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Vict�ria K. L. Card�so Princípi�s básic�s da audi�metria Introdução Objetivos da audiologia: 1. Determinar a integridade do sistema auditivo periférico e central. 2. Identificar o tipo, o grau e a configuração da perda auditiva, em cada orelha. 3. Identificar o local da lesão ou a porção da via auditiva. 4. Caracterizar as condições que possam levar à restrição da participação educacional/social e ocupacional do indivíduo. Avaliação audiológica básica: ● Audiometria tonal liminar. ● Audiometria vocal. ● Imitanciometria. ● Complemento: audiometria tonal de altas frequências e testes de acufenometria (exame que identifica características psicoacústicas do acufeno ou zumbido). Primeiro passo para a avaliação = Otoscopia: sempre é importante para remoção de qualquer obstáculo do conduto auditivo (ex: cerume e corpo estranho), além de sinalizar sobre alterações de orelha média ou da membrana timpânica. ● Testes subjetivos: audiometria tonal (trabalha com a audição) e vocal → aqui é necessária a participação ativa do paciente. ○ Audiometria tonal → avalia o grau (perda leve, moderada, severa ou profunda), o tipo (condutiva, neurossensorial ou mista) e a lateralidade (simétrica, assimétrica, unilateral ou bilateral). ○ Audiometria vocal → avalia a compreensão do processo vocal. ● Testes objetivos: imitanciometria (avalia a timpanometria e a pesquisa dos reflexos estapedianos), emissão otoacústica (EOA), PEATE ou BERA. ○ Imitanciometria → timpanometria, avalia a complacência da membrana timpânica, e a pesquisa dos reflexos estapedianos avalia o músculo estapédio - ligado ao estribo. ○ EOA → é uma triagem neonatal (teste da orelhinha), para avaliar os reflexos cocleares. ■ O exame precisa ser feito em 24 a 48h de vida do RN. ■ TANO - emissões otoacústicas transientes. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ PEATE → avalia o oitavo par craniano (vestibulococlear). Obs: tanto a audiometria tonal, como a audiometria vocal, devem ser realizadas em cabine acústica ou em sala tratada acusticamente. Simbologia universal: ● Cores: ○ VERMELHA = direita. ○ AZUL = esquerda. ● Representações da via AÉREA: (X, O, △ e ▢→ olhos do boneco) ○ “O” e “△” = DIREITA. ○ “X” e “▢” = ESQUERDA. ● Representações da via ÓSSEA: ( [, <, ], e > )→ orelhas do boneco) ○ “ [ ” e “ < ” = DIREITA. ○ “ ] ” e “ > ” = ESQUERDA. Audiometria tonal liminar O que é: teste padrão ouro para determinar o grau, o tipo e a configuração das perdas auditivas → determina a frequência e a intensidade em que os tons podem ser percebidos. ● Objetivo: identificar o limiar auditivo para cada uma das frequências avaliadas. ○ Como: pesquisa da menor intensidade capaz de causar uma sensação de audição. ● Intensidade para a condução aérea: -10 a 120 dBNA, nas frequências de 125 a 8.000 Hz. ● Intensidade para a condução óssea: 60 e 70 dBNA, nas frequências de 500 a 4.000 Hz. Obs: os limiares auditivos tonais podem ser obtidos desde os 6 meses de idade. Método de avaliação: ● Adultos ou crianças com boa compreensão: levantar a mão ou apertar o botão sempre que detectar algum som, mesmo que fraco. ○ Sempre deve-se iniciar o exame pela melhor orelha, com 1000-2000 Hz, em intensidade confortável (por volta de 50 dBNA). Audiograma: trata-se de um gráfico específico utilizado para avaliar as @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so apresentações dos estímulos percebidos pelo paciente. ● Eixo vertical (y): função de intensidade (em dBNA – decibel em nível de audição) → é o que marca a perda auditiva. ○ Só há perda se a média tritonal > 25 dB (EM MÉDIA TRITONAL). ● Eixo horizontal (x): frequências em Hertz. ○ A avaliação é sempre em: 500, 1000 e 2000 Hz → nessas três. ● Média tritonal: soma-se os valores de decibéis nas frequências de 500, 1000 e 2000 Hz, para a via aérea e divide por 3, depois faz o mesmo cálculo para a via óssea e divide o valor total por 3. Após isso soma-se esses dois valores e divide-se por 2. ○ Há perda se a média tritonal for > 25 dB. ○ O valor dessa conta dá o resultado do GRAU da perda. Resultados e interpretações: ● Tipo: ○ Condutiva: via óssea preservada e via área rebaixada. ○ Neurossensorial: via óssea rebaixada e GAP < 15 com a via aérea, ou seja, a diferença entre alterações das vias óssea e aérea, em decibéis, nas frequências de 500, 1000 e 2000 está < 15. ○ Mista: via óssea rebaixada e GAP > 15 com a via aérea, ou seja, a diferença entre alterações das vias óssea e aérea, em decibéis, nas frequências de 500, 1000 e 2000 está > 15 em PELO MENOS uma das frequências. ● Grau da média tritonal: ○ Leve: 25-40 dB. ■ Dificuldade de audição com voz suave, distante ou em ambientes ruidosos. ○ Moderada: 41-60 dB. ■ Dificuldade de audição com fala em nível de conversação, mesmo quando perto. ○ Severa: 61-80 dB. ■ Escuta apenas voz ou barulhos muito altos. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ■ Conversas em intensidade habitual não são entendidas. ○ Profunda: > 81 dB. ■ Apenas percebe sons muito altos ou vibrações (caminhão, motocicleta ou serra elétrica). ● Lateralidade: ○ Unilateral: alteração em apenas uma orelha. ○ Bilateral: alteração em ambas as orelhas. ○ Simétrica: alteração em mesmo grau em ambas as orelhas. ○ Assimétrica: alteração em graus diferentes nas orelhas. Medição dos limiares tonais por via aérea (VA) e via óssea (VO): ● Estimulação pela VA: o estímulo é conduzido através das orelhas externa e média, até a cóclea. ○ O teste é suficiente para: determinar a integridade do sistema auditivo periférico e para a determinar a presença ou não de perda auditiva, bem como o grau. ○ O teste é insuficiente para: avaliar o tipo de perda e topodiagnóstico (ex: perda condutiva ou neurossensorial). ○ Método para avaliação da VA: fones supraaurais ou caixas de som em campo livre. ● Estimulação pela VO: os estímulos chegam à cóclea por um vibrador ósseo, na mastóide do paciente, mas pode também estar na fronte. ○ Os procedimentos para o exame da VO são semelhantes aos da VA, mas o exame por VO é realizado nas frequências entre 250 e 4.000 Hz, em intensidades de até 70 dBNA. ● Gap aéreo-ósseo: diferença entre o limiar por VA e por VO. Obs: os limiares da VO não podem ser piores do que os da VA, pois a VA reflete o somatório das perdas auditivas nas orelhas externa, média e interna, e os limiares de VO refletem apenas as respostas da cóclea. Classificação da perda auditiva pela audiometria tonal e pelo audiograma: ● Audiometria normal: @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Perda auditiva condutiva: quando os limiares de VO estão normais e os de VA estão diminuídos. ○ Sugere integridade da função neural e coclear e alteração em orelha externa e/ou média. ○ Ex: otites médias, agudas e crônicas, otite externa e otosclerose (fixação do estribo na janela oval, decorrente de foco otosclerótico). ○ Importante: sempre se deve pensar em otosclerose, quando houver perda auditiva condutiva bilateral e de evolução lenta (principalmente em mulheres). ● Perda auditiva neurossensorial: quando os limiares de VA e VO estão iguais (acoplados). ○ Sugere alteração na via sensorial → cóclea ou via auditiva central. ○ Ex: idade, presbiacusia, lesão neuronal (tumor), fratura de mastóide, PAIR e doença de Meniere. ● Perda auditiva mista: quando a VO está diminuída, mas ainda há diferença entre os limiares de VA e VO. ○ Sugere alteração na porção externa/média e na porção coclear ou central. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so Classificação da perda auditiva, de Davis e Silverman, quanto ao grau: ● Limiares na VA: ○ Normal: de 0 a 25 dBNA. ○ Leve: de 26 a 40 dBNA. ○ Moderada: de 41 a 70 dBNA. ○ Severa: de 71 a 90 dBNA. ○ Profunda: ≥ 91 dBNA. Classificação da perda auditiva quanto a sua configuração: ● Ascendente. ● Horizontal ou plana. ● Descendente. ● Em U. ● Em U invertido. ● Com entalhe. Logoaudiometria ou audiometria vocal O que é: teste que investiga a capacidade de detecção e/ou reconhecimento dos sons da fala, em limiares mínimos e confortáveis da audição.● É composto por: limiar de reconhecimento de fala (LRF), limiar de detecção de voz (LDV) e índice percentual de reconhecimento da fala (IPRF). ● Geralmente se utiliza listas balanceadas de palavras monossilábicas, dissilábicas e trissilábicas, mas pode-se usar também sentenças com e sem ruído de fundo. Limiar de reconhecimento de fala (LRF): (também conhecido como SRT - Speech Recognition Threshold) ● Trata-se da menor intensidade em que se é capaz de reconhecer e repetir corretamente 50% das palavras apresentadas. ○ Comumente se usam dissílabas, trissílabas e frases para o reconhecimento. ○ Tem forte correlação com a média tritonal e com a audiometria tonal. ● Crianças pequenas: recomenda-se o uso de ordens simples, palavras do dia a dia ou figuras para facilitar a resposta. ● Valor normal: até 20 dB. Limiar de Detecção de Voz (LDV): (tamém conhecido como SDT - Speech Detection Threshold) ● Se refere ao limiar de detecção de fala ou de voz, na menor intensidade, em que se detecta ao menos 50% das apresentações. ● Se utiliza apenas quando NÃO é possível realizar o LRF, como em crianças que ainda não desenvolveram @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so a linguagem oral, indivíduos com surdez profunda, crianças ou adultos com dificuldades psicológicas, neurológicas etc. ● Técnica: é a mesma da audiometria tonal liminar, mas se utilizam estímulos sem sentido como “pá-pá-pá” à viva voz. Obs: geralmente a intensidade das respostas é a mesma. Índice percentual de reconhecimento da fala (IPRF) ou índice percentual de discriminação: ● Percentual máximo de reconhecimento correto de monossílabas apresentados em máxima intensidade, respeitando o conforto auditivo para o indivíduo. ○ IPRF não se correlaciona com a média tritonal e nem com a audiometria tonal. ○ É um exame mais sensível e mais específico. ● Resultados: ○ 100 a 92%: nenhuma dificuldade de compreensão da fala. ○ 88 a 80%: ligeira ou discreta dificuldade de compreensão. ○ 76 a 60%: moderada dificuldade de compreensão. ○ 56 a 52%: acentuada dificuldade para acompanhar uma conversa. ○ < 50%: provavelmente é incapaz de acompanhar uma conversa. Impedanciometria Características gerais: ● A impedanciometria detecta patologias do ouvido médio. ● Exames mais importantes: ○ Timpanometria: verifica a mobilidade da membrana e o funcionamento do ouvido médio. ○ Reflexo estapediano: Timpanometria: verifica a variação da complacência da membrana timpânica, a partir de mudanças de pressão no conduto auditivo externo → Curvas de Jerger. ● Tipo A: ouvido normal ou disacusia (perda auditiva) neurossensorial → complacência máxima à pressão atmosférica. ○ Ex: perda auditiva neurossensorial tipo PAIR → perda auditiva induzida por ruído (trabalhador de metalúrgica). @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Tipo As/Ar: diminuição da complacência à pressão atmosférica → indica rigidez da membrana timpânica e/ou das estruturas da orelha média. ○ Causas: ■ Fixação da cadeia ossicular. ■ Otosclerose → fixação do cabo do martelo na membrana timpânica, impedindo a movimentação da membrana. ■ Espessamento da membrana timpânica. ■ Timpanosclerose. ● Tipo Ad: elevada mobilidade das estruturas da orelha média → complacência extremamente elevada à pressão atmosférica → é uma curva de desarticulação ossicular. ○ Causas: ■ Membrana timpânica flácida. ■ Interrupção da cadeia ossicular (ex: trauma). ● Tipo B: complacência muito reduzida ou sem nenhuma variação → curva achatada (sem pico); ocorre em alterações do conduto auditivo externo ou da orelha média. Causas: ○ Efusão do ouvido médio. ○ Perfuração da membrana timpânica (ex: otite média aguda perfurada). ○ Presença de cerúmen. ○ Otite média (otite média aguda, otite média com efusão, otite média adesiva ou colesteatoma). @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Tipo C: complacência máxima (pico) em pressão negativa igual ou menor a - 150 daPA → membrana intacta → é barotrauma; problema na TUBA. ○ Obstrução da tuba auditiva (trompa de Eustáquio). ○ Disfunção tubária. ○ Otite média com quantidade reduzida de secreção na orelha. ● Tipo D: duplo pico → podem ser sempre considerados anormais quando forem obtidos com uma sonda de baixa frequência. ○ Em neonatos: sugere um sistema controlado por massa e com menor frequência de ressonância. Reflexo acústico - estapediano: ● Ocorre por um estímulo provocado através de um som intenso, causando uma contração reflexa do músculo estapédico. ● Essa ação é considerada um mecanismo de proteção da orelha interna aos danos por sons intensos, principalmente nas baixas frequências. Além disso, também possui função na discriminação de fala e no processamento auditivo central. ● Avalia o reflexo ipsilateral e contralateral. ● Passo a passo do reflexo: 1. Estímulo sonoro na mesma orelha em que está a sonda de captação do reflexo. 2. Estímulo nas orelhas externa, média e interna. 3. - Ativação da via auditiva aferente - 4. Cóclea. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so 5. Vestíbulo coclear. 6. Núcleo coclear (NC). 7. Cruza a linha média e vai para a outra orelha. 8. Complexo olivar superior (COS). 9. Núcleo motor do nervo facial (NVII) de ambas as orelhas (é o que inerva o músculo estapédio, para “puxar” o estribo e fazer a vibração da janela oval). 10. - Estímulo no músculo estapédio. 11. Vibração da janela oval. ● Características gerais: ○ A contração ocorre bilateralmente, mediante estimulação sonora de forte intensidade, mesmo quando o estímulo é unilateral. ○ Dessa forma, a medida pode ser obtida na orelha em do estímulo (reflexo ipsilateral), ou na orelha contralateral (reflexo contralateral). ○ A integridade dos sistemas sensorial e motor, VIII e VII pares cranianos, é avaliada pelo arco reflexo, o que permite a avaliação da integridade das vias auditivas periférica e central. ○ Estímulo: ocorre a partir de tons puros em diferentes frequências (500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 4.000 Hz ou para ruídos de banda larga) e em diferentes intensidades. Obs: o reflexo VAI pelo VIII par e VOLTA pelo VII par. ● Audição normal = reflexo acústico cerca de 70 a 95 dB acima do seu limiar auditivo na frequência testada. ● Motivos para as alterações na captação ou ausência do reflexo acústico: ○ Limitação sensorial na porção aferente do arco reflexo → perda auditiva neurossensorial severa/profunda. ○ Patologia de orelha média ou lesão na porção eferente do sistema → alterações no VII par. ○ Ausência de reflexos contralaterais e presença de reflexos ipsilaterais → lesão de tronco cerebral. @p�sitivamed
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