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JURISDIÇÃO E PROCESSO CONSTITUCIONAL A1 ----

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JURISDIÇÃO E PROCESSO CONSTITUCIONAL
Professora: Camila Arruda
Tema: O HABEAS CORPUS (HC 165704) COLETIVO PARA DETERMINAR A SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR POR DOMICILIAR DOS PAIS E RESPONSÁVEIS POR CRIANÇAS MENORES DE 12 ANOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Paola da Costa Duarte Quintanilha (matricula: 20192100752)
Hudson dos Santos Oliveira (matricula: 20192103476)
Mariana Mascarenhas Carvalho (matrícula:20151102350)
Joice Andrade (matrícula: 20162103988) 
ARARUAMA
2022.1
Resenha critica
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu Habeas Corpus (HC 165704) coletivo para determinar a substituição da prisão preventiva pela domiciliar “desde que observados os requisitos do art. 318 do Código de Processo Penal e não praticados crimes mediante violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes — os pais, caso sejam os únicos responsáveis pelos cuidados de menor de 12 anos ou de pessoa com deficiência, bem como outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem imprescindíveis aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência”1[footnoteRef:2]. [2: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Pais e outros responsáveis por menor de 12 anos ou por pessoa com deficiência possuem direito à prisão domiciliar, desde que observados os requisitos do art. 318 do CPP e não tenham praticado crime com violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes. Buscador Dizer o Direito, Manaus
] 
O remédio constitucional foi impetrado em virtude de outro acordão proferido pela Suprema Corte, a fim de que fosse ampliado a todas as pessoas que se encontrassem presas nas situações supramencionadas, eis que nos autos do habeas corpus n° 143.641/SP[footnoteRef:3] o STF reconheceu a existências de  inúmeras mulheres grávidas e mães de crianças que estavam cumprindo prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados médicos pré-natais e pós-parto, falta de berçários e creches para seus filhos. [3: STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).] 
Ementa:
Habeas corpus coletivo. Admissibilidade. Lesão a direitos individuais homogêneos. Caracterização do habeas corpus como cláusula pétrea e garantia fundamental. Máxima efetividade do writ. Acesso à justiça. 2. Direito Penal. Processo Penal. Pedido de concessão de prisão domiciliar a pais e responsáveis por crianças menores ou pessoas com deficiência. 3. Doutrina da proteção integral conferida pela Constituição de 1988 a crianças, adolescentes e pessoas com deficiência. Normas internacionais de proteção a pessoas com deficiência, incorporadas ao ordenamento jurídico brasileiro com status de emenda constitucional. Consideração dos perniciosos efeitos que decorrem da separação das crianças e pessoas com deficiência dos seus responsáveis. 4. Previsão legislativa no art. 318, III e VI, do CPP. 5. Situação agravada pela urgência em saúde pública decorrente da propagação da Covid-19 no Brasil. Resolução 62/2020 do CNJ. 6. Parecer da PGR pelo conhecimento da ação e concessão da ordem. 7. Extensão dos efeitos do acórdão proferido nos autos do HC 143.641, com o estabelecimento das condicionantes trazidas neste precedente, nos arts. 318, III e VI, do CPP e na Resolução 62/2020 do CNJ. Possibilidade de substituição de prisão preventiva pela domiciliar aos pais (homens), desde que seja o único responsável pelos cuidados do menor de 12 (doze) anos ou de pessoa com deficiência, desde que não tenha cometido crime com grave violência ou ameaça ou, ainda, contra a sua prole. Substituição de prisão preventiva por domiciliar para outros responsáveis que sejam imprescindíveis aos cuidados do menor de 6 (seis) anos de idade ou da pessoa com deficiência. 8. Concessão do habeas corpus coletivo. 
(STF - HC: 165704 DF 0006235-64.2018.1.00.0000, Relator: GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 20/10/2020, Segunda Turma, Data de Publicação: 24/02/2021.
O relator do HC, ministro Gilmar Mendes[footnoteRef:4], observou que, assim como no precedente destacado, o direito à prisão domiciliar deve ser examinado sob a ótica do melhor interesse das crianças ou das pessoas com deficiência. Com base nessa premissa, devem ser analisados os casos envolvendo laços constituídos com outros responsáveis. [4: Voto do relator: Nesse sentido, o artigo 227 da Constituição Federal preleciona que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.] 
No entanto, não são em qualquer hipótese que se aplica tal Habeas Corpus, somente nos casos do Art.318 do CPP e quando não tenham cometido crimes com violência e grave ameaça ou, ainda, contra sua prole:
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV (Revogado)
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Logo, deve entender que tal dispositivo e o entendimento do STF, apesar de beneficiar o preso/réu, são em primeiro lugar visando o melhor interesse, a proteção integral e a prioridade absoluta conferidas pela Constituição Federal aos nascituros, as crianças e os portadores de deficiência que, em prejuízo para ser exercido o jus puniendi e jus persequendi do estado, são afastados do convívio de seus pais ou entes queridos, logo em uma fase da vida em que se definem importantes traços de personalidade, que perpetuaram pelo resto de suas vidas.
Cabe salientar, de acordo com o voto prevalecente do relator do habeas corpus, em caso de concessão da ordem para pais, deve ser demonstrado que se trata do único responsável pelos cuidados do menor de 12 anos ou de pessoa com deficiência. Em caso de concessão para outros responsáveis que não sejam a mãe ou o pai, deverá ser comprovado que se trata de pessoa imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de seis anos de idade ou com deficiência[footnoteRef:5]. [5: Voto do relator: A exceção, ou seja, a recusa à substituição, deve ser amplamente fundamentada pelo magistrado, e só deve ocorrer em casos graves, tais como a prática de crime com violência ou grave ameaça à pessoa. Ademais, não faria sentido que o agente fosse beneficiado pela substituição quando pese contra ele prática de crimes contra a sua prole] 
Dessa forma, denota que a intenção e interesse de tal concessão de Habeas Corpus foi garantir a dignidade de crianças e pessoas com deficiência que dependem dos cuidados de seus únicos responsáveis. É de se dizer, em outras palavras, que a preocupação está em evitar que os efeitos deletérios do cárcere atinjam essas pessoas. E, em assim sendo, se a ideia é tutelar o interesse de vulneráveis, sendo necessário a liberdade de pessoas que cometeram crimes, que assim seja.
Decisão: 
A Turma, por votação unânime, conheceu e concedeu a ordem de habeas corpus coletivo, para determinar a substituição da prisão cautelar dos pais e responsáveis por crianças menores e pessoas com deficiência, desde que observadas as seguintes condicionantes: (i) presença de prova dos requisitos doart. 318 do CPP, o que poderá ser realizado inclusive através de audiência em caso de dúvida sobre a prova documental carreada aos autos; (ii) em caso de concessão da ordem para pais, que haja a demonstração de que se trata do único responsável pelos cuidados do menor de 12 (doze) anos ou de pessoa com deficiência, nos termos acima descritos; (iii) em caso de concessão para outros responsáveis que não sejam a mãe ou o pai, a comprovação de que se trata de pessoa imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; (iv) a submissão aos mesmos condicionamentos enunciados no julgamento do HC nº 143.641/SP, especialmente no que se refere à vedação da substituição da prisão preventiva pela segregação domiciliar em casos de crimes praticados mediante violência ou grave ameaça, ou contra os próprios filhos ou dependentes; (v) a concessão da ordem, em caráter emergencial, nos casos elencados na Recomendação nº 62/2020 do CNJ, para substituição da prisão preventiva por domiciliar ou concessão de saída antecipada do regime fechado ou semiaberto, nos termos da Súmula Vinculante 56 desta Corte; (vi) a comunicação da ordem ao DMF para acompanhamento da execução; (vii) a expedição de ofício a todos os Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais, com cópia desta decisão, para que comuniquem a esta Corte os casos de concessão de habeas corpus com base neste julgamento, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias. Prosseguindo, a Turma determinou que com a chegada das informações, haja a reavaliação das medidas de fiscalização e monitoramento
Supremo Tribunal Federal
ExtratodeAta-20/10/2020
Inteiro Teor do Acórdão - Página 79 de 79
Necessárias ao cumprimento do acórdão, na forma acima descrita, nos termos do voto do Relator. Falou pelos pacientes, o Defensor Público da União, o Dr. Gustavo Ribeiro e, pelo Ministério Público Federal, Ministro Gilmar Mendes. o Dr. José Elaeres 2ª Turma , 20.10.2020. Marques Teixeira. Presidência do
Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes. Presentes à sessão os Senhores Ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Edson Fachin.
Subprocurador-Geral da República, Dr. José Elaeres Marques Teixeira.
Maria Clara Viotti Beck
Secretária
No mais, certo é que as pessoas que fazem parte do círculo familiar do apenado(a) sofrem indiretamente com as consequências do afastamento do convívio, sendo de especial penosidade à família a segregação ou o cumprimento da pena privativa de liberdade. A isso parcela da doutrina chama de intranscendência mínima da pena[footnoteRef:6], relativizando, sem dúvida, a intranscendência da pena[footnoteRef:7], que menciona, consubstanciado na CF/88, que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado (...)” [6: COELHO, Pedro. Dialogos do Processo Penal, 2021.] [7: ] 
Interpretando a conclusão do julgamento, o princípio supra, as razões de impetração e conclusão do HC 143.641/SP e do HC 470.549/TO[footnoteRef:8] a família ganhou especial relevância no olhar da suprema corte, razão pela qual se reiterou o entendimento dos Ministros e se estendeu o alcance por meio do Habeas Corpus. [8: (...) Com efeito, naquilo que a lei não regulou, o precedente do STF deve continuar sendo aplicado, pois uma interpretação restritiva da norma pode representar, em determinados casos, efetivo risco direto e indireto à criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser integral e prioritária.] 
 	O CNJ trabalha para disponibilizar em sua página na Internet novo painel público de monitoramento do cumprimento dos habeas corpus, que reunirá em um único local informações coletadas diretamente de diferentes sistemas - Sistema de Audiência de Custódia - SISTAC, Cadastro Nacional de Inspeções em Estabelecimentos Penais - CNIEP, Cadastro Nacional de Inspeções em Unidades e Programas Socioeducativos - CNIUPS, Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei – CNACL, Sistema Eletrônico de Execução Unificado - SEEU -, além dos dados fornecidos pela administração penitenciária. Até o momento da publicação deste informe, contudo, não aportaram no CNJ informações solicitadas ao Departamento Penitenciário Nacional com dados mais atualizados a respeito do contexto do sistema carcerário na pandemia e, em especial, do cumprimento dos habeas corpus. Por tal motivo, levou-se em consideração os dados públicos disponibilizados na página do Depen 27 referentes ao período de janeiro a junho de 2020, sendo provável que a pandemia e as medidas decorrentes da Recomendação CNJ nº 62/2020 tenham impactado esse cenário. 
	Outra circunstância que merece destaque é o fato de que o cumprimento dos habeas corpus depende da identificação de um público que não é estático e determinado no tempo, mas, ao contrário, está sujeito a mudanças em curto período de meses, caso das gestantes, puérperas e lactantes, ou condições de dependência supervenientes, como as que determinam a aplicabilidade da ordem voltada aos pais e responsáveis.
	 Por este motivo a importância de assegurar mecanismos de acesso, em tempo real ou com a máxima celeridade possível, às informações constantes dos mais variados sistemas utilizados na Administração Penitenciária ou no Poder Judiciário, assim como garantir que esses dados estejam disponíveis à autoridade judicial, ao Ministério Público e à defesa das pessoas que podem ser beneficiadas pelas ordens de habeas corpus, preferencialmente no próprio sistema de tramitação processual.
	 É dizer: de um lado, há necessidade de aprimorar os mecanismos de coleta e a transparência de dados agregados, para que produzam estatísticas confiáveis que possam subsidiar a elaboração de políticas públicas voltadas a esses grupos de pessoas privadas de liberdade dotadas de especial vulnerabilidade e garantia de proteção. De outro, é indispensável delimitar precisamente os indivíduos cujos processos judiciais precisam ser examinados à luz da jurisprudência do STF e das normas nacionais e internacionais que tutelam os direitos de mães, pais e responsáveis por crianças ou pessoas com deficiência. 
	Outra medida importante seria o estabelecimento de metas direcionadas à progressiva superação dos problemas relacionados à superlotação e descumprimento das ordens coletivas dos habeas corpus, a serem atribuídas aos diferentes atores públicos no âmbito de suas respectivas esferas de competência. 
	O desafio, diante de todo o exposto, é garantir efetividade às diretrizes e determinações postas, de maneira que seja possível realizar registros confiáveis e sistemáticos no sistema prisional e socioeducativo relativos à ocorrência de gestação, idade gestacional, risco da gestação, filiação, idade dos filhos, condição de deficiência e de responsabilidade financeiro-familiar. Tudo isso, com o grande objetivo de gerar engajamento de todos os atores envolvidos, para reduzir desigualdades, vulnerabilidades e violações de direitos, especialmente com relação às mulheres, crianças e adolescentes.
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