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30- Educação, Saúde e Sexualidade

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1
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
EDUCAÇÃO, SAÚDE E 
SEXUALIDADE 
2
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul 
do Estado do Espírito Santo, com unidades em 
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova 
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, des-
tacando-se pela oferta de cursos de gradua-
ção, técnico, pós-graduação e extensão, com 
qualidade nas quatro áreas do conhecimen-
to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem-
pre primando pela qualidade de seu ensino 
e pela formação de profissionais com cons-
ciência cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto 
grupo de Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui-
ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram 
notas 4 e 5, que são consideradas conceitos 
de excelência em ensino.
Estes resultados acadêmicos colocam 
todas as unidades da Multivix entre as 
melhores do Estado do Espírito Santo e 
entre as 50 melhores do país.
 
MiSSão
Formar profissionais com consciência cida-
dã para o mercado de trabalho, com ele-
vado padrão de qualidade, sempre mantendo a 
credibilidade, segurança e modernidade, visando 
à satisfação dos clientes e colaboradores.
 
ViSão
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-
da nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
GRUPO
MULTIVIX
3
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
BiBlioTEca MulTiVix (dados de publicação na fonte)
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com
de Almeida, Roselaine Pontes.
Educação, Saúde e Sexualidade / Roselaine Pontes de Almeida. – Serra: Multivix, 2019.
FaculdadE caPixaBa da SERRa • MulTiVix
EdiToRial
Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra
2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
diretor Executivo 
Tadeu Antônio de Oliveira Penina
diretora acadêmica
Eliene Maria Gava Ferrão Penina
diretor administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga
diretor Geral
Helber Barcellos da Costa
diretor da Educação a distância
Flávio Janones
coordenadora acadêmica da Ead
Carina Sabadim Veloso
conselho Editorial 
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente 
do Conselho Editorial)
Kessya Penitente Fabiano Costalonga
Carina Sabadim Veloso
Patrícia de Oliveira Penina
Roberta Caldas Simões
Revisão de língua Portuguesa
Leandro Siqueira Lima 
Revisão Técnica
Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Graziela Vieira Carneiro
design Editorial e controle de Produção de conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Maico Pagani Roncatto
Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Genivaldo Félix Soares
Multivix Educação a distância
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Direção EaD
Coordenação Acadêmica EaD
4
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Aluno (a) Multivix,
Estamos muito felizes por você agora fazer parte 
do maior grupo educacional de Ensino Superior do 
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a 
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.
A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei-
ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, 
São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, 
no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de 
cursos de graduação, pós-graduação e extensão 
de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: 
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo-
dalidade presencial quanto a distância.
Além da qualidade de ensino já comprova-
da pelo MEC, que coloca todas as unidades do 
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das 
Instituições de Ensino Superior de excelência no 
Brasil, contando com sete unidades do Grupo en-
tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-
-se bastante com o contexto da realidade local e 
com o desenvolvimento do país. E para isso, pro-
cura fazer a sua parte, investindo em projetos so-
ciais, ambientais e na promoção de oportunida-
des para os que sonham em fazer uma faculdade 
de qualidade mas que precisam superar alguns 
obstáculos. 
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: 
“Formar profissionais com consciência cidadã para o 
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança 
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.”
Entendemos que a educação de qualidade sempre 
foi a melhor resposta para um país crescer. Para a 
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o 
mundo à sua volta.
Seja bem-vindo!
APRESENTAÇÃO 
DA DIREÇÃO 
EXECUTIVA
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina 
diretor Executivo do Grupo Multivix
5
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
liSTa dE FiGuRaS
 > FIGURA 1 - Intersetorialidade 19
 > FIGURA 2 - Responsáveis pela garantia da Educação como direito 20
 > FIGURA 3 - Ações na perspectiva da intersetorialidade 23
 > FIGURA 4 - Intersetorialidade: conceitos-chave 26
 > FIGURA 5 - Etapas do trabalho escolar envolvendo 
a temática da sexualidade 29
 > FIGURA 6 - Mecanismos condicionantes da sexualidade 38
 > FIGURA 7 - Elementos que compõe a concepção sobre sexualidade 39
 > FIGURA 8 - Descrição de práticas sexuais normais 
e anormais a partir da ideia do “coito natural” 40
 > FIGURA 9 - Aspectos que trazem implicações para 
a construção da sexualidade 45
 > FIGURA 10 - Fase oral 53
 > FIGURA 11 - Adultização infantil 63
 > FIGURA 12 - Erotização precoce 64
 > FIGURA 13 - Abordagem da sexualidade em uma 
proposta pedagógica ético-política 73
 > FIGURA 14 - Características da criança sexualmente saudável 79
 > FIGURA 15 - Conceitos-chave para o desenvolvimento 
saudável da sexualidade 80
 > FIGURA 16 - A escola na proposta de EPS 90
 > FIGURA 17 - A família na proposta EPS 91
 > FIGURA 18 - A comunidade na proposta de EPS 92
 > FIGURA 19 - Ações do Programa Saúde na Escola 95
 > FIGURA 20 - Princípios do PSE 96
 > FIGURA 21 - Ações de saúde na educação 99
 > FIGURA 22 - Constituição do conceito de gênero 105
 > FIGURA 23 - Orientação sexual 107
 > FIGURA 24 - Identidade de gênero 107
6
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
liSTa dE FiGuRaS
 > FIGURA 25 - Questões que ameaçam a tentativa de 
controle da permissividade sexual 112
 > FIGURA 26 - Conceitos-chave da abordagem emancipatória 115
7
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
liSTa dE QuadRoS
 > QUADRO 1 - Ações previstas na Agenda Nacional 
para a Promoção do Desenvolvimento Saudável da Juventude 31
 > QUADRO 2 - Estágios Psicossexuais do Desenvolvimento 55
 > QUADRO 3 - Principais marcos da política 
em saúde para adolescentes 67
 > QUADRO 4 - Concepções de sexualidade de 
docentes da educação básica 74
 > QUADRO 5 - Princípios da educação sexual no contexto escolar 80
8
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
SuMÁRio
1 Educação, SaúdE E SExualidadE: iNTERSEcçÕESPoSSÍVEiS 17
1.1 EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEXUALIDADE: INTERSECÇÕES POSSÍVEIS 17
1.1.1 CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, EDUCAÇÃO, 
SAÚDE E INTERSETORIALIDADE 18
1.2 A TEMÁTICA DA SEXUALIDADE E AS ARTICULAÇÕES 
POSSÍVEIS COM OS CAMPOS DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE 26
BiBlioGRaFia coMENTada 32
coNcluSão 33
2 a SExualidadE coMo coNSTRução SÓcio-HiSTÓRico-culTuRal 35
iNTRodução da uNidadE 35
2.1 A SEXUALIDADE COMO CONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICO-CULTURAL 36
2.1.1 DIMENSÕES HISTÓRICO-SOCIAIS DA SEXUALIDADE 37
2.1.2 IMPLICAÇÕES DE ALGUNS ASPECTOS SOCIAIS, 
HISTÓRICOS E CULTURAIS NA CONSTRUÇÃO DA SEXUALIDADE HUMANA 45
coNcluSão 48
3 SExualidadES: NÍVEl BiolÓGico E PSicoSSExual 
E SuaS MaNiFESTaçÕES Na iNFÂNcia E adolEScÊNcia 50
iNTRodução 50
3.1 SEXUALIDADES: NÍVEL BIOLÓGICO E PSICOSSEXUAL E 
SUAS MANIFESTAÇÕES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 51
3.1.1 SEXUALIDADE INFANTIL: A CRIANÇA COMO SER SEXUAL 52
UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
9
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
SuMÁRio
3.1.2 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SEXUAL ADOLESCENTE 59
3.1.3 PROBLEMAS DE SAÚDE MAIS PREVALENTES NA INFÂNCIA 
E ADOLESCÊNCIA E SEUS CONDICIONANTES SOCIOECONÔMICOS 
E DE ESTILO DE VIDA 62
BiBlioGRaFia coMENTada 68
coNcluSão 69
4 SExualidadE coMo caMPo dE ESTudoS da Educação 71
iNTRodução 71
4.1 SEXUALIDADE COMO CAMPO DE ESTUDOS DA EDUCAÇÃO 72
4.1.1 INTERSECÇÕES ENTRE SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO 72
4.1.2 DIFERENCIANDO CONCEITOS: SEXO, SEXUALIDADE 
E EDUCAÇÃO SEXUAL 77
4.1.3 AS POSSIBILIDADES OFERECIDAS NO ATENDIMENTO ÀS 
NECESSIDADES DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 
INFANTIL E ADOLESCENTE 78
BiBlioGRaFia coMENTada 83
coNcluSão 84
UNIDADE 4
10
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
UNIDADE 5
UNIDADE 6
SuMÁRio
5 o coNcEiTo dE EScola SaudÁVEl dENTRo daS ESTRaTÉGiaS 
dE PRoMoção da SaúdE E oS PRoGRaMaS TRaNSVERSaiS 
No ENSiNo BÁSico 86
iNTRodução 86
5.1 O CONCEITO DE ESCOLA SAUDÁVEL DENTRO DAS 
ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DE SAÚDE 87
5.1.1 PARCERIAS, ALIANÇAS E O PACTO SOCIAL 93
5.1.2 PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO E DE SAÚDE NA ESCOLA 
DENTRO DA PERSPECTIVA DAS ÁREAS TRANSVERSAIS 
DE ENSINO FUNDAMENTAL: PROGRAMAÇÃO, CRITÉRIOS 
E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO 95
BiBlioGRaFia coMENTada 99
coNcluSão 100
6 aBoRdaGENS coNTEMPoRÂNEaS PaRa a Educação SExual Na Sala 
dE aula: RElaçÕES dE GÊNERo, oRiENTação SExual E iGualdadE 
NuMa PRoPoSTa dE RESPEiTo ÀS diFERENçaS 102
iNTRodução 103
6.1 ABORDAGENS CONTEMPORÂNEAS PARA A EDUCAÇÃO SEXUAL 
NA ESCOLA: RELAÇÕES DE GÊNERO, ORIENTAÇÃO SEXUAL E 
IGUALDADE NUMA PROPOSTA DE RESPEITO ÀS DIFERENÇAS 103
6.1.1 DEFININDO CONCEITOS: GÊNERO, ORIENTAÇÃO 
E IDENTIDADE SEXUAL 104
6.1.1.1 GÊNERO 104
6.1.1.2 ORIENTAÇÃO SEXUAL 107
6.1.1.3 IDENTIDADE SEXUAL OU DE GÊNERO 107
6.1.2 EDUCAÇÃO SEXUAL: POSSIBILIDADES DIDÁTICAS 108
11
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
SuMÁRio
6.1.3 ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO SAUDÁVEIS E NÃO PUNITIVAS 
NOS CASOS DE MANIFESTAÇÃO DA SEXUALIDADE 
NO AMBIENTE ESCOLAR 118
BiBlioGRaFia coMENTada 121
coNcluSão 121
REFERÊNciaS 123
12
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
icoNoGRaFia
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
13
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
BIODATA DA AUTORA 
Roselaine Pontes de almeida
Mestre em Educação e Saúde na Infância e Adolescência pela Universidade Fede-
ral de São Paulo. Pedagoga e Psicopedagoga. Professora de cursos de Graduação e 
Pós-graduação, atuando nos cursos de Licenciatura em Letras, Matemática, Especiali-
zação em Psicopedagogia e Neuropsicologia. Professora autora de Educação Infantil 
no projeto Planos de Aula da Nova Escola. Atua como docente, formadora de profes-
sores e produtora de conteúdo para EaD.
JUSTIFICATIVA 
O trabalho com crianças e adolescentes demanda dos profissionais conhecimen-
tos que os permitam lidar com questões relacionadas à Educação, Saúde e Sexua-
lidade. Muitos dos tópicos que compõem essas temáticas representam um desafio 
para o educador, uma vez que são cercados por mitos, tabus e falta de informação. 
Compreender a construção sócio-histórico-cultural destas temáticas em suas múlti-
plas dimensões auxilia o professor a refletir sobre a importância de um trabalho volta-
do à equidade e respeito às diferenças, favorecendo o entendimento de suas princi-
pais manifestações, dúvidas e conflitos, que naturalmente adentram o espaço escolar 
e permeiam a relação entre professor e aluno. Tendo isso em vista, esta disciplina 
foi estruturada de modo a oferecer as principais abordagens que fundamentam o 
estudo e a atuação prática com as temáticas da Educação, Saúde e Sexualidade. 
A proposta é oferecer um panorama sobre as diferentes dimensões da construção, 
manifestação e suas implicações pessoais e sociais das questões relacionadas à saúde 
e sexualidade.
14
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
ENGAJAMENTO 
A proposta desta disciplina é fazer uma articulação entre os temas que envolvem 
Educação, Saúde e Sexualidade, de modo a permitir um diálogo que favoreça a refle-
xão e a construção de práticas voltadas à valorização e respeito às diferenças. Assim, 
antes de iniciar este estudo, reflita sobre seu conhecimento prévio sobre essa temáti-
ca e como você imagina que ela pode ser abordada na atualidade: 
• Como lidar com a curiosidade, as dúvidas e as manifestações da sexualidade 
no ambiente escolar?
• De que modo Educação, Saúde e Sexualidade podem ser trabalhadas na 
escola?
• Quais programas têm sido desenvolvidos nas escolas, visando à promoção de 
educação, saúde e orientação sobre sexualidade? O que eles propõem?
Certamente as respostas a estas questões não esgotam as abordagens destes temas, 
que são tão amplos e complexos. Nosso desejo, pelo contrário, é que elas suscitem 
ainda mais curiosidade e vontade de compreender as múltiplas possibilidades em 
que Educação, Saúde e Sexualidade podem ser investigadas. Embarque conosco 
nessa descoberta!
APRESENTAÇÃO DA 
DISCIPLINA
Seja bem-vindo à disciplina Educação, Saúde e Sexualidade! Nela, você vai conhe-
cer as diferentes dimensões em que cada um destes temas tem sido estudado e as 
intersecções possíveis entre eles, além das implicações que as diferentes abordagens 
trazem para o debate e construção do conhecimento nas diversas áreas. A proposta é 
tratar os temas de forma ampla, abordando educação, saúde e as diferentes manifes-
tações da sexualidade na infância e adolescência, buscando articular questões bioló-
gicas e psicossexuais às possibilidades que estes conhecimentos oferecem para a 
compreensão sobre o crescimento e desenvolvimento infanto-juvenil.
15
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
Também serão estudados nesta disciplina os programas de Educação e Saúde na 
escola e as abordagens contemporâneas para a educação sexual na escola, numa 
perspectiva de trabalho voltada ao respeito às diferenças. Sabemos que esta temática 
representa um grande desafio no contexto escolar, por isso, conhecer sua fundamen-
tação teórica e estratégias de como lidar com estes temas é fundamentalà forma-
ção do professor. Deste modo, é importante que você realize as leituras e atividades 
propostas, pois é a partir de seu estudo e engajamento que o conhecimento poderá 
ser construído. 
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de:
• Apontar os paradigmas subjacentes às várias abordagens que articulam 
educação, saúde e sexualidade e seus reflexos no cotidiano escolar.
• Discutir a sexualidade como uma construção sócio-histórico-cultural, buscan-
do desconstruir preconceitos e mitos existentes.
• Articular teoria à prática de propostas que visem à prevenção ao preconceito, 
à discriminação e ao respeito à diversidade.
16
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Analisar e interpretar 
diferentes abordagens 
sobre educação, saúde 
e sexualidade.
> Discutir os conceitos 
de desenvolvimento 
social, educação, saúde 
e intersetorialidade.
> Expressar as 
articulações possíveis 
entre educação, saúde 
e sexualidade.
UNIDADE 1
17
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
1 EDUCAÇÃO, SAÚDE 
E SEXUALIDADE: 
INTERSECÇÕES POSSÍVEIS
O presente conteúdo foi elaborado com o objetivo de fornecer a base teórica para a 
compreensão de Educação, Saúde e Sexualidade, em suas múltiplas possibilidades 
de manifestação e investigação. Nesta Unidade, você vai estudar como se constitui 
cada um destes campos e o que propõem as diferentes abordagens. Depois, serão 
abordadas as articulações possíveis entre os temas, apresentando as intersecções já 
existentes entre essas áreas. 
Para essa compreensão, você estudará o conceito de intersetorialidade, pois o obje-
tivo é explicitar como essa reunião de esforços em busca da definição de objetivos 
comuns e ações articuladas pode significar o bom planejamento e atuação efetiva no 
combate às demandas educacionais, de saúde e até sociais. 
Diante desta premissa, Educação, Saúde e Sexualidade serão abordadas em suas 
múltiplas dimensões, tendo como objetivo a construção de um conhecimento holís-
tico sobre essas temáticas, de modo a possibilitar práticas respeitosas e inclusivas no 
âmbito escolar. 
1.1 EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEXUALIDADE: 
INTERSECÇÕES POSSÍVEIS
Educação, Saúde e Sexualidade são temas de pesquisa e atuação de várias áreas 
do conhecimento. Em algumas delas, a interdisciplinaridade inerente a eles é mais 
explícita e aproxima os conceitos e saberes próprios de cada campo, favorecendo a 
compreensão para que se atue sobre um dado fenômeno. Ao se considerar as trans-
formações do mundo contemporâneo e as demandas educacionais atuais, nota-se 
que essas intersecções são imprescindíveis, pois tornam possível uma reunião de 
dados e informações para a reflexão e tomada de decisões amplas e diversificadas.
18
Educação, SaúdE E SExualidadE 
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Compreender cada uma destas áreas e como elas dialogam entre si é importan-
te para que se desenvolva um pensamento articulado em prol dos benefícios que 
essa intersecção pode representar. Nesta perspectiva, serão definidos cada um destes 
conceitos, e você entenderá como, juntos, constroem a possibilidade de reflexões e 
ações no âmbito intersetorial.
1.1.1 CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, 
EDUCAÇÃO, SAÚDE E INTERSETORIALIDADE
Muitas vezes ao assistir o telejornal ou ao ler jornais e portais da internet, nos depara-
mos com notícias que falam sobre desenvolvimento social. Esse termo, geralmente 
pouco compreendido isoladamente, muitas vezes é associado a economia, progra-
mas sociais, assistência à saúde, cidadania, dentre tantos outros, passando a ideia de 
amplitude do conceito. Mas, afinal, o que é desenvolvimento social? 
Desenvolvimento social diz respeito às condições e qualidade de vida de uma dada 
população. Como ocorre a partir da reunião de vários fatores, expressa-se no bem-es-
tar social, um conceito que agrega democracia, liberdade, justiça, equidade, tolerân-
cia, igualdade e solidariedade. Assim, uma sociedade possui bom desenvolvimento 
social quando há possibilidades reais de satisfação de suas necessidades, que vão 
desde a expectativa de vida de homens, mulheres e crianças até o acesso e fruição de 
bens educacionais, de saúde, moradia e empregabilidade (LAMPREIA, 1995). 
Para que as necessidades da população sejam atendidas e, com isso, haja desenvol-
vimento social, é necessário que haja articulação de políticas econômicas e sociais, 
numa perspectiva de enfraquecimento e abandono das ações fragmentadas e conse-
quente fortalecimento do regime de colaboração entre setores.
19
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Educação, SaúdE E SExualidadE 
SUMÁRIO
FIGURA 1 - INTERSETORIALIDADE
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019.
Nesta perspectiva, a Educação tem sido vista como uma forma de potencializar o 
desenvolvimento das pessoas, já que, tradicionalmente, é transmitida a crianças 
desde a mais tenra idade e, cada vez mais, em instituições especializadas. No passa-
do, a educação na primeira infância (até os 6/7 anos) ocorria em casa e, muitas vezes, 
depois disso, com preceptores contratados pela família; mais recentemente, a partir 
desta idade, as crianças iam para a instituição escola. Na atualidade, as mudanças 
sociais e nas configurações familiares, além das conquistas das mulheres pela inde-
pendência financeira e vida autônoma, fizeram surgir a necessidade de uma educa-
ção voltada às crianças pequenas, com menos de 3 anos de idade.
Vê-se, com essa nova configuração, que as crianças – aprendizes de uma dada cultura 
e sociedade – recebem, cada vez mais cedo, uma educação institucionalizada, o que 
torna a escola (a creche) em um local de ensino por excelência. Você já parou para 
pensar no que isso pode significar?
Se, por um lado, as crianças hoje podem ter maiores possibilidades de contato com 
a diversidade, com as múltiplas formas de expressão e vivência dos indivíduos de 
diferentes culturas, também se pode imaginar que alguns aprendizados básicos e 
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o desenvolvimento de importantes habilidades, como experiências que ensinem 
valores morais e éticos, o controle dos impulsos, a frustração e o respeito às ideias e 
opiniões dos outros, por exemplo, podem, muitas vezes, ser insuficientemente explo-
rados e desenvolvidos.
Essa reflexão é importante para nos fazer compreender como a educação, seja ela 
formal (que ocorre nos sistemas de ensino), seja a não formal (que ocorre ao longo 
da vida, fora da escola), é um importante elemento que ajuda a moldar as crenças, 
valores e subjetividades, que contribuem para a formação da identidade das pessoas. 
Observando outro aspecto da Educação, é preciso reconhecer que, sendo ela um 
direito cuja garantia deve ser assegurada pelo Estado, pela família e pela sociedade 
(BRASIL, 1988), ela prevê a reunião de esforços e o compartilhamento de responsabi-
lidades. Essa premissa aparece na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) (BRASIL, 
2017), que expressa que “a educação deve afirmar valores e estimular ações que 
contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, social-
mente justa e, também, voltada para a preservação da natureza”. Assim, vê-se que a 
Educação não é ação ou responsabilidade de um só, mas sim, que para se efetivar, 
depende da união e do esforço coletivo.
FIGURA 2 - RESPONSÁVEIS PELA GARANTIA DA EDUCAÇÃO COMO DIREITO
EDUCAÇÃO 
como direitoEstado
Família
Sociedade
Fonte: Elaborada pela autora.
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SUMÁRIO
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que define no 
Brasil as aprendizagens essenciais a que todos os alunos têm direito durante 
a Educação Básica. É ele a referência obrigatória que deve nortear a elabora-
ção dos currículos das redes de ensino (tanto públicas quanto privadas) em 
escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio de todo 
o país.
A BNCC está disponível no site do Ministério da Educação e Cultura, e o docu-
mento pode ser acessado e baixado na íntegra ou por nível de ensino. Vale a 
pena conferir!
O caráter colaborativo do princípio de garantia da educação também é visto em 
outros setores. Na área da Saúde, por exemplo, também se percebe o esforço do 
trabalho conjunto, por vezes inter ou multidisciplinar, visando atuação para preven-
ção ou combate de doenças, atrasos ou transtornos do desenvolvimento. Entre os 
profissionais deste campo, é comum o estudo e discussão de casos, a fim de compar-
tilhar experiências e impressões, com o objetivo de se obter uma visão mais global do 
paciente e suas dificuldades, buscando a realização de diagnósticos mais completos 
e precisos.
interdisciplinar: diz respeito à relação entre disciplinas ou profissionais de 
diferentes áreas, no intuito de aprofundar o conhecimento para melhor 
compreensão ou atuação sobre um caso ou diagnóstico. 
Multidisciplinar: diz respeito ao conjunto de várias disciplinas ou profissio-
nais de diferentes áreas, que podem atender a um mesmo paciente, mas 
que não necessariamente se relacionam entre si para a discussão de um 
caso ou fechamento de diagnóstico.
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Educação e Saúde geralmente buscam atuar conjuntamente quando algu-
ma criança ou jovem apresenta problemas de aprendizagem. É comum as 
escolas encaminharem estes alunos a profissionais especialistas (psicólogos, 
fonoaudiólogos, psicopedagogos) para que se obtenha um “laudo” que traga 
respostas sobre o porquê de este estudante ter dificuldades e não aprender. 
Algumas experiências deste tipo envolvem a parceria entre escola e centro 
de diagnóstico interdisciplinar (muitas vezes ligados às faculdades e centros 
universitários), que recebem estes encaminhamentos e submetem o aluno a 
uma avaliação com profissionais de várias áreas. Ao final da ampla avaliação, 
que pode envolver a família e os professores, os profissionais discutem o caso 
para identificar se o perfil apresentado pela criança ou jovem é compatível 
com algum quadro de transtorno ou deficiência.
No que diz respeito às políticas de saúde, é fato que unir esforços com outros setores 
representa maior escala e alcance de projetos.
Para citar outro exemplo, é possível pensar nos programas desenvolvidos 
dentro das escolas. Seja para identificar problemas de visão com exames 
oftalmológicos, combater pediculose ou para ensinar a maneira certa de 
se escovar os dentes para uma boa higienização bucal, é provável que você 
tenha tido alguma experiência deste tipo em seu período escolar.
O que se percebe, por estes exemplos, é que a tentativa de unir esforços para atuação 
conjunta não é nenhuma novidade. Muito pelo contrário, essa busca pelo trabalho 
compartilhado já existe e a ele chamamos Intersetorialidade.
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SUMÁRIO
intersetorialidade é uma iniciativa que visa ao trabalho entre setores, contrapon-
do o modelo fragmentado de atuação das políticas sociais. Diante da amplitude e 
complexidade de muitos problemas enfrentados pela população, a intersetorialida-
de se coloca como ação fundamental para promover melhoria da qualidade de vida 
das pessoas, superar os problemas enfrentados nos diversos âmbitos e otimizar a 
busca por resultados (PHAC, 2008; SOUZA et al., 2017).
A definição de intersetorialidade engloba, ainda, parceria e trabalho conjunto (SOUZA 
et al., 2017). Prevê a articulação de saberes e experiências de diferentes áreas, de 
modo a atuar de forma integrada para a solução de demandas e problemas (LIMA; 
VILASBÔAS, 2011; WIMMER; FIGUEIREDO, 2006).
Assim, de forma sintetizada, listamos ações que, para Junqueira (2004), explicitam a 
intersetorialidade:
FIGURA 3 - AÇÕES NA PERSPECTIVA DA INTERSETORIALIDADE
reunião de objetivos comuns
compartilhamento de tomada de decisão
planejamento conjunto
mobilização de recursos 
implementação de propostas intersetoriais
Fonte: Elaborada pela autora.
Dadas suas características, o trabalho intersetorial não se limita à justaposição de 
projetos, mas considera a importância tanto do planejamento quanto da operaciona-
lização para que se promovam programas bem estruturados, com objetivos e gestão 
compartilhadas (BUSS; CARVALHO, 2009).
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Para que isso ocorra, é fundamental a definição de conceitos e objetivos comuns a 
partir do levantamento das necessidades da população com a qual se deseja traba-
lhar (WIMMER; FIGUEIREDO, 2006), pois, conhecendo a realidade, demandas e expec-
tativas desse público-alvo, é possível delinear planos de ação factíveis, que favoreçam 
a todos os envolvidos (SILVA; RODRIGUES, 2010).
Em 2012, uma organização do terceiro setor iniciou, no município de Campos 
do Jordão, uma ação intersetorial para favorecer as crianças com problemas 
de aprendizagem. Após mapear, com a secretaria de educação, os índices de 
alunos com dificuldades em leitura e escrita, e identificar a ausência de um 
plano de ação efetivo para auxiliar esses estudantes e diminuir a fila de espe-
ra para atendimento psicológico e fonoaudiológico no setor da saúde – que 
recebia muitos encaminhamentos provenientes das escolas – foi formado 
um Grupo Articulador, composto por representantes da sociedade civil (mãe 
de crianças com problemas de aprendizagem e membros da associação de 
moradores) e das secretarias municipal de Educação, Saúde e Desenvolvi-
mento Social. O projeto previa a formação de professores e psicopedagogas, 
de uma equipe interdisciplinar na área da saúde (composto por neurologis-
ta, psicólogas e fonoaudiólogas) e a articulação da população para o forta-
lecimento da luta por políticas públicas que beneficiassem essa população. 
Essa ação intersetorial foi fundamental para a aprovação da Lei Municipal 
nº 62, de 18 de julho de 2013, que prevê a identificação precoce e acompa-
nhamento dos alunos com transtornos de aprendizagem na rede pública 
de ensino. Além disso, trouxe benefícios para todas as áreas envolvidas no 
projeto.
Na contramão dessas iniciativas, as intervenções isoladas nos setores têm mostra-
do baixa efetividade para promover mudanças esperadas, além de menor adesão 
dos envolvidos. No entanto, mesmo que as ações fragmentadas sejam reconhecidas 
como menos exitosas, elas ainda acontecem em um bom número de projetos. Nos 
casos em que já há um trabalho intersetorial, muitas vezes há a necessidade de ações 
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SUMÁRIO
mais amplas e complexas, voltadas à organização, orientação e desenvolvimento de 
estratégias que favoreçam à comunidade envolvida. Assim, aponta-se que práticas 
intersetoriais possibilitam a construção compartilhada de projetos estratégicos 
Na Educação, a intersetorialidade busca a melhoria dos processos educacionais por 
meio de parceriase colaboração entre sociedade e instituições governamentais e não 
governamentais (BRASIL, 2014). Na área da saúde, é reconhecida como uma estraté-
gia de ação que se sobrepõe aos determinantes sociais, possibilitando reorganização 
de todo o sistema (ANDRADE, 2006).
Mesmo sendo uma prática existente desde o Século XX, Figueiredo et al., 2010 apon-
tam muitos desafios e fragilidades na implementação de ações intersetoriais, como 
as ações fragmentadas, a ausência de comprometimento igualitário entre os setores 
e o predomínio de abor¬dagens setorizadas (SANTOS, 2005). 
Alguns estudiosos do tema assumem que um dos desafios da intersetorialidade está 
justamente em operacionalizar os projetos superando as hierarquias institucionais, 
além da criação de novas relações entre os diferentes setores e segmentos envolvi-
dos. Este é um desafio que se apresenta para todos aqueles que acreditam no traba-
lho em parceria e na troca de saberes para o bem comum. 
Conhecer o significado de termo e os conceitos-chave que representam essa ideia é 
um primeiro movimento para se criar um pensamento ou projeto intersetorial.
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FIGURA 4 - INTERSETORIALIDADE: CONCEITOS-CHAVE
Planejamento e 
desenvolvimento de ações 
conjuntas e integradas
Parceria
Trabalho coletivo
Diálogo
Envolvimento
Aproximação
Decisões horizontais
Compartilhamento de poder
Intersetorialidade
Fonte: Elaborada pela autora.
A partir dos projetos e ações intersetoriais é possível que áreas distintas, que talvez 
não tenham a tradição ou o hábito de dialogar, podem iniciar a identificação de 
pontos e objetivos comuns em algum tipo de trabalho. Deste exercício, algumas arti-
culações entre temas, projetos e ações podem surgir, fomentando o compartilha-
mento de ideias para uma atuação que pode vir a ser colaborativa e integrada.
1.2 A TEMÁTICA DA SEXUALIDADE E AS 
ARTICULAÇÕES POSSÍVEIS COM OS CAMPOS DA 
EDUCAÇÃO E DA SAÚDE
A temática da sexualidade há muito representa um tabu em nossa sociedade. Vista 
muitas vezes como representação única do fundamento genital e sua disposição 
para a reprodução, gera conflitos, desconfortos e ambiguidades. Por isso, às vezes é 
evitada ou debatida de forma breve e superficial, mesmo no âmbito escolar.
Para se romper com a ideia muitas vezes equivocada que se tem sobre sexualidade, 
é fundamental compreendê-la em sua perspectiva mais ampla, que engloba além 
do fundamento biológico, anatômico e também genital, uma disposição psíquica, 
mencionada por Freud (1905) como a essência da atividade humana.
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SUMÁRIO
As múltiplas expressões da sexualidade na contemporaneidade dão conta de nos 
mostrar que esse é um campo muito diverso e complexo, que não é facilmente expli-
cado ou vivido em sua tradicional definição. Este movimento tem sido influenciado 
pelas múltiplas transformações constituídas pela globalização, pelas novas configu-
rações familiares e pelos novos modelos sociais e de comportamento (HOLOVKO; 
CORTEZZI, 2018).
Diante deste novo e amplo cenário, as múltiplas sexualidades demandam ser repen-
sadas e dois campos, em especial, podem contribuir para essa reflexão: o da educa-
ção e o da saúde. 
Na Educação, é importante se reconhecer que a sala de aula é um ambiente compos-
to por um grupo heterogêneo de pessoas que apresentam uma pluralidade extensa 
de diversidades, sendo as relacionadas à sexualidade uma delas. Em sua vasta hete-
rogeneidade, os alunos irão vivenciar, interagir e manifestar suas atitudes e compor-
tamentos tendo como referência o modelo social, familiar e da autoridade. O teor e a 
qualidade das informações, mensagens e modelos repassados aos jovens é de funda-
mental importância em seu processo de formação e na orientação das escolhas que 
farão ao longo da vida (BRASIL, 1999). Deste ponto de vista, o professor é uma figura 
de referência para o aluno e também lhe oferece ferramentas para o pensamento e 
modelos de conduta. 
Independentemente das convicções e crenças pessoais de professores e alunos, no 
âmbito escolar é importante compreender o campo da sexualidade como múltiplo 
e diverso, para que se crie e compartilhe um ambiente de aprendizagem sadio e 
acolhedor, onde se pratica a empatia e o respeito.
Holovko e Cortezzi (2018, p. 21) explicitam que “a sexualidade, quando não reduzida 
ao seu sentido biológico, torna-se heterogênea”, o que significa que é múltipla em 
sua significação. Compreender essa ideia e trabalhar em sala de aula a partir dessa 
perspectiva favorece atitudes e modos de pensar que despatologizam fenômenos 
relacionados à diversidade sexual ou familiar, do mesmo modo que auxilia na identi-
ficação e denúncia de preconceitos de todo tipo.
Para além desse reconhecimento, Dziabas e Miranzi (2007) chamam a atenção para a 
necessidade de o trabalho com a educação sexual ir para além da abordagem peda-
gógica de temas que abordem a sexualidade humana. Para os autores, o tema deve 
ser tratado no plano escolar de forma interdisciplinar e em contextos curriculares e 
extracurriculares. Para isso, propõem que se privilegie: o espaço, a turma, as diferentes 
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necessidades dos alunos, o apoio às famílias e as formas de apoio individualizado e 
específico a quem deles necessitar.
Para além da abordagem pedagógica comum com a qual o tema da sexua-
lidade geralmente é abordado em sala de aula, é possível trabalhá-lo de dife-
rentes formas e em várias disciplinas do currículo. Um primeiro movimento 
seria não restringi-la às aulas de Ciências ou Biologia, pois, como algo natu-
ral ao processo de desenvolvimento humano, a sexualidade pode ser abor-
dada na literatura, na matemática (a partir do estudo estatístico de temas 
que vão ao encontro das curiosidades e necessidades dos jovens), em histó-
ria, abordando as questões relacionadas a gênero e outros condicionantes 
socioculturais), bem como a partir de projetos interdisciplinares, transversais 
e inclusivos, explorando com seriedade o tema, adequando a abordagem e 
o aprofundamento da discussão a cada nível etário ou escolar dos alunos.
Vale reconhecer também que, de modo geral, por conta de características próprias 
do desenvolvimento, os jovens estão expostos a certas vulnerabilidades associadas à 
saúde reprodutiva, identificação de sua sexualidade e construção/remodelação de 
sua identidade. Nesta etapa da vida, questões como sexualidade, anticoncepção, 
reprodução, aborto, maternidade e paternidade são temas que permeiam de dúvi-
das e curiosidades o pensamento e comportamento dos jovens (LUZ; BERNI, 2000).
Sem a orientação correta, a atitude dos adolescentes não poderia ser dife-
rente da que predomina à sua volta. Conversar de forma séria sobre assuntos 
sexuais, em geral, tende a baixar a ansiedade dos jovens, que, naturalmente, 
são muito curiosos e desejam viver suas experiências o mais rápido possível 
(ROSISTOLATO, 2003, p. 133).
Não deve ser negligenciado nessa reflexão o fato de o jovem de hoje encontrar fora 
da escola inúmeras informações e espaços de aprendizagem (nem sempre sérios ou 
coerentes). O acesso irrestrito a todo tipo de conteúdo, ao invés de possibilitar maior 
conhecimento e orientação, pode significar o contato com informações equivocadas, 
que pouco ou nada auxiliam nas questões enfrentadas por que as procuram.
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Assim, um trabalho sério, desenvolvido no espaçoescolar, deve ser voltado a ofere-
cer diálogo e informação de qualidade, acolhendo o jovem e suas dúvidas. Para isso, 
Dziabas e Miranzi (2007) propõem:
FIGURA 5 - ETAPAS DO TRABALHO ESCOLAR ENVOLVENDO A TEMÁTICA DA SEXUALIDADE
Interação/ criação de vínculo entre educador e aluno
Diálogo contínuo
Refletir sobre quem somos e como nos relacionamos
Propiciar experiências que ofereçam modelos
Oferecer oportunidades para mudanças internas
Provocar o aprofundamento das reflexões
Incentivar o desenvolvimento da autonomia e da ação
Fonte: Adaptada de DZIABAS; MIRANZI, 2007.
O desenvolvimento deste trabalho demanda vivência do lúdico e o incentivo ao diálo-
go e à reflexão, possibilitando a aquisição de novas posturas e maneiras de lidar com 
as questões. Para favorecer esse movimento, além do material teórico e ilustrativo 
apropriado, pode-se utilizar recursos como música, dramatizações, poesias e filmes 
(DZIABAS; MIRANZI, 2007).
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Um grupo de acadêmicos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro 
(UFTM) desenvolveu um projeto de educação sexual com alunos do últi-
mo ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Uberaba/MG. 
As atividades foram divididas em 6 módulos que abordaram: fisiologia e 
anatomia humana; iniciação, maturação e comportamento sexual; métodos 
contraceptivos; DST/ AIDS; violência e exploração sexual; menopausa/andro-
pausa e disfunções sexuais. 
Caso tenha interesse em saber um pouco mais sobre os tópicos trabalha-
dos no projeto de Educação Sexual desenvolvido por alunos da UFTM e os 
resultados do projeto, confira o relato Educação em Saúde e Sexualidade 
do Escolar, de Daniel Cavarette Dziabas e Sybelle de Souza Castro Miranzi, 
disponível na internet.
No setor da saúde, há algumas décadas o Ministério da Saúde, em parceria com Esta-
dos e Municípios, vem realizando ações de educação em saúde voltadas aos adoles-
centes, buscando prevenir doenças e agravos de saúde, bem como fortalecer fatores 
protetores e minimizar fatores riscos (BRASIL, 1999).
A construção de uma agenda nacional para a promoção do desenvolvimento saudá-
vel da juventude foi proposta no documento “Saúde e desenvolvimento da juventude 
brasileira: construindo uma agenda nacional” (BRASIL, 1999). O quadro a seguir traz 
as principais ações previstas para o desenvolvimento da saúde dos jovens:
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SUMÁRIO
QUADRO 1 - AÇÕES PREVISTAS NA AGENDA NACIONAL PARA A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO 
SAUDÁVEL DA JUVENTUDE
Oferta de informação sobre saúde e educação sexual para o desenvolvimento das habilidades neces-
sárias para o jovem se manter saudável>
Proteção à saúde de adolescentes grávidas e de mães adolescentes e seus filhos>
Favorecimento do aleitamento materno de mães adolescentes no trabalho e na escola.
Favorecimento da permanência e a reintegração de pais adolescentes à escola.
Expansão do acesso aos serviços de saúde humanizados e receptivos às demandas específicas da 
população jovem.
Discussão na sociedade sobre o direito do adolescente ter acesso ao aconselhamento e aos insumos 
contraceptivos, bem como aos relativos à prevenção das DST/AIDS.
Reflexão e consequente ação contra o abuso sexual, a prostituição de menores e a violência domés-
tica.
Ambientes saudáveis de trabalho para a juventude, reduzindo os riscos das doenças profissionais.
Participação intensa da grande mídia no esforço de promover a saúde e o desenvolvimento da juven-
tude.
Implementação efetiva do Estatuto da Criança e do Adolescente, privilegiando sua proposta educa-
tiva e considerando o enfoque de gênero.
Fonte: BRASIL, 1999.
É importante comentar que, mesmo que a proposta não seja nova, ainda há muito 
por se fazer. Muitas das ações de prevenção e intervenções voltadas para a melhoria 
da saúde do adolescente ainda mantêm um foco estreito e desalinhado às principais 
necessidades dessa população (BRASIL, 1999). Com isso, os resultados nem sempre 
são promissores, e a eficácia e eficiência dos projetos são postos à prova.
O que já é reconhecido pelo senso comum e cada vez mais tem sido confirmado por 
estudos científicos é que alianças e parcerias são essenciais para a criação e desenvol-
vimento de ações que visem proteção de saúde, bem-estar e direitos da população.
Para dar conta das demandas atuais, Educação e Saúde devem auxiliar os adoles-
centes a organizar o pensamento, munindo-os de informações sérias e de qualidade, 
oferecendo-lhes condições de fazer suas escolhas pessoais de forma racional e de 
adotarem comportamentos conscientes e seguros (ROSISTOLATO, 2003).
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BIBLIOGRAFIA COMENTADA
Veja a seguir a indicação de uma obra que complementará seu conhecimento sobre 
os assuntos abordados na disciplina.
• PELICIONI, Maria Cecília Focesi; MIALHE, Fábio Luiz. Educação e promoção da 
saúde: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Santos, 2019. 
O livro “Educação e promoção da saúde: teoria e prática” apresenta variadas expe-
riências da atuação do setor de saúde em escolas, centros de referência e outros 
locais de trabalho. O capítulo 2, especificamente, traz o conceito de abordagem de 
settings para a saúde, aproximando o diálogo com a intersetorialidade, tão necessária 
nos projetos desta natureza. Trabalhar com as grandes estruturas sociais ou organiza-
cionais permite o maior alcance dos projetos a determinados grupos populacionais. 
Essa premissa aparece em boa parte dos relatos que o livro traz. Não deixe de conferir!
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SUMÁRIO
CONCLUSÃO
Nesta Unidade você estudou os conceitos de desenvolvimento social, educação, 
saúde e intersetorialidade. A partir de uma visão integrada, cada um dos conceitos 
foi apresentado de forma a propiciar compreensão de seus pontos-chave, visando 
favorecer a construção do conhecimento sobre como atuam esses diferentes setores.
Através de exemplos/cases, buscou-se propiciar a reflexão sobre a importância do 
trabalho integrado entre diferentes áreas, visando criar possibilidades reais de elabo-
ração e desenvolvimento de projetos que ultrapassem a visão e atuação fragmenta-
das em prol de abordagens que priorizam o trabalho conjunto e a gestão comparti-
lhada. 
A temática da sexualidade também foi abordada, ressaltando-se as múltiplas dimen-
sões existentes para a compreensão do tema. Chamou-se atenção da importância 
de se tratar as questões relacionadas à sexualidade nos âmbitos escolar e da saúde, 
de modo a oferecer aos jovens informações consistentes e programas que objeti-
vem a promoção do desenvolvimento dessa população. Em relação a essa temática, 
também foram mencionadas as articulações possíveis entre sexualidade, educação e 
saúde. A proposta foi oferecer uma visão geral de como essas áreas podem abordar o 
tema, tratando-o de forma séria e condizente com as demandas atuais apresentadas 
pelos jovens. 
Profissionais que atuam com a população jovem devem conhecer as diferentes 
abordagens que tratam da sexualidade. Essa é uma questão importante para que 
se conheça os comportamentos e demandas atuais apresentadas pelos jovens nos 
diferentes espaços de convivência, especialmente o escolar. Atuar compreendendo e 
respeitando essa diversidade pode significar a efetivação de experiências que favore-
cem o acolhimento, a empatia e o respeito, possibilitando criar condições para que a 
aprendizagem aconteça. 
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OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Identificar fatores históricos, 
sociais e culturais como 
constituintes do processo 
de formação da sexualidade 
humana.
> Articular o contexto 
histórico, cultural e social 
para compreender a 
concepção que diferentes 
sociedades têm sobre a 
sexualidade. 
> Examinar as implicações 
de alguns aspectos sociais, 
históricos e culturais na 
construção da sexualidade 
humana.
UNIDADE 2
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SUMÁRIO
2 A SEXUALIDADE COMO 
CONSTRUÇÃO SÓCIO-
HISTÓRICO-CULTURAL
Nesta Unidade você estudará sobre como as questões sociais, os momentos históri-
cos e as características da cultura compõem a construção da sexualidade humana. A 
proposta é pensar a sexualidade a partir de como ela é entendida e exercida em um 
dado momento histórico e em diferentes sociedades e culturas. Sendo uma cons-
trução sociocultural, a identidade de cada ser humano é moldada por aquilo que é 
transmitido em sua cultura e pelos valores adotados pela sociedade. Família, política, 
religião, escola e as mídias, em geral, transmitem as crenças, valores e ideologias que 
influenciam a forma de entender o que é permitido, aceitável, valorizado, em detri-
mento do que é perverso e inaceitável.
Essas formas de compreender o que é certo ou errado, do que é normal ou desviante 
molda atitudes e comportamentos. Refletir sobre as implicações destes condicio-
nantes se faz necessário, na medida em que pode significar condutas mais éticas e 
saudáveis, a partir do entendimento da sexualidade em suas múltiplas dimensões, 
promovendo o respeito e a valorização da diversidade.
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
O presente conteúdo foi elaborado com o objetivo de fornecer subsídios para se 
pensar a sexualidade a partir de questões que vão além da constituição do indivíduo 
em seu âmbito familiar. Pensando de forma macro, a unidade propõe analisar como 
a cultura, a sociedade e o tempo histórico são importantes marcadores para enten-
der as formas de agir e pensar sobre a sexualidade. Para isso, propõe refletir sobre por 
que algumas práticas são naturalizadas e difundidas em uma dada cultura, enquanto 
que em outra pode ser considerada abominável. 
Também chama atenção para o fato de que em cada momento histórico as visões 
sobre a sexualidade podem ser diferentes, influenciando as condutas, as ideologias e 
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os padrões de comportamento da sociedade. Para entender essa gama de influên-
cias, a Teoria Sociointeracionista do Desenvolvimento é apresentada, trazendo a apro-
priação que os indivíduos fazem de seus signos e códigos culturais como algo essen-
cial à constituição do ser humano, transformando-o em ser social. 
Por fim, algumas implicações sobre as questões sociais, culturais e históricas são 
discutidas, enfatizando a importância de se pensar o contexto atual para entender 
as formas de perceber e manifestar a sexualidade das crianças e dos jovens da atua-
lidade.
2.1 A SEXUALIDADE COMO CONSTRUÇÃO SÓCIO-
HISTÓRICO-CULTURAL 
O que você sabe sobre sexualidade? Quais são os tabus e curiosidades que cercam 
a temática da sexualidade? Quais manifestações da sexualidade você conhece e 
como você as enxerga? Falar de sexualidade nem sempre é fácil. Mesmo sendo um 
tema abordado nos livros, explorados pela dramaturgia e massivamente exposto pela 
mídia, ainda é cercado de mitos, medos e falta de informação qualificada. Viver a 
sexualidade, em suas diversas possibilidades de manifestação, é ainda mais compli-
cado, haja vista a dificuldade de se perceber a diferença entre sexo e sexualidade, e a 
crença de muitos em uma única forma “correta” de exercê-la.
Esses dilemas, presentes na vida de cada um de nós, têm relação com questões 
sociais, culturais e até mesmo históricas. Você já parou para pensar que muitas dessas 
questões que influenciam nossa forma de pensar, entender e manifestar a sexualida-
de têm raízes históricas? Que os padrões e normas, do que é aceito e do que não é, 
do que pode e do que não pode, do certo e do errado, são convenções sociais? Que 
em outras culturas o entendimento sobre a sexualidade é muito diferente da forma 
como a conhecemos? São essas questões que abordaremos nesta unidade. Venha 
conosco nesta viagem pelo conhecimento! 
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2.1.1 DIMENSÕES HISTÓRICO-SOCIAIS DA 
SEXUALIDADE
A sexualidade é uma construção histórico-social. A forma como a entendemos e a 
manifestamos passa necessariamente por questões históricas, e é permeada por 
convenções sociais. Isso quer dizer que este é um conceito que sofre variações e 
modificações em momentos e espaços históricos diferentes (COSTA et al., 2010) e, 
deste ponto de vista, o que hoje é considerado comum e aceitável pode não ter sido 
em outros momentos, assim como o que é condenado e mal visto em nossa socie-
dade pode ser encarado de uma forma totalmente diferente em outra sociedade ou 
cultura.
Antes de Freud desenvolver a Teoria Psicossexual do Desenvolvimento (FREUD, 
1905/1996), a manifestação da sexualidade desde a primeira infância era algo 
inconcebível. Freud adiciona o componente psíquico à sexualidade, antes 
vista apenas como fundamento biológico, anatômico e genital. Em sua teoria, 
a sexualidade manifesta-se desde os primeiros meses de vida do bebê e vai 
evoluindo ao longo dos anos de vida do ser humano. Para ele, sexualidade é a 
essência da atividade humana.
Outro exemplo vem da Grécia antiga e diz respeito à naturalidade com que a 
pederastia (relação sexual entre dois homens, um adulto e um jovem) era trata-
da. Característica dos períodos arcaico e clássico, essa prática acontecia como 
um ritual de iniciação ao que hoje se conhece como adolescência. Nos dias 
atuais, em nossa sociedade, essa prática seria denominada como pedofilia.
Salles e Cecarelli (2010) afirmam que a sexualidade é uma invenção da cultura 
ocidental, que criou esse dispositivo para lidar com as reinvindicações pulsionais. 
Esses discursos aparecem em momentos sócio-históricos específicos, na tentativa de 
normatizar as práticas sexuais de acordo com os valores e padrões da época. 
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Em cada tempo histórico, a moral vai criando tanto o discurso sobre a regulamenta-
ção da sexualidade quanto os dispositivos que buscam regulá-la, controlá-la, buscan-
do identificar e curar as manifestações desviantes.
FIGURA 6 - MECANISMOS CONDICIONANTES DA SEXUALIDADE
Fonte: Elaborada pela autora.
Assim, o que é aceito ou não em termos de sexualidade dentro de uma cultura ou 
sociedade varia de acordo com o momento histórico. A historicidade da sexualidade 
foi um tema estudado por Michel Foucault (1988), que menciona que:
Sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico: não a uma realidade 
subterrânea que se apreende com dificuldades, mas a grande rede de superfície em 
que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação do discurso, a 
formação do conhecimento, o reforço dos controles e das resistências encadeiam-se 
uns ao outros, segundo algumas grandes estratégias do saber e dos poderes (p. 100).
Como enfatizado por Foucault (1988), o poder e o controle são estratégias usadas 
quando se trata de sexualidade. Os discursos morais, biomédicos, religiosos e midiá-
ticos influenciam as ideias em tornodessa temática, ditando, muitas vezes, uma 
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(suposta) normalidade e condenando comportamentos e concepções que fogem a 
essa regra.
FIGURA 7 - ELEMENTOS QUE COMPÕE A CONCEPÇÃO SOBRE SEXUALIDADE
Fonte: Elaborada pela autora.
A visão médica sobre sexualidade vem da antiguidade. Manter relações sexuais prefe-
rencialmente no inverno era uma orientação de Pitágoras. Hipócrates recomendava a 
retenção do sêmen para que o corpo pudesse ter mais energia. O médico pessoal do 
Imperador Adriano de Éfaso instruía que o ato sexual deveria ocorrer exclusivamente 
para a procriação (SALLES E CECCARELLI, 2010). A partir do século XVII a preocupa-
ção médica foi direcionada para as relações sexuais precoces e para o controle de 
natalidade. 
Na religião, houve um negativismo em relação ao prazer sexual, tornando o sexo, 
inclusive dentro do casamento, um problema teológico. É deste período o início da 
valorização do celibato. Quando se examina os textos bíblicos, especialmente os do 
Gênesis, Salles e Cecarelli (2010) apontam a sexualização do pecado original. Como 
consequência, o desejo gerou fragilidade e culpa, que acabaram por exaltar a virgin-
dade. Vê-se, aqui, que mais uma vez o casamento não era altamente recomendado, 
já que se opunha à virgindade e poderia conduzir ao prazer sexual. Porém, mesmo 
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a castidade sendo valorizada, havia a necessidade de se regulamentar o sexo para a 
procriação, e foi aí que o casamento assumiu este lugar. 
O casamento é inferior à virgindade, e não sendo para a procriação, não há 
justificativa para o ato carnal. O melhor seria a continência absoluta. Não se 
podendo alcançá-la, aprisiona-se o desejo no casamento (SALLES. CECCAREL-
LI, 2010, p. 3).
Com o passar do tempo, ainda no discurso religioso e agora apoiado pelo discur-
so médico, surge a ideia de “coito natural”, dando origem à separação das práticas 
sexuais em “normais”, voltadas à procriação, e “anormais”, que se referiam às práticas 
infecundas.
FIGURA 8 - DESCRIÇÃO DE PRÁTICAS SEXUAIS NORMAIS E ANORMAIS A PARTIR DA IDEIA 
DO “COITO NATURAL”
Fonte: Elaborada pela autora.
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Até a década de 1990 a homossexualidade ainda era diagnosticada como 
perversão ou distúrbio sexual pelo discurso médico no Brasil. Curioso pensar 
que a homossexualidade era vista por muitos profissionais da medicina como 
uma doença que deveria ser tratada, embora já não constasse mais nos manuais 
médicos desde 17 de maio de 1990, quando a Organização Mundial de Saúde 
(OMS, 1996) a descaracterizou como doença.
Já o discurso midiático, impulsionado pela globalização e pelo alcance dos meios 
de comunicação de massa, apresenta a sexualidade muitas vezes sem filtro, expon-
do-a massivamente em programas de entretenimento e peças publicitárias. Se, por 
um lado, a sexualidade é exposta como algo que está ali e que pode ser explorada 
de forma sadia e segura, por outro, a mídia nem sempre oferece suporte de como 
isso pode ser feito pela criança ou pelo jovem. Ou seja, muitas vezes as informações 
de qualidade ou suporte para que a criança ou o jovem possam buscar exercer essa 
sexualidade dentro do que pode ser considerado sadio para cada faixa etária não é 
visto ou é pouco explorado pela grande comunicação de massa.
O que se percebe ao identificar como a sexualidade é entendida em cada sociedade 
é que em cada momento histórico ela é apresentada a partir das concepções normal 
versus anormal. Se pensarmos na ideia muitas vezes concebida de sexualidade restri-
ta ao ato sexual, ao coito, é possível perceber que em dado momento histórico, ou a 
partir de determinada concepção religiosa, ela tinha (ou tem) um caráter ligado pura-
mente à reprodução, não dando lugar às reflexões sobre a possibilidade do prazer 
sexual e do exercício do que hoje se conhece como sexo lúdico ou recreativo, que 
é o sexo sem qualquer intenção procriativa, feito por prazer e divertimento. Levan-
do-se em conta a ideia do sexo como ato sexual, percebe-se que qualquer forma 
de sexualidade que não seja vinculada à reprodução é considerada perversão, e o 
que não responde aos critérios socialmente estabelecidos ameaçam a ordem vigen-
te (SALLES; CECCARELLI, 2010).
Da mesma forma que a concepção de sexualidade pode ser restrita ou não à procria-
ção, a heteronormatividade, outro assunto da sexualidade, também pode ser creditada 
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ou valorizada em um período ou uma sociedade, enquanto em outros períodos ou 
sociedade os comportamentos hostis à toda forma de variação dessa perspectiva 
podem legitimar o preconceito, a intolerância e a violência. Neste último cenário, não 
há muito espaço para se pensar a homossexualidade, a bissexualidade, a transgeneri-
dade ou outras variações como possíveis em indivíduos “normais” e “saudáveis”.
Bissexualidade: orientação sexual definida pela capacidade de atração física, 
estética e/ou emocional por pessoas de ambos os sexos ou gêneros.
Heteronormatividade: palavra derivada do grego hetero (diferente) e norma, 
do latim. É um termo que define que somente relacionamentos heterossexuais 
(entre pessoas de sexos opostos) são corretos e normais. Deste modo, as situa-
ções nas quais a orientação sexual não é heterossexual são excluídas, ignoradas, 
perseguidas ou marginalizadas por meio de práticas sociais, políticas e crenças 
ideológicas/religiosas. 
Homossexualidade: orientação sexual definida pela capacidade de atração físi-
ca, estética e/ou emocional por pessoas do mesmo sexo ou gênero.
Transgeneridade: refere-se a pessoas transgênero, que têm uma identidade de 
gênero diferente do seu sexo biológico.
Foucault (1988) chama atenção para o fato de na atualidade ainda haver resquí-
cios de concepções sobre sexualidade que circulavam em outros séculos. A ideia já 
mencionada da redução da sexualidade à função reprodutiva, heterossexual e adulta, 
por exemplo, data do século XIX. Nesta perspectiva, vê-se que todas as outras formas 
de exercer a sexualidade, que fogem a essas normas, são consideradas “anormais”, 
“desviantes” ou “periféricas”. Estas, por consequência, tendem a ser negadas e margi-
nalizadas. 
É importante perceber que, enquanto construção social, a forma como entendemos 
e vivemos a sexualidade é produzida na família, no convívio social, nas instâncias 
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religiosas e também na escola. São essas instituições que transmitem as regras, 
normas e condutas que são estipuladas como aceitas e não aceitas pela nossa socie-
dade (LOURO, 2000), contribuindo para a formação de nossas crenças e valores, e 
atuando sobre nosso comportamento. Para o sujeito em construção, estes valores 
funcionam como suportes de identificação com a cultura a qual se faz parte (SALLES; 
CECCARELLI, 2010).
A teoria Sociointeracionista do Desenvolvimento, também conhecida como Sócio-
-Histórica ou Sociocultural, de Lev. S. Vygotsky (1991), nos auxilia a compreender 
como esses processos de interiorização das regras, normas e convenções da cultura 
se dão. Na teoria vygotskyana, acredita-se que o homem, sujeito biológico, conver-
te-se em sujeito social na medida em que interage com o meio que o cerca. Desta 
perspectiva, considera-se que a formação do homem sedá primeiramente em um 
nível social, no processo de internalização dos signos, como a língua e os códigos de 
comunicação, conduta, normas e padrões da cultura, para somente depois se consti-
tuir no nível individual. 
Assim, a formação e o desenvolvimento humano são entendidos nas dimensões 
sociais, culturais e políticas, e estes aspectos são determinantes para a construção da 
sexualidade, constituindo suas particularidades, noções e manifestações. Podemos 
afirmar que este processo acontece desde a mais tenra idade, na primeira infância, 
momento no qual o bebê já se encontra rodeado de informações e conhecimentos 
que lhe serão transmitidos ao longo de toda a sua vida. Com a mudança de contex-
to, cultura e fatos históricos, essas informações e conhecimentos são remodelados, 
modificando a consciência e o comportamento do ser humano (MEIRA; SANTANA, 
2014).
Tendo isso em vista, pode-se pensar que, como cada ser humano carrega um saber 
social e historicamente construído, tudo o que é internalizado se relaciona com as 
transformações do mundo, criando novos conhecimentos e estabelecendo diferen-
tes significados e conceitos (MEIRA; SANTANA, 2014). É por conta destes fatores que 
muitas vezes as ideias e comportamentos acerca da sexualidade diferem muito de 
lugar para lugar e de tempos em tempos, sendo às vezes mais libertárias e, em outras, 
mais tradicionais ou repressivas.
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A sexualidade adolescente na década de 1990 era vista como uma força impul-
sionadora sobre a qual o jovem não tinha controle. Influenciada por concepções 
e ideologias conservadoras, como demonstrado no filme Kids, de 1995 (GIROUX, 
1996), o comportamento adolescente, especialmente no que se referia à sexua-
lidade, era algo fora de controle, que exigia restrição, vigilância e outras formas 
de poder disciplinar. Movido pelo impulso, o jovem fazia sexo desprotegido e 
se expunha às doenças e gravidez não desejada. Na atualidade, com as novas 
configurações familiares e as novas formas de parentalidade, percebe-se uma 
autonomia maior do jovem em relação a estes aspectos. Hoje a questão da 
sexualidade é encarada de uma outra forma por algumas famílias, que permi-
tem que o(a) filho(a) durma em casa com o(a) namorado(a), que conversam 
sobre contracepção, por exemplo.
Parentalidade: processo de construção da relação dos pais com os filhos.
Pelo exposto, fica evidente que tanto o acesso quanto a construção do conhecimento, 
assim como os preconceitos, curiosidades e tabus acerca da sexualidade, são deter-
minados por contextos específicos ao longo da história de cada um. Na perspectiva 
sócio-histórica, é a partir das interações sociais e pelas aprendizagens dos discursos e 
conhecimentos (historicamente construídos) que a formação, posição e atuação no 
campo da sexualidade será delineada (MEIRA; SANTANA, 2014). 
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2.1.2 IMPLICAÇÕES DE ALGUNS ASPECTOS SOCIAIS, 
HISTÓRICOS E CULTURAIS NA CONSTRUÇÃO DA 
SEXUALIDADE HUMANA
Como você já viu, a sexualidade incorpora aspectos históricos, culturais e sociais que 
constituem a forma como a entendemos e as experienciamos. Os condicionantes 
históricos, as ideologias presentes na sociedade em que vivemos, a configuração e 
as formas de educação recebidas na família, o exercício da religiosidade, a forma 
como a escola entende e aborda a temática, a política e os recursos midiáticos, entre 
outras instâncias, propagam discursos e formas de pensar a sexualidade, conferindo-
-lhe status (aceitável x não aceitável), valores (bom x mau) e normatividade (normal 
x anormal).
FIGURA 9 - ASPECTOS QUE TRAZEM IMPLICAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DA 
SEXUALIDADE
Fonte: Elaborada pela autora.
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Um exemplo da infiltração do religioso no imaginário das pessoas é a questão 
da esterilidade, que até o século XI era um indicador de alguma forma de impu-
reza entre o casal. Nas mulheres bonitas, era um castigo de Deus, e nas feias, era 
um castigo pela inveja que sentiam das bonitas (DEL PRIORE, 2001).
A posição durante o ato sexual, a passividade da mulher, a condenação pela busca 
pelo prazer, a luxúria, toda essa influência histórica e religiosa recaem sobre os indi-
víduos que compõem a sociedade, sua personalidade e a construção de sua história 
enquanto sujeito. Assim, a forma como absorvemos/introjetamos essas questões vai 
ser determinante na forma como vemos, pensamos e agimos frente à sexualidade. A 
sexualidade legítima no seio da família, com a finalidade de procriação, ainda hoje é 
defendida em alguns discursos.
Pense na sua experiência pessoal e em como essas influências fizeram (e fazem) parte 
de quem você é hoje. Será que se você tivesse nascido em outra época ou em outra 
cultura sua forma de agir e pensar sobre a sexualidade seria diferente? É bem prová-
vel que a resposta seja sim! Essa reflexão talvez auxilie você a compreender como 
muitas vezes parece difícil para os pais e familiares compreenderem os padrões e 
costumes dos dias de hoje. Muita coisa mudou desde o tempo em que eles eram 
mais jovens, não é mesmo? Agora, pense nas crianças de hoje, na forma como elas 
aprendem, como acessam a informação e no modo como vivem suas experiências. 
Como será que elas estão construindo sua sexualidade? O que será que têm absorvi-
do e introjetado?
O exercício de refletir na experiência da criança de hoje tem um motivo bem simples 
e especial: são essas crianças que estarão em contato com você, futuro professor, nas 
salas de aula daqui a algum tempo! O que isso quer dizer? Ora, que as questões que 
se vivencia atualmente na sociedade, a forma como concebemos a sexualidade, a 
maneira como nossa cultura a manifesta (ou aceita suas manifestações) serão deter-
minantes na formação destes sujeitos. 
Para tentar compreender o que isso pode significar e entender suas possíveis 
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implicações, basta que você pense nos discursos e ideias hoje em voga sobre sexuali-
dade. Como você tem encarado os debates atuais que envolvem essa temática?
A sexualidade ainda tem sido vista e analisada sobre perspectivas equivocadas 
na atualidade. Apesar de alguns avanços, elementos de uma cultura repressiva 
ainda pairam nos discursos familiares, religiosos e políticos. Essas questões são 
discutidas por Dinis e Luz (2007), que abordam a necessidade de uma recon-
figuração na forma de analisar a sexualidade e de se oferecer uma educação 
sexual. Por isso, caso queira se aprofundar neste tema, você pode ler o artigo 
“Educação sexual na perspectiva histórico-cultural” destes autores, disponível na 
internet. O artigo foi publicado em 2007 na revista Educar.
As tensões vividas no passado e no presente, muitas vezes associadas aos posicio-
namentos de líderes religiosos e políticos, absorvidos e propagados por algumas 
famílias, ocasionam, de alguma forma, medo, insegurança e desinformação para as 
pessoas. Se pensarmos nas crianças e jovens que, naturalmente, devido ao desenvol-
vimento, têm curiosidades e desejam saber mais sobre essa temática, faz-se impor-
tante responsabilizar-se pelo que se dissemina e pela forma como se expressa atitu-
des e comportamentos. Silenciar as dúvidas e negar a existência da diversidade não 
é benéfico para a construção da sexualidade. Foucault (1988) critica esse posiciona-
mento. Colocar em debate temas, como gênero, corpo, sexualidade, é essencialpara 
uma abordagem que se pressupõe séria (SANTOS; SOUZA, 2015).
Quer queiramos, quer não, no mundo em que vivemos, surgem outras formas 
de relação entre os sexos, novas modalidades de aliança e filiação, visíveis e 
legalizadas. Homoerotismo, homoafetividade e homoparentalidade estão aí 
e dirigem várias perguntas a nós e a nossos modelos. Pessoas do mesmo sexo 
podem casar-se, e casais homoafetivos podem adotar crianças. O mundo se 
transforma e se organiza (NETTO, 2018, p. 213).
As questões debatidas fazem parte da dimensão do ser humano, portanto, obriga-
toriamente, convivemos com elas. Como sujeitos histórico-sociais, construímos nossa 
identidade na relação com o outro, e é desta maneira que aprendemos a perceber, 
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entender e vivenciar as múltiplas formas e dimensões da sexualidade (DINIS; LUZ, 
2007).
CONCLUSÃO 
Nesta unidade você estudou sobre como as questões históricas, culturais e sociais 
podem influenciar a construção da sexualidade humana. Tendo como perspectiva 
a sexualidade em suas múltiplas dimensões e manifestações, foram apresentados 
exemplos de como uma prática ou concepção pode ser aceita e valorizada em uma 
sociedade e condenada em outra.
A partir dos condicionantes históricos e culturais foi possível analisar como família, 
igreja, política, escola e mídia colaboram para difundir ideias, crenças e padrões espe-
rados pela sociedade, determinando o que é “normal” e “anormal”, “próprio” e “impró-
prio”, “aceitável” ou “inaceitável”. Esses padrões moldam a forma de pensar e viver das 
pessoas que fazem parte da sociedade, influenciando suas condutas e comporta-
mentos.
Tais condicionantes inevitavelmente acarretam algumas implicações para a cons-
trução da sexualidade dos indivíduos, por isso, alguns aspectos sociais, históricos e 
culturais foram estudados sob essa ótica, objetivando uma abordagem plural, que 
considera a diversidade como natural ao desenvolvimento humano. Deste ponto de 
vista, foi possível compreender a importância de se considerar a sexualidade como 
uma construção múltipla e diversa, superando concepções restritas e conservadoras.
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SUMÁRIO
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Recordar que a sexualidade é 
manifesta desde a primeira infância 
e evolui ao longo da vida do ser 
humano.
> Identificar as fases do 
desenvolvimento psicossexual e as 
manifestações da sexualidade na 
infância e adolescência.
> Avaliar as implicações de alguns 
aspectos sociais, históricos 
e culturais na construção da 
sexualidade humana.
> Valorizar o papel da escola para 
a promoção de ações voltadas 
à consciência sobre a saúde e à 
construção da identidade sexual 
saudável.
UNIDADE 3
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3 SEXUALIDADES: NÍVEL 
BIOLÓGICO E PSICOSSEXUAL 
E SUAS MANIFESTAÇÕES NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
Nesta unidade você irá estudar sobre a sexualidade em seus níveis biológico e psicos-
sexual, entendendo-a a partir do ponto de vista do crescimento e desenvolvimento, 
mas também como algo construído ao longo da história de um indivíduo. Como 
uma construção histórico-social, a sexualidade é influenciada por questões sociais, 
políticas, religiosas e culturais, moldando a forma de pensá-la e exercê-la durante a 
vida. Essas manifestações estão presentes desde a infância, e é objetivo desta unida-
de abordar a Teoria Psicossexual do Desenvolvimento, apresentando a característi-
ca de cada fase de vida e suas manifestações, desde o período pós-nascimento até 
a entrada na vida adulta. Também serão abordados os problemas de saúde mais 
prevalentes na infância e adolescência, e seus condicionantes socioeconômicos e de 
estilo de vida, assim como o papel da escola na promoção de ações que favoreçam a 
consciência sobre os direitos relacionados à saúde e à construção de uma identidade 
sexual saudável.
Contamos com você nesta viagem pelo conhecimento!
INTRODUÇÃO
O presente conteúdo foi elaborado com o objetivo de apresentar a sexualidade em 
seus níveis biológico e psicossexual. A partir do estudo do crescimento orgânico e 
do desenvolvimento das funções do corpo, serão também abordados outros fato-
res, como os psicológicos, que influenciam as formas de se entender e manifestar a 
sexualidade ao longo da vida. 
A base para a construção da noção de sexualidade a partir da infância se dará pelo 
estudo da Teoria Psicossexual do Desenvolvimento, proposta por Freud, que apresenta 
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diferentes fases pelas quais cada indivíduo passa no processo de construção da sua 
identidade sexual. 
Em seguida, serão apresentados os principais problemas de saúde na infância e 
adolescência, e seus condicionantes socioeconômicos e de estilo de vida, trazendo a 
importância da atenção integral à saúde, especialmente no período da adolescência, 
fase em que os jovens estão mais vulneráveis a comportamentos de risco e expostos 
a diferentes tipos de violência. 
Por fim, será abordado o papel da escola como instituição capaz de oferecer infor-
mação de qualidade para que crianças e jovens desenvolvam sua sexualidade de 
forma saudável e aprendam sobre seus direitos em relação à prevenção, promoção e 
melhoria das condições de saúde.
3.1 SEXUALIDADES: NÍVEL BIOLÓGICO E 
PSICOSSEXUAL E SUAS MANIFESTAÇÕES NA 
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA 
Sexualidade é um conceito amplo, que vai para além da questão do sexo, do ato 
sexual, da reprodução. É uma construção sócio-histórico-cultural que constitui a iden-
tidade de cada um de nós e se manifesta durante toda a nossa vida. Para além do 
corpo, que se transforma e possibilita o desempenho de diferentes funções ao longo 
do desenvolvimento, apresenta componentes psíquicos, que atuam sobre nossa 
forma de ver, entender e viver as relações entre homens e mulheres, a orientação do 
desejo, as questões relacionadas à saúde, dentre outras tantas que fazem parte do 
nosso cotidiano. A sexualidade influencia a saúde física e mental, assim como nossos 
pensamentos, sentimentos, ações e interações (OMS, 1975 apud EGYPTO, 2003). A 
manifestação dessas vivências, tanto na infância quanto na adolescência, tem sido 
estudada há muitos anos e são essas questões que serão abordadas nessa unidade.
Vamos juntos nessa descoberta?
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
3.1.1 SEXUALIDADE INFANTIL: A CRIANÇA COMO SER 
SEXUAL
O que você pensa sobre a ideia de a criança manifestar sexualidade desde a mais 
tenra idade? Será que é mesmo possível sentir prazer na infância? A partir de que 
idade isso ocorre? 
Essas questões até hoje provocam espanto e indignação em muita gente! Imaginar 
que o bebê ou a criança apresenta comportamento sexual é algo impensável para 
grande parte das pessoas. Em 1915/16, na XX Conferência de Viena, Sigmund Freud 
falou, pela primeira vez, sobre essas ideias. Em seu discurso sobre a vida sexual dos 
seres humanos, ele afirmou que a sexualidade está presente desde a infância, sendo 
uma energia que move o desenvolvimento.
Na época, tudo aquilo que se referia ao tema era considerado impróprio, por isso 
não deveria ser debatido. Então, ao proferir suas ideias, Freud chocou a sociedade 
da época, contrariando a ideia da sexualidade como instinto, que surgiria a partir da 
puberdade, período em que se iniciaria a maturação

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