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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A MULHER

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A mulher no período da Revolução Industrial
	A revolução industrial teve início na Inglaterra no século XVIII, caracterizada como um processo de transformação econômica e social, e desenvolvimento tecnológico, ela garantiu o surgimento de industrias, que acelerou o crescimento e consolidou o processo de formação do capitalismo.
	O nascimento da indústria causou um grande impacto na economia mundial, por explorar os recursos da natureza e transformar de forma acelerada a matéria prima e mercadorias, esse processo antes da revolução industrial era feito de forma artesanal, através das pessoas que viviam no campo, produzindo em pequenos lotes de terra, somente o suficiente para subsistir. A industrialização levou as pessoas saírem da área rural para se deslocarem a área urbana, e preencherem a demanda da mão de obra fabril com pouca especialização e baixo custo.
	O processo de substituição da manufatura que é o modo de produção manual pela maquinofatura que é o modo industrializado, levou os trabalhadores a receberem salários extremamente mais baixos (HOBSBAWN, 2000.), insuficientes para garantir o sustento da família do trabalhador, o salário era baixo mesmo em longas jornadas de trabalho sendo entre 15 a 18 horas, sem contar as condições precárias. Isso levou os operários a se organizarem em sindicatos e fazer greves reivindicando melhores condições de trabalho e salários.
Como a indústria necessitava de mão de obra com baixo custo, neste período de revolução industrial, cresce consideravelmente o número de mulheres trabalhando, visto que a mão de obra feminina era mais barata que a masculina, não só das mulheres como das crianças. Além do período das grandes guerras, que contribuiu para a mulher iniciar uma dupla jornada de trabalho, sendo o trabalho dentro e fora de casa, segundo Hobsbawn (2000, p. 64), também contribuiu para a inserção da mão de obra feminina a relutância do homem inglês em abdicar de sua independência e submeter-se a “disciplina da mecanização”.
Esse crescimento da mão de obra feminina no trabalho fabril causa um grande impacto na sociedade, visto que na cultura arcaica as mulheres eram submissas do homem patriarcado. Segundo Thompson (1987, p. 170), “[...] a força de trabalho adulto nas indústrias têxteis do Reino Unido atingia 191.671 pessoas, das quais 102.812 eram mulheres e apenas 88.859, eram homens”. Além do crescimento em números da mão de obra feminina, monetariamente o custo era baixo e altamente lucrativo para seu empregador. As operárias eram vistas por seus patrões segundo Perrot (2005), como “dóceis, fáceis de manipular e acostumadas a obedecer. As tentativas de greves eram facilmente dispersas por conter pouca adesão feminina e quase nenhuma masculina.
No Brasil, segundo Rago (1997, p. 580), “desde o século XIX o governo brasileiro procurou atrair milhares de imigrantes europeus para trabalhar nas lavouras, nas fazendas e café e nas fábricas que surgiam nas cidades, substituindo a mão de obra escrava[...]”. De acordo o censo, no Brasil em 1872 a população de estrangeiros no estado de São Paulo representava 3,40% da população total masculina no estado e 1,42% da população total feminina, já no ano de 1890 esse número de estrangeiros cresceu para 6,23% da população total masculina e 4,57% da população total feminina. Na indústria têxtil em 1894 a mão de obra feminina representava 67,62% do total de operários, após a Primeira Guerra Mundial a participação da mão de obra feminina continua crescendo, em 1920 foi recenseado um total de 247 indústrias que trabalhavam com gêneros têxtis, 34.825 operários [14.352 (41,21%) eram homens e 17.747 (50,96%) eram mulheres] (RAGO, 1997).
As mulheres no Brasil assim como em outros países lutavam por melhores salários, redução da carga horária, melhores condições de salubridade, contra o assédio sexual e controle disciplinar, porém esta não é a única dificuldade que as mulheres enfrentavam, segundo Rago (1997, p. 581-582):
As barreiras enfrentadas pelas mulheres para participar do mundo dos negócios eram sempre muito grandes, independentemente da classe social a que pertencessem. Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido – pelos homens – como naturalmente masculino. Esses obstáculos não se limitavam ao processo de produção; começavam pela própria hostilidade com que o trabalho feminino fora do lar era tratado no interior da família. Os pais desejavam que as filhas encontrassem um bom partido para casar e assegurar o futuro, e isso batia de frente com as aspirações de trabalhar fora e obter êxito em suas profissões.
	A maior dificuldade que a mulheres acabam por enfrentar é a constituição e organização sociofamiliar, teoria defendida por Caber, Proudhon e Lombroso. Os autores defendiam a estrutura de uma unidade familiar e que homens e mulheres têm os seus papeis restritamente definidos, e a mulher em seu papel familiar deve cuidar da educação dos filhos e ser submissa ao homem. Aos poucos, a ideia de Proudhon se ramificou nas sociedades industrializadas como o Brasil, e o trabalho para a mulheres passa a ser visto como algo degradante, pois sair de casa e deixar os filhos sob cuidados de terceiros se constituía como “abandono” da prole, e descaracterizava a biologia moral.
	Contudo a ideologia de Caber, Proudhon e Lombroso tem reações e percepções diferentes de acordo com a cultura de cada país. Na França o número de operarias continuava crescendo, pelo apego ao trabalho e assim favorecendo uma ascensão social. Por sua vez, no Brasil e na Inglaterra a mão de obra feminina era vista somente como um complemento de renda do trabalho masculino, colocando assim o trabalho operário feminino mais suscetível a teoria, as mulheres retem um sentimento de culpa, seja por deixar os filhos aos cuidados de outras pessoas ou pela discriminação sofrida pela família e sociedade. Além disso, outro fator importante para a redução da mão de obra feminina nas industrias têxtis no Brasil e na Inglaterra foi a falta de um estado social que garantisse creches e escolas aos filhos das operarias durante a jornada de trabalho.
IBGE (1872, p. 3) RECENSEAMENTO DO BRAZIL EM 1872, Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv25477_v1_br.pdf>
IBGE (1890, p. 75) Sexo, raça e estado civil, nacionalidade, filiação, culto e analfabetismo. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv25487.pdf
HOBSBAWM, E. J. Da Revolução Industrial inglesa ao imperialismo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.
PERROT, M. As mulheres ou o silêncio da história. Bauru: EDUSC, 2005.
RAGO, M. Trabalho Feminino e sexualidade. In: PRIORI, M. Del (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997. p. 578 a 606.
RODRIGUES, P.J. et al. (2015, f. 12) O TRABALHO FEMININO DURANTE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. Pós Graduação em Educação Sexual, UNEP, Araraquara. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Eventos/2015/xiisemanadamulher11189/o-trabalho-feminino_paulo-jorge-rodrigues.pdf>
THOMPSON E. P. A formação da Classe operária. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. (vol. II).

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