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- -1 Dívida Ativa e Dívida Flutuante /Dívida Fundada Fabiane Zanette Introdução As contas públicas também possuem devedores duvidosos e atrasam contas, começam a pagar juros, correções, bem como parcelam dívidas. Ou, ainda, seus desembolsos dependem da conclusão do contrato e que podem demorar vários exercícios financeiros, por má gestão, por conta da economia ou por cláusula de contrato. Neste tema, falaremos dessas contas credoras e devedoras dos órgãos públicos. Assim, como o governo cobra os tributos ou recursos atrasados? Como saber quem e quando cobrar? Ações governamentais e serviços públicos somente podem ter como despesas os recursos arrecadados pela sociedade? Vamos saber mais sobre o assunto. Ao final desta aula, você será capaz de: • analisar a problemática da Dívida Ativa e Dívida Flutuante/Dívida Fundada. 1 Dívida Ativa Podemos conceituar dívida ativa utilizando a própria Lei 4.320/64: Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escrituradosArt. 39. como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. § 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título. Verificamos que o da dívida ativa somente ocorre após sua , ou seja, vencido, não pago,lançamento liquidez obrigatório a um devedor, e , que é certificar o devedor dessa dívida. É lançada em registro de dívida ativacerteza própria, reconhecida como receita no mesmo exercício da arrecadação. Juros de mora, correções monetárias e multas englobam essa dívida ativa arrecadada. Trata-se em direito do órgão público. • - -2 As dívidas lançadas no ativo dividem-se em e . A primeira é oriunda de créditostributária não tributária vencidos de origem tributárias, sendo, impostos, taxas e contribuições, e suas moras. A segunda representa os créditos oriundos de outros diretos a receber que o órgão público possui em conta, como empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, custas processuais, indenizações, entre outros. Figura 1 - Devedor Duvidoso Fonte: Dusit, Shutterstock, 2020. Para ser exigível pela Fazenda Pública é condição que tenha sido lançada, esteja vencida e não arrecadad . Aa partir disso, são duas situações: • Receberem o valor inscrito na dívida pelo credor, dando por liquidado, ou • Cancelarem o crédito por ter sido prescrito, anistiado, compensado de qualquer forma, regularizado de forma indevida, entre outros inúmeros motivos. SAIBA MAIS Dívidas Ativas também são direitos das autarquias e fundações públicas, não so de entes federados. No caso da União, o órgão que fará o registro da Dívida Ativa é a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. No caso de autarquias e fundações públicas é a Procuradoria-Geral Federal. - -3 Elas não precisam estar previstas em lei orçamentária, logo, quando são recebidas, provocam registros de natureza orçamentária e não alteram o patrimônio público, pois há apenas permuta nos lançamentos. A inscrição da dívida ativa sempre deve ser o montante atual (principal mais os encargos). O recebimento pode ser de forma monetária, por bens ou outros direitos, e também podem ser liquidadas com compensações de créditos que o devedor tenha contra o órgão. 2 Dívida Flutuante Integrante da Divida Passiva, é uma obrigação do órgão público, que é pagar. A principal composição costuma ser operações de créditos internas e externas. Sua classificação se dá no Passivo Financeiro Circulante, pois é de curto prazo, ou seja, exigível em menos de 12 meses. São dívidas em que já ocorreram aprovação nas leis orçamentárias, dessa forma, só resta o pagamento. Se for de caráter extraorçamentário, se trata de mera devolução sem autorização. Assim, a Lei 4.320/64. art. 92, compreende a dívida flutuante “I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida; II - os serviços da dívida a pagar; III - os depósitos; IV - os débitos de tesouraria.”, os quais vamos conhecer a seguir. 2.1 Restos a pagar Precisam ter sido empenhados e liquidados ( ) ou apenas empenhados ( ). Se nãoprocessados não processados ocorrer o pagamento no mesmo ano do empenho (até 31 de dezembro), esses resíduos passam a constituir restos a pagar no próximo exercício, os quais constituem despesa orçamentária na inscrição e extraorçamentária no pagamento. FIQUE ATENTO As compensações somente podem ocorrer entre “itens” pertencentes ao mesmo ente federado ou União, ou seja, não se pode compensar débitos com a União, de um crédito que possui com o estado. - -4 Figura 2 - Demonstrativo de restos a pagar Fonte: Elaborado pela autora, 2020 Restos a pagar processados não têm cancelados seus empenhos e excluídos dessa conta, não enquanto durar o prazo legal do credor de receber. Restos a pagar não processados, que não forem liquidadas até 31 de dezembro do ano seguinte ao do empenho, serão, automaticamente, cancelados da conta e seu empenho também. Caso venha algum credor reclamar do não recebimento após esse cancelamento, será então dotado em conta “despesas de exercícios anteriores”. Essas despesas de exercícios anteriores passam, então, a depender de crédito específico ou adicional na lei orçamentária, em três enquadramentos possíveis: • aquelas que o credor cumpriu sua obrigação, mas o empenhoDespesas não processadas em época própria: foi anulado no exercício correspondente ou insubsistente (empenhos por estimativa por exemplo). • aquele resto a pagar cancelado em fim de exercício, mas queRestos a pagar com prescrição interrompida: está no prazo prescricional de direito do credor. • obrigação de pagar criada por lei,Compromissos após o encerramento do exercício que foi reconhecido: mas é reconhecido o direito do credor após o encerramento do exercício. O reconhecimento como precisa passar por processo administrativo, comdespesa de exercício anterior EXEMPLO Manoel teve um filho em setembro de x3 e solicitou em x4 o salário-família. Por não haver registro (empenho, liquidação, pagamento), ou seja, qualquer reconhecimento dessa despesa em x3, não se trata de restos a pagar. Manoel, ainda, tem o direito de receber quatro meses do auxílio de x3 e o auxílio mês a mês de x4 ocorre normalmente na despesa do ano (passado pelos estágios normalmente). O auxílio atrasado de x3 é lançado como despesa de exercícios anteriores, para a “aprovação” e habilitação e percorrer os estágios da despesa. - -5 O reconhecimento como precisa passar por processo administrativo, comdespesa de exercício anterior documentações correspondentes ao direito do credor. Após reconhecido o direito do crédito, emite-se a nota de empenho respectiva para liquidar e pagar e deve ocorrer o mais rápido possível. 2.2 Serviços da dívida a pagar São valores oriundos das dívidas fundadas, que foram empenhadas, liquidadas mas não pagas no exercício do empenho e contabilizadas como passivo financeiro. 2.3 Depósitos São cauções em dinheiro para garantia de contrato, obrigações de terceiros a recolher, depósitos com finalidades especiais. 2.4 Débitos de tesouraria Uma solução para deficit de fluxo de caixa público. São operações de créditos destinados a antecipar o recebimento de recursos financeiros provenientes da receita orçamentária, sendo, aqui, um compromisso de pagar. 3 Dívida Fundada ou Consolidada Essa se trata de despesa pública que é exigível ao prazo superior de 12 meses. Requerem autorização legislativa para serem pagas, pois precisam passar por todos os estágios das despesas, podendo ser em dívidas interna ou externa. A Lei 4.320/64, art. 98, trata a dívida fundada da seguinte forma: A dívida fundada compreende os“ compromissos de exigibilidade superior a 12 meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos.” - -6 Figura 3 - Dívida Fundada Fonte: billdayone, Shutterstock, 2020. ALei de Responsabilidade Fiscal 101/2000 nos traz mais atualizações sobre as dívidas públicas, especificamente as fundadas, em seu art. 29: • Operações de crédito, para amortização em prazo superior a 12 meses. • Compromissos diversos com exigibilidade superior a 12 meses. • Emissão de títulos públicos. • Obrigações assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados. • Assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas por ente da Federação. • Operações de créditos com prazo inferior a 12 meses que constaram no orçamento. - -7 Figura 4 - Balanço Patrimonial das Dividas Fonte: MOTA, 2009, p. 151. Visando atender aos orçamentos públicos, as dívidas desse grupo, em sua maioria, atendem desiquilíbrios orçamentários ou financeiros, incorrendo, assim, muitos entes em operações de crédito. Porém, o Senado Federal editou uma resolução, 40/2001, em seu art. 3, no qual os limites que os entes federados podem se socorrer nessas operações, podendo ser até duas vezes a receita corrente líquida para Estados e Distrito Federal, e 1,2 vezes a receita corrente líquida para municípios. Essa situação equilibra a lei do orçamento. Porém, geram obrigações futuras de pagamento, com atualização monetária e juros. É uma forma de financiar os serviços públicos e são possíveis endividamentos futuros do governo. Fechamento Vimos que Dívidas Ativas são direitos dos órgãos públicos de receber as receitas não honradas por devedores, em seus devidos prazos de pagamento, as quais não carecem de aprovação e são métodos de recebimento de devedores aos cofres Públicos. Já a Dívida Pública compreende de curto e longo prazo, sendo a Fundada e a FIQUE ATENTO Precatórios judicias, que são desembolsos feitos por órgão público em litígios judiciais, lançados em exercício orçamentário no momento de seu conhecimento, mas não pagos nesse exercício, integram a dívida consolidada. Mas não são dívida fundada e devem ser utilizados nos limites de endividamento editados pelo Senado Federal. - -8 devedores aos cofres Públicos. Já a Dívida Pública compreende de curto e longo prazo, sendo a Fundada e a Flutuante, em que a primeira, por ter sido aprovada no orçamento anual e ocorrendo dentro da mesma, não precisa de aprovação. A segunda passa por todo um processo de reconhecimento para seu devido pagamento. Analisamos que essas dívidas passivas, principalmente a flutuante, são oriundas e operação de crédito e são perigosas para máquina pública, pois estão substituindo receitas correntes por financiamento de serviços e obras públicas. Referências BRASIL. Dispõe sobre os limites globais para o montante da dívida públicaResolução n. 40, de 2001. consolidada e da dívida pública mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em atendimento ao disposto no art. 52, VI e IX, da Constituição Federal. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed /ressen/2001/resolucao-40-20-dezembro-2001-429320-normaatualizada-pl.html. Acesso em: 10/01/2020. BRASIL. Estabelece normas de finanças públicas voltadasLei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br /ccivil_03/. Acesso em: 10/01/2020. BRASIL. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração eLei n. 4.320, de 17 de março de 1964. contrôle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm. Acesso em: 09/07/2019. GIACOMONI, J. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012.Orçamento Público. KOHAMA, H. Teoria e Prática. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2016.Contabilidade Pública. MOTA. F. G.L. 1. ed. Brasília: Vestcon, 2009.Contabilidade Aplicada ao Setor Público. Introdução 1 Dívida Ativa Devedor Duvidoso 2 Dívida Flutuante 2.1 Restos a pagar Demonstrativo de restos a pagar 2.2 Serviços da dívida a pagar 2.3 Depósitos 2.4 Débitos de tesouraria 3 Dívida Fundada ou Consolidada Dívida Fundada Balanço Patrimonial das Dividas Fechamento Referências
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