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REDE CEGONHA NO ESTADO DE SANTA CATARINA PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 3/2017 Princípios I. O respeito, a proteção e a realização dos direitos humanos; II. O respeito à diversidade cultural, étnica e racial; III. Promoção da equidade; IV. Enfoque de gênero; V. A garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes; VI. A participação e a mobilização social; VII. A compatibilização com as atividades das redes de atenção à saúde materna e infantil em desenvolvimento no Estado. Objetivos I. Fomentar a implementação de novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos vinte e quatro meses; II. Organizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e resolutividade; III. Reduzir a mortalidade materna e infantil, com ênfase no componente neonatal. Diretrizes I. Garantia do acolhimento com avaliação e classificação de risco e vulnerabilidade, ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal; II. Garantia de vinculação da gestante à unidade de referência e ao transporte seguro; III. Garantia das boas práticas e segurança na atenção ao parto e nascimento; IV. Garantia da atenção à saúde das crianças de zero a vinte e quatro meses com V. Garantia de acesso às ações do planejamento reprodutivo. Componentes I. Pré-natal: a) Realização de pré-natal na Unidade Básica de Saúde (UBS) com captação precoce da gestante e qualificação da atenção; b) Acolhimento às intercorrências na gestação com avaliação e classificação de risco e vulnerabilidade; c) Acesso ao pré-natal de alto de risco em tempo oportuno; d) Realização dos exames de pré-natal de risco habitual e de alto risco e acesso aos resultados em tempo oportuno; e) Vinculação da gestante desde o pré-natal ao local em que será realizado o parto; f) Qualificação do sistema e da gestão da informação; g) Implementação de estratégias de comunicação social e programas educativos relacionados à saúde sexual e à saúde reprodutiva; h) Prevenção e tratamento das IST/HIV/Aids e Hepatites; i) Apoio às gestantes nos deslocamentos para as consultas de pré-natal e para o local em que será realizado o parto, os quais serão regulamentados em ato normativo específico. II) parto e nascimento. a) Suficiência de leitos obstétricos e neonatais (UTI, UCI e Canguru) de acordo com as necessidades regionais; b) Ambiência das maternidades orientadas pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) no 36, de 2008, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); c) Práticas de atenção à saúde baseada em evidências científicas, nos termos do documento da Organização Mundial da Saúde, de 1996: "Boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento"; d) Garantia de acompanhante durante o acolhimento e o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato; e) Realização de acolhimento com classificação de risco nos serviços de atenção obstétrica e neonatal; f) Estímulo à implementação de equipes horizontais do cuidado nos serviços de atenção obstétrica e neonatal; g) Estímulo à implementação de Colegiado Gestor nas maternidades e outros dispositivos de co-gestão tratados na Política Nacional de Humanização. III. Puerpério e Atenção Integral à Saúde da Criança: a) Promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável; b) Acompanhamento da puérpera e da criança na atenção básica com visita domiciliar na primeira semana após a realização do parto e nascimento; c) Busca ativa de crianças vulneráveis; d) Implementação de estratégias de comunicação social e programas educativos relacionados à saúde sexual e à saúde reprodutiva; e) Prevenção e tratamento das IST/HIV/Aids e Hepatites; f) Orientação e oferta de métodos contraceptivos. IV. Sistema Logístico: transporte sanitário e regulação: a) Promoção, nas situações de urgência, do acesso ao transporte seguro para as gestantes, as puérperas e os recém nascidos de alto risco, por meio do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU Cegonha), cujas ambulâncias de suporte avançado devem estar devidamente equipadas com incubadoras e ventiladores neonatais; b) Implantação do modelo "Vaga Sempre", com a elaboração e a implementação do plano de vinculação da gestante ao local de ocorrência do parto; c) Implantação e/ou implementação da regulação de leitos obstétricos e neonatais, assim como a regulação de urgências e a regulação ambulatorial (consultas e exames). GESTAÇÃO DE ALTO RISCO - GAR Portaria de Consolidação no 3/2017 Plano de Ação Regional 2013 Leitos UTI Neonatal = Portaria de Consolidação no 3/2017 Leitos Cuidados Intermediários Convencional - UCINCo = Portaria de Consolidação no 3/2017 Leitos Cuidados Intermediários Canguru - UCINCa = Portaria de Consolidação no 3/2017 Casa da Gestante, Bebê e Puérpera - CGBP = Portaria de Consolidação no 3/2017 I - Capacidade para acolhimento de dez, quinze ou vinte usuárias, entre gestantes, puérperas com recém- nascidos e puérperas sem recém-nascidos; II - Vinculação a um estabelecimento hospitalar de referência em Atenção à Gestação de Alto Risco Tipo 1 ou Tipo 2; III - Situar-se preferencialmente nas imediações do estabelecimento hospitalar ao qual pertence, em um raio igual ou inferior a cinco quilômetros do estabelecimento ao qual esteja vinculada. Centro de Parto Normal - CPN = Portaria de Consolidação no 3/2017 HOSPITAL MUNICÍPIO Hosp. Universitário Sta Terezinha Joaçaba I - CPN Intra-Hospitalar (CPNi) Tipo I a) estar localizado nas dependências internas do estabelecimento hospitalar; b) possuir ambientes fins exclusivos da unidade, tais como recepção e sala de exames, quartos PPP, área de deambulação, posto de enfermagem e sala de serviço, podendo compartilhar os ambientes de apoio; c) garantir a permanência da mulher e do recém-nascido no quarto PPP, da admissão à alta. II - CPN Intra-Hospitalar (CPNi) Tipo II a) estar localizado nas dependências internas do estabelecimento hospitalar; b) possuir ambientes compartilhados com o restante da maternidade, como recepção, sala de exames, posto de enfermagem, sala de serviço e outros ambientes de apoio; c) garantir a permanência da mulher e do recém-nascido no quarto PPP durante o pré-parto e parto, podendo, após o puerpério imediato, serem transferidos para o alojamento conjunto. III - CPN Peri-Hospitalar (CPNp) a) estar localizado nas imediações do estabelecimento hospitalar de referência, a uma distância que deve ser percorrida em tempo inferior a 20 (vinte) minutos do respectivo estabelecimento, em unidades de transporte adequadas; b) garantir a transferência da mulher e do recém-nascido para o estabelecimento hospitalar de referência, nos casos eventuais de risco ou intercorrências, em unidades de transporte adequadas, nas 24 (vinte e quatro) horas do dia e nos 7 (sete) dias da semana; c) ter como referência os serviços de apoio do estabelecimento ao qual pertence ou está vinculado; d) garantir a permanência da mulher e do recém-nascido no quarto PPP, da admissão à alta. SITUAÇÃO DE LEITOS E SERVIÇOS REDE CEGONHA - FEVEREIRO 2022 Plano de Ação Regional 2013 -> 2022 Em 2012 as Regiões do Planalto Norte, Nordeste e Grande Florianópolis construíam seus Planos de Ação Regionais; Em 2013 todas as demais 13 Regiões de Saúde construíam seus Planos de Ação Regionais; Planos de Ação Regionalizados e aprovados em CIR,CIB e Ministério da Saúde. Atualização dos Planos de Ação Regionais -> 2022 ATENÇÃO PRÉ-NATAL APS A atenção em planejamento familiar contribui para a redução da morbimortalidade materna e infantil na medida em que: • diminui o número de gestações não desejadas e de abortamentos provocados; • diminui o númerode cesáreas realizadas para fazer a ligadura tubária; • diminui o número de ligaduras tubárias por falta de opção e de acesso a outros métodos anticoncepcionais; • aumenta o intervalo entre as gestações, contribuindo para diminuir a frequência de bebês de baixo peso e para que eles sejam adequadamente amamentados; • possibilita planejar a gravidez em mulheres adolescentes ou com patologias crônicas descompensadas, tais como: diabetes, cardiopatias, hipertensão, portadoras do HIV, entre outras • O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. • A unidade básica de saúde (UBS) deve ser a porta de entrada preferencial da gestante no sistema de saúde. É o ponto de atenção estratégico para melhor acolher suas necessidades, inclusive proporcionando um acompanhamento longitudinal e continuado, principalmente durante a gravidez. A integralidade deve ser entendida como a capacidade de: integrar os trabalhos disciplinares dos diversos profissionais das equipes de forma a produzir um efeito potencializador para suas ações; • integrar a demanda espontânea e a demanda programada, considerando-se a existência e o acúmulo dos diversos programas nacionais estruturados por diferentes áreas técnicas, e respeitar a demanda imediata da população, componente essencial para a legitimação dessas equipes; • integrar, em sua prática, ações de caráter individual e coletivo que tenham um amplo espectro dentro do leque da promoção e da recuperação da saúde, da prevenção e do tratamento de agravos; ser um espaço de articulação social, a fim de localizar e buscar articular instituições setoriais e extrassetoriais dentro de seu território de atuação. 10 PASSOS PARA O PRÉ-NATAL DE QUALIDADE NA ATENÇÃO BÁSICA 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12a semana de gestação (captação precoce) 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal. 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus(suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de gestantes". 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário. 6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)". 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do "Plano de Parto". 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação). 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico- puerperal. É importante acolher o(a) acompanhante de escolha da mulher, não oferecendo obstáculos à sua participação no pré-natal, no trabalho de parto, no parto e no pós- parto. O(a) acompanhante pode ser alguém da família, amigo(a) ou a doula, conforme preconiza a Lei no 11.108, de 7 de abril de 2005. PARA UMA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL EFETIVA, DEVE-SE PROCURAR GARANTIR: Discussão permanente com a população da área (em especial com as mulheres) sobre a importância da assistência pré-natal na unidade de saúde e nas diversas ações comunitárias; Identificação precoce de todas as gestantes na comunidade e o pronto início do acompanhamento pré-natal, para que tal início se dê ainda no 1o trimestre da gravidez, objetivando intervenções oportunas em todo o período gestacional, sejam elas preventivas e/ou terapêuticas. Deve-se garantir a possibilidade de que as mulheres realizem o teste de gravidez na unidade de saúde sempre que necessário. O início precoce da assistência pré- natal e sua continuidade requerem preocupação permanente com o vínculo entre os profissionais e a gestante, assim como com a qualidade técnica da atenção; Para uma assistência pré-natal efetiva, deve-se procurar garantir: • Acolhimento imediato e garantia de atendimento a todos os recém-natos e à totalidade das gestantes e puérperas que procurarem a unidade de saúde; • Realização do cadastro da gestante, após confirmada a gravidez, por intermédio do preenchimento da ficha de cadastramento do SisPreNatal ou diretamente no sistema para os serviços de saúde informatizados, fornecendo e preenchendo o Cartão da Gestante; • Classificação do risco gestacional (em toda consulta) e encaminhamento, quando necessário, ao pré-natal de alto risco ou à urgência/emergência obstétrica; Para uma assistência pré-natal efetiva, deve-se procurar garantir: • Acompanhamento periódico e contínuo de todas as gestantes, para assegurar seu seguimento durante toda a gestação, em intervalos preestabelecidos (mensalmente, até a 28a semana; quinzenalmente, da 28a até a 36a semana; semanalmente, no termo), acompanhando-as tanto nas unidades de saúde quanto em seus domicílios, bem como em reuniões comunitárias, até o momento do pré-parto/parto, objetivando seu encaminhamento oportuno ao centro obstétrico, a fim de evitar sofrimento fetal por pós-datismo. Toda gestante com 41 semanas deve ser encaminhada para a avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal; • Incentivo ao parto normal e à redução da cesárea; • Realização de anamnese, exame físico e exames complementares indicados; • Imunização antitetânica e para hepatite B; • Oferta de medicamentos necessários (inclusive sulfato ferroso, para tratamento e profilaxia de anemia, e ácido fólico, com uso recomendado desde o período pré-concepcional e durante o primeiro trimestre de gestação); O fluxo de informações entre os serviços de saúde, no sistema de referência e contrarreferência, deve ser garantido. Para tanto, devem ser utilizados e realizados os seguintes instrumentos e procedimentos: Cartão da Gestante: instrumento de registro. Deve conter os principais dados de acompanhamento da gestação, sendo importante para a referência e a contrarreferência. Deverá ficar, sempre, com a gestante; Mapa de Registro Diário: instrumento de avaliação das ações de assistência pré-natal. Deve conter as informações mínimas necessárias de cada consulta prestada; Ficha Perinatal (veja o anexo E): instrumento de coleta de dados para uso dos profissionais da unidade. Deve conter os principais dados de acompanhamento da gestação, do parto, do recém- nascido e do puerpério; Atribuições dos profissionais MÉDICOS Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da vacinação; Realizar o cadastramento da gestante no SisPreNatal e fornecer o Cartão da Gestante devidamente preenchido (o cartão deve ser verificado e atualizado a cada consulta); Realizar a consulta de pré-natal de gestação de baixo risco intercalada com a presença do(a) enfermeiro(a); Solicitar exames complementares e orientar o tratamento, caso necessário; Prescrever medicamentos padronizados para o programa de pré- natal (sulfato ferroso e ácido fólico); Orientar a vacinação das gestantes (contra tétano e hepatite B); Avaliar e tratar as gestantes que apresentam sinais de alarme; • Atender as intercorrências e encaminhar as gestantes para os serviços de urgência/ emergência obstétrica, quando necessário; • Orientar as gestantes e a equipe quanto aos fatores de risco e à vulnerabilidade; • Identificar as gestantes de alto risco e encaminhá-las ao serviço de referência; •Realizar exame clínico das mamas e coleta para exame citopatológico do colo do útero; • Realizar testes rápidos; • Desenvolver atividades educativas, individuais e em grupos (grupos ou atividades de sala de espera); • Orientar as gestantes sobre a periodicidade das consultas e realizar busca ativa das gestantes faltosas; • Realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e puerperal, acompanhar o processo de aleitamento e orientar a mulher e seu companheiro sobre o planejamento familiar. • Para ampliar a captação precoce das gestantes, o Ministério da Saúde, por intermédio da Rede Cegonha, incluiu o Teste Rápido de Gravidez nos exames de rotina do pré-natal, que pode ser realizado na própria UBS, o que acelera o processo necessário para a confirmação da gravidez e o início do pré- natal. Sinais de presunção de gravidez: Atraso menstrual; Manifestações clínicas (náuseas, vômitos, tonturas, salivação excessiva, mudança de apetite, aumento da frequência urinária e sonolência); Modificações anatômicas (aumento do volume das mamas, hipersensibilidade nos mamilos, tubérculos de Montgomery, saída de colostro pelo mamilo, coloração violácea vulvar, cianose vaginal e cervical, aumento do volume abdominal). Sinais de probabilidade: Amolecimento da cérvice uterina, com posterior aumento do seu volume; Paredes vaginais aumentadas, com aumento da vascularização (pode-se observar pulsação da artéria vaginal nos fundos de sacos laterais); Positividade da fração beta do HCG no soro materno a partir do oitavo ou nono dia após a fertilização. Sinais de certeza: Presença dos batimentos cardíacos fetais (BCF), que são detectados pelo sonar a partir de 12 semanas e pelo Pinard a partir de 20 semanas; Percepção dos movimentos fetais (de 18 a 20 semanas); Ultrassonografia: o saco gestacional pode ser observado por via transvaginal com apenas 4 a 5 semanas gestacionais e a atividade cardíaca é a primeira manifestação do embrião com 6 semanas gestacionais. Fatores de risco que permitem a realização do pré-natal pela equipe de atenção básica • Idade maior do que 15 e menor do que 35 anos; • Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse; • Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez, principalmente em se tratando de adolescente; • Situação conjugal insegura; • Baixa escolaridade (menor do que cinco anos de estudo regular); • Condições ambientais desfavoráveis; • Altura menor do que 1,45m; • IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade. Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: • Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado; • Macrossomia fetal; • Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas; • Intervalo interpartal menor do que dois anos ou maior do que cinco anos; • Nuliparidade e multiparidade (cinco ou mais partos); • Cirurgia uterina anterior; • Três ou mais cesarianas. • Fatores relacionados à gravidez atual: • Ganho ponderal inadequado; • Infecção urinária; • Anemia. Fatores de risco que podem indicar encaminhamento ao pré-natal de alto risco = O pré-natal de alto risco abrange cerca de 10% das gestações que cursam com critérios de risco, o que aumenta significativamente nestas gestantes a probabilidade de intercorrências e óbito materno e/ou fetal. Atenção especial deverá ser dispensada às grávidas com maiores riscos, a fim de reduzir a morbidade e a mortalidade materna e perinatal. Fatores relacionados às condições prévias: Cardiopatias; Pneumopatias graves (incluindo asma brônquica); Nefropatias graves (como insuficiência renal crônica e em casos de transplantados); Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus, hipotireoidismo e hipertireoidismo); Doenças hematológicas (inclusive doença falciforme e talassemia); Hipertensão arterial crônica e/ou caso de paciente que faça uso de anti-hipertensivo (PA>140/90mmHg antes de 20 semanas de idade gestacional – IG); Doenças neurológicas (como epilepsia); Doenças psiquiátricas que necessitam de acompanhamento (psicoses, depressão grave etc.); Doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, outras colagenoses); Alterações genéticas maternas; Antecedente de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar; Ginecopatias (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras); Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DSTs (condiloma); Hanseníase; Tuberculose; Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; Qualquer patologia clínica que necessite de acompanhamento especializado. Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior, principalmente se for de causa desconhecida; História prévia de doença hipertensiva da gestação, com mau resultado obstétrico e/ou perinatal (interrupção prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome Hellp, eclâmpsia, internação da mãe em UTI); Abortamento habitual; Esterilidade/infertilidade. Fatores relacionados à gravidez atual: Restrição do crescimento intrauterino; Polidrâmnio ou oligoidrâmnio; Gemelaridade; Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite (toda gestante com pielonefrite deve ser inicialmente encaminhada ao hospital de referência, para avaliação); Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso; Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DSTs (condiloma); • Malformações fetais ou arritmia fetal; Distúrbios hipertensivos da gestação (hipertensão crônica preexistente, hipertensão gestacional ou transitória); Infecções como a rubéola e a citomegalovirose adquiridas na gestação atual; Evidência laboratorial de proteinúria; Diabetes mellitus gestacional; Desnutrição materna severa; Obesidade mórbida ou baixo peso (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante para avaliação nutricional); NIC III (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia com Bi-rads III ou mais (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); Adolescentes com fatores de risco psicossocial. REDE DE ATENÇÃO MATERNA E INFANTIL (RAMI) Histórico = Brasil- altos índices de mortalidade materna e/ou fetal; • Portaria n° 1.594, de 24 de junho de 2011 a Rede Cegonha (RC) enfatizando que esta tem como objetivos reduzir a mortalidade das gestantes durante o ciclo gravídico-puerperal e reduzir a mortalidade dos neonatos e crianças até os dois anos de idade; A RC possui como diretrizes o acolhimento com classificação de risco, a garantia de um transporte seguro para as gestantes referenciadas, a humanização do parto, garantir a assistência as crianças desde o nascimento até os dois anos de idade e realizar o planejamento familiar; São considerados como principais componentes da RC: • a atenção ao pré-natal; • atenção ao parto e nascimento; • atenção aos cuidados puerperais e do RN; • dispor de um sistema Logístico para a realização das ações e serviços da RC (transporte sanitário e regulação). Em 2022 o Ministério da Saúde deu início à implantação da Rede de Acolhimento Materno-Infantil (Rami) em todo o território nacional. A Rami é desenvolvida de acordo com critérios epidemiológicos, taxa de mortalidade infantil, razão de mortalidade materna e densidade populacional. O aprimoramento dessa assistência também conta com o fortalecimento de estabelecimentos de maternidades e a criação dos ambulatórios de assistência a gestantes com alto risco de complicações. Essa rede está fundamentada em princípios que promovem a garantia de integralidade, qualidade e segurança do cuidado, voltados ao fortalecimento das estruturas já existentes e à criação de novos componentes fundamentais. PORTARIA GM/MS No715, DE 4 DE ABRIL DE 2022 • "Art. 1o Fica instituída, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Materna e Infantil (Rami), que consiste em assegurar: • I - à mulher o direito ao planejamento familiar, ao acolhimento e ao acesso ao cuidado seguro, de qualidade e humanizado, no pré-natal, na gravidez, na perda gestacional, no parto e no puerpério; e • II - ao recém-nascido e à criança o direito ao nascimento seguro, ao crescimento e ao desenvolvimento saudável. I - recém-nascido: indivíduo com idade entre 0 (zero) e 28 (vinte e oito) dias de vida; e II - criança: indivíduo com idade entre 29 (vinte e nove) dias e 24 (vinte e quatro) meses. PRINCÍPIOS DA RAMI • I - a proteção e garantia dos direitos humanos; • II - o respeito à diversidade cultural, étnica e racial; • III - a promoção da equidade; • IV - a participação e mobilização social; • V - a integralidade da assistência; e • VI - a garantia ao Planejamento familiar e sexualidade responsável.” DIRETRIZES DA RAMI • I - atenção segura, de qualidade e humanizada; • II - atenção multiprofissional, com enfoque nas necessidades da mulher; • III - garantia de acesso às ações do planejamento familiar e sexualidade responsável; • IV - compatibilização das atividades das redes de atenção à saúde materna e infantil em desenvolvimento nos municípios, nos estados e no Distrito Federal; • V - acesso aos diferentes níveis de complexidade da assistência materna e neonatal; • VI - formação e qualificação de recursos humanos para a atenção materna e infantil; • VII - implantação de mecanismos de regulação, fiscalização, controle, monitoramento e avaliação da assistência materna e infantil; • VIII - práticas de gestão e de atenção baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis; e • IX - fomento ao vínculo familiar nos cuidados do recém-nascido e da criança. OBJETIVOS DA RAMI • I - implementar modelo de atenção à saúde seguro, de qualidade e humanizado, com foco no planejamento familiar, na gravidez, no pré-natal, no nascimento, na perda gestacional, no puerpério e no cuidado do recém-nascido e da criança, promovendo o crescimento e desenvolvimento saudáveis; • II - garantir a integralidade do cuidado no pré-natal, na gravidez, na perda gestacional, no parto e, no puerpério, bem como ao recém-nascido e à criança, com foco na resolutividade da atenção primária e da atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e • III - reduzir a morbimortalidade materna e infantil. • Parágrafo único. A Rami deve ser fortalecida e qualificada a partir dos elementos e diretrizes da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e das diretrizes do Planejamento Regional Integrado (PRI). COMPONENTES DA RAMI • Componente I - Atenção Primária à Saúde (APS); • Componente II - Atenção Ambulatorial Especializada (AAE); • Componente III - Atenção Hospitalar (AH); • Componente IV - Sistemas de Apoio; • Componente V - Sistemas Logísticos; e • Componente VI - Sistema de Governança."(NR) Componente I - APS é, preferencialmente, organizado pela Unidade Básica de Saúde (UBS) e engloba as ações referentes ao planejamento familiar, ao cuidado seguro, de qualidade e humanizado à gestante, à perda gestacional, ao parto, ao nascimento, ao puerpério e à puericultura, por intermédio da organização dos processos de trabalho das equipes de saúde e da produção do cuidado, com apoio diagnóstico e terapêutico ágil e oportuno. Ações estratégicas do Componente I - APS: I - na atenção ao planejamento familiar: 1. mapeamento das mulheres em idade fértil e sua vinculação às equipes de saúde nos territórios; 2. acesso oportuno à oferta de métodos contraceptivos, com as devidas orientações, de acordo com a qualidade, a eficácia, os critérios assistenciais e a autonomia da mulher; 3. identificação e oferta dos serviços e controle dos insumos, para inserção e uso de métodos contraceptivos com assistência compartilhada na APS, na AAE e na AH; e 4. rastreamento, diagnóstico, tratamento e acompanhamento das IST/HIV/AIDS,HTL-V, hepatites e toxoplasmose; II - na atenção ao pré-natal e ao puerpério: a) acesso e vinculação de todas as gestantes e puérperas às unidades de saúde da APS; b) qualificação permanente dos profissionais das equipes da APS; c) disponibilização de teste rápido de gravidez para garantia da identificação precoce da gestação e início do pré-natal até a 12a semana gestacional; d) acompanhamento permanente das gestantes da população adscrita, incluindo estratégias para captação e acompanhamento das residentes em áreas remotas ou em locais de maior vulnerabilidade; e) acompanhamento multiprofissional, garantindo o mínimo de 6 (seis) consultas de pré-natal, distribuídas durante os trimestres da gestação, com atenção e maior vigilância ao cuidado de gestantes estratificadas como de alto risco; f) acompanhamento multiprofissional, garantindo consulta puerperal até o 7o dia pós-parto, antecipando a visita sempre que identificadas situações de risco durante a transição do cuidado; g) estratificação de risco gestacional, ao longo de todo o pré-natal, provendo o nível assistencial adequado e de forma oportuna; h) acesso a exames laboratoriais, gráficos e de imagem, durante o pré-natal, com resultado oportuno, conforme as diretrizes clínicas assistenciais vigentes no âmbito do Ministério da Saúde; i) disponibilização de medicamentos profiláticos e de tratamento de morbidades relacionadas à gestação; j) estabelecimento de estratégias de articulação e de comunicação efetivas entre os pontos de atenção responsáveis pelo pré-natal, parto, puerpério e nascimento, com ênfase na vinculação das gestantes às maternidades de referência, de acordo com o risco gestacional e com o fluxo de informações entre os pontos de atenção; k) articulação do gestor municipal, distrital, estadual e federal, com os pontos de atenção, para que a primeira consulta em serviço especializado, com médico obstetra (pré-natal de alto risco), ocorra, no máximo, em 2 (duas) semanas após a detecção do risco no pré-natal na APS; l) garantia da continuidade do cuidado compartilhado até o fim da gestação, matriciado pela AAE, com realização de exames especializados, procedimentos terapêuticos específicos e manejo qualificado das morbidades identificadas, conforme a necessidade clínica; m) utilização da caderneta da gestante e da ficha perinatal como instrumentos para o registro adequado das informações relativas ao cuidado compartilhado nos diferentes pontos da rede de atenção; n) atualização do calendário vacinal, com a inserção das informações na caderneta da gestante; o) realização de consulta odontológica, prioritariamente, no primeiro trimestre da gestação, em todos os níveis de atenção; p) suporte às gestantes e às puérperas em situações de vulnerabilidade clínica ou social para acesso aos recursos assistenciais necessários no pré-natal; q) organização do fluxo de informações entre APS, AAE e AH para comunicação eficiente e realização da alta segura da puérpera e do recém-nascido; r) disponibilização de insumos para ações permanentes de rastreamento, diagnóstico, tratamento e acompanhamento das IST/HIV/AIDS, HTL-V, hepatites e toxoplasmose; s) realização de ações de promoção e de proteção do aleitamento materno, incluindo o manejo de complicações e o aconselhamento em alimentação complementar saudável, tanto no âmbito da Atenção AH quanto no âmbito da APS; e t) registro clínico das gestantes e da produção dos procedimentos realizados no SISAB; III - na atenção ao recém-nascido e à criança: a) promoção da saúde e atenção integral para todos os recém-nascidos e crianças, com o envolvimento de operadores de outras políticas públicas no território, por exemplo, assistência social, educação e conselho tutelar, especialmente para as regiões de maior vulnerabilidade social; b) garantia da primeira visita domiciliar e/ouconsulta na APS, no máximo, até o fim da primeira semana de vida, com foco nas ações do 5o dia da saúde integral, antecipando a visita sempre que identificadas situações de risco durante a transição do cuidado; c) promoção e proteção do aleitamento materno, incluindo o manejo de complicações e o aconselhamento em alimentação complementar saudável, tanto no âmbito da atenção especializada quanto no âmbito da APS; d) imunização dos recém-nascidos e das crianças, de acordo com o calendário nacional de imunizações, provendo busca ativa dos faltosas e das crianças vulneráveis; e) acompanhamento da puericultura, com vigilância do crescimento e desenvolvimento infantil, seguindo as diretrizes clínicas e normativas do Ministério da Saúde; f) triagem e estratificação de risco, em todos os atendimentos programados para o acompanhamento longitudinal, garantindo o nível assistencial adequado e oportuno; g) gestão de condições clínicas e/ou sociais complexas do recém-nascido e da criança, de forma compartilhada entre as equipes da APS, da AAE, da AH ou da assistência social; h) realização de consulta odontológica para promoção da saúde oral das crianças; i) disponibilização de medicamentos profiláticos e para tratamento de morbidades diagnosticadas durante o ciclo de vida do recém-nascido e da criança; j) utilização e atualização da caderneta de saúde da criança; e k) registro clínico do recém-nascido, da criança e da produção dos procedimentos realizados no SISAB. Componente II- assistência especializada Responsável pela assistência especializada à gestação de alto risco e pelo seguimento do recém- nascido e da criança egressos de unidade neonatal, observados o perfil epidemiológico, a organização regional, a densidade populacional e a distância para deslocamentos. Componente III - atenção especializada hospitalar Responsável pelo serviço de atenção especializada hospitalar, composto por maternidade ou hospital geral com leitos obstétricos e leitos neonatais, com suporte diagnóstico e terapêutico clínico e cirúrgico para atendimento a gestantes, puérperas e recém- nascidos, bem como acesso regulado, ágil e oportuno ao cuidado intensivo às intercorrências obstétricas com risco de morbidade grave à gestante ou puérpera, ao recém-nascido e à criança. Componente IV - Sistemas de Apoio Responsável por prestar assistência de forma organizada e comum a todos os pontos de atenção à saúde. Parágrafo único. O sistema de apoio deverá dispor de: I – sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico para prover exames laboratoriais, gráficos, de patologia clínica e de imagem, durante os ciclos gravídico-puerperal, do recém- nascido e da criança, com resultados oportunos, conforme as diretrizes clínicas assistenciais do Ministério da Saúde; II - sistemas de assistência farmacêutica para prover organização, seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição, prescrição, dispensação e promoção do uso racional de medicamentos durante os ciclos gravídico-puerperal, do recém- nascido e da criança; III - meios para implementação da Estratégia de Saúde Digital; e IV - meios para integração de dados dos sistemas de informação em saúde. Componente V - Sistemas Logísticos Responsável por produzir soluções em saúde, com base nas tecnologias da informação e comunicação e relacionadas ao conceito de integração vertical. Parágrafo único. O sistema logístico deverá dispor de: I - sistemas de identificação e de acompanhamento dos usuários; II - sistema de centrais de regulação dos serviços especializados ambulatoriais e hospitalares; III- sistema de registro eletrônico em saúde; e IV - sistema de transporte sanitário e transporte regulado de urgência para acompanhamento longitudinal nos serviços de atenção a gestantes, puérperas, recém-nascidos e crianças, nas situações de intercorrências clínicas, cirúrgicas, obstétricas e neonatais." Componente VI - Sistema de Governança O Componente VI - Sistema de Governança constitui a capacidade de intervenção que envolve diferentes atores, mecanismos e procedimentos para gestão compartilhada.
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