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A LITERATURA MEDIEVAL E SEUS LEGADOS

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Unidade
Inicie a jornada!
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46, 
EM13LP48, EM13LP52, 
EM13LGG202, EM13LGG203, 
EM13LGG301
Nesta unidade você
irá estudar:
trovadorismo: conceito, 
produção e características. 
Produção poética lírica: 
cantigas de amor e de amigo 
e as cantigas satíricas e 
prosa medieval, além do 
repente.
A literatura medieval e 
seus legados4
34
Literatura
¦ĪƠƣżģǀğĘż�ģÿ�ŏŧǀƫƸƣÿğĘż�ģĪ�¼żƣżƫ�¦żƫŧŏŲ᠁�ĪŰ�ƢǀĪ�ĪƫƸĘż�ż�ƣĪŏ�ģÿ��ƣŰįŲŏÿ᠁�hĪĘż�SS᠁�ĜżŰ�ÿ�ƣÿŏŲŊÿ�GǀĪƣÿŲĪ�Ī�ƫĪǀƫ�ĜŏŲĜż�ǿ� ŧŊżƫ᠁�ĪŰ�ᙷᙸᚃᙸ᠇�
Trovadorismo: conceito, contexto de produção e características 
literárias
O Trovadorismo foi a primeira manifestação literária na península Ibérica, desenvolvida durante a Idade Média, 
marcada por relações feudais. O teocentrismo – visão de mundo segundo a qual Deus é o centro do universo – definiu o 
modo de ser e de viver. O saber estava sob o domínio da Igreja e, por isso, nos mosteiros se concentravam as manifesta-
ções escritas que expressavam o conhecimento a que se tinha acesso naquela época. Reis, rainhas, senhores feudais, 
nobres, vassalos e plebeus foram os “personagens” da sociedade da época. A arquitetura se expressou pelo estilo gótico, 
empregado na construção de catedrais gigantescas, com muitos arcos internos e torres muito altas. 
Uma característica marcante do período é a oralidade. A ideia de literatura em livros como temos hoje não seria 
possível naquela época, porque a maioria das pessoas não era alfabetizada, nem havia os recursos para que os livros fos-
sem publicados da forma como são feitos atualmente. Os textos eram cantados, daí o nome “cantigas”. Elas eram uma 
expressão poética associada à música e o poeta era chamado de trovador. Isso explica a origem do nome do movimento 
literário: Trovadorismo. 
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A produção literária 
medieval faz parte de um 
contexto sócio-político- 
-cultural explicado por 
várias disciplinas do 
currículo do Ensino Médio, 
como História, Arte, 
Geografia e Filosofia/
Sociologia. Converse 
com seus professores de 
História, Filosofia e Arte 
e proponha uma roda 
de conversa para que 
possam apresentar, em 
conjunto, esclarecimentos 
sobre aspectos da Idade 
Média, a partir de suas 
áreas de conhecimento. 
Alguns temas que podem 
ser abordados: estrutura 
social feudal; o papel da 
mulher na Idade Média; as 
diferentes manifestações 
artísticas medievais; as 
relações de poder entre 
Igreja e realeza; concepção 
de mundo; fé e ciência, 
entre outros.
Relacione
35
Unidade 4
A produção poética lírica: cantigas de amor e de amigo 
Leia os textos a seguir. O primeiro é a versão original da “Cantiga da Ribeirinha”, marco do início do Trovadorismo em 
Portugal, escrita em galego-português. O segundo é uma interpretação dos versos com linguagem atual.
A “Cantiga da Ribeirinha” foi inspirada em dona Maria Pais Ribeiro, conhecida como Ribeirinha, uma referência 
direta ao seu sobrenome. Ela foi amante do rei dom Sancho e, por seus encantos, era muito cobiçada. Outra razão para 
que ela fosse tema de uma cantiga de amor é o fato de ser uma personagem relacionada com a Corte portuguesa.
As cantigas eram exibidas pelos segréis (trovadores que não 
faziam parte da alta nobreza, mas compunham e apresentavam 
suas cantigas) e pelos jograis (cantores ambulantes populares 
que interpretavam as cantigas. Raramente as compunham). Es-
sas cantigas foram compiladas em coletâneas chamadas cancio-
neiros. Os três cancioneiros portugueses mais conhecidos são o 
Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancio-
neiro da Biblioteca Vaticana.
O Trovadorismo provavelmente originou-se na Provença, 
região francesa, e foi gradativamente se disseminando até al-
cançar a península Ibérica. Em Portugal, o marco da escola foi a 
“Cantiga da Ribeirinha” ou “Cantiga da Guarvaia”, de Paio Soares 
ģĪ�¼ÿǜĪŏƣŽƫ᠁�Ơƣżģǀǭŏģÿ�ĪŰ�ᙷᙷᚄᚅ�żǀ�ᙷᙷᚅᚄ᠇
Texto 2
No mundo ninguém se assemelha a mim (parelha: se-
melhante)
enquanto a minha vida continuar como vai
porque morro por vós, e ai
minha senhora da pele alva e faces rosadas,
quereis que vos descreva (retrate)
quando vos eu vi sem manto (saia: roupa íntima)
Maldito dia! me levantei
que não vos vi fea (ou seja, a viu mais bela)
E, minha senhora, desde aquele dia, ai
tudo me foi muito mal
e vós, filha de don Pai
Moniz, e bem vos parece
de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupa luxuosa)
pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor)
de vós nunca recibi
algo, mesmo que sem valor (correa: coisa sem valor)
TAVEIRÓS, Paio Soares de. Cantiga da Ribeirinha. In: NICOLA, José de. 
Literatura portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa. São Paulo: 
Scipione, 1990. p. 28.
O poema lido é um exemplo de cantiga de amor. Quais são suas principais características? 
Vejamos: 
• a origem é provençal (entre os séculos XI e XIII desenvolve-se, na Provença, sul da França, a arte trovadoresca e a prática do amor cortês); 
• o eu lírico é masculino; 
• a mulher amada é idealizada, superior e inacessível, porque, geralmente, está comprometida e é nobre; 
• há uso da expressão “coita d´amor”, ou seja, de sofrimento amoroso. Muitas vezes, o eu lírico deseja a morte como única forma de curar sua dor;
• o ambiente palaciano; por isso, a concepção de amor é cortês, respeitoso;
• observa-se a vassalagem amorosa (servidão amorosa), porque o eu lírico se coloca a serviço da amada.
Texto 1
"Cantiga da Ribeirinha", de
Paio Soares de Taveirós
No mundo non me sei parelha, 
mentre me for´como me vai,
ca já moiro por vós – e ai
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi en saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel di´, ai!
me foi a mi muin mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d´aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d´alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d´ûa correa.
Banda caracterizada em estilo medieval tocando em um festival na cidade de 
Rodemack, França, em 2012.
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36
Literatura
Agora, leia a cantiga a seguir:
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
 E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
 E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado,
Por que ei gan coidado?
 E ai Deus, se verrá cedo!
CÓDAX, Martin. Ondas do mar de Vigo. In: NICOLA, José de. Literatura portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa. 
São Paulo: Scipione, 1990. p. 30.
A cantiga lida é um exemplo de cantiga de amigo. Vejamos quais são suas características:
• origem na península Ibérica (galego-portuguesa);
• o eu lírico é feminino;
• o amigo a que se faz referência é o namorado ou amante;
• o tema principal é a saudade do namorado distante e o sofrimento por não saber se o amado que partiu volta ou não;
• a personagem feminina, geralmente, é uma camponesa, retratada de forma mais real e concreta. Pode haver 
żǀƸƣżƫ�ƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠁�ĜżŰż�ÿ�ŰĘĪ᠁�ǀŰÿ�ÿŰŏŃÿ�żǀ�ǀŰ�ĪŧĪŰĪŲƸż�ģÿ�ŲÿƸǀƣĪǭÿ�ƠĪƣƫżŲŏǿ�Ĝÿģż᠒
• o ambiente é popular, na zona rural;
• estrutura repetitiva: refrão e paralelismo.
As cantigas de amigo eram manifestações populares orais. Ainda que fossem muito antigas, somente passaram 
a ser registradas por escrito com a chegada das cantigas de amor, cuja origem é francesa. É curioso observar que sua 
estrutura formal é mais refinada que a das cantigas de origem provençal. 
A nossa compreensão de aspectos da realidade distantes temporalmente de nossa experiência atual pode ser ampliada com a 
leitura de textos científicos e especializados. As bibliotecas físicas e virtuais são espaços que potencializam nossas pesquisas, 
porque têm acervos que nos ajudam a situar-nos melhor em relação ao que desejamos saber sobre o passado ou um tema 
específico. Comopotencializar nosso entendimento da produção literária trovadoresca, se temos pouco acesso a informações 
ƫżěƣĪ�ĪƫƫĪ�ƸĪŰÿ᠈�'ǀÿƫ�ƫǀŃĪƫƸƛĪƫ᠀�
• leia sobre a produção artística medieval no site da Universidade Nova de Lisboa; 
• investigue canções da música popular brasileira que apresentem características das cantigas medievais como um legado. 
Vá além
Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6
 Vigo: famosa praia da 
região da Galiza, um pouco 
ao norte do rio Minho.
 Se verrá cedo: ele 
virá logo, ele virá em breve.
 Levado: aqui, no 
ƫĪŲƸŏģż�ģĪ�ᡆÿŃŏƸÿģżᡇ᠇
 O por que eu 
sospiro: por quem eu 
suspiro.
 Por que ei gran 
coidado: por quem eu 
tenho muito carinho, 
cuidado, atenção.
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37
Unidade 4
As cantigas satíricas e a prosa medieval
Além das cantigas, classificadas em cantigas 
de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer, de-
senvolveram-se textos em prosa. Entre os mais 
importantes estavam as novelas de cavalaria, 
que narravam aventuras de cavaleiros andantes, 
lendários e destemidos, que enfrentavam mons-
tros e batalhas sangrentas, em nome de sua fé ou 
por amor a uma donzela. Dividem-se em três ci-
clos: a) ciclo bretão ou arturiano: narrativas cujos 
personagens eram o rei Artur e os cavaleiros da 
Távola Redonda; b) ciclo carolíngio: Carlos Mag-
no e os Doze Pares da França são os protagonistas 
dessas narrativas; e c) ciclo clássico: as histórias 
apresentam acontecimentos da Antiguidade, 
como a Guerra de Troia.
Leia a cantiga satírica a seguir, de João Garcia de Guilhade, registrada no Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Portugal. 
O repente 
Da mesma forma que as cantigas medievais mesclavam aspectos da cultura popular, 
como a oralidade e a música, o repente – uma expressão musical brasileira atual – também 
o faz. O repente é um gênero de poesia cantada muito comum no Nordeste do Brasil, mas 
também presente em outros estados. 
Os textos cantados pelos repentistas nascem do improviso e da agilidade mental, a partir 
de um tema a ser desenvolvido sempre em duplas. Não importa muito a beleza da voz ou a 
afinação, o objetivo principal é manter o ritmo e “encurralar” o oponente apenas com a força 
do discurso. Os repentistas se enfrentam sempre em locais públicos e objetivam demonstrar 
sua superioridade sobre o oponente. Os instrumentos mais usados são a viola, o pandeiro 
e o ganzá. 
Novelas de cavalaria reúnem histórias de amor, fé, batalhas e cavaleiros. 
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Repente ilustrado em cordel. Duas importantes artes brasileiras.
 Ai dona fea, fostes-vos queixar
 que vos nunca louv’en[o] meu cantar;
 mais ora quero fazer um cantar
 em que vos loarei todavia;
5 e vedes como vos quero loar:
 dona fea, velha e sandia!
 
 Dona fea, se Deus mi perdom,
 pois havedes [a]tam gram coraçom
 que vos eu loe, em esta razom
10 vos quero já loar todavia;
 e vedes qual será a loaçom:
 dona fea, velha e sandia!
 
 Dona fea, nunca vos eu loei
 em meu trobar, pero muito trobei;
15 mais ora já um bom cantar farei
 em que vos loarei todavia;
 e direi-vos como vos loarei:
 dona fea, velha e sandia!
LOPES, Graça Videira; FERREIRA, Manuel Pedro et al. Cantigas medievais galego-portuguesas. Lisboa: Instituto de Estudos 
Medievais, 2011. Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1520&pv=sim. Acesso em: 25 fev. 2021.
As cantigas satíricas medievais se dividem em cantigas de escárnio e de maldizer. Como as diferenciamos? Veja o quadro comparativo a seguir.
Cantiga de escárnio Cantiga de maldizer
Crítica indireta com ambiguidades e ironias. Crítica direta.
Linguagem trabalhada com sutilezas. Linguagem agressiva, vulgar e obscena. 
Nem sempre se revela o nome da pessoa satirizada. A pessoa satirizada pode ser identificada.
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38
Literatura
O repente deriva do cordel e, por isso, manifesta-se como sua forma oral. Recentemente, tem recebido a atenção de 
estudos acadêmicos que investigam algumas questões relevantes para compreender o desenvolvimento desse gênero 
textual, como a ausência da expressão feminina e a relação entre o dom e a técnica. Na atualidade, o repente tem se 
relacionado com outras manifestações culturais das grandes cidades e habitado também as plataformas digitais. É um 
gênero que tem agradado aos jovens cada vez mais. 
Além disso,influenciou várias gerações de compositores brasileiros, como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Alceu 
Valença, Ednardo, Zé Ramalho, Elomar, Geraldo Azevedo e muitos outros. Ao analisarmos a produção musical brasilei-
ra recente, constatamos que tanto as cantigas medievais quanto os repentes nordestinos ainda influenciaram muitos 
compositores e intérpretes, que usam as características básicas desses gêneros em suas criações. No caso das cantigas 
satíricas e dos repentes, que têm clara origem na cultura popular, a questão da valorização social desses gêneros é um 
aspecto que merece discussão.
É provável que os alunos 
cheguem à conclusão de 
que é possível haver repen-
tistas na atualidade, apesar 
da desvalorização da cultura 
popular. O repente pode se 
enquadrar no grupo de ex-
pressões artísticas alterna-
tivas, que buscam espaços 
de manifestação. Essa pos-
sibilidade aumenta à medi-
da que o gênero se adapta 
não só ao ambiente urbano, 
mas às novas tecnologias. 
Faça em sala
UNESP
As questões 1 e 2 tomam por base uma cantiga do trovador galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII); e o poema "Confessor medieval", de Cecília 
Meireles (1901-1964).
Leia os textos a seguir.
"Cantiga", de 
Airas Nunes
Bailemos nós já todas três, ai amigas,
So aquestas avelaneiras frolidas, (frolidas = floridas)
E quem for velida, como nós, velidas, (velida = formosa)
Se amigo amar,
So aquestas avelaneiras frolidas (aquestas = estas)
Verrá bailar. (verrá = virá)
Bailemos nós já todas três, ai irmanas, (irmanas = irmãs)
So aqueste ramo destas avelanas, (aqueste = este)
E quem for louçana, como nós, louçanas, (louçana = formosa)
Se amigo amar,
So aqueste ramo destas avelanas (avelanas = avelaneiras)
Verrá bailar.
Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos, (mentr’al = en-
quanto outras coisas)
So aqueste ramo frolido bailemos,
E quem bem parecer, como nós parecemos (parecer bem = 
tiver belo aspecto)
Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo
Verrá bailar.
NUNES, Airas. Cantiga. In: SPINA, Segismundo. Presença da 
literatura portuguesa – I. Era medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão 
Europeia do Livro, 1966.
"Confessor medieval", 
de Cecília Meireles (1960)
Irias à bailia com teu amigo,
Se ele não te dera saia de sirgo? (sirgo = seda)
Se te dera apenas um anel de vidro
Irias com ele por sombra e perigo?
Irias à bailia sem teu amigo,
Se ele não pudesse ir bailar contigo?
Irias com ele se te houvessem dito
Que o amigo que amavas é teu inimigo?
Sem a flor no peito, sem saia de sirgo,
Irias sem ele, e sem anel de vidro?
Irias à bailia, já sem teu amigo,
E sem nenhum suspiro?
MEIRELES, Cecília. Poesias completas de Cecília Meireles. 
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974. v. 8.
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12
A partir das questões da seção Faça em sala, formem uma roda de conversa e debatam sobre a seguinte pergunta:
ᡆ0�ƠżƫƫőǜĪŧ�ŊÿǜĪƣ�ƣĪƠĪŲƸŏƫƸÿƫ�Ųż�ƫīĜǀŧż�ååS᠈ᡇ᠇�£ÿƣÿ�żƣŏĪŲƸÿƣ�ÿ�ģŏƫĜǀƫƫĘż᠁�ĜżŲƫŏģĪƣĪŰ᠀�ÿ�ŰÿŲŏłĪƫƸÿğĘż�ģż�ƣĪƠĪŲƸĪ�ĪŲƸƣĪ�
jovens, os problemas históricos relacionados ao desprezo a esse gênero, à desvalorização da cultura popular e à falta de 
políticas de incentivo à sua preservação.
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39
Unidade 4
1. ��ŧĪŏƸǀƣÿ�ģÿ�ĜÿŲƸŏŃÿ�ģĪ��ŏƣÿƫ�tǀŲĪƫ�Ī�ģż�ƠżĪŰÿ�ᡆ żŲłĪƫƫżƣ�ŰĪģŏĪǜÿŧᡇ᠁�
de Cecília Meireles, revela que esse poema, mesmo tendo sido escrito 
por uma poeta modernista, apresenta intencionalmente algumas ca-
racterísticas da poesia trovadoresca, como o tipo de versoe a constru-
ção baseada na repetição e no paralelismo. Releia com atenção os dois 
textos e, em seguida,
a) Considerando que o efeito de paralelismo em cada poema se torna 
possível a partir da retomada, estrofe a estrofe, do mesmo tipo 
de frase adotado na estrofe inicial (no poema de Airas Nunes, por 
exemplo, a retomada da frase imperativa), aponte o tipo de frase 
que Cecília Meireles retomou de estrofe a estrofe para possibilitar 
tal efeito.
O poema promove variações da pergunta “Irias à bailia com teu
amigo?”.
b) Estabeleça as identidades que há entre o terceiro verso da cantiga 
de Airas Nunes e o terceiro verso do poema de Cecília Meireles no 
que diz respeito ao número de sílabas e às posições dos acentos.
Os versos apresentam onze sílabas poéticas. O último acento recai 
sobre a penúltima sílaba da palavra.
2. As cantigas que focalizam temas amorosos apresentam-se em dois 
ŃįŲĪƣżƫ� Ųÿ� ƠżĪƫŏÿ� ƸƣżǜÿģżƣĪƫĜÿ᠀� ÿƫ� ᡆĜÿŲƸŏŃÿƫ� ģĪ� ÿŰżƣᡇ᠁� ĪŰ�ƢǀĪ� ż� Īǀ�
ƠżĪŰĀƸŏĜż�ƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿ�ÿ�łŏŃǀƣÿ�ģż�ŲÿŰżƣÿģż᠒�Ī�ÿƫ�ᡆĜÿŲƸŏŃÿƫ�ģĪ�ÿŰŏŃżᡇ᠁�
em que o eu poemático representa a figura da mulher amada, falan-
ģż�ģĪ�ƫĪǀ�ÿŰżƣ�ÿż�ᡆÿŰŏŃżᡇ᠁�Ơżƣ�ǜĪǭĪƫ�ģŏƣŏŃŏŲģżᠵƫĪ�ÿ�ĪŧĪ�żǀ�ģŏÿŧżŃÿŲģż�
ĜżŰ�ĪŧĪ᠁�ĜżŰ�żǀƸƣÿƫ�ᡆÿŰŏŃÿƫᡇ�żǀ᠁�ŰĪƫŰż᠁�ĜżŰ�ǀŰ�ĜżŲłŏģĪŲƸĪ�ᠤÿ�ŰĘĪ᠁�ÿ�
irmã, etc.). De posse dessa informação,
a) ŧÿƫƫŏǿ�ƢǀĪ�ÿ�ĜÿŲƸŏŃÿ�ģĪ��ŏƣÿƫ�tǀŲĪƫ�ĪŰ�ǀŰ�ģżƫ�ģżŏƫ�ŃįŲĪƣżƫ᠁�
ÿƠƣĪƫĪŲƸÿŲģż�ÿ�šǀƫƸŏǿ� ĜÿƸŏǜÿ�ģĪƫƫÿ�ƣĪƫƠżƫƸÿ᠇
É uma cantiga de amigo. Há presença de eu lírico feminino e de 
diálogo da mulher com as amigas, em tom de con  dência.
b) SģĪŲƸŏǿ�ƢǀĪ᠁�ŧĪǜÿŲģż�ĪŰ�ĜżŲƫŏģĪƣÿğĘż�ż�ƠƣŽƠƣŏż�ƸőƸǀŧż᠁�ÿ�ǿ�Ńǀƣÿ�ƢǀĪ�
o eu poemático do poema de Cecília Meireles representa.
O eu lírico se coloca na posição de confessor.
Leia a cantiga a seguir, de Estêvão da Guarda , e responda às questões 3 
e 4.
A molher d’Alvar Rodriguiz tomou
tal queixume quando s’el foi daquém
e a leixou que, por mal nem por bem,
des que veo, nunca s’a el chegou
nem quer chegar, se del certa nom é,
jurando-lhe ante que, a bõa fé,
nõn’a er leixe como a leixou.
E o cativo, per poder que há,
nõn’a pode desta seita partir,
nem per meaças nem pela ferir,
ela por en neua rem nom dá;
mais, se a quer desta sanha tirar,
a bõa fé lhe convém a jurar
que a nom leixe em neum tempo já.
Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.
asp?cdcant=1332&pv=sim. Acesso em: 25 fev. 2021.
3. Comente o contexto que gera a escrita da cantiga.
O que gera a escrita da cantiga é a separação de um casal, em que o 
marido abandona a esposa.
4. A cantiga lida satiriza uma situação familiar em que a mulher é perso-
nagem importante. Em relação à expressão do eu lírico, pode-se afir-
mar que
a) diferentemente da cantiga de amigo, o eu lírico é um observador 
crítico da situação.
b) da mesma forma que nas cantigas de amor, a mulher é idealizada 
pelo eu lírico.
c) igualmente nas cantigas de amigo, a voz que se expressa é a da 
mulher abandonada.
d) de forma diferenciada, o eu lírico expressa a voz do marido que está 
ausente.
Resposta A. O olhar crítico do observador se evidencia 
pela indicação do que seria o correto para ele: que o ma-
rido se comprometesse a não abandonar mais a mulher.
Faça em casa
hĪŏÿ�ÿ�ĜÿŲƸŏŃÿ�ᡆ�ŏ�łŧżƣĪƫ᠁�ÿŏ�łŧżƣĪƫ�ģż�ǜĪƣģĪ�ƠŏŲżᡇ᠁�ģĪ�'᠇�'ŏŲŏƫ᠁�Ơÿƣÿ�ƣĪƫƠżŲģĪƣ�đƫ�ƢǀĪƫƸƛĪƫ�ᙷ�ÿ�ᙹ᠇
– Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
 Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
 Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
 Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
 Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amigo
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
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40
Literatura
 Ai Deus, e u é?
– Vós me preguntades polo voss’amado
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
 Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é san’e vivo
e será vosco ant’o prazo saído.
 Ai Deus, e u é?
– E eu bem vos digo que é viv’e sano
e será vosc[o] ant’o prazo passado.
 Ai Deus, e u é?
Graça Videira Lopes; Manuel Pedro Ferreira et al. (2011-), Cantigas 
medievais galego portuguesas [base de dados on-line]. Lisboa: Instituto de 
Estudos Medievais, FCSH/Nova. Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.
pt/cantiga.asp?cdcant=592&tr=4&pv=sim. Escute a versão musicada em: 
https://cantigas.fcsh.unl.pt/versaomusical.asp?cdcant=592&cdvm=37. 
Acessos em: 25 fev. 2021. 
1. Comprove, por meio do texto, sua classificação como cantiga de amigo.
O texto é uma cantiga de amigo porque apresenta eu lírico feminino que 
expressa sua preocupação em ter notícias de seu namorado.
2. Uma das características desse tipo de cantiga é sua estrutura mais refi-
nada que outros tipos de cantiga. Comente e exemplifique.
A cantiga apresenta paralelismo, marcado por dois versos em 
decassílabos e uma pergunta, como refrão, em redondilha menor.
3. Uma das características dessa cantiga é a interlocução que ocorre entre o 
eu lírico e uma personagem. Que personagem é essa e como ela colabora 
Ơÿƣÿ�ÿ�ĜżŲłŏŃǀƣÿğĘż�ģż�ĪƫƠÿğż�Ųż�Ƣǀÿŧ�ƫĪ�ģĪƫĪŲǜżŧǜĪ�ÿ�ĜĪŲÿ�ģĪƫĜƣŏƸÿ᠈
O eu lírico dialoga com as � ores do pino, perguntando-lhes notícias de 
seu amado. Essa personagem caracteriza o ambiente campestre, típico 
das cantigas de amigo.
4. VUNESP
SEDIA LA FREMOSA SEU SIRGO TORCENDO
Estêvão Coelho
Sedia la fremosa seu sirgo torcendo,
Sa voz manselinha fremoso dizendo
Cantigas d’amigo.
Sedia la fremosa seu sirgo lourando,
Sa voz manselinha fremoso cantando
Cantigas d’amigo.
– Por Deus de Cruz, dona, sey que avedes
Amor my coytado que tan ben dizedes
Cantigas d’amigo.
Por Deus de Cruz, dona, sey que avedes
D’amor my coytada que tan ben cantastes
Cantigas d’amigo.
– Avuytor comestes, que adevinhades,
 (Cantiga n° 321 – CANC. DA VATICANA)
ESTAVA A FORMOSA SEU FIO TORCENDO
(paráfrase de Cleonice Berardinelli)
Estava a formosa seu fio torcendo,
Sua voz harmoniosa, suave dizendo
Cantigas de amigo.
Estava a formosa sentada, bordando,
Sua voz harmoniosa, suave cantando
Cantigas de amigo.
– Por Jesus, senhora, vejo que sofreis
De amor infeliz, pois tão bem dizeis
Cantigas de amigo.
Por Jesus, senhora, eu vejo que andais
Com penas de amor, pois tão bem cantais
Cantigas de amigo.
– Abutre comeste, pois que adivinhais.
(BERARDINELLI, Cleonice. Cantigas de trovadores medievais em português 
moderno. Rio de Janeiro: Organ, Simões, 1953, pp. 58-59.)
Considerando-se que o último verso da cantiga caracteriza um diálogo 
ĪŲƸƣĪ�ƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠒�ĜżŲƫŏģĪƣÿŲģżᠵƫĪ�ƢǀĪ�ÿ�Ơÿŧÿǜƣÿ�ᡆÿěǀƸƣĪᡇ�ŃƣÿłÿǜÿᠵƫĪ�
ᡆÿǜǀǣƸżƣᡇ᠁�ĪŰ�ƠżƣƸǀŃǀįƫ�ÿƣĜÿŏĜż᠒�Ī�ĜżŲƫŏģĪƣÿŲģżᠵƫĪ�ƢǀĪ᠁�ģĪ�ÿĜżƣģż�ĜżŰ�
a tradição popular da época, era possível fazer previsões e descobrir o 
que está oculto, comendo carne de abutre, mediante estas três consi-
derações: 
a) SģĪŲƸŏǿ�ƢǀĪ�ż�ƠĪƣƫżŲÿŃĪŰ�ƢǀĪ�ƫĪ�ĪǢƠƣĪƫƫÿ�ĪŰ�ģŏƫĜǀƣƫż�ģŏƣĪƸż᠁�Ųż�
último verso do poema:
O personagem que se expressa no último verso é a senhora.
b) SŲƸĪƣƠƣĪƸĪ�ż�ƫŏŃŲŏǿ� Ĝÿģż�ģż�ǁŧƸŏŰż�ǜĪƣƫż᠁�Ųż�ĜżŲƸĪǢƸż�ģż�ƠżĪŰÿ᠇
A senhora usa o dito popular, porque o trovador adivinha o motivo de
sua tristeza.
5. Indique qual aspecto da relação social medieval aparece na cantiga de 
amor:
a) teocentrismo
b) paralelismo
c) coita d´amor
d) vassalagem 
6. Leia as afirmações a seguir.
I. Ocorrência de eu lírico masculino.
II. Emprego de primeira pessoa.
III. Ocultação do nome da pessoa amada.
IV. Profundo sofrimento amoroso.
São características da cantiga de amor:
a) I e II.
b) II e III.
c) II, III e IV.
d) I, III e IV.
e) I, II, III e IV.
Resposta E.
Resposta D. A submissão do eu lírico à amada é re-
� exo da relação entre o vassalo e o senhor medieval.
Resposta D.
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Unidade 4
�ƫ�ƢǀĪƫƸƛĪƫ�ᚃ�Ī�ᚄ�ƣĪłĪƣĪŰᠵƫĪ�đ�ĜÿŲƸŏŃÿ�ģĪ�/ƫƸįǜĘż�ģÿ�Gǀÿƣģÿ᠇
7. A situação engraçada que dá à cantiga sua natureza satírica é
a) A mulher abandona o marido e regressa arrependida de seu ato.
b) O marido deseja retomar o relacionamentocom a esposa, mas ela 
não o aceita.
c) O marido abandona a esposa e retorna à casa como se nada tivesse 
ocorrido.
d) A esposa perdoa o marido, porque ele promete não abandoná-la 
nunca mais.
8. O eu lírico, no final do texto, aconselha que 
a) a esposa aceite o marido de volta e saia do sofrimento.
b) a mulher perdoe o esposo, mas não o aceite de volta.
c) o marido declare de uma vez a separação e não regresse.
d) o esposo jure à mulher que não vai mais abandoná-la.
9. Releia a cantiga de Estêvão da Guarda, que descreve uma situação co-
mum nas cantigas de escárnio. 
a) Comente que situação é essa e explique a diferença em relação a 
uma cantiga de amigo.
A cantiga descreve a situação de uma mulher abandonada pelo amado.
Diferentemente da cantiga de amigo, a esposa não deseja retomar sua 
relação com o esposo.
b) A cantiga faz uma sátira a partir da quebra da expectativa social 
da época para os matrimônios. Descreva a perspectiva da sátira 
apresentada.
A cantiga, contrariando a postura feminina de aceitação de sua condição
dentro do casamento, expõe a decisão da esposa abandonada de não
querer se aproximar do esposo para uma reconciliação, apesar do seu 
10. UNIFESP
Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade.
Un cavalo non comeu
á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu,
creceu a erva,
e per cabo si paceu,
e já se leva!
Seu dono non lhi buscou
cevada neno ferrou:
mai-lo bon tempo tornou,
creceu a erva,
e paceu, e arriçou,
e já se leva!
Seu dono non lhi quis dar
cevada, neno ferrar;
mais, cabo dum lamaçal
creceu a erva,
e paceu, e arriç’ar,
e já se leva!
(CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. 
Harmonia mundiusa, 1995.)
A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de
a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do cavalo, que dele 
não cuidara, mas, graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e 
o animal pôde recuperar-se sozinho.
b) amor, em que se mostra o amor de Deus com o cavalo que, 
abandonado pelo dono, comeu a erva que cresceu graças à chuva e 
ao bom tempo.
c) escárnio, na qual se conta a divertida história do cavalo que, graças 
ao bom tempo e à chuva, alimentou-se, recuperou-se e pôde, então, 
fugir do dono que o maltratava.
d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo não lhe buscou 
cevada nem o ferrou por causa do mau tempo e da chuva que Deus 
mandou, mas mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.
e) maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o cavalo, mas 
esqueceu-se de alimentá-lo, deixando-o entregue à própria sorte 
para obter alimento.
11. As cantigas de escárnio e de maldizer nem sempre apresentam distin-
ção clara, à exceção de uma característica exclusiva das cantigas de mal-
dizer. Assinale, a seguir, a alternativa que apresenta essa característica.
a) Emprego de paralelismo e rima.
b) Uso de palavras de baixo calão.
c) Referência à pessoa criticada.
d) Crítica indireta e ambígua.
12. Leia as afirmações sobre o repente e as cantigas satíricas medievais.
I. Possuem origens na cultura popular.
II. São expressões poéticas cantadas.
III. Caracterizam-se por sua crítica social.
São características comuns aos dois gêneros textuais:
a) I, II e III.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III
Resposta B. Não é comum, em uma estrutura social 
machista, que a mulher imponha sua vontade.
8. Resposta D. O � nal do texto expõe a única situação que pode fazer a esposa 
mudar de ideia.
sofrimento.
Resposta A. A perspectiva do eu lírico é a de 
crítica em relação à ação do dono do cavalo.
Resposta B. As cantigas de mal-
dizer são muito diretas e isso � ca 
claro por meio de sua linguagem.
Resposta B. O repente não se caracteriza por 
fazer crítica social.
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42
Literatura
Visite o blog da autora Ana Elisa Ribeiro e leia a crônica “Gol de quem?”, na seção de literatura, no item "Coluna".
'ŏƫƠżŲőǜĪŧ�ĪŰ᠀�ŊƸƸƠƫ᠀᠓᠓ÿŲÿģŏŃŏƸÿŧ᠇Ơƣż᠇ěƣ᠓ĜÿƸĪŃżƣǣ᠓ŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ᠓ĜżŧǀŲÿƫ᠓᠇��ĜĪƫƫż�ĪŰ᠀ڑ��ÿěƣ᠇�ᙸᙶᙸᙷ᠇
Depois de ler o texto, comente com os colegas da turma o tema apresentado pela autora, analisado sob a pers-
pectiva da criatividade e de sua capacidade de comunicação com o público leitor. Em seguida, responda:
Que valores você observa ao analisar o tratamento desses aspectos da produção literária? 
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam a criatividade da autora para tratar de um tema comum, 
que, neste caso, é abordado por meio de uma perspectiva individual e de quem não gosta de futebol. É grande a 
capacidade de comunicação da autora, porque ela utiliza linguagem acessível e bem-humorada, como podemos notar 
no comentário no � m da crônica. Ao analisar esses aspectos, constata-se que a autora expõe valores relacionados à 
sua crença na possibilidade de tratamento de temas comuns para comunicar, de maneira responsável, aspectos da 
vida de uma forma diferente, evidenciando o respeito às diferenças.
EMPATIAEMPATIAAUTONOMIA RESPONSABILIDADE CRIATIVIDADE COOPERAÇÃO SOLIDARIEDADE COMUNICAÇÃO
Chegamos ao final da Unidade 4. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, 
responda às questões propostas. 
Junte os pontos
Depois de analisar o esquema anterior, responda:
1. O que caracteriza, de modo amplo, as cantigas de amor e de amigo 
ĜżŰż�ĪǢƠƣĪƫƫƛĪƫ�ŧőƣŏĜÿƫ᠈
Ambos os tipos de cantiga apresentam como tema central a questão 
do amor, impossível e idealizado (como nas cantigas de amor) ou 
concreto e real (como nas cantigas de amigo).
2. Ainda que o repente se aproxime das composições satíricas medievais, 
por sua natureza musical e popular, há um aspecto central de diferença 
no tratamento dos temas. Comente.
Os repentes também fazem elogios a pessoas e situações, além de 
centrar-se em um tema de� nido pela plateia, para instaurar seu per� l 
competitivo.
TrovadorismoTrovadorismo
Cantigas 
satíricas: de 
escárnio e de 
maldizer
Cantiga 
de 
amigo
Prosa: 
novelas de 
cavalaria
Cantiga 
de amor
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Estude
43
1. ENEM
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, estou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e linguísticos 
participem do significado do texto, isto é, forma e conteúdo se relacio-
nam significativamente. Com relação ao poema de Mário de Andrade, 
a correlação entre um recurso formal e um aspecto da significação do 
texto é
a) a sucessão de orações coordenadas, que remete à sucessão de 
cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da viagem.
b) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema, que 
acentua o ritmo acelerado da modernidade.
c) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica, que 
reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e retomadas 
de movimento.
d) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que representa a 
tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem.
e) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado pelos 
modernistas, que aproxima a linguagem do poema da linguagem 
cotidiana. Resposta A.
2. UNICAMP
Repartimos a vida em idades, em anos, em meses, em 
dias, em horas, mas todas estas partes são tão duvidosas, e 
tão incertas, que não há idade tão florente, nem saúde tão ro-
busta, nem vida tão bem regrada, que tenha um só momento 
seguro.
(Antonio Vieira, “Sermão de Quarta-feira de Cinza – ano de 1673”. 
In: A arte de morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 79.)
tĪƫƸÿ�ƠÿƫƫÿŃĪŰ�ģĪ�ǀŰ�ƫĪƣŰĘż�ƠƣżłĪƣŏģż�ĪŰ�ᙷᚂᚃᙹ᠁��ŲƸƀŲŏż�ßŏĪŏƣÿ�ƣĪƸżᠵ
mou os argumentos da pregação que fizera no ano anterior e acrescen-
tou novas características à morte. Para comover os ouvintes, recorreu ao 
uso de anáforas.
Assinale a alternativa que corresponde ao efeito produzido pelas repe-
tições nosermão.
a) ��ƣĪƠĪƸŏğĘż�ěǀƫĜÿ�ƫĪŲƫŏěŏŧŏǭÿƣ�żƫ�ǿ� īŏƫ�Ơÿƣÿ�ż�ģĪƫĪŲŃÿŲż�ģÿ�
passagem do tempo.
b) ��ƣĪƠĪƸŏğĘż�ěǀƫĜÿ�ģĪŰżŲƫƸƣÿƣ�ÿżƫ�ǿ�īŏƫ�ż�ƸĪŰżƣ�ģĪ�ǀŰÿ�ǜŏģÿ�ŧżŲŃĪǜÿ᠇
c) ��ƣĪƠĪƸŏğĘż�ěǀƫĜÿ�ƫĪŲƫŏěŏŧŏǭÿƣ�żƫ�ǿ�īŏƫ�Ơÿƣÿ�ż�ǜÿŧżƣ�ģĪ�Ĝÿģÿ�ĪƸÿƠÿ�ģÿ�ǜŏģÿ᠇
d) ��ƣĪƠĪƸŏğĘż�ěǀƫĜÿ�ģĪŰżŲƫƸƣÿƣ�ÿżƫ�ǿ�īŏƫ�ÿ�ŏŲƫĪŃǀƣÿŲğÿ�ģĪ�ǀŰÿ�ǜŏģÿ�
cristã. Resposta A.
3. ENEM
Uma ouriça
Se o de longe esboça lhe chegar perto,
se fecha (convexo integral de esfera),
se eriça (bélica e multiespinhenta):
e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
Mas não passiva (como ouriço na loca);
nem só defensiva (como se eriça o gato);
sim agressiva (como jamais o ouriço),
do agressivo capaz de bote, de salto
(não do salto para trás, como o gato):
daquele capaz de salto para o assalto.
Se o de longe lhe chega em (de longe),
de esfera aos espinhos, ela se desouriça.
Reconverte: o metal hermético e armado
na carne de antes (côncava e propícia),
e as molas felinas (para o assalto),
nas molas em espiral (para o abraço).
MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. 
Nova Fronteira, Rio de Janeiro: 1997.
Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metafo-
riza a atitude feminina de
a) tenacidade transformada em brandura.
b) obstinação traduzida em isolamento.
c) inércia provocada pelo desejo platônico.
d) irreverência cultivada de forma cautelosa.
e) ģĪƫĜżŲǿ�ÿŲğÿ�ĜżŲƫǀŰÿģÿ�ƠĪŧÿ�ŏŲƸżŧĪƣĈŲĜŏÿ᠇� Resposta A.
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Estude
44
Literatura
4. ENEM
Na sua imaginação perturbada sentia a natureza toda 
agitando-se para sufocá-la. Aumentavam as sombras. No céu, 
nuvens colossais e túmidas rolavam para o abismo do hori-
zonte... Na várzea, ao clarão indeciso do crepúsculo, os seres 
tomavam ares de monstros... As montanhas, subindo amea-
çadoras da terra, perfilavam-se tenebrosas... Os caminhos, 
espreguiçando-se sobre os campos, animavam-se quais ser-
pentes infinitas... As árvores soltas choravam ao vento, como 
carpideiras fantásticas da natureza morta... Os aflitivos pássa-
ros noturnos gemiam agouros com pios fúnebres. Maria quis 
fugir, mas os membros cansados não acudiam aos ímpetos 
do medo e deixavam-na prostrada em uma angústia deses-
perada.
ARANHA, J. P. G. Canaã. São Paulo: Ática, 1997.
No trecho, o narrador mobiliza recursos de linguagem que geram uma 
expressividade centrada na percepção da
a) relação entre a natureza opressiva e o desejo de libertação da 
personagem.
b) ĜżŲǵŧǀįŲĜŏÿ�ĪŲƸƣĪ�ż�ĪƫƸÿģż�ĪŰżĜŏżŲÿŧ�ģÿ�ƠĪƣƫżŲÿŃĪŰ�Ī�ÿ�
ĜżŲǿ�ŃǀƣÿğĘż�ģÿ�ƠÿŏƫÿŃĪŰ᠇
c) prevalência do mundo natural em relação à fragilidade humana.
d) depreciação do sentido da vida diante da consciência da morte 
iminente.
e) instabilidade psicológica da personagem face à realidade hostil. 
5. Mackenzie 
Leia o texto a seguir.
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax
Obs.: verrá = virá
levado = agitado
Assinale a afirmativa correta sobre o texto.
a) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu 
sofrimento amoroso.
b) Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para 
lamentar a morte do ser amado.
c) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas 
do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio.
Resposta B.
d) Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às ondas do 
mar para expressar sua solidão.
e) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do 
mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado.
6. ENEM
Ave a raiva desta noite
A baita lasca fúria abrupta
Louca besta vaca solta
Ruiva luz que contra o dia
Tanto e tarde madrugada.
LEMINSKI, P. Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 2002. 
(Fragmento)
No texto de Leminski, a linguagem produz efeitos sonoros e jogos de 
imagens. Esses jogos caracterizam a função poética da linguagem, pois
a) objetivam convencer o leitor a praticar uma determinada ação.
b) transmitem informações, visando levar o leitor a adotar um 
determinado comportamento.
c) visam provocar ruídos para chamar a atenção do leitor.
d) apresentam uma discussão sobre a própria linguagem, explicando 
o sentido das palavras.
e) representam um uso artístico da linguagem, com o objetivo de 
provocar prazer estético no leitor.
7. Analise as afirmações sobre ciberpoesia e audiolivros.
I São expressões digitais contemporâneas.
II. Exigem grande esforço de produção e edição. 
II. Empregam variados recursos criativos.
IV. ¦ĪƠƣżģǀǭĪŰ�ǿ�ĪŧŰĪŲƸĪ�ÿ�ŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ�ŏŰƠƣĪƫƫÿ᠇
São corretas as afirmações:
a) I, II e III
b) I, II e IV
c) II, III e IV
d) I, III e IV
8. São elementos imprescindíveis para a construção de um texto teatral:
a) ĜżŲǵŧŏƸżƫ�Ī�ĪǢƠƣĪƫƫĘż�ģĪ�ĪŰżğĘż᠇
b) linguagem objetiva e encenação.
c) Ųÿƣƣÿģżƣ�Ī�ĜżŲǵŧŏƸżƫ�ŊǀŰÿŲżƫ᠇
d) fala das personagens e rubricas.
Resposta E.
Resposta: A.
Resposta: D.
Resposta: E.
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