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25/09/2022 17:47 A teoria da sexualidade
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7178873/temas/2/conteudos/1 1/42
A teoria da sexualidade
Prof. Maicon Pereira da Cunha
Descrição
A formulação e o reconhecimento de uma teoria sobre a sexualidade no interior do pensamento
psicanalítico e sua importância para o desenvolvimento humano.
Propósito
A compreensão dos conceitos desenvolvidos pela Psicanálise advindos de uma interpretação
contextualizada sobre a sexualidade é de fundamental importância na investigação dos profissionais
ligados aos saberes psicológicos a respeito do desenvolvimento humano, da personalidade e do laço social.
Preparação
Para auxiliar nos estudos, você pode recorrer a dicionários de Psicanálise, que contêm explicações
conceituais da área dispostas de maneira estruturada e organizada.
Objetivos
Módulo 1
Constituição psíquica infantil
Localizar a sexualidade infantil como eixo importante da constituição psíquica.
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Módulo 2
Conceito de pulsão
Identificar o conceito de pulsão como um conceito fundamental da Psicanálise.
Módulo 3
Elementos do desenvolvimento psicossexual
Relacionar os elementos do desenvolvimento psicossexual.
Módulo 4
Complexos de Édipo e de castração
Relacionar os complexos de Édipo e de castração no desenvolvimento.
A Psicanálise apresenta uma série de provocações importantes para uma interpretação do
psiquismo a partir de um novo olhar sobre os fenômenos da sexualidade.
O primeiro reconhecimento, nesse sentido, ocorre a partir da identificação da existência da
sexualidade na infância, algo bastante estranho para aquela época vitoriana do século XIX. Freud
ousou realizar uma imersão no universo psicológico de uma forma totalmente diferente das
premissas com as quais a Psicologia trabalhava naquele tempo. Se a pauta da Psicologia era atada
ao universo consciente, no estudo das faculdades psíquicas, tais como memória, atenção,
percepção, sensação, a Psicanálise opera um conjunto de conceitos que dizem respeito ao
fundamento da organização psicológica a partir do privilégio do inconsciente. A Psicanálise está para
além da Psicologia, por isso mesmo é chamada de uma metapsicologia; o prefixo “meta” significa
“além de”.
Se, por um lado, o inconsciente é o fundamento básico para localizar as coordenadas fundacionais
Introdução
25/09/2022 17:47 A teoria da sexualidade
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1 - Constituição psíquica infantil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de localizar a sexualidade
infantil como eixo importante da constituição psíquica.
A construção moderna sobre o infantil
A sexualidade infantil é uma grande novidade incorporada por Freud na investigação sobre o psiquismo. Até
o século XIX, podemos dizer que não existia um olhar para a sexualidade infantil. A criança não comportava
nem mesmo um espaço de visibilidade social legítimo. O conceito do infantil é uma construção
eminentemente moderna, como vai desenvolver Phillipe Ariès, um historiador que organiza um estudo muito
da Psicanálise, por outro, essa localização não se faz sem entendermos a função da sexualidade
como essencial para o sujeito. No entanto, não está falando exatamente da sexualidade de que trata
a sexologia. Portanto, se “Freud só pensa naquilo”, o que é, afinal de contas, aquilo?
Faremos neste momento uma imersão no universo da sexualidade não apenas como genitalidade,
mas como algo que inclusive funda o próprio sujeito. Acompanharemos mais detalhadamente o que
isso quer dizer.
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completo acerca de como as noções de criança e família foram forjadas, sobretudo na modernidade.
Para aquela época, era uma grande novidade falar da criança como um ser com especificidades próprias.
Vamos lembrar que a criança era vista como um adulto em miniatura, como retratava-se em pinturas
renascentistas e barrocas.
A organização das ideias de infância e de família como conhecemos hoje é datada historicamente. A família
nuclear burguesa, esta que conhecemos organizada em torno do pai, mãe e filho(s), é uma construção
moderna. A própria ideia de família se organiza em torno da criança que ganha um estatuto de existência,
conceitualmente falando.
O nascimento da infância como conceito está inserido numa rede de articulações
que envolve os cuidados da família na relação com a Psicologia, com a Educação e
com a Medicina.
A criança, até então, é vista como uma espécie de anjinho, que não teria sexualidade. Ou, no caso das
famílias pobres, nem se tinha o sentimento de intimidade com a criança, haja vista que provavelmente não
sobreviveria, por causa dos precários ou inexistentes cuidados médicos. Quem sobrevivia era já um adulto.
Não se tinha o sentimento da infância.
A sexualidade, nesse contexto, seria uma prerrogativa da vida adulta, de forma a estar articulada com os
fins de reprodução da espécie. Essa é uma cartografia intimamente relacionada à biologia.
Sendo o sexo visto como algo da ordem da procriação, a criança não participaria desse enredo.
Em outras palavras, a visão que existia sobre as crianças antes de Freud era relativa a um ser ingênuo e
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angelical que despertava pouco interesse na sociedade.
O surgimento da infância sexualizada
Freud organiza, nesse contexto, um ousado descentramento em relação à infância imaculada. A Psicanálise,
com seu inventor, desdobra importantes considerações acerca do desenvolvimento psicossexual do sujeito.
Mas para entender isso, é importante frisar a distinção entre uma sexualidade ligada a fins procriativos e
uma outra dimensão da sexualidade. Essa diferenciação é extremamente relevante.
Se organizarmos uma incursão na história da sexualidade, veremos basicamente o quanto o sexo exerce
uma importância na economia libidinal relacionada aos corpos, aos relacionamentos, à maneira de se
conceber como pessoas. Por isso mesmo, a sexualidade é um eixo privilegiado do exercício do poder.
A sexualidade, sobretudo na tradição ocidental, marcada pelo traço judaico-cristão, sempre esteve às voltas
com uma inspeção minuciosa pela religião. Nessa chave de leitura, há uma articulação da sexualidade à
biologia na intenção de respaldar a noção de sexo como propósito de procriação.
Daí a visão hegemônica de um relacionamento heterossexual bem como a ausência da sexualidade até a
vida adulta, matrimonial.
Os inícios da manifestação da vida sexual pela via genitalizada são altamente vigiados. Há toda uma
tradição que incrementa de medos e fantasias a relação com o conhecimento do corpo não ligada aos fins
reprodutivos. A manifestação da puberdade é imantada por fantasmas. Você já ouviu alguém dizer sobre a
lenda de que a prática da masturbação masculina provocaria o crescimento de pelos na mão? Esse tipo de
crença estava associado a essa vigilância, tendendo ao controle do movimento dos corpos, do
conhecimento sexual.
Assim, o corpo deveria ser preservado até o casamento, quando se há uma certa “liberação oficial”,
digamos, para a vivência da dimensão sexual, circunscrita, inclusive, na relação com uma outra pessoa, para
fins de procriação.
Certamente, esse é um aspecto da sexualidade. No entanto, a sexualidade não se restringe à dimensão
genitalizada e procriativa. É nesse campo que Freud adentra em seus Estudos sobre a histeria e cria,
posteriormente, o dispositivo psicanalítico.
A primeira teoria do trauma, advinda da teoria e da terapia da histeria, sustentava que a neurose era
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produzida a partir de uma sedução sexual real, em geralocorrida na infância. No início dessa construção
teórica, a sedução era significada em um momento posterior, em geral na adolescência, gerando efeitos
tóxicos no psiquismo e se manifestando, sobretudo, no corpo, por meio dos sintomas relacionados à
impossibilidade de reação ao caráter sexual da sedução. Assim, o efeito patogênico seria cessado pela
remissão sintomática por meio da ab-reação, que seria a expurgação do afeto, a descarga de energia que
permitiria que a pessoa se livrasse de sentimentos e emoções associados a algum evento traumático.
Atenção
Freud explicava a neurose e, especialmente, a histeria como consequências de um evento traumático
relacionado com alguma situação de sedução, que podia ocorrer na infância, mas que somente era
significada como tal na adolescência ou depois. Os efeitos tóxicos dessa situação de sedução no psiquismo
se deviam ao fato de considerá-la como indevida ou proibida, gerando um incômodo significativo na pessoa
que passaria a recalcar tal situação.
Lembremos que, ao falarmos recalcar, estamos dizendo que essa situação ficaria fora do sistema
consciente, mas ocasionando, ainda, sintomas geralmente somáticos. Esses sintomas só cessariam a partir
do momento em que a paciente, com a ajuda do psicanalista, conseguisse voltar a lembrar do evento e
expurgar, ou seja, liberar os afetos a ele associados que geravam o incômodo original.
Essa concepção do trauma não comportava a noção de sexualidade infantil em um primeiro momento.
Ficava pouco claro o registro da afirmação de que o trauma neurótico tinha raízes numa sedução sexual no
registro infantil. A operação da significação traumática em um momento posterior foi uma primeira maneira
de ainda preservar algo da infância. Não podemos esquecer que esse era um terreno arenoso para Freud.
Uma boa perspectiva sobre o trauma psicológico, na relação das diferenças entre a criança e o adulto, pode
ser mais bem observada na leitura feita por Sándor Ferenczi (1873–1933), importante psicanalista e médico
húngaro que colaborou significativamente no trabalho de Freud.
Separando a qualidade da linguagem do sexual entre a criança e o adulto, Ferenczi pressupõe que a
linguagem a que a criança está remetida é a da ternura, enquanto o adulto está inscrito na linguagem da
paixão.
No entanto, retornando a Freud, acompanhamos o desdobramento da característica sexual infantil sendo
pautada pelo discurso psicanalítico de maneira cada vez mais densa.
Os constantes relatos de abuso sexual promoveram uma investigação mais atenta pelo pai da Psicanálise,
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no sentido de verificar a materialidade dos relatos. Nesse aprofundamento, Freud se vê às voltas com a
constatação de que nem todo relato de uma cena de sedução sexual ocorreu na realidade material dos
fatos.
Certamente, os abusos sexuais reais existiam, como infelizmente ainda existem, e precisamos nos atentar
para a violência disso. No entanto, do ponto de vista teórico, é importante sublinhar o caráter intrigante com
o qual Freud se debruçava em sua clínica, de que muitos relatos eram cenas vivenciadas na fantasia.
Daí a famosa frase de Freud a seu interlocutor Fliess: “Não acredito mais em minha
neurótica”.
Fantasia e cuidados primários da criança
Estava colocada na cena a fantasia como eixo central na organização do psiquismo. Para compreender
melhor a questão das fantasias, exploraremos, mais adiante, o complexo de Édipo. No entanto, a fim de
contextualizar preliminarmente a questão, continuaremos a pensar junto com Freud na curiosidade a
respeito dos relatos sexuais nas histéricas. O fato de haver sucessivos relatos de abusos faz Freud se
perguntar se toda Viena era pervertida sexualmente, abusando de suas crianças.
O que ocorre é que o abuso poderia existir até certo ponto, pois o fato de não ter acontecido na realidade
não implicava que fosse uma mentira. Fica evidente aqui a necessidade de enunciar a caracterização de
outra dimensão da realidade, a realidade psíquica. Essa é a realidade com a qual o psicanalista trabalha, e
ela é recheada de processos psicológicos complexos, muitos deles inconscientes, e nos quais a fantasia de
sedução exerce uma centralidade.
Realidade material e realidade psíquica são dois eixos distintos, que se entrecruzam. Quantas realidades
podem existir na realidade? Questão complexa, hein...
A centralidade da fantasia de sedução
O professor Maicon Pereira da Cunha explica a centralidade da fantasia de sedução na organização do
psiquismo e na delimitação da realidade psíquica e da realidade fatual.

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Freud nunca abandona a teoria da sedução exatamente, mas o abandono passa a ser da factualidade do
caso, quer dizer, da suposição de uma cena originária de abuso. Por outro lado, a sedução vai ser entendida
como um complicado jogo de processos de identificação, de idealização, de amor e de relações
intersubjetivas complexas.
Os primeiros cuidados maternos são fonte da instauração de uma rede de afetos e intensidades que
organizam o psiquismo. A função materna envolve a criança em sua necessidade, o que Donald Winnicott
(1896–1971), um pediatra inglês que se tornou um grande psicanalista, chamou de concern, ou seja, um
estado de preocupação materna primária.
Aliás, cabe ressaltar que os cuidados maternos não são necessariamente realizados pela mãe, mas por
qualquer pessoa que realize a função de maternagem. Quando falamos de função materna e função
paterna, não estamos necessariamente nos referindo às figuras dos genitores, mas dos que cuidam.
Maternagem
Termo originalmente usado por Winnicott e depois utilizado pelos psicólogos para falar dos bons cuidados e da
proteção que mães e cuidadores têm com os seus bebês (incluindo não somente o atendimento às
necessidades fisiológicas dos filhos, mas também todo o amor e aconchego).
Na organização da família nuclear burguesa, havia uma separação muito evidente entre os processos
exercidos pelo homem e pela mulher. O espaço da rua, o espaço público, das decisões macro era destinado
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aos homens, enquanto o espaço privado, o cuidado com as atividades domésticas, o cuidado com a casa e
com as crianças era destinado às mulheres. A mulher não precisa ficar restrita ao espaço doméstico,
porque, afinal, lugar de mulher é onde ela quiser!
A mulher pode ocupar os espaços que desejar, assim como evidentemente é importante que as tarefas
domésticas sejam compartilhadas por todos que compartilhem aquele espaço, porque todos usufruem dos
benefícios de uma casa limpa e funcional. Também todos devem participar da organização da divisão das
tarefas pelo cuidado da casa e dos filhos. Entretanto, por esse traço histórico, falamos da maternagem
como algo relativo apenas à mãe.
O importante é sublinhar que a função materna é realizada por qualquer pessoa que se ocupe da atenção
materna primária.
Não importa se trata-se de uma organização familiar tradicional, ou de outras formas de organização da
família, como as famílias homoparentais, ou famílias unipessoais, por exemplo. O modo como a família se
organiza não é relevante, o importante é o elo afetivo que une seus componentes.
Assim, dizemos que a função materna é essa que oferece uma forma de comunicação inicial com o bebê,
de modo que as necessidades do bebê sejam sanadas e, nesse ínterim, a qualidade da relação com quem
exerce a função de maternagem é algo imprescindível para a estruturação e o desenvolvimento global do
bebê e, consequentemente, daquele ser.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamospraticar alguns conceitos?
Questão 1
(IF ‒ SP ‒ Psicólogo ‒ 2012) Considerando a teoria do desenvolvimento psicossexual, assinale a
alternativa correta.
A
Refere-se a um processo de mudanças quantitativas na organização da vida intelectual
do sujeito. Tal processo de mudanças é regido pelo binômio “estímulo-resposta”.
B
Refere-se ao estudo e à compreensão dos processos de ampliação do ego e do
superego e, principalmente, à evolução da libido. Tal compreensão é dividida, por Piaget,
em fases que são: sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A constituição subjetiva, do ponto de vista psicanalítico, é marcada pelas impressões que advém do
campo do outro, ou seja, daqueles que cuidam da criança em um primeiro momento. A partir da
experiência intersubjetiva é que todas as nossas marcas subjetivas serão constituídas, a partir da
nossa qualidade relacional-pulsional.
formal.
C
Propõe uma visão do processo de mudanças emocionais que ocorre ao longo da vida
infantil, ou seja, uma compreensão das relações subjetivas que a criança estabelece
com o mundo e com o “outro”.
D
É uma teoria desenvolvida por Freud que se refere a uma compreensão inatista (que não
depende da experiência) do desenvolvimento emocional, pois considera o
desenvolvimento do aparelho mental a partir das pulsões e do Id.
E
É uma compreensão do desenvolvimento sexual desde o ponto de vista genital-
fisiológico, em que as mudanças físicas e hormonais afetam o psiquismo e podem gerar
diversas patologias, caso o sujeito não consiga viver plenamente a sua sexualidade.
Questão 2
Qual das alternativas a seguir caracterizam a sexualidade infantil, segundo a teoria psicanalítica?
A Uma sexualidade genitalizada e procriativa tradicional.
B Uma ausência de sexualidade e autoerotismo.
C Uma sexualidade centrada nos genitais e na masturbação.
D Uma sexualidade autoerótica e sem fins de reprodução
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2 - Conceito de pulsão
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o conceito de
pulsão como um conceito fundamental da Psicanálise.
As pulsões e os cuidados maternos
primários
Parabéns! A alternativa D está correta.
A sexualidade infantil é marcada pelo autoerotismo e pela masturbação. Diferentemente da sexualidade
adulta, que faculta o encontro dos corpos e, por isso, a possibilidade do encontro sexual genital, a
sexualidade infantil é polimorfa, com pulsões parciais que não necessariamente ficam no domínio da
zona genital.
D Uma sexualidade autoerótica e sem fins de reprodução.
E Uma expressão da sexualidade apenas na atividade onírica.
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primários
Com o desenvolvimento das primeiras marcas psíquicas do sujeito, advindas do cuidado do outro, Freud
afirma que a relação de uma criança com quem cuida dela proporciona “uma fonte infindável de excitação
sexual e de satisfação de suas zonas erógenas.” (FREUD, 1905, p. 210). É importante que aquele que cuida
da criança se atente não apenas aos cuidados orgânicos, mas à qualidade da relação, à forma como aquele
cuidado marca o corpo. Para Freud, essa já é uma marca de sexualização. O corpo passa a ser
erogeneizado a partir dessa relação.
Para a Psicanálise, o corpo passa a ser entendido além do modelo mecanicista predominante no
pensamento científico da época. O corpo é erogeneizado, em outras palavras, compreende a conexão entre
aspectos físicos e psíquicos, pois o mesmo se encontra marcado tanto pela pulsão como pela linguagem de
forma inseparável.
Aqui estamos falando da pulsão, e por isso é relevante apontar a importância desses cuidados maternos
primários, pois aí a pulsão começa a ser verificada:
O trato da criança com a pessoa que a assiste é, para ela, uma fonte incessante
de excitação e satisfação sexuais vindas das zonas erógenas. Em adição, essa
pessoa cuidadora — usualmente a mãe — contempla a criança com os
sentimentos derivados de sua própria vida sexual: ela a acaricia, beija, e
embala, e é perfeitamente claro que a trata como o substituto de um objeto
sexual plenamente legítimo.
(FREUD, 1905, p. 210-211)
Portanto, um primeiro registro é de que os cuidados maternos primários erotizam a criança à medida que se
imprime uma qualidade relacional que erotiza o corpo e, como tal, o psiquismo nascente junto com a
dimensão corporal. Falamos, em psicanálise, de um corpo que não é apenas um conjunto de órgãos com
funções vitais e com uma dimensão anatômica e fisiológica de determinada configuração. Falamos,
sobretudo, de um corpo pulsional, um corpo que é indissociável de sua dimensão de relação ao outro que o
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cuidou.
Mas estamos falando de pulsão, e até agora não a definimos. Considerando a problemática em questão,
comecemos por delinear esse conceito importante, ou por assim dizer, fundamental, em Psicanálise. O
conceito de pulsão ganha uma materialidade dentro da obra freudiana, de forma sistemática, a partir do
texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), uma das importantes obras de Freud na qual o autor
desenvolve a teoria da sexualidade e o desenvolvimento psicossexual, embora tal conceito já se faça
presente anteriormente, sob a forma de uma excitabilidade endógena que se impõe constantemente e se
movimenta rumo à descarga.
Por pulsão, nos Três ensaios, Freud concebe como sendo:
“O representante psíquico de uma fonte endossomática de estimulação que flui continuamente, para
diferenciá-lo do ‘estímulo’, que é produzido por excitações isoladas vindas de fora.
Pulsão, portanto, é um dos conceitos de delimitação entre o
anímico e o físico.
A hipótese mais simples e mais indicada sobre a natureza da pulsão seria que, em si mesma, ela não possui
qualidade alguma, devendo apenas ser considerada como uma medida de exigência de trabalho feita à vida
anímica” (FREUD, 1905, p. 159)
A pulsão, como delineia Freud, se instaura na borda do aparelho psíquico, ou aparelho anímico (de alma),
por sua relação com o corporal. A questão da ligação indissociável entre corpo e psíquico ganha
notoriedade nessa concepção, justamente porque, em outras palavras, a pulsão é um conceito que diz
respeito a uma medida de exigência de trabalho feita do corpo ao psíquico. Por isso que a função do apoio
da pulsão sexual no instinto, como veremos adiante, é importante. Exemplificando, comer é uma atividade
necessária ao corpo, mas comer por ansiedade já é outra coisa!
Essa formulação crítica da concepção do psíquico a partir das imposições do corpo abre espaço para a
discussão acerca do funcionamento do aparelho anímico. A pulsão, ao contrário do instinto, não se
caracteriza pela fixidez, declarando Freud nesse texto que o objeto é o que existe de mais variável na pulsão.
É importante distinguir a pulsão do instinto, pois os dois termos são passíveis de confusões. Entenda as
diferenças:
Pulsão
O aspecto pulsional remonta à ideia de uma variabilidade do objeto que visa à satisfação. A satisfação,
refere-se à ideia da obtenção de prazer, e não apenas a necessidade biológica.
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Instinto
O instinto remete-se a um impulso natural para a obtenção de objetos que visam satisfazer as
necessidades de sobrevivência própria ou da espécie.
Na maior parte de sua obra, Freud fala de Trieb (pulsão) e não de Instinkt (instinto). Mas vamos explicar
melhor essa diferença e o conceito de pulsão ao longo deste texto.
As características da pulsão
Essadiferença fica mais nítida ao adentrarmos no texto dos Três ensaios. Lendo a obra de Freud, podemos
compreender melhor que a caracterização da sexualidade infantil é marcada pela variabilidade objetal, ou
seja, as pulsões parciais.
As pulsões parciais estão ligadas a zonas erógenas específicas (zonas do corpo por meio das quais a
criança sente prazer), compondo a sexualidade infantil de caráter autoerótico. Essa composição nos remete
ao caráter perverso-polimorfo da sexualidade.
Mas o que quer dizer isso?
Para Freud, o conceito de perversão polimorfa se refere à capacidade de obter prazer fora dos
comportamentos sexuais socialmente determinados, marcados sobretudo pelo aspecto genital. O traço
perverso-polimorfo se centra na perspectiva de desvio, justamente um desvio em relação a um objeto fixo,
este que está presente no instinto. Por isso esse é um traço perverso. E é polimorfo, pois a disposição
sexual incide em múltiplas áreas possíveis do corpo. Para um instinto, existe um objeto específico para sua
satisfação. Na questão da pulsão, o objeto não é natural, marcando o caráter da sexualidade pela não
fixidez, mas pela mobilidade, portanto.
Para Freud, a criança não tem seu gozo restrito ao aspecto genital, daí a ideia de polimorfo; ao mesmo
tempo, a criança não apresenta um objeto fixo para um determinado impulso, daí a ideia de perverso. Logo,
é frequente que a criança sinta prazer de diversas formas e com diversos objetos.
M é i d d i ã d i à ló i

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Mas é importante que entendamos que esse prazer da criança não se enquadra, necessariamente, à lógica
do prazer caraterístico da vida sexual adulta.
Podemos exemplificar como o prazer na mucosa da boca. O beijo ou o ato de fumar podem ser,
tradicionalmente, do ponto de vista psicanalítico, vistos como derivados do prazer infantil da sucção no ato
da amamentação.
A pulsão: de�nição e características
Neste vídeo, o professor Maicon Pereira da Cunha explicará a diferença entre os conceitos de pulsão e de
instinto, apresentando as principais características da pulsão e a importância desse conceito para o
entendimento do traço de perversão polimorfa da teoria psicanalítica.
A variabilidade do objeto da pulsão é destrinchada a partir do primeiro dos três ensaios, intitulado As
aberrações sexuais. Nele, Freud subverte a ideia de perversão, trazendo-a para mais perto de uma certa
noção de normalidade. Para o psicanalista, numa perspectiva psicodinâmica da subjetividade, a linha que
separa o normal do patológico é muito mais tênue do que se possa vir a supor. E o conceito de perversão é
uma categoria importante para entender isso, pois a perversão não é apenas uma condição ligada a uma
perspectiva psicopatológica.
Na visão de Freud, a perversão é um conceito com muitos significados. Dizemos a respeito do traço
perverso que ele é a afirmação de um desvio em relação a uma finalidade sexual genitalizada. No entanto,
existe uma série de práticas que visam apenas ao prazer. Algumas delas são tão estranhas em relação ao
comportamento sexual dito normal que são consideradas aberrações.
Justamente tomando esses exemplos é que Freud constrói sua teorização em torno da variabilidade do
objeto da pulsão sexual. O objeto da pulsão pode ser qualquer objeto.
Do ponto de vista da energia, dizemos que a energia da pulsão sexual, seu motor, é a libido. Freud faz uma
diferença entre a pulsão sexual, da qual seu protótipo é o amor, e a pulsão de autoconservação, que visa à
preservação do indivíduo e da espécie. O protótipo desta é a fome e o motor da pulsão de autoconservação
é a necessidade.

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O objetivo é outro elemento da pulsão. Em relação à sexualidade genitalizada e com o olhar dentro da
perspectiva biológica, o objetivo sexual seria caracterizado pela união dos órgãos sexuais com fins
reprodutivos. No entanto, Freud pressupõe que, em não existindo o que se poderia dizer de uma sexualidade
normal, genitalizada e com fins procriativos apenas, o objetivo da pulsão é a descarga, ou seja, a satisfação.
Freud afirma que há sempre algo de perverso no concernente à atividade sexual, contornando-se um objeto
para a finalidade de obtenção da satisfação.
No segundo ensaio, Freud realiza sua maior polêmica para a época, que é descrever sua teoria da
sexualidade infantil. Afirmar que existe sexualidade na infância foi algo bastante perturbador, como já
anunciamos. Mas vamos ao detalhamento do que Freud quer dizer com isso.
Primeiro, é preciso reafirmar que a sexualidade infantil não é, evidentemente, caracterizada, pela
genitalização. No entanto, ela comporta uma dimensão de sexualidade.
A sexualidade infantil é caracterizada pelo caráter autoerótico, o que significa que a
criança tem satisfação consigo própria, em partes do seu corpo.
O autoerotismo designa o estrato sexual mais primitivo da vida psicossexual, se caracteriza pela ausência
de objeto sexual exterior. A criança, nessa fase, extrai satisfação, por exemplo, ao chupar seu dedo. Há uma
satisfação que se serve do apoio advindo da pulsão de autoconservação, ou seja, da necessidade corpórea
de manutenção.
A noção de “apoio” é importante, pois um circuito do prazer se inicia por meio da necessidade corporal
satisfeita. Então, o chuchar, que pode, inclusive, durar muito tempo, se apoia na primeira forma de satisfação
no objeto seio materno. Existe a satisfação de uma necessidade orgânica derivada da nutrição do
aleitamento materno, e apoiada nessa inscrição da satisfação da necessidade, a pulsão sexual se inscreve
como registro de prazer. Aqui, temos o início da organização das fases do desenvolvimento psicossexual,
relativo à fase oral, mas disso nos ocuparemos posteriormente.
Queremos apontar a importância de afirmar que há uma sexualidade no ato de mamar o seio, no qual se
inscreve um registro de prazer e o início da atividade sexual da criança caracterizado pela oralidade, nesse
momento. É essa dissociação da pulsão sexual em relação ao instinto que vai constituir a diferença do
sexual entendido como instinto e do sexual como pulsional.
Ou seja, o corpo humano é caracterizado pela pulsão, uma vez que é imantado pela inscrição do prazer.
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Então, falamos das zonas erógenas, que são certas regiões do corpo que são fonte de investimento do
prazer de maneira mais intensa e facilitada. Há áreas do corpo que são mais sensíveis a propiciarem prazer,
como a boca ou os genitais. Essas áreas são mais facilmente passíveis de investimento libidinal.
Voltamos, então, aos outros elementos da pulsão. Falamos do objeto, que é o que de mais variável existe na
pulsão. Existe o objetivo, que é a satisfação. Os outros dois elementos são a força, o motor, a energia
necessária para que a pulsão exerça seu circuito. A força da pulsão é sempre constante. A fonte da pulsão,
como vimos pela noção de “apoio”, está sempre referida ao corpo, portanto, é sempre endossomática, ou
seja, advém do interior do corpo.
Os destinos da pulsão
No texto A pulsão e os destinos da pulsão (1915), Freud disserta sobre seus destinos. A questão gira não
apenas em torno da discussão sobre o que é a pulsão, mas sobretudo para o desenvolvimento dos seus
destinos.
Os destinos se desenvolvem em quatro partes, conforme podemos observar a seguir:
O primeiro destino da pulsão é o recalque. O recalque é uma operação psíquica que consiste numa
divisão, a divisão que opera o próprio funcionamento do aparelho psíquico, dividido entre os
sistemas consciente e inconsciente. Aquilo que é conflitivo ao sujeito tenderá a ser recalcado.
Por exemplo, um pensamento que se julga moralmente errado, como ter desejo por alguémcasado,
tenderá a ser recalcado no inconsciente.
Recalque 
O retorno contra a própria pessoa 
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O segundo destino da pulsão é o retorno contra a própria pessoa. Considerando que há uma relação
de objeto na qual o sujeito obtém satisfação, o eixo do narcisismo afirma que é possível ao sujeito
tomar seu eu como objeto. Isso implica numa dialética bastante rica: as dinâmicas
sadomasoquistas encontram aqui sua economia.
Por exemplo, no masoquismo o sujeito pode obter prazer ao fazer as vezes de objeto para o sádico.
No sadismo acontece o oposto: o prazer está no exercício do poder e na dominação. Ou seja, o
objeto da satisfação pulsional no masoquismo se deslocou, posto que o masoquismo seria um
sadismo voltado contra a própria pessoa.
O terceiro destino da pulsão é a mudança de conteúdo em seu oposto. O mais comum é a
ambivalência, na qual sentimentos opostos se mesclam em relação ao mesmo objeto. Nessa
reversão em seu contrário, encontramos a transformação do amor em ódio, por exemplo. A pulsão
obtém satisfação do mesmo objeto que já amou, no entanto, odiando-o.
O último destino da pulsão é a sublimação. Tendemos a pensar a sublimação como sinônimo de
criação, especialmente a artística. Pode haver sublimação na arte, mas nem toda arte é sublimação,
e tampouco toda sublimação se converte em arte. A sublimação é, sobretudo, a necessidade de
A mudança de conteúdo em seu oposto 
Sublimação 
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criação de um caminho que seja orientado pela transformação da energia sexual em fins culturais.
Um exemplo de sublimação pode ser encontrado quando o artista pinta um quadro.
Antes de passarmos às fases do desenvolvimento psicossexual, retomamos os Três ensaios de Freud,
somente para elencar o terceiro deles, que diz respeito às transformações da puberdade. Aqui, fala-se da
sexualidade em sua caracterização já genitalizada, devido à possibilidade do exercício sexual já
desenvolvido. A pulsão, que em sua fase infantil é caracterizada pela parcialidade, devido ao seu caráter
autoerótico, a partir da puberdade pode ser determinada pela primazia dos genitais.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(MB ‒ 2014 ‒ CSM ‒ Primeiro Tenente ‒ Psicologia). Freud (1905), em Três ensaios sobre a teoria da
sexualidade, postula um importante conceito da Psicanálise como sendo "O representante psíquico de
uma fonte endossomática de estimulação que flui continuamente" e "um dos conceitos da delimitação
entre o anímico e o físico". Qual é a denominação desse conceito?
Parabéns! A alternativa C está correta.
A Latência
B Libido
C Pulsão
D Zona erógena
E Disposição perverso-polimorfa
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Conceito fundamental da Psicanálise, a pulsão se delineia como uma medida de exigência de trabalho
feita do somático, ou seja, do corpo ao psíquico. Trabalhado primeiramente no texto Três ensaios sobre
a teoria da sexualidade, de 1905, esse conceito será sistematizado em 1915, no texto A pulsão e os
destinos da pulsão.
Questão 2
(Concurso Público ‒ Psicologia Clínica ‒ UERJ ‒ 2015). No segundo dos Três ensaios sobre a teoria da
sexualidade (1905), em relação ao chuchar (contato de sucção com os lábios, do qual está excluído
qualquer propósito de nutrição), que Freud toma como uma manifestação na qual se pode estudar os
traços essenciais da atividade sexual infantil, considera-se que
Parabéns! A alternativa B está correta.
A característica da sexualidade infantil é o autoerotismo, diferentemente da sexualidade da vida adulta,
marcada notadamente pela possibilidade da vivência da sexualidade em sua manifestação
genitalizada. O autoerotismo comporta a dimensão do prazer com partes do próprio corpo.
A o sexual se confunde com o genital e a satisfação da pulsão é autoerótica.
B o sexual não se confunde com o genital e a satisfação da pulsão é autoerótica.
C o sexual se confunde com o genital e a satisfação da pulsão não é autoerótica.
D o sexual não se confunde com o genital e a satisfação da pulsão não é autoerótica.
E o genital se confunde com o sexual e a satisfação da pulsão é autoerótica.
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3 - Elementos do desenvolvimento
psicossexual
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar os elementos
do desenvolvimento psicossexual.
Desenvolvimento psicossexual
Freud realiza, durante sua pesquisa, um importante mapeamento acerca do desenvolvimento psicossexual
do sujeito a partir da sexualidade infantil. Para a Psicanálise, o desenvolvimento humano e a personalidade
não se encerram apenas na observação dos aspectos orgânicos ou cognitivos. A experiência psicanalítica
ressalta a importância do aspecto emocional nesse sentido. Freud entendia que o sujeito se desenvolve de
forma integrada com seus aspectos físico e psíquico, cognitivo e emocional. Nessa leitura, mente e corpo
andam juntos. E como é realizado esse desenvolvimento? É isso que veremos neste módulo.
O desenvolvimento humano atrelado à sexualidade preconizado pela Psicanálise está de acordo com a
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Organização Mundial da Saúde (OMS), quando diz que:
A sexualidade forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica e um
aspecto do ser humano que não pode ser separado dos outros aspectos da vida. Sexualidade não é
sinônimo de coito e não se limita à presença ou não do orgasmo. Sexualidade é muito mais do que
isso, é a energia que motiva a encontrar o amor, o contato e a intimidade e se expressa na forma de
sentir, na forma de as pessoas tocarem e serem tocadas. A sexualidade influencia pensamentos,
sentimentos, ações e interações e tanto a saúde física como a mental. Se a saúde é um direito
humano fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada como um direito humano
básico.
(OMS, 1975, apud EGYPTO, 2003, p. 15-16)
Assim, é importante observar o desenvolvimento psicossexual do sujeito, e essa observação é feita por
Freud a partir do infantil. A criança obtém prazer no seu cotidiano, e esse prazer, seja na brincadeira com as
outras crianças, com seus pais, enfim, com seu meio, seja com seu próprio corpo, cria marcas que serão
constitutivas de sua organização psicológica.
Com a ajuda da interlocução com W. Fliess (cartas 52 e 75), desde 1896, Freud empenha-se em estabelecer
os períodos do desenvolvimento individual, os quais estariam relacionados a zonas erógenas determinadas.
Por isso, emprega desde sempre o termo “fase”, para com ele designar as etapas da evolução da libido, isto
é, da energia sexual.
A noção de fase é importante, pois permite entendermos de forma ampla alguns elementos e
acontecimentos daquele período do desenvolvimento. Uma determinada fase está ligada à centralidade de
alguma zona erógena. A partir da noção de zona erógena e da suposição de que algumas partes do corpo
são mais suscetíveis à erogeneização, Freud desenvolveu seu conceito de “organização” da libido,
implicando certo modo de relação do indivíduo com seu mundo.
Importante afirmar que Freud não pensa o desenvolvimento de forma exatamente linear e progressiva. Isso
quer dizer que pode haver regressões.
Exemplo
Uma criança já passou por algumas fases do desenvolvimento, de forma que ela já conseguiu adquirir um
controle muscular e esfincteriano e, portanto, elajá não faz xixi na cama. Após o nascimento de uma irmã
ou irmão, ela pode se sentir insegura com relação ao amor dos pais por ela e reage à ameaça que a criança
mais nova lhe causa. Com isso, ela pode rechaçar aquele bebê e voltar a fazer xixi na cama. Quer dizer, o
aspecto emocional é importante para entender essa trama.
Antes de prosseguirmos, vejamos o que temos até aqui:
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Há sexualidade na infância, mas essa sexualidade não é caracterizada pelo traço da genitalidade, esta
que é a sexualidade que se presencia na vida adulta. Entende-se sexualidade como uma energia de vida.
A sexualidade infantil remonta à ideia de marcas ligadas ao outro, denotando o seu caráter intersubjetivo.
O corpo não é meramente um corpo orgânico, mas um corpo pulsional.
A pulsão é um conceito que se instaura entre o corpo e o psíquico, ou anímico.
As fases de evolução e organização da
libido
O professor Maicon Pereira da Cunha explicará por que, para Freud, o desenvolvimento psicossexual pode
ser dividido em fases, apresentará sua relação com as zonas erógenas, bem como as cinco etapas de
desenvolvimento.
As fases do desenvolvimento psicossexual
Conheça as fases do desenvolvimento psicossexual:
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Fase oral
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Fase anal-sádica
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Fase fálica
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Período de latência
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Fase genital
A fase oral
É a primeira fase da evolução sexual pré-genital, corresponde aos primeiros momentos de vida até 2 anos de
idade, aproximadamente, e refere-se ao momento em que o prazer ainda está ligado à ingestão de alimentos
e à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal. É também relacionada ao caráter canibalístico,
devido à centralidade da oralidade, na qual o conhecimento do mundo se dá pela boca. O objetivo sexual
consiste na incorporação do objeto, o que funcionará como protótipo para identificações futuras, como a
significação comer-ser-comido que caracteriza a relação de amor com a mãe, por exemplo.
O canibalismo é um termo utilizado em Psicanálise por referência ao canibalismo praticado por povos, em
geral, primitivos. A qualificação do canibalismo se dá por relações de objeto e fantasias que estão em
correlação com a atividade oral. O termo exprime de modo figurado múltiplas dimensões da incorporação
oral: amor, destruição, conservação no interior de si mesmo e apropriação das qualidades do objeto. O
caráter canibalístico se refere ao extrato primitivo, mas pode ser observado socialmente, por exemplo, em
rituais religiosos. O ato de comungar no rito católico diz respeito a incorporar oralmente a figura de Jesus
Cristo.
No caso da organização oral, a fonte é a zona oral, o objeto é o seio e o objetivo é a incorporação do objeto.
É importante assinalar que a fase oral não é caracterizada apenas pelo predomínio de uma zona de corpo,
mas também por um modo de relação de objeto: a incorporação.
Entende-se com isso que o alimento, enquanto objeto de uma necessidade orgânica, física, se distingue,
como objeto do instinto, daquilo que constituirá o objeto da pulsão, isto é, o seio materno para o bebê. No
desmame, quando esse objeto é abandonado, ou seja, quando a satisfação se desliga da necessidade de
nutrir-se, tanto o objeto quanto o objetivo ganham autonomia com respeito à nutrição, constitui-se o
protótipo da sexualidade oral para Freud — o chupar o dedo — e o início do autoerotismo.
A fase anal-sádica
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A fase anal sádica
A fase anal-sádica é a segunda fase pré-genital da sexualidade infantil, situada entre os 2 e os 4 anos,
aproximadamente. Essa fase é caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona anal e
por um modo de relação de objeto que Freud denomina “ativo” e “passivo”. É uma fase marcada pelo
controle dos esfíncteres.
Freud salienta o valor simbólico dessa fase, sobretudo ligado às fezes. Tal é o caso da significação de que
se reveste a atividade de dar e receber ligada à expulsão e à retenção das fezes. É na fase anal que se
constitui a polaridade atividade-passividade que Freud faz corresponder à polaridade sadismo-masoquismo.
A dimensão da ordem começa a surgir nessa fase, de forma a separar e organizar o limpo do sujo. Incentiva-
se a criança a utilizar o “troninho” para defecar. Em geral, há um certo encanto da criança com suas fezes;
ela fica observando suas fezes no troninho ou na privada. Nesse momento, simbolicamente, ela se encanta
com o fato de seus excrementos serem uma produção de si, de seu corpo, e não é raro a criança
“presentear” seus pais e cuidadores com sua produção. É a primeira oferta da criança devolvendo algo ao
mundo.
A fase fálica
Marcará o momento posterior às fases oral e anal, portanto, entre os 3–5 anos. É nela que a criança
reconhece apenas um órgão genital: o masculino. Para Freud, essa fase apresentará a oposição entre os
sexos, por meio da distinção fálico-castrado, portanto, caracterizada pela castração.
A libido é de natureza masculina, tanto na mulher como no homem, devido à centralidade do falo. O falo é o
equivalente simbólico do pênis, símbolo de poder nessa teorização. A inveja do pênis, nessa leitura, é
caracterização do feminino, marcado pela castração.
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Nessa fase, Freud identificou reações de crianças a seus pais como ameaça potencial à satisfação de suas
necessidades. Dessa forma, para o menino que deseja estar próximo de sua mãe, o pai se torna como que
um rival. Ao mesmo tempo, o menino ainda quer o amor e a afeição de seu pai. Surge, portanto, a ideia de
ambivalência, ou seja, a criança terá que lidar com o fato de amor e ódio estarem muito próximos, sobretudo
na fantasia. A criança está na posição de querer e temer ambos os pais.
Período de latência
O período de latência no desenvolvimento da criança não é caracterizado como uma fase do
desenvolvimento psicossexual exatamente, mas sim uma fase na qual o desenvolvimento fica como que
suspenso.
A palavra latência expressa exatamente um período durante o qual algo se elabora, antes de assumir
existência efetiva. Na Medicina, em geral, latência diz respeito ao intervalo entre o começo de um estímulo e
o início de uma reação associada a esse estímulo; tempo de reação.
No desenvolvimento psicossexual, ocorre entre 5–6 anos até a puberdade. Nesse período, já houve a
superação do complexo de Édipo. O superego, a instância crítica do aparelho psíquico, resta como herdeira
do complexo edipiano. É a parte responsável pela porção moral do psiquismo e representa os valores da
sociedade.
No período da latência, a pulsão sexual é desviada para outras finalidades, tais como a construção de
aspirações estéticas e morais e a aquisição de conhecimento. Os impulsos da pulsão sexual são desviados
para atividades intelectuais e outras destinações, como amizades, estudos ou esportes.
A fase genital (puberdade e vida adulta)
A fase genital se caracteriza pela viabilidade da vida sexual genitalizada. Marca a vida adulta, e há uma volta
à energia sexual para os órgãos genitais e, portanto, em direção às relações amorosas. Os conflitos internos
típicos das fases anteriores atingem aqui uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do
ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta. Nesse momento, meninos e meninas estão
conscientes de suas identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas
necessidades eróticas e interpessoais.
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Segundo Freud, a fase genital começa apartir do desenvolvimento da puberdade. Não há uma idade
precisamente, até porque isso varia de pessoa para pessoa e contingências variadas, mas podemos afirmar
que por volta dos 11 ou 12 anos mudanças corporais, hormonais e psicológicas são sensivelmente notadas.
A fase genital é uma fase que marca o fim da vida etária infantil e marca o início da vida adulta. A atenção
da organização da energia libidinal se concentra nos órgãos genitais.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(UFPR/PRHAE ‒ Processo Seletivo ‒ Hospital de Clínicas – 2009 – Psicólogo) Na obra clássica Três
ensaios sobre a teoria da sexualidade, Freud propõe fases de desenvolvimento da organização sexual na
infância que permeariam a estruturação psíquica da criança. 
Sobre essas fases, assinale a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa B está correta
A As fases descritas são caracterizadas pelo autoerotismo.
B
A fase oral, ou organização sexual pré-genital canibal, encontra-se ligada à ingestão de
alimentos e fundamenta-se na incorporação do objeto.
C
A fase anal apresenta uma organização na qual dois objetos idênticos e parciais seriam
buscados.
D
A fase de maturidade genital caracteriza-se pelo reconhecimento do genital masculino,
para onde convergem todos os impulsos sexuais.
E
A fase fálica ocorre durante a adolescência, uma vez que os objetos encontram-se
hipererotizados.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A primeira fase do desenvolvimento psicossexual é a fase oral, marcada pelo conhecimento do mundo
pela incorporação objetal. Como a centralidade ocorre na boca, essa fase também é conhecida como
organização sexual pré-genital canibal.
Questão 2
Fase do desenvolvimento psicossexual marcada pelo controle dos esfíncteres:
Parabéns! A alternativa D está correta.
É uma fase que ocorre mais ou menos entre os 2 e 4 anos e segue a fase oral. É marcada pelo caráter
anal, no qual o controle retentivo é uma importante aquisição do desenvolvimento, além de ter uma
troca simbólica envolvida na questão da produção das fezes.
A Fase canibalística
B Fase genital
C Fase oral
D Fase anal
E Fase de latência
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4 - Complexos de Édipo e de castração
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar os complexos
de Édipo e de castração no desenvolvimento.
Origens do complexo de Édipo
Chegamos a um ponto que diz respeito não exatamente às fases do desenvolvimento psicossexual, mas
aos eixos-chave na interpretação sobre o processo de elaboração da subjetividade pela perspectiva da
Psicanálise. Aqui, a referência é à centralidade do complexo de Édipo e ao seu correlato, o complexo de
castração.
Para entender melhor essa centralidade, precisaremos fazer um recuo à superação da teoria do trauma.
Lembremos que Freud se deparava naquele momento inicial da Psicanálise com os casos de histeria em
que teria havido uma sedução sexual. Essa sedução teria sido exercida por uma figura masculina mais velha
que, em geral, seria o pai. Freud começa a se espantar que quase toda Viena seria abusadora, haja vista que
eram recorrentes os relatos de abusos.
Evidentemente que havia casos de abuso materialmente falando. Ocorriam abusos naquela época e ainda
hoje, infelizmente, e esses casos muitas vezes são silenciados. Todavia, Freud começou a prestar atenção
na escuta de uma cena de sedução que ocorria na fantasia. Nessa medida, isso demonstrava a importância
da fantasia e da sexualidade infantil, e essas duas dimensões ficam articuladas pela descoberta do
complexo de Édipo.
Freud faz poucas referências ao complexo de Édipo, apesar de trabalhar em toda a sua teoria com esse
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elemento. O complexo de Édipo surge pela primeira vez em uma carta a Fliess, de 15 de outubro de 1897.
Mas antes de mencionar essa carta, observaremos como Freud articula essa ideia com o que vinha
observando em sua clínica da histeria e como alguns dos principais conceitos da Psicanálise foram
surgindo.
Em 1897, Freud narra:
Os impulsos hostis contra os pais (desejo de que eles morram) também são
um elemento integrante das neuroses. (...) Estes são recalcados nas ocasiões
em que é atuante a compaixão pelos pais — nas épocas de doença ou morte
deles. (...) Parece que esse desejo de morte, no filho, está voltado contra o pai
e, na filha, contra a mãe.
(FREUD, 1950, p. 304-305)
Logo a seguir, na famosa Carta 69, Freud dirige a Fliess sua dúvida com relação à teoria do trauma, dizendo
não acreditar mais em sua neurótica [teoria das neuroses]. É nesse momento que ele articula a teoria da sua
neurótica com as fantasias edipianas, afirmando serem estas o motivo de suas descrenças nas cenas de
abusos reais em todos os casos. O importante de ser compreendido aqui é a fantasia sexual tendo
invariavelmente os pais como tema.
Os complexos edipiano e de castração
O professor Maicon Pereira da Cunha refletirá sobre como a teoria do trauma e a fantasia de sedução
permitem que Freud articule o complexo de Édipo e seu correlato, o complexo de castração, e derivados:
complexo de Electra, complexo de Édipo invertido.
Freud segue na estruturação dos primeiros passos na organização do complexo de Édipo constatando em si
mesmo uma série de sentimentos ambivalentes com relação às suas figuras familiares, pais e até um irmão.
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Essa constatação se dá por meio de sua produção onírica, ou seja, por meio de um sonho seu. Aí constata o
que considera como um evento universal do início da infância, a paixão pela mãe e o ciúme do pai, que é
justamente o eixo axial da trama edipiana: “Sendo assim, podemos entender a força avassaladora de
Oedipus Rex, apesar de todas as objeções levantadas pela razão contra a sua pressuposição do destino; (...)
Cada pessoa da plateia foi, um dia, em germe ou na fantasia, exatamente um Édipo como esse” (FREUD,
1950, p. 316).
A trama a qual todo vivente passaria em seu processo de desenvolvimento é concebida por Freud por meio
da alegoria da tragédia grega do Édipo Rei, na qual sentimentos ambivalentes em relação às figuras
parentais orquestrariam nossa concepção subjetiva.
A tragédia Édipo Rei trata-se de uma peça de teatro grego antigo, escrita por Sófocles aproximadamente em
427 a.C. A história central dessa tragédia relata a história de Édipo. Édipo é o governante de uma cidade que
está sendo dizimada por uma praga. Envia, então, Creonte, seu cunhado, para consultar o oráculo de Delfos.
A resposta que recebe é que o homem responsável pela morte de Laio, rei anterior a Édipo, vive entre eles e
deve ser morto para findar o terror.
Um velho adivinho, Tirésias, acusa Édipo pela morte de Laio, pois existia uma profecia na qual Édipo
assassinaria seu pai para casar com sua mãe. Nesse momento, um mensageiro revela que Édipo tem pais
adotivos. Então, ele descobre que é filho de sua esposa Jocasta e que matou Laio, seu pai, em uma de suas
viagens.
Édipo era um bebê tebano abandonado para morrer. Por piedade, um pastor coríntio o leva para sua cidade,
onde será adotado pelo rei Pólibo. Após muitos anos consultando o oráculo de Delfos para esclarecer uma
dúvida sobre sua origem, Édipo é atingido por uma grande profecia: seu destino é matar o pai e casar com a
própria mãe.
Tentando fugir de seu destino, como ocorre em toda tragédia grega, Édipo abandona Corinto. Em suas
andanças, encontra um homem mais velho, com quem discute em umaencruzilhada. Encolerizado, mata o
viajante. Seguindo sem rumo, chega às portas de Tebas, onde a Esfinge lhe propõe um enigma. Se errar,
morrerá. A resposta de Édipo salva a sua vida e a da cidade. Como dupla recompensa, recebe de Creonte —
irmão da rainha e até então regente de Tebas — o título de rei e a mão de Jocasta, viúva de Laio, o rei
assassinado misteriosamente.
Em uma Conferência de 1917, intitulada O Desenvolvimento da Libido e as Organizações Sexuais, Sigmund
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Freud alude:
E, agora, os senhores estarão ávidos por ouvir o que esse terrível Complexo de
Édipo contém. Seu nome o diz. Todos os senhores conhecem a lenda grega do
rei Édipo, fadado pelo destino a matar seu pai e a desposar sua mãe, que fez
todo o possível para escapar à decisão do oráculo e puniu-se a si próprio
cegando-se, ao saber que, apesar de tudo, havia, sem querer, cometido ambos
os crimes.
(FREUD, 1917, p. 334.)
Édipo na teoria psicanalítica do desenvolvimento do
sujeito
A partir da referência à tragédia grega do apaixonamento pela mãe de Édipo e da rivalidade paterna, Freud
formula a trama edipiana no menino. Essa é a forma simples do Édipo. Lembrando que Freud não trabalha
com o conceito do complexo de Electra, que seria tal qual o complexo de Édipo no menino, mas na menina.
A ideia do complexo de Electra é trabalhada por Carl Gustav Jung posteriormente.
Freud preconiza que o Édipo na menina é o inverso em relação ao menino, o que quer dizer que há um
apaixonamento da menina pelo pai e a rivalidade com relação à mãe. A questão vai se tornando um pouco
mais complexa ao longo de outros textos, mas estamos tentando simplificar aqui para entender a lógica
estrutural do complexo de Édipo:
Complexo de Electra
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Complexo de Édipo
Em sua Conferência de 1917, Freud afirma que a conduta do menino se origina em motivos egoísticos, e
explica que esse caráter egoísta é justamente a fonte de ligação com a mãe, na medida em que ela satisfaz
todas as necessidades da criança. É aí que o interesse egoístico oferece um ponto de apoio ao qual a
tendência erótica se vincula, de forma que o menino pode mostrar a mais indisfarçada curiosidade sexual
para com sua mãe.
Freud fornece exemplos disso, como a insistência em dormir ao seu lado, solicitar sua presença à noite,
permanecer junto a ela quando ela está se vestindo ou mesmo fazer tentativas reais de seduzi-la. E chama
atenção que a mãe dedica a mesma atenção à sua filhinha, sem produzir igual resultado. Por outro lado, o
pai frequentemente compete com a mãe em proporcionar cuidados ao menino, e, no entanto, não lhe é
atribuída a mesma importância que a ela.
Acompanhando a evolução da trama edipiana por uma outra perspectiva, verificar-se-á um apaixonamento
que surge da simbiose mãe-bebê. Essa simbiose se verá ameaçada quando outros elementos importantes
se impõem na cena. É a distinção anatômica entre os sexos, à medida que há posteriormente a identificação
da existência de seres com o pênis e seres sem.
Essa constatação surge simbolicamente referida à fantasia de que em um início todos os seres tinham o
pênis (agora numa referência ao phallus — falo, o equivalente simbólico do pênis), mas que alguns seres o
perderam (as mulheres).
Em 1924, no texto da Dissolução do complexo de Édipo, Freud articula o complexo de Édipo como o
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fenômeno central do período sexual da primeira infância. Ele afirma que, após esse período, se efetua sua
dissolução, e é seguido pelo período de latência. É nesse ponto que Freud amarra o complexo de Édipo ao
complexo de castração.
A observação que organiza o complexo de castração é a visão dos órgãos genitais femininos. O menino,
tendo orgulho da posse de um pênis, tem uma visão da região genital de uma menina e não pode deixar de
convencer-se da ausência de um pênis na menina. “Com isso, a perda de seu próprio pênis fica imaginável e
a ameaça de castração ganha seu efeito adiado.” (FREUD, 1924, p. 195).
Resumindo
O complexo de Édipo se desfaz pela ameaça de castração, posto que uma fantasia poderosa de que há
seres castrados (as meninas) e o medo de ele próprio também ser castrado leva o menino a abandonar o
apaixonamento pela mãe. Assim, ele se identifica com a lei simbólica, atribuída ao pai. Em outras palavras, o
menino se alia ao seu pai, como forma de lidar com o medo de ser castrado por ele.
Por outro lado, Freud sustenta que o complexo de Édipo da menina é muito mais simples que no menino.
Dado que a menina se vê como um ser castrado, tentativas de compensação seriam orquestradas. Pode-se
dizer, simbolicamente, que ela desloca do pênis para um bebê. Seu complexo de Édipo culmina em um
desejo fantasioso de ter um filho do pai, numa atitude restauradora pelo seu narcisismo por meio do bebê.
Os dois desejos — possuir um pênis e um filho — permanecem fortemente investidos no inconsciente e
ajudam a preparar a menina para seu papel posterior, de mulher.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(FEPESE ‒ Prefeitura Municipal de Bombinhas ‒ Psicólogo ‒ 2019) Analise as afirmativas abaixo a
respeito do complexo de Édipo: 
1. É em torno dele que ocorre a estruturação psíquica do sujeito. 
2. A mãe é o objeto de desejo do menino e o pai é o rival que impede o acesso ao objeto desejado. 
3. Acontece após os 14 anos de idade, na puberdade. 
4. O menino escolhe o pai como modelo de identificação comportamental para ter a mãe. 
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
A É correta apenas a afirmativa 1.
B É correta apenas a afirmativa 2.
C São corretas apenas as afirmativas 2 e 4.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
O complexo de Édipo organiza a subjetividade dentro da perspectiva psicanalítica. Inicia-se pela
simbiose com a mãe, e o pai exerce a função de corte dessa relação, de modo que a triangulação
edipiana é o que permite a constituição neurótica. A identificação com o pai é uma forma de
permanecer com o vínculo amoroso com a mãe, mas com uma qualidade relacional diferente em
relação ao primeiro estágio, o da simbiose.
D São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
E São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
Questão 2
Sobre o complexo de Édipo, um dos principais conceitos da teoria psicanalítica, pode-se afirmar que
Parabéns! A alternativa C está correta.
A esse complexo é percebido apenas no gênero masculino.
B
tal complexo envolve a relação mãe-filho, em nada influenciando as demais relações da
criança.
C
o complexo de Édipo masculino vai ter seu término concomitantemente com o término
da angústia de castração no menino.
D
esse complexo é um conceito trabalhado apenas na análise individual, não sendo
possível concentrá-lo em grupos.
E
tal complexo é considerado uma patologia que gera nas crianças que o padecem
severos problemas adaptativos e transtornos de personalidade.
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Considerações �nais
Ao abordar a teoria da sexualidade no pensamento freudiano, percorremos um caminho polêmico de
desvios e de provocações em relação à moral sexual vitoriana do século XIX. Ao abordar a sexualidade
infantil, Freud ousou não apenas afirmar que existe uma sexualidade na infância, como, a partir daí,
constituiu uma teorização sobre a vida sexual dos neuróticos.
Aocontrário da vida sexual adulta, associada à genitalidade, a sexualidade infantil é caracterizada pelo traço
autoerótico, no qual o corpo é marcado pelas impressões e marcas advindas do campo do outro. As zonas
erógenas do corpo, impressas pelas excitabilidades pulsionais, constituem o circuito da pulsão.
Percorremos a caracterização da pulsão, bem como os seus destinos tendo em vista realizar uma imersão
no campo da vida sexual do neurótico e na constituição da teorização da sexualidade, vistos pela
Psicanálise. O complexo de Édipo e seu correlato, o complexo de castração, exercem importância
fundamental nesses imbróglios.
Podcast
O professor Maicon Pereira da Cunha apresenta exemplos do cotidiano que ilustram as diversas fases do
desenvolvimento psicossexual na teoria de Freud e a diferença entre o traço autoerótico na infância e a vida
sexual adulta.
a abé s! al e a a C es á co e a.
O complexo de Édipo e o seu correlato, o complexo de castração, culminam com a organização da
trama edipiana e, consequentemente, com a síntese da constituição psíquica em seu processo inicial. À
trama edipiana segue-se o período de latência.
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Referências
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GARCIA-ROZA, L. A. Freud e o Inconsciente. 21. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
WINNICOTT, D. Preocupação materna primária. In: ______. Textos selecionados: da pediatria à psicanálise.
Tradução de J. Russo. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982, p. 491-498.
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Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, leia:
A biografia Sigmund Freud na sua época e em nosso tempo, de 2016, realizada pela psicanalista e
historiadora Elizabeth Roudinesco. Sua visão histórica contempla uma perspectiva que mapeia de
maneira bem interessante as coordenadas do pensamento psicanalítico em Freud.
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A biografia de Freud, por Peter Gay: Freud, uma vida para o nosso tempo.
A clássica primeira biografia de Freud, de Ernest Jones: Vida e obra de Sigmund Freud.
Na internet, há ótimas fontes que contribuem para o seu estudo. Pesquise:
O canal no YouTube do psicanalista Christian Dunker tem bons vídeos introdutórios sobre questões
interessantes da Psicanálise.
O site freudonline é uma ferramenta que contém a obra completa disponibilizada de Sigmund Freud.

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