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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 10 – É couve-flor? 1) ENTENDER A FISIOPATOLOGIA DA ENDOCARDITE (AGENTE ETIOLÓGICO, COMPLICAÇÕES, QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO. → A endocardite infecciosa (EI) é uma infecção séria e potencialmente fatal da superfície interna do coração, o endocárdio. → O endocárdio é a camada mais interna do coração que também reveste as valvas e é contínuo com o revestimento dos vasos sanguíneos que entram e saem do coração. → É caracterizada pela por uma infecção microbiana das valvas cardíacas ou do endocárdio mural, que leva à formação de vegetações volumosas, compostas de fragmentos trombóticos e organismos, associados à destruição dos tecidos cardíacos adjacentes. → As causas mais comuns são prolapso de valva mitral, cardiopatia congênita, próteses valvares e dispositivos implantáveis, como marca-passos e desfibriladores. → A predisposição resulta da presença de fatores do hospedeiro, como neutropenia, imunodeficiência, malignidade, imunossupressão terapêutica, diabetes, consumo de álcool ou uso de medicamentos e drogas intravenosos. ❖ ETIOGÊNESE E PATOGÊNESE → As infecções estafilocócicas (cachos de uva) tornaram-se a causa líder de EI, sendo os estreptococos e os enterococos as duas outras causas mais comuns. → Outros agentes causais incluem o grupo denominado HACEK (espécies de Haemophilus, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella kingae), os bacilos Gram-negativos e os fungos. → Os agentes causais diferem razoavelmente quanto aos principais grupos de alto risco: ✓ Staphylococcus aureus é o principal agente agressor em usuários de drogas intravenosas. ✓ Staphylococcus epidermidis (coagulase-negativos) é o agente da EI em próteses valvares. Além disso, foi associado à contaminação em dispositivos implantáveis e a infecções relacionadas ao atendimento de saúde. → O principal fator causador de EI é a contaminação do sangue por microrganismos, dessa forma a porta de entrada para a corrente sanguínea pode ser uma infecção manifesta: ✓ Um procedimento odontológico ou cirúrgico que causa bacteremia transitória; ✓ A infeção de uma substância contaminada diretamente no sangue de usuários de drogas intravenosas; ✓ Presença de uma fonte oculta na cavidade oral ou no intestino. → O desenvolvimento da EI, geralmente, segue uma sequência: 1) Lesão endocárdica: primeiramente, terá uma lesão endotelial, é mais comum de acontecer onde há turbilhonamento de fluxo, como em pacientes que tenham os seguintes fatores de risco: nos países ricos a cirurgia valvar, nos países pobres a FR, além desses, terá as valvopatias (estenose e insuficiência) dispositivo intracardíaco, prótese valvar, EI prévia e cardiopatia congênita. 2) Agregação de plaquetas e fibrina: essa lesão vai ocasionar na Endocardite Trombótica não Bacteriana (ETNB), vão formar trombos de fibrina sem bactéria ao longo do revestimento endotelial, uma vez que teve lesão e é necessária uma “cicatrização”, já que vai ativar uma cascata de coagulação. 3) Bacteremia transitória: eventualmente podem surgir as bactérias, devido as causas já citadas, com isso, elas podem encontrar a ETNB, que é suscetível à contaminação bacteriana. 4) Colonização e formação de biofilme: após a bactéria encontrar a ETNB, irá causar a ativação contínua de monócitos e produção de citocinas e fatores teciduais. Isso resulta em um aumento progressivo das formações vegetativas valvares infectadas. A partir daí tem-se a endocardite infecciosa. → Tanto no tipo agudo quanto no subagudo da EI, ocorre a formação de lesões vegetativas friáveis (fragmenta facilmente), volumosas e potencialmente destrutivas nas valvas cardíacas. → Os pontos de infecção mais comuns são nas valvas aórtica e mitral, ainda que o lado direito do coração possa estar APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 envolvido, particularmente em usuários de drogas intravenosas. → As lesões vegetativas são compostas por uma coleção de organismos infecciosos e resíduos celulares, entremeada aos filamentos de fibrina do sangue coagulado. → Elas podem ser únicas ou múltiplas, crescendo até alcançar muitos cm, e em geral, são encontradas frouxamente unidas às bordas livres da superfície valvar. ❖ QUADRO CLÍNICO → Quanto à clínica, a EI é tradicionalmente classificada nos tipos agudo ou subagudo-crônico, dependendo do início, da etiologia e da gravidade da doença. → Em geral, o início dos casos agudos envolve pacientes com valvas cardíacas normais, sadias ou que, eventualmente, apresentam histórico de uso de medicamentos ou drogas intravenosas, ou que se encontram debilitadas. → Os casos subagudos-crônicos envolvem pacientes comumente portadores de anormalidades valvares. → O desenvolvimento de cepas de microrganismos resistentes a medicamentos, devido ao uso indiscriminado de antibióticos e do aumento da população de imunocomprometidos, dificulta a classificação dos casos agudos e subagudos-crônicos. → Em mais de 80% dos casos, o período de incubação até o início dos sintomas é de aproximadamente 2 semanas ou menos. → Os sintomas iniciais podem incluir febre (90%) e sinais de infecção sistêmica, sopro cardíaco (85%) e evidencias de distribuição embólica das lesões vegetativas. ✓ EI AGUDA: ▪ Acontece em dias; ▪ A febre normalmente apresenta picos e é acompanhada por calafrios; ✓ EI SUBAGUDA: é muito mais comum. ▪ Acontece em semanas/meses; ▪ A febre em geral é de grau baixo, com início gradual e frequentemente acompanhada de outros sinais sistêmicos de inflamação, esplenomegalia, anorexia, mal-estar e letargia; → O paciente pode apresentar também fenômenos imunológicos, que é basicamente quando as bactérias que estão no endocárdio causam fenômenos de reações imunológicas, que levam as lesões de pele, como: ✓ Nódulos de Osler: São pequenos, tamanho de ervilha, doloridos na palma da mão (mais comum) ou planta do pé. ✓ Lesões de Janeway: lesões eritematosas indolores na palma das mãos ou na sola dos pés. Não dói. → Um outro achado que é de fundo de olho chamado Manchas de Roth: os microêmbolos podem dar origem a hemorragias retinianas, e também a petéquias, hemorragias no leito ungueal (hemorragias de Splinter), quando os êmbolos de alojam nos vasos de pequenos calibres da pele. Há também a Hemorragia conjuntival. ❖ COMPLICAÇÕES → Os pontos infecciosos liberam continuamente bactérias na corrente sanguínea e são uma fonte de bacteremia persistente, desse modo, à medida que aumentam, as lesões causam destruição da valva, levando à regurgitação valvar e a abscessos anelares, com bloqueio cardíaco, pericardite, aneurisma e perfuração da valva. → A complicação cardíaca mais comum é a ICC, associado à insuficiência valvar que causa regurgitação, o que leva ao aumento da pressão cavitaria e IC. → A organização frouxa das lesões vegetativas intracardíacas possibilita que os organismos e fragmentos da lesão formem êmbolos, os quais são levados pela corrente sanguínea e causam embolia cerebral, sistêmica e pulmonar. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 → Tosse, dispneia, artralgia ou artrite, diarreia e dor abdominal ou no flanco podem ocorrer como resultado da embolia sistêmica. → Os fragmentos podem se alojar em vasos de pequeno calibre, causando hemorragias de pequeno porte, abscessos e infarto tecidual. → A bacteremia também pode iniciar respostas imunes supostamente responsáveis por manifestações cutâneas, poliartrite, glomerulonefrite e outros distúrbiosimunes. ❖ DIAGNÓSTICO → O diagnóstico de EI não pode ser obtido com um único exame, e inclui a consideração das características clínicas, laboratoriais e ecocardiográficas. → Os Critérios de Duke fornecem aos profissionais de saúde uma avaliação padronizada de pacientes com suspeita de EI, a qual integra evidências de infecção em hemoculturas, achados cardiográficos, sintomas e sinais clínicos e informações laboratoriais. ✓ A hemocultura permanece como procedimento diagnóstico mais definitivo e essencial para direcionar o tratamento. 3 amostras devem ser colhidas antes do início do tratamento. É para as seguintes bactérias mais comuns: ▪ Streptoccus viridans; * ▪ Staphylococcus aureus; * ▪ Streptoccus gallolyticus (S. bovis); * ▪ Grupo HACEK; ▪ Enterococus sp.* ✓ O ecocardiograma é a técnica primária para detecção de formações vegetativas e complicações cardíacas resultantes da EI (abscesso e deiscência - sai do seu lugar adequado - de prótese), constituindo uma ferramenta importante no diagnóstico e no tratamento da doença. É recomendado para todos com suspeita de EI. ✓ A predisposição são os fatores de risco = EI prévia, drogas, dispositivos; ✓ Os imunológicos = glomerulonefrite, Manchas de Roth, Nódulos de Osle, aumento do fator reumatoide, etc; ✓ A febre acima de 38ºC; ✓ Os embólicos consistem nos fenômenos vasculares = embolia séptica, hemorragia conjuntival, lesões de Janeway e hemorragias de Splinter. ✓ Os microrganismos atípicos consistem nas hemoculturas positivas que não atendem aos critérios maiores ou evidências sorológicas de infecção ativa consistente com endocardite → Os casos são classificados como: ✓ EI DEFINITIVA: 2M ou 1M + 3m ou 5m; ✓ EI POSSÍVEL: 1M + 1m ou 3m; ✓ O diagnóstico de EI é rejeitado quando um diagnóstico alternativo é obtido, a infecção é resolvida com tratamento antibiótico por até 4 dias, ou faltam evidências histológicas de infecção. → Outros exames: ✓ Eletrocardiograma: a presença de sinais de isquemia cardíaca sugere a presença de um êmbolo na circulação coronariana. ✓ RX de tórax: pode auxiliar o diagnóstico. Por exemplo, pacientes com endocardite na valva tricúspide apresentam na radiografia evidências de um êmbolo pulmonar. ❖ PROFILAXIA E TRATAMENTO → Tem por objetivo: ✓ Identificar e eliminar o microrganismo causal; ✓ Minimizar os efeitos cardíacos residuais; ✓ Tratar o efeito patológico da embolia. → A escolha da terapia antimicrobiana depende do organismo cultivado e da sua ocorrência em uma valva nativa ou prótese valvar. → Além de antibioticoterapia, a cirurgia pode ser necessária em casos de infecção sem resolução, insuficiência cardíaca grave e embolia significativa. → As recomendações atuais concluem que apenas uma quantidade muito pequena de casos de EI pode ser prevenida com profilaxia antibiótica em procedimentos odontológicos. → Assim sendo, a profilaxia é recomendada apenas para pessoas com EI anterior, cardiopatia congênita (como cardiopatia coronariana cianótica não reparada, reparada com C ultura positiva E co S opro novo MAIORES MENORES P redisposição I munológicos; F ebre E mbólico M icroog. Atípicos APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 prótese ou com defeitos residuais), prótese valvar e transplante de coração, que desenvolvem valvopatia cardíaca. → ENDOCARDITE SUBAGUDA: Em pacientes que não apresentam um quadro agudo, o tratamento empírico nem sempre é necessário, e pode-se esperar o resultado das hemoculturas. O esquema recomendado é Ampicilina + gentamicina em dose única diária. → ENDOCARDITE AGUDA: Nos pacientes agudos, o tratamento deve ser empírico e iniciado logo após a coleta das amostras para hemocultura. Deve-se utilizar antibióticos que cubram estafilococos, estreptococos e enterococos. Vancomicina é uma escolha apropriada, podendo estar associada a oxacilina, nos casos de endocardite em válvula nativa. → Em válvula protética, a vancomicina pode ser associada a gentamicina e meropenem. → Após o início da antibioticoterapia, deve-se colher nova hemocultura 2) DESCREVER AS REDES DE ATENÇÃO DE SAÚDE DA ZONA RURAL → Resultados de pesquisa evidenciam modos heterogêneos de organizar o cuidado à população rural em municípios das regiões Norte e Nordeste de Minas Gerais. → A existência de pontos de apoio nas áreas rurais aparece como importante estratégia para ampliar o acesso da população rural a ações ofertadas na APS, embora, em algumas realidades, sua estrutura e seu funcionamento sejam insuficientes ou inadequados para atender às necessidades. → Observa-se um investimento das equipes para estarem nos territórios rurais, por meio de consultas, visitas domiciliares e ampliação de acesso a determinados procedimentos. Entretanto, grupos de saúde são predominantemente realizados na UBS da cidade. → Limitações para deslocamento tornam-se uma importante questão tanto para as equipes chegarem aos territórios rurais quanto para a população rural acessar ações e serviços de saúde restritos à área urbana. → Cabe destacar, por um lado, o uso de critérios clínicos pelas equipes para definir prioridades de atendimento nas áreas rurais e, por outro, o ônus físico e financeiro imputado à população rural para se deslocarem até a cidade e acessar serviços de saúde. → Além disso, é importante destacar os movimentos inventivos que marcam o trabalho do ACS da zona rural, profissional que representa uma personificação do acesso à saúde para as comunidades rurais e que dinamiza as lógicas de funcionamento do transporte e da UBS para potencializar o atendimento às necessidades da comunidade. → O ACS em zonas rurais revela quão mais potente se torna o cuidado à saúde quando o que o orienta são mais as necessidades singulares das pessoas do que as normas instituídas para o seu funcionamento. REFERÊNCIAS • NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. • KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. • SOARES, Amanda Nathale et al. Cuidado em saúde às populações rurais: perspectivas e práticas de agentes comunitários de saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 30, 2020.
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