegados) dos Estados. • As negociações se baseiam em um texto previamente preparado em forma de projeto, que servirá de base para as conversações podendo ser modificado. TRATADOS INTERNACIONAIS • Negociações acompanhadas por experts ou especialistas (Brasil: acompanhamento por funcionário diplomático e o texto final deve ser aprovado sob o aspecto jurídico pela Consultoria Jurídica do Itamaraty e pelo aspecto processual pela Divisão de atos Internacionais (DAI). • Negociações concluídas: projeto de tratado composto por: a) preambulo (nome das partes contratantes e expõe os motivos; b) uma parte dispositiva, corpo do texto do tratado (princípios e regras do compromisso / regras técnicas entrada em vigor, duração, adesão posterior); c) Anexos elementos técnicos complementares TRATADOS INTERNACIONAIS • 2. Aprovação parlamentar (referendum) por parte de cada Estado interessado em se tornar parte e assinatura. • Adoção ou autenticação do texto é o ato pelo qual se reconhece o texto final resultado de um acordo de vontades. • Quórum diferenciado, regra geral adoção do voto favorável de 2/3 dos presentes. TRATADOS INTERNACIONAIS • Artigo 9 Adoção do Texto: • “1. A adoção do texto do tratado efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que participam da sua elaboração, exceto quando se aplica o disposto no parágrafo. • 2. A adoção do texto de um tratado numa conferência internacional efetua-se pela maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados, pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa.” TRATADOS INTERNACIONAIS • Verificação das traduções. • Assinatura: aceite precário e formal ao tratado. Ato emanado pelo representante do Estado concordando com o seu conteúdo. • Exceção: • Art. 12 CVDT - quando acordado que a assinatura terá esse efeito ou estiver disposto no tratado. • Art.18 CVDT- abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a finalidade de um tratado. (Principio da boa-fé ) TRATADOS INTERNACIONAIS • 3. Ratificação ou adesão do texto convencional. • Confirmação ou tornar válido: Ato formal do Estado pelo qual indica seu consentimento em estar submetido a um determinado tratado. Aceitação, aprovação ou ato formal de confirmação. • Ato do poder legislativo depois do Executivo: Poder Legislativo vai decidir sobre a legalidade, conveniência e oportunidade. • Não se trata de mera formalidade: Pode ratificar ou não. TRATADOS INTERNACIONAIS Art. 49 CF. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;” TRATADOS INTERNACIONAIS • Trâmite: • 1) MRE traduz o texto para o português, prepara uma minuta da mensagem presidencial, faz analise jurídica da legalidade do texto e encaminha ao presidente. • 2) A casa civil da PR faz uma analise da legalidade e do mérito do tratado, tecendo suas considerações. • 3) O presidente estando de acordo envia a mensagem acompanhada da exposição de motivos a câmara dos deputados. • 4) A câmara aprova o tratado, remete para o Senado. • 5) Senado aprova o tratado. TRATADOSINTERNACIONAIS • 6) O presidente do Senado promulga um decreto legislativo que é publicado no DO. Ato que representa o referendo do Congresso Nacional. • 7) O chefe do executivo, representante do Estado, ratifica o tratado. Por meio do MRE deposita o instrumento de ratificação junto ao órgão depositário. A partir do deposito o Brasil se compromete perante os demais Estados membros. • 8) O Poder Executivo publica o decreto executivo, promulgando e internalizando o tratado, a partir desse momento o tratado integra a ordem jurídica interna TRATADOS INTERNACIONAIS • 4. Depósito: • A partir do depósito o Brasil se compromete perante os demais Estados membros. • Artigo 16 CVDT Troca ou Depósito dos Instrumentos de Ratificação, Aceitação, Aprovação ou Adesão: A não ser que o tratado disponha diversamente, os instrumentos de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão estabelecem o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado por ocasião: • a)da sua troca entre os Estados contratantes; • b)do seu depósito junto ao depositário; ou • c)da sua notificação aos Estados contratantes ou ao depositário, se assim for convencionado. TRATADOS INTERNACIONAIS • 5. A promulgação e publicação do tratado no âmbito interno. • Ato complexo: • Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: • VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; • Art. 49, I CF. Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: • I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; TRATADOS INTERNACIONAIS • Internalização dos tratados: - Monismo x dualismo: • Brasil (STF): dualismo moderado > duas ordens jurídicas distintas e por isso existe um duplo procedimento para que o tratado seja válido. • Engajamento internacional (comprometimento diante de outros Estados) e nacional (edição da norma interna). • Decreto executivo: promulgação do tratado, publicação oficial do seu texto, executoriedade. TRATADOS INTERNACIONAIS • Exceção ao procedimento padrão: • Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – mesmo se o executivo for contra a ratificação do texto existe a obrigatoriedade de enviar o tratado para a apreciação do Congresso Nacional. • OIT composta por três grupos de atores distintos: Estados, Sindicatos Patronais e Sindicatos Laborais. • Executivo pode solicitar a rejeição. TRATADOS INTERNACIONAIS • Tratados de direitos humanos – (Emenda 45 de 2004) • Art. 5° § 3° Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. TRATADOS INTERNACIONAIS • Tratados anteriores a (Emenda 45 de 2004) : • Status supralegal dos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos. • Tratados posteriores a (Emenda 45 de 2004) : • Equivalentes às emendas constitucionais. Depositário infiel • LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; Pacto de São José da Costa Rica 7. Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. TRATADOS INTERNACIONAIS • Bloco de constitucionalidade • Art. 5° § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) • Atos aprovados na forma deste parágrafo: • DEC 6.949, de 2009 , • DEC 9.522, de 2018 • DEC Nº 10.932, de 2022 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6949.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%2010.932-2022?OpenDocument TRATADOS INTERNACIONAIS Atos Ementa Decreto nº 6.949, de 25.8.2009 Publicado no DOU de 25.8.2009 Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Decreto nº 9.522, de 8.10.2018 Publicado no DOU de 9.10.2018 Promulga o Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso, firmado em Marraqueche, em 27 de junho de 2013 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Decreto/D9522.htm TRATADOS INTERNACIONAIS Atos Ementa DECRETO LEGISLATIVO Nº 1, DE 2021 Aprova o texto da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, adotada na Guatemala, por ocasião da 43ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos, em 5 de junho de 2013. DECRETO Nº 10.932, DE 10 DE JANEIRO DE 2022 Promulga a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, firmado pela República Federativa do Brasil, na Guatemala, em 5 de junho de 2013 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC 10.932-2022?OpenDocument TRATADOS INTERNACIONAIS • Exigibilidade e efetividade dos tratados: • Esse acordo de vontades torna-se lei entre as partes, em respeito ao princípio do pacta sunt servanda, os Estados devem respeitar o pactuado, fazendo também valer o princípio da boa-fé entre as partes. • Limites e forma de cumprimento • 1. Limites territoriais. • 2. Limite temporal. (não geram efeitos retroativos - Os tratados são exigíveis somente a partir de sua entrada em vigor.) TRATADOS INTERNACIONAIS • Forma de cumprimento: a obediência ao princípio da boa-fé. • Os mecanismos para assegurar a efetividade são, na maior parte dos casos, capacidades atribuídas pelos próprios Estados aos demais Estados ou às Organizações Internacionais de fiscalização de seus atos. ✓ Relatórios, ✓ Inspeções, ✓ Criações de OI especificas para a fiscalização, ✓ Estímulos ou medidas unilaterais positivas e negativas. TRATADOS INTERNACIONAIS • Reservas: • Conceito: Reserva é uma declaração unilateral, feita por um sujeito de direito internacional ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado. • Após o engajamento definitivo, as reservas somente poderão ser feitas com o consentimento das demais partes no tratado. TRATADOS INTERNACIONAIS • Somente possíveis em tratados multilaterais. Em tratados bilaterais, a reserva significa na prática a não aceitação de um ponto negociado anteriormente e mostra a necessidade de renegociação do tratado, pois pode prejudicar o equilíbrio entre as partes. • Limitações: • 1. O tratado prevê expressamente a impossibilidade de fazer reservas. • 2. Previsão de reservas apenas sobre determinadas questões preestabelecidas. • 3. Se referem ao objeto ou a finalidade do tratado. TRATADOS INTERNACIONAIS • As reservas limitam os efeitos jurídicos dos tratados de uma das partes em relação as demais. • Artigo 20 CVDT. Aceitação de Reservas e Objeções às Reservas. • No Brasil podem ser feitas tanto pelo executivo como pelo legislativo. As reservas ficam anexas ao texto do tratado. TRATADOS INTERNACIONAIS • Exemplo: • DECRETO Nº 7.030, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2009. • Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maiode 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66. • Artigo 25: Aplicação Provisória • Artigo 66: Processo de Solução Judicial, de Arbitragem e de Conciliação http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.030-2009?OpenDocument TRATADOS INTERNACIONAIS • Declaração interpretativa: • Quando o texto do tratado for dubio, o Estado apenas se compromete se a interpretação ao texto do tratado for aquela que o Estado indica em sua declaração interpretativa. • Art. 31 CVDT: 1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade. TRATADOS INTERNACIONAIS • Alguns tratados não aceitam reservas, mas aceitam declarações interpretativas. • É possível que um Estado formule declarações interpretativas que praticamente anulam o efeito de determinada parte do tratado, com o intuito de contornar a proibição de reservas. Neste caso, a declaração interpretativa pode também não ser aceita pelos demais Estados. TRATADOS INTERNACIONAIS Exemplo: A Suíça ratificou a Convenção Europeia de Direitos Humanos, fazendo uma declaração interpretativa ao tratado, no tocante ao direito à assistência jurídica gratuita para os menos abonados, o que se presume também ao direito a um intérprete, quando a audiência judicial é realizada em idioma não compreendido pelo acusado (art. 6º, § 3º). A Suíça declarou, então, ao ratificar a Convenção, que apenas a aceitava se a obrigação da gratuidade fosse limitada aos casos em que o condenado não perdesse a causa. Tratava-se de uma verdadeira reserva geral, maquiada sob a forma de declaração interpretativa. A Corte entendeu que, se um Estado formula uma declaração e a apresenta como uma condição de seu consentimento para estar engajado na Convenção, tendo por objetivo excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições, tal declaração, qualquer que seja sua denominação, deve ser equiparada a uma reserva, de acordo com o art. 64 da Convenção. Neste sentido, a Suíça foi condenada a aceitar o direito ao intérprete gratuito, mesmo quando a parte perde a causa, porque a reserva violava o tratado. TRATADOS INTERNACIONAIS Causas de extinção dos tratados: ❑Execução integral: o tratado prevê a realização de um determinado ato, que é atendido pelos Estados. O tratado chega a seu fim com sucesso. Ex.: um tratado para a construção de uma barragem entre os Estados, sendo a obra finalizada conforme o previsto. ❑Consentimento mútuo: os Estados acordam um novo tratado, reconhecendo o fim do anterior ou dispondo de forma distinta sobre todos os pontos regulados pelo tratado anterior (arts. 54 e 57 da CV). ❑Termo final: o tratado tem um prazo de vigência predeterminado, que expira. Ex.: o tratado entre a China e o Reino Unido sobre a administração de Hong Kong ou entre a China e Portugal sobre Macau. TRATADOS INTERNACIONAIS ❑Superveniência de condição resolutória: o tratado prevê sua extinção com a ocorrência de determinado evento, e este finalmente ocorre. ❑Renúncia do beneficiário: o tratado é realizado para beneficiar um determinado Estado, que não mais deseja receber o benefício. ❑Caducidade ou desuso: a prática determinada pelo tratado é abandonada pelas partes. TRATADOS INTERNACIONAIS ❑Conflitos armados: os tratados em vigor entre si deixam de ser exigíveis, conforme o princípio inter arma silent leges, quando as partes de um tratado entram em conflito armado. Suas obrigações em tratados multilaterais são suspensas. É claro que os Estados precisam estar em guerra um contra o outro; os tratados firmados por Estados aliados continuam em vigor. TRATADOS INTERNACIONAIS ❑Fato de terceiro: suficiente para extinguir um tratado quando torna impossível a sua continuidade. No entanto, a impossibilidade não decorre de um fato natural, mas por culpa de um outro Estado. ❑Impossibilidade de execução: ocorre de forma similar em casos de força maior, como a destruição ou desaparecimento do objeto do tratado, a exemplo do tratado que tinha como objeto manter uma ponte que ligava dois Estados e a ponte foi destruída, ou regular a navegação de um rio transfronteiriço e o rio secou (art. 61 CV). TRATADOS INTERNACIONAIS ❑Ruptura de relações diplomáticas e consulares: também pode dar origem à ruptura dos tratados em vigor, mas apenas quando sejam imprescindíveis para a realização do tratado. Um tratado que preveja a proteção aos diplomatas de outro Estado não deve ser considerado revogado quando há ruptura das relações diplomáticas, mesmo porque é justamente quando isso ocorre que o respeito aos diplomatas se faz mais necessário, para impedir que sejam agredidos quando estão retirando-se do território. TRATADOS INTERNACIONAIS ❑Inexecução por uma das partes: ocorre em tratados comutativos, em que o não cumprimento de uma das partes gera desproporção entre os compromissos assumidos, desobrigando a outra parte a realizar sua parte do tratado. Equipara-se à cláusula exceptio non adimplenti contractus e não pode ser invocada em tratados com o objetivo de assegurar a proteção internacional da pessoa humana (art. 60 CV). Havendo faltas recíprocas, uma parte justificando a ausência da outra, não se deve pressupor a extinção do tratado. TRATADOS INTERNACIONAIS ❑Denúncia unilateral: ocorre quando uma das partes sai do tratado, que não mais sobrevive com a(s) parte(s) restante(s). A denúncia pode ser expressa, com a manifestação de vontade da parte, ou tácita, com a assinatura de um tratado posterior, contrário ao texto do tratado em vigor (arts. 54, b, e 59, 2 CV). A possibilidade de denúncia ao tratado é em geral expressa neste. Certos tratados não admitem denúncia, por exemplo, tratados de estabelecimento de limites territoriais entre Estados, tratados de paz, tratados multilaterais obrigatórios (jus cogens), como a Convenção Internacional sobre o Direito do Mar ou de proteção aos direitos humanos. TRATADOS INTERNACIONAIS No Brasil, a denúncia pode ser feita pelo Executivo, sem a participação do Legislativo ou vice-versa. Trata-se de um tema que gera controvérsia. O comprometimento do Estado em relação a um tratado é feito por ato complexo, que envolve a participação do Executivo e do Legislativo e apenas se mantém em vigor pelo interesse de ambos. TRATADOS INTERNACIONAIS ❑Mudança substancial de circunstâncias: Com a mudança do contexto internacional, o Estado alega a impossibilidade de dar continuidade a um tratado, por considerá-lo não mais equitativo entre as partes. A mudança substancial das circunstâncias exige a superveniência de fatos imprevistos, que mudem elementos substanciais relacionados ao cumprimento do tratado, diferentes daqueles existentes à época do engajamento dos Estados. ❑Norma superior de jus cogens: sua violação ou superveniência também podem dar origem à extinção do compromisso. A adoção de um tratado posterior pela grande maioria da comunidade internacional, de caráter obrigatório, e contrário ao texto do tratado em vigor é suficiente para torná-lo sem efeito, quando se reconhece a existência de normas de jus cogens (art. 64 CV). ATÉ A PRÓXIMA AULA!
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