Buscar

Artigo Clad 2013

Prévia do material em texto

XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
1 
Avanços e desafios para implementação do Centro-dia de referência 
para a pessoa com deficiência e suas famílias 
 
Edgilson Tavares de Araújo* 
 
1. Introdução 
 
O Estado brasileiro tem caminhado progressivamente na consolidação de um sistema de 
proteção social que garanta a cidadania, principalmente, dos cidadãos com maior nível de 
vulnerabilidade e risco pessoal e social, tais como pessoas com deficiência, idosas, pessoas 
em situação de rua, dentre outras. Cabe salientar, que se trata de um sistema em 
construção, tardio historicamente frente às urgências das necessidades sociais e de serviços 
não-contributivos e neófito do ponto de vista da implementação das políticas públicas de 
proteção social. Tal construção vem sendo garantida desde os princípios da Constituição de 
1988, ao conferir o direito a Seguridade Social abrigando as políticas de previdência social, 
saúde e assistência social. A discussão da previdência social já ocorre desde segunda 
década do século XX pressupondo o foco no seguro social de contribuição tripartite (Estado, 
patrão e empregado). Para além da centralidade na proteção contributiva por meio da 
previdência social, ao incorporarmos a saúde e assistência social no tripé protetivo, busca-se 
ultrapassar a alternativa monetária, “desmercadorizando” e “desmercantilizando” a proteção 
social, devendo ir além de ter renda para resolver situações por meio do pagamento para 
acesso e consumo de bens, serviços e cuidados (SPOSATI, 2009, 2012; ARAÚJO, CRUZ, 
2013). 
 
A garantia da saúde, destarte todas as críticas existentes, é preconizada no texto 
constitucional por meio da proposta de um Sistema Único de Saúde (SUS), universal e de 
abrangência nacional, que convive com o setor privado com oferta de seguros (individuais e 
coletivos) e serviços lucrativos. No caso da assistência social vêm se conjugando benefícios 
e serviços socioassistenciais na forma de políticas, planos e programas para todo e qualquer 
cidadão que deles necessitem, tendo ou não a pobreza como fator de vulnerabilidade e risco 
social. Há um deslocamento para o “campo da provisão de „necessidades‟ por meio de 
ações, cuidados, atenções e serviços que exigem uma construção coletiva” (SPOSATI, 2012, 
p. 22). Saúde e assistência social são dirigidas a todos os cidadãos e não só àqueles que se 
filiam a um sistema contributivo, como no caso da previdência social. Especialmente, a 
incorporação do direito a Assistência Social como garantia constitucional traz uma plena 
inovação no campo das políticas públicas: 1. o reconhecimento da política pública, de 
responsabilidade estatal, e não de uma nova ação eventual; 2. a desnaturalização da 
subsidiariedade da ação da família e da sociedade antecedendo a ação do Estado; 3. a 
introdução de um novo campo para ampliação dos direitos humanos e sociais (SPOSATI, 
2007, 2009). Logo, a proteção social passa a ter “significado de defesa da vida e 
impedimento de sua precarização” (SPOSATI, 2012, p. 13). 
 
A criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), por meio da Lei 12.435, de 06 de 
julho de 2011, construído de forma descentralizado e participativo envolvendo a União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, para a organização de um conjunto de garantias 
preconizadas pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS, 1993), representa um avanço 
na implementação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004). Trata-se de uma 
evolução no sentido da responsabilização estatal pela universalização na garantia de direitos 
de cidadania, por meio da oferta de benefícios, serviços e equipamentos de Assistência 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
2 
Social que visam a ampliação da oferta pública da proteção social enquanto direito do 
cidadão e dever estatal. O conjunto de normas e diretrizes determinadas pela PNAS (2004), 
Norma Operacional Básica NOB/SUAS (2005) e a Tipificação Nacional de Serviços 
Socioassistenciais (Resolução CNAS nº. 109, de 11 de novembro de 2009), além de estudos 
e pesquisas, vem sinalizando modos e meios para a organização do Serviço de Proteção 
Social, no âmbito do SUAS (BRASIL, MDS, 2010). 
 
Para a consolidação do SUAS e das políticas públicas executadas neste âmbito é preciso 
mais que a delimitação de instrumentos legais, mas assumir mudanças culturais quanto à 
atuação da assistência social que, historicamente, foi compreendida com uma série de 
desvios de percurso e disfunções que originaram inclusive o “primeiro-damismo”. Assim, 
além de leis é preciso ampliar a cobertura de modo que venha a ser universal atentando para 
a qualificação dos serviços prestados, reais necessidades dos usuários, qualificação técnica 
e gerencial; vencer o preconceitos da assistência social enquanto política direcionada 
apenas aos pobres e excluídos de todos os tipos, reconhecendo-a que a dimensão do 
estrato social é apenas um agravante das situações de risco e vulnerabilidade, devendo 
atentar para outros fatores de violação de direitos. 
 
A organização do SUAS se dá por meio de serviços de Proteção Social Básica, que introduz 
a concepção de prevenção na assistência social; e de Proteção Social Especial que se 
destina a oferecer um quadro de proteções socioassistenciais voltadas à família e indivíduos 
que se encontram em situação de risco pessoal ou social por violação de direitos e/ou 
vínculos familiares e comunitários rompidos ou fragilizados. A Proteção Social Especial está 
ainda dividida em categorias de Média Complexidade (atendimento especializado a 
indivíduos e famílias nas situações de risco por violação de direitos) e Alta Complexidade 
(serviços de acolhimento como abrigos, repúblicas, residências inclusivas, casas-lares). 
 
As bases de arranjo do sistema são a universalização, a matricialidade sociofamiliar, a 
atuação territorial, o controle social e transparência, o entendimento das vulnerabilidades e 
riscos pessoais e sociais (SPOSATI, 2007, 2009; BRASIL, MDS, 2010a). Logo, exige forte 
mudança nas prioridades das atenções, passando da lógica da “desproteção” e das ações 
emergenciais para ações preventivas que minimizem situações de vulnerabilidade e risco. 
Deste modo, o desenho das políticas públicas executadas no âmbito do SUAS é 
extremamente complexo do ponto de vista conceitual, institucional, de gestão e orçamento, já 
que a proteção social não-contributiva de acordo com a PNAS exercer funções voltadas a 
manter a vigilância social e a defesa de direitos socioassistenciais (SPOSATI, 2007). 
 
De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009) o Serviço de 
Proteção Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias, está situado na 
Proteção Social Especial de Média Complexidade, com o objetivo de ofertar atendimento 
especializado para este público em virtude das limitações agravadas pela situação de 
dependência de cuidados de terceiros. Busca-se assim, propiciar o aumento da autonomia, a 
inclusão social e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência e suas 
famílias. 
 
Com a ampliação da Rede SUAS e com o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com 
Deficiência - PLANO VIVER SEM LIMITE, instituído pelo Decreto 7.612, de 17 de novembro, 
de 2011, o Governo Federal ressalta o compromisso do Brasil com as prerrogativas da 
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU (BRASIL, 2012c, 2009). 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
3 
Nestes documentos são previsto a oferta de serviços especializados para a pessoa com 
deficiência com maior nível de dependência e/ou em situação de violação de direitos, por 
meio da unidade referenciada ao Centro de Referência Especializadoem Assistência Social 
(CREAS), denominada Centro-dia de Referência para a Pessoa com Deficiência e suas 
Famílias. A implementação deste equipamento compõe o rol de ações do eixo inclusão 
social do referido Plano. Neste há uma série de ações voltadas para a garantia de direitos 
da pessoa com deficiência, prevendo uma integração, transversalização e matriciamento das 
ações nos âmbitos da educação, saúde, acessibilidade e inclusão social a serem executadas 
até 2014. Pretende-se, assim, ampliar a oferta de serviços e benefícios que garantam a 
essas pessoas e suas famílias um conjunto de direitos sociais, econômicos, de 
acessibilidade e de segurança social de acolhida; convívio ou vivência familiar, comunitária e 
social; e desenvolvimento da autonomia (BRASIL, 2009). O foco nas necessidades 
específicas da pessoa com deficiência e suas famílias, nas vulnerabilidades e riscos sociais, 
fortalece a política social voltada ao enfrentamento de problemas de pública relevância, 
envolvendo diferentes atores no seu processo de planejamento e execução. Reconhece-se 
que os serviços para estes usuários demandam maior especialização no atendimento às 
demandas individuais e familiares. Isso representa uma conquista quanto ao cumprimento do 
papel público do Estado no que se refere a garantir a cidadania. Trata-se de um novo 
parâmetro de igualdade e equidade que gera um campo objetivo entre entidades privadas 
socioassistenciais e a gestão estatal, a partir da Tipificação de Serviços Socioassistenciais, 
em 2009. A centralidade passa a ser no usuário e nas suas demandas e não na relação 
entre o Estado e a pessoa jurídica das entidade ou nas necessidades desta, ultrapassando 
os parâmetros de discussão focadas em questões administrativo-financeiras (SPOSATI, 
2012) 
 
O Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência e suas famílias 
ofertado em Centro-dia de Referência, destina-se a jovens e adultos com deficiência em 
situação de dependência sendo caracterizado como um novo equipamento da Proteção 
Social Especial, vinculado ao Centro de Referência Especializado em Assistência Social 
(CREAS). Nesta perspectiva o serviço busca desenvolver atividades em três dimensões: 
desenvolvimento da convivência; fortalecimento de vínculos familiar, social e grupal e 
aprimoramento dos cuidados pessoais. Isso implica em alguns desafios apontados por 
Araújo e Cruz (2013): 
- criar e implementar mais um equipamento social no SUAS, no âmbito da Proteção Especial 
de Média Complexidade, que integra ações de outros equipamentos, com o foco na 
prestação de serviços cujo foco é ampliar a autonomia do cidadão com deficiência e o apoio 
e fortalecimento da capacidade protetiva da família; 
- considerar a necessidade de o serviço articular-se no território para favorecer o acesso de 
jovens e adultos com deficiência a outros serviços importantes para aumentar seus níveis de 
autonomia e participação; 
- atender a jovens e adultos com deficiência que ainda não tiveram o direito de participar de 
serviços especializados no território, quer pela ausência de oferta, quer devido aos 
impedimentos pelo alto nível de dependência; 
- atender prioritariamente a pessoas com deficiência em situações de risco por violação de 
direitos; 
- desenhar metodologias e técnicas de serviços socioassistenciais, que sejam inovadoras e 
acessíveis, voltadas para a pessoa com diferentes tipos de deficiência e níveis de 
dependência, convivendo com distintas situações de vulnerabilidade e risco e/ou direitos 
violados; 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
4 
- implementar um serviço no SUAS atendendo aos princípios da acessibilidade, em 
articulação com a política pública de Saúde SUS, educação, dentre outras, de modo que se 
desenvolvam parcerias intra e intersetoriais, necessitando uma intensa articulação em rede 
para a efetividade dos atendimentos; 
- desenvolver métodos que articulem o serviço ofertado no Centro-dia a outros serviços 
ofertados pela saúde, educação, os destinados à habilitação, reabilitação, esporte, lazer, 
que, porventura, os usuários frequentem; 
- servir de referência no SUAS para a dinamização dos demais serviços socioassistenciais, 
acesso a benefícios e encaminhamentos para os serviços de saúde, educação, acesso a 
órteses e próteses e a tecnologias assistivas, dentre outros encaminhamentos. 
 
Considerando tais avanços e desafios inicialmente apresentados, este paper tem como 
objetivo central analisar como vem ocorrendo a formação da agenda e a implementação 
deste serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência e suas famílias nos 
Centros-dia, considerando os avanços e limites para implementar uma política pública de 
Assistência Social, de modo descentralizado e cofinanciada pelos entes federativos. As 
considerações são feitas a partir da revisão bibliográfica e análise das políticas sociais para 
pessoa com deficiência, além da observação participante do autor que atuou como consultor 
do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com o apoio do 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no sentido de criar 
orientações técnicas e desenhar instrumentos de políticas públicas para implementação dos 
Centro-dia. A consultoria ocorreu de agosto a dezembro de 2012, porém, o trabalho de 
pesquisa vem sendo continuado no âmbito da atuação do autor enquanto professor e 
pesquisador da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Assim, são incorporados 
alguns aspectos provenientes de pesquisa de campo realizada com visitas técnicas em 
municípios que estão implementando o serviço e diálogos com gestores destes. O texto está 
organizado em quatro sessões: 1. a formação da agenda de políticas de proteção social para 
a pessoa com deficiência; 2. as definições do Centro-dia, seus contornos e princípios ético-
funcionais; 3. a modelagem dos instrumentos de política pública para implementação do 
Centro-dia; 4. a implementação do Centro-dia: limites e desafios a serem superados na 
implementação dos Centros-dia. 
 
2. A formação da agenda de políticas de proteção social para pessoa com deficiência: 
entre tensões e inovações 
 
Historicamente, no Brasil, a sociedade civil por meio das organizações especializadas no 
atendimento à pessoa com deficiência foram responsáveis pela oferta de um mix de serviços 
envolvendo saúde, educação e assistência social. Nunca houve uma delimitação clara nos 
atendimentos, de modo a identificar com clareza, por exemplo, onde acaba a atuação da 
educação e se inicia a da saúde e/ou assistência, já que na maioria destas organizações há 
existência de um leque de serviços em todas essas áreas, ofertados por meio de processos 
pontuais de parceria com órgãos públicos usando convênios, cessão de profissionais e 
repasses de recursos. Como já afirmado, com a retomada da centralidade do papel do 
Estado a proteção social no Brasil tem caminhado progressivamente na universalização da 
garantia dos direitos para cidadãos com maior nível de vulnerabilidade e risco social, 
inclusive as pessoas com deficiência. Isso tem gerado uma série de programas e ações 
setoriais configurando novos direcionamentos nas políticas sociais voltadas para esse 
público voltadas para oferta de benefícios e serviços. Ao mesmo tempo em que se 
reconhece a importância destas políticas, muitas organizações da sociedade civil ficam à 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
5 
margem gerando sérias crises em termos de sustentabilidade não apenas financeira, mas 
institucional, política e técnica. Transitamos de uma forte e quase unívoca presença na 
execução de serviços para as pessoas com deficiência por parte da sociedade civil para um 
modelo, de fato, mais centrado na execução direta por parte do Estado. Isso gera tensões 
inquietantesnas relações Estado-sociedade civil no campo da pessoa com deficiência. 
 
Fatores como o preconceito com relação ao trabalho destas organizações por um lado, e o 
preconceito com o serviço público estatal, por outro; o desconhecimento sobre esta nova 
lógica de ação por parte dos governos dos entes federativos e das organizações da 
sociedade civil; a resistência a mudança; a baixa capacidade de inovação; as dificuldades de 
se traballhar em rede, entre outros, contribuem para o enfraquecimento dos diálogos entre 
Estado e sociedade civil. Destaca-se aqui que a baixa capacidade de trabalho em rede das 
organizações especializadas ocorre inclusive pela estruturação de modo segmentado e 
institucionalmente individualizado prestando serviços e defendendo direitos de grupos 
específicos por tipo de deficiência. 
 
Com o direcionamento dado no âmbito das políticas públicas pelo Governo Federal com o 
Plano Viver Sem Limite, mesmo com alguns estranhamentos entre o público e o privado, as 
ações vem sendo debatidas e implementadas desde 2011, tendo metas audaciosas até 
2014. As diretrizes do Plano são: 
I - garantia de um sistema educacional inclusivo; 
II - garantia de que os equipamentos públicos de educação sejam 
acessíveis para as pessoas com deficiência, inclusive por meio de 
transporte adequado; 
III - ampliação da participação das pessoas com deficiência no mercado 
de trabalho, mediante sua capacitação e qualificação profissional; 
IV - ampliação do acesso das pessoas com deficiência às políticas de 
assistência social e de combate à extrema pobreza; 
V - prevenção das causas de deficiência; 
VI - ampliação e qualificação da rede de atenção à saúde da pessoa com 
deficiência, em especial os serviços de habilitação e reabilitação; 
VII - ampliação do acesso das pessoas com deficiência à habitação 
adaptável e com recursos de acessibilidade; e 
VIII - promoção do acesso, do desenvolvimento e da inovação em 
tecnologia assistiva. (BRASIL, 2012b) 
 
 não querendo questionar sua fundamental i são 
desenhadas, principalmente, diante de um conjunto de forças e atores, como a própria ONU, 
com relação ao cumprimento das obrigações do Brasil enquanto país signatário da 
Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (2008) 1. O referido 
plano reafirma o pacto federativo na execução das políticas públicas bem como o conceito de 
pessoa com deficiência, com base na Classificação Internacional de Funcionalidades, na 
Convenção da ONU e a necessidade de atuação interdisciplinar, interministerial e 
 
1
A termos da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, foram 
aprovados por meio do Decreto Legislativo n
o
 186, de 9 de julho de 2008, com status de emenda constitucional, e 
promulgados pelo Decreto nº 6.946, de 25 de agosto de 2009. 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
6 
intersetorial. Por parte da sociedade civil, inicialmente percebe-se resistência com as 
propostas do Plano, seja por desconhecimento deste, seja por compreender as propostas 
inovadoras de novos serviços como “ameaças” à manutenção dos serviços 
socioassistenciais prestados pelas organizações especializadas. Por parte dos ministérios, 
percebe-se o quão difícil tem sido a atuação intrasetorial e interministerial dos 14 Ministérios 
envolvidos para atingir as metas previstas nos quatro eixos de atuação do Plano: I - acesso à 
educação; II -atenção à saúde; III - inclusão social; IV -acessibilidade. 
 
As políticas, programas e ações integrantes do Plano Viver sem Limite e suas respectivas 
metas são definidos pelo Comitê Gestor e pelo Grupo Interministerial de Articulação e 
Monitoramento. O custeamento do plano se dá por: 
I - dotações orçamentárias da União consignadas anualmente nos orçamentos 
dos órgãos e entidades envolvidos na implementação do Plano, observados os 
limites de movimentação, de empenho e de pagamento fixados anualmente; 
II - recursos oriundos dos órgãos participantes do Plano Viver sem Limite que 
não estejam consignados nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da 
União; e 
III - outras fontes de recursos destinadas por Estados, Distrito Federal, 
Municípios, ou outras entidades públicas e privadas (BRASIL, 2012b) 
 
A proposta do Centro-dia que é reafirmada no Plano no eixo inclusão social, enquanto 
instrumento de política pública de assistência social planejada e fomentada pelo Ministério do 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Além deste serviço o MDS integra o 
Plano Viver Sem Limite nos eixos Acesso à Educação, com o programa BPC na Escola2, e 
Inclusão Social, com os programas BPC Trabalho3, Serviço de Acolhimento de Pessoas com 
Deficiência em Residências Inclusivas4. O conjunto destas estratégias articuladas em 
diferentes instâncias públicas e setores de atuação inovam ao buscar reafirmar e expandir o 
atendimento das necessidades das pessoas com deficiência em situação de dependência, 
principalmente, àquelas que vivem em condições de pobreza e com demandas por serviços 
comunitários de apoio com necessidades de cuidados de longa duração. Reconhece-se 
ainda que estas demandas ocorram de forma simultânea à redução da oferta familiar dos 
 
2
 O BPC (Benefício de Prestação Continuada) na Escola é uma ação interministerial que envolve os ministérios da 
Educação, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, além da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 
em parceria com municípios, estados e com o Distrito Federal, que tem por objetivo realizar o acompanhamento e 
monitoramento do acesso e da permanência na escola das pessoas com deficiência, beneficiárias do BPC, até 18 anos, por 
meio da articulação das políticas de educação, saúde, assistência social e direitos humanos (BRASIL, MEC, 2013). 
3
O Programa de Promoção do Acesso das Pessoas com deficiência Beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada da 
Assistência Social à Qualificação Profissional e ao Mundo do Trabalho - Programa BPC Trabalho, foi instituído pela 
Portaria Interministerial nº 2, de 02 de agosto de 2012. É uma iniciativa do Governo Federal, realizada pelos Ministérios do 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), da Educação (MEC), do Trabalho e Emprego (MTE) e da Secretaria de 
Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR. Seu objetivo é promover o protagonismo e a participação social 
dos beneficiários com deficiência do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC, por meio da 
superação de barreiras, fortalecimento da autonomia, acesso à rede socioassistencial e de outras políticas, à qualificação 
profissional e ao mundo do trabalho, priorizando a faixa etária de 16 a 45 anos (BRASIL, MDS, 2013). 
4
É uma unidade que oferta Serviço de Acolhimento Institucional, no âmbito da Proteção Social Especial de Alta 
Complexidade do SUAS, conforme estabelece a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Trata-se de 
residências adaptadas, com estrutura física adequada, localizadas em áreas residenciais na comunidade. Devem dispor de 
equipe especializada e metodologia adequada para prestar atendimento personalizado e qualificado, proporcionando cuidado 
e atenção às necessidades individuais e coletivas (BRASIL, MDS, 2012) 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
7 
cuidados, em virtude de fenômenos sociais presentes nas sociedades em desenvolvimento 
relativos às mudanças nos parâmetros de formação e dinâmicas familiares, à redução da 
taxa de natalidade e envelhecimento populacional, à entrada da mulher no mercado de 
trabalho e à necessidade de que todos da família trabalhem para o sustento da mesma, 
dentre outros fatores, justificandoassim, a ampliação das ofertas do campo da proteção 
social com o objetivo de prestar apoios por meio de serviços públicos aos cuidadores 
familiares no cotidiano das situações de dependência para sua autonomia e vida 
independente (CRUZ, 2011; BRASIL, MDS, 2012a). Se por um lado tais estratégias são 
inovadoras, inclusive o Centro-dia, percebe-se que ainda há impasses relacionados a divisão 
/ alocação de serviços e orçamento em cada Ministério, bem como a própria concepção 
depessoa com deficiência. Isso pode ser visto nas discussões entre o próprio MDS e 
Ministério da Saúde, para os quais a diferentes percepções sobre o usuário, os serviços e a 
alocação de recursos. O Ministério da Saúde inclusive já mantém os serviços de Hospital-dia 
para pacientes com algumas enfermidades. O diálogo e busca de consenso de que o Centro-
dia não deve ser um serviço de saúde, mas um serviço socioassistencial que deve contar 
com apoio da rede inclusive para ações de saúde quando necessárias é uma constante. Tais 
dilemas são refletidos nos municípios e Estados, sendo reproduzidos em maior ou menor 
proporção. Com isso, mostra-se mais uma vez que apesar da formação da agenda neste 
caso se dá de modo ágil, a implementação das políticas sociais vão além dos instrumentos 
legais. 
 
Cabe aqui ressaltar o avanço com relação ao conceito de pessoa com deficiência instituído 
pela ONU, adotado pelo Brasil e manifestado no Plano Viver Sem Limite (BRASIL, 2012c): 
“São consideradas pessoas com deficiência aquelas que têm impedimentos de longo prazo 
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas 
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de 
condições com as demais pessoas”. Este também tem como base o estabelecido pela 
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF/OMS/2001). Tal 
definição aporta a concepção do serviço Centro-dia e fundamenta sua necessidade enquanto 
serviço socioassistencial. Salienta-se que, anteriormente, a OMS usava a Classificação 
Internacional de Doenças (CID-10) e a Classificação Internacional das Deficiências, 
Incapacidades e Desvantagens (handicaps) (1989) equiparando a deficiência a doença e 
incapacidade. Com a CIF (OMS, 2001) adota-se uma abordagem “biopsicossocial” no qual a 
incapacidade denota um fenômeno multidimensional que resulta da interação entre a Pessoa 
com Deficiência e seu ambiente físico e social e não necessariamente uma condição de 
saúde (BRASIL, MDS, 2012a). Pelo conceito, o desenvolvimento das atividades de uma 
pessoa está associado o estado de saúde anterior (doença, lesão ou transtorno biomédico / 
psicológico) e funções/estados corporais (existência da deficiência – corpo e mente), além de 
níveis de participação que também são determinados por fatores ambientais (barreiras 
sociais) e pessoais. 
 
Este avanço conceitual significa o reconhecimento da pessoa com deficiência como um 
sujeito de direitos e a existência de barreiras ambientais e sociais que impedem a sua 
participação social. Substitui-se, assim, o termo pessoa portadora de deficiência, 
afirmando que a deficiência é um estado, um “modo de ser” no indivíduo, sendo assim, este 
não a porta consigo, nem a carrega. Sassaki (2003, p. 1), nesse sentido, explica: “tanto o 
verbo „portar‟ como o substantivo ou o adjetivo „portadora‟ não se aplicam a uma condição 
inata ou adquirida que faz parte da pessoa.[...] Uma pessoa só porta algo que ela possa não 
portar, deliberada ou casualmente”. Além disso, tem como base o consenso de movimentos 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
8 
mundiais que vêm optando pela terminologia em todas as línguas1, e em princípios propostos 
pela comissão ad hoc instituída desde 2003 pela ONU, para criação da Convenção 
Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD), quanto a: não esconder 
ou camuflar a deficiência; não aceitar o consolo da falsa idéia de que todo mundo tem 
deficiência; mostrar com dignidade a realidade da deficiência; valorizar as diferenças e 
necessidades decorrentes da deficiência; combater neologismos que tentam diluir as 
diferenças; defender a igualdade entre as pessoas com deficiência e as demais pessoas em 
termos de direitos e dignidade; identificar nas diferenças todos os direitos que lhes são 
pertinentes e, a partir daí, encontrar medidas específicas para o Estado e a sociedade 
diminuírem ou eliminarem as "restrições de participação" (ARAÚJO, 2006). 
 
3. Caracterização do Centro-dia 
 
O Centro-dia de Referência para a Pessoa com Deficiência surge no contexto do 
SUAS, como mais um equipamento que vem somar esforços em conjunto com os já 
existentes para garantia da proteção social a uma parcela significativa da população 
brasileira. Trata-se de um: “equipamento social do SUAS que presta atividades de 
convivência; fortalecimento de vínculos e cuidados pessoais às pessoas com deficiência em 
situação de dependência e suas famílias” (BRASIL, MDS, 2012). Seus objetivos são: ofertar 
o Serviço de Proteção Social à pessoa com deficiência em situação de dependência e à sua 
família, por meio de acolhida, escuta, informação, orientação e oferta de cuidados cotidianos, 
além de apoiar suas famílias no exercício da função protetiva, fortalecendo as redes 
comunitárias. Trata-se de um conjunto de serviços diurnos ofertados dentro de uma 
programação diária específica para atender as demandas de cada usuário/família, tendo este 
que retornar à sua residência após a oferta dos serviços planejados. Cada Centro-dia deverá 
atender no máximo 30 (trinta) usuários por turno / tipo de atendimento, a ser definido pelos 
Planos Individuais e/ou Familiar de Atendimento5 proposto por uma equipe mínima 
multidisciplinar composta por 01 coordenador, 01 assistente social, 01 terapeuta ocupacional, 
01 psicólogo e 10 cuidadores de nível médio (BRASIL, 2012a, 2012c). 
 
No escopo do SUAS, o Centro-dia destina-se ao seguinte público prioritário: jovens e adultos 
com deficiência em situação de dependência e suas famílias, prioritariamente os 
beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), em situação de pobreza e 
outras vulnerabilidades sociais, que estejam incluídos no Cadastro Único de Programas 
Sociais (CadÚnico). Trata-se de jovens e adultos com qualquer tipo de deficiência (auditiva, 
visual, intelectual, física e múltipla) associadas ou não a síndromes e outras questões de 
saúde, com certo grau elevado de dependência, mas com algum nível de autonomia que 
possa propiciar melhor participação em serviços coletivos e atenções individualizadas por 
parte de cuidadores. Autonomia aqui está sendo entendida neste contexto como a condição 
de domínio no ambiente físico e social, preservando ao máximo a privacidade e a dignidade 
da pessoa com deficiência tendo como uma das expressões maiores de sucesso do Serviço 
de Proteção Social Especial a promoção da qualidade da convivência e autonomia da dupla 
cuidado e cuidador. Compreende-se como cuidador familiar tanto a pessoa da família com 
 
5
O Plano Individual e/ou Familiar de Atendimento deve ser elaborado após a acolhida e escuta, sendo nele definidas: as 
prioridades a serem consideradas no atendimento; as atividades a serem desenvolvidas conjuntamente; as condições de 
acesso ao serviço; as dias da semana e a quantidade em horas de permanência do usuário no serviço; as compromissos das 
partes envolvidas; as capacidades e ofertas disponibilizadas pelas partes; as dificuldades para oferta do serviço a serem 
superadas conjuntamente; os objetivos do serviço com o usuário; os resultados esperados (ARAÚJO, CRUZ, 2013). 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
9 
esta função quanto o profissionalque acompanhe a pessoa com deficiência no seu cotidiano 
no sentido de facilitar a eliminação de barreiras frente ao seu nível de dependência. 
 
Ressalte-se que as necessidades de cuidados de terceiros no cotidiano das pessoas com 
deficiência em situação de dependência podem decorrer não só dos impedimentos 
verificados nos casos de deficiência física, sensoriais (auditiva e visual) como nos 
decorrentes de incapacidade cognitiva, como no caso de deficiência intelectual ou da 
existência de múltiplas deficiências. Neste sentido, é importante considerar a situação de 
dependência sob uma perspectiva mais ampla de interação na realização das atividades 
básicas de vida diária e instrumentais de ampliação da autonomia. 
 
As ações deste equipamento devem contribuir para ampliar as aquisições dos usuários, na 
perspectiva da garantia das segurançasprevistas na PNAS, tais sejam: 
a segurança de acolhida das demandas reais dos usuários, interesses, 
necessidades e possibilidades e a garantia de formas de acesso aos 
direitos sociais; 
a segurança de convívio ou vivências familiar, comunitária e social 
a partir de experiências que contribuam para o fortalecimento de vínculos 
familiares, ampliação da capacidade protetiva e de superação de 
fragilidades e riscos na tarefa de cuidar, do acesso a serviços 
socioassistenciais e das políticas setoriais, conforme necessidades; e 
a segurança de desenvolvimento da autonomia por meio de vivências 
de experiências que promovam o desenvolvimento de potencialidades e 
ampliação do universo informacional e cultural, que utilizem recursos 
disponíveis pela comunidade, família e recursos lúdicos para 
potencializar a autonomia e a criação de estratégias que diminuam os 
agravos decorrentes da dependência e do isolamento social e promovam 
a inserção familiar e social. (BRASIL, 2012a, 2009, p. 5). 
 
Quanto ao modo de financiamento, este é um serviço cofinanciado pelos três entes da 
federação: Governo Federal, Estado, Município e Distrito Federal. Busca-se, assim, garantir 
a integralidade e qualidade da oferta. De acordo com a Resolução nº7, de 12 de abril de 
2012 ,da Comissão Intergestores Tripartite – CIT e da Resolução nº. 11, de 24 de abril de 
2012, foram aprovados os critérios de partilha do cofinanciamento federal para apoio à oferta 
dos Serviços de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, em situação de 
dependência, e suas Famílias em Centros-Dia de Referência. No artigo 2º, fica estabelecido 
que o governo federal destinará recursos orçamentários para os Municípios e Distrito Federal 
compondo o Piso Fixo de Média Complexidade (PFMC) para o apoio à oferta do Serviço de 
Proteção Social Especial em Centro-Dia de Referência para Pessoa com Deficiência, em 
situação de dependência, e suas Famílias. O cofinanciamento federal para os Municípios e o 
Distrito Federal para apoio à oferta do Serviço ofertado em Centro-dia de Referência será no 
valor de $40.000,00 (quarenta mil reais), por mês, por Centro-dia, mais pelo menos 50% 
deste valor cofinanciado pelos Estados. Os recursos do cofinanciamento federal serão 
repassados, mensalmente, do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) para o Fundo 
Municipal de Assistência Social e do Distrito Federal, por meio do Piso Fixo de Média 
Complexidade (PFMC) e deverão ser utilizados no pagamento de DESPESAS 
CORRENTE (DE CUSTEIO) na finalidade específica do serviço a ser ofertado, de acordo 
com as normas financeiras e orientações acerca da aplicação de recursos emitidas pelo 
FNAS, devendo ser considerado, antes de realizar a despesa, a proibição de uso dos 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
10 
recursos em despesas de investimento/capital (construção, aquisição de equipamentos de 
natureza permanente, compra de veículo etc.). (BRASIL, 2012b). 
 
O Centro-dia de Referência traz grande contribuição no âmbito do SUAS, na medida em que 
buscará garantir a proteção integral a pessoa com deficiência, a sua inclusão em sociedade, 
a segurança de acolhida e as condições de restauração da vida frente a riscos e vitimizações 
vividas, numa perspectiva a equidade, justiça e coesão social. Busca-se, assim, promover 
vida digna, de qualidade e participativa, no sentido do fortalecimento de identidades e 
reconstituição dos sujeitos no seu cotidiano. Visa, portanto, manter/ampliar as possibilidades 
de autonomia, independência e emancipação, respeitando as condições naturais que os 
cidadãos com deficiência possuem e adaptando os ambientes para que minimizem as 
barreiras. Ao priorizar o atendimento a pessoas com maior nível de dependência e/ou em 
situações de violação de direitos, o Centro-dia aponta para mais uma institucional idade 
inovadora que compõe o sistema de proteção social do Brasil. Surge assim como um 
equipamento da política de Assistência Social, buscando responder entre outras coisas ao 
fortalecimento dos vínculos familiares e, para isso, de certo modo, buscará “desonerar” o 
excessivo papel cuidador dos familiares de modo a prestar serviços públicos aos cuidadores 
familiares no cotidiano das situações de dependência para sua autonomia e vida 
independente. Trata-se de um trabalho também de empoderamento das famílias e dos seus 
filhos com deficiência, indo além da obtenção de informações, sendo um espaço de troca de 
experiências e reflexão sobre o sentir, o pensar e o agir com a finalidade da construção 
coletiva de novas formas promoção da autonomia e qualidade de vida da pessoa com 
deficiência (ARAÚJO, CRUZ, 2013). 
 
3.1 O processo de implementação do Centro-dia 
 
Na primeira etapa de implementação do Centro-dia, iniciada em junho/2012, foi 
disponibilizado o Termo de Aceite para apoio à oferta do Serviço em um total de cinco 
Centros-Dia, em cinco municípios ou no Distrito Federal, sendo um por região do país. 
 
Para a definição dos municípios e/ou Distrito Federal usou-se os seguintes critérios, por 
região: 
I – Capitais e/ou Distrito Federal; 
II – Habilitação em gestão básica ou plena do SUAS, para os municípios; 
III – Com Centro de Referência de Assistência Social - CRAS e CREAS implantados e 
em funcionamento, identificados por meio do Censo SUAS 2011 ou do Cadastro 
Nacional do SUAS - CadSUAS, independentemente da fonte de financiamento; 
IV – Com Estratégia de Saúde da Família – ESF, Núcleo de Apoio à Saúde da Família – 
NASF e Centros de Habilitação e Reabilitação em Saúde, em funcionamento, a partir 
de informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde; e 
V – Com pessoas com deficiência beneficiárias do BPC identificadas por meio do 
Sistema de Acompanhamento do BPC/DATAPREV. 
 
Considerando o ranking adotado para a seleção dos primeiros municípios a implantarem os 
primeiros Centros-dia de referência, no dia 18 de maio de 2012 o MDS disponibilizou no seu 
site www.mds.gov.br o Termo de Aceite para os municípios abaixo relacionados por região, 
tendo a devolutiva e concordância de 4 capitais que assinaram e se comprometeram 
inicialmente com a implementação do equipamento até dezembro de 2012. 
 
http://www.mds.gov.br/
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
11 
Os municípios elegidos e com termo de aceite assinados receberam as parcelas do 
cofinanciamento e tiveram suas equipes técnicas capacitadas pelo MDS, de modo a viabilizar 
a implementação do Centro-dia, conforme relação que consta no quadro 1. 
 
Com esta finalidade, procedeu a transferência do Fundo Nacional de Assistência Social para 
os Fundos Municipais de Assistência Social dos Municípios selecionados nesta etapa: 
Campo Grande/MS, João Pessoa/PB, Belo Horizonte/MG e Curitiba/PR, dos valores 
correspondentes as seis primeiras parcelas (junho a dezembro de 2012). Considerando o 
valor individual de $40.000,00 (quarenta mil reais), por mês, por Centro-dia, o repasse 
totalizou$240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) para cada um dos Municípios. 
Considerando os 4 Municípios, o total repassado foi de $960.000,00 (novecentos e sessenta 
mil reais). Estes recursos se destinam ao processo de estruturação do Centro-dia, 
implantação do serviço e início efetivo do atendimento aos usuários com previsão de início 
em 6 meses. 
 
Nos seis meses destinados à implantação dos serviços nos quatro Municípios cofinanciados 
o MDS tomou as seguintes providências junto aos Estados e aos Municípios: 
1. Ampliou a regulação dos Centros-dia no SUAS; 
2. Elaborou e disponibilizou as Orientações Técnicas sobre os Centros-dia; 
3. Realizou visitas técnicas e de capacitação aos quatros municípios cofinanciados: Belo 
Horizonte, Curitiba, Campo Grande e João Pessoas; 
4. Realizou uma Oficina de alinhamento com o Ministério da Saúde sobre o perfil 
da oferta articulada do serviço no Centro-dia e matriciamento ao SUS; 
5. Realizou um Grupo Focal com os coordenadores dos Centros-dia dos Municípios 
cofinanciados e seus respectivos Estados, com Especialistas convidados, Consultores do 
MDS e técnicos do Ministério da Saúde, sobre Estratégias Metodológicas do Serviço em 
Centro-dia. 
6. Contratou consultoria de especialista para elaboração de material técnico sobre stratégias 
Metodológicas do Serviço em Centro-dia. 
7. Concluiu essas Orientações Técnicas sobre Estratégias Metodológicas do Serviço em 
Centro-dia. 
 
O primeiro Município a inaugurar um Centro-dia de Referência para Pessoas com Deficiência 
e iniciar o atendimento aos usuários foi o de João Pessoa (PB), em 5 de dezembro de 2012. 
Face às mudanças de gestão em virtude do período eleitoral no ano 2012, os Municípios de 
Campo Grande/MS, Belo Horizonte/MG e Curitiba/PR informaram a nova previsão de início 
das atividades para 2013. 
 
Na segunda etapa foi disponibilizado o Termo de Aceite para apoio à oferta do Serviço em 
um total de 22 (vinte e dois) Centros-Dia de Referência para Pessoa com Deficiência, sendo 
um por Estado e/ou Distrito Federal. 
 
Puderam realizar o Termo de Aceite nesta etapa, o Distrito Federal, as capitais ou municípios 
com população superior a 50.000 (cinquenta mil) habitantes que tenham informado no Censo 
SUAS/CREAS 2011 ofertar no PAEFI atendimento para pessoas com deficiência em 
situação de violência intrafamiliar, negligência e abandono, que atendam aos seguintes 
critérios: 
 
 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
12 
I – habilitados em gestão básica ou plena do SUAS, para os municípios; 
II – com CRAS e CREAS implantados e em funcionamento, identificados por meio do 
Censo SUAS 2011 ou do CadSUAS, independentemente da fonte de financiamento; 
III – que disponham de Estratégia de Saúde da Família – ESF, Núcleo de Apoio à 
Saúde da Família – NASF e Centros de Habilitação e Reabilitação em Saúde, em 
funcionamento, a partir de informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. 
IV – com pessoas com deficiência beneficiárias do BPC identificadas por meio do 
Sistema de Acompanhamento do BPC/DATAPREV. 
 
Para que se atinja a meta posta no Plano Viver Sem Limite, um município por Estado da 
federação, foram priorizadas, inicialmente, a capital e/ou o Distrito Federal. Caso a capital 
não atenda aos critérios elencados ou não realize o aceite será priorizado o município do 
Estado com maior percentual de pessoas com deficiência beneficiárias do BPC em relação à 
população geral do município, verificado a partir de dados obtidos por meio do Sistema de 
Acompanhamento do BPC/DATAPREV. 
 
Neste caso, foram adotados os seguintes recortes populacionais, sequencialmente, até que 
se atinja a meta de um município por estado: 
 
I – Municípios com mais de 250.000 (duzentos e cinquenta mil) habitantes, que 
informaram no Censo SUAS/CREAS 2011 ofertarem no PAEFI atendimento para 
pessoas com deficiência em situação de violência intrafamiliar, negligência e abandono; 
II – Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes, que informaram no Censo 
SUAS/CREAS 2011 ofertarem no PAEFI atendimento para pessoas com deficiência em 
situação de violência intrafamiliar, negligência e abandono; 
III – Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes, que informaram no 
Censo SUAS/CREAS 2011 ofertarem no PAEFI atendimento para pessoas com 
deficiência em situação de violência intrafamiliar, negligência e abandono.A lista dos 
municípios e/ou Distrito Federal que poderão realizar o Termo de Aceite na segunda 
etapa, com ordem de prioridade, será disponibilizada no site do MDS, observando-se o 
limite de cinco (cinco) municípios por Estado. 
 
Enviaram o Termo de Aceite no prazo definido como limite, preencheram os pré-requisitos, 
foram selecionados e receberem cofinanciamento do MDS-FNAS, a partir da competência 
novembro de 2012, para implantação de 01 Centro-dia, os Municípios relacionados e o DF: 
Brasília-DF, Goiânia – GO, Maceió-AL, Salvador-BA, São Luiz-MA, Recife-PE, Natal-RN, 
Aracaju-SE, Manaus-AM, Rio Branco-AC, Araguaína-TO, Campinas-SP, São Gonçalo-RJ, 
Joinville-SC, Caxias do Sul-RS 
 
4. Modelagem dos instrumentos e metodologias acessíveis para implementação do 
Centro-dia 
 
O trabalho de modelagem de instrumentos de intervenção e de gestão do Centro-dia foi um 
grande desafio no sentido de buscar apontar possíveis metodologias de trabalho 
socioassistencial para pessoas com deficiência em situação de dependência e suas famílias, 
com um cuidado de não ser “receituário fechado” de técnicas de atendimento e registros, 
mas um norteador de possíveis estratégias que podem ser adotadas no serviço. Para tal, 
considerou antes de tudo, as especificidades e necessidades territoriais dos Centros-dia, a 
diversidade das demandas, a capacidade técnica em cada equipamento, dentre outros 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
13 
fatores. Sendo assim, apresentam-se caminhos, métodos, técnicas e instrumentos possíveis 
de trabalho que podem ser adaptados ou implementados conforme descritos, ou serem 
utilizados como referência para alternativas de abordagens. Ou seja, tratam-se de elementos 
para a construção de metodologias acessíveis à compreensão, comunicação e participação, 
considerando as distintas deficiências e as necessidades de apoios nas situações de 
dependência (FONSECA, 2012). Neste contexto, devem-se complementar as observações 
com outras relativas à idade e sexo; às situações de vulnerabilidade e risco por violação de 
direitos as quais estão inseridos os usuários; se as atividades que serão realizadas dentro do 
espaço físico do Centro-dia ou em outros espaços na comunidade, no domicílio do usuário, 
dentre outros. Para tanto, foram destacados princípios ético-funcionais que devem nortear o 
serviço e propostas metodológicas com respectivas sugestões de técnicas e instrumentos de 
registros. 
 
4.1 Princípios ético-funcionais e objetivos do trabalho socioassistencial no Centro-dia 
 
O Centro-dia enquanto equipamento especializado do SUAS desempenha um importante 
papel na ofertar da proteção social especial à pessoa com deficiência em situação de 
dependência e à sua família, por meio de: 
 acolhida e escuta ativa e qualificada das reais demandas do usuário e sua família; 
 elaboração de plano individual e/ou familiar de atendimento; 
 realização de atividades grupais e sociais de convivência e fortalecimento de vínculos 
no ambiente do serviço, no domicilio e na comunidade; 
 cuidados durante o dia para autonomia pessoal; 
 apoio e orientação ao cuidador familiar; 
 facilitação do acesso do usuário a outros serviços no território. 
 
Logo, trata-se de um serviço relevante na materialização da política pública de Assistência 
Social, que deve seguir alguns princípios ético-funcionais que garantam a efetivação das 
ações e o protagonismo do usuário.O primeiro princípio, o da universalização do acesso ao serviço na perspectiva do direito, 
tem por base a oferta pública do serviço de cuidados pessoais nas situações de dependência 
que, historicamente, foi ofertado pelas famílias. A estruturação de cada Centro-dia deve 
primar pela garantia da qualidade do serviço observando os parâmetros estabelecidos nas 
Orientações Técnicas do mesmo, de 30 (trinta usuários) em atendimento por turno (manhã 
ou tarde, inclusive na hora do almoço), da presença da equipe técnica de referência, da 
observância das orientações sobre espaço físico, materiais, da adoção de metodologias 
acessíveis, dentre outros princípios e diretrizes estabelecidas para os serviços. Porém, isso 
não deve ser um condicionante de restrição para que o equipamento receba, escute os 
usuários e suas famílias com sua diversidade de perfis e faça os devidos encaminhamentos 
necessários 
 
A atenção no serviço deve ter início a partir da escuta do usuário e suas famílias 
considerando a diversidade de perfil e demandas apresentadas; a realização dos 
atendimentos previstos; a orientação e os encaminhamentos devidos. A realização das 
articulações necessárias à qualificação do serviço no Centro-dia e à inclusão social dos 
usuários no território, além do encaminhamento das demandas que não são do escopo do 
Centro-dia, à exemplo das ofertas da rede SUAS (CRAS, CREAS), do SUS (Serviço de 
Atenção Básica, Centros de Reabilitação, CAPS, dentre outros), serviços da Educação ou 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
14 
outros serviços especializados ofertados por entidades sociais ou outras entidades e 
organizações, também constitui uma diretriz do Centro-dia. Deste modo, cabe ao Centro-dia 
também um papel de mobilização, não só da rede socioassistencial, como das demais redes 
de serviços, órgãos de defesa e de garantia de direitos na perspectiva de facilitação do 
acesso dos usuários. 
 
Considerando o perfil do público a ser atendido nos Centros-dia, constituído de jovens e 
adultos com deficiência, em situação de dependência e os vários agravos decorrentes da 
convivência com situações de extrema pobreza, isolamento social, desassistência de 
serviços essenciais ou sem nenhum atendimento, deve-se atentar para que o Serviço em 
Centro-dia não se constitua em serviço de caráter totalitário, ou seja, que reúna vários 
serviços de distintas áreas (assistência social, saúde, educação, trabalho ou outros) no 
mesmo espaço físico, se tornando em mais um espaço de isolamento social, mas sim, se 
constitua em um serviço especializado da assistência social e de facilitação do acesso do 
usuário a outros serviços no território, como os demais cidadãos. 
 
Neste contexto, ressalta-se o caráter do serviço em Centro-dia de convivência social, 
fortalecimento de vínculos e de oferta de cuidados pessoais, diminuição do estresse 
do cuidador familiar, em virtude da oferta de cuidados de longa permanência 
fortalecimento do papel protetivo das famílias, não se trata de um serviço específico por 
tipo de deficiência ou que prestará serviços escolarização ou de reabilitação, mas de um 
serviço típico da Assistência Social visando desenvolver a participação e a autonomia, por 
meio da socialização, convivência em distintos ambientes (no serviço, na comunidade, da 
família) e oferta de cuidados pessoais. 
 
Deve-se destacar que per si a convivência nas famílias com a deficiência, implica na busca 
de explicações dos pais e familiares (“Por que eu? Por que em nossa família?”) com 
“algumas construções sociais sobre conceitos e concepções, valores, desinformação, 
preconceitos, vinculações religiosas, dentre outras, que implicam a condução das relações 
com este fenômeno” (CRUZ, 2011, p. 19). A medida que a deficiência interrompe projetos 
ideais e “normais” nas famílias, sendo agravados por situações de dependência que podem 
aumentar, inclusive devido a fatores como a idade, é preciso construir novos projetos 
pessoais (CRUZ, 2011). Por isso, o foco direcionador do Centro-dia não é a deficiência, mas 
as pessoas, suas possibilidades e capacidades a serem desenvolvidas por meio da interação 
e convivência. Obviamente, não significa mascarar a deficiência ou limitações físicas, 
intelectuais, sensoriais que existam, mas conviver com as diferenças, buscando eliminar as 
barreiras impostas por padrões de “normalidade” que se instauraram na sociedade. 
 
Ao determinar o foco no desenvolvimento da pessoa com deficiência, define-se que devem 
ser prestados serviços de apoio, 
: habilidades intelectua
(LE BLANC, 2000 apud FONSECA, 2012, p. 3). Tal visão amplia o foco e intervenção do 
Centro-dia no que diz respeito a atividades da vida doméstica, inclusão social na família e 
comunidade, desenvolvimento humano e proteção social. 
 
Uma atenção especial deve ser dada para os tipos de apoio que devem ser ofertados para 
pessoas jovens e adultas com deficiência, em situação de dependência, agravadas por 
fatores de risco e vulnerabilidade social. Deve-se atentar para que todo e qualquer tipo de 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
15 
atendimento considere a idade cronológica dos usuários, buscando não infantilizar os 
processos, resquício comum no campo da deficiência e que muitas vezes impede os 
processos de autonomia e independência. Logo, jovens e adultos devem ser apoiados como 
tal, inseridos em ambientes voltados para estes, evitando ser tratados como eternos 
“meninos(as)” com deficiência. 
 
Outro importante princípio é o da acessibilidade, conceito que vêm sendo norteador das 
políticas públicas para pessoas com deficiência em termos ampliados, no que diz respeito a 
eliminação de barreiras físicas (mobiliários, edificações, transportes), barreiras de 
comunicação e barreiras atitudinais, dentro da lógica da não discriminação das pessoas 
devido as suas deficiências, conforme a Lei de Acessibilidade ― Lei nº. 10.098, de 
19/12/2000 (BRASIL, 2000). Recentemente, o Governo Federal afirma no Plano Viver Sem 
Limite6, que a acessibilidade: 
é um atributo do ambiente que garante a melhoria da qualidade de vida e 
deve estar presente nos espaços e na comunicação. Envolve a 
possibilidade de todas as pessoas conviverem de forma independente, 
com segurança e autonomia, nos espaços, mobiliários e equipamentos 
abertos ao público ou de uso público. Para que pessoas com deficiência 
utilizem, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, o meio 
físico, o transporte e a informação, são necessárias medidas apropriadas 
para efetivar a acessibilidade (BRASIL, 2012, p. 59) 
 
Os Centros-dia devem funcionar: 
- em espaços físicos acessíveis dentro dos princípios do design universal, com as 
devidas adaptações necessárias; 
- ofertando transportes adaptados, quando necessário, que facilitem a locomoção e 
deslocamento dos usuários para as atividades realizadas no seu espaço de 
funcionamento, em diferentes espaços públicos e domicílio do usuário; 
- usando e desenvolvendo diferentes tipos de linguagem e formas de comunicação 
alternativa que viabilizem processos efetivos de escuta, acolhimento e atendimento 
de necessidades que estimulem a vida independente, com autonomia e segurança. 
 
O uso de tecnologias assistivas é outro princípio norteador do funcionamento do Centro-
dia. O conceito de tecnologia assistiva é recente e tem como eixo a relação entre o indivíduo 
e a tecnologia, no sentido desta aumentar, manter ou melhorar as habilidades da pessoa 
com limitações funcionais e sensoriais (ROCHA; CASTIGLIONI, 2005; BERSH, 2008). De 
modo geral, o termo vem sendo usado para identificar “o arsenal de recursos e serviços que 
contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência 
e conseqüentemente promover vida independente e inclusão” (BERSH, 2008,p. 2) 
 
O conceito tecnologias que norteia as políticas públicas é o definido pelo Comitê de Ajudas 
Técnicas (CAT), da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República - 
SEDH/PR, instituído em 2006, sendo composto por grupo de especialistas brasileiros e 
representantes de órgãos governamentais, em uma agenda de trabalho: 
 
6
No Plano Viver Sem Limite, existem várias ações específicas voltadas para a acessibilidade, sendo inclusive criada a 
Secretaria Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos(SNAPU), dentro do Ministério das cidades, com o objetivo 
promovera inserção do tema acessibilidade urbana nos projetos governamentais da União, Estados, Distrito Federal 
emunicípios, por meio da instituição de uma política nacional (BRASIL, 2012) 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
16 
Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica 
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, 
metodologias,estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a 
funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com 
deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua 
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (Comitê 
de Ajudas Técnicas – ATA VII apud BERSH, 2008, p.4). 
 
Para que a tecnologia seja considerada assistiva é preciso que auxilie no desempenho 
funcional de atividades, reduzindo incapacidades para a realização de atividades da vida 
diária e da vida prática, nos diversos domínios do cotidiano. Isso a diferencia da tecnologia 
reabilitadora, por exemplo, que tem como foco auxiliar a recuperação de movimentos 
diminuídos. Assim, a tecnologia assistiva envolve tanto o equipamento ou instrumento 
concreto, quanto o conhecimento técnico requerido tendo como áreas de aplicação: 
adaptações para atividades da vida diária; sistemas de comunicação 
alternativa; dispositivos para utilização de computadores; unidades de 
controle ambiental; adaptações estruturais em ambientes domésticos, 
profissionais ou público; adequação da postura sentada; adaptações 
para déficits visuais e auditivos; equipamentos para mobilidade; 
adaptações em veículos (ROCHA; CASTIGLIONI (2005, p. 99) 
. 
Assim, são consideradas tecnologias assistivas equipamentos e instrumentos adaptados 
(lápis com cabo curvado mais grosso, apontador adaptado, leitores de tela, teclados 
adaptados etc.), roupas adaptadas, softwares e hardwares, chaves e acionadores especiais, 
aparelhos de escuta assistida, materiais protéticos, indicações luminosas ou sensoriais, pisos 
antiderrapantes, passagens e cruzamentos com indicadores, recursos audiodescritivos, 
serviços especializados, entre outras. A depender dos usuários da unidade Centro-dia, 
podem ser necessárias tecnologias mais sofisticadas ou abordagens mais simplificadas 
como as adotadas nas propostas de Reabilitação Baseada na Comunidade (RBC)7, nas 
quais os recursos, as técnicas reabilitadoras, os técnicos e as tecnologias são adaptados às 
alternativas existentes no ambiente, na comunidade, feitas de material acessível, de 
confecção rústica e/ou caseira. Logo, a tecnologia passa a ser um meio facilitador para a 
autonomia e a vida independente, buscando equiparar oportunidades para todos por meio da 
superação de barreiras na relação entre o meio ambiente e a pessoa (ROCHA; 
CASTIGLIONI, 2005). 
 
Outro princípio fundamental é o da participação efetiva da família e orientação do 
cuidador familiar, no acompanhamento da oferta do serviço e na avaliação das aquisições 
dos usuários. Deve-se considerar a família, o cuidador familiar, como sujeito de direito à 
proteção em virtude da convivência cotidiana com a situação de deficiência e dependência 
na família. O estresse próprio desta condição, associado à preocupação com os altos custos 
da família e impedimento do acesso à inclusão produtiva da família, uma vez que alguém 
precisa ofertar cuidados diários, caracterizam estas famílias como em situação de 
vulnerabilidade e risco por direitos violados, justificando, portanto, a inclusão das reais 
 
7
 RBC é uma metodologia de reabilitação simplificada surgida em 1979, por meio da Organização Mundial de Saúde 
(OMS) visando a promoção da conscientização e empoderamento da família e comunidade sobre as potencialidades locais e 
usos dos recursos disponíveis nos territórios para promover a reabilitação desenvolvendo tecnologias de baixo custo. 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
17 
demandas da família no Plano de Atendimento Individual ou Familiar das pessoas com 
deficiência atendidas no Centro-dia. 
 
Ressalte-se que a Política Pública de Assistência Social traz como uma de suas diretrizes a 
centralidade na família para concepção e implementação dos benefícios, serviços 
programas e projetos, sendo vista, portanto, como unidade central e integradora, instância 
coletiva, em relação a qual se incorpora uma atuação direta dentro do sistema de proteção 
social (CASTANHO E OLIVEIRA; WANDERLEY, 2004b). Adotar centralidade na família 
implica considerar as distintas constituições, arranjos e dinâmicas familiares, inclusive 
fenômenos sociais contemporâneos como a progressiva redução do número de filhos por 
família, o envelhecimento populacional, o ingresso das mulheres no mundo do trabalho, 
dentre outros, e a repercussão sobre a capacidade de oferta de cuidados pelas famílias. 
 
A situação de dependência em virtude da deficiência, como uma questão social, é recente 
como direito à proteção social do Estado. Desta forma, a oferta de cuidados pessoais em 
equipamentos como os Centros-dia de Referência, no âmbito do SUAS, é uma conquista 
importante que amplia direitos sociais. Nesta perspectiva, o serviço deve acolher as 
demandas reais das famílias dos usuários, realizando uma escuta qualificada, apresentando 
os objetivos do serviço, estabelecendo diálogos de construção de possibilidades de apoio e 
de trabalho conjunto em uma relação de parceria. 
 
Pactuações sobre como a família pode dar prosseguimento às orientações e adotar posturas 
de interação que promovem a autonomia e independência da pessoa com deficiência em 
distintos ambientes como a residência, comunidade e nas relações sociais significativas, 
devem fazer parte do trabalho do Centro-dia com as famílias. Da mesma forma, o 
planejamento de atividades diretamente nestes espaços, promovendo vivências positivas de 
fortalecimento de vínculos, contribui para a ampliação das redes de relacionamento, para a 
diminuição do isolamento social e para a promoção da autonomia da dupla “pessoa cuidada 
e cuidador familiar”. 
 
5. Algumas considerações finais: os limites e desafios a serem superados 
 
O conjunto de políticas públicas nas áreas de educação, saúde, trabalho, previdência, 
assistência social e acessibilidade, promovidas pelo Estado em parceria com a sociedade 
civil, vêm progressivamente criando e garantindo m sistema de proteção social no Brasil. Ao 
assegurar garantias sociais permanentes às pessoas com deficiência, defende-se a 
cidadania e inclusão social destas. Gradativamente o país vem se libertando dos resquícios 
assistencialistas que fundamentaram paradigmas no atendimento às necessidades das 
pessoas com deficiência, buscando redefinir responsabilidades com relação a vigilância 
socioassistencial, benefícios não-contributivos, prestação de serviços e defesa de direitos. 
Ao transitar da lógica da deficiência / incapacidade versus autonomia / participação, para as 
possibilidades ambivalentes da deficiência E capacidades / autonomia / participação, avança-
se na busca de um sistema de proteção social efetivo para mais de 45 milhões de pessoas 
com deficiência residentes no Brasil(IBGE, 2010). Luta-se pela equidade e respeito a 
diversidade, já que dentro deste próprio universo, existem uma série de diferenças de 
condições de vida e de níveis de dependência que levam muitas vezes a situações de 
violação de direitos. 
 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
18 
De modo proativo, o Brasil é signatário da Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas 
com Deficiência (CDPD), aprovada na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas 
(ONU), colocando o país em destaque no reconhecimento da importância de continuar 
ampliando os direitos sociais, políticos e econômicos das pessoas com deficiência e suas 
famílias (BRASIL, MDS, 2012a). Destaca-se aqui, o artigo 19 desta Convenção que assegura 
direitos a vida independente e inclusão na comunidade, no sentido das pessoas com 
deficiência: - puderem escolher seu local de residência e onde morar; 
- ter acesso a variados serviços de apoio em domicílio, em instituições residenciais ou em 
outros serviços de apoio, inclusive de cuidadores para que vivam se sejam incluídas na 
comunidade; 
- acesso a serviços e instalações da comunidade que estejam disponíveis em igualdade de 
oportunidades para atenderem as necessidades das pessoas com deficiência. 
 
Nestes dois últimos, pode-se visualizar bem a proposta do Centro-dia que é reafirmada no 
Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Plano Viver Sem Limite: “O Centro-
dia de Referência para pessoas com deficiência é uma unidade de serviço referenciada ao 
Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), integrante do Sistema 
Único de Assistência Social (Rede SUAS)” (BRASIL, 2012c, p.54) 
 
A política pública de Assistência Social na sua completude considera as questões até aqui 
levantadas sobre exclusão social ancorada nas situações de vulnerabilidade e risco por 
violação de direitos ao oferecer serviços socioassistenciais de fortalecimento de vínculos 
como direito de cidadania. A unidade especializada de atendimento a pessoas com distintas 
deficiências no SUAS, Centros-dia de Referência, adotará os conceitos e concepções 
anteriormente citados, sendo um equipamento que promoverá a inclusão social, no sentido 
de “afiliar” (ou “incluir”) estes cidadãos a serviços que promovam a convivência, aumentem a 
autonomia e a participação social, por meio do fortalecimento de vínculos para o 
enfrentamento das barreiras físicas, sociais e atitudinais. 
 
Não resta dúvidas quanto aos avanços que a proposta do Centro-dia traz para a solução de 
problemas de públicas relevância no âmbito da pessoa com deficiência, bem como, quanto 
ao caráter inovador do desenho de um serviço tipicamente socioassistencial. Porém, cabe 
aqui, por fim, trazer alguns limites e desafios a precisam ser superados para que os Centro-
dia possam ser implementados alcançando os impactos esperados: 
 
(a) necessária integração intragovernamental em todos os níveis, principalmente, com 
as políticas de saúde; 
Conforme relatado anteriormente, a interação interministerial trazida pelo Plano Viver Sem 
Limite deve ser intensificada de modo que se reflita na ponta, nos municípios, respaldando 
estes para uma ação conjunta junto as respectivas secretarias. Isso pressupõe um diálogo 
focado não apenas em questões orçamentárias, mas em conceitos, princípios e finalidades 
propostas pelo Sistema de Proteção Social que deve ser garantido a todas as pessoas com 
deficiência. 
 
(b) (des)continuidade da implementação do serviço no nível local; 
Percebe-se que mesmo havendo a assinatura de termos de compromisso entre governo 
federal, estadual e municipal, nos primeiros processos de implementação do serviço 
houveram grandes dificuldades no sentido da (des)continuidade das tratativas iniciais. Isso 
se deu devido a problemas de governabilidade das relações entre o governo estadual e 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
19 
municipal, por exemplo; bem como, devido a mudanças no executivo municipal ocorridas nas 
últimas eleições de 2012. Isso se reflete inclusive nos resultados previstos para 2012, ano 
em que deveriam ser abertos 04 Centros-dia e apenas um foi inaugurado. Fica a questão a 
ser pensada, sobre quais estratégias podem ser utilizadas para evitar esse tipo de problema, 
uma vez que se deve garantir no pacto federativo cooperativo a autonomia dos entes 
federados. 
 
(c) melhoria do diálogo e parcerias com a sociedade civil, que historicamente ofertou 
serviços diversos para as pessoas com deficiência e, que por vezes, enxerga a 
proposta do Centro-dia como uma “ameaça”; 
Compreendendo o contexto político no qual surge as propostas para formação da agenda em 
torno da criação do Centro-dia num primeiro momento, percebe-se que é chegada a hora do 
MDS e prefeituras abrir o diálogo e efetivar parcerias com organizações da sociedade civil 
para implementação total ou parcial do serviço. 
Percebe-se que no âmbito da prestação de serviços de Assistência Social como um todo, 
ocorrem algumas resistências à ação estatal. Mesmo com a institucionalização do SUAS 
com as duas unidades básicas de ação pública, os CRAS e CREAS, que devem 
universalizar a ação pública, muitos municípios têm rechaçado essa perspectivas e 
colocadas entidades sociais privadas para gerir os CRAS, por exemplo (SPOSATI, 2012). No 
caso dos Centros-dia, dada a especificidade de atuação, não que se haja um rechaço, mas é 
preciso fomentar parcerias com as organizações da sociedade civil. Isso deve ocorrer, não 
apenas pelo know-how e know-why destas entidades, percebe-se que, de fato, alguns 
problemas de ordem burocrática e política podem travar os processos de execução direta do 
serviço. Além disso, tais organizações dispõe de estruturas físicas e técnicas que podem 
colaborar com relação, por exemplo, aos encaminhamentos e aportes pontuais relacionados 
as demandas de saúde que podem surgir. Por ser um serviço novo e inovador é preciso que 
seus processos de gestão tenha acima de tudo um nível de autonomia para decidir de modo 
ágil algumas questões. 
 
(d) articulação com outros serviços na rede de proteção social; 
A rede socioassistencial anunciada pelo SUAS está em processo de construção. Não se 
pode afirmar que esta já funciona efetivamente por motivos óbvios que vão desde as 
dificuldades de diálogo intra e intersetorial. 
 
(e) desenhar e adequar metodologias e técnicas de serviços socioassistenciais, que 
sejam inovadoras e acessíveis, voltadas para a pessoa com diferentes tipos de 
deficiência e níveis de dependência, convivendo com distintas situações de 
vulnerabilidade e risco e/ou direitos violados 
Como trazido desde o início deste texto, o desenho de metodologias socioassistenciais para 
a pessoa com deficiência e suas famílias é um dos grandes desafios para os Centro-dia, haja 
vista, que historicamente destacam-se ações de educação e saúde mescladas com 
assistência social. A questão que se coloca agora é o que caracteriza um serviço 
socioassistencial para a pessoa com deficiência e suas famílias? 
As metodologias e instrumentos apontados inicialmente no processo de consultoria prestado 
para o MDS não são e não devem ser uma “camisa de força” ou estratégia top-down, mas 
elementos norteadores iniciais da ação que devem ser adaptados no nível local. 
 
 
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
20 
Referências 
ARAÚJO, E. T. Parcerias Estado e Organizações Especializadas: discursos e práticas em 
nome da integração/inclusão educacional das pessoas com deficiência. Dissertação de 
Mestrado em Serviço Social. PUC-SP, 2006. 
ARAÚJO, Edgilson Tavares de; CRUZ, Deusina Lopes. Orientações técnicas sobre o 
Serviço de Proteção Social Especial para as pessoas comdeficiência e suas 
famílias ofertado em Centros-dia de Referência: metodologias e técnicas acessíveis 
no serviço. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Pnud, 
2013, 179p. (no prelo) 
BERSCH, R. Introdução a tecnologia assistiva. Porto Alegre: CEDI, Centro Especializado 
em Desenvolvimento Infantil, 2008 Disponível em 
http://proeja.com/portal/images/semana-quimica/2011-10-19/tec-assistiva.pdf Acesso 
em 29 set. 2012. 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Secretária Nacional de 
Assistência Social, Departamento de Proteção Social Especial. Orientações Técnicas: 
Serviço de Proteção Especial para Pessoas com Deficiência e suas Famílias, ofertado 
em Centro-dia de Referência. Perguntas e respostas. Brasília: MDS, 2012a. 
_____. Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (2007). Protocolo 
facultativo à Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Decreto 
legislatvo nº. 186, de 09 de julho de 2008: Decreto nº. 6.949, de 25 de agosto de 2009, 
4 ed., ver e atual. – Brasília: Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Secretaria 
Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2012b. 
_____. Viver Sem Limite – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. 
Disponível em www.pessoacomdeficiencia.gov.br Acesso em: 15 set. 2012. 
_____. Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Texto da Resolução nº 
109, de 11 de novembro de 2009. Brasília, 2009. 
_____. Serviço de Proteção Social Especial de Média Complexidade, no âmbito do 
SUAS, para pessoas com deficiência, idosas e suas famílias, Brasília: MDS, nov. 
2010 (mimeo) 
_____. LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social. Lei nº. 8.742, de 7 de dezembro de 
1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. 
Brasília: MDS, s.d. 
_____. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS. NOB-RH/SUAS. 
Resolução nº.01, de 25 de janeiro de 2007, Brasília: MDS, 2009. 
_____. Decreto 3298, de 20 de dezembro de 1999, Brasília, 1999. 
CRUZ, Deusina Lopes. Avanços e desafios na luta das pessoas com deficiência. Publicado 
em 24/09/2012. Disponível em: http://www.mds.gov.br/layout-1/secretarias-
destaques/saladeimprensa/artigos/avancos-e-desafios-na-luta-das-pessoas-com-
deficiencia-deusina-lopes-da-cruz Acesso em 24 set. 2012. 
_____. Família, deficiência e proteção social: mães cuidadoras e os serviço do Sistema 
Único de Assistência Social (SUAS). Monografia. Curso de Especialização em Gestão 
de Políticas Públicas de Proteção e Desenvolvimento Social. Brasília: Escola de 
Nacional de Administração Pública, 2011. 
FONSECA, M. E. G. Elementos para a construção de metodologias acessíveis à 
compreensão, comunicação e participação, considerando as distintas 
deficiências e as necessidades de apoios nas situações de dependência. Palestra 
proferida para estimular o grupo focal para construção de metodologias acessíveis do 
Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, ofertado em 
Centros-dia de referência, realizado em Brasília, no dia 06 de novembro de 2012, 2012. 
http://proeja.com/portal/images/semana-quimica/2011-10-19/tec-assistiva.pdf
http://www.mds.gov.br/layout-1/secretarias-destaques/saladeimprensa/artigos/avancos-e-desafios-na-luta-das-pessoas-com-deficiencia-deusina-lopes-da-cruz
http://www.mds.gov.br/layout-1/secretarias-destaques/saladeimprensa/artigos/avancos-e-desafios-na-luta-das-pessoas-com-deficiencia-deusina-lopes-da-cruz
http://www.mds.gov.br/layout-1/secretarias-destaques/saladeimprensa/artigos/avancos-e-desafios-na-luta-das-pessoas-com-deficiencia-deusina-lopes-da-cruz
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
21 
ROJAS, M F. Valores, família e autodeterminação: questões complexas para pessoas com 
deficiência mental que envelhecem. In:CLEMENTE FILHO, A. S.; GROTH, S. M. 
Envelhecimento e deficiência mental: uma emergência silenciosa, São Paulo: 
Instituto APAE, 2004, p. 145-152. 
SASSAKI, R. K. Como chamar os que têm deficiência? Rede Saci, 20/05/2003 Disponível 
em: www.saci.org.br Acesso em: 20 mai. 2003. 
SPOSATI, Aldaiza. Desafios do sistema de proteção social. In: STUCHI, C. G; PAULA, R. F. 
S.; PAZ, R. D. O. (org.) Assistência Social e Filantropia: cenários contemporâneos. 
São Paulo: Veras, 2012 (Coleção coletâneas), p. 21- 38 
______. Modelo brasileiro de proteção social não contributiva: concepções fundantes. In: 
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME (MDS), 
Concepção e gestão da proteção social não contributiva no Brasil. Brasília: MDS, 
Unesco, 2009, p. 13-56. 
_____. Seguridade Cidadã: múltiplos desafios para a institucionalidade social da América 
Latina. Seminário Internacional Inovações Locais frente a Inseguranças Globais: Brasil 
e Espanha. Barcelona, Espanha: Fundação CIDOB-IBEI – Centro de Investigação, 
Docência, Documentação e Divulgação de Relações Internacionais e Desenvolvimento 
de Barcelona, Instituto de Governo e Políticas Públicas da Universidade Autônoma de 
Barcelona; FGV-EBAPE – Escola Brasileira de Administração Pública, 2007 (mimeo) 
 
 
*EDGILSON TAVARES DE ARAÚJO 
Doutor e mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo , 
especialista em Estratégias de Mobilização e Marketing Social pela Universidade de Brasília / 
Unicef, Bacharel em Administração pela Universidade Federal da Paraíba . Realizou estágio 
doutoral sanduíche em Lisboa - Portugal, na Universidade Católica Portuguesa, com bolsa 
da CAPES. Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia 
(UFRB), na área de Políticas Públicas; pesquisador do Observatório da Formação em 
Gestão Social, na UFBA. Atuou como gestor de organizações da sociedade civil, 
principalmente, na área de pessoas com deficiência destacando cargos de gestão na 
Fenapaes, Instituto APAE de São Paulo, Sense International, Grupo Brasil de Apoio ao 
Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial. Foi consultor do Ministério do Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome, para o desenho de instrumentos e metodologias acessíveis para 
o Centro-dia de Referência para pessoas com Deficiência, no âmbito do Sistema Único de 
Assistência Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.saci.org.br/
XVIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Montevideo, Uruguay, 29 oct. - 1 nov. 2013 
22 
QUADRO 1 
Relação dos Municípios elegíveis para a implantação do Serviço de Proteção Social Especial 
para Pessoas com Deficiência e suas famílias, ofertado em Centro-dia de Referência e 
respectivos Termos de Aceite na primeira etapa de implementação 
 
 
ESTADO 
 
MUNICÍPIO 
 
TERMO DE ACEITE 
NA PRIMEIRA ETAPA 
 Região Sul 
Curitiba 1º lugar Paraná Curitiba 
2º lugar Santa Catarina Florianópolis 
 Região Sudeste 
Belo Horizonte 1º lugar Minas Gerais Belo Horizonte 
2º lugar São Paulo São Paulo 
 Região Centro-Oeste 
Campo Grande 
 
1º lugar Mato Grosso do Sul Campo Grande 
2º lugar Goiás Goiânia 
 Região Norte 
- 1º lugar Pará Belém 
2º lugar Macapá Amapá 
 Região Nordeste 
João Pessoa 1º lugar Pernambuco Recife 
2º lugar Paraíba João Pessoa 
FONTE: Elaboração própria a partir de Brasil, MDS (2012a).

Continue navegando

Outros materiais