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12 A sobrevivência de qualquer grupo microbiano em um nicho específico é, em última análise, influenciada pela competição bem-sucedida por nutrientes e pela manutenção de um reservatório de células vivas. Em relação ao crescimento bacteriano, três termos precisam ser definidos: • Colônia: são agregados celulares de uma mesma espécie que pode se originar de uma única célula. • Taxa de crescimento: variação do número de células por unidade de tempo. • Tempo de geração: intervalo de tempo necessário que uma célula precisa para se duplicar. O tempo de geração é variável conforme cada espécie, verificando-se bactérias que possuem um tempo de geração de 10 a 15 min, outras até 3 horas. O tempo de geração, em geral, acontece em cerca de 15 a 30 min para a maioria das espécies mesófilas de importância em microbiologia médica e de alimentos. o aumento da população bacteriana é em progressão geométrica; formação de populações elevadas em curto espaço de tempo. FATORES QUE INFLUENCIAM NO CRESCIMENTO BACTERIANO ✓ NUTRIENTES ESSENCIAIS - Para um bom crescimento bacteriano é necessário que a bactéria tenha fontes de nutrientes para a sua multiplicação. Fontes de carbono: glicose, aminoácidos, lipídios e etc. Fontes de nitrogênio: a maioria utiliza compostos inorgânicos (sais de amônio e nitratos). Bactérias exigentes nutricionalmente: componentes orgânicos indispensáveis a um determinado organismo, como: vitaminas, aminoácidos, nucleotídeos, ácidos graxos. ✓ TEMPERATURA - Considerando a temperatura de crescimento, as bactérias podem ser agrupadas em: Mesófilas: apresentam crescimento ótimo em temperaturas variando entre 25ºC e 40ºC. A maioria dos patógenos humanos possui crescimento ótimo em temperaturas próximas de 37ºC. Psicrófilas obrigatórias: requerem baixas temperaturas para seu crescimento, geralmente abaixo de 15ºC. Algumas crescimento bacteriano O CRESCIMENTO BACTERIANO REFERE-SE AO AUMENTO DO NÚMERO DE CÉLULAS. Parede celular Membrana celular Nucleoide alongado O nucleoide se divide; a parede e a membrana celular começam a formar o septo transversal. O septo transversal torna-se completo. As células-filhas se separam. 13 1. aeróbias estritas - exigem a presença de O2 livre. 2. anaeróbias estritas - não toleram a presença de O2. 3. microaerófilas - pequenas quantidades de O2. 4.aneróbias facultativas - crescem na presença ou ausência de O2. bactérias marinhas toleram temperatura negativas. Psicrófilas facultativas: apresentam crescimento ótimo em temperaturas abaixo de 20ºC, mas podem crescer em temperaturas mais elevadas, no entanto mais lentamente. Termófilas: apresentam crescimento ótimo entre 50ºC e 60ºC. Algumas espécies toleram temperaturas de até 110ºC em fontes termais. ✓ PH - Quanto à tolerância ao pH, as bactérias podem ser classificadas em: Neutrófilas: crescem em faixas de pH entre 5, 4 e 8,5. A maioria das bactérias apresenta um crescimento ótimo em ambientes cujo pH se aproxima da neutralidade. Acidófilas: crescem em faixas de pH extremamente baixos, entre 0,1 e 5,4, como a Helicobacter pylori que coloniza a parede estomacal. Alcalinófilas: crescem em faixas de pH entre 8,5 e 11,5. A bactéria Vibrio cholerae possui crescimento ótimo em pH 9,0. Outros fatores que podem afetar o crescimento bacteriano: Presença de O2 e CO2; Número de indivíduos na população; Interações dinâmicas com outras populações bacterianas; Metabolismo e toxicidade. As fases da curva de crescimento bacteriano são reflexões dos eventos em uma população de células, e não em células individuais. Esse tipo de cultura é classificado como cultura em batelada. Uma típica curva de crescimento pode ser analisada em quatro fases. A cultura em batelada é um sistema fechado com recursos limitados, sendo muito diferente de um hospedeiro humano. A fase de latência representa um período durante o qual as células, com depleção de seus metabólitos e enzimas, em consequência das condições desfavoráveis existentes no final de sua cultura anterior, adaptam-se ao seu novo ambiente. verifica-se a formação de enzimas e intermediários que se acumulam até alcançarem concentrações suficientes para permitir o reinício do crescimento. em alguns casos, quando as células foram obtidas de um meio diferente, pode ocorrer de serem geneticamente incapazes de crescer no novo meio. Nesses casos, poderá ocorrer uma fase de latência longa no crescimento, representando o período necessário para que se adaptem. 14 Durante a fase exponencial, as células encontram-se em estado de equilíbrio dinâmico. Novo material celular está sendo sintetizado a uma velocidade constante, porém o novo material é, em si, catalítico, e a massa aumenta de modo exponencial. Tal situação prossegue até que ocorra uma de duas alternativas: • esgotamento de um ou mais nutrientes do meio. • acúmulo de produtos metabólicos tóxicos que inibem o crescimento. no caso de dos microrganismos aeróbios, o oxigênio costuma ser o nutriente que se torna limitante. essa fase será curta ou longa dependendo da disponibilidade de nutrientes. Por fim, a exaustão de nutrientes ou o acúmulo de produtos tóxicos resulta em interrupção completa do crescimento. Entretanto, na maioria dos casos ocorre renovação celular na fase estacionária: verifica-se uma lenta perda de células por morte, compensada pela formação de novas células por crescimento e divisão. Quando isso ocorre, a contagem total de células aumenta lentamente, embora a contagem viável permaneça constante. podem prosseguir o metabolismo energético e processos biossintéticos; há o acúmulo de um produto de excreção do organismo; Depois de um período na fase estacionária, que varia de acordo com o microrganismo e as condições de cultura, a velocidade de morte aumenta até atingir o nível de equilíbrio dinâmico. Na maioria dos casos, a taxa de morte celular é mais lenta do que o crescimento exponencial. Com frequência, após ocorrer a morte da maioria das células, a velocidade de morte diminui drasticamente, de modo que um pequeno número de sobreviventes pode persistir durante meses ou mesmo anos. em alguns casos, essa persistência pode refletir renovação celular com o crescimento de algumas células à custa dos nutrientes liberados pelas células que morrem e sofrem lise. acredita-se que um fenômeno, no qual as células são chamadas viáveis, mas não cultiváveis (VMNC), seja resultado de uma resposta genética desencadeada pela privação de nutrientes na fase estacionária. Assim como algumas bactérias formam esporos como mecanismo de sobrevivência, outras são capazes de se tornar dormentes, sem alteração em sua morfologia. Quando as condições adequadas estão disponíveis, os micróbios VMNC retomam o crescimento.
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