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O crescimento em bactérias é frequentemente considerado em dois níveis, a saber: individual e populacional. O crescimento é um somatório dos processos metabólicos progressivos, que normalmente conduz à divisão (reprodução) com concomitante produção de duas células-filha a partir de uma. A grande maioria, de fato, divide-se dando origem a duas células- filha iguais (divisão binária), embora algumas espécies formem brotos que crescem até atingir o tamanho da célula-mãe e, então, destacam-se. Curva de Crescimento Embora as bactérias desenvolvam-se bem em meios de cultura sólidos, os estudos de crescimento são feitos essencialmente em meios líquidos. Quando uma determinada bactéria é semeada num meio líquido de composição apropriada e incubada em temperatura adequada, o seu crescimento segue uma curva definida e característica. A curva de crescimento pode ser arbitrariamente dividida em quatro fases: a) Fase de lag, durante a qual praticamente não ocorre divisão celular, porém há aumento de massa. b) Fase logarítmica, na qual ocorre divisão regular numa velocidade máxima e constante. c) Fase estacionária, durante a qual a velocidade de multiplicação diminui gradualmente, até que se anule. O número de bactérias presentes, por unidade de volume, permanece constante por um tempo determinado. Durante essa fase, o número de bactérias novas que se formam contrabalança com o número daquelas que estão morrendo. d) Fase de declínio, em que os micro-organismos gradualmente diminuem em número até que a cultura se torne estéril, ou seja, todos os micro-organismos morrem. Fase de lag A fase de lag pode ou não existir, dependendo de certos fatores. Tende a ser longa quando o inóculo é pequeno ou provém de uma cultura velha ou quando o meio e a temperatura de incubação são menos favoráveis (não correspondem aos ótimos). Em condições favoráveis, a fase de lag tende a ser menor. Entretanto, o fator determinante é o estágio do crescimento em que se encontra a cultura da qual provém o inóculo. Organismos provenientes de uma cultura em fase de lag, estacionária ou de declínio demoram algum tempo para iniciar a multiplicação, quando inoculados em meio novo, enquanto organismos originados de uma cultura em fase logarítmica não apresentam lag, mas, ao contrário, continuam a se multiplicar na mesma velocidade de crescimento do meio anterior, pelo menos quando o meio novo é igual ou similar ao meio prévio. A fase de lag é considerada um período de adaptação no qual a atividade enzimática múltipla da célula, com os seus produtos, está sendo coordenada para um estado chamado integração total. A fase de lag deve ser encarada como um período não de repouso, mas, ao contrário, de intensa atividade metabólica. Durante o crescimento de uma bactéria num determinado meio, a síntese de muitas enzimas não requeridas para o desenvolvimento naquele meio é parcial ou totalmente reprimida. Quando esta bactéria é transferida para um meio diferente, há necessidade dessas enzimas reprimidas para a utilização do novo substrato. Nessas condições, a fase de lag corresponde ao período de síntese dessas enzimas, chamadas de indução. Fase logarítmica A fase logarítmica ou exponencial é aquele período durante o qual a multiplicação é máxima e constante. Bactérias crescem e reproduzem assexuadamente por fissão binária. Cada duplicação do número de organismos numa cultura representa uma nova geração. O tempo de geração, que implica diretamente velocidade de crescimento, depende de uma série de fatores, a saber: Temperatura de Incubação Os diferentes micro-organismos apresentam, conforme seu hábitat natural, diferentes ótimos de temperatura em que suas enzimas estão nas formas mais ativas. Assim, Crescimento bacteriano obedecida a essa temperatura ideal, o tempo de geração será menor. Natureza do meio Em geral, o desenvolvimento bacteriano é mais eficiente em meios complexos do que em meios quimicamente definidos. Aeração do meio A influência da presença ou não de O2 no meio depende diretamente das vias pelas quais os micro-organismos obtêm energia. Assim, a aeração acelera o crescimento de organismos aeróbios estritos e de facultativos fermentativos e é completamente tóxica para os anaeróbios estritos. A quantidade de ar borbulhado em uma cultura deve ser controlada porque, quando em excesso, pode remover o CO2 necessário em reações de carboxilação. Concentração de íons hidrogênio O pH do meio de cultura é um fator muito importante para a atividade enzimática. De maneira geral, o pH neutro é requerido para o melhor desenvolvimento da cultura em termos de velocidade. Porém, dentro de certos limites, uma alteração de pH não afeta consideravelmente o tempo de geração. A membrana bacteriana apresenta um mecanismo muito eficiente para a entrada de íons na célula. Acredita-se, entretanto, que, à medida que o pH se afasta da neutralidade, os íons presentes no meio afetam as proteínas de superfície como, por exemplo, as permeases, impedindo assim uma penetração adequada dos nutrientes. Natureza do organismo Dependendo das características metabólicas do micro- organismo, seu tempo de geração será maior ou menor. A fase logarítmica termina quando as condições do meio de cultura se alteram pela atividade metabólica das bactérias, que não mais provê as condições necessárias para manter o crescimento uniforme. O limite alcançado varia conforme a natureza do meio e as condições de incubação. Os seguintes fatores são apontados como responsáveis pelo final da fase logarítmica: limitação de nutrientes, acúmulo de metabólitos tóxicos e ausência de O2 para o caso particular em que micro-organismos facultativos fermentativos estejam se desenvolvendo sem aeração. Fase estacionária A falta de nutrientes e o acúmulo de materiais tóxicos no meio podem cessar o crescimento de uma cultura. Culturas bacterianas são difíceis de ser tamponadas e controladas no seu pH e potencial de oxirredução. A mudança destas variáveis é frequentemente responsável pela passagem do crescimento exponencial para a fase estacionária. Fase de declínio A fase estacionária é seguida por uma fase na qual ocorre um decréscimo da população. A causa da morte das células depois de um período de crescimento de uma cultura pode estar relacionada com a natureza e a concentração do fator limitante do crescimento. Quando a falta de nutrientes é o fator responsável, os organismos que pararam de crescer não estão totalmente desprovidos de qualquer atividade metabólica. As reservas nutritivas internas, os metabólitos intermediários e, finalmente, as próprias estruturas dos organismos podem servir como fonte de combustível para a atividade respiratória. Este consumo de substâncias estruturais não pode prosseguir indefinidamente, pois, num determinado momento, a destruição celular torna-se um fator permanente e a célula não é mais capaz de continuar a dividir, mesmo se transferida para um novo meio. Quando o fator limitante é o acúmulo de produtos metabólitos tóxicos, a causa de morte celular vai depender da natureza desse fator. Quando se trata de acúmulo de ácidos orgânicos provenientes da fermentação de açúcares, ocorre uma queda no pH e a morte das células segue um declínio exponencial. O contrário ocorre quando se trata de um açúcar não- fermentável, em que a fase de declínio raramente é exponencial.
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