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Ensaio - Sexo, Gênero e Sexualidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCENTE: ANA JULIA SOARES SILVA SEMESTRE: 2021.2
DISCIPLINA: GÊNERO, SEXUALIDADE E SUBJETIVIDADE
Gênero, sexualidade e subjetividade – Avaliação II 
A sociedade nos ensina desde que nascemos que características sexuais, gênero e atração sexual andam naturalmente juntas, havendo apenas dois caminhos que devem ser seguidos linearmente. 
Órgãos sexuais masculinos = homem = sentir atração por mulheres; e Órgãos sexuais femininos = mulher = sentir atração por homens. 
Mais tarde, com um pouco de informações certas, descobrimos que não poderiam estar mais errados, a “natureza” não cria ligação alguma, não existem somente dois caminhos e eles nem devem ser seguidos de forma linear.
Há um problema, entretanto, entre o tempo que as pessoas podem demorar até conseguir essas informações ou até mesmo em conseguir informações erradas que fomentem diferentes tipos de preconceito e discriminação. Assim, é importante começar a trazer para dentro da nossa cultura a educação desses temas, promovendo o conhecimento de seus corpos, de suas identidades e sexualidades, assim como o desdobramento dessas questões na vida de cada um, seja no âmbito social, da saúde, etc.
Sendo assim, para iniciar esse trabalho é importante fazer a diferenciação desses três elementos. 
As características sexuais dizem respeito a algo biológico, como os cromossomos sexuais, o tamanho das células reprodutivas etc., assim, a aspectos físicos e fisiológicos da pessoa; e, diferente do que costumam pensar, não determinam ou influenciam em padrões de comportamento (como o agir de forma feminina ou masculina). Além disso, essas características não se dividem somente em dois grupos (macho x fêmea), existem ainda pessoas que de diferentes formas podem ter características sexuais desses dois grupos definidos culturalmente, são consideradas intersexuais.
Pessoa cujo corpo varia do padrão de masculino ou feminino culturalmente estabelecido, no que se refere a configurações dos cromossomos, localização dos órgãos genitais (testículos que não desceram, pênis demasiado pequeno ou clitóris muito grande, final da uretra deslocado da ponta do pênis, vagina ausente), coexistência de tecidos testiculares e de ovários. A intersexualidade se refere a um conjunto amplo de variações dos corpos tidos como masculinos e femininos, que engloba, conforme a denominação médica, hermafroditas verdadeiros e pseudo-hermafroditas. (p. 25, 2012)
Já os gêneros são uma construção social, funcionam determinado perfil (padrão de comportamento, vestimenta, papel social, etc.) que é esperado que cada pessoa se encaixe de acordo com as características sexuais correspondentes. Sendo que, essa correspondência entre características sexuais e perfil comportamental é também fruto dessa construção.
Por se tratar de algo cultural, os gêneros podem mudar ao decorrer da história ou então região geográfica. Na nossa sociedade, por exemplo, tradicionalmente são considerados dois gêneros: homem (do qual se espera comportamentos de força, racionalidade, dominação) e mulher (do qual se espera sensibilidade, submissão, delicadeza).
Até aqui já é possível perceber algumas problemáticas na crença de que essa correspondência entre sexo biológico e gênero são algo natural e fixo, o que causa diversas formas de discriminação e violência contra uma pessoa, por exemplo, que tenha uma vagina, mas que possua comportamentos mais dominadores. 
Quanto à atração sexual, ela refere-se à vivência da sexualidade da pessoa, por quem ela se sente atraída, sente desejo sexual. Nesse caso, não é algo definido biologicamente nem culturalmente, mas de algo subjetivo e individual àquela pessoa. 
A questão com a atração sexual é que, pela ideia do binarismo a sociedade espera que essa atração deva ocorrer com o polo oposto ao seu, nesse caso, o homem sentindo-se atraído pela mulher e vice e versa. Mas, novamente, essa correlação não é “natural do ser humano”, mas algo criado pelo social.
O grande problema na ideia de ter esses elementos alinhados como regra é o sofrimento vivido por pessoas que fogem disso.
No filme Garota Dinamarquesa, por exemplo, o qual é baseado em uma história real, Lily é uma mulher que viveu boa parte de sua vida performando uma masculinidade, até que ao ajudar sua esposa pintora posando para ela com roupas femininas o faz dar início a uma jornada de autoconhecimento. Pelo comportamento de ter um “homem” casado que passa a agir como uma mulher ser considerado algo anormal e problemático na época – o filme se passa no início do século XX, Lily é levada a buscar explicações médicas com uma série de profissionais. Durante a essas várias avaliações, Lily obteve muitos diagnósticos como perversão, loucura e esquizofrenia, todas afirmando seu comportamento como uma anormalidade que deveria ser tratada, fazendo-a até mesmo a fugir para evitar internações.
Apesar da diferença temporal entre o filme e a atualidade, a busca por médicos, líderes religiosos e outros “profissionais” ainda é comum para tentar tratar pessoas que não alcançam as expectativas da sociedade quanto à correspondência do seu padrão de comportamento e órgãos genitais. Além disso, a violência vinda dessas instituições não é o único desafio a ser enfrentado, violências físicas, como também é apresentado no filme em um momento que a Lily está caminhando pelas ruas de Paris, privação de direitos e o sofrimento subjetivo causado pela crença coletiva de que algo está errado e falta de apoio de pessoas importantes (família, amigos) também são frequentes.
É inegável que ao decorrer da história houve um avanço, mesmo que mínimo, na forma da sociedade entender essas pessoas. Movimentos ativistas e desenvolvimento da literatura científica sobre são dois dos agentes que colaboraram para isso, divulgando conhecimento e promovendo educação sobre a diversidade. 
Ariane Senna, ao relatar sua trajetória como mulher trans e negra na academia, cita a importância de movimentos LGBTQIA+ para lidar com os obstáculos desse seu percurso.
Com os diálogos em rodas e eventos de mulheres e LGBTs eu passei a me conscientizar dos meus direitos não apenas sobre o nome, mas também sobre a utilização dos banheiros de acordo com minha identidade de gênero, a classe e a raça que trago demarcado em meu corpo e, que me faz passar por mais de uma opressão.
(p. 307, 2018)
Para citar também a literatura científica sobre o tema, pode-se apresentar pensadores como Judith Butler, a qual repensa a ideia de gênero não somente é construído socialmente, como tem um forte papel político. Para Butler, o gênero tem um aspecto determinista e visa naturalizar a diferença de poder entre dois grupos (homem e mulher), colocando como normal e incontestável o lugar de cada um desses na sociedade assim como as desigualdades sociais entre eles.
Há também outras teorias como a de Beatriz Preciado, sua ideia de Contrassexualidade explana a dissociação entre características sexuais e gênero. Em seu livro “Manifesto Contrassexual”, sexo, sexualidade e gênero são colocados como tecnologias sociopolíticas complexas, sendo assim, o repensar a visão tradicional binária também acabaria com as consequências sociais, econômicas e jurídicas que ela traz, como a desigualdade entre os gêneros e suas repercussões. 
Esses breves resumos não representam uma gota no oceano que são essas teorias, mas o objetivo é mostrar como a questão do gênero é algo mais complexo do que um simples determinismo biológico ou uma mera categorização social. A ideia de gênero que temos hoje em dia é perigosa, agride e mata pessoas diariamente e fundamenta a perpetuação dessa violência.
Portanto, como retratado na fala de Senna, a educação de gênero, sexo e sexualidade se torna cada vez mais necessária, não somente voltada para prevenir agressões (diretas ou indiretas), mas também para permitir as pessoas passarem por um caminho de descoberta, aceitação e expressão de suas identidades de forma não dolorosa.REFERÊNCIAS
JESUS, J. G. Orientações sobre Identidade de Gênero: conceitos e termos. Brasília, 2012.
SENNA, A. M. A trajetória acadêmica de uma psicóloga, mulher trans e negra dentro da universidade. Revista Latino Americana de Geografia e Gênero, v. 9, n. 2, p. 304-317, 2018.
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
 
CURSO DE PSICOLOGIA
 
DISCENTE: ANA JULIA SOARES SILVA
 
 
SEMESTRE: 2021.2
 
DISCIPLINA: GÊNERO, SEXUALIDADE E SUBJETIVIDADE
 
 
Gênero, sexualidade e 
subjetividade 
–
 
Avaliação II
 
 
 
A sociedade nos ensina desde que nascemos que características sexuais, gênero e 
atração sexual andam naturalmente juntas, havendo apenas dois caminhos que devem ser 
seguidos linearmente. 
 
Órgãos sexuais masculinos = homem = 
sentir atração por mulheres; e Órgãos 
sexuais femininos = mulher = sentir atração por homens. 
 
Mais tarde, com um pouco de informações certas, descobrimos que não poderiam 
estar mais errados, a “natureza” não cria ligação alguma, não existem somente dois 
c
aminhos e eles nem devem ser seguidos de forma linear.
 
Há um problema, entretanto, entre o tempo 
que as pessoas podem demorar até 
conseguir essas informações ou até mesmo em conseguir informações erradas que 
fomentem diferentes tipos de preconceito e discr
iminação. Assim, é importante começar 
a trazer para dentro da nossa cultura a educação desses temas, promovendo o 
conhecimento de seus corpos, de suas identidades e sexualidades, assim como o 
desdobramento dessas questões na vida de cada um, seja no âmbito
 
social, da saúde, etc.
 
Sendo assim, para iniciar esse trabalho é importante fazer a difer
enciação desses 
três elementos. 
 
As características sexuais 
dizem respeito a algo biológico, como os cromossomos 
sexuais, o tamanho das células reprodutivas etc., ass
im, a aspectos físicos e fisiológicos 
da pessoa; e, diferente do que costumam pensar, não determinam ou influenciam em 
padrões de comportamento (como o agir de forma feminina ou masculina).
 
Além disso, 
essas características não se dividem somente em dois g
rupos (macho x fêmea), existem 
ainda pessoas que de diferentes formas podem ter características sexuais desses dois 
grupos definidos culturalmente, são consideradas intersexuais.
 
Pessoa cujo corpo varia do padrão de masculino ou feminino culturalmente 
esta
belecido, no que se refere a configurações dos cromossomos, localização 
dos órgãos genitais (testículos que não desceram, pênis demasiado pequeno 
ou clitóris muito grande, final da uretra deslocado da ponta do pênis, vagina 
ausente), coexistência de tecido
s testiculares e de ovários. A intersexualidade 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
CURSO DE PSICOLOGIA 
DISCENTE: ANA JULIA SOARES SILVA SEMESTRE: 2021.2 
DISCIPLINA: GÊNERO, SEXUALIDADE E SUBJETIVIDADE 
 
Gênero, sexualidade e subjetividade – Avaliação II 
 
A sociedade nos ensina desde que nascemos que características sexuais, gênero e 
atração sexual andam naturalmente juntas, havendo apenas dois caminhos que devem ser 
seguidos linearmente. 
Órgãos sexuais masculinos = homem = sentir atração por mulheres; e Órgãos 
sexuais femininos = mulher = sentir atração por homens. 
Mais tarde, com um pouco de informações certas, descobrimos que não poderiam 
estar mais errados, a “natureza” não cria ligação alguma, não existem somente dois 
caminhos e eles nem devem ser seguidos de forma linear. 
Há um problema, entretanto, entre o tempo que as pessoas podem demorar até 
conseguir essas informações ou até mesmo em conseguir informações erradas que 
fomentem diferentes tipos de preconceito e discriminação. Assim, é importante começar 
a trazer para dentro da nossa cultura a educação desses temas, promovendo o 
conhecimento de seus corpos, de suas identidades e sexualidades, assim como o 
desdobramento dessas questões na vida de cada um, seja no âmbito social, da saúde, etc. 
Sendo assim, para iniciar esse trabalho é importante fazer a diferenciação desses 
três elementos. 
As características sexuais dizem respeito a algo biológico, como os cromossomos 
sexuais, o tamanho das células reprodutivas etc., assim, a aspectos físicos e fisiológicos 
da pessoa; e, diferente do que costumam pensar, não determinam ou influenciam em 
padrões de comportamento (como o agir de forma feminina ou masculina). Além disso, 
essas características não se dividem somente em dois grupos (macho x fêmea), existem 
ainda pessoas que de diferentes formas podem ter características sexuais desses dois 
grupos definidos culturalmente, são consideradas intersexuais. 
Pessoa cujo corpo varia do padrão de masculino ou feminino culturalmente 
estabelecido, no que se refere a configurações dos cromossomos, localização 
dos órgãos genitais (testículos que não desceram, pênis demasiado pequeno 
ou clitóris muito grande, final da uretra deslocado da ponta do pênis, vagina 
ausente), coexistência de tecidos testiculares e de ovários. A intersexualidade

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