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Autora: Profa. Ana Lúcia Machado da Silva Colaboradores: Profa. Cielo Griselda Festino Profa. Christiane Mazur Doi Produção e Revisão de Texto em Língua Espanhola Professora conteudista: Ana Lúcia Machado da Silva É mestre em Língua Portuguesa (2004) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e especialista em Língua Portuguesa (1999) pela mesma instituição. Foi professora do Ensino Básico na rede pública e na rede privada, lecionando língua portuguesa durante 20 anos. Docente da Universidade Paulista (UNIP) no curso de graduação em Letras e em cursos lato sensu. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S586p Silva, Ana Lúcia Machado da. Produção e Revisão de Texto em Língua Espanhola / Ana Lúcia Machado da Silva. – São Paulo: Editora Sol, 2022. 104 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Dimensão. 2. Produção. 3. Revisão. I. Título. CDU 806.0-5 U515.60 – 22 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Profa. Sandra Miessa Reitora em Exercício Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades do Interior Unip Interativa Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Angélica L. Carlini Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. Deise Alcantara Carreiro Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Talita Lo Ré Ricardo Duarte Sumário Produção e Revisão de Texto em Língua Espanhola APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 DIMENSÃO SOCIOCOMUNICATIVA DO TEXTO ..................................................................................... 11 1.1 Competência comunicativa ............................................................................................................. 12 1.2 Gêneros textuais simples e complexos ........................................................................................ 16 2 DIMENSÃO CULTURAL DO TEXTO ............................................................................................................. 26 2.1 Pluralidade cultural ............................................................................................................................. 28 2.2 Textos fronteiriços ................................................................................................................................ 36 3 DIMENSÃO SOCIOLINGUÍSTICA DO TEXTO ............................................................................................ 39 3.1 Papel social da escrita ........................................................................................................................ 39 3.2 Diversidade linguística ....................................................................................................................... 42 4 DIMENSÃO DISCURSIVA DO TEXTO ......................................................................................................... 46 4.1 Macroestrutura: coerência ............................................................................................................... 47 4.2 Microestrutura: coesão ...................................................................................................................... 51 Unidade II 5 PRINCÍPIOS DA REVISÃO .............................................................................................................................. 62 5.1 Integridade .............................................................................................................................................. 64 5.2 Legibilidade ............................................................................................................................................. 67 6 REVISÃO LINGUÍSTICA ................................................................................................................................... 71 6.1 Modalidades da língua: fala e escrita .......................................................................................... 71 6.2 Aspectos formais da escrita ............................................................................................................. 72 7 CONVENÇÕES GRAMATICAIS E ORTOGRÁFICAS................................................................................. 73 7.1 Normas gramaticais ............................................................................................................................ 74 7.2 Ortografia ................................................................................................................................................ 79 7.3 Exemplo de sistema de correção .................................................................................................... 82 8 APRESENTAÇÃO DO TEXTO .......................................................................................................................... 84 8.1 Código tipográfico ............................................................................................................................... 84 8.2 Edição ........................................................................................................................................................ 90 7 APRESENTAÇÃO Conhecer e usar outro idioma implicam o desenvolvimento, além das habilidades de ouvir, ler e falar, da habilidade de escrever, ou seja, de produzir textos na modalidade escrita da língua. A escrita tem inegável importância em diversas situações comunicativas, pois, afinal, somos solicitados a produzir textos escritos constantemente, desde mensagens, e-mails, listas de compra, entre tantos outros no cotidiano, até respostas de prova, trabalhos de pesquisa e publicações em fóruns. Existem três grandes concepções de escrita, conforme esclarecem Koch e Elias (2009). Na primeira delas, o foco está na língua. Nesse caso, escrever bem é, basicamente, seguir as regras da gramática da língua e conhecer o léxico, bem como considerar o texto um produto a ser codificado (pelo autor) e decodificado (pelo leitor). Na segunda concepção, o foco está no escritor, cujos pensamentos são expressos em seu texto e, por conseguinte, este é visto como representação mental. Nesse sentido, quem não escreve bem não constrói pensamentos lógicos. Por fim, na terceira concepção, o foco está na interação; considera-se a escrita como produção textual. O texto, para ser concebido como tal, precisa compreender a relação escritor-leitor, durante a qual a língua é usada para mostrar a intenção de um e ativar o conhecimento prévio de outro. Nessa perspectiva, a escrita ativa conhecimentos sobre a situação comunicativa, como quem são os interlocutores e qual é a configuração do texto adequada à interação, bem como leva em conta a revisão, a qual, por sua vez, tem base no objetivo da produção e na interação autor-leitor. Esse terceiro foco ultrapassa a noção de que conhecer a gramática de uma língua é suficientepara a produção textual ou a noção de que o leitor precisa apenas identificar “o que o autor quis dizer”. A escrita – como processo interacional – realiza-se com base no conhecimento da língua, na forma de organização do texto e na mobilização de conhecimentos diversos, tendo em vista a eficiência da comunicação. Por isso, os objetivos desta disciplina são desenvolver a habilidade de produção de textos de vários gêneros na língua espanhola e refletir sobre o processo da escrita e sobre as adequações da língua. Para atender a esses objetivos, o conteúdo programático aborda a importância da escrita no processo comunicativo de uma comunidade, o papel da revisão da escrita como processo, o reflexo da cultura no processo da escrita, a comparação das características constituintes da língua oral e da língua escrita, a produção de textos embasados em materiais autênticos, a coesão e a coerência textual, e a revisão da gramática e do vocabulário básicos da língua estrangeira. Tais objetivos e conteúdo programático respaldam a formação profissional na área de letras. Nós somos produtores de textos e, nesse papel, temos condição de elaborar um texto em língua estrangeira com mais consciência e reflexão sobre como produzir, adaptar e revisar um texto de acordo com as necessidades sociocomunicativas. 8 INTRODUÇÃO Se produzir texto em língua materna já é difícil, a dificuldade aumenta quando se trata de um texto em língua estrangeira. No processo da escrita, três tipos de conhecimento são ativados: de língua, de texto e de mundo. Assim, ao escrever em outro idioma, a ativação da gramática, do léxico e da ortografia não é tão familiar e espontânea como na língua materna. Além disso, como qualquer situação humana/cultural, a língua também sofre alterações devido à atualização das práticas sociais, sendo, portanto, outro motivo de dificuldade. Não podemos esquecer que a língua varia no tempo e no espaço. No caso da língua espanhola, língua oficial na maioria dos países da América Latina, sua variação acontece não só entre cada país, mas dentro de cada um, em decorrência de fatores regionais, sociais, culturais etc. Vejamos o texto a seguir. Los orígenes de la habitual expresión ¡che! ¿Hay algo más argentino que la expresión “che”? Muchos afirmarían que no, que de hecho “che” es sinónimo de argentino. Sin embargo, las continuas oleadas migratorias que recibió el país a finales del siglo XIX y comienzos del XX le dan un origen más complejo. […] A Valencia, ubicada en la costa mediterránea española, se le conoce como la tierra de los “che”. […] “Es muy probable que la expresión viajara con los emigrantes que llegaron a Argentina. Entre 1857 y 1935 casi tres millones de españoles arribaron a Buenos Aires”, […] comenta la filóloga e historiadora Inés Celaya. […] El “che”, no obstante, es un hijo con varios padres. Algunos filólogos italianos reclaman la paternidad y sitúan su nacimiento en Venecia, cuna del “cocoliche”, un dialecto que transmitió muchas palabras al lunfardo, la jerga que nació en los bares bonaerenses. […] De 1814 a 1970 llegaron a Argentina unos seis millones de emigrantes italianos, siendo la comunidad europea más grande del país. […] Otra vertiente del “che” es su posible origen en las comunidades indígenas del norte de Argentina. En guaraní “che” significa “yo” y también se utiliza como el posesivo “mi”. “En cualquier caso el ‘che’ es una palabra errante, que ha cruzado culturas y océanos. Ya no sólo forma parte de la historia del Mediterráneo sino del cono sur de América”, detalla Celaya. Fonte: El “che”... (2013). Uma simples expressão idiomática – “che” – marca a identidade da comunidade linguística e há luta entre povos pela origem dessa expressão. Assim, junto ao conhecimento de língua está o conhecimento de mundo, em especial, o cultural. Quando se trata de conhecimento das coisas do mundo do falante, 9 este traz em sua memória vivências e experiências variadas, que são traduzidas em palavras escritas de maneira mais espontânea, muitas vezes, inconsciente; ao escrever em outra língua, o escritor precisa assumir estratégias conscientes sobre a cultura de que a língua faz parte. Por exemplo, pode confirmar um determinado hábito ou preferência do grupo falante. Outro tipo de conhecimento é o textual. De maneira geral, os gêneros textuais são textual e linguisticamente parecidos. Poema, romance, receita culinária e tantos outros seguem parecidos, mas vamos considerar o texto final produzido em pós-graduação. Caso o aluno faça uma pós-graduação na Espanha, ele fará o doutorado; se fizer em um dos países de língua espanhola na América Latina, primeiro ele fará o mestrado e depois o doutorado, os quais exigem que o aluno produza, respectivamente, uma dissertação e uma tese. Qual é a diferença entre um gênero e outro? Na Espanha, não há o gênero dissertação como gênero de um grau específico de estudo/pesquisa (que é o mestrado); há a tese. Será que ela equivale à tese produzida aqui? Tem o mesmo objetivo acadêmico-científico? Nesse exemplo, o conhecimento textual igualmente colide com o conhecimento cultural. Enfim, essas e outras questões sobre produção de texto são tratadas neste livro-texto. Na unidade I, o tópico geral é a produção de texto com enfoque na competência comunicativa, cujas dimensões abrangem as seguintes competências: gramatical, sociolinguística, discursiva e sociocultural. Dessa forma, os tópicos são assim desenvolvidos: • A competência comunicativa, sua definição e a apresentação de suas dimensões, bem como o papel dos gêneros textuais em situações sociocomunicativas. • A dimensão cultural na produção de texto em língua espanhola, a pluralidade cultural inerente aos países de língua espanhola e os textos produzidos em situação de interação entre fronteiras de países latinos. • A dimensão sociolinguística, a variação da língua espanhola e o papel de prestígio social da escrita. • A dimensão discursiva e a eficácia do texto com base na coesão e na coerência. Na unidade II, tratamos da revisão do texto. A revisão considera os níveis da língua, como a sintaxe e a semântica, abrangendo ainda aspectos extralinguísticos, como a ortografia e a tipografia. Além disso, há também a verificação da legibilidade e da integridade do texto. Assim, os tópicos apresentam: • Princípios da revisão, com delimitação em relação à integridade e à legibilidade do texto. • Revisão linguística, conforme as modalidades da língua falada e da língua escrita. • Revisão gramatical, bem como ortográfica. • Revisão de elementos tipográficos e de edição. 10 Para encerrar, deixamos um desafio para você. A proposta é produzir uma propaganda para incentivar a adoção de um animal de estimação. • Escolha seu público-alvo: seus leitores são de que ponto geográfico? Bogotá, fronteira entre Brasil e Uruguai, Santiago, Madri, outro? • Dependendo da região escolhida, produza seu texto de acordo com a variação da língua espanhola mais usada no local. • Confirme alguns costumes: as pessoas locais adotam animais de estimação? Quais são os animais locais considerados de estimação? • Depois do texto pronto, faça a revisão considerando: a) a adequação da língua tanto para o público quanto para o gênero textual; b) a adequação de outras linguagens no texto (figura, cor, fonte da letra etc.). • Divulgue o texto a fim de alcançar o público selecionado e verifique as respostas e as reações ao seu texto. 11 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Unidade I 1 DIMENSÃO SOCIOCOMUNICATIVA DO TEXTO O texto é objeto específico da linguística textual, desenvolvida inicialmente com estudos sobre as relações inter e transfrasais. Nessa vertente, o texto é considerado uma sequência de enunciados ligados por elementos da língua, identificados como coesão. Esses elementos coesivos marcam explicitamente a superfície do texto, como neste exemplo: Los guanches se instalaron, en un principio, en la costa pero, según algunoscronistas, después del año 1200 se retiraron al interior por miedo a los cazadores de esclavos. Los españoles lograron conquistarlos a finales del siglo XV, tras 100 años de batallas, que habían comenzado en 1390 (ARÉVALO; CARTER, 1995, p. 52). As expressões de coesão são as que estão em negrito no texto. Indicam mudanças espaciais (da “costa” para o “interior”) e servem de marcadores temporais (“después del año 1200”, “a finales del siglo XV”, “tras 100 años”, “en 1390”). No entanto, as relações frasais ultrapassam os limites coesivos. O texto passa a ser definido como uma unidade, resultado de operações semânticas, lógicas e pragmáticas. Van Dijk (1996) concebe a ideia de coerência textual. Nessa segunda vertente, o texto é definido como um todo estruturado com significação e coerência no plano global e não na sequência ou na soma de significados localizados (coesão). A noção de estrutura é distinta em superestrutura, macroestrutura e microestrutura. Microestrutura Macroestrutura Superestrutura Figura 1 – Esquema estrutural do texto 12 Unidade I A superestrutura é a estrutura de categorias convencionais e individuais dos diferentes gêneros textuais. Trata-se da organização global do texto com base em modelos armazenados na nossa memória e ativados quando lemos e produzimos textos. Por exemplo, qual é a estrutura geral de uma receita culinária? Muito provavelmente, você pensou no formato tradicional composto de “ingredientes” e “modo de preparo”. A macroestrutura, por sua vez, é a construção de significados e relaciona-se à semântica. O significado encontra-se nas palavras e nos elementos coesivos, ou seja, na microestrutura, mas ultrapassa os limites da superfície, pois depende de fatores diversos, tais como o conhecimento do próprio leitor. Se o leitor desconhece o assunto tratado no texto lido, para o leitor o texto é incoerente, isto é, não tem sentido. Por fim, a microestrutura refere-se às palavras expressas na superfície do texto e que, de alguma forma, substituem, retomam outras palavras do texto, servem de ligação entre orações e períodos. Acompanhe o exemplo a seguir. • La discusión fue tensa; sin embargo todos llegaron a un acuerdo. Observe que a expressão em destaque introduz um evento já ocorrido, opondo-se a ele. A terceira vertente da linguística textual verifica que o texto é construído não somente por critérios sintáticos e semânticos, mas também por elementos extralinguísticos. O texto pauta-se em fatores pragmáticos. Essa vertente aponta para a dimensão sociocomunicativa do texto. Nesta disciplina, focamos especialmente essa terceira vertente. Afinal, quando produzimos textos – sejam orais, sejam escritos – estamos inseridos em um contexto real e efetivo de interação para, da melhor forma possível, tornar a comunicação eficiente. 1.1 Competência comunicativa Caro aluno, já se perguntou o motivo de produzirmos textos? Talvez você tenha respondido que o fazemos para atender a alguma demanda, como uma redação de vestibular ou um relatório de trabalho. No entanto, essa resposta não é completa. Leia a conversa a seguir: 13 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Figura 2 – Conversa em rede social No exemplo anterior, a conversa ocorre no mundo virtual de uma rede social e entre membros de uma família. O tópico conversacional é simples e rotineiro: cumprimento e comentário sobre o tempo. Isso é um texto? Sim. Trata-se da conversação, o gênero textual mais usual do nosso cotidiano. Nesse caso, produzimos textos o tempo todo, e não apenas em uma situação formal (como a redação do vestibular ou o relatório de trabalho) ou em outra situação de necessidade, como uma lista de compras mensal. Cada vez que um texto é produzido, ocorre comunicação. Em outras palavras, a comunicação dá-se por meio de textos. Por isso, o texto pode ser estudado em sua dimensão sociocomunicativa. A produção textual abrange três grandes competências: a competência linguística, a competência textual e a competência comunicativa. A competência linguística faz parte da dimensão gramatical, englobando conhecimentos fonológicos, morfológicos, sintáticos e lexicais de um idioma. A competência textual implica um sistema de regras derivadas de qualquer texto e, devido ao fato de o texto ser 14 Unidade I produzido em situações comunicativas, essa competência associa-se à competência comunicativa, que é a “capacidade de atuar com eficiência em situações sociais de comunicação” (DELL’ISOLA, 2017, p. 340). De acordo com Dell’Isola (2017), o modelo de competência comunicativa que se destaca nos estudos linguísticos é o proposto por Canale. Para esse linguista, a competência comunicativa resulta de quatro dimensões: as competências gramatical, sociolinguística, estratégica, e discursiva. A dimensão gramatical abrange o conhecimento dos níveis da língua, desde fonológicos até lexicais. A dimensão sociolinguística é aquela que alia as variações da língua, seus diversos registros, combinados com as regras sociais e culturais da comunicação. A dimensão estratégica, por sua vez, refere-se aos recursos a que recorremos para superar obstáculos ao longo da interação. A dimensão discursiva, por fim, volta-se aos elementos do discurso que regem o uso da língua. Competência discursiva Competência gramatical Competência estratégica Competência sociolinguística Competência comunicativa Figura 3 – Modelo de competência comunicativa proposto por Canale Fonte: Dell’Isola (2017, p. 341). Saiba mais Assista ao seguinte vídeo sobre competência comunicativa. Trata-se de um vídeo curto, que apresenta uma síntese interessante sobre as quatro dimensões dessa competência (gramatical, estratégica, sociolinguística e discursiva). 4 COMPETÊNCIAS comunicativas que compõem a nossa comunicação. 2018. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal Ana Kelly Martinez. Disponível em: https://bit.ly/3GX4OAw. Acesso em: 6 jun. 2022. 15 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Nessa concepção, o texto resulta tanto de aspectos da língua – seus níveis sintático e semântico – quanto de aspectos sociais, tendo estes primazia sobre aqueles. Texto é, então, qualquer expressão linguística em um ato de comunicação. O texto, para ser considerado texto, precisa dos componentes sintáticos, relativos à coesão, bem como dos aspectos da coerência, mas abrange também os usos sociais, comunicativos e pragmáticos da linguagem. Nesse sentido, o texto é “entendido como um acontecimento comunicativo, uma atividade sociointeracional […], unidade linguística concreta, em situação de interação comunicativa, com funções específicas no cotidiano das sociedades” (DELL’ISOLA, 2017, p. 342). Enfatizamos a dinamicidade do texto, uma vez que tem estreita interação com o contexto de produção, os atores sociais (escritor/falante, leitor/ouvinte) e a situação de seu uso. A essas competências, Celce-Murcia (2008) acrescentou a competência sociocultural. Esta refere-se ao conhecimento de normas socioculturais da língua usada para a produção textual. Segundo a estudiosa, em uma situação comunicativa, um erro cultural é mais sério do que um erro linguístico. Exemplo de aplicação Considere as seguintes situações comunicativas: A) Seus alunos do Ensino Médio foram incumbidos de recepcionar o Secretário de Educação do Estado. Além das questões formais no cumprimento, os alunos precisarão mostrar que já conhecem o básico da língua espanhola. Qual é o correspondente em língua espanhola de “Ilustríssimo Secretário de Educação do Estado”? Escreva, no mínimo, dois exemplos de cumprimento e recepção que os alunos poderão fazer em língua espanhola. B) Durante uma entrevista para uma vaga de emprego, o candidato diz: “Pô, meu, esse salário é uma merreca!”. Qual seria a linguagem adequada a ser empregada pelo candidato, pensando em um indivíduo brasileiro candidatando-se em uma empresa espanhola com filial no Brasil? Como o candidato pode manifestar sua insatisfação salarialsem recorrer à gíria? Comentário A adequação da língua espanhola será diferente em ambos os casos. Mesmo exigindo formalidade, cada caso é específico a um momento de comunicação. No primeiro, os alunos são brasileiros (assim como, provavelmente, o próprio Secretário) e o uso formal da língua espanhola é uma amostragem do domínio básico da língua. No segundo caso, além da exigência da formalidade, o conhecimento da língua espanhola precisa ser mais profundo por parte do candidato. 16 Unidade I 1.2 Gêneros textuais simples e complexos A comunicação dá-se por meio de textos, que assumem uma função social na interação entre as pessoas e, nessa função, o texto é considerado também gênero. Como declara Marcuschi (2005, p. 22), “é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto”. Por exemplo, a conversação é um gênero textual e, com certeza, o gênero mais produzido na história da humanidade, dadas a forte carga interacional e sua característica oral. A conversação ocorre face a face, acompanhada por gestos e expressões fisionômicas, entre outras linguagens extralinguísticas. É considerada um gênero primário por Bakhtin (2003). Conforme Marcuschi (2005, p. 29), os gêneros textuais são definidos por atividades sociodiscursivas, uma vez que “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas”. Os gêneros textuais se dão com a contínua ação linguística em uma cultura. As recorrências com que essas formas linguísticas são inseridas ou estruturadas na sociedade fazem com que as formas se tornem convencionais. Portanto, a partir da variedade da cultura de uma sociedade haverá a mesma variedade dos gêneros textuais. Os gêneros textuais são textos materializados e com características sociocomunicativas existentes no dia a dia, definidas por conteúdos, propriedades, estilos e composição característicos. No mundo empresarial, por exemplo, há diversos gêneros textuais, dos mais simples (a conversação, por exemplo) até os mais complexos. A ata é um desses gêneros. Antigamente as atas eram feitas em grandes e grossos cadernos que precisavam conter assinaturas e folhas numeradas, devendo ser guardadas em lugar seguro. Hoje o gênero textual permanece o mesmo, alterando-se apenas o conteúdo, a forma e a maneira como é arquivado. Essa mudança se deu devido à necessidade e em consequência das inovações tecnológicas. Hoje as atas são feitas individualmente nas reuniões e guardadas em computadores, não precisando que as folhas sejam numeradas ou assinadas, e seu envio é feito por e-mail a todos os participantes da reunião para que estes tenham noção e tomem as devidas providências para a resolução do que foi discutido. O atestado é outro gênero. Para Martins e Zilberknop (1995, p. 133), o atestado é um “documento firmado por uma pessoa a favor de outra, atestando a verdade a respeito de um determinado fato”. A legislação prevê, por exemplo, que o funcionário, ao entrar e sair de uma empresa, deve fazer o exame médico. Portanto, o médico, designado por esta empresa, emite o atestado em favor do colaborador, desde que, claro, este tenha condições físicas e mentais para ser inserido no grupo. Outro tipo de atestado emitido em favor do colaborador serve para aquele funcionário que precisa se ausentar do trabalho para ir a uma consulta e, portanto, precisa comprovar sua saída temporária dentro do horário de expediente. Esse atestado é entregue pelo colaborador ao gestor, o qual o repassa ao setor de Recursos Humanos (RH) da empresa junto com a folha de ponto. Esse processo é necessário para que não haja desconto na folha de pagamento. 17 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA A intranet consiste, por sua vez, em um meio de comunicação interna; é um gênero textual utilizado para manter os funcionários atualizados sobre o que acontece na empresa. Trata-se de um tipo de comunicação utilizado entre os departamentos de uma instituição, e somente por ela, não tendo acesso o meio externo. A intranet funciona da seguinte forma: um departamento precisa fazer um comunicado sobre um novo processo e necessita informar aos outros departamentos para que estes fiquem a par ou participem deste novo processo. Então, com tal fim, faz-se uso da intranet. Outros exemplos de utilização são mudanças de quadro de funcionários da empresa ou comunicados de férias de gerentes ou diretores. Há, ainda, outros exemplos: • O departamento de TI (tecnologia da informação) informa que não será permitido acesso pessoal à internet, apenas em caso de consulta a bancos de dados da empresa. • O departamento de RH informa a data de retirada de novos tickets de alimentação. • O departamento de RH informa vagas internas a serem preenchidas. • O departamento financeiro informa sobre um novo sistema que será utilizado na empresa e convoca os funcionários para treinamento. Enfim, são diversos os casos em que a intranet é um gênero utilizado como meio de comunicação entre departamentos. No caso de e-mail, há um texto muito útil sobre isso. Frases práticas para quem vai enviar um e-mail em espanhol Confira maneiras formais e informais de começar um e-mail, fazer uma solicitação sobre qualquer tema e como se despedir em espanhol. Por Diana Camacho, 29 de maio de 2020. Com certeza, neste cenário atual a comunicação e a interação escrita aumentaram consideravelmente, não é verdade? E se você ou a sua empresa tem a necessidade de alinhar pontos importantes com outros países da região, os tradutores online devem ter se tornado uma ferramenta essencial no seu dia a dia. O primeiro que precisa saber é que qualquer plataforma online é uma ferramenta que visa facilitar a escrita e corrigir possíveis erros, mas de maneira alguma faz todo o trabalho. Então, nada mais pouco recomendável que escrever um texto em português para depois copiar e colar no Google, por exemplo, pois muitas das frases e palavras perderão o contexto no qual deveriam estar inseridas e, muitas vezes, acaba se perdendo a intenção ou objetivo da mensagem. 18 Unidade I Mas não precisa se estressar, pois realmente chegar ao ponto de escrever bem em outra língua é um esforço que fazem até os nativos, sendo uma das habilidades que requerem mais tempo de estudo, dedicação e prática. Além disso, você não precisa saber mil tempos verbais, conjugações e estruturas para estabelecer uma boa interação escrita em espanhol; a seu favor tem a similaridade das línguas, que irá facilitar a sua compreensão na leitura. Se já estuda espanhol, o processo será muito mais fácil, pois terá a oportunidade de pôr as mãos na massa e treinar os conteúdos que tem aprendido. Se for este o caso (ou não), aqui apresentamos algumas frases já prontas que podem lhe ajudar na hora de responder um e-mail ou, como falamos em espanhol, un correo electrónico. Tips para enviar un correo en español Recuerda que, sea cual sea el nivel de tu español, debes intentar ser lo más claro y conciso que puedas. También intenta ser gentil y utilizar palabras como por favor y gracias, ya que en los países hispanohablantes la cordialidad en la comunicación escrita es muy importante. En la mayoría de los países el tratamiento entre las personas, incluso si son desconocidas, suele ser informal y en la escritura eso es determinado por algunos pronombres y algunas conjugaciones específicas. Diferenciar si la persona está hablando de un modo informal (tú) o formal (usted), y cómo debemos responder en cada caso, es algo que lleva tiempo y, al comienzo, no será fácil, por eso aquí te daremos algunos tips que te economizarán tiempo y paciencia. 1. Saludar — Hola, (nombre de la persona). — Buenos días/buenas tardes/buenas noches, (nombre de la persona). 2. Introducir — Espero que se encuentre bien (formal). — Espero que te encuentres bien (informal – lo puedes diferenciar por el pronombre“te” y por la letra “s” al final del verbo). — Cordial saludo. — Gracias por su respuesta (lo puedes diferenciar por el pronombre “su”). — Gracias por tu respuesta (informal, lo puedes diferenciar por el pronombre “tu”). 19 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA 3. Hacer una solicitación — Me gustaría pedirle/solicitarle (formal, lo puedes reconocer por el pronombre “le”). — Me gustaría pedirte/solicitarte (informal, lo puedes reconocer por el pronombre “te”). — Podría/puede enviarme, por favor (formal). — Podrías/puedes enviarme, por favor (informal, por la “s” al final del verbo “poder”). — Podría/ puede confirmarme, por favor. — Podrías/puedes confirmarme, por favor (informal, por la “s” al final del verbo “poder”). — Puede revisar en el documento que envío adjunto. — Puedes revisar en el documento que envío adjunto (informal, por la “s” al final del verbo “poder”). — Si tiene alguna duda, no dude en escribirme. — Si tienes alguna duda, no dudes en escribirme (informal, por la “s” al final de los verbos “tener” y “dudar”). 4. Despedirse — Quedo atento/a a su respuesta (formal, por el pronombre “su”). — Quedo atento/a a tu respuesta (informal, por el pronombre “tu”). — Espero su respuesta (formal). — Espero tu respuesta (informal). — Desde ya agradezco su atención/colaboración (formal, pronombre “su”). — Desde ya agradezco tu atención/colaboración (informal, pronombre “tu”). — Cordialmente. — Atentamente. — Feliz semana/resto de semana/fin de semana. Fonte: Camacho (2020). 20 Unidade I O protocolo é outro gênero textual. Pode-se afirmar que ter um maior controle dos processos físicos dentro da empresa é a razão da utilização do protocolo. Constitui-se de uma ferramenta utilizada para controlar o envio de documentos entre os departamentos, auxiliando a que estes sejam direcionados aos destinatários corretos. O protocolo geralmente é padronizado quando se trata de envio apenas dentro da empresa, mas, quando passa para o meio externo, seu padrão pode depender do destinatário. Em grandes empresas, esse gênero textual é muito utilizado visando à melhor organização de processos. Podemos dizer que, entre o protocolo e a carta, este último gênero foi deixado de lado devido à era digital e ao surgimento do e-mail; o primeiro ainda é utilizado devido a necessidades no fluxo empresarial. O protocolo é simples, contendo especificamente dados do que está contido na entrega, a data, o local e a assinatura do recebedor. O quadro de avisos é mais um suporte de gêneros textuais do que um gênero propriamente dito. Afixados geralmente em um ponto estratégico da empresa, onde todos possam visualizá-los e ficar atualizados com as informações afixadas, esses quadros são colocados na parede e neles são fixadas várias informações distintas, desde uma palestra direcionada aos colaboradores até recados diversos. Lembrete O gênero é o texto em si, em sua materialização em palavras. O suporte, por sua vez, é algo físico em que o texto é fixado para divulgação. O suporte pode ser a tela do computador, um panfleto, um livro, uma página de caderno etc. Uma estratégia para a instalação do quadro de avisos seria escolher um ponto onde, obrigatoriamente, a maioria dos funcionários teria que passar todos os dias. Por exemplo, próximo à porta do refeitório. Outro aspecto a ser observado seria optar por um modelo de quadro que tenha algum chamariz na visualização. O quadro de aviso deve ter uma visualização rápida, conter letras grandes, que facilitem a leitura, e poucas informações (para que não fique congestionado) e, o principal, apresentar a informação com precisão. Em pequenas empresas, o gênero é mais valorizado, visto que é de baixo custo. Já nas grandes empresas, esse gênero pode passar despercebido, tendo em vista a gama de ferramentas existentes na instituição, como a intranet. Para que o quadro de avisos tenha eficácia, é necessária uma atenção especial à sua instalação, visando a uma melhor utilização por parte dos colaboradores. 21 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Exemplo de aplicação Exemplo 1 Observe o seguinte quadro de aviso: Figura 4 – Quadro de aviso Disponível em: https://bit.ly/3IgB02q. Acesso em: 4 jul. 2022. 22 Unidade I Para que serve o quadro de aviso? A quem se destina? Como é, em espanhol, o equivalente a quadro de aviso? Comentário O quadro de aviso, no exemplo dado, informa aos usuários de uma biblioteca escolar sobre o processo de troca de livros usados. É destinado, então, a alunos e interessados. O termo quadro de aviso, em espanhol, é panel de información ou tablón de anuncios. Exemplo 2 Monte uma proposta de produção de texto. Considere uma escola de seu bairro. Que quadro de aviso os alunos poderiam criar? Sobre qual assunto? Lembre-se de que o quadro precisa ser produzido em língua espanhola. Comentário O quadro de aviso pode ser sobre uma determinada informação útil para a população ou algo específico relacionado à disciplina de língua espanhola. O relatório é uma exposição de fatos de uma administração ou de uma sociedade. Esse gênero serve para detalhar uma determinada informação ou situação. Uma reunião era considerada apenas para que fossem tomadas decisões em benefício das empresas ou instituições, quando ainda existia o pensamento de que a empresa era somente o espaço físico em que se devia obter lucro. Com o desenvolvimento humano, passou-se a considerar o colaborador como pessoa e fator de grande importância para o crescimento da empresa. Tendo isso em vista, o conceito de reunião precisou ser renovado, além do público-alvo, isto é, para que ou quem deveria ser direcionado. Sendo assim, as reuniões passaram a ser focadas no indivíduo em si, em seu crescimento dentro da empresa, no seu trabalho em grupo, na forma como poderia melhorar seu trabalho, e na maneira como a empresa poderia colaborar com esse crescimento, ajudando-o em suas necessidades profissionais e psicológicas. Enfim, o gênero reunião passou a servir, então, a momentos propícios de conversa e resolução em conjunto para beneficiar os colaboradores com ferramentas adequadas, que os motivem e facilitem seu trabalho. Dolz e Schneuwly (2004) formularam o seguinte agrupamento dos gêneros textuais para que sejam trabalhados em sala de aula: 23 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Quadro 1 – Proposta de agrupamento de gêneros 1. Domínios sociais de comunicação 2. Aspectos tipológicos 3. Capacidades de linguagem dominantes Exemplos de gêneros orais e escritos 1. Cultura literária ficcional 2. Narrar 3. Mímesis da ação através da criação da intriga no domínio do verossímil Conto maravilhoso Conto de fadas Fábula Lenda Narrativa de aventura Narrativa de ficção científica Narrativa de enigma Narrativa mítica Sketch ou história engraçada Crônica literária Biografia romanceada Romance Romance histórico Novela fantástica Conto Crônica literária Adivinha Piada 1. Documentação e memorização das ações humanas 2. Relatar 3. Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo Relato de experiência vivida Relato de viagem Diário íntimo Testemunho Anedota ou caso Autobiografia Curriculum vitae ... Notícia Reportagem Crônica social Crônica esportiva ... Histórico Relato histórico Ensaio ou perfil biográfico Biografia ... 24 Unidade I 1. Domínios sociais de comunicação 2. Aspectos tipológicos 3. Capacidades de linguagem dominantes Exemplos de gêneros orais e escritos 1. Discussão de problemas sociais controversos 2. Argumentar 3. Sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição Textos de opinião Diálogo argumentativo Carta de leitor Carta de reclamação Carta de solicitação Deliberação informal Debate regrado Assembleia Discurso de defesa (advocacia) Discurso de acusação (advocacia) Resenha crítica Artigos de opinião ou assinados Editorial Ensaio ... 1. Transmissão e construção de saberes 2.Expor 3. Apresentação textual de diferentes formas dos saberes Texto expositivo (em livro didático) Exposição oral Seminário Conferência Comunicação oral Palestra Entrevista de especialista Verbete Artigo enciclopédico Texto explicativo Tomada de notas Resumo de textos expositivos e explicativos Resenha Relatório científico Relato oral de experiência ... 1. Instruções e prescrições 2. Descrever ações 3. Regulação mútua de comportamentos Instruções de montagem Receita Regulamento Regras de jogo Instruções de uso Comandos diversos Textos prescritivos Adaptado de: Dolz e Schneuwly (2004, p. 60-61). 25 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA O agrupamento pode ser trabalhado por meio de uma sequência didática. Dolz e Schneuwly (2004, p. 97) definem sequência didática como “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”. A sequência didática permite auxiliar o aluno no aprendizado do gênero. A fim de obter um uso adequado da sequência didática, é necessário selecionar os gêneros em relação aos quais os alunos apresentam maior dificuldade para desenvolver o trabalho, pois, conforme posto por Dolz e Schneuwly (2004, p. 98), “sequências didáticas servem para dar acesso aos alunos a práticas de linguagem novas ou dificilmente domináveis”. Os referidos autores elaboraram este esquema para melhor compreensão da sequência didática: Apresentação da situação Produção inicial Módulo 1 Módulo 2 Módulo n Produção final Figura 5 – Esquema da sequência didática Fonte: Dolz e Schneuwly (2004, p. 98). • Apresentação da situação: reconhecimento da situação de comunicação e do gênero textual a ser desenvolvido. • Produção inicial: momento em que os alunos efetivamente elaboram um texto. O professor deve realizar um diagnóstico a partir dessa produção inicial para detectar as dificuldades e trabalhá-las por meio da sequência didática. • Módulo 1, módulo 2, módulo n: são os exercícios por meio dos quais os alunos vão pôr em prática o gênero, visando superar as dificuldades. • Produção final: após os módulos, o aluno deverá fazer uma produção final, para que sejam mensurados os resultados obtidos depois da sequência. A sequência didática deve ser utilizada como ferramenta estratégica dentro da sala de aula, dada sua viabilidade no processo de ensino e aprendizagem nas aulas de língua espanhola. 26 Unidade I Saiba mais Consulte esta proposta de sequência didática com o gênero história em quadrinhos em espanhol. O autor apresenta 11 oficinas interessantes. CEMIN, L. Proposta de sequência didática: aprimoramento à compreensão leitora em E/LE através de histórias em quadrinhos. 2015. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3yCg5n9. Acesso em: 4 jul. 2022. 2 DIMENSÃO CULTURAL DO TEXTO Ao produzir um texto, é obvio que você precisa conhecer a língua em que o texto será produzido, porém é fundamental considerar a cultura da qual a língua faz parte. A competência sociocultural em relação à língua espanhola não é simples. Produzir um texto nessa língua implica uma complexidade que abrange diferenças culturais nos países em que a língua é oficial. Cada cultura é, na verdade, uma marca de identidade do grupo social. México España Guinea Ecuatorial Cuba República Dominicana Puerto Rico Venezuela Colombia Ecuador Perú Bolivia Paraguay Uruguay Argentina Chile Panamá Costa Rica Nicaragua Honduras El Salvador Guatemala Figura 6 – Países que falam espanhol (em 2018) Fonte: Bizello et al. (2018, p. 15). 27 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Produzimos diversos textos conforme a necessidade comunicativa. Além disso, fazemos revisão de textos alheios. Considere as seguintes situações: • Você precisa produzir um texto para o site de uma imobiliária. Os imóveis são de um país da América Latina de língua espanhola, mas os anúncios são para o público que está atualmente no Brasil. São anúncios de venda ou de aluguel de casas. • Você precisa ajudar alunos brasileiros, aprendizes de língua espanhola, a produzirem textos em língua espanhola. A solicitação é narrativa e os alunos precisam de conhecimento específico, para não haver incoerência no texto, sobre venda e/ou aluguel de casas na Espanha ou em um país de língua espanhola. Será que os colombianos, chilenos e espanhóis, por exemplo, usariam a mesma expressão em uma placa de venda de uma casa? Será que é comum nesses países uma placa pendurada no local que está à venda? Em uma busca rápida na internet, encontramos placas assim: A) Chile Se vende B) Espanha Se vende Figura 7 Disponível em: A) https://bit.ly/3Qw0TyT; B) https://bit.ly/39Hl1xu. Acesso em: 7 jun. 2022. A única diferença entre as placas desses países e as do Brasil é a escrita: em vez de “Se vende”, o pronome em português é posto depois do verbo: “Vende-se”. As placas ficam penduradas em frente aos imóveis e são uma maneira notória de anúncio. Enfim, o aspecto cultural é fundamental para a criação de um texto coerente e convincente. Outro ponto essencial na produção de texto em língua espanhola por autores brasileiros é que os países oficiais dessa língua na América fazem fronteira entre si e com o Brasil, marcando, assim, fronteiras textuais. 28 Unidade I As fronteiras não são produtos da natureza. Elas resultam das relações entre os homens, que estão em constante mudança, transformando o tempo e agindo no espaço. Contudo, existe uma polêmica entre fronteiras naturais e artificiais que decorre da identificação entre duas práticas distintas: a delimitação e a demarcação. A delimitação é o estabelecimento da linha de fronteira, e a demarcação é a locação da linha de fronteira no terreno. Assim, ao produzir um texto, seja escrito, seja oral, a fronteira é marcada. 2.1 Pluralidade cultural Na produção de um texto, é fundamental levar em consideração a pluralidade cultural, porque se trata do conhecimento e da valorização de características culturais dos diferentes grupos sociais. Na obra Los gozos y las sombras, de Gonzalo Torrente Ballester, consta o seguinte trecho: “María […] inclinó la frente y don Lino le dio un beso. Aurorita asomó por la puerta de la cocina. ‘¡Papá!’, gritó. Se acercó y le ofreció la mejilla. El hijo, con las manos atrás, esperaba” (BALLESTER, 1982, p. 379). No trecho, aponta-se para um costume: dar um beijo. No Brasil, damo-nos um beijo de cumprimento? Em um texto narrativo, de ficção, como podemos descrever tal cena, se o texto estiver em língua espanhola e a história ocorrer no Paraguai, por exemplo? Sousa (2011) descreve o ritual de cumprimento na Espanha: No que respeita ao modo de saudar, em Espanha é costume dar-se um único beijo às pessoas de família. Fora da família, a saudação entre mulheres e entre homens e mulheres é feita com dois beijos. Trata-se de um ritual muito semelhante ao português, embora em Portugal não haja diferença entre familiares e não familiares quanto a número de beijos. O facto de homens e mulheres se saudarem com beijos é algo relativamente recente nos dois países, um fenómeno que terá 20/30 anos no máximo, e que responde a uma evolução paralela nos costumes das duas sociedades. E, tanto num país como no outro, o beijo de saudação é um encostar de face e não um beijo propriamente dito. Quanto ao modo de os homens se saudarem uns aos outros, também não há qualquer diferença, um aperto de mão, um abraço ou palmadas nas costas. Em ambas as culturas os homens não se beijam nem andam de braço dado – excepto em casos de parentesco muito próximo –, ao contrário das mulheres, que o fazem em sinal de amizade (SOUSA, 2011, p. 32-33). Na produção de textos escritos em língua espanhola, o autor pracisar conhecer a cultura local, referente a diversos aspectos, entre eles os significados de determinados gestos. 29PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Não ter dinheiro Está cheio de gente Não ter vergonha na cara Partir-se a rir Estar louco Estou até aqui Figura 8 Fonte: Sousa (2011, p. 33). A seguir, temos um texto sobre como os espanhóis se veem. Será que seguem estereótipos ou há uma ruptura nesse olhar? ¿Cómo se ven a sí mismos los españoles? Según un estudio, el español se autocalifica como hospitalario, apasionado, juerguista, amante de su tierra, orgulloso, religioso, bebedor, idealista y generoso. ¿Cómo se les caracteriza a los andaluces? El estereotipo de los andaluces es el de una persona alegre y jovial, amante de la fiesta y poco dada al trabajo, de carácter abierto y hablador, con gran don de gentes, con gran sentido del humor y dados a la exageración. En las series españolas de televisión o en el cine, se les ha retratado profesionalmente como inmigrantes a la capital que trabajan en el servicio doméstico o en la hostelería. Un ejemplo de ello es Juani de Médico de familia, o Emilio de Aquí no hay quien viva. 30 Unidade I ¿Y a los gallegos? Los gallegos suelen ser estereotipados como amantes de su tierra, supersticiosos, humildes, tranquilos, sencillos, hospitalarios, hogareños, religiosos, cerrados, cariñosos, desconfiados, sensibles, sentimentales, tímidos y tristes. ¿Y a los vascos? Son esteriotipados como fuertes, amantes de su tierra, brutos, orgullosos, cerrados, extremistas, indomables, comilones, individualistas, tenaces, trabajadores, valientes y nobles. ¿Y a los catalanes? A los catalanes se les ve como tacaños, trabajadores y cerrados de mente, orgullosos, clasistas, amantes de su tierra, ambiciosos, individualistas, antipáticos, emprendedores, tenaces, cultos, responsables, inteligentes y racionalistas. Fonte: Sousa (2011, p. 149). O conhecimento cultural precisa ultrapassar os estereótipos, os exotismos, bem como não se centrar apenas em grandes manifestações, tais como a arte erudita ou de grandes personalidades. Os fatos, as preferências e os costumes cotidianos das pessoas comuns são fundamentais para esse conhecimento. A linguista Miquel (2004, p. 47) define cultura con C mayúscula, cultura institucional o cultura oficial, catálogo al que hoy pudiera añadirse el fútbol y la televisión como elementos estructuradores, delimitadores e incluso constituyentes de lo nacional. Los puntos dejados de lado, como la artesanía o el cine, sí son abordados hoy en día en nuevos inventarios de contenidos culturales, sin dejar de lado los consabidos elementos folclóricos que todo espectador-autor obligatorio de ferias de ciencias conoce sobradamente (y los progenitores lo son en las periódicas y rituales celebradas en colegios, núcleos de lenguas, o incluso en instituciones superiores de ensenãnza, con la cultura como punto álgido, en el que el estudiante-padre es el auténtico protagonista). Elementos folclóricos bien conocidos de la Escuela del Antiguo Régimen: cantes y bailes regionales aderezados con comidas típicas. Lo que sin duda es de gran utilidad porque todo brasileño al viajar debe saber hacer sus exhibiciones como sambista, todo español debe saber bailar por bulerías y todo argentino marcarse un tango, por una senda predeterminada e ingrata, aunque jamás haya pisado Caminito. 31 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Essa estudiosa, então, distingue a cultura com c minúsculo, a qual abrange aspectos da comunicação não verbal – a cinésica, a proxêmica e a cronêmica – que seriam integrados a outros para revelar detalhes cruciais sobre o cotidiano da cultura da língua estrangeira. Observação Os tipos de comunicação não verbal são: cinésica (gestos e ações através do nosso corpo); proxêmica (uso do espaço para comunicar); cronêmica (uso do tempo, isto é, como usamos o tempo é também uma forma de comunicação). Alguns exemplos dessa cultura com c minúsculo: família, mulheres na sociedade atual (seja espanhola, argentina, chilena etc.), cotidiano, casa, rua, visual, horários, cortesia, comportamento de consumo, formas de convidar e pagar, rituais de comer, beber e fumar, gastronomia e superstições. Assim como o Brasil, os países de língua espanhola (exceto a própria Espanha) foram colonizados, e todos nós somos frutos da coexistência de modelos culturais do centro, ou seja, de modelos culturais econômica e politicamente predominantes, e da periferia. As nações da América Latina adotaram o modelo europeu de Estado do século XIX, resultando no extermínio de indígenas e negros, e concomitantemente aderiram a políticas de mestiçagem, nas quais há o reconhecimento da desigualdade da cidadania. Assim, como diz Canclini (2007), antropólogo argentino, precisamos indagar quem são os outros nos confrontos geopolíticos e geoculturais. Afinal, as relações culturais ultrapassam a lógica binária – índio versus branco ou centro versus periferia – e compreendem uma complexidade de agentes e relações plurais. Um exemplo de pluralidade cultural está marcado no seguinte texto jornalístico sobre a América Latina e seu comportamento de consumo durante a pandemia da covid-19. Los dos productos que más compraron los argentinos en 2021: nadie los veía venir La empresa de ecommerce Mercado Libre compartió la lista con los productos más vendidos en su plataforma en toda Latinoamérica. Mercado Libre compartió su lista con los productos más vendidos en toda la región latinoamericana, con una lista donde destaca en primer lugar el barbijo (producto más vendido en MeLi en toda Latinoamérica) y con el resto de los productos variando según el país que se analiza. “Ya termina el 2021 y te contamos cuáles fueron los productos más vendidos del año”, publicó en Twitter la cuenta oficial de la empresa, mientras que agregó: “Desde el tapabocas, el número 1 en toda la región, hasta luces leds, cepillos de dientes ecológicos, bebederos para pájaros y muchos otros que reflejan diferentes momentos y costumbres de cada país”. 32 Unidade I Cuales fueron los productos más vendidos en Mercadolibre Según compartió la empresa, en Argentina destacaron las ventas de mayonesa y ovillos de lana, mientras que en Uruguay lo más destacado fueron los revestimientos y la compra de pasto. En Brasil se destacaron las ventas de cerveza y leche condensada (esta última es muy popular en las comidas de dicho país) y en Perú la compra de sillas gamer y comederos para pájaros (esto último sorprendió a la mayoría de los seguidores de la empresa en Twitter). Por otro lado, en Colombia se vendieron cepillos de dientes ecológicos y juguetes sensoriales antiestrés (principalmente el conocido como “pop-it”), mientras que en Chile se destacó la venta de cepillos eléctricos y luces LED. Por último, en México se vendió aceite vegetal y azúcar morena por sobre cualquier otra cosa. […] Fonte: Los dos... (2022). Esse texto se refere não apenas a dados de consumo, mas também a aspectos culturais em relação, por exemplo, à alimentação (maionese, leite condensado etc.) e aos cuidados com animais (comedouros), e ainda aponta uma das mudanças na sociedade contemporânea, que é fazer compras através do mundo virtual. Um aspecto cultural diferente, como indicado nesse texto, é contextualizado na seguinte tirinha da Mafalda em que o autor critica o sistema de ensino. Figura 9 – Tirinha sobre o sistema de ensino escolar Fonte: Moura, Damianovic e Leal (2010, p. 260). Sabemos que Quino, o criador da tirinha, era argentino e usava a personagem Mafalda para criticar uma série de questões, sendo uma delas a educação escolar. Conforme a tirinha, a repetição da estrutura do verbo confiar evidencia um ensino escolar tradicionalista. O verbo é conjugado em uma situação descontextualizada, e Mafalda não entende o propósito da atividade, finalizando-a com a constatação: “Um bando de ingênuos, não?”. 33 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Essa realidade escolar é desconhecida por nós, brasileiros? Ela ainda existe na Argentina?Durante a produção textual, o autor depara-se com esses questionamentos e precisa procurar respostas. Ou você, caro aluno, no papel de professor de língua espanhola, depara-se com um texto em que há um equívoco sobre o sistema escolar da Argentina, cabendo, nessa situação, indicar a falha para o autor. Vejamos uma outra circunstância em que o conhecimento cultural é fundamental para a produção e o entendimento do texto. Na época em que o escritor Jorge Amado faleceu, houve muita repercussão na mídia, como o artigo a seguir. Jorge Amado morre em Salvador aos 88 Membro da Academia Brasileira de Letras há 40 anos, o mais conhecido escritor brasileiro teve insuficiência cardíaca. Jorge Amado, o mais conhecido e popular escritor brasileiro, morreu ontem à noite em Salvador. Baiano de Itabuna, ele iria completar 89 anos na sexta. Em setembro, comemoraria o 70º aniversário da publicação de seu primeiro romance, O país do Carnaval. Membro da Academia Brasileira de Letras há 40 anos, Amado deixa a mulher, a também escritora Zélia Gattai, 84 – com quem era casado desde 1945 –, e os filhos João Jorge, 54, e Paloma, 50 – que trabalha na organização dos acervos da obra de seu pai. O escritor morreu de insuficiência cardíaca, após ter passado mal no final da tarde de ontem. “Ele estava fazendo sua fisioterapia, seguindo as recomendações médicas normais, quando passou mal”, afirmou o médico de Amado há mais de 15 anos, o cardiologista Jadelson Barbosa. [...] Assim que a notícia da morte se espalhou, começaram a chegar baianos famosos. Um dos primeiros a chegar foi o ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), amigo de Amado e organizador dos detalhes do velório. Zélia e os filhos estiveram no hospital, mas não concederam entrevista até a conclusão desta edição. O cantor e compositor Caetano Veloso, que faz 59 anos hoje, tinha show programado para a noite de ontem em Salvador e subiu ao palco sem saber da morte de Amado. Avisado pela mulher, Paula Lavigne, após o final da apresentação, voltou ao palco e, emocionado, cantou “O Leãozinho” em homenagem ao escritor. [...] O governador César Borges (PFL) ofereceu o Palácio da Aclamação, antiga sede do governo estadual que fica no Campo Grande, para o velório, que começou às 22h30. [...] Borges decretou luto oficial na Bahia por três dias. A pedido do escritor, seu corpo será cremado hoje às 17h, no cemitério Jardim da Saudade. As cinzas serão espalhadas, também segundo seu desejo, ao pé de uma mangueira que ele tem plantada no quintal de sua casa, no tradicional bairro do Rio Vermelho. [...] Suas obras mais recentes são A descoberta da América pelos turcos (1994) e o livro-conto O milagre dos pássaros (1997). Fonte: Francisco (2001). 34 Unidade I Nessa época, circulou o seguinte anúncio publicitário da caneta Bic, em homenagem ao escritor Jorge Amado. Jorge Amado 1912-2001 Figura 10 – Homenagem a Jorge Amado Fonte: O Estado de S. Paulo (2001, p. 9). O anúncio nos leva a algumas inferências: • Jorge Amado usava caneta para escrever suas obras. • A caneta (no anúncio) está sem tinta devido à relação entre ela e o autor, que a usava para produzir suas obras. • O anúncio, que ocupou uma folha inteira do jornal, está em preto e branco em sinal de luto. Exemplo de aplicação Exemplo 1 Faça como o anúncio da Bic: escolha um/a artista (seja da Espanha, da Colômbia ou de outro país que fale a língua espanhola) falecido/a recentemente. Seu anúncio será uma homenagem, e o objeto anunciado precisará ter um tipo de relação com o trabalho do/a artista escolhido/a. Exemplo 2 Imaginemos que você tenha sido convidado a escrever um artigo de opinião para um jornal argentino sobre a situação de moradia no país. Para estar mais a par do assunto e auxiliá-lo na produção do texto, leia o artigo a seguir. 35 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA Como a crise na Argentina mudou a vida na favela mais antiga de Buenos Aires Pobreza cresceu de 25,7% em 2017 para 32% da população no fim do ano passado, um aumento de quase 3 milhões de pessoas. A Villa 31 é um desses lugares em que as estatísticas têm nome e sobrenome. Numa tarde de sábado em junho, um grupo jogava futebol em um dos campinhos da Villa 31, a favela mais antiga de Buenos Aires. Distribuídos pelas arquibancadas recém-construídas, muitos dos espectadores assistem à partida agarrados à garrafa térmica e com o mate na mão. Os gritos da torcida rivalizam com o som alto de reggaeton que invade as ruas estreitas que margeiam o campo, contornadas de cima por um emaranhado de fios que ligam de forma desordenada os postes, carimbados com plaquinhas que oferecem serviço de “internet banda ancha”. À primeira vista, é um fim de semana como os outros nesta que é uma das maiores comunidades da capital argentina, com mais de 40 mil habitantes. Mas uma coisa mudou: os carrinhos de churrasco desapareceram. “Dois anos atrás você veria um monte de gente comendo ‘parrillita’ na rua a essa hora. Mas ninguém mais aqui tem dinheiro para comprar carne”, explica Magdalena Bazan, que mora na comunidade há 36 anos. Apesar de a produção de carne bovina na Argentina ter avançado 7,4% entre 2017 e 2018, o consumo interno diminuiu, ainda que levemente (0,1%), de acordo com as estatísticas do Foreign Agricultural Service, ligado ao Ministério da Agricultura dos EUA. [...] A crise dificultou a vida nas favelas de Buenos Aires. Mais que isso, porém, ela forjou um exército de excluídos que hoje dormem pelas ruas da capital, diz a antropóloga Maria Cristina Cravino. “Essa é uma diferença em relação a outras crises na Argentina. Os números oficiais ainda não saíram, mas para qualquer pessoa que ande pela rua é evidente. São família inteiras, crianças. Gente que não consegue mais pagar aluguel, nem mesmo nas favelas.” Magdalena, que há quase 40 anos engrossa as fileiras dos protestos que fizeram a fama dos argentinos no continente – “somos milhares nas ruas”, diz, orgulhosa –, resume a sensação de impotência de uma vida dedicada a buscar condições mínimas de sobrevivência: “¿Por que siempre tenemos que pelear por el pán?” Fonte: Como... (2019). Comentário As produções textuais sugeridas requerem conhecimento cultural, tanto com relação ao artista escolhido para ser homenageado quanto ao conhecimento sobre a questão da moradia argentina. Dependendo da proposta, o autor precisa pesquisar melhor sobre o país. 36 Unidade I 2.2 Textos fronteiriços De um lado, o conceito de fronteira pode ser uma marca de soberania ao implicar autoridade de governo sobre os limites das suas terras, sendo, então, as fronteiras vigiadas e monitoradas. Nesse sentido, a fronteira é considerada um território, o qual é constituído por relações de poder exercidas por determinados grupos sociais. Observação Geograficamente as fronteiras são terrestres, marítimas, fluviais, lacustres, bem como aéreas. Por outro lado, a fronteira pode ser concebida filosoficamente. Nessa perspectiva, fronteira é como um fenômeno social simbólico regido por princípios de relatividade, multiplicidade e reciprocidade, em que os limites são ultrapassados, tornando-se novas dimensões (ORTIZ, 1994). Assim, a subjetividade e o tipo de relação estabelecida entre os sujeitos são determinantes para conceituar tanto fronteira quanto território. A territorialidade, decorrente do território, é a qualidade que o território adquire conforme a utilização ou apreensão pelo ser humano, apreensão durante a qual se constrói um processo de tais comportamentos. Colômbia 1.644 km Peru 2.995 km Venezuela 2.200 km Guiana 1.606 km Suriname 593 km Guiana Francesa 730 km Bolívia 3.423 km Paraguai 1.365 km Argentina 1.261 km Uruguai 1.068 km Figura 11 – Fronteiras brasileiras 37 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA De acordo com o mapa, o Brasil faz fronteiras com 10 países da América do Sul, exceto Chile e Equador. Quadro 2 – Fronteiras brasileiras País Extensão da fronteira (emkm) Outros dados Estados brasileiros fronteiriços Bolívia 3.423,2 2.609 km são por rios e canais, 63 km por lagoas e 750,9 km por linhas convencionais Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul Peru 2.995,3 2.003,3 km são por rios e canais, 283,5 km por linhas convencionais e 708,7 km por divisores de águas Acre e Amazonas Venezuela 2.199 90 km são por linhas convencionais e 2.109 km por divisores de águas Amazonas e Roraima Colômbia 1.644,2 808,9 km são por rios e canais, 612,1 km por linhas convencionais e 223,2 km por divisores de águas Amazonas Guiana 1.605,8 698,2 km são por rios e canais e 907,6 km por divisores de águas Roraima e Pará Paraguai 1.365,4 928,5 km são por rios e 436,9 km por divisores de águas Paraná e Mato Grosso do Sul Argentina 1.261,3 1.263,2 km são por rios e apenas 25,1 km por divisores de águas Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul Uruguai 1.068,1 608,4 km são por rios e canais, 140,1 km por lagoas, 57,6 km por linhas convencionais e 262 km por divisores de águas Rio Grande do Sul Guiana Francesa 730,4 427,2 km são por rios e 303,2 km por divisores de águas Amapá Suriname 593 593 km são por divisores de águas Amapá e Pará Adaptado de: Fundação Alexandre de Gusmão (s.d.). Um exemplo de fronteira é a proximidade geográfica entre o Brasil e o Paraguai. Leal e Glasser (2013) nos trazem uma produção didático-pedagógica referente às narrativas da fronteira criadas por alunos do Ensino Médio em Foz do Iguaçu. A proposta é levar os jovens – que se envolvem no trabalho de atravessar mercadorias – a produzir um texto narrativo relacionado às vivências nos seus afazeres cotidianos. Eles criaram ou reproduziram muitas expressões linguísticas para propiciar uma comunicação que pode representar um código de proteção entre eles ou um sistema de comunicação que denuncie o trabalho contraventor. As produções de texto são marcadas, portanto, por um vocabulário específico. Leal e Glasser (2013) conseguiram verificar a relação entre a vivência dos alunos na fronteira e as interferências na sua produção textual. As produções ajudaram os alunos a compreender melhor o 38 Unidade I trabalho na fronteira e os limites da contravenção, bem como o direito de legislação nas punições que possam decorrer desse trabalho. A formação de uma consciência social das práticas dos trabalhadores de fronteira, ao se tornarem temas de narrativas, tem o objetivo de socializar o conhecimento dessas práticas. Exemplo de aplicação Exemplo 1 Produza um conto ou um artigo de opinião sobre narrativas de fronteira. Para isso, você pode assistir ao documentário Vida de cão, dirigido por Elizabeth Lo e disponível em diversas plataformas, sobre a vida das pessoas que trabalham na contravenção em fronteira, ou ao documentário A linha imaginária, que fala sobre a vida na fronteira entre Brasil e Uruguai e está disponível no YouTube. Exemplo 2 Leia o que diz o pesquisador Pereira sobre alunos brasiguaios: Na realidade das escolas fronteiriças há estudantes oriundos dos países vizinhos e filhos de migrantes que frequentam escolas do lado brasileiro e vivem múltiplas referências identitárias: em família, falam o idioma de origem; na escola, utilizam o português; nas relações sociais, expressam-se em espanhol ou guarani. Fonte: Pereira (2014, p. 103). Pesquise na internet sobre o uso da língua em texto escrito por brasiguaios ou pessoas de outras fronteiras. Há, de fato, uma separação entre as línguas ou há uma mistura de expressões e estruturas sintáticas? Saiba mais Podemos estender nossos conhecimentos a outros contextos fronteiriços. Na obra indicada a seguir, por exemplo, a estudiosa Pacheco nos traz um artigo linguístico e histórico sobre Brasil e Uruguai. PACHECO, C. S. Contextualização sócio-histórica da fronteira Brasil-Uruguai. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, v. 14, n. 1 , 2020. 39 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA 3 DIMENSÃO SOCIOLINGUÍSTICA DO TEXTO Observe a tirinha a seguir. Querido filho: deixe um queijo no chão. Mamãe Ossdt tx-~:: -; 4h / toff - fg ESQUECI QUE NÃO SEI ESCREVER Figura 12 – Níquel Náusea, de Fernando Gonsales Fonte: Linard et al. (2021, p. 17). Essa tirinha mostra-nos algo óbvio: para escrever, é preciso conhecer a modalidade escrita da língua. Vale ressaltar que a modalidade escrita adquiriu um importante status na sociedade moderna devido a diversos fatores. Um deles é a falta de domínio da escrita como tecnologia por muitas pessoas; assim, aquelas que conhecem essa modalidade adquirem um status superior em seu grupo social. Para muitas outras, escrever (ou produzir texto escrito) ainda é considerado um dom, uma atividade muito difícil etc. Outro motivo é a escrita registrar, ou seja, as informações escritas permanecem no decorrer do tempo, diferentemente do observado na oralidade, que só existe no momento em que o texto (oral) é produzido. Independentemente dessas questões, é fundamental saber produzir um texto escrito em língua estrangeira – no caso, em língua espanhola. Afinal, trata-se de uma das modalidades da língua. Ressaltamos, no entanto, que, em ambas as modalidades – a falada e a escrita –, a língua é eficaz nas situações comunicativas desde que haja um processo de adequação. Ou seja, o usuário da língua deve reconhecer que uma das características inerentes da língua é a variação. Conhecer a língua e suas variações faz parte da dimensão sociolinguística, uma das competências da comunicação. Essa dimensão agrupa as regras socioculturais de uso da língua, garantindo uma produção textual adequada aos diferentes fatores contextuais, tais como os propósitos da interação e as convenções sociais. 3.1 Papel social da escrita A escrita é considerada a primeira tecnologia na área da linguagem. Corresponde a uma invenção recente da história da humanidade e abriu caminho para a segunda modalidade da língua. 40 Unidade I Oralidade Escrita Língua Modalidades Figura 13 A escrita foi relacionada à construção de um modo abstrato de mediação das práticas sociais, inclusive como instrumento de dominação de classes privilegiadas no decorrer da história. Lebrave (2002, p. 100) diz que “o escrito é um traço sobre um suporte”. Ele constitui uma extensão externa da memória. O traço é, ao mesmo tempo, inscrição do produto e traço de seu processo de enunciação. No caso de uma cópia manuscrita, essa enunciação singular é uma simples reprodução de um objeto preexistente. Quando a escritura é trabalho de criação, o escrito registra traços do próprio processo de produção. Qualquer escritura manuscrita produz um objeto singular, que – pelo menos até o desenvolvimento dos meios de reprodução modernos – não é reprodutível de forma autêntica, mas cujo conteúdo pode ser recopiado por um novo ato de enunciação. Ao contrário, o escrito impresso moderno se caracteriza pela existência de objetos idênticos reproduzidos em um grande número de exemplares durante o mesmo processo enunciativo. Com base no suporte, o autor estabeleceu quatro momentos da produção textual. Quadro 3 – Momentos da produção textual Públicos Privados Manuscritos Manuscritos medievais Manuscritos modernos Impressos Livros Jornais Datilogramas Impressos pessoais Fonte: Lebrave (2002, p. 100). Os manuscritos medievais só foram percebidos como tais com a invenção da impressa e, portanto, dos impressos, havendo, então, uma divisão entre texto manuscrito e texto impresso. Até a imprensa, os manuscritos eram elaborados pelos escribas medievais para se tornarem públicos; depois, os manuscritos eram do âmbito privado e se tornavam públicos ao assumir forma de livro ou jornal. A escrita trouxe vastas transformações culturais, incluindo o campo literário. A máquina de escrever e, posteriormente, o computador impactaram a vida dos escritores e diluíram a divisão manuscrito versus impresso. Outra mudança reflete sobre a oposição entre público e privado, 41 PRODUÇÃO E REVISÃODE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA algo que a internet não diferencia. A revolução digital, aliás, torna o texto volátil, ainda que com múltiplas possibilidades de armazenamento, levando à coexistência de inúmeras versões. Na América Latina, a escrita é causadora de um dos maiores genocídios da história (PINO; ZULAR, 2007) devido à oposição entre cultura oral e cultura letrada. A formação colonial caracterizou-se pelo domínio da escrita, servindo de divisor entre cultura oficial e vida popular. Polar, estudioso peruano, exemplifica a tensão entre oralidade e escrita na formação conflituosa andina. “Diálogo de Cajamarca” refere-se ao encontro, em 1532, do chefe inca Atahualpa com o invasor espanhol Pizarro, durante o qual o intermediador, padre Vicente Valverde, ofereceu uma Bíblia ao inca e pediu a este que aceitasse a religião cristã. Depois desse encontro entre a oralidade e a escrita, houve o massacre indígena, e Atahualpa, que não aceitou a conversão nem a Bíblia, jogando-a no chão, foi morto. À conclusão de Polar – “O triunfo inicial da letra nos Andes é a morte da voz” –, Pino e Zular (2007, p. 60) acrescentam que a “inscrição da letra na natureza como um dos mitos de nossa literatura não escapa muito dessa imagem: a escrita na areia do padre Anchieta não era assim tão dócil, nem as ondas a levariam tão facilmente”. Podemos concordar com os autores Pino e Zular quando reiteram que a escrita, em processo de instrução e circulação de livros, reforçou a dependência entre colônia e reino, assim como a predominância da leitura oral durante a colonização se proliferou enquanto o analfabetismo se mantinha. Como afirma Cassany (2008, p. 20): “El escrito es sólo la punta de iceberg de algo mucho más global y profundo que afecta a personas, instituciones y disciplinas. Cualquier texto está situado y es indicativo de una actividad social más amplia”. Nessa perspectiva, escrever é mais do que um registro perene ou um conhecimento de letras e nomes; escrever é construir sentidos. Escrever é uma atividade trabalhosa, que abrange o domínio da gramática e das regras de construção de gêneros textuais, bem como leva a pessoa a descobrir o seu próprio fazer. Nesse sentido, texto é a manifestação da capacidade textual humana. Exemplo de aplicação Exemplo 1 Em uma dissertação, posicione-se sobre o status da língua escrita em detrimento da língua falada (oral), abrangendo, em sua discussão, o fato de que na América Latina houve o apagamento de centenas de línguas ágrafas. Exemplo 2 Faça um levantamento de quais e quantos são os textos escritos com que você se depara durante um dia. Quais são seus autores? Eles escreveram em que situação comunicativa? Com que finalidade? Preencha o quadro a seguir com essas informações. 42 Unidade I Quadro 4 Textos/gêneros Autoria Finalidade comunicativa 3.2 Diversidade linguística Para Oliva (2008), a escolha linguística causa impacto na dimensão sociolinguística por alguns motivos: • Toda comunidade tem tipos situacionais recorrentes e reconhecíveis que podem não ser análogos aos de outras comunidades, e, por meio deles, é possível identificar aspectos específicos, como papéis e objetivos, temas discursivos etc. • Muitos componentes situacionais podem influenciar a variação da língua, como os componentes espaço-tempo e institucional, o perfil dos interlocutores que participam de determinada situação, o gênero discursivo, o tema, as tecnologias utilizadas na interação etc. • Fatores heterogêneos provocam mudanças nos graus de atenção do sujeito para o discurso produzido, o que pode afetar a escolha dos termos utilizados quanto à formalidade nos usos, por exemplo. • Os sujeitos, apoiados nas imagens sociais, grupais e pessoais construídas, tomam decisões criativas, de acordo com as necessidades e exigências circunstanciais. • Existem regras e comportamentos esperados em cada situação comunicativa, que podem (ou não) ser seguidos, dependendo da força de cada um dos fatores envolvidos. Na produção de texto em língua espanhola, precisamos conhecer melhor o sistema linguístico usado pelo grupo social para o qual escrevemos. Nesse sentido, devemos estar atentos à diversidad de usos de una lengua según la situación comunicativa, geográfica o histórica en que se emplea y según el nivel de conocimiento lingüístico de quien la utiliza. Así pues, en función de la variable que interviene, se distinguen cuatro tipos de variedades: las variedades funcionales o diafásicas, las variedades socioculturales o diastráticas, las variedades geográficas o diatópicas y las variedades históricas o diacrónicas (BIZELLO et al., 2018, p. 32-33). 43 PRODUÇÃO E REVISÃO DE TEXTO EM LÍNGUA ESPANHOLA A interação linguística consiste justamente nas variedades da língua, as quais ocorrem conforme as necessidades comunicativas. Em textos escritos, costumamos empregar a variedade padrão do espanhol de Madrid. No entanto, a língua varia em diferentes regiões da Espanha, assim como varia nos diversos países cuja língua oficial é a espanhola. Há a necessidade, portanto, de adequar a língua para melhor atender nossos leitores. Um exemplo dado por Bizello et al. (2018) é a variação entre autobús e bus. Essa última palavra é usada pelos colombianos em situação informal para designar “ônibus”. A palavra bus aparece no jornal El País, na notícia “Transmilenio no basta”, sobre a cidade de Bogotá, na Colômbia. Observe: Todos querían ver si sería capaz de hacerlo. El alcalde de Bogotá, Enrique Peñalosa, cerró los ojos rodeado de cámaras y dejó que un barbero se llevara lo que durante más de 16 años caracterizó su imagen. Era el 18 de diciembre del 2000 y el entonces mandatario de la capital colombiana cumplía con la promesa de quitarse la barba el día en que empezó a funcionar su más ambicioso — y para algunos imposible — proyecto: 14 buses rojos movieron ese día a 25.000 pasajeros. Transmilenio, el sistema de transporte creado para mejorar la movilidad de Bogotá, había empezado a funcionar (apud BIZELLO et al., 2018, p. 34). Na afirmação dos pesquisadores, “as variações linguísticas são uma realidade da língua espanhola. Assim, é preciso conhecer a cultura e o modo de vida de cada lugar para compreender todas as possibilidades de diversidade de comunicação” (BIZELLO et al., 2018, p. 34). Exemplo de aplicação Exemplo 1 Considere a seguinte situação: você precisa fazer um texto publicitário sobre uma caneta esferográfica e, para isso, terá de identificar cada parte que a compõe. Atente-se ao fato de que seu texto será divulgado em diferentes países de língua espanhola, cada um deles com um termo diferente para designar uma caneta. Quadro 5 País Argentina Colômbia Espanha México Uruguai Termo utilizado lapisera esfero bolígrafo (ou boli) pluma birome Exemplo 2 As diversas telas (de televisão, cinema, celular etc.) são suportes para mais de um gênero textual, tendo, portanto, variadas funcionalidades. Preencha os espaços em branco do quadro a seguir, em língua espanhola, de acordo com as orientações dadas. 44 Unidade I Quadro 6 Publicidade de ponto de venda de pipoca em cinema cubano Publicidade de ponto de venda de pipoca em cinema argentino Publicidade de ponto de venda de pipoca em cinema venezuelano Publicidade de ponto de venda de pipoca em cinema boliviano Publicidade de ponto de venda de pipoca em cinema colombiano Publicidade de ponto de venda de pipoca em cinema uruguaio Exemplo 3 Ao fazer a revisão de um texto produzido em língua espanhola, é preciso levar em consideração a variação lexical. Complete o quadro a seguir com o termo adequado conforme a região. Quadro 7 Região Variação lexical Espanha, México, Uruguai Lavabo Argentina, Chile Venezuela Espanha Bizcocho Argentina Chile México Uruguai, Venezuela Espanha, Argentina, Uruguai, Venezuela Dulce de leche Chile México Comentário Para realizar as atividades é preciso atentar-se para a variante lexical. Cada país emprega um termo
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