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Comércio mundial - visão geral

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Comércio mundial: visão geral 
1. Objetivos
Ao final destas notas, você deve ser capaz de: 
a) entender que o comércio bilateral depende do tamanho das suas economias;
b) reconhecer a distância entre os parceiros comerciais e a fronteira nacional entre países como
fatores inibidores do comércio;
c) descrever a evolução do comércio mundial; e
d) entender as mudanças que ocorreram no comércio mundial ao longo do tempo.
2. Comércio (exportação mais importação) brasileiro e principais parceiros
O gráfico 1 mostra o comércio (soma das exportações e importações) do Brasil com os 15 principais 
parceiros em 2021. Pode-se observar que os valores diferem muito entre os países. Naquele ano, o 
Brasil comercializou com a China US$ 135,5 bilhões e com os Estados Unidos US$ 70,5 bilhões, mas 
com a Índia apenas US$ 11,5 bilhões e com o Chile US$ 11,4 bilhões. 
Por que ocorrem essas diferenças? 
Há vários fatores explicativos. 
Primeiro, o comércio é proporcional ao tamanho da economia, medido pelo PIB (produção e renda), 
dos parceiros comerciais. Assim, o Brasil tem mais comércio com os EUA e a China do que com o Chile 
por que os PIBs dos EUA e da China são muito maiores que o PIB do Chile. 
Segundo, o comércio é menor quando mais distante for a localização geográfica dos parceiros 
comerciais (China, Índia e Rússia estão mais distantes). Quanto maior a distância, mais elevado é o 
custo de transporte e maior a possibilidade de diferenças culturais que tornam as estruturas de 
demanda do comprador menos compatíveis com a estrutura da oferta do exportador. 
2 
Gráfico 1 – 15 principais parceiros comerciais do Brasil, segundo valor de comércio (exportação + 
importação), 2021 – US$ bilhões 
Fonte: Comex_stat. Elaboração própria. 
O Gráfico 2 apresenta a relação entre a participação do comércio entre Brasil e país i (182 países) no 
comércio total e a parcela do PIB do país i no PIB mundial, ambas em 2016. Nota-se claramente uma 
relação positiva entre estas duas variáveis e o coeficiente de correlação de Pearson atinge 84%. 
Gráfico 2: Relação entre a participação no comércio brasileiro e no PIB, 2016 
Fonte: MIDC, 2016 e World Bank Indicators. Elaboração própria. 
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5
-10 -5 0 5
log_part_pib
log_part_comercio Fitted values
3 
O gráfico 3 ilustra a relação entre a participação do comércio bilateral entre país e o Brasil no total do 
comércio brasileiro e a distância, medida entre as cidades com maior população dos dois países. O 
coeficiente de correlação de Pearson entre estas duas variáveis é de menos 15%. 
Gráfico 3 – Participação do comércio bilateral no comércio total brasileiro e distância entre o Brasil e 
seu parceiro comercial 
Fonte: Comex_stat e CEPII. 
3. Modelo de gravidade
Considerando que o tamanho da economia (PIB) e a distância são os principais determinantes do 
volume de comércio, podemos afirmar com razoável precisão que o comércio entre dois países é, tudo 
o mais constante (ceteris paribus), proporcional ao produto dos PIBs e decrescente com a distância
entre eles. 
A expressão algébrica é dada por: 
Cij =A 
YiYj
Dij
(1) 
onde 
Cij = valor do comércio entre os países i e j; 
-2
0
-1
5
-1
0
-5
0
5
7 8 9 10
log_dist
log_part_comercio Fitted values
4 
A = constante; 
Yi = PIB do país i; 
Yj = PIB do país j; 
Dij = distância entre os países i e j. 
Essa equação é denominada de modelo gravitacionai devido a analogia com a lei da gravidade de 
Newton: a atração entre dois corpos é proporcional ao produto de suas massas e diminui com a 
distância entre os corpos elevada ao quadrado. 
Nos trabalhos empíricos, a equação de gravidade é aplicada de forma mais geral: 
Cij =A 
Yi
aYj
b
Dij
c (2) 
Note que se os valores estimados dos parâmetros “a”, “b” e “c” são próximos de um (a = b = c = 1), a 
equação 2 é igual a equação 1, mostrando que o comércio bilateral no mundo real é razoavelmente 
explicado pela equação de gravidade. 
Por que a equação de gravidade se ajusta tão bem ao comércio? 
A intuição é simples: países maiores têm rendas maiores e, portanto, importam mais. Países maiores 
também produzem um maior número de bens e, portanto, exportam mais. Assim, se outros fatores que 
influenciam o comércio são iguais, o comércio entre duas economias maiores é mais elevado do que 
entre duas economias menores. 
Entretanto, outros fatores que influenciam o comércio bilateral de modo podem apresentar diferenças. 
Assim, a equação gravitacional não consegue explicar totalmente o comércio efetivo entre os países. 
A seguir, vamos analisar estes outros fatores. 
4. Distorções no modelo de gravidade
O comércio pode ser menor do que o previsto pelo modelo de gravidade devido às barreiras ao 
comércio e as fronteiras nacionais. Além do custo de transporte, a distância entre os países revela 
diferenças nos hábitos de consumo, cultura, etc. As evidências empíricas indicam que “c” (coeficiente 
da distância) varia entre 0,7 e 1: um aumento de 1% na distância entre dois países reduz o comércio 
entre 0,7% a 1%. 
5 
Os países que têm fronteira comum tendem a ter mais comércio devido às facilidades de exportar e 
importar. Exemplos extremos são as cidades de Santana do Livramento no Brasil e Rivera no Uruguai, 
basta atravessar a rua para estar em outro país. 
As barreiras que os países impõem às importações também reduzem o comércio. Os acordos 
comerciais visam eliminar essas restrições. 
O Gráfico 3 apresenta o comércio brasileiro com os países membros da União Europeia (EU), mais 
Argentina, Paraguai e Uruguai que são membros do Mercosul e estão localizados geograficamente a 
uma menor distância do Brasil, e a participação de cada um no PIB da EU. Pode-se notar que os países 
do Mercosul estão abaixo da linha diagonal (linha de 45º. Graus), principalmente a Argentina, indicando 
que o comércio é maior que o previsto com base no PIB desse país. Uma explicação para esse 
resultado é a eliminação das barreiras no comércio do Brasil com esses países devido ao MERCOSUL. 
Nota-se também que a Holanda tem um comércio com Brasil superior ao que seria esperado pela seu 
PIB. Isto se deve ao fato que este país funciona como centro distribuidor das importações para o resto 
da EU devido à sua localização geográfica. 
Gráfico 3 - Relação entre a participação no comércio brasileiro e no PIB de 28 países da UE no total 
do bloco, com a inclusão da Argentina e Uruguai 
Fonte: Aliceweb, SECEX/MDIC. Elaboração própria. 
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0 5 10 15 20 25 30
ArgentinaHolanda
Uruguai
Paraguai
Alemanha
Reino Unido
França
Itália
Espanha
Polônia
P
a
rt
ic
ip
a
ç
ã
o
 n
o
 P
IB
 (
%
) 
Participação no comércio (%) 
6 
Por último, se acordos permitem o livre comércio entre seus membros, à exceção da distância, não há 
barreiras ao comércio. Logo, o modelo gravitacional deve explicar bem o comércio entre os integrantes 
de um bloco econômico. 
No entanto, estudos empíricos mostraram que, ainda que não haja barreiras às importações, as 
fronteiras nacionais reduzem o comércio. 
O impacto negativo das divisões políticas dos países sobre o comércio é denominado efeito fronteira. 
A primeira estimativa desse efeito foi calculada no comércio entre o Canadá e os Estados Unidos que 
têm uma ampla fronteira e livre trânsito de bens (sem barreiras) devido ao NAFTA e anteriormente 
devido ao acordo de livre comércio entre ambos. Na realidade, um caminhão com mercadorias ao 
atravessar a fronteira deve apresentar a nota fiscal que serve para registro estatístico das importações. 
Aproximadamente igual ao que ocorre na fronteira entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. 
O Canadá e os EUA têm rendas per capita similares e adotam a mesma língua assinalando que as 
demandas são aproximadamente iguais. 
Logo, baseado no modelo de gravidade, o comércio entre uma província canadense com outra 
província canadense ou comum estado norte-americano, se ambos estão localizados a mesma 
distância e têm a mesma renda, deveria ser aproximadamente igual. Surpreendentemente, as 
estimativas mostraram que as diferenças no comércio eram importantes. Essa diferença foi atribuída à 
fronteira nacional. 
A figura 1 apresenta a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos e a província de Colúmbia Britânica 
(sinalizada com número zero) e outras províncias canadenses (numeradas de 1 a 6, tendo maior 
numeração quanto mais distante de Colúmbia Britânica) e os estados norte-americanos (também 
numerados de 1 a 6). Quando a numeração de uma província canadense coincide com a do estado 
norte-americano significa que ambos têm aproximadamente a mesma distância em relação a Colúmbia 
Britânica. Por exemplo, Colúmbia Britânica está localizada a mesma distância da província de Alberta 
e do estado Washington, ambos numerados com 1. 
A Tabela 1 apresenta as participações do comércio no PIB do parceiro, ou seja, corrigidas pelas 
diferenças na renda, entre Columbia Britânica no Canadá com outra província canadense e um estado 
norte-americano, ambos localizados a mesma distância. O comércio entre British Columbia e Alberta 
atinge 6,9%, enquanto com Washington alcança apenas 2,6%. Note que nas outras linhas da tabela 1 
7 
ocorre o mesmo. Vale notar que com exceção de New Brunswick, a participação do comércio no PIB 
diminui com a distância. 
Tabela 1 – Comércio de British Columbia como % do PIB do parceiro com províncias canadenses e 
estados norte-americanos, 1996 
Comércio de British 
Columbia/PIB do 
parceiro 
Província canadense Comércio de British 
Columbia/PIB do 
parceiro 
Estado norte-americano 
6,9 Alberta 2,6 Washington 
2,4 Saskatchewan 1,0 Montana 
2,0 Manitoba 0,3 Califórnia 
1,9 Ontário 0,2 Ohio 
1,4 Quebec 0,1 Nova York 
2,3 New Brunswick 0,2 Maine 
Fonte: Krugman, Obstfeld e Melitz, p.13 (2015) 
Figura 1 
8 
Quais seriam as explicações para o efeito fronteira? 
Ainda não há uma resposta definitiva, mas os principais fatores seriam moedas diferentes e hábitos de 
consumo. 
5. A evolução mutante do comércio mundial
O Gráfico 4 apresenta a participação das exportações na produção industrial do mundo no período 
1900-2010. Note que a linha não é continua por falta de informação em todos os anos. Nota-se um 
aumento nas primeiras décadas do século passado (1º. Fase) e, posteriormente, uma queda devida a 
Grande Depressão dos anos 1930 (medidas protecionistas para manter os empregos domésticos) e a 
Segunda Guerra Mundial (elevação dos custos de transporte). Assim, o aumento ocorrido na década 
de 1970 indica apenas uma recuperação do grau de globalização anterior (2º. Fase). A partir de meados 
de 1980 ocorre um aumento maior da parcela exportada da produção mundial de industrializados (3º. 
Fase). Observe que a linha se torna mais inclinada. 
Os fatores determinantes em cada fase da globalização foram: 
1º. fase: descoberta de navios e trens a vapor reduziu os custos de transporte. 
2º. fase: resultado de dois fatores; 
Gráfico 4 
1º. Fase da 
globalização 
2º. Fase da 
globalização 
3º. Fase da 
globalização 
 9 
a) tecnológico (irreversível) que provocou uma drástica redução nos custos de transação 
internacional, tais como os custos de transporte (frete marítimo e aéreo) e de comunicação (ligação 
telefônica) (Gráficos 5 e 6); e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jonathan Dingel, professor de University of Chicago (Business School) e Mattew Owen publicaram um 
artigo no Financial Times de 27/01/21 mostrando por que o COVID não causou uma paralisação total 
no comércio internacional. Segundo eles ..... “Em 2020, o comércio global pode continuar funcionando 
mais ou menos sem interrupções por que envolvia muito poucos seres humanos. Um navio de 
Evolução do custo de transporte
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1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990
Ín
d
ic
e
Frete marítimo
Frete aéreo
Gráfico 5 - 
Custo chamada telefônica NY- Londres (3 minutos)
-
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1960 1970 1980 1990 2000
Gráfico 6 
10 
contêineres em grande parte automatizado pode transportar mais toneladas do que toda a frota 
mercante no período inicial do Reino Unido. Em 1582, a frota mercante inglesa tinha uma capacidade 
total de transporte de 68.000 toneladas e exigia cerca de 16.000 marinheiros. O navio de contêineres 
OOCL Hong Kong, lançado ao mar em 2017, pode transportar cerca de 200.000 toneladas com uma 
tripulação de apenas 22”. 
b) político (reversível) que levou os países a participarem de acordos multilaterais de redução das
tarifas aduaneiras promovidos pelo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (General Agreement of Tariffs 
and Trade – GATT, atualmente Organização Mundial de Comércio – OMC). 
As reduções das tarifas foram feitas através das negociações multilaterais no âmbito do GATT. Como 
exemplo, citamos as três mais recentes: Rodada Kennedy (1967), Rodada Tóquio (1967) e Rodada 
Uruguai (1994). Nessas negociações, os países consolidam suas tarifas, isto é, assumem o 
compromisso de tarifas máximas. Ao longo das diversas rodadas de negociações, essas tarifas 
máximas foram sendo reduzidas, permitindo um maior grau de liberalização comercial. Dada a 
dificuldade de obter uma série histórica para vários países, mostramos a seguir alguns resultados para 
um conjunto de países (Gráfico 7). 
Gráfico 7 – Evolução das tarifas de países selecionados 
Outro fator de estímulo ao comércio foram os programas de integração econômica. O número de blocos 
econômicos registrados na OMC aumentou substancialmente nos últimos 10 anos. Hoje praticamente 
não há país que não pertença a pelo menos um programa de integração comercial (Gráfico 8). 
A 3º. fase que teve início aproximadamente em meados de 1980 deve-se a revolução na tecnologia de 
informação e comunicação com uso mais intensivo de computadores, internet e telefone celular. Isso 
0
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40
50
1913 1930 1950 1989 1995
França
Alemanha
Inglaterra
EUA
 11 
permitiu que etapas da cadeia de produção pudessem ser distribuídas em vários países de forma a 
minimizar os custos de produção, sem afetar a eficiência produtiva. 
Diante desse resultado, podemos indagar se a atual fase de globalização apresenta características 
diferentes da ocorrida no passado. De fato, podemos destacar: 
 
 
 
a) predominância do comércio intraindústria em detrimento do comércio interindústria 
Essa composição é um fenômeno relativamente recente. Em 1913, o Reino Unido (primeiro país a 
empreender a Revolução Industrial) importava matérias-primas e exportava manufaturados, portanto, 
um comércio do tipo interindústria – exporta produtos de um setor e importa bens de outro setor. Em 
1994, exportava e importava predominantemente manufaturados. A parcela do comércio desse país 
com os demais parceiros europeus aumentou significativamente, indicando a importância do comércio 
com países “semelhantes” (em termos de dotação de fatores de produção e nível de renda), 
caracterizando o comércio intraindústria – exporta e importa produtos do mesmo setor – como um novo 
fenômeno (Tabela 2). 
Gráfico 8 – Número de acordo comerciais 
 12 
Tabela 2 - Composição do comércio do Reino Unido: tipo de bens e destino 
Ano Manufaturados Europa 
 Exportação Importação Exportação Importação 
1913 75,5 20,2 29,5 44,6 
1992 81,9 78,4 63,8 63,7 
 Fonte: Krugman, 1995. 
 
b) aumento da participação dos países em desenvolvimento no comércio mundial 
Um fenômeno também recente é a maior participação dos países em desenvolvimento nas exportações 
mundiais de produtos manufaturados (Gráfico 9) 
 
Gráfico 9 – Participação dos países em desenvolvimento nas exportações de produtos agrícolas e 
manufaturados (%) 
 
 
6. Evolução do comércio recente 
A Organização Mundial do Comércio publica anualmente um relatório de estatística do comércio 
mundial. A versão de 2019 destacaos seguintes pontos. 
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1960 1970 1980 1990 2001
ManufaturadosAgricultura
 13 
O gráfico 11 apresenta a evolução dos índices de volume de comércio mundial e PIB real no período 
2009-2018. Nota-se claramente que os dois indicadores caminham juntas, isto é, as taxas de 
crescimento são similares. A exceção ocorreu na crise financeira de 2008-2009 quando se verificou 
uma queda brusca no comércio devido à falta de garantias oferecidas pelo importador. O exportador 
sente-se seguro que receberá por sua venda ao dispor da carta de crédito enviado pelo importador. 
Nesta carta um banco estrangeiro, geralmente conhecido, garante que se o importador não efetuar o 
pagamento, o banco fará. Evidentemente, o banco emite a carta de crédito por que acredita que o 
importador pagará ao exportador e cobra uma taxa de emissão deste documento. Na crise financeira, 
os bancos perderam a confiança nas firmas importadoras, pois até grandes firmas está com problemas. 
Sem poder identificar as empresas confiáveis suspenderam a emissão de cartas de crédito. Mais ainda, 
alguns bancos também ficaram insolventes e não poderiam assegurar o pagamento das cartas de 
crédito. Sem garantias de recebimento os exportadores suspenderam as vendas externas. 
 
Gráfico 11 
 
 
Os gráficos 12 e 13 mostram, respectivamente, a evolução das exportações mundiais de bens e de 
serviços no período 2008-2018. As vendas externas de bens flutuam entre US$ 15 bilhões a US$18 
bilhões, mas as exportações de serviços mostram claramente uma tendência crescente, principalmente 
de outros serviços que abrange construção, seguro, financeiro, propriedade intelectual, 
telecomunicações, culturais e recreativos. 
 14 
Gráfico 12 
 
Gráfico 13 
 
 15 
 
O gráfico 14 mostra a taxa de crescimento anual de países em desenvolvimento selecionados no 
período 2008-2019. Aumento anual elevado nas vendas externas é observado no Vietnã (14,65), 
Bangladesh (8,8%), China (5,7%) e México (4,5%). No Brasil cresceu apenas 1,9%. 
 
Gráfico 14 
 
 
Nas exportações de serviços, alguns países em desenvolvimento também têm obtido desempenho 
surpreendentes conforme mostrado no gráfico 15. 
 16 
Gráfico 15 
 
 
O gráfico 16 ilustra o crescimento anual na participação de cada país na cadeia de valor mundial. Um 
país participa ao importar um insumo para produzir um bem a ser exportado, por exemplo, uma 
empresa que exporta carros fabricados com autopeças importadas. Esta forma de participação na 
cadeia de valor (carro) é denominada “backward”. Outra forma ocorre quando o país exporta uma 
matéria prima que será posteriormente transformada em bem de consumo final. Por exemplo, o Brasil 
exporta soja para China que produz queijo de soja e shoyu. Esta modalidade é chamada de “forward”. 
É claro que no mundo real estas participações podem ser mais complexas. Por exemplo, a China pode 
exportar o molho de soja (shoyu) produzido com soja brasileira para os Estados Unidos. Para captar 
17 
todas estas inter-relações setoriais e entre países é necessária uma matriz de insumo produto mundial. 
O gráfico 16 apresenta a variação anual na cadeia de valor global no período 2008-2018 para um grupo 
de países em desenvolvimento. Nota-se um substancial crescimento ocorrido no Vietnã, seguido pelas 
Filipinas, China e Turquia. No Brasil, a variação está abaixo da média. 
Gráfico 16 
O gráfico 17 mostra as duas formas de participação na cadeia de valor global. De forma geral, os países 
asiáticos e o México participam com mais ênfase na modalidade “backward”, ou seja, importam 
matérias-primas, componentes, peças para produzirem bens finais, enquanto os países latino 
americanos em “forward”, isto é, são exportadores de insumos. 
18 
Gráfico 17 
O gráfico 18 ilustra a importância dos blocos regionais de comércio. Em 2017, na União Europeia, o 
comércio intrabloco atinge 64%, no Nafta 50%, enquanto no Mercosul apenas 13%. Assim, não é 
surpreendente que surjam notícias questionando o futuro do Mercosul. 
Gráfico 18 
19 
Referências bibliográficas 
Krugman, P., Obstfeld, M. e Melitz, M. Economia Internacional. São Paulo: Pearson Education do 
Brasil, 2015 (10º. edição). 
Crafts, N. Globalization and Growth in the Twentieth Century. IMF Working Paper, WP/00/044, 
March 2000, p. 25-34. 
Krugman, P. R. Growing World Trade: Causes and Consequences. Brookings Papers Activity, no. 1, 
1995, p. 327-343. 
WTO. World Trade Statistical Review, 2019.

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