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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZEM INDUSTRIAL – SENAI UNIDADE DE TAGUATINGA – DF PRINCIPAIS ACIDENTES DE TRABALHO NO SETOR DE PRODUÇÃO DE AEROGERADORES E PARQUES EÓLICOS – RELATÓRIO TÉCNICO AMANDA DA CONCEIÇÃO VIANA JOAQUIM MARQUES DA SILVA NETO MAYARA ROSA MARQUES DE SOUZA TIAGO MONTELO DE LARA BRASÍLIA-DF 2022 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................1 2. PARQUES EÓLICOS...............................................................................................2 2.1. CONCEITO 2.2. BREVE RESUMO HISTÓRICO 2.3. ESTRUTURA 2.4. MERCADO, VANTAGENS E DESVANTAGENS 3. ENERGIA EÓLICA....................................................................................................6 3.1. CONCEITO 3.2. VANTAGENS 4. AEROGERADORES.................................................................................................7 4.1. CONCEITO E ESTRUTURA 4.2. TRANSPORTE 4.3. MANUTENÇÃO 5. NORMAS REGULAMENTADORAS.......................................................................13 5.1. CONCEITO 5.2. NR’s APLICÁVEIS 6. ACIDENTES DE TRABALHO.................................................................................15 6.1. CONCEITO 6.2. DADOS E ESTATÍSTICAS 7. NR 10 - RISCOS ELÉTRICOS................................................................................20 8. NR 15 - RUÍDOS ACÚSTICOS...............................................................................23 9. NR 23 - PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS.......................................................27 10. NR 33 - ESPAÇO CONFINADO............................................................................30 11. NR 35 - TRABALHO EM ALTURA........................................................................32 12. CONCLUSÃO.......................................................................................................37 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................38 1 INTRODUÇÃO Fato é que a utilização de Energias renováveis já são uma realidade no Brasil, e no mundo, e seu crescimento tem sido cada vez mais expressivo. Vários são os fatores que as tornam tão necessárias, atrativas, viáveis e ecologicamente corretas, tais como: a redução da oferta e do incentivo ao uso de petróleo e derivados; a disponibilidade praticamente inesgotável de recursos, como o vento e o sol; o desenvolvimento de tecnologias capazes de gerar e transportar energia obtida; e a grande necessidade de suprir a demanda mundial. O vento já havia sido usado no passado como fonte de energia mecânica, bem como para transporte. A criação de turbinas capazes de capturar energia cinética do vento e transformá-la em mecânica para alimentar um gerador, revolucionou como esta vinha sendo aplicada. O Brasil hoje, conta com 828 parques eólicos, sendo 725 só no nordeste. A energia eólica é uma das mais limpas e ecologicamente corretas fontes de energia. Colabora na diversificação do portfólio energético de um país como reduz a dependência de combustíveis importados. Além disso, a força do vento traz consigo empregos e provém benefícios para as comunidades locais em que os parques são construídos. Entretanto, há alguns impactos sobre a vida humana, tais como: o barulho causado pelas turbinas, o impacto visual gerado por elas, a interferência eletromagnética, algumas intervenções na fauna e flora, e situações nas quais os colaboradores estão sujeitos a sofrer algum tipo de acidente. Segundo a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEÓLICA, 2016), Élbia Gannoum, existem barreiras que inibem o processo dessa fonte de energia, como: sociopolíticos, ausência de crédito, transmissão da energia, acesso ao mercado, falta de mão-de-obra experiente e qualificada, poucos fabricantes e fornecedores de equipamentos e uma grande deficiência na legislação e nas normas de segurança específicas ao setor. Por tanto, importante se faz a elaboração do relatório técnico que se apresenta. O qual expõe os principais componentes de um aerogerador/parques eólicos, e as vantagens da energia eólica, bem como os principais riscos de acidentes e requisitos específicos para se alcançar resultados de forma segura. 2 2 - PARQUES EÓLICOS 2.1. Conceito Um parque eólico é um conjunto, também muitas vezes chamada de fazenda, de turbinas eólicas que operam juntas, de modo que, da perspectiva da rede, elas parecem formar uma única usina. Assim, as modernas turbinas eólicas são usadas para capturar energia cinética do vento, convertendo-a na capacidade de gerar energia elétrica. Ou seja, trata-se de um espaço, terrestre ou marítimo, onde estão concentrados vários aerogeradores destinados a transformar energia eólica em energia elétrica. Por fim, acerca do conceito, podemos trazer a conhecimento, a definição do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, o qual define eólica como sendo: A referência a qualquer empreendimento de geração de eletricidade que converta energia cinética dos ventos em energia elétrica, em ambiente terrestre, formado por uma ou mais unidades aerogeradoras, seus sistemas associados e equipamentos de medição, controle e supervisão. 2.2. Breve Resumo Histórico É difícil apontar o momento exato de quando surgiu a energia eólica, mas o que se sabe é que num passado distante, no período Antes de Cristo, a força mecânica dos ventos já era utilizada pelo homem para impulsionar velas acopladas a embarcações, moinhos de grãos e no bombeamento de água, substituindo a força humana ou animal. Acredita-se que o primeiro moinho de vento utilizado com o intuito de produzir energia elétrica foi construído em 1887, na Escócia, pelo professor James Blyth, que instalou uma torre de dez metros de altura no jardim de sua própria residência, e a energia gerada era utilizada para iluminar o local. Na década de 1890, o inventor e meteorologista dinamarquês Poul la Cour deu mais um passo importante ao constatar que turbinas com menos pás eram mais rápidas e eficientes para a produção de eletricidade. Já em 1897, com financiamento https://pt.wikipedia.org/wiki/Aerogerador https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_e%C3%B3lica https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_el%C3%A9trica 3 do governo, construiu uma turbina, que posteriormente seria usada na usina do vilarejo de Askov - USA. Outra contribuição importante de Poul la Cour foi que ele fundou a primeira associação sobre energia eólica do mundo. Onde os integrantes, além de aprenderem a lidar com máquinas elétricas, tinham aulas de contabilidade, geometria, física e alemão. A expansão da energia eólica continuou com pesquisas e experimentos pelo mundo, mas ganhou força durante a crise internacional de petróleo, na década de 1970. Neste período, diversos países, entre eles o Brasil, se interessaram pelo desenvolvimento de fontes alternativas visando dois objetivos principais: diminuir a dependência do petróleo e aumentar a autonomia em suprir as demandas internas de energia, algo de extrema importância estratégica para a época. Já no Brasil, a primeira turbina eólica foi instalada em Fernando de Noronha, em 1992. Dez anos depois, o governo criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) para a utilização de fontes renováveis como a eólica, a biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Este programa contratou cerca de 1.420 MW em empreendimentos eólicos por 20 anos, que entraram em operação entre 2006 e 2011. 2.3. Estrutura Um parque eólico como já mencionado, é um local designado à geração de energia eólica (aquela obtida a partir da força do vento). Ele consiste em um grupo de aerogeradores com dimensões de altura de até 130 metros de base, com pás eólicas de até 100metros e 300 toneladas de peso. Já no tocante ao dimensionamento da produção de energia, elas podem variar em média de 600 kW a 5 MW, dispostos ao longo de um território para aproveitar ao máximo os recursos eólicos do local. Mas para se chegar a esse funcionamento, temos de ter em mente que o mesmo, é construído por várias etapas, que requerem o cuidado e a busca por pessoas capacitadas como pesquisadores e engenheiros nas áreas: civil, elétrica, mecânica, ambiental, entre outras. Para se ter uma ideia, são desenvolvidos estudos para que o projeto de parque eólico seja aprovado no local adequado. Uma vez tenha sido aprovado o local de 4 instalação, é feita a medição dos ventos por um período de um ano, sendo possível ter uma noção de velocidade média anual para a geração de energia elétrica. É de suma importância que os ventos sejam regulares, e não tenham transtornos de turbulência e fenômenos climáticos que possam acarretar em transtornos inesperados. Por fim, importante frisar que existem dois tipos de parques eólicos: o offshore e o onshore. O offshore, está localizado em alto-mar, afastado da costa. Como o oceano permite a instalação de grandes estruturas, as turbinas deste sistema possuem alta capacidade. Além disso, o vento possui maior força e velocidade nestas regiões, uma vez que não existem quaisquer barreiras verticais, sejam naturais ou artificiais. Já o Parque eólico onshore, fica localizado no continente. E na maioria das vezes estes parques são instalados em áreas rurais, de elevadas altitudes. Figura 1 - Parque Offshore Figura 2 - Parque Onshore Fonte: Portal Energia Fonte: Portal Energia 2.4. Mercado, Vantagens e Desvantagens O cenário brasileiro é bastante propício ao setor eólico e algumas características conspiram para isso, como as propriedades dos ventos que possuem direção predominantemente uniforme durante o ano e constantes em todas as estações do ano, com isso tornando bem mais rentável e produtiva do que em relação a uma usina europeia por exemplo, onde seus ventos não possuem propriedades tão boas e também a redução dos custos devido às políticas de leilões de energia, tornando, hoje, uma das energias mais baratas do país. (PORTAL BRASIL, 2017). 5 Sabe-se também, que a energia eólica é limpa, renovável e, portanto, uma excelente alternativa às fontes de energia poluentes e esgotáveis, como os combustíveis fósseis. Quando uma energia limpa substitui o uso de uma energia não- renovável, temos um ganho na contenção do efeito estufa, do aquecimento global e de outros fenômenos que ameaçam a natureza. Além disso, os parques eólicos apresentam outras vantagens, tais como: Os parques ocupam reduzidos espaços, se comparados à quantidade de energia que conseguem produzir; Os custos de manutenção dos aerogeradores são baixos; Podem ser criados milhares de postos de trabalho todos os anos; Nomeadamente nos parques eólicos onshore, a geração de energia pode ocorrer de forma concomitante às atividades agrícolas e pecuárias, desenvolvidas ao redor das turbinas. Em relação às vantagens já citadas, o principal benefício é a contribuição ambiental, já que nenhum gás poluente é emitido no processo e praticamente se possui uma fonte inesgotável. Além disso, ocorre a redução da dependência de combustíveis fósseis, pois hoje, quando as usinas termelétricas são acionadas, em virtude das usinas hidrelétricas estarem com os reservatórios com níveis baixos, como ocorreu recentemente no Brasil, temos uma elevada liberação de gases nocivos na atmosfera. Isso ocorre, porque tais usinas queimam combustíveis fósseis como petróleo, carvão mineral e gás natural para produzir energia, processo que libera muito CO2. Desta forma, considerando que hoje as usinas eólicas são a terceira maior fonte de energia do país, elas se tornam ainda mais relevantes considerando a redução da dependência a usinas tão poluentes. Por outro lado, considerando as desvantagens, tratando-se de natureza, temos que o vento possa se tornar muito irregular, então nem sempre será possível gerar energia quando for necessário, caso isso ocorra. Por isso, a energia eólica pode ser considerada um tipo de energia “complementar”, pelo menos por enquanto. 6 Por fim, também há a questão dos custos dos equipamentos, o que causa uma dificuldade para a implantação, assim como é preciso encontrar grandes áreas que tenham muito vento para que os aerogeradores sejam instalados, o que não é uma tarefa muito simples, na maioria das vezes. 3 - ENERGIA EÓLICA 3.1. Conceito A energia eólica é aquela obtida a partir da força do vento. Como? Por meio de um aerogerador, que transforma a energia cinética das correntes de ar em energia elétrica. O processo de extração é realizado principalmente graças ao rotor (que transforma a energia cinética em energia mecânica) e ao gerador (que transforma dita energia mecânica em elétrica). Estamos falando de uma energia renovável, eficiente, madura e segura, fundamental para a transição energética e a descarbonização da economia. Ou nas palavras da ANEEL (2005) energia eólica é a energia cinética contidas nas massas de ar. Seu aproveitamento se dar através da conversão de energia cinética em energia cinética de rotação por meios de turbinas eólicas, assim gerando energia elétrica ou energia mecânica para a o bombeamento d’água através de cata- ventos ou moinhos. 3.2. Vantagens • Ser menos poluente: Por não utilizar recursos que causem perigo biológico (como a energia nuclear) e nem água, causa mínimo impacto na natureza durante a geração de energia elétrica; • Promover a economia local: sendo implantada em regiões mais afastadas, devido a força dos ventos, a usina eólica além de geras empregos locais, movimenta uma economia; • Reduzir gastos governamentais: Considerando o custo de uma hidroelétrica ou nuclear, uma usina de energia eólica tem um custo muito inferior; • Energia 100% renovável: Por depender apenas da força dos ventos é considerada uma das energias mais limpas e renováveis do planeta. https://www.iberdrola.com/quem-somos/linhas-negocio/energias-renovaveis https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/transicao-energetica https://www.iberdrola.com/quem-somos/energetica-do-futuro/descarbonizacao-economia-principios-acoes-regulacao 7 Diferente de outras fontes de energia como o petróleo e até mesmo a água, o vento é uma fonte inesgotável e não existe restrição para o seu uso. A energia produzida é sustentável que não há emissão de quaisquer elementos que poluem o ar ou o meio ambiente. Além das vantagens ao meio ambiente, a energia eólica está cada dia mais barata, já que a tecnologia usada na produção vem diminuindo ao longo dos anos e as empresas estão investindo neste tipo de produção. 4 - AEROGERADORES 4.1. Conceito e Estrutura Mas o que é, como funciona e para que serve um aerogerador? De forma a compreender melhor como funciona essa máquina, devemos saber primeiro o que é um aerogerador e como ele é constituído. Um aerogerador, equipamento semelhante a um moinho de vento (turbina eólica ou sistema de geração eólica) é um equipamento composto de pás, que se movimentam com a velocidade dos ventos, fazendo o rotor girar, ou seja, que utiliza a energia cinética do vento, convertendo-a em energia elétrica. Como no processo é utilizado uma fonte de energia sem fim denomina-se essa energia resultante de energia renovável, e também de energia eólica por ser utilizado o vento nesse processo. No funcionamento de um aerogerador as pás – que tratam-se de uma espécie de lâmina em forma de aerofólio, que proporciona elevação em uma aeronave de asa fixa, e aproveitam a energia eólica e acionam o rotor de uma turbina – giram com a força do vento, movimentando o rotor que por sua veztransmite a rotação multiplicada pela caixa multiplicadora ao gerador, que por sua vez, converte normalmente em conjunto com um conversor de potência, a energia mecânica recebida em energia elétrica. A energia elétrica produzida pelos aeros é injetada à rede de média tensão do parque eólico. E é por essa rede, que a energia chega à uma subestação Coletora. Assim, por meio de um transformador de potência, os níveis de tensão são elevados à patamares que possibilitam escoar a energia produzida através de extensas linhas de transmissão, direcionadas até as cidades. 8 Importante frisar que o desenho das pás em forma de aerofólio é usado para permitir que elas exerçam elevação perpendicular à direção do vento. Este vetor de força atua sobre o rotor e é a força motriz da turbina eólica. Os aerogeradores são equipados ainda com freio, que permite interromper a rotação das pás quando não é necessário gerar energia elétrica, e a unidade de controle, para monitorar as características do vento e fazer com que as pás sejam posicionadas de uma forma que possam aproveitá-lo com mais eficiência. Figura 3: Aerogerador Aspecto Externo Fonte: ResearchGat No tocante a estrutura de um aerogerador de Eixo Horizontal, que são os mais comuns, temos os seguintes componentes: Pás: captam o vento, convertendo sua potência ao centro do rotor. São construídas em processos praticamente artesanal a partir de materiais como o plástico (poliéster e resina apóxi), fibra de vidro. O desenho das pás emprega as mesmas soluções técnicas usadas na Aeronáutica nos cálculos de engenharia das asas dos aviões; Rotor: elemento de fixação das pás que transmite o movimento de rotação para o eixo de movimento lento. Um de seus principais componentes é o sistema hidráulico que permite o movimento das pás em distintas posições para otimizar a força do vento ou parar a turbina por completo; Torre: elemento que sustenta o rotor e a nacelle na altura apropriada ao seu funcionamento. Embora a maioria das torres sejam de aço, como foram 9 originalmente construídas, hoje já existem outros modelos com diferentes tipos de material como o concreto; Nacelle: compartimento instalado no alto da torre composto por caixa multiplicadora, gerador, chassis, sistema de yaw, sistema de controle eletrônico e sistema hidráulico. É o componente com maior peso do sistema. Dependendo do fabricante do aerogerador, pode ultrapassar as 72 toneladas de peso; Gearbox (caixa multiplicadora): tem função de transformar as rotações que as pás transmitem ao eixo de baixa velocidade (19 a 30 rpm), de modo que entregue ao eixo de alta velocidade aa rotações que o gerador precisa para funcionar (~1.500 rpm); Gerador: converte a energia mecânica do eixo em energia elétrica; Anemómetro: mede e intensidade, velocidade e a direção do vento. Esses dados são lidos pelo sistema de controle, que garante o posicionamento mais adequado para a turbina; Figura 4: Funcionamento de um Aerogerador Fonte: Neoenergia 10 4.2. Transporte A produção de pás eólicas tem aumentado significativamente desde os anos 80 até os dias de hoje, levando as transportadoras especializadas e se adaptarem constantemente, para oferecer uma logística segura, eficaz e com o menor custo possível. Uma dessas adaptações é com relação aos modais que devem ser escolhidos para o transporte, que podem incluir além do tradicional rodoviário, o fluvial e o ferroviário. As pás eólicas são grandes, pesadas e extremamente difíceis de transportar. Para se ter uma ideia, um parque eólico de 150 megawatts pode exigir até 650 cargas de caminhão, 140 vagões e oito navios para completar o processo de transporte. Por isso, no planejamento tradicional de rotas, é escolhida aquela mais rápida e mais econômica. Entretanto, a logística deve ser ajustada para lidar com limitações e barreiras, sejam elas físicas ou até mesmo legais. Dessa maneira, é bastante compreensivo o esforço logístico envolvido no transporte de itens com o tamanho e complexidade das pás eólicas, que envolve veículos, equipamentos e profissionais especializados. Isso sem contar as grandes distâncias a serem percorridas dentro de um país continental, como o Brasil, com seus vários tipos de estradas, nem sempre em condições favoráveis. Além disso, os parques eólicos costumam ser instalados em áreas rurais e remotas, enquanto as capacidades de fabricação são estabelecidas em cidades maiores e centrais. Por isso, muitas vezes a logística por trás do transporte de pás eólicas leva meses para ser planejada, em virtude da complexidade que o serviço exige. Para peças transportadas por estrada, o grande tamanho das pás eólicas exige um estudo de viabilidade abrangente em relação às rotas, remoção de obstáculos, obtenção de licenças, entre outras providências. Importante salientar ainda que, na maioria das vezes, não há muitas opções além do transporte terrestre, além de pouca oferta de empresas de logística gabaritadas para fazerem o transporte eficaz e seguro. Tão logo, claro fica que conduzir caminhões suficientemente grandes para transportar peças de turbinas eólicas é um trabalho incrivelmente qualificado. https://www.enelgreenpower.com/pt/learning-hub/energias-renoveveis/energia-eolica/parque-eolico https://arizonagrupo.com.br/ 11 Figura 5: Transporte de Pás – Via Rodovia Fonte: Tecmundo Figura 6: Transporte de Pás – Via Aquaviária Fonte: DocPlayer Por fim, se tratando sobre transportes de cargas, temos de levantar o disposto na NR 17, que aborda sobre o tema, o qual informa que todo trabalhador designado para o transporte manual e regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento para isso. E, também, instruções sobre aos métodos de trabalho que deverá utilizar, para salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. Visando estabelecer diretrizes e requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às características 12 psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho. 4.3. Manutenção Ligando áreas como elétrica, mecânica, aerodinâmica e controle de sistemas, os aerogeradores possuem um sistema complexo e altamente tecnológico, onde diversos especialistas são necessários para incorporá-los nos complexos eólicos espalhados pelo Brasil, pois cada equipamento necessita de pessoal treinado e capacitado para realizar sua manutenção. Como o ciclo de vida dos aerogeradores é de aproximadamente 20 anos, a troca de todo o equipamento é substituída pelas manutenções preventivas e renovações de peças individuais, porém, alguns itens são trocados de 2 em 2 anos como travões, amortecedores, óleos das caixas de velocidade, entre outros. Já algumas partes dos sistemas de orientações das pás devem ser substituídas em torno de 5 anos. Claro que rotinas preventivas, reparações e inspeções são realizadas anualmente em todos os equipamentos principalmente em aerogeradores, mas a manutenção desses sistemas ocorre através de um conjunto de ações que determinam a possibilidade do custo mínimo em todas as etapas dos processos, assegurando o bom funcionamento do serviço determinado. A manutenção de aerogeradores é feita através de 4 etapas importantes: Manutenção Preventiva (Procedimentos Diários); Manutenção Curativa (Procedimento Moderador); Manutenção Sistemática (Verificações Periódicas); Manutenção Condicionada (Manutenção seguindo um acontecimento predeterminado). Todas estão interligadas e apresentam um conjunto de técnicas e informações que servirão como princípio para descobrir os principais danos elétricos e mecânicos em aerogeradores. Manutenções preventivas, curativas, sistemáticas e condicionadashttps://www.portal-energia.com/principais-avarias-electricas-mecanicas-aerogeradores/ https://www.portal-energia.com/principais-avarias-electricas-mecanicas-aerogeradores/ 13 são executadas seguindo um planejamento eficiente atribuído em todos os controles dos sistemas eólicos. Figura 7: Manutenção na Nacelle Fonte: Portal Energia 5 - NORMAS REGULAMENTADORAS 5.1. Conceito As Normas Regulamentadoras (NR) são disposições complementares ao Capítulo V (Da Segurança e da Medicina do Trabalho) do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com redação dada pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Consistem em obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de garantir trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes de trabalho. As primeiras normas regulamentadoras foram publicadas pela Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978. As demais normas foram criadas ao longo do tempo, visando assegurar a prevenção da segurança e saúde de trabalhadores em serviços laborais e segmentos econômicos específicos. A elaboração e a revisão das normas regulamentadoras são realizadas adotando o sistema tripartite paritário, preconizado pela Organização Internacional do http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6514.htm https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-portarias/1978/portaria_3-214_aprova_as_nrs.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-portarias/1978/portaria_3-214_aprova_as_nrs.pdf 14 Trabalho (OIT), por meio de grupos e comissões compostas por representantes do governo, de empregadores e de trabalhadores. Nesse contexto, a Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) é a instância de discussão para construção e atualização das normas regulamentadoras, com vistas a melhorar as condições e o meio ambiente do trabalho. 5.2. NR’s Aplicáveis ao Trabalho em Parques Eólicos e Aerogeradores Dentro da nossa área de atuação, poderíamos apontar as seguintes NR’s de forma prioritária: NR 01 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais; NR 03 - Embargo e Interdição; NR 04 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho; NR 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual – EPI; NR 07 - Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional; NR 09 - Avaliação e Controle das Exposições a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos; NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade; NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais; NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos; NR 15 - Atividades e Operações Insalubres; Anexo 1 - Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente; Anexo 2 – Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto; NR 17 - Ergonomia; NR 21 - Trabalhos a Céu Aberto; https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/ctpp-normas-regulamentadoras 15 NR 23 - Proteção Contra Incêndios; NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; NR 26 - Sinalização de Segurança; NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados; NR 35 - Trabalho em Altura. OBS.: Entre estas, destacamos em negrito, as que seriam mais importantes, haja vista todo o apresentado até o momento. 6 - ACIDENTES DE TRABALHO 6.1. Conceito Nos termos da Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976: Art. 2º Acidente do trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Assim, a indústria de energia eólica, sendo um setor relativamente novo, ainda tem muito a discutir sobre os riscos específicos a que estão sujeitos os trabalhadores envolvidos. Os inerentes aos trabalhos em altura, à movimentação de cargas, ao espaço confinado, riscos elétricos, lesões, posturas inadequadas, entre outras, são intensificadas com situações muito particulares, como zonas isoladas e condições meteorológicas adversas. A criação de Parques Eólicos envolve diversas situações nas quais o indivíduo pode sofrer algum tipo de acidente, por isso é preciso cuidado e atenção às normas de segurança em qualquer uma das situações apresentadas anteriormente. E embora muitos dos fatores de riscos mais evidentes, sejam minimizados pelo fornecimento de tecnologias antiqueda e sistemas de trabalho seguro por exemplo, alguns perigos permanecem imperceptíveis, sem a devida fiscalização e plano de levantamento, podendo levar à ocorrência de incidentes/acidentes. 16 Desta forma, temos que a segurança em usinas eólicas é um dos principais aspectos para o bom funcionamento deste serviço. Por trazer um método de fornecimento de energia, esses locais precisam cumprir com alguns requisitos específicos para que alcancem os resultados pretendidos de forma segura. Por fim, antes de adentrarmos especificamente no setor eólico, é preciso lembrar que o Brasil é mundialmente conhecido por seu elevado número de acidentes de trabalho, sendo algo que não orgulha em nada nosso país, mas é uma realidade que pode ser mudada. A título de conhecimento, segue gráfico abaixo, que traz tão somente os dados de empregos formais: Figura 08: Comparação entre o saldo de empregos formais e acidentes de trabalho de 2011 a 2016 - Brasil 6.2. Dados e Estatísticas No sentido de ratificar os dados ora coletados expressos no Gráfico CWIF, realizou-se uma estimativa. Para isso, foram utilizados os dados divulgados pela Previdência Social (Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho) e pelo Ministério de Minas e Energia (Relatório Final de Balanço Energético Nacional) também entre os anos de 2007 e 2015. 17 A estimativa baseou-se na quantidade de acidentes registrados segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) que engloba todos os tipos de fontes geradoras de energia em uma mesma classe, conforme a categorização mostrada na Tabela AEAT e na porcentagem de energia eólica na matriz energética nacional no ano específico. Desta forma, haja vista que no ano de 2015 por exemplo, foram registrados 699 acidentes, e como neste ano a porcentagem de energia eólica na matriz nacional foi de 3,5% estima-se que tenham ocorrido 24 acidentes neste segmento. Figura 09: Acidentes em Parques Eólicos Brasileiros Figura 10: Relação entre Acidentes 18 Figura 11: Classificação de Atividades Econômicas Assim, a nível de Brasil, temos que apesar de não termos números elevados quando comparado a outros setores, como por exemplo a construção civil, precisamos levar em consideração que por se tratar de um setor novo, e que não possui legislação aplicável, mas apenas análogas, é suficiente para se acender o alerta vermelho no sentido de se verificar e elaborar relatórios técnicos que demonstrem o porquê e como ocorreram os acidentes, evitando assim perdas futuras. Agora, quando passamos a analisar gráficos que demonstram os acidentes a níveis globais, estes alimentam ainda mais a necessidade e observância de critérios técnicos de segurança, já apresentados acima. Figura 12: Acidentes de Trabalho em Usinas Eólicas entre 1996 e 2017 19 Figura 13: Tipos de Acidentes em Parques Eólicos ocorridos entre janeiro/2008e dezembro/2017 Escala Global Figura 14: Número de Acidentes e Incêndios em Parques Eólicos por País de janeiro/2008 a dezembro/2017 20 7 – NR 10 - RISCOS ELÉTRICOS A NR 10, trata da segurança em instalações e serviços em eletricidade, estabelecendo os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Desta forma, com base no apresentado em epígrafe, podemos elencar os seguintes objetivos da NR 10: Diminuir o risco de morte para quem trabalha com a rede elétrica; Reduzir o número de choques; Melhorar a capacitação dos profissionais que atuam nesse tipo de serviço; Melhorar as condições de trabalho e qualidade de vida dos profissionais que atuam na rede elétrica. Neste sentido, temos que os trabalhadores que executam tarefas em parques eólicos estão potencialmente expostos a perigos elétricos, que podem incluir o arco elétrico (que têm como consequência as queimaduras por arco e risco de explosão) e o choque elétrico (definido como o acidente resultante da passagem da corrente elétrica no corpo humano – Manuel, 2014). O risco de lesão por faísca ou arco elétrico, o risco de eletrização ou até mesmo eletrocussão constitui uma preocupação constante nos trabalhos executados no interior do aerogerador e, quando na nacelle, este risco aumenta consideravelmente caso a turbina seja acidentalmente ligada durante os trabalhos de manutenção (EU - OSHA, 2013). Defeitos suscetíveis de provocar aquecimentos anormais e produção de faíscas, tais como contatos e ligações em mau estado, canalizações sobrecarregadas, defeitos de isolamentos, etc., contribuem também para o aumento do risco elétrico nas instalações do Parque. Neste sentido, temos que a eletrização é o termo que designa o conjunto de manifestações fisiológicas devidas à passagem da corrente elétrica através do corpo humano. E a eletrocussão é o termo que designa a morte produzida pela passagem de uma corrente elétrica no corpo humano. Como mecanismos da eletrização têm-se 21 o contato direto – contato com uma peça que se encontra normalmente em tensão – e o contato indireto – contato de uma pessoa com massas que se encontram acidentalmente em tensão devido a defeito de isolamento, troca dos condutores de fase e de proteção, ou condutor em tensão exterior ao aparelho que entra em contato com aquele (Manuel, 2014). Nos trabalhos fora de tensão, os acidentes podem acontecer devido à presença acidental de tensão, seja porque a instalação é suposta fora de tensão (sem o comprovar), seja pela ação intempestiva de terceiros (que colocam tensão na instalação) (Manuel, 2014). Para impedir estas situações os trabalhos fora de tensão só podem ter lugar depois de cumpridas as regras básicas de segurança (consignação elétrica). Para efetuar a consignação e garantir a segurança no local de trabalho enquanto este decorre é preciso respeitar as regras que se seguem: Desligar (isolar a instalação de todas as possíveis fontes de tensão); Proteger contra religação (bloquear/etiquetar - lockout/tagout); Verificar a ausência de tensão (potencial zero), ligar à terra e em curto- circuito; Cobrir e isolar as peças em tensão adjacentes. O respeito destas 4 regras, asseguram ao trabalhador uma proteção quase total contra o risco elétrico e as suas consequências. Portanto, apesar de existirem normas de segurança bem estabelecidas para os trabalhadores que executam trabalhos em instalações elétricas, as condições desfavoráveis já enunciadas, que caracterizam o trabalho nas turbinas eólicas, representam um desafio adicional para qualquer trabalhador. E uma das grandes preocupações presentes nos trabalhos em instalações elétricas continua a ser a proteção contra religações, nos bloqueios incorretos ou desconexão dos equipamentos (EU-OSHA, 2013). Conhecer os riscos que envolvem os trabalhos com eletricidade e como se proteger de modo a evitar acidentes é de fundamental importância para os trabalhadores que atuam na área elétrica e também para que se utiliza da eletricidade no seu trabalho do dia-a-dia. 22 Estatísticas não oficiais mostram que em média morrem em torno de 600 pessoas por ano em consequência de choque elétrico no Brasil. Entre as vítimas temos trabalhadores que atuam na área elétrica, mas a grande maioria são trabalhadores de outras áreas e também pessoas que sofrem choque elétrico em suas próprias casas. É fato que o profissional da área elétrica, está constantemente exposto aos riscos inerentes de serviços e instalações que envolvam a eletricidade, tais como o choque elétrico e o arco elétrico, assim como riscos adicionais relacionados a atividade dos eletricistas, que envolve o trabalho em altura, trabalho em espaços confinados, em ambientes úmidos, radiação solar, entre outros. A não observância dos riscos envolvidos no trabalho com eletricidade faz com que o trabalhador fique exposto, possibilitando a ocorrência de choque elétrico que pode apresentar consequências diretas e indiretas como queimaduras, batidas, quedas e até óbito. Assim, para evitar acidentes envolvendo eletricidade, medidas de controle devem ser adotadas. Estas medidas de controle são tomadas após ser realizado uma análise de risco do ambiente de trabalho. Vale salientar que estas medidas não se limitam a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), pois se deve levar em consideração também a identificação de riscos adicionais, a criação do mapa de risco e a formação e treinamento do profissional eletricista. Assim sendo, o profissional ou trabalhador da área elétrica que atua diretamente com instalações energizadas ou em suas proximidades, também tem o dever de avaliar os riscos no ambiente de trabalho e o grau de exposição de outras pessoas a estes riscos. Cabendo também indicar meios para redução e controle de riscos elétricos. 23 Figura 15: Manutenção Elétrica no Rotor Fonte: ISC Treinamentos 8 – NR 15 - RUÍDOS ACÚSTICOS No senso comum, a palavra ruído significa barulho, som ou poluição sonora não desejada. Na eletrônica o ruído pode ser associado à percepção acústica, por exemplo, de um “chiado” característico (ruído branco), ou aos “chuviscos” na recepção fraca de um sinal de televisão. De forma parecida a granulação de uma foto, quando evidente, também tem o sentido de ruído. No processamento de sinais o ruído pode ser entendido como um sinal sem sentido (aleatório), sendo importante a relação Sinal/ Ruído na comunicação. De acordo com Saliba (2004), o som é qualquer vibração ou um conjunto de vibrações ou ondas mecânicas que podem ser ouvidas. Costuma-se também dizer que o barulho é todo aquele som indesejável; o barulho e o ruído são interpretações subjetivas e desagradáveis de um som. Fisicamente, o ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações, medido em uma escala logarítmica, cuja unidade é o dB (decibel). O ouvido humano é capaz de perceber uma gama grande de intensidades sonoras, desde aquelas próximas de zero, até potências de 1013 superiores equivalentes a 130 dB. Esse ruído corresponde ao de um avião a jato, e praticamente o máximo que o ouvido humano 24 pode suportar. Acima disso, situa-se o limiar da percepção dolorosa, que pode causar danos ao aparelho auditivo (GERGES, 2003; IIDA, 2005). Neste sentido, o ruído ocupacional, é todo aquele barulho, som ou poluição sonora que não é desejada e acaba interferindo na produtividade do trabalhador. Podendo este, ter basicamente três fontes: o ruído aerodinâmico gerado pela rotação das pás no fluido, o ruído estrutural devido a vibração da estrutura e o ruído mecânico devido aoatrito de rolamentos e engrenagens confinados no suporte do motor. Importante frisar, que a problemática deste agente, não é somente a incomodação, já que ele pode sim, levar a problemas de saúde e doenças ocupacionais de longo prazo. Por este motivo que existe o Limite de Tolerância, determinado pela NR 15, em seus anexos 1 e 2, que visam evitar esse tipo de situação. O ruído contínuo ou intermitente tem uma duração prolongada. Ele é o que apresenta maior risco, pois causa danos progressivos à audição e à saúde dos colaboradores. Pensando nisso, há limites de decibéis (dB), em relação ao tempo de exposição, tais como: 85 dB: 8 horas; 86 dB: 7 horas; 87 dB: 6 horas; 88 dB: 5 horas; 90 dB: 4 horas; 92 dB: 3 horas; 95 dB: 2 horas; 100 dB: 1 hora; 105 dB: 30 minutos; 110 dB: 15 minutos; 112 dB: 10 minutos; 114 dB: 8 minutos; 115 dB: 7 minutos. Não é permitida a exposição acima de 115 dB, por nenhum período, se o trabalhador não estiver protegido. Outro ponto importante envolve fornecer EPIs para os colaboradores — especialmente, para aqueles que atuam em um ambiente com 25 um volume maior de decibéis. Além de medidas paliativas, é interessante pensar em alternativas definitivas. Nesse caso, vale a pena recorrer ao isolamento acústico. O ruído ocupacional afeta a saúde dos trabalhadores e deve ser reduzido por meio das medidas certas. Com os cuidados recomendados, é possível melhorar a segurança do trabalho, além de atender a exigências legais e aliviar os custos em médio e longo prazo. Ainda neste sentido, segundo Thomas (2011), os estudos já efetuados a respeito, foram abrangentes por médicos, patologistas e engenheiros, dos quais resultaram publicações que alertam para as graves consequências fisiológicas de residir junto a parques eólicos. As consequências identificadas nos referidos estudos foram classificadas em duas categorias, tendo em conta os fenômenos associados ao ruído das turbinas. A primeira categoria, relacionada com a Doença Vibroacústica (DVA), é caracterizada pela existência de danos causados diretamente nos tecidos ou órgãos ao passo que, para a segunda categoria, relacionada com o Síndrome da Turbina Eólica (STE), se caracteriza pelos diversos sintomas relacionados com os órgãos do sistema vestibular (integrante do ouvido interno, ligado à cóclea, sendo o responsável pela manutenção do equilíbrio), que se manifestam sob a forma de perturbação do sono, dores de cabeça, zumbido no/s ouvido/s, e sensação de tremor ou vibração, nervosismo, arritmia cardíaca, náuseas, dificuldade de concentração e de memória e irritabilidade. Tanto a DVA como o STE podem ser muito prejudiciais e debilitantes, podendo levar mesmo até mesmo a morte. E levando-se em consideração que o ruído emitido pelas turbinas eólicas é composto por dois conjuntos de frequência diferentes. O ruído de baixa frequência (audível) entre o 20 Hz e 500 Hz e o inaudível (infrassons), que ocorre entre os 0 Hz e os 20 Hz. O STE é provocado pelos dois conjuntos, ao passo que a DVA é causada pelo último. Por este motivo, temos que na maioria dos casos, os parques eólicos são implantados em áreas rurais, nas quais o ruído ambiente é significativamente baixo. De acordo com a NBR 10.151 – norma utilizada para avaliação da paisagem sonora de acordo com o zoneamento – estas áreas podem ser enquadradas como áreas de sítios e fazendas, nas quais o nível de pressão sonora ponderado não deve ultrapassar 40dB durante o dia e 35dB durante a noite. https://www.3tc.com.br/blog/isolamento-acustico/ 26 Assim, para evitar o impacto sonoro na vizinhança e conflitos sociais, previamente à instalação do parque, ou fazenda, eólica; medidas preventivas ao ruído devem ser consideradas. No Brasil, os instrumentos de licenciamento ambiental exigidos pelos órgãos ambientais brasileiros são importantes para isentar os parques eólicos e resguardar as comunidades vizinhas dos impactos ambientais negativos associados às atividades eólicas. Os processos de licenciamento ambiental devem ser acompanhados de estudos de predição do ruído, realizados a partir de medições inloco e através de modelagens computacionais capazes de simular a propagação do ruído e a sua influência nas comunidades vizinhas ao parque. Os resultados são expressos em formas tabeladas ou gráficas em mapas de ruído, possibilitando estudar estratégias para adequação da operação dos parques aos critérios regulamentares. É possível ainda, controlar o ruído gerado pelos aerogeradores a partir de medidas de prevenção relacionadas à fonte sonora, ao caminho de transmissão e, em última instância, nos receptores (ouvintes próximos às fazendas eólicas). A redução do ruído na fonte está relacionada com as propriedades das máquinas, como a potência sonora e aspectos específicos da geometria e funcionamento dos elementos que constituem os aerogeradores, como as pás e os perfis das lâminas. Com relação ao caminho de propagação sonora, sabendo-se que os aerogeradores são considerados fontes pontuais de ruído, pode-se considerar o decréscimo de 6 dB para cada duplicação de distância entre a fonte e o receptor. Isto significa que, se encontrarmos o valor para o nível de pressão sonora de 45 dB em um determinado receptor distante 300 metros do aerogerador, a 600 metros o valor salta para 39 dB nesta nova posição de audição. O conhecimento do regime de ventos do local é igualmente capaz de trazer vantagens para a atenuação sonora até o receptor. Quando a direção predominante de vento se dirige do receptor ao aerogerador, ocorre acréscimo na atenuação em relação à situação sem ventos. Agora se o vento se dá na direção do aerogerador até o receptor, o incômodo do ruído no receptor é maior, visto que não são formadas as zonas de sombra acústica. Em última instância, quando não é mais possível controlar o posicionamento dos geradores e nem se valer de barreiras ou outras medidas mitigatórias, recorre-se 27 a medidas de prevenção nos receptores. Essa alternativa ocorre a partir de soluções que garantam o isolamento acústico dos sistemas construtivos das edificações residenciais, sobretudo nas baixas frequências. Esta opção torna-se viável para os casos de loteamentos urbanos vizinhos aos parques eólicos cuja construção seja posterior à implantação dos parques e não seja possível distanciar ainda mais as edificações dos aerogeradores. Figura 16: Exemplo de Mapeamento de Ruídos Gerados em Aerogeradores Fonte: http://ontario-wind-resistance.org/category/noise/ 9 – NR 23 - PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIOS O mecanismo de atuação de um incêndio em um parque eólico pode ser considerado imprevisível, tendo em vista as peculiaridades que caracterizam este ambiente: diferentes topologias, configurações estruturais, materiais de constituição, localização do foco de incêndio e a quantidade de material combustível que pode existir no interior do equipamento. Sem dúvida, a proteção dos aerogeradores contra incêndios deve ser projetada, caso a caso, tendo em vista todas as especificidades de cada modelo. Devem ser levantados alguns detalhes de projeto, como: pontos críticos com relação aos riscos de facilitar os focos de incêndio, bem como os fatores inerentes a sua construção, funcionamento e condições regionais de localização. Independente das dificuldades mapeadas, um conjunto de medidas destinadas a eliminar ou minimizar os efeitos pelas condicionantes de risco deve ser elaborado. http://ontario-wind-resistance.org/category/noise/ 28 Para a redução dos riscos, estes devem ser identificados e os aspectos de proteção levados em conta durante o planejamento e a construção do parque. Mais especificamente sobre a proteção contra raios e sobretensões, deve-se equipar a turbinaeólica com proteções que devem cobrir as pás, a nacelle e o rotor, bem como qualquer instalação ou equipamentos elétricos, incluindo cabos, que sejam relevantes para a operação e segurança do sistema. Haja vista que devido à existência de vazios nas pás, os danos podem ser destrutivos e irreversíveis. Se o raio adentra a estes vazios, a tendência é a destruição total das pás, em decorrência de uma expansão explosiva do ar contida na estrutura das hélices que inicia a formação de fissuras e rachaduras no seu revestimento. Em outras palavras, a onda de pressão do choque térmico é capaz de explodir as pás ou romper a sua estrutura construtiva (COLUNA, 2015). Caso os componentes mecânicos ou elétricos aqueçam ou desenvolvam alguma falha pode-se iniciar um incêndio, e este pode por sua vez ser de alguma forma atiçado pelos ventos. Uma vez deflagrado um incêndio numa turbina este é extremamente difícil de ser apagado devido à localização em altura da turbina. No caso do Brasil, deve-se observar ainda, que somos um dos países que possuem um dos mais altos índices de incidência de raios no mundo, e por este motivo, torna-se tão importante e imprescindível a proteção contra descargas atmosféricas nas turbinas. Existem alguns parâmetros que servem para avaliar a frequência com que os raios ocorrem em determinado ponto: densidade de 64 descargas à Terra e a superfície de captação da estrutura (BONFIM, YAMANISHI, 2017). A densidade de descargas é o número de descargas à Terra por quilometro quadrado no ano, sendo um parâmetro ceráunico para quantificar os raios em uma zona (QENERGIA, 2018). Já a superfície de captação é a área do terreno que possui a mesma frequência anual de descargas que as estruturas instaladas. Além disso, a proteção dos sistemas elétricos, bem como as medidas para identificar falhas no sistema de potência e outras condições operacionais anormais em turbinas eólicas e nos sistemas periféricos associados, devem ser de última geração e estar em conformidade com os padrões nacionais atuais. Sua principal tarefa é identificar as falhas seletivamente e desligar imediatamente partes defeituosas do sistema de energia ou equipamentos elétricos individuais. 29 Como citado anteriormente, existem diversos materiais combustíveis espalhados por diferentes pontos da estrutura, para minimizar os riscos estes materiais devem ser escolhidos de acordo com as características técnicas exigidas além de serem preferencialmente não combustíveis ou terem um ponto de inflamação alto que esteja significativamente acima das temperaturas de operação dos sistemas. Serviços de reparos, montagens ou desmontagens de estruturas, que envolvem riscos de incêndios, devem ser evitados assim como possíveis fontes de ignição, tais como: faíscas voadoras, superfícies quentes, curto-circuito e arcos elétricos. Toda a área da turbina eólica deve ser declarada área para não fumantes (CFPAE, 2012). A fim de garantir o cumprimento desta proibição, os funcionários e empresas externas, se for o caso, devem ser instruídos e sanções devem ser impostas em caso de violação. Sinalizações de “Não fumar” devem ser colocadas de forma clara e permanente nas áreas de entrada da turbina eólica. Todos os trabalhadores presentes na planta, sejam equipes de serviço ou funcionários de empresas externas autorizadas, devem receber instruções regularmente sobre prevenção de riscos de incêndio, funcionalidade dos sistemas e instalações de proteção contra incêndios presentes no parque eólico, além de saber como lidar com eles, como se comportar corretamente em casos de incêndio e o uso correto de extintores. Sugere-se também a realização de testes de alarmes de incêndio, ensaios para implementação do plano de emergência e evacuação da nacelle e envolver o corpo de bombeiros local nestes treinamentos e simulações. A informação e garantia de compreensão dos riscos são imprescindíveis. Figura 17: Classificação dos Incêndios Fonte: Abeeolica 30 Figura 18: Aerogerador atingido por raio Fonte: Portal Energia 10 – NR 33 - ESPAÇO CONFINADO Espaço Confinado, é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio. Assim, uma turbina por exemplo, conta com diversos espaços considerados confinados: a nacelle, as pás, o cubo do rotor, a torre e a base da torre. Estes possuem poucos meios de acesso e saída e não estão concebidos para longas permanências. Técnicos de manutenção que executem trabalhos dentro destes espaços devem carregar consigo monitores de gás e verificar amostras de ar a fim de se prevenir, detectando possíveis gases tóxicos e/ou inflamáveis no interior destes compartimentos. Há ainda, outras questões como ergonomia e perturbações cardiovasculares, devido a temperaturas elevadas durante os meses de verão, por exemplo, que devem ser levadas em consideração. É essencial ministrar aos trabalhadores da manutenção, uma formação adequada sobre os riscos que irão enfrentar e como se portar diante destas situações específicas (EU-OSHA, 2014). A orientação, é que a realização do trabalho dentro dos aerogeradores seja controlado para que os trabalhadores não ultrapassem o tempo de duas horas enclausurados e sempre operado por no mínimo dois operários ao mesmo tempo, pois em caso de emergência, há a possibilidade de um pronto atendimento ao operário em perigo, tendo com eles rádios transmissores para comunicação com pessoas no solo. 31 Portanto, tanto quem atua ou gerencia trabalhadores em espaços confinados, também estão suscetíveis a graves acidentes, especialmente quando não usam equipamentos de segurança adequados e/ou quando não há equipamentos e sistemas de exaustão e ventilação instalados naquelas áreas. Por tal, para evitar ou mitigar os riscos de acidentes nessas áreas, a NR- 33 recomenda algumas medidas de segurança que incluem: uso de equipamentos de proteção, entrada em espaços confinados apenas de pessoas autorizadas e treinadas, monitoramento da atmosfera antes e durante os trabalhos, além de cadastramento atualizado de todas as áreas confinadas e seus respectivos riscos para o trabalhador. A todas essas medidas, soma-se, então, a necessidade da instalação de equipamentos e sistemas de ventilação, para exaustão e/ou insuflamento (absorver o ar atmosférico por um ventilador, para que ele seja introduzido ao ambiente, por meio de dutos, grelhas, grades e fendas) de ar no ambiente confinado. Apesar das consequências que a atividade nesse tipo de ambiente pode gerar a saúde do homem, algumas organizações precisam desenvolver trabalhos específicos nesses locais. Diante de tamanha peculiaridade, cada espaço confinado tem um ponto de alto risco que deve ser analisado cuidadosa e criteriosamente. Entre os incidentes/acidentes mais comuns, além dos já falados, como a falta ou excesso de oxigênio para um bom funcionamento da respiração humana, temos o perigo de incêndio ou explosão (em virtude da concentração de gases e vapores que podem levar a um incêndio e/ou explosão), intoxicação por substâncias químicas (poeiras e gases tóxicos) e infecções por agentes biológicos (derivam da presença de vírus, bactérias e protozoários). Desta forma, é preciso estar alinhado com o disposto na NR 33, treinando e capacitando o responsável técnico, o supervisor de entrada, o vigia, e o operacional, para que todos desempenhem com louvor suas competências, bem como gerenciando medidas técnicas, administrativas e pessoais de prevenção. https://www.nederman.com/pt-br/industry-solutions/espacos-confinados-br 32 Figura 19: Interior de Pá Eólica Figura 20: InteriorBase da Torre Fonte: VCI do Brasil Fonte: Istock 11 – NR 35 - TRABALHO EM ALTURA Como já exposto ao longo deste relatório, é nítido que o crescimento do setor eólico, acaba potencializando uma série de fatores em detrimento do setor de segurança do trabalho, principalmente no trabalho em altura realizado nos parques, seja durante a construção de uma torre, durante sua manutenção ou até mesmo no eventual resgate de um trabalhador. A NR 35, estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. Em seu item 1.2., considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda, e no item 1.3., esta norma se complementa com as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos Órgãos competentes e, na ausência ou omissão dessas, com as normas internacionais aplicáveis. Assim, a NR 35 é uma norma regulamentadora, que versa sobre padrões de segurança para o trabalho em altura, ela garante que nenhum trabalho coloque em risco a vida e a integridade dos funcionários. No caso do setor eólico, os profissionais são submetidos a alturas de até 130 metros. O nível de conhecimento do trabalhador em relação à complexidade do 33 problema está longe de ser o ideal. A não realização das análise de risco ou até uma precária análise que não prevê as diversas medidas de segurança coletiva e individual, ou, ainda, o uso inadequado de EPC (equipamento de proteção coletiva), como sinalização de segurança, proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, corrimãos e de EPI (equipamento de proteção individual), como capacete, óculos, luvas, cintos de segurança, talabartes, assim como a falta de norma e regulamentação específica na área, fazem com que o risco de acidente aumente consideravelmente. De acordo com o Ministério de Trabalho e Emprego (MTE), de 20% a 40% dos acidentes de trabalho no Brasil estão relacionados ao trabalho em altura, sendo a principal causa de mortes na indústria no país. Considerando-se que no ano de 2013, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social, o Brasil registrou 2797 óbitos no âmbito industrial, e temos que pelo menos 559 destes óbitos, ou seja, o equivalente a 20% do total, teriam sido ocasionados por quedas em trabalho em altura, podendo esse número ser superior, considerando que foram registrados apenas trabalhadores de carteira assinada. (FEITEN, 2015). Assim, temos que as principais causas de quedas em altura estão ligadas diretamente, e principalmente, se não for precedida de uma análise de risco ou se a mesma for deficiente ao não prever todas as medidas de proteções coletivas e individuais necessárias, ou também, o uso e seleção inadequado de EPC’S e EPI’S ao tipo de atividade, treinamento incompleto sobre zona livre de queda e fator de queda, noções de primeiros socorros e resgate muito aquém do necessário, síndrome de suspensão inerte (ela é produto das situações de queda ou do tempo de suspensão necessário à chegada do socorro), e priorização do EPI como solução para redução de riscos. (FEITEN, 2015). Sabemos que os EPI’s, para operações em grandes altitudes incluem sistemas de ancoragem e acessórios. Tal a importância deste, que no item 35.5 da NR 35, encontram-se as principais instruções sobre aquisição, uso e manutenção dos equipamentos. Enfatizamos que os empregadores devem realizar inspeções de rotina para verificar o status dos equipamentos de proteção individual antes de iniciar o trabalho. E além dos sistemas de ancoragem, os EPIs mais comumente usados são: Cinto de segurança; Cinto de segurança do tipo “cadeirinha”; Conectores; Cordas; 34 Escadas; Polia; Talabarte de segurança; Trava-quedas; Trava-quedas retrátil. Fora estes específicos para o trabalho em altura, os trabalhadores também devem usar sapatos de segurança, óculos de proteção, capacetes e luvas. No tocante ao uso do cinto de segurança, indispensável às atividades em alturas, imperioso frisar que o mesmo, pode comprimir o fluxo de sangue do trabalhador e, consequentemente, impedir que o sistema circulatório funcione corretamente, quando tratamos da síndrome de suspensão inerte, apresentada anteriormente. Em pouco tempo, podem surgir alterações, como o aumento da frequência cardíaca e da pressão das vias de condução sanguínea, a fim de restabelecer a circulação. O estrangulamento causado pelas fitas do cinto é capaz de promover edemas e liberação de toxinas (acidose) por isquemia leve, cujos desdobramentos podem gerar trombose venosa, insuficiência renal, embolia pulmonar e fabricação de ácidos nos músculos, e por consequência, podendo levar à óbito em questão de minutos). Ou seja, é fruto da condição de imobilidade e suspensão. Qualquer atividade que envolva trabalho em altura (na torre e nacelle do aerogerador) deve ser considerada com uma situação potencialmente crítica, sendo que as condições climáticas, como a exposição a ventos fortes, a formação de gelo nas pás da turbina (para climas mais frios) ou a ocorrência de descargas elétricas atmosféricas, a que os aerogeradores estão muitas vezes expostos podem tornar o trabalho em altura ainda mais perigoso. Por exemplo, a força do vento pode suscitar oscilações estruturais na torre e nacelle, por vezes suficientes para causar a perda de equilíbrio do trabalhador que se encontre no seu interior; placas de gelo podem ser lançadas quando o rotor está em movimento ou simplesmente soltarem-se atingindo os trabalhadores no exterior dos aerogeradores; quando dentro da nacelle, relâmpagos e trovoadas podem ser perigosos para os trabalhadores, podendo ser a causa de um incêndio, exigindo uma evacuação rápida ou mesmo o resgate destes (EU-OSHA, 2013). Tão logo, fica claro que os principais riscos envolvidos com o trabalho em altura numa turbina eólica vão surgir dos riscos diretos (RenewableUK, 2011), incluindo quedas (quedas das escadas fixas no interior da torre, através das aberturas nas plataformas, dentro da nacelle em superfícies irregulares, no exterior da nacelle e https://conect.online/blog/cintos-e-talabartes-principais-duvidas/ 35 rotor, para o interior do cubo do rotor) e queda de objetos (no interior das torres ou no exterior da base das torres). Quando ocorre uma queda, as consequências podem ser lesões graves ou mesmo a morte do trabalhador; dificuldade em alcançar o trabalhador caído; dificuldade para transportar a vítima para uma zona segura; escassez de recursos para cuidar da vítima; disponibilidade imediata apenas dos colegas de trabalho, a assistência de emergência está normalmente distante (única ambulância fazendo ronda pelo complexo eólico); e os médicos de emergência podem não estar familiarizados com as técnicas de emergência em alturas. Por exemplo, a manutenção das turbinas eólicas envolve a utilização constante de um sistema de escadas, instalado a 90° em cada uma das seções da torre, estando os trabalhadores sujeitos a usar equipamento antiqueda, tais como: arnês (cinto de segurança) completo para o corpo e o sistema de segurança para escadas (paraquedas deslizante com suporte de ancoragem – cabo/corda linha de vida). Na nacelle devem também usar o amortecedor de quedas, fixado a um ponto acima do plano de trabalho. A manutenção e reparo dos mecanismos de controlo e medição ou os trabalhos de limpeza envolvem o acesso aos equipamentos pelo exterior da nacelle, havendo vários pontos de ancoragem para fixação do dispositivo de ligação e do dispositivo de preensão do corpo do trabalhador – arnês antiqueda com cinto incorporado. Embora muitos dos fatores de risco maisevidentes sejam minimizados pelo fornecimento de tecnologias antiqueda e sistemas de trabalho seguro, alguns perigos permanecem podendo levar à ocorrência de incidentes/acidentes. Estes incluem o risco de escorregamento, devido à perda de atrito ou falha de um degrau; o risco de choques durante a subida/descida, quando existem obstáculos ou saliências; ou o risco de queda na transição das escadas para uma plataforma e vice-versa (Cooper et al., 2014). 36 Figura 21: Base da Nacelle Figura 22: Lateral da Nacelle Fonte: Compositores VCI Fonte: InoVarum Figura 23: Suspensão Inerte Figura 24: Pontos de Ancoragem Fonte: ZR/Fire Engineering Fonte: Motorpasión 37 CONCLUSÃO A sustentabilidade é um dos temas mais importantes no cenário atual, tanto para os setores públicos quantos para os privados. Existe uma tendência de mudança nas rotinas de trabalho e na vida pessoal, para melhorarmos o ambiente onde vivemos. E uma forma de geração de energia elétrica que está de acordo com esta política de sustentabilidade é a geração eólica, que utiliza a força dos ventos e que gera poucos danos ao meio ambiente. Assim, a geração eólica vem tendo um grande destaque no cenário nacional, sendo uma energia limpa e que está atraindo investidores de todo o mundo na busca de lugares para implantar seus parques. Aliado a esta visão de sustentabilidade, e com a crescente expansão do setor eólico no Brasil, devemos estar preocupados, e levando em consideração prioritariamente, a saúde e segurança dos trabalhadores envolvidos, além do próprio empreendimento, garantindo assim, o atendimento as Normas de Segurança estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Já que se tratam de aspectos, que devem estar em constante evolução para acompanhar as novas tendências. Novas tecnologias são empregadas a cada dia, porém a falta de normatização e normalização dos padrões de segurança para os trabalhadores e para o setor de modo geral tornam-se pontos de melhorias importantes para o crescimento desse segmento, com o adicional de o Brasil ser conhecido mundialmente por seus altos índices de acidentes de trabalho. É importante que o setor como um todo entenda a importância e as vantagens da partilha de informações entre contratados e contratantes. Melhorias de instalação e manutenção poderão ser implementadas, treinamentos mais extensivos e direcionados aos funcionários poderão ser elaborados e a perpetuação de boas práticas serão mais conhecidas e disseminadas, tudo isso visando cada vez mais a melhoria das condições de trabalho, saúde e segurança dos profissionais. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 3TC. RUÍDO OCUPACIONAL: ENTENDA POR QUE ELE É UM RISCO PARA O TRABALHADOR! 2020.Disponívelem:https://www.3tc.com.br/blog/ruído-ocupacional /. 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