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Micoses Superficiais: Ceratofitoses

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1. CERATOFITOSES 
São micoses exclusivamente superficiais, cujos cogumelos se localizam na queratina epidérmica e nos pelos, sem qualquer fenômeno de hipersensibilidade. São também conhecidas por micoses superficiais saprofitárias ou saprofícias de Unna. Agrupam-se, entre elas, a pitiríase versicolor, a tinha negra (ou ceratofitose negra) e a tricomicose nodosa (ou piedra) (MINELLI, 1989).
1.2. Pitiríase versicolor:
A piritíase versicolor, também denominada “micose de praia”, é uma ceratofitose que se caracteriza por manchas cutâneas, de tonalidades que variam da hipo a hiperpigmentação, com distribuição mais frequente no tronco, membros superiores e face, mas distribuindo-se, às vezes atipicamente, pela região crural, membros inferiores, couro cabeludo, e podendo ser vista de forma rara nas regiões palmar e plantar (OLIVEIRA, 1999). 
Seu agente etiológico é a Malassezia furfur, sendo um fungo antropofílico, de distribuição geográfica universal, e com prevalência em climas tropicais e subtropicais (MORAIS et al., 2010). 
Seu aparecimento ocorre principalmente devido à alta temperatura, alta umidade relativa do ar, pele gordurosa, elevada sudorese, e também uso de imunossupressores. Contudo, as características clínicas da pitiríase se resumem em máculas bem delimitadas, descamação furfurácea e de cor variável, com lesões hipocrômica ou hipercrômicas, isoladas ou confluentes (ZAITZ et al., 2000).
O diagnóstico é realizado pela avaliação do aspecto clínico das lesões e da visualização microscópica do microrganismo, por meio de exame direto (Hidróxido de potássio (KOH) a 10%) e cultura do material biológico do paciente portador da lesão. A identificação do fungo é feita por meio dos parâmetros micromorfológicos das estruturas fúngicas e macromorfológicas (OLIVEIRA, 1999; FRAMIL et al., 2010).
1.3. A ceratofitose negra
A ceratofitose negra ou tinha negra é uma micose superficial causada por um fungo pigmentado de vida livre, dotado de grande pleomorfismo, e que possui, como característica marcante, tendência a pigmentar-se de uma coloração ocre-escuro (AROEIRA E COSTA, 1947), característica esta que imprime às colônias in vitro e às lesões de pele (RIPPON, 1982).
A ceratofitose negra pode afetar indivíduos de ambos os sexos e em qualquer idade, porém, nota-se certa predileção pela faixa etária abaixo dos 20 anos. Afeta a raça branca (em quase todos os continentes existem casos publicados), a amarela e, raramente, a negra (ESTEVES; CABRITA E NOBRE).
Já foi observado que esta dermatose predomina entre indivíduos de classes sociais mais altas, ao contrário das outras micoses. Porém, na maioria, não há preponderância profissional entre os afetados. A permanência em praias de balneários é frequentemente referida, precedendo o aparecimento da doença de semanas até anos (BLANK,1979).
Grauer relata transmissão experimental da doença a humanos e animais de laboratório (porcos da Guiné), embora outros autores afirmem não terem obtido sucesso na inoculação experimental.
O fungo é apontado amplamente na literatura como responsável por esta micose superficial é o Phaeoannellomyces werneckii (previamente pertencente ao gênero Exophiala e Cladosporium). Alguns autores, porém, acreditam que outros cogumelos também possam ter papel na etiopatogenia desta dermatose.
A sinonímia para esta ceratofitose é vasta, incluindo pityriasis nigra, microsporosis nigra, tinea nigra palmaris, keratomycosis nigricans (RIPPON, 1982). keratophytia nigra, cladosporiose epidérmica e keratomycosis nigricans palmaris (BLANK,1979), sendo esta última a denominação recebida ao ser descrita pela primeira vez por Cerqueira, no Brasil, em 1891 (AROEIRA E COSTA, 1947).
1.3.1. Epidemiologia
A doença é vista comumente nas áreas tropicais e subtropicais (América Central, América do Sul, África, Ásia), e foi justamente destas regiões que vieram os primeiros relatos da literatura (LACAZ e MARTINS, 1984). Vários autores atribuem às modernas viagens aéreas, que eliminam distâncias e barreiras geográficas, a disseminação para zonas temperadas de doenças comumente encontradas em países tropicais.
No entanto, a doença vem sendo mais frequentemente relatada como tinea nigra palmaris (CARR e LEWIS, 1975), embora o termo ceratofitose negra seja mais explicativo da dermatose, já que não se trata de “tinha” e pode acometer outras regiões da pele, além da palmar e/ou plantar (BENEKE e ROGER, 1980).
1.3.2. Quadro clínico
Após instalada, a ceratofitose negra segue um curso benigno, com início insidioso e evolução crônica. A lesão inicial é uma mácula redonda ou ovalada pequena ou até puntiforme, que frequentemente passa desapercebida, até que, de forma lenta, começa a crescer centrifugamente e escurecer, tornando coloração de diferentes tonalidades, variando do castanho-claro ao negro, passando pelo marrom-enegrecido e cinza-azulado (GRAUER e SOMMER, 1961)
 São relatados, também, formatos elipsoidais, lineares e triangulares, porém pouco comuns. Embora as bordas da lesão sejam geralmente nítidas podendo ser planas ou ligeiramente elevadas, alguns autores descrevem a lesão de ceratofitose negra como mal definida e Van Velsor afirma que uma pigmentação mosqueada é freqüentemente o único achado. (VAN VELSOR e SINGLETARY, 1964)
A presença ou ausência de bordas nítidas não parece estar relacionada ao tempo de evolução da doença, já que Conti-Diaz e Ritchie, descrevem placas bem demarcadas num caso com apenas dois meses de evolução e Tilles descreve a mesma característica numa lesão que evoluía há cerca de cinco anos. (TILLES e JACOBS, 1962).
O aspecto geral da lesão é comparado à mancha de lápis ou mancha café-com-leite e, às vezes, descrito como sujo ou fuliginoso. As lesões são geralmente únicas, variando em média entre 1-5cm de diâmetro. No entanto, podem ser múltiplas e, neste caso, tendem a coalescer formando placas que podem ser lisas, com descamação discreta no centro da lesão ou, ainda, cobertas por escamas finas que tornam sua superfície áspera ao toque (VAN VELSOR e SINGLETARY, 1964).
1.3.3. Diagnóstico diferencial
A presença de uma mácula de coloração negra, marrom ou cinza-azulada que apresenta mudanças no seu aspecto e/ou aumento de tamanho leva a frequentes confusões com nevo funcional em transformação e com melanoma de crescimento superficial (este último raro antes da puberdade) (TILLES e JACOBS, 1962).
Vários autores apontam esta dificuldade diagnóstica, lembrando que o médico que não levantar a hipótese de ceratofitose negra nestas lesões pigmentadas pode ser levado a realizar exéreses cirúrgicas desnecessárias e, muitas vezes, incapacitantes, mesmo porque cirurgias ainda que pouco extensas nas palmas, podem levar à limitação dos movimentos. Por isso, é importante lembrar que o diagnóstico diferencial pode ser facilmente estabelecido pela simples realização de um raspado da lesão para exame micológico (GRAUER e SOMMER, 1961).
Outra condição frequentemente comparada à ceratofitose negra é a pigmentação pelo nitrato de prata e outros pigmentos exógenos, como a tinta indica. Acreditamos, também, que outros compostos isolados e o ácido tricloroacético, em baixas concentrações, possam simular o mesmo tipo de lesão. (LACAZ e MARTINS, 1984).
Devem ainda ser lembradas a doença de Addison a fotodermatite pela bergamota e pelo Ficus caricaca, o cloasma, a hipercromia pós-inflamatória, a sífilis e a pinta, a dermatite de contato e a erupção fixa por drogas além dos hematomas e outros resíduos pigmentares (LACAZ e MARTINS, 1984).
O diagnóstico diferencial pode ser dificultado pela presença de descamação e/ou prurido associados à lesão de ceratofitose negra, elementos estes negados por vários autores, porém relatados por outros. De qualquer forma, a positividade do exame micológico é, por si só, suficiente para a exclusão destas dermatoses assemelhadas, motivo pelo qual este deve ser sempre realizado, em caso de dúvida diagnóstica (BENEKE e ROGER, 1980).
1.3.4. Tratamento
A resposta à terapéutica é variável. A maioria dos autores considera boa a respostaa agentes ceratolíticos como o ungüento de Whitfield (ácido benzóico + ácido salicílico), tintura iodo-salicilada, enxofre a 3% com ácido salicílico a 2% e outros. Van Velsor relata que alguns pacientes notaram recaídas logo após terem suspendido o tratamento e sugere que este seja mantido por três a quatro semanas, mesmo que a lesão desapareça antes disso. Os imidazólicos também são altamente eficazes e existe ainda relato do uso do tiabendazol tópico. (VAN VELSOR e SINGLETARY, 1964).
Tilles e cols. contra-indicam o uso da griseofulvina, já que o tratamento tópico produz excelentes resultados e questionam se a resposta terapêutica ruim não seja devida ao uso irregular da droga, ou à suspensão precoce do tratamento (10 semanas).
Rippon também considera a griseofulvina ineficaz na ceratofitose negra. Yaffee tratou uma paciente com lesão plantar usando compressas com ácido bórico, pó antimicótico com undecilinato de zinco e ungüento salundek, tendo observado pouca melhora após 10 dias de tratamento, quando então foi acrescentada griseofulvina 1g/dia com clareamento da lesão após duas semanas do tratamento oral.
Schadomy comparou o oxiconazol (in vitro) com o cetoconazol e com o nitrato de econazol em sete amostras de P. werneckii e concluiu serem os três fármacos ativos na dermatose e equivalentes biologicamente. O uso do clotrimazol em spray traz bons resultados terapêuticos quando usado por cinco semanas, segundo Sayeg-Correno. O tolnaftato falhou na cura das lesões micóticas, porém associado ao ácido retinóico a 0,1 % levou à remissão da doença em 10 dias. (RABELLO, 2007)
A raspagem das lesões é advogada por alguns, seja como forma isolada de tratamento, seja combinada aos imidazólicos e/ou ciclopiroxolamina. Observou-se sucesso terapêutico com o uso da ciclopiroxolamina por duas semanas precedida da raspagem das lesões. É importante salientar que já foram observados casos de regressão espontânea, embora raramente, e outros com evolução de vários anos antes do tratamento que apresentavam períodos de melhora, sem regressão total das lesões (BENEKE e ROGER, 1980).
 
Referencias
MINELLI, L. Micoses superficiais, esporotricose e micetomas. In: Amato Neto, V.; Baldy, J.L.: Doenças Transmissíveis, 3ª ed. Sarvier, pág. 623-634, São Paulo, 1989.
OLIVEIRA, J.C. Micologia Médica. Rio de Janeiro: J. Carvalhaes de Oliveira; p. 255, 1999.
MORAIS, P.M; CUNHA, M.G.S; FROTA, M.Z.M. Aspectos clínicos de pacientes com piritíase versicolor atendidos em um centro de referência em Dermatologia Tropical na cidade de Manaus (AM), Brasil. An Bras Dermatol. v. 85, n. 6, p. 797-803, 2010.
ZAITZ, C, RUIZ, L.R.B, SOUZA, V.M. Dermatoses associadas as leveduras do gênero Malassezia. An Bras Dermatol.v. 75, p. 129-142, 2000.
FRAMIL, V.M.S.; MELHEM, M.S.C.; SZESZS, M.W.; CORNETA, E.C.; ZAITZ, C. Piritíase versicolor: isolamento e identificação das principais espécies de Malassezia. An Bras Dermatol.v. 85, n. 1, p. 111-114, 2010.
AROEIRA N, COSTA OG - Tinea nigra. Arch Dermat & Syph, 55:67-84, 1947.
RIPPON JW - Medical Mycology. 2nd Ed. Philadelphia, W.B. Saunders Co. 1982.
ESTEVES JA, CABRITA JD, NOBRE GN - Micologia Médica, Fundação Calouste-Gulbenkian, 1.ª Ed., Lisboa. 2005.
BLANK H - Tinea nigra: a twenty-year incubation? I Am Acad Dermat, 1:49-51, 1979.
GRAUER FH, SOMMER AFJ - Tinea nigra. Arch Dermatol, 84:345, 1961.
LACAZ CS, MARTINS JEC - Micologia Médica: Fungos, Actinomicetos e Algas de Interesse Médico. 7.ª Ed., São Paulo, 1984.
CARR JF, LEWIS CW - Tinea Nigra Palmaris. Treatment with thiabendazole topically. Arch Dermatol, 111:904-905, 1975.
BENEKE ES, ROGER AL - Medical mycology manual, 4.ª Ed. 113, Minneapolis, 1980
GRAUER FH, SOMMER AFJ - Tinea nigra. Arch Dermatol, 84:345, 1961.
VAN VELSOR M, SINGLETARY H - Tinea nigra palmaris. Report of 15 cases from coastal North Carolina. Arch Dermatol, 90:59-61, 1964.
TILLES J, JACOBS PH - Tinea nigra palmaris: report of two cases from Washington D.C. Area. JAMA, 182:1038-9, 1962.
RABELLO FE - Nomenclatura Dermatológica. Ed. Glaxo, RJ.

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