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SÉRIE ELETROELETRÔNICA QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS EM ELETRICIDADE CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações Regina Maria de Fátima Torres Diretora Associada de Educação Profissional SÉRIE ELETROELETRÔNICA QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS EM ELETRICIDADE SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2013. SENAI – Departamento Nacional © 2013. SENAI – Departamento Regional de São Paulo A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI-São Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de São Paulo Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância FICHA CATALOGRÁFICA S491g Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Qualidade, saúde, meio ambiente e segurança nos serviços em eletricidade / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo. Brasília: SENAI/DN, 2013. 110 p. il. (Série Eletroeletrônica). ISBN 978-85-7519-758-5 1. Qualidade 2. Saúde e segurança no trabalho 3. Segurança e serviços em eletricidade 4. Meio ambiente I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo II. Título III. Série CDU: 005.95 Lista de figuras e quadros Figura 1 - Estrutura curricular do curso de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica ...............................................................................................................12 Figura 2 - Procedimento documentado ..................................................................................................................16 Figura 3 - Uma questão de qualidade ......................................................................................................................19 Figura 4 - Princípios de gestão da qualidade .........................................................................................................22 Figura 5 - Representação de processo ......................................................................................................................23 Figura 6 - Exemplo de processo seletivo .................................................................................................................24 Figura 7 - Uso incorreto da tomada ...........................................................................................................................31 Figura 8 - Vida por um fio .............................................................................................................................................31 Figura 9 - Indicações de prazos de validade em equipamentos de proteção ...........................................42 Figura 10 - Símbolo da CIPA .........................................................................................................................................45 Figura 11 - Choque elétrico no corpo humano .....................................................................................................50 Figura 12 - Exemplo de percursos da corrente elétrica no corpo humano .................................................51 Figura 13 - Arco elétrico .................................................................................................................................................55 Figura 14 - Exemplo de campo magnético .............................................................................................................58 Figura 15 - Raio atingindo a rede elétrica ...............................................................................................................62 Figura 16 - Aterramento elétrico ................................................................................................................................63 Figura 17 - Alguns tipos de eletrodos de aterramento ......................................................................................65 Figura 18 - Símbolos utilizados nos esquemas de aterramento .....................................................................65 Figura 19 - Condutor PEN interrompido ..................................................................................................................67 Figura 20 - Esquema TT ..................................................................................................................................................67 Figura 21 - Incêndio em edifício .................................................................................................................................71 Figura 22 - Tetraedro do fogo ......................................................................................................................................72 Figura 23 - Extintores de incêndio .............................................................................................................................75 Figura 24 - Descarte correto dos resíduos sólidos ...............................................................................................84 Figura 25 - Reciclando vidas .........................................................................................................................................85 Figura 26 - Nas embalagens reutilizadas, cuidado com o conteúdo original ............................................86 Figura 27 - Alumínio, um resíduo inerte que gera renda .................................................................................87 Figura 28 - Tarjetas de identificação ..........................................................................................................................89 Figura 29 - Poda de árvore ............................................................................................................................................91 Figura 30 - Motosserra....................................................................................................................................................92 Figura 31 - Mapa do Japão, com destaque para a Usina de Fukushima ......................................................94 Figura 32 - Precisamos proteger o nosso planeta ................................................................................................95 Figura 33 - Distribuição da água no planeta Terra ...............................................................................................97 Figura 34 - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, que mostra a eficiência energética de um equipamento ..........................................................................................................98 Quadro 1 - Definições de alguns termos da qualidade .......................................................................................18 Quadro 2 - EPIs e suas aplicações ................................................................................................................................36Quadro 3 - EPCs e suas aplicações .............................................................................................................................39 Quadro 4 - Prazos para testes dielétricos ..................................................................................................................41 Quadro 5 - Regras básicas de segurança ..................................................................................................................43 Quadro 6 - Funções e responsabilidades da equipe ............................................................................................43 Quadro 7 - Efeitos da corrente elétrica no corpo humano .................................................................................51 Quadro 8 - Tipos de tensão ............................................................................................................................................53 Quadro 9 - Esquema TN ..................................................................................................................................................66 Quadro 10 - Situação do neutro no esquema IT ....................................................................................................69 Quadro 11 - Métodos de extinção de incêndios ....................................................................................................73 Quadro 12 - Classes de incêndios ................................................................................................................................74 Quadro 13 - Agentes extintores mais utilizados ....................................................................................................76 Quadro 14 - Resíduos na área de energia elétrica .................................................................................................88 Quadro 15 - Composição do kit de contenção a derramamentos ..................................................................90 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................11 2 Qualidade .........................................................................................................................................................................15 2.1 Termos e procedimentos de trabalho ................................................................................................16 2.2 Princípios de gestão da qualidade .......................................................................................................18 2.2.1 Satisfação do cliente ................................................................................................................19 2.2.2 Participação e produtividade na gestão da qualidade ...............................................20 2.2.3 A qualidade como processo ..................................................................................................23 3 Segurança e saúde no trabalho ................................................................................................................................29 3.1 Riscos no trabalho ......................................................................................................................................30 3.2 Acidente de trabalho ................................................................................................................................32 3.3 Equipamento de proteção individual (EPI) .......................................................................................34 3.4 Equipamento de proteção coletiva (EPC) ..........................................................................................39 3.5 Testes de EPIs e EPCs ..................................................................................................................................41 3.6 Divisão de responsabilidades .................................................................................................................43 3.7 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) ....................................................................45 4 Riscos nos serviços em eletricidade ........................................................................................................................49 4.1 Choque elétrico ...........................................................................................................................................50 4.1.1 Causas do choque elétrico ....................................................................................................52 4.1.2 Tipos de choque elétrico ........................................................................................................53 4.2 Arco elétrico ..................................................................................................................................................54 4.2.1 Causas e consequências do arco elétrico ........................................................................55 4.2.2 Medidas de controle do arco elétrico ................................................................................56 4.3 Campos eletromagnéticos ......................................................................................................................57 4.4 Riscos adicionais .........................................................................................................................................59 4.4.1 Trabalhos realizados em alturas ...........................................................................................59 4.4.2 Manuseio de escadas .............................................................................................................60 4.4.3 Ambientes confinados ............................................................................................................60 4.4.4 Condições atmosféricas ..........................................................................................................61 4.5 Aterramento .................................................................................................................................................62 4.5.1 Por que aterrar? .........................................................................................................................63 4.5.2 O que deve ser aterrado? .......................................................................................................64 4.5.3 Eletrodos de aterramento ......................................................................................................64 4.5.4 Esquemas de aterramento.....................................................................................................65 4.6 Proteção e combate a incêndios ...........................................................................................................71 4.6.1 Métodos de extinção de incêndios ....................................................................................72 4.6.2 Classes de incêndio ..................................................................................................................73 4.6.3 Agentes extintores ...................................................................................................................75 5 Meio ambiente ................................................................................................................................................................81 5.1 Aspectos e impactos ambientais da ação humana ........................................................................82 5.1.1 Problema do lixo e reciclagem ............................................................................................83 5.1.2 Geração e destinação de resíduos .....................................................................................86 5.1.3 Ascarel (PCB) ...............................................................................................................................895.1.4 Derramamentos de substâncias líquidas .........................................................................90 5.1.5 Podas de vegetação .................................................................................................................90 5.2 Ecossistemas e a globalização dos problemas ambientais ..........................................................93 5.3 Consumo consciente dos recursos naturais e das fontes de energia ......................................96 Referências ........................................................................................................................................................................ 103 Minicurrículo do autor .................................................................................................................................................. 105 Índice .................................................................................................................................................................................. 107 1 Introdução O trabalho de um Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica, também co- nhecido como Eletricista em RDA (Redes de Distribuição Aérea), é muito importante e tam- bém requer muitos cuidados, pois o objeto de trabalho é a eletricidade. Dessa forma, torna-se essencial identifi car as normas técnicas e condições de segurança em todos os projetos que são executados, bem como os procedimentos e padrões exigidos pelas empresas de distribui- ção de energia. Como profi ssional desta área, você deverá identifi car os equipamentos de proteção indivi- dual e os de proteção coletiva para que todos trabalhem com segurança e não corram riscos de acidentes no trabalho. Então, nesta unidade curricular você estudará aspectos referentes aos riscos nos serviços em eletricidade, além de identifi car os equipamentos que permitirão desenvolver as tarefas com segurança. A unidade curricular Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança nos Serviços em Eletricidade compõe o Módulo Básico do curso de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica. No quadro a seguir, veja a posição desta unidade e o caminho a ser percorrido até que você atinja seu objetivo fi nal. ELETRICIDADE12 QUADRO DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR Módulo Básico (276 h) • Técnicas de redação em Língua Portuguesa (40 h) • Fundamentos da Eletricidade (104 h) • Sistemas de Medida e Representação Gráfica (32 h) • Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança nos Serviços em Eletricidade (40 h) • Fundamentos da Redes de Distribuição (60 h) Módulo Especí�co I (80 h) • Montagem e Instalação de Redes de Distribuição (80 h) Módulo Especí�co II (64 h) • Operação de Equipamentos e Dispositivos de Redes de Distribuição (32 h) • Manutenção de Redes de Distribuição de Energia Elétrica (32 h) Módulo Especí�co III (40 h) • Execução de Serviços Técnicos Comerciais (40 h) Módulo Especí�co IV (40 h) • Montagem, Retirada e Manutenção de Iluminação Pública (40 h) Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica (500 h) Figura 1 - Estrutura curricular do curso de Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica Fonte: SENAI-SP (2013) Nos capítulos deste livro, reunimos informações básicas sobre qualidade, saú- de, meio ambiente e segurança no trabalho para que você possa seguir seus estu- dos e qualificar-se nessa área. Assim, no segundo capítulo abordaremos fundamentos da qualidade, com destaque para os principais conceitos e princípios de gestão. No terceiro capítulo, você estudará aspectos essenciais relativos à saúde e se- gurança no trabalho, entre eles prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. O quarto capítulo apresentará os riscos nos serviços em eletricidade e as medi- das de controle necessárias, com destaque para os Equipamentos de Proteção Indi- vidual (EPIs) e Coletiva (EPCs) utilizados em redes de distribuição de energia elétrica. 1 INTRODUÇÃO 13 No quinto capítulo, estudaremos as questões ligadas ao meio ambiente: as- pectos gerais e relativos ao dia a dia do eletricista de redes de distribuição de energia elétrica. Esses conhecimentos fornecerão subsídios para que você possa identificar: a) as condições de segurança para execução de um projeto; b) as normas técnicas e de segurança e os procedimentos e padrões da distri- buidora local de energia elétrica; c) os EPIs e EPCs adequados à atividade. Convidamos você a realizar esses estudos refletindo sempre sobre a importân- cia de ter uma série de atitudes que o ajudem a estabelecer um bom ambiente de trabalho. Por exemplo: ser responsável; cumprir normas e procedimentos; ter consciência prevencionista em relação à segurança, à saúde e ao meio ambiente; ser observador; comunicar-se com clareza; zelar pelas ferramentas; manter a con- centração; prever consequências; ser organizado. Bons estudos! 2 Qualidade Neste capítulo*, você estudará alguns aspectos referentes à qualidade de produtos e servi- ços, tendo em vista sua importância para a imagem do profi ssional e da empresa. Para dimensionar a relevância da qualidade, pense na aquisição de um produto ou serviço. Em geral, temos expectativa de que ele atenda aos nossos desejos e às nossas necessidades. Imagine, assim, a seguinte situação: entusiasmado com um produto adquirido por um colega e avaliado por ele como sendo muito bom, você resolve adquirir outro igual. Porém, quando compra o seu, constata que o produto apresenta defeitos que inviabilizam o uso. Como você se sentiria? Saiba que esse problema pode ser decorrente da gestão inadequada dos processos produ- tivos, que geraram um equipamento defeituoso. Pois bem, a qualidade de produtos e serviços de uma organização afeta diretamente nossas vidas e deve ser preocupação de todas as organizações. Há mais um fator que faz a diferença entre a sua avaliação e a de seu colega sobre o mesmo produto: a qualidade é um conceito amplo, que compreende dimensões próprias do objeto e particulares a cada pessoa. Sabendo disso, as empresas têm buscado aprimorar sua visão sobre elementos e aspectos que contribuem para a qualidade dos seus produtos, procurando melhor atender às necessi- dades de seus clientes. Esse é exatamente o tema deste capítulo. Trataremos dos conceitos que têm sido desen- volvidos pelas organizações para agregar qualidade aos produtos, processos de produção e serviços, inclusive os conceitos relacionados a redes de distribuição de energia elétrica. Neste tópico, abordaremos os principais conceitos da qualidade, destacaremos a importân- cia dela no dia a dia das empresas e comentaremos sobre como a sua gestão pode afetar os resultados das organizações. Logo, ao fi nal deste capítulo, você terá subsídios para: a) reconhecer a importância da qualidade nas organizações; b) identifi car os processos de gestão da qualidade. * Este capítulo foi extraído e adaptado do capítulo 2, do livro: SENAI-DN. Qualidade, saúde, meio ambiente e segurança no trabalho. Brasília: SENAI DN, 2012. (Série Eletroeletrônica - páginas de 17 a 27). QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE16 2.1 TERMOS E PROCEDIMENTOS DE TRABALHO Procedimentos de trabalho são documentos ou práticas adotadas por uma or- ganização para orientar sobre os requisitos e as especifi cações a serem observa- das quando da realização de uma atividade ou um conjunto delas. Os procedimentos também descrevem como a atividade deve ser executada, para garantir que requisitos e especifi cações sejam satisfeitos. Figura 2 - Procedimento documentado Fonte: SENAI-SP (2013) Mas o que são requisitos e especifi cações? São parâmetros mínimos que devem ser atendidos para garantir a qualidade de um item ou produto. Para que fi que mais claro, vamos abordar cada um deles. Requisitos: São parâmetros defi nidos por: a) normas técnicas; b) órgãos reguladores; c) um grupo de pessoas voltadas a atender a necessidades particulares. Os requisitos de naturezalegal ou estatutária (decorrentes de legislação) são os defi nidos por pareceres ou regulamentos ditados pelo governo ou por agên- cias reguladoras, como aqueles determinados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ou pelo Ministério do Trabalho. Para os produtos e equipamentos da área de energia elétrica, quando aplicá- vel, há certifi cados de conformidade que são emitidos por laboratórios credencia- dos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Um exemplo de equipamento certifi cado pelo Inmetro é o medidor de energia (relógio de medição). 1 BITOLA Área de passagem da corrente no condutor, normalmente especifi cada em milímetros quadrados (mm2). 2 QUALIDADE 17 SAIBA MAIS O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Quali- dade Industrial (Inmetro) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, cuja missão é proporcionar confiabilidade relativa às medições e aos produtos através da metrologia e da ava- liação da conformidade. Desse modo, o Inmetro promove a harmonização das relações de consumo, a inovação e a competitividade do País. Para saber mais sobre as atividades do Inmetro, você pode consultar o site <http://www.inmetro. gov.br/>. Atender aos requisitos e às especificações legais pode ser fator decisivo para a comercialização de produtos ou serviços de uma organização. Exemplos muitos conhecidos são os produtos das indústrias alimentícias e farmacêuticas, os quais devem atender a normas ou regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que possam ser comercializados. VOCÊ SABIA? Se os produtos ou serviços da empresa na qual você atua ou atuará estiverem sujeitos a normas ou regu- lamentos ditados por outras organizações, a empresa onde você trabalha ou trabalhará deve atendê-los. O não atendimento a normas ou regulamentos pode re- sultar em risco para os clientes e pesadas sanções legais para a empresa. Especificações: São parâmetros definidos pelo projetista. Permitem verificar se um dado elemen- to atende à finalidade para a qual ele está sendo utilizado, seja na fabricação de pro- dutos, seja na prestação de serviços. Por exemplo, as especificações indicam se uma determinada bitola1 de condutor é adequada à corrente de uma dada aplicação. VOCÊ SABIA? Ao seguir os requisitos e as especificações relativos a um produto ou serviço, a empresa confirma sua qualida- de, ou seja, garante que seu produto ou serviço esteja em conformidade com o previsto. Quando isso não acontece, na linguagem da qualidade, costuma-se dizer que foram detectadas não conformidades e, nesse caso, devem ser adotadas medidas de correção. Até aqui vimos que os requisitos e as especificações são parâmetros impor- tantes quando tratamos de qualidade. Aliás, são tão importantes que um produ- to tem sua qualidade atestada quando atende aos requisitos ou às especifica- ções estabelecidos. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE18 Mas, além dos requisitos e das especificações, existem outros conceitos que merecem nossa atenção, pois nos ajudam a entender melhor como a qualidade está diretamente relacionada com o nosso trabalho. Veja no quadro a seguir quais são esses conceitos, suas definições e como afetam nosso dia a dia, como eletricis- ta, na empresa onde atuamos. São eles: Quadro 1 - Definições de alguns termos da qualidade CONCEITO DEFINIÇÃO COMO AFETA NOSSO DIA A DIA Clientes São pessoas ou empre- sas que compram ou dependem dos produtos e serviços da empresa. São a razão da existência da empresa. Se não houver clientes, a empresa e, consequentemen- te, os funcionários não precisam existir. Fornece- dores São pessoas ou empresas que fornecem produtos e serviços para a empresa. São considerados parceiros, pois fornecem insu- mos e serviços que compõem o produto. Como é economicamente inviável a execução de todos os processos por uma mesma empresa, é preciso que os fornecedores, assim como a própria em- presa, se preocupem com a qualidade. Eficácia É medida pela capacidade de um processo atingir os objetivos propostos. Os processos com baixa eficácia geram altas quantidades de retrabalho2, agregando custos e diminuindo a produtividade. Eficiência Compara a eficácia obtida com os recursos utiliza- dos. Processos com baixa eficiência até podem ser eficazes, porém, comparativamente, têm altos custos. 2.2 PRINCÍPIOS DE GESTÃO DA QUALIDADE Atualmente, dois dos maiores desafios das organizações são garantir a prefe- rência dos clientes por seus produtos e serviços e assegurar a eficiência dos seus processos. Para tanto, os Sistemas de Gestão de Qualidade3 (SGQ) são aliados im- portantes, já que apresentam um conjunto de metodologias e ferramentas que contribuem para o alcance e a manutenção dos objetivos da qualidade. Os Sistemas de Gestão da Qualidade se destinam a impulsionar e estruturar mudanças para a melhoria contínua das empresas e, desse modo, contribuir para a permanência delas nos mercados onde já atuam e, algumas vezes, para a con- quista de novos mercados. Para tanto, devemos pensar em qualidade sob três aspectos: a) qualidade dos produtos: refere-se à busca de um desempenho com au- sência de falhas, à manutenção de preço adequado, à disponibilidade para atendimento e à boa qualidade de serviços associados (assistência técnica, suporte, treinamento); 2 RETRABALHO Situação na qual após a conclusão do serviço um componente ou equipamento precisa sofrer intervenções para atender às funções para as quais foi projetado. 3 SISTEMA DE GESTÃO DE QUALIDADE (SGQ) Conjunto de elementos interligados que trabalham de forma coordenada para atender à política e aos objetivos da qualidade de uma empresa, com o propósito de dar consistência aos produtos e serviços e satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes. 2 QUALIDADE 19 b) qualidade dos processos: trata da produtividade e redução de custos al- cançada pela diminuição de perdas e desperdícios, pela defi nição de pa- drões que evitem grandes variações nos resultados e, ao mesmo tempo, pela manutenção da fl exibilidade necessária para que a empresa possa se adaptar às mudanças do mercado; c) qualidade da organização: compreende a busca contínua de integração e sinergia entre os processos. Entre os aspectos mencionados anteriormente, destacamos a qualidade nos processos, pois a baixa efi ciência destes, causada pelo desperdício de material, de recursos e pelas atividades de retrabalho, tem sido preocupação das empresas que produzem bens e serviços. 2.2.1 SATISFAÇÃO DO CLIENTE Se entendermos que o cliente é a razão de existir de uma empresa, pode- mos dizer que quanto mais clientes satisfeitos ela tem, mais propaganda favorável a organização terá, gerando um círculo virtuoso que contribui para o crescimento da empresa. Do mesmo modo, quanto mais clientes insatisfeitos, mais propagan- da desfavorável será feita contra a empresa, originando um círculo vicioso que pode prejudicar sua imagem. Não posso acreditar! Esperei tanto para comprar esse notebook, mal usei e ele já deu defeito de fábrica... Figura 3 - Uma questão de qualidade Fonte: SENAI-SP (2013) QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE20 Mas você pode estar se perguntando: "De que maneira o meu trabalho como eletricista de redes pode contribuir para a conquista e manutenção dos clientes da organização na qual atuo ou atuarei?" Para responder a essa questão, imagine-se como eletricista de uma distribui- dora de energia, responsável pela manutenção das redes elétricas e dos equipa- mentos instalados. Como profissional responsável que você é, sabe que o seu tra- balho tem influência direta sobre os serviços prestados, pois caso a manutenção realizada não atenda aos padrões de qualidade, poderá gerar problemas no for- necimento de energia, comprometendo sua imagemprofissional perante a em- presa e a da empresa perante os clientes. 2.2.2 PARTICIPAÇÃO E PRODUTIVIDADE NA GESTÃO DA QUALIDADE A gestão da qualidade se baseia numa família de normas reconhecida inter- nacionalmente como referência. Estamos falando da família ISO 9000 ou, para o Brasil, da NBR ISO 9000. SAIBA MAIS A ISO 9000, no Brasil conhecida por NBR ISO 9000, é uma família de normas que permite implementar, implantar, man- ter e melhorar continuamente o Sistema de Gestão da Quali- dade de uma organização. Para saber mais sobre esse tema, consulte o site da ABNT: <http://abnt.org.br>. A NBR ISO 9000 define oito princípios de gestão da qualidade que devem ser seguidos pelas organizações, independentemente de elas terem ou não a cer- tificação ISO. Vejamos a seguir quais são esses princípios. a) Foco no cliente: se os clientes são a razão de existir da empresa, convém que esta busque determinar e atender necessidades atuais e futuras das pessoas e, sempre que possível, exceder as expectativas dos clientes. Esse princípio destaca a importância das relações entre os clientes e a organiza- ção. Se a qualidade é julgada pelo cliente, todas as características específi- cas dos produtos e serviços devem adicionar valor ao produto e contribuir para determinar a preferência do consumidor. Essa questão se constitui, portanto, no principal foco do sistema de gestão. b) Liderança: o ponto de partida para a implantação de um programa de me- lhoria da qualidade em uma empresa é a intervenção da liderança e da alta direção, estabelecendo rumos e se empenhando pessoalmente, através da participação efetiva, dando o exemplo aos colaboradores na busca pelo cumprimento dos objetivos da organização. 2 QUALIDADE 21 c) Envolvimento das pessoas: o êxito das organizações depende cada vez mais da utilização competente das habilidades, da motivação e da criati- vidade dos funcionários e da cooperação para atender às necessidades do cliente externo e interno. Ou seja, bom ambiente organizacional e relações de trabalho positivas são fatores que potencializam a utilização das compe- tências pessoais em benefício da empresa. d) Abordagem de processo: o cumprimento de metas de melhoria da quali- dade e o desempenho de uma organização requerem a gestão de ativida- des e recursos baseada em elementos que dão suporte ao processo (entra- das), nas atividades do processo e nos seus desdobramentos (saídas). e) Abordagem sistêmica para gestão: um produto deve ser entendido como parte de um sistema maior, já que resulta de uma intenção da di- reção traduzida em planos. Identificar os processos de uma organização e determinar seus inter-relacionamentos permite avaliar globalmente, e não pontualmente, as ações e os resultados que a empresa apresenta. f ) Melhoria contínua: convém que a organização sempre busque a melhoria contínua do desempenho global (pessoas, produtos e processos), com o objetivo de torná-la mais eficaz e eficiente. Isso implica a busca constante da qualidade para promover a excelência dos produtos, serviços e resulta- dos, que só é alcançada quando essa intenção está impregnada nos modos de funcionamento da empresa. g) Abordagem factual para tomada de decisão: é um dos princípios funda- mentais de gestão para qualquer área e põe em destaque a importância de decisões de gerenciamento apoiadas em análises de dados e em informa- ções relevantes e precisas. Impressões, intuição ou decisões tomadas sem estudo prévio são desconsideradas, pois, em geral, conduzem ao desperdí- cio de recursos e ao retrabalho. h) Benefícios mútuos na relação com fornecedores: uma empresa não compra apenas produtos e serviços de seus fornecedores, mas também en- genharia e capacidade produtiva, estabelecendo com eles uma relação de interdependência. Um relacionamento de benefícios mútuos aumentará a capacidade de ambos em atingir seus objetivos. Observe na figura 4 como esses princípios podem ser agrupados de acordo com sua natureza. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE22 Sistema de Gestão da Qualidade Envolvimento das pessoas Foco no cliente Melhoria contínua Benefícios mútuos na relação com fornecedores Abordagem factual para tomada de decisões Abordagem sistêmica para gestão Abordagem de processo Liderança Figura 4 - Princípios de gestão da qualidade Fonte: SENAI-SP (2013) Na cor azul, estão os princípios do envolvimento das pessoas e da liderança. Eles se relacionam com as atitudes dos colaboradores, líderes e subordinados. Exaltam a importância dos membros da organização nas atividades da empresa, sobretudo na gestão. Muitas empresas têm relações entre chefes e subordinados tão desgastantes que comprometem a parceria necessária para que os resultados sejam alcançados. Em laranja, constam os princípios de abordagem, que nos remetem a uma for- ma eficiente de se fazer a gestão da empresa, na medida em que permitem iden- tificar os processos, suas entradas e saídas e a forma como se inter-relacionam, facilitando a aplicação dos recursos necessários e a visualização dos pontos nos quais o desempenho da empresa precisa de melhorias. No próximo tópico, defini- remos quais são esses processos e suas inter-relações. Na cor amarela, está o princípio dos benefícios mútuos, o qual representa uma ótima prática, uma vez que a relação sadia entre empresa e fornecedores torna muitas das atividades mais eficientes para ambos. 2 QUALIDADE 23 Em verde, constam os princípios do foco no cliente e da melhoria contínua. Eles representam os fundamentos que regem o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e estão apoiados sobre um tripé que defi ne como devem ser desenvolvidas todas as atividades de gestão da qualidade. Esse tripé é constituído dos seguintes elementos: a) satisfação dos clientes; b) resultados dos processos; c) resultados do próprio SGQ. Os oito princípios comentados são de grande importância para o sucesso das organizações em qualquer área, pois a competitividade entre elas é cada vez mai- or e há cada vez menos espaço para aquelas que não prezam pela qualidade dos produtos e não se preocupam com a satisfação dos clientes. 2.2.3 A QUALIDADE COMO PROCESSO A abordagem de processo, como vimos no tópico anterior, é um dos princípios dos Sistemas de Gestão da Qualidade. Segundo a NBR ISO 9000, um processo pode ser defi nido como “[...] o conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas)”. Observe na fi gura a seguir a representação desse conceito. Entradas Atividadesdo processo Saídas Figura 5 - Representação de processo Fonte: SENAI-SP (2013) Sabendo quais são as entradas necessárias, quais as atividades envolvidas e quais as saídas esperadas, podemos realizar ações e tomar decisões que garan- tam a efi cácia de um processo. Para explicar melhor, recorremos à análise de uma situação pela qual você ou al- guma pessoa próxima já deve ter passado: o processo seletivo de uma organização. As competências profi ssionais e pessoais, bem como as experiências requeri- das para o cargo, formam o perfi l profi ssional, o qual é determinado pelo departa- mento que requisita o funcionário em conjunto com os especialistas em Recursos Humanos da empresa (entradas). QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE24 Ocorre, em seguida, a divulgação da vaga nos meios de comunicação mais adequados. Normalmente se solicita o envio de currículo para a equipe respon- sável pela seleção. O próximo passo é a seleção dos candidatos com o perfi l requerido para a vaga e o agendamento de uma entrevista para avaliar o grau de atendimento às com- petências necessárias para o cargo. Muitas empresas também realizam uma entrevista com os profi ssionais do de- partamento que abriu a vaga para avaliar os conhecimentos específi cos da função. Para fi nalizar o processo, é elaborado um parecer com as necessidades de treinamento para adequar ocandidato contratado à vaga que ele ocupará (saídas). Demanda por pro�ssional (entrada) Contratados (saída) Divulgação das vagas Seleção dos candidatos EntrevistasEntrevistas Per�l Pro�ssional Currículos Candidatos Figura 6 - Exemplo de processo seletivo Fonte: SENAI-SP (2013) 2 QUALIDADE 25 Essa abordagem se aplica a qualquer processo, inclusive àqueles relacionados com os serviços de redes de distribuição de energia elétrica. Dessa forma, deve- mos estar atentos aos princípios da qualidade em todas as etapas do processo, e não só na saída ou na entrega do produto. O caso seguinte mostra um exemplo de falta de atenção do eletricista em uma das etapas do processo de religação de energia elétrica. CASOS E RELATOS Pedro de Souza é eletricista de uma empresa prestadora de serviços para uma distribuidora de energia, na área de serviços técnicos comerciais – atendimento em corte e religação de energia. Pedro estava em um cliente reinstalando um ramal que havia se rompido com a passagem de um caminhão, quando, ao se preparar para fazer a conexão do cabo, percebeu que havia se esquecido da ferramenta a ser utilizada. Para completar o serviço, improvisou a conexão batendo com o cabo da chave inglesa. Em seguida, recolheu todos os equipamentos e fechou o chamado. Porém, Pedro cometeu, além do improviso, outro erro grave: não confirmou se as conexões estavam firmes. Duas das fases ficaram folga- das, o que provocou aquecimento da rede nas horas de maior solicitação de carga, resultando em desligamentos intermitentes. O cliente ligou para reclamar com a distribuidora, que logo convocou Pe- dro para efetuar o retrabalho e consertar o serviço mal feito. Diante do ocorrido, Pedro foi advertido pela empresa e ainda teve sua imagem profissional afetada. O serviço mal feito comprometeu também a imagem da empresa, que teve uma avaliação negativa do cliente sobre a qualidade de serviços prestados. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE26 RECAPITULANDO Neste capítulo, você viu que qualidade é um conceito amplo, pois com- preende dimensões próprias do objeto e particulares a cada pessoa. As- sim, o que significa qualidade para uma pessoa não necessariamente é o mesmo para outra. Você também estudou que as empresas têm buscado a qualidade dos produtos para melhor atender às necessidades dos clientes, os quais são o motivo da existência das organizações. Também foram abordados neste capítulo os conceitos de qualidade dos produtos, processos de produção e serviços que têm sido desenvolvidos pelas empresas, inclusive na área de redes de distribuição de energia elé- trica, assim como a importância da gestão da qualidade no dia a dia das organizações. Após estes estudos, esperamos que você, toda vez que for prestar um serviço, reflita sobre a importância do trabalho bem feito para garantir a satisfação do cliente e, assim, promover uma imagem profissional positi- va e a boa imagem da empresa na qual trabalha ou trabalhará. 2 QUALIDADE 27 Anotações: 3 Segurança e saúde no trabalho Uma antiga superstição diz que, ao passarmos debaixo de uma escada, algo de ruim nos acontecerá. Se no alto da escada estiver uma pessoa, haverá realmente uma grande chance de acontecer um acidente, ou seja, estaremos sujeitos a riscos. Um deles seria o de ser atingido por algum objeto que caia do alto da escada. Podemos afi rmar que no exercício de qualquer profi ssão sempre existem riscos em maior ou menor proporção, tanto para quem desempenha a atividade como para quem compartilha espaços comuns com o executor da tarefa. Por isso, abordaremos neste capítulo* aspectos importantes referentes à saúde e à segu- rança para aqueles que trabalham em redes de distribuição de energia elétrica. Tais aspectos são um conjunto de indicações e medidas a serem observadas para minimizar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, bem como para proteger a integridade física e psíquica dos profi ssionais. Também trataremos de algumas doenças ocupacionais que podem afetar as pessoas que atuam nesta área. Ao término deste capítulo, você será capaz de identifi car: a) condições de segurança no trabalho para execução dos serviços; b) riscos inerentes à construção de redes de distribuição aérea de energia; c) riscos nos serviços em eletricidade. Iniciaremos com os riscos no trabalho. Vamos lá? * Este capítulo foi extraído e adaptado do capítulo 4 do livro: SENAI DN. Qualidade, saúde, meio ambiente e segurança no trabalho. Brasília: SENAI DN, 2012. (Série Eletroeletrônica). QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE30 3.1 RISCOS NO TRABALHO O investimento em prevenção e em regularização da segurança vale a pena para as empresas porque aumenta o grau de conscientização e confiança dos em- pregados, o que se reflete em economia e confiabilidade. Além disso, minimizan- do os custos com acidentes, a empresa deixa de ter outros gastos com atrasos na produção, além de encargos de advogados e indenizações. VOCÊ SABIA? Desde 1º de janeiro de 2010, as empresas com mais ca- sos de acidentes de trabalho passaram a pagar um valor maior de Seguro Acidente de Trabalho (SAT). A mudan- ça na forma de cálculo do seguro introduziu um efeito multiplicador chamado Fator Acidentário de Prevenção (FAP), que varia de 0,5 a 2. Na prática, as empresas com menos casos de acidente de trabalho pagarão meta- de do valor previsto, enquanto as que registrarem um maior índice de acidentes irão pagar o dobro. Fonte: Ministério da Previdência Social. Disponível em: <http://www2.dataprev.gov.br/fap/fap.htm>. Acesso em: 11 mar. 2013. Para efeito de cadastro de acidentes do trabalho pela empresa, uma das princi- pais referências é a norma NBR 14280:2001 - Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e classificação que, nos subtópicos do item 2.8 define as possí- veis causas do acidente como sendo: • 2.8.1 fator pessoal de insegurança (fator pessoal): Causa relativa ao com- portamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do ato inseguro. • 2.8.2 ato inseguro: Ação ou omissão que, contrariando preceito de segu- rança, pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente. • 2.8.3 condição ambiente de insegurança (condição ambiente): Condição do meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência. Cabe ressaltar que o item 2.8.3 condição ambiente de insegurança equivale à condição insegura, denominação ainda presente na maior parte da literatura sobre segurança do trabalho. Veja a seguir exemplos de situações que ilustram condições e atos inseguros. Você deve conhecer pessoas que têm o hábito de ligar vários equipamentos em uma única tomada, como mostra a figura 7. Pois bem, isso pode causar aque- cimento e até iniciar um incêndio. Imagine se bem próximo dessa ligação inade- quada houvesse uma cortina. Isso facilitaria a propagação de chamas. Nesse caso, 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 31 temos: o ato inseguro da pessoa que fez essas ligações, a condição insegura de conexão elétrica e a proximidade da cortina. Figura 7 - Uso incorreto da tomada Fonte: SENAI-SP (2013) Na fi gura 8, você pode observar um trabalhador realizando a pintura da fa- chada do prédio, preso precariamente por uma corda, sem os equipamentos de segurança exigidos para a atividade. Essa é uma prática comum, embora extre- mamente insegura, pois se a corda se partir, o vento bater com força ou a pessoa sentir-se mal, certamente a consequência será fatal! Figura 8 - Vida por um fi o Fonte: SENAI-SP (2013) QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE32 FIQUE ALERTA Atos inseguros geram, muitas vezes, condições insegu- ras que conduzem à ocorrência de um acidente. 3.2 ACIDENTE DE TRABALHO Acidente de trabalho, segundo o Manual de Instruções para Preenchimento da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), do Ministério da Previdência Social, é aquele que ocorre peloexercício do trabalho a serviço da empresa, na execução das atividades, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho, ou até a morte. SAIBA MAIS Para saber mais sobre a Comunicação de Acidentes de Tra- balho (CAT) ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), consulte o Manual de Instruções para Preenchimento da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), disponível no site: <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico. php?id=297>. Também são considerados como acidentes de trabalho: a) a doença profissional produzida ou desencadeada no exercício do traba- lho, peculiar à determinada atividade e apontada na relação elaborada pe- los Ministérios do Trabalho e Emprego e da Previdência Social. Como exem- plo, podemos citar doenças decorrentes do contato com derivados de óleo de equipamentos elétricos, tais como transformadores e capacitores, que podem provocar doenças dermatológicas ou câncer de pele ao longo do tempo; b) a doença do trabalho ou aquela adquirida ou desencadeada devido às condições especiais em que a tarefa é realizada, cujos efeitos estão rela- cionados diretamente à atividade. Como exemplo, podemos citar a perda parcial ou total da audição por causa de trabalho executado em local extre- mamente ruidoso. A Lei nº 8.213/91, de 24/07/1991, determina, no artigo 22, que todo acidente do trabalho ou doença profissional deve ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão. De acordo com o mesmo documento, no artigo 21, também são considerados acidentes do trabalho: 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 33 a) o acidente ligado à atividade que, embora não tenha sido a causa única, tenha contribuído diretamente para a morte do segurado ou para a perda ou redução da capacidade para o trabalho, ou ainda que tenha produzido lesão que exija atenção médica para a recuperação; b) o acidente sofrido pelo segurado no local e horário do trabalho, em con- sequência de: • ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou com- panheiro de trabalho; • ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; • ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; • ato de pessoa privada do uso da razão; • desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; c) a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercí- cio da atividade; d) o acidente ocorrido, ainda que fora do local e horário de trabalho, na execu- ção de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade ou anuência da empresa; e) o acidente sofrido no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veícu- lo de propriedade do segurado, desde que não haja interrupção ou altera- ção de percurso por motivo alheio ao trabalho. FIQUE ALERTA Obedecer às políticas e às regras de segurança da em- presa e não colocar a própria saúde ou a segurança dos colegas em risco são atitudes importantes que devem ser tomadas por qualquer trabalhador. Os acidentes de trabalho mais comuns em serviços com eletricidade são cho- ques elétricos, queimaduras decorrentes desses choques e de explosões e que- das, quando a atividade é realizada em altura (sobre escadas ou andaimes). Na maior parte dos casos, é possível prevenir ou minimizar os impactos dos agentes causadores de acidentes, como numa situação de choque elétrico. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE34 A prevenção, em se tratando de agentes causadores, pode ser feita por meio de medidas administrativas, tais como mudanças de processo e procedimentos de segurança, incluindo, por exemplo, o uso de equipamentos de proteção indivi- dual e coletiva, que estudaremos a seguir. 3.3 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) Imagine que você tenha sido contratado para ser o artilheiro de um time de futebol. A sua função será atacar o adversário no intuito de fazer o gol. Por outro lado os adversários que estão na defesa farão de tudo para detê-lo, e eles têm fama de “quebra-canela”. Quais medidas de segurança você tomará para se prote- ger? Logicamente você utilizará alguns equipamentos, como caneleira, chuteira, faixas e cocheira, que ajudarão na proteção individual. No caso de um eletricista em redes de distribuição de energia elétrica, todo cuidado deve ser tomado, pois as tarefas que você irá executar estão sujeitas a vários riscos de acidentes. Assim como o artilheiro do time de futebol, um eletri- cista também necessita de equipamentos de uso individual que protejam a saúde e a integridade física. Esses equipamentos são chamados de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e, para cada atividade, você, no exercício da profissão, precisará dessa proteção. Para que você tenha a dimensão da importância do uso dos EPIs, a legislação trabalhista, segundo a Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, em seu artigo 158, parágrafo único, determina, com relação ao uso desses equipamentos forne- cidos pela empresa, que “constitui ato faltoso do empregado a recusa injustifica- da de seu uso”. Já o artigo 166 da mesma Lei define que a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuita- mente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam com- pleta proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Em outras palavras, a empresa é obrigada a fornecer os EPIs necessários e ade- quados à atividade que você realiza e você, por sua vez, como empregado, é res- ponsável por utilizá-los de forma adequada. 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 35 Veja a seguir o que determina a Norma Regulamentadora que trata de EPIs, a NR 6: Item 6.6.1 - Cabe ao empregador: a) adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgão nacional com- petente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e a conservação; e) substituir imediatamente quando danificado ou extraviado; f ) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada; e h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. Item 6.7.1 - Cabe ao empregado: a) utilizá-lo apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. SAIBA MAIS A norma regulamentadora NR 6, que trata de Equipamento de Proteção Individual (EPI), está detalhada no site do Minis- tério do Trabalho. Para consultá-la, acesse: <http://www.mte. gov.br>. Agora que você já viu como a legislação é rigorosa com relação ao uso dos EPIs e sabe que as atividades realizadas pelo eletricista de redes de distribuição de energia elétrica envolvem riscos importantes, veja, no quadro a seguir, alguns dos muitos equipamentos que você utilizará para realizar suas tarefas diárias na empresa. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE36 Quadro 2 - EPIs e suas aplicações EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL APLICAÇÃO Capacete de segurança Atividades realizadas a céu aberto e em locais fechados que requeiram pro- teção da cabeça. Protege de impactos provenientes de queda ou projeção de objetos, choque elétrico e irradiação solar. Para serviços em eletricidade usar classe B. Óculos de segurança incolor Tarefas que exijam a proteção contra riscos de impactos nos olhos e contra os raios UVA e UVB. As lentes devem ser resistentes a variações de tempera- turae impactos diretos. Protetores auriculares Atividades em locais com ruídos exces- sivos. Este protetor é confeccionado em silicone e possui cordão. Luvas de vaqueta ou pelica Tarefas que envolvam o manuseio de eq- uipamentos, materiais e ferramentas não cortantes. A luva é feita de couro macio, geralmente na cor cinza, e é indicada para atividades leves. 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 37 Luvas de cobertura (couro) para luvas de borracha Serve exclusivamente para cobertura protetora das luvas isolantes de borracha, nas classes de material isolante elétrico (borracha) 00, 0, 1, 2 e 3. Luvas de borracha BT Atividades executadas em circuitos elétricos energizados com tensão de 500 V a 36,2 kV, nas classes 00, 0, 1, 2 e 3, de acordo com as especificações do fabricante. Mangas isolantes de borracha de classe II Trabalhos realizados em circuitos elétricos energizados. Protege contra choque elé- trico que possa atingir braço e antebraço. A manga deve ser usada em atividades executadas em circuitos de até 15 kV, classe II. Para outras classes, são utiliza- dos outros tipos de mangas, conforme especificação do fabricante. Botas de segurança de couro Atividades com risco de entorse, queda de materiais e objetos leves. Para serviços em eletricidade, não contêm palmilha e biqueira de aço. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE38 Cinturão de segurança do tipo paraquedista Trabalhos realizados em altura igual ou acima de 2 m. O dispositivo é posicionado no corpo do trabalhador através de fi tas de nylon e fi velas, com corda ou talabar- tes presos com mosquetões e argolas fi xados ao cinturão, com o objetivo de sustentar ou evitar a queda do fun- cionário. Capacete com viseira Proteção contra partículas volantes, caso haja explosões. Protege os olhos e o rosto de queimaduras provocadas por arco vol- taico e luminosidade intensa (no caso de viseira escurecida). Trava quedas com mosquetão (argola) Situações com diferença de nível. Pro- tege contra quedas em operações com movimentação vertical ou horizontal. É utilizado com cinturão de segurança do tipo paraquedista. linha de vida Linha de vida instalada em poste Situações onde o trabalhador fi ca exposto ao risco de queda. São cordas com elastici- dade que permite absorver o impacto, em caso de queda do trabalhador, sem transferir a força do impacto, evitando assim lesões. Fonte: AES ELETROPAULO. Manual de construção e manutenção em redes de distribuição aérea. São Paulo: Eletropaulo, 2011. Imagens: 123RF e SENAI-SP (2013) 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 39 3.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC) Todas as tarefas executadas pelo eletricista em redes de distribuição de ener- gia elétrica estão sujeitas a riscos de acidentes pessoais e com o grupo de pessoas ao redor ou companheiros de trabalho. Voltando ao exemplo do jogo de futebol, além dos equipamentos de prote- ção dos jogadores como caneleiras, faixas que auxiliam na musculatura, cintas e outros, são necessários equipamentos destinados à proteção de todos, por exem- plo, placas de sinalização, faixas de alerta e bandeirolas. Esses equipamentos são denominados Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e são destinados a proteger a saúde e a integridade física das pessoas envolvidas nas tarefas. Veja alguns desses equipamentos no quadro 3. Quadro 3 - EPCs e suas aplicações EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA APLICAÇÃO Fita refletiva Orienta a circulação de pessoas. Desvia e alerta pedestres quanto às atividades que estão sendo executa- das. Sinaliza áreas de serviço e obras em vias públicas. Bandeira com bastão Indica advertência; pode ser de uso manual ou fixa junto aos cones de sinalização. Cone de sinalização Orienta o trânsito de veículos e de pedestres, além de sinalizar áreas de serviço e obras em vias públicas ou rodovias. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE40 Bastão sinalizador Indica, no período noturno, a pre- sença de cones sinalizadores nos locais de trânsito de automóveis. Aterramentos temporários Indicados para aterramentos tem- porários de redes aéreas secundárias e primárias em AT e BT. Sacola de lona para materiais Recomendada para transportar ma- teriais ou ferramentas em trabalhos realizados nas alturas. Possui car- retilha e cordas para fixação. Fonte: AES ELETROPAULO. Manual de construção e manutenção em redes de distribuição aérea. São Paulo: Eletropaulo, 2011. Imagens: 123RF e SENAI-SP (2013) Alguns equipamentos de proteção precisam ser submetidos a testes de rigi- dez dielétrica1, como você verá no próximo tópico. 1 MATERIAL DIELÉTRICO Isolante elétrico que somente sob a ação de um campo elétrico acima do seu limite de isolação permitirá uma descarga elétrica. 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 41 3.5 TESTES DE EPIS E EPCS Para detectarmos possíveis rupturas ou fugas de correntes acima das especifi- cadas pelo fabricante, todos os materiais que têm a função de isolantes elétricos devem ser submetidos a testes em laboratório, denominados testes de rigidez dielétrica. Existem prazos máximos definidos para a realização desses testes, que variam de acordo com o equipamento. Veja no quadro a seguir. Quadro 4 - Prazos para testes dielétricos EQUIPAMENTO PRAZO MÁXIMO OBRIGATÓRIO Luva isolante de borracha 6 meses Manga isolante de borracha 6 meses Capacete de segurança 12 meses Bastões (diversos) 12 meses Para a segurança da equipe, é aconselhável que os testes sejam realizados an- tes desses prazos. É importante destacar que é obrigatória a inspeção dos equipamentos antes da utilização. Nessa inspeção, o eletricista não pode encontrar nenhum dos as- pectos seguintes: a) luva de borracha com fissuras na superfície; b) luva de borracha com furo na superfície; c) manga de borracha com fissuras na superfície; d) cobertura de borracha com furo na superfície após ensaios dielétricos; e) capacete com corte na superfície; f ) capacete vencido (com mais de 5 anos de validade do casco). SAIBA MAIS Para saber mais sobre testes de rigidez dielétrica, entre em um site de busca na internet e digite: “testes de rigidez dielétrica de EPI e EPC”. Desse modo, você poderá obter mais informa- ções em sites de empresas especializadas nesse tipo de teste. Você também poderá obter informações acessando o site da Fundacentro, no endereço <www.fundacentro.gov.br>. Para a segurança do profissional e a execução correta do trabalho, os equi- pamentos de proteção devem estar em boas condições e dentro dos prazos de validade. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE42 Agora veja, na próxima imagem, as indicações do Certificado de Aprovação (C.A.). Com esse número é possível obter o prazo de validade do equipamento de proteção no site do Ministério do Trabalho (www.mte.gov.br). Figura 9 - Indicações de prazos de validade em equipamentos de proteção Fonte: SENAI (2013). FIQUE ALERTA Para sua segurança nos serviços em eletricidade, os equipamentos com testes de rigidez dielétrica vencidos ou que apresentem alterações na inspeção devem ser substituídos ou inutilizados. Tudo o que vimos até aqui reforça a necessidade da adoção e do cumprimento das regras e políticas de segurança das empresas, já que muitos acidentes decor- rem de atos inseguros que, quase sempre, colocam em risco a saúde e a seguran- ça das pessoas. É importante destacar ainda algumas das regras básicas para manutenção da segurança no ambiente de trabalho. Leia com atenção o quadro a seguir. 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 43 Quadro 5 - Regras básicas de segurança REGRA BÁSICA ALERTA Mantenha-se sempre atento e focado na ativi- dade que está realizando. As distrações são a causa de uma grande parte dos acidentes. Respeite os riscos, pois, se ocorrer um acidente, pode ser o último da sua vida. Muitos acidentes ocorrem por displicência de funcionários que se julgam muitoexperientes. Utilize sempre roupas, ferramentas e equipa- mentos adequados para a atividade que está realizando. O improviso pode expor você a um risco desnecessário. Sempre que possível desfrute de uma boa noite de sono. O cansaço gera a distração, que pode causar acidentes. Mantenha-se sempre hidratado. Cerca de 2/3 de nosso corpo é composto de água, que é essencial para nossa saúde. Caso esteja doente, avise a seu supervisor e procure um médico. Você pode não estar apto a realizar suas tarefas com segurança. Agora que você já sabe quais são suas atribuições com relação à segurança no trabalho, passe para o próximo tópico e atente para a divisão de responsabilida- des em uma equipe. 3.6 DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES Uma equipe que realiza serviços em redes de distribuição de energia elétrica normalmente conta com as seguintes posições: líder, eletricista do grupo e eletri- cista auxiliar. Atente para as responsabilidades de cada um deles. Quadro 6 - Funções e responsabilidades da equipe FUNÇÕES RESPONSABILIDADES Líder • Planejar as atividades com a equipe e distribuir o serviço a ser reali- zado. • Identificar, em conjunto com a equipe, os riscos das tarefas. • Fiscalizar o uso de EPIs e EPCs e também o cumprimento dos procedi- mentos e das instruções de trabalho. • Interromper o companheiro de trabalho quando este executar o serviço de maneira inadequada. • Zelar pela própria segurança e a da equipe. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE44 Eletricista do grupo • Cumprir procedimentos e instruções de trabalho. • Zelar pelo uso, pela conservação e pela higienização dos EPIs, dos EPCs e das ferramentas. • Participar da identificação dos riscos das tarefas a serem executadas. • Zelar pela própria segurança e a dos companheiros. Eletricista auxiliar • Identificar, selecionar e separar os EPIs, os EPCs e as ferramentas adequadas. • Acompanhar atentamente os padrões de execução de todas a ativi- dades. • Alertar os companheiros de trabalho em relação a ações que envol- vam perigos ou riscos iminentes nos serviços com a rede energizada ou desenergizada. • Utilizar os EPIs e os EPCs corretamente, de acordo com a atividade a ser executada. • Separar e enviar os materiais para o eletricista em atividades aéreas. Ao analisarmos o quadro, notamos que a observância aos riscos e ao uso de EPIs e EPCs aparece como responsabilidade de todas as funções. Isso é assim definido por- que qualquer negligência nos serviços em eletricidade pode levar a acidentes gra- ves, inclusive resultando em morte. Para conhecer esse perigo, leia o caso a seguir. CASOS E RELATOS Um eletricista experiente, contratado pelo dono de uma residência para execução da reforma da instalação da entrada de energia, estava efe- tuando a verificação dos conectores no topo do poste (ramal de entrada), quando visualizou uma conexão frouxa. Embora estivesse com a escada corretamente posicionada, achou mais fácil subir na laje da garagem para apertar a conexão. Estava usando ber- muda, camiseta e chinelo de dedos; como iria apenas apertar a conexão, julgou desnecessário o uso dos EPIs, no caso: capacete, luvas e mangas de borracha; botas, óculos e cinto de segurança; trava-quedas. No momento em que foi apertar a conexão com o alicate, recebeu uma descarga elétrica e caiu, batendo a cabeça no solo e sofrendo traumatis- mo craniano. Veio a falecer. O eletricista, por excesso de confiança, cometeu dois graves erros: não utilizou a escada e os EPIs necessários para executar esse tipo de serviço. 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 45 Esse caso pode parecer um exagero, mas é verídico. É importante reforçar que são muitos os acidentes com descarga elétrica que resultam em morte e deles podemos tirar a seguinte lição: cada atividade exige o uso de um conjunto de EPIs que não pode ser substituído pelo conhecimento que você venha a ter sobre os riscos em serviços com eletricidade. Um choque elétrico pode ocorrer num piscar de olhos, por isso, fique sempre atento e use os EPIs adequados às atividades que irá realizar. 3.7 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) Desde o início deste capítulo, estamos tratando das ações que podem minimi- zar/eliminar os riscos de acidentes nas empresas e destacamos a importância da prevenção quando o assunto é saúde ou segurança. Porém, diante de tantas informações, você pode estar se perguntando: a) Como zelar pelas condições de saúde e segurança na empresa e ainda ter tempo para trabalhar? b) Quem deve capacitar os funcionários quanto aos procedimentos de segu- rança da empresa? Essas tarefas ficam a cargo da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), regulamentada pela NR 5. Os cipeiros, como são chamados os membros da CIPA, são trabalhadores da empresa que, além de cumprir suas funções, devem observar as condições de saúde e segurança e orientar os colegas sobre os procedimentos adequados. Eles são reconhecidos, normalmente, por usar um bóton verde, semelhante ao apresentado na figura a seguir. CIPA SEGURANÇ A Figura 10 - Símbolo da CIPA Fonte: SENAI (2013) QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE46 A escolha dos integrantes da CIPA, de acordo com a NR 5, é feita através de processo eleitoral próprio, cujos candidatos são os funcionários interessados em cooperar para “[...] a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador”. A CIPA deve ser composta proporcionalmente de funcionários relacionados a cada tipo de atividade da empresa, e a quantidade de integrantes é definida de acordo com o número de trabalhadores da organização. Todavia, se o número de trabalhadores não atingir o mínimo para a constitui- ção formal da CIPA, a empresa deve indicar um de seus funcionários para ser o responsável pelo cumprimento da NR 5. SAIBA MAIS Para saber mais sobre o objetivo, a constituição, as atribui- ções e o funcionamento da CIPA, acesse a NR 5 no site <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D311909 DC0131678641482340/nr_05.pdf>, ou entre em um site de busca e digite “NR 5”. Cabe ao empregador proporcionar aos membros da comissão os meios ne- cessários ao desempenho das atribuições, bem como garantir tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do plano de trabalho. VOCÊ SABIA? A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) foi criada em 1944, durante o governo de Getúlio Vargas. Atualmente ela está regulamentada pela Portaria SSST nº 8, editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 23/02/99. 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 47 RECAPITULANDO Neste capítulo, vimos aspectos relacionados com a saúde e segurança do trabalho, incluindo um conjunto de indicações e medidas a serem obser- vadas no exercício de sua atividade profissional. Definimos acidente de trabalho, apresentamos as principais causas e for- necemos informações importantes sobre como controlá-las. Estudamos vários equipamentos de proteção individual e coletiva e des- tacamos aqueles necessários na realização de serviços em eletricidade. Enfatizamos também a necessidade de controle e conservação desses equipamentos. Apresentamos ainda as responsabilidades daqueles que atuam em RDA. Você pode notar que o uso de EPIs e EPCs deve ser preocupação de todos, independentemente da função que a pessoa exerça. Finalizamos com uma exposição sobre a CIPA e seu papel nas empresas. Esperamos que estes estudos o ajudem no exercício de sua profissão de eletricista de redes de distribuição, tornando-o um profissional cuidado- so com o grupo e com os equipamentos de trabalho. 4 Riscos nos serviços em eletricidade Os eletricistas de redes de distribuição de energia elétrica trabalham diretamente com ele- tricidade e, por isso, estão expostos aos riscos que esta pode causar. Devem, portanto, tomar oscuidados necessários para controlá-los. Para que você tenha a dimensão dos riscos dessa profi ssão que irá exercer, saiba que todas as situações relacionadas com a eletricidade são classifi cadas como perigosas, podendo afetar a vida não somente daqueles que prestam serviços em eletricidade, mas também daqueles que se servem da eletricidade ou mesmo próximos aos locais onde estão sendo realizados os serviços, independentemente de serem pessoas ou animais. Por isso, preparamos este capítulo especialmente para ajudá-lo a reconhecer esses riscos e desenvolver atitudes voltadas ao controle, com o objetivo de evitar os acidentes elétricos. Nele abordaremos essencialmente os riscos com eletricidade, tais como choque elétrico e descarga elétrica, bem como riscos adicionais (relacionados ao ambiente ou processo de trabalho) e riscos de incêndio. Apresentaremos também medidas de controle de riscos com eletricidade, como aterramen- to e controle e combate a incêndios. Assim, ao término deste capítulo você terá subsídios para identifi car: a) condições de segurança para execução dos serviços; b) riscos inerentes à construção da rede de distribuição de energia; c) riscos do uso e da execução de serviços em eletricidade. Antes disso, fi que atento a todas as explicações contidas neste capítulo, pois elas serão muito úteis no exercício de suas atividades como eletricista. Vamos iniciar abordando o choque elétrico. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE50 4.1 CHOQUE ELÉTRICO Você sabe o pode ocorrer com uma pessoa quando submetida a uma corren- te elétrica, ou seja, quando recebe um choque elétrico? Já leu ou ouviu notícias de pessoas que sofreram acidentes fatais com eletricidade? Certamente você de alguma forma já tem conhecimento sobre a gravidade desse tipo de exposição. Porém, nem todas as pessoas reagem da mesma forma quando submetidas à corrente elétrica. Os motivos de reagirem de diferentes maneiras são variados: vão desde o metabolismo de cada pessoa até o trajeto da corrente através do seu corpo. Existem também fatores externos que podem interferir na forma de reação, por exemplo, a presença ou não de umidade. Entenda o que é e como ocorre o choque elétrico. Figura 11 - Choque elétrico no corpo humano Fonte: 123RF (2013) O choque elétrico causa uma perturbação no organismo humano quando este é percorrido por uma corrente elétrica. Essa perturbação depende: a) do percurso da corrente elétrica pelo corpo humano; b) da intensidade e frequência da corrente elétrica; c) do tempo de duração da exposição; d) da área de contato; e) da tensão elétrica; f ) das condições da pele, da constituição física e do estado de saúde do indivíduo. 1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Condição na qual o coração da pessoa para de bater e, ao mesmo tempo, ela para de respirar. Nessa condição, a vítima necessita de assistência médica imediata para que não venha a falecer. 4 RISCOS NOS SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 51 Observe a figura 12 para entender o que queremos dizer com relação ao per- curso da corrente elétrica pelo corpo humano e os pontos atingidos. Repare que esse percurso pode ou não passar através do coração, o que, na maior parte dos casos, pode causar uma parada cardiorrespiratória1. Figura 12 - Exemplo de percursos da corrente elétrica no corpo humano Fonte: SENAI-SP (2013) Também há estudos sobre os efeitos fisiológicos da passagem de diferentes va- lores de corrente elétrica pelo corpo, conforme você pode ver no quadro a seguir. Quadro 7 - Efeitos da corrente elétrica no corpo humano EFEITO CORRENTE ELÉTRICA EM AMPÈRES Pequenos estímulos nervosos de 0,005 a 0,01 A Contrações musculares de 0,01 a 0,025 A Aumento da pressão sanguínea, transtornos cardíacos e respiratórios, desmaios de 0,025 a 0,08 A Contrações rápidas do coração (fibrilação) de 0,08 a 5 A Queimaduras na pele e nos músculos acima de 5 A Fonte: SENAI DN. Instalação de sistemas elétricos prediais. Brasília: SENAI DN, 2013. (Série Eletroeletrônica). É importante destacar que o choque elétrico é responsável por um grande nú- mero de acidentes, em alguns casos resultando na perda da vida de pessoas. A Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) divulgou estatística parcial (de janeiro a agosto de 2011) de acidentes com eletricidade. Os resultados foram preocupantes, e teve destaque o número de acidentes com choque elétrico seguidos de morte. Segundo o boletim divul- gado na edição 68 do Portal “O setor elétrico”, foram 209 casos no período estu- dado. Esse número corresponde à mesma quantidade de casos do ano anterior inteiro, 2010. QUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ELETRICIDADE52 As descargas elétricas podem ser provocadas por fontes não controladas, como os raios provenientes de descargas atmosféricas, mas grande parte dos aci- dentes poderia ser evitada com a adoção de medidas de proteção adequadas. Os acidentes com pessoas que executam serviços em eletricidade muitas ve- zes são decorrentes da falta de informação adequada, de habilidade ou de treina- mento no uso de equipamentos e no controle de riscos. Não são raras as situações em que pessoas tentam efetuar tarefas sem o devido preparo e sofrem acidentes graves. Para evitar situações de risco, é importante que você conheça as causas e os tipos de choque elétrico, bem como as medidas de proteção. Acompanhe! 4.1.1 CAUSAS DO CHOQUE ELÉTRICO O choque elétrico pode ocorrer devido a dois tipos de causas: diretas e indiretas. Causas diretas são aquelas decorrentes do contato direto resultante do toque acidental de uma parte do corpo com um componente energizado de um equi- pamento ou da instalação ou por contato indireto resultante do toque de uma parte do corpo com uma massa2 energizada. Causas indiretas são definidas através dos fenômenos listados a seguir. a) Indução eletromagnética: fenômeno que se apresenta em um corpo ex- posto a um campo magnético variável, gerando uma tensão elétrica indu- zida. Em locais onde existem tensões com valores elevados, como subesta- ções de energia, os riscos resultantes de tensões induzidas são controlados por meio do aterramento dos componentes. b) Eletricidade estática: fenômeno que ocorre em um corpo exposto a um acúmulo de cargas, originando uma tensão elétrica. Em locais onde há grande acúmulo de cargas, como superfícies metálicas, os riscos de choque elétrico podem ser controlados por meio de aterramento. c) Descargas atmosféricas: fenômeno que se apresenta por diferenças de potenciais atmosféricos, gerando uma descarga elétrica entre dois ou mais pontos, conhecida como raio. Pode ocorrer entre as nuvens e entre elas e um ponto da superfície da terra. Ao atingir pessoas ou animais, os riscos resultantes dessas descargas são incalculáveis; podem causar queimaduras e até a morte. 2 MASSA Em instalações elétricas, refere-se ao conjunto das partes metálicas não destinadas a conduzir corrente e eletricamente isoladas dos pontos energizados, tais como invólucros de equipamentos elétricos. 3 CAPACITOR Conjunto de condutores elétricos, geralmente com formato de placas (armaduras), isolados entre si por meio de materiais isolantes (dielétricos), que têm como função armazenar cargas elétricas. Seu princípio de funcionamento baseia-se na formação de um campo eletrostático entre suas armaduras. Os capacitores são muito utilizados em instalações elétricas industriais no controle de perturbações ocorridas na rede elétrica pelo uso de componentes indutivos (motores, transformadores etc.) e em equipamentos eletrônicos. 4 RISCOS NOS SERVIÇOS EM ELETRICIDADE 53 4.1.2 TIPOS DE CHOQUE ELÉTRICO O choque elétrico pode ser classifi cado em dois tipos: estático e dinâmico. O choque estático é produzido pela eletricidade estática ou por descargas de capacitores3. O choque dinâmico é ocasionado por tensão de toque ou tensão de passo. Veja a explicação
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