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Sistema Endócrino- Sanar

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SUMÁRIO
1. Introdução ao sistema endócrino ........................ 3
2. Glândulas ...................................................................... 3
3. Sistema Neuroendócrino ........................................ 6
4. Eixo Hipotálamo - Hipófise .................................... 7
5. O que são hormônios? ...........................................10
6. Natureza química do hormônios ........................12
7. Controle Hormonal .................................................18
8. Ação Hormonal .........................................................19
9. Mecanismo de ação hormonal ............................21
10. Receptores ..............................................................27
11. Eliminação ................................................................34
Referências Bibliográficas ........................................35
3INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
1. INTRODUÇÃO AO 
SISTEMA ENDÓCRINO
O sistema endócrino tem como fun-
ção coordenar e integrar a atividade 
das células em todo o organismo por 
meio da regulação das funções ce-
lular e orgânica e pela manutenção 
da homeostasia (manutenção de um 
meio interno constante) durante toda 
a vida.
Funções fisiológicas do 
sistema endócrino
Equilíbrio hidrossalino
Equilíbrio de cálcio e fosfato
Regulação do metabolismo 
energético
Coordenação das 
respostas ao estresse
Reprodução
Crescimento e 
desenvolvimento
Envelhecimento
FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DO SISTEMA ENDÓCRINO
2. GLÂNDULAS
As glândulas se originam a partir de 
brotamentos e invaginações de cé-
lulas epiteliais, os quais abandonam 
a superfície onde se desenvolvem e 
penetram no tecido conjuntivo subja-
cente, produzindo uma lâmina basal 
ao seu redor. As unidades secretoras, 
juntamente com seus ductos, formam 
o parênquima das glândulas, enquan-
to o estroma é representado pelos 
elementos do tecido conjuntivo que 
invadem e sustentam o parênquima.
As glândulas são classificadas em 
dois grandes grupos de acordo com o 
método de distribuição de seus pro-
dutos de secreção:
4INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Exócrinas – Secretam seus produtos 
através de ductos para a superfície 
epitelial interna ou externa das quais 
foram originadas. Os ductos podem 
transportar o material secretado em 
sua forma inalterada, ou podem mo-
dificar a secreção concentrando-a, 
adicionando ou reabsorvendo subs-
tâncias constituintes.
Endócrinas – Não apresentam duc-
tos, pois perdem suas conexões com 
o epitélio de origem e assim secretam 
seus produtos para os vasos sanguí-
neos ou linfáticos para distribuição. 
De acordo com a organização de suas 
células, podem ser diferenciados dois 
tipos de glândulas endócrinas, sendo:
• Cordonal: as células formam cor-
dões anastomosados, entreme-
ados por capilares sanguíneos, 
como por exemplo, paratireoide, 
suprarrenal e hipófise anterior.
• Vesicular: as células formam vesí-
culas ou folículos preenchidos de 
material secretado. 
Alguns órgãos têm funções tanto en-
dócrinas como exócrinas, as glân-
dulas mistas, e um só tipo de célula 
pode funcionar de ambas as manei-
ras – por exemplo, no fígado, no qual 
células secretam bile através de um 
sistema de ductos também secretam 
produtos na circulação sanguínea. Em 
alguns órgãos, certas células são es-
pecializadas em secreção exócrinas e 
outras em secreção endócrina, como 
é o caso do pâncreas.
As unidades secretoras de algumas 
glândulas – glândulas mamárias, su-
doríparas e salivares – são envolvidas 
por células mioepiteliais. São células 
ramificadas que contêm miosina e 
muitos filamentos de actina. Elas são 
capazes de contração, agindo na ex-
pulsão da secreção dessas glândulas.
SAIBA MAIS!
De acordo com o modo pelo qual os produtos de secreção deixam a célula, as glândulas po-
dem ser classificadas em merócrinas, holócrinas ou apócrinas. Nas glândulas merócrinas (ex.: 
pâncreas), a secreção acumulada em grânulos de secreção é liberada por meio de exocitose. 
Nas holócrinas (ex.: glândulas sebáceas), o produto de secreção é eliminado juntamente com 
toda a célula, processo que envolve a destruição de células repletas de secreção. Por fim, as 
glândulas apócrinas, como a glândula mamária, tem seu produto de secreção descarregado 
junto com pequenas porções do citoplasma apical.
5INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
O sistema endócrino é definido como 
uma rede integrada de múltiplos ór-
gãos, de diferentes origens embrio-
lógicas, que liberam hormônios que 
exercem seus efeitos em células – 
alvo próximas ou distantes - as glân-
dulas endócrinas. Elas não atuam de 
maneira isolada e estão estreitamente 
integrados com os sistemas nervosos 
central e periférico (interação neuro-
endócrina), além do sistema imune. 
SE LIGA! Um exemplo de integração 
neuroendócrina é a glândula suprarre-
nal que age tanto como glândula quanto 
como gânglio pós-ganglionar ao mesmo 
tempo.
Para secretar seus hormônios, elas 
utilizam o sistema intersticial, a par-
tir do qual passam para a circulação. 
Diferentemente da maioria dos sis-
temas, as glândulas endócrinas não 
apresentam conexão anatômica e es-
tão distribuídas por todo o corpo, se 
comunicando pela liberação de hor-
mônios ou neurotransmissores.
Um mesmo órgão pode apresen-
tar diferentes tipos celulares que, na 
maioria das vezes, cada um é res-
ponsável pela síntese e secreção de 
um hormônio específico. Além disso, 
um mesmo tipo celular pode secretar 
mais de um hormônio.
As principais glândulas endócrinas 
são:
• Gônadas (ovários e testículos)
• Pâncreas (ilhotas pancreáticas)
• Suprarrenal
• Tireoide
• Paratireoide
• Hipófise
6INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
SE LIGA! Além das glândulas endó-
crinas clássicas, devemos considerar 
a presença de células secretoras dis-
persas em um determinado local, sem 
formar um tecido especializado. Por 
exemplo, o coração libera o peptídeo 
natriurético atrial e o intestino libera os 
hormônios colecistocinina e incretinas. 
Um terceiro componente do sistema en-
dócrino é representado por numerosos 
tipos celulares que expressam enzimas 
que modificam precursores inativos ou 
hormônios menos ativos em hormônios 
altamente ativos. Um exemplo é a gera-
ção de angiotensina II do polipeptídeo 
angiotensinogênio inativo por duas cli-
vagens proteolíticas subsequentes.
3. SISTEMA 
NEUROENDÓCRINO
O sistema neuroendócrino engloba 
múltiplas interações recíprocas entre 
o sistema nervoso central, o sistema 
nervoso autônomo, o sistema endó-
crino e o sistema imune na regulação 
da homeostasia e das respostas com-
portamentais a estímulos ambientais. 
Os hormônios neuroendócrinos são 
secretados por neurônios no sangue 
circulante e influenciam a função de 
células – alvo, em outro local do corpo. 
Figura 1. Sistema Endócrino. Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014
7INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Esse sistema é caracterizado por 
exercer um controle sobre o ritmo de 
secreção hormonal. A secreção de 
qualquer hormônio apresenta ritmici-
dade circadiana, de modo que a se-
creção dos hormônios ao longo das 
24 horas do dia não seja constante. 
A liberação dos hormônios ocorre de 
forma flutuante e regular como forma 
de preparar o organismo antecipada-
mente às alterações previsíveis da al-
ternância entre dia e noite. 
SE LIGA! Os hormônios LH e o GnRH 
obedecem aos ciclos estrais e não ao 
ritmo circadiano, além de apresentaram 
secreção pulsátil, caracterizado um rit-
mo ultradiano que, no ser humano, tem 
um período de aproximadamente 2,3h.
O conjunto de unidades de células 
endócrinas presentes em diversos 
órgãos constitui o sistema neuroen-
dócrino difuso (SNED). Além de sua 
função endócrina, as células do SNED 
exercem controle autócrino e parácri-
no sobre a atividade de suas próprias 
células epiteliais adjacentes por meio 
de difusão das secreções peptídicas.
A principal ação do sistema neuroen-
dócrino é protagonizada pelo controle 
da secreção dos hormônios hipofisá-
rios pelo hipotálamo.
4. EIXO HIPOTÁLAMO- HIPÓFISE
Nesse eixo endócrino, encontramos 
três níveis: o primeiro nível é repre-
sentado pelos neurônios neuroendó-
crinos hipotalâmicos que secretam 
hormônios de liberação que estimu-
lam ou inibem a produção e secreção 
de hormônios tróficos da glândula hi-
pófise, que representa o segundo ní-
vel. Os hormônios tróficos estimulam 
a produção e a secreção de hormô-
nios das glândulas endócrinas perifé-
ricas (terceiro nível). 
É importante observar que esses ní-
veis influenciam a secreção uns dos 
outros por alças de retroalimentação 
negativa (ou feedback negativo), de 
modo que o aumento da liberação 
de hormônios de um nível determi-
na a redução de estímulo aos níveis 
anteriores.
A função hipotalâmica é regulada por 
meio de sinais hormônio-mediados 
(ex.: feedback negativo) e de impulsos 
neurais originados de várias fontes. 
Esses sinais nervosos são mediados 
por neurotransmissores. O hipotálamo 
pode ser considerado a via final comum 
por meio da qual os sinais de múltiplos 
sistemas atingem a adeno – hipófise. O 
hipotálamo também emite sinais para 
outras partes do sistema nervoso. 
Assim, este sistema de interações 
imuno – neuroendócrinas é importan-
te na resposta do organismo a diver-
sos estresses.
8INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Figura 2. Eixo hipotálamo-hipófise e a secreção de hormônios pela adeno-hipófise. Fonte: SILVERTHORN, Dee Un-
glaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
9INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Figura 3. Eixo hipotálamo-hipófise e a secreção de hormônios pela neuro-hipófise. Fonte: SILVERTHORN, Dee Un-
glaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
10INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
5. O QUE SÃO 
HORMÔNIOS?
São moléculas sinalizadoras liberadas 
por células especializadas, que exer-
cem uma ação biológica sobre uma 
célula – alvo. Eles podem ser liberados 
das glândulas endócrinas, do cérebro 
e de outros órgãos, como o coração, o 
fígado e o tecido adiposo. Os hormô-
nios atuam como uma molécula de 
sinalização extracelular de secreção 
regulada no fluido extracelular. 
Dependendo do local onde o efeito 
biológico de determinado hormônio 
é produzido em relação ao local de 
sua liberação, a forma de sinaliza-
ção dele pode ser classificada de três 
maneiras:
• Endócrina: O hormônio é liberado 
na circulação e, em seguida, trans-
portado pelo sangue para exercer 
um efeito biológico sobre células – 
alvo distantes.
• Parácrina: O 
hormônio libera-
do de uma cé-
lula difunde – se 
no interstício e 
exerce seu efeito 
biológico sobre 
células vizinhas, 
frequentemente 
localizadas no mesmo órgão ou 
tecido.
• Autócrina: O hormônio é secreta 
por células no líquido extracelular 
e produz um efeito biológico sobre 
a mesma célula que o libera.
A identificação de um tecido como 
alvo de um hormônio particular exi-
ge a presença de receptores para o 
hormônio nas células do tecido – alvo. 
Esses receptores, por sua vez, estão 
ligados a mecanismos efetores que 
levam aos efeitos fisiológicos asso-
ciados ao hormônio.
Além dos sistemas endócrinos des-
critos anteriormente, a interação das 
funções endócrina e nervosa provo-
ca as ações neuroendócrinas, tanto 
a partir de neurotransmissores como 
de peptídeos secretados por neurô-
nios (neuro – hormônios).
11INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
SAIBA MAIS!
Atualmente, outros sistemas hormo-
nais distintos têm sido descritos. Esses 
sistemas são caracterizados pelo gran-
de repertório de ações, pelo intercru-
zamento de ações e, ocasionalmente, 
ações contrárias. Dentre esses siste-
mas hormonais conhecidos como “não 
– clássicos”, encontramos: (1) criptócri-
no – a secreção e a ação do hormônio 
ocorrem em um sistema fechado, que 
envolve diferentes células, intimamen-
te relacionadas; (2) justácrino – o hor-
mônio sintetizado passa a integrar a 
membrana plasmática e embora pos-
sa ser clivado formando um peptídeo 
solúvel, em geral, permanece aderido à 
membrana, mantendo sua capacidade 
de ação restrita às células vizinhas; (3) 
Intrácrino – por fim, nesse mecanismo 
de sinalização, a síntese do hormônio 
e a ligação ao seu receptor específico 
ocorrem dentro da mesma célula, sem 
envolver o espaço extracelular.
Figura 4. Mecanismos de ação hormonais. 
Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014
Figura 5. Ações endócrinas não – clássicas, em que os hor-
mônios são representados por estrelas. Fonte: AIRES, Mar-
garida de Mello. Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2012
Criptócrina
Justácrina
Células de Sertoli Célula 
alvo
TNF- alfaTNF- alfa
T4
Intrácrina
T4
T3
Espermátides
TGF
12INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
6. NATUREZA QUÍMICA DO 
HORMÔNIOS
Com base em sua estrutura química, 
os hormônios podem ser classifica-
dos em proteínas (ou peptídeos), es-
teroides e derivados de aminoácido 
(aminas).
Sinalização 
Hormonal
A síntese e a ligação 
ao receptor ocorrem 
dentro da célula (sem 
envolver o interstício) Autócrina
Criptócrino
Parácrina
Endócrina
Intrácrino
Justácrino
Atua sobre as 
células vizinhas
Atua sobre a mesma 
célula que o libera
O hormônio é 
integrado à membrana 
plasmática da célula
Atua em células – alvo 
em tecidos distantes 
pela circulação
Entre células 
intimamente 
relacionadas
MAPA MENTAL SINALIZAÇÃO HORMONAL
13INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Hormônios proteicos ou 
peptídicos
Figura 6. Síntese e secreção de hormônios peptídicos. Fonte: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma 
abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
14INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Conhecidos por serem hidrossolúveis, 
os hormônios proteicos constituem a 
maioria dos hormônios e são sinteti-
zados na forma de pré – pró – hor-
mônios. Como exemplo encontramos 
insulina, glucagon, paratormônio e 
muitos outros. Eles são processados 
após a tradução, sendo armazena-
dos em grânulos secretores antes de 
serem liberados por exocitose, simi-
larmente à liberação dos neurotrans-
missores nas terminações nervosas. 
Durante o processo de formação da 
vesícula, é comum que proteases 
específicas sejam empacotadas jun-
to com o conteúdo intravesicular e, 
assim, processos de finalização da 
síntese hormonal (ou processamen-
to pós – traducional) também podem 
ocorrer dentro da vesícula secretó-
ria. Entre os exemplos de hormônios 
peptídicos, destacam-se a insulina, o 
glucagon e o ACTH (hormônio adre-
nocorticotrófico). Alguns dos hormô-
nios incluídos nessa categoria estão 
associados a carboidratos, sendo 
denominados glicoproteínas. Em sua 
maioria, circulam em uma forma livre 
no sangue (com exceção do IGF – 1 e 
do GH), portanto, apresentam meias 
– vidas biológicas curtas. 
Hormônios esteroides
Derivam do colesterol e são sinteti-
zados no córtex da suprarrenal, nas 
gônadas e na placenta. São liposso-
lúveis, circulam no plasma ligados às 
proteínas (como a globulina ligadora 
de corticosteroides ou albumina, uma 
proteína plasmática inespecífica) e 
atravessam a membrana plasmática 
para se ligarem a receptores intrace-
lulares. Seus receptores encontram-
-se tanto no citoplasma quanto no 
núcleo. O complexo receptor-hormô-
nio pode atuar como fator de trans-
crição, se ligando ao DNA e ativan-
do ou desligando um ou mais genes. 
Os genes ativados geram um novo 
RNAm, que determina a síntese de 
novas proteínas. Qualquer hormônio 
que altera a atividade gênica exerce 
efeito genômico sobre a célula-alvo. 
Para que o hormônio esteroide seja 
capaz de produzir uma nova proteí-
na e gerar um efeito biológico, geral-
mente há um intervalo de 90 minutos, 
o que não confere a essrs hormônios 
a capacidade de mediar vias reflexas 
rápidas. 
Eles podem ser divididos em cinco ca-
tegorias: progestinas, mineralocorti-
coides, glicocorticoides, androgênios 
e estrogênios, além do metabólito 
ativo da vitamina D. A complexidade 
da ação dos hormônios esteroides é 
aumentada pela expressão das múl-
tiplas formas de cadareceptor. Além 
disso, existe certo grau de inespecifi-
cidade entre os hormônios esteroides 
e os receptores aos quais se ligam.
15INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
SAIBA MAIS!
As gonadotrofinas são os hormônios da hipófise (LH e FSH). A urina de mulheres pós – me-
nopausa é uma excelente fonte de gonadotrofinas, pois os níveis séricos de gonadotrofinas 
aumentam em consequência da perda da retroalimentação negativas pelos esteroides ova-
rianos, e os hormônios são filtrados e excretados como moléculas intactas na urina. Uma 
terceira gonadotrofina é o hormônio placentário gonadotrofina coriônica humana (hCG). É um 
hormônio estável e os níveis de hCG dobram no sangue a cada 2 dias no primeiro trimestre 
de gestação. Logo seus níveis urinários aumentam bastante e servem como parâmetro para 
o teste de gravidez.
Hormônios derivados de 
aminoácidos
São sintetizados a partir do amino-
ácido tirosina e incluem as catecola-
minas, como epinefrina, dopamina e 
norepinefrina e os hormônios tireoi-
dianos, os quais derivam da combina-
ção de dois resíduos de tirosina que 
foram iodados. Sua síntese depen-
de da disponibilidade intracelular do 
aminoácido, do conteúdo e atividade 
das enzimas envolvidas no proces-
so de metabolização da molécula do 
aminoácido. As catecolaminas obtêm 
sua especificidade por modificações 
enzimáticas do aminoácido tirosina e 
são estocadas em vesículas secretó-
rias que fazem parte da via secretó-
ria regulada. Elas são hidrossolúveis, 
logo induzem suas ações por meio de 
receptores de membrana e apresen-
tam meias – vidas biológicas curtas. 
Já os hormônios tireoidianos apresen-
tam caráter lipossolúvel devido a pre-
sença do iodo e atuam por meio de 
receptores intracelulares. Com isso, 
são transportados no sangue ligados 
a proteínas séricas de ligação. princi-
pal proteína de transporte é a globu-
lina de ligação a hormônio tireóideo 
(TBG). Os hormônios tireóideos apre-
sentam uma meia-vida longa.
16INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Natureza 
química dos 
hormônios
Hidrossolúveis Derivados de colesterol
Sintetizados 
a partir do 
aminoácido 
tirosina
Catecolaminas Hormônios tireoidianos
Sintetizados na 
forma de pré – 
pró – hormônios
Sintetizados 
no córtex da 
suprarrenal, 
nas gônadas e 
na placenta
Ex.: E 
pinefrina e 
norepinefrina
Dois resíduos 
de tirosina 
iodados
Armazenados 
em grânulos 
secretores
Lipossolúveis Hidrossolúveis Lipossolúveis
O 
processamento 
pós – traducional 
ocorrem dentro 
dos grânulos
Progestinas + 
mineralocorticoides 
+ glicocorticoides 
+ androgênios 
+ estrogênios + 
vitamina D
Meias – vidas 
biológicas 
curtas
São 
transportados 
por proteínas 
no sangue
Circulam de 
forma livre no 
sangue
Circulam 
no plasma 
ligados a 
proteínas
Circulam livres 
no sangue
Meia – vida 
biológica 
longa
Meias – vidas 
curtas 
biológicas
Exemplos: 
insulina, 
glucagon 
e o ACTH
Proteínas Derivados de aminoácidosEsteroides
17INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Confira tabela abaixo as característi-
cas de cada tipo de hormônio citado 
anteriormente: peptídicos, esteroides 
e derivados de aminoácidos.
HORMÔNIOS 
PEPTÍDICOS
HORMÔNIOS 
ESTEROIDES
HORMÔNIOS 
AMÍNICOS 
(CATECOLAMINAS)
HORMÔNIOS 
AMÍNICOS 
(TIREOIDIANOS)
Síntese e 
armazenamento
Previamente sin-
tetizados; armaze-
nados em vesículas 
secretoras
Sintetizados a par-
tir de precursores, 
de acordo com 
necessidade
Previamente sin-
tetizados; armaze-
nados em vesículas 
secretoras
Previamente sinte-
tizados; precursor 
armazenado em vesí-
culas secretoras
Liberação pela
célula-mãe
Exocitose Difusão simples Exocitose 
Proteínas 
transportadoras
Transporte no
sangue
Dissolvidos no 
plasma
Ligados a proteínas
Dissolvidos no 
plasma
Ligados a proteínas
Meia-vida Curta Longa Curta Longa
Localização do 
receptor
Membrana celular
Citoplasma ou núcleo; 
alguns têm receptor 
na membrana
Membrana celular Núcleo
Resposta 
da ligação 
ligante-receptor
Ativação de siste-
mas de segundo 
mensageiro; pode 
ativar genes
Ativação de genes 
para transcrição e 
tradução; pode ter 
efeitos não genômicos
Ativação de siste-
mas de segundo 
mensageiro
Ativação de genes 
para transcrição e 
tradução
Resposta geral 
do alvo
Modificação de pro-
teínas existentes e 
indução da síntese 
de novas proteínas
Indução da síntese de 
novas proteínas
Modificação de pro-
teínas existentes
Indução de síntese de 
novas proteínas
Exemplos 
Insulina, hormônio 
da
paratireoide
Estrogênio, 
androgênios,
cortisol
Adrenalina, 
noradrenalina,
dopamina
Tiroxina (T4)
Tabela 1. Comparação entre os diferentes tipos de hormônios. 
Fonte: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
18INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
7. CONTROLE HORMONAL 
Retroalimentação Negativa
A produção hormonal baseia – se no 
equilíbrio entre estímulo e inibição da 
síntese e secreção do hormônio. Este 
equilíbrio tem como base funcional o 
mecanismo de feedback (ou retroali-
mentação), negativo na maioria dos 
sistemas hormonais e tem por obje-
tivo assegurar o nível apropriado de 
atividade hormonal no tecido – alvo. 
Para isso, uma vez que a concentra-
ção do hormônio aumente, são ati-
vados mecanismo inibidores da sua 
produção (retroalimentação negati-
va); e, uma vez que a concentração 
do hormônio diminua, são ativados 
mecanismos estimuladores da sua 
produção (retroalimentação positiva), 
mas são poucos os casos em que isso 
acontece. Dessa maneira, ao longo do 
tempo, a concentração do hormônio 
se mantém oscilando em torno de um 
valor constante, o que chamamos de 
manutenção do equilíbrio de secre-
ção. Além disso, os hormônios podem 
estimular a liberação de um segundo 
hormônio em um mecanismo conhe-
cido como anteroalimentação, como 
é o caso do aumento de LH media-
do pelo estradiol na metade do ciclo 
menstrual.
Produto Glândula 1
Célula-
alvo
Produto 
Hormônio
Figura 7. Controle hormonal da liberação de hormônios. Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto 
Alegre: AMGH, 2014
19INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
SE LIGA! Iremos ver agora um exem-
plo que ilustra o mecanismo de retroali-
mentação negativa no eixo da glândula 
tireoide. O hipotálamo produz um hor-
mônio, o TRH (hormônio estimulador do 
TSH) que estimula a hipófise a liberar 
tireotrofina (ou TSH, que é o hormônio 
estimulador da tireoide), a qual, por sua 
vez, estimula a tireoide a produzir seus 
hormônios T3 e T4. Desses, o T3 é o 
mais ativo e inibe a produção de TRH e 
de TSH, determinando a retroalimenta-
ção negativa.
O desequilíbrio entre alguns dos hor-
mônios envolvidos em uma alça de 
feedback proporciona indícios de de-
feitos em determinados territórios.
SE LIGA! Mecanismos de retroalimenta-
ção podem implicar apenas a secreção 
de um hormônio e um substrato me-
tabólico diretamente envolvido na sua 
ação, como é o caso da relação entre a 
secreção de insulina e a concentração 
de glicose no sangue.
Variações Cíclicas
Existem variações periódicas da libe-
ração do hormônio sobrepostas ao 
controle por feedback negativo e po-
sitivo da secreção hormonal e elas são 
influenciadas por alterações sazonais, 
várias etapas do desenvolvimento e 
do envelhecimento, ciclo circadiano e 
sono. Em muitos casos, essas varia-
ções cíclicas da secreção hormonal se 
devem às alterações da atividade das 
vias neurais, envolvidas no controle 
da liberação dos hormônios.
8. AÇÃO HORMONAL
Os hormônios produzem seus efeitos 
biológicos por meio da interação com 
receptores de alta afinidade, que, por 
sua vez, estão ligados a um ou mais 
sistemas efetores no interior da célu-
la. Esses efetores envolvem distintos 
componentes da maquinaria metabó-
lica celular, desde o transporte de íons 
na superfície celular até a estimulação 
do aparato transcricional nuclear.
Produção Hormonal
Os hormônios polipeptídicos e protei-
cos são sintetizados na extremidade 
rugosa do retículo endoplasmático 
das diferentescélulas endócrinas, da 
mesma maneira que a maioria das 
outras proteínas. Geralmente, são 
sintetizados primeiro como proteí-
nas maiores, que não são biologica-
mente ativas (pré-pró-hormônios), e 
clivados para formar pró-hormônios 
menores no retículo endoplasmático. 
Estes são então transferidos para o 
aparelho de Golgi, para acondiciona-
mento em vesículas secretoras. Nes-
se processo, as enzimas nas vesícu-
las clivam os pró – hormônios, a fim 
de produzir os hormônios menores 
biologicamente ativos e fragmentos 
inativos. 
20INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Já os hormônios esteroides, na maio-
ria dos casos, são sintetizados a par-
tir do próprio colesterol. Embora na 
maioria das vezes exista muito pou-
co armazenamento de hormônio em 
células endócrinas produtoras de es-
teroides, grandes depósitos de és-
teres de colesterol em vacúolos do 
citoplasma podem ser rapidamente 
mobilizados para a síntese de este-
roides após o estímulo. Os hormônios 
esteroides são produzidos dentro da 
célula no retículo endoplasmático liso. 
Como são lipossolúveis, atravessam 
as membranas de forma fácil, dessa 
maneira, as células que os produ-
zem, não conseguem armazená-los 
em vesículas. Portanto, os hormônios 
esteroides só são produzidos e sinte-
tizados quando necessário. Uma vez 
sintetizados, eles simplesmente po-
dem se difundir através da membra-
na celular e entram no líquido intersti-
cial e, depois, no sangue.
Os hormônios derivados da tirosina, 
os da medula adrenal e os da tireoide, 
são formados pela ação de enzimas 
nos compartimentos citoplasmáticos 
da células glandulares. Os hormônios 
da tiroide são sintetizados e armaze-
nados na glândula tireoide e incorpo-
rados a macromoléculas da proteína 
tireoglobulina, que é armazenada em 
grandes folículos na tireoide. A secre-
ção hormonal ocorre quando as ami-
nas são clivadas da tireoglobulina e 
os hormônios livres são então libera-
dos na corrente sanguínea. De modo 
semelhante aos hormônios proteicos, 
armazenados em grânulos secreto-
res, as catecolaminas também são li-
beradas das células da medula adre-
nal por exocitose.
Transporte pelo sangue
Os hormônios liberados no sangue 
podem circular em sua forma livre 
ou ligados à proteína carreadoras, 
ou proteínas de ligação. Elas atuam 
como reservatórios de hormônios e 
prologam sua meia – vida, isto é, o 
tempo durante o qual a concentração 
de determinado hormônio diminui em 
50% da sua concentração inicial. O 
hormônio livre ou não ligado constitui 
a forma ativa, que se liga ao receptor 
hormonal específico. Por conseguinte, 
a ligação de um hormônio a sua pro-
teína carreadora serve para regular 
a atividade hormonal, estabelecendo 
a quantidade de hormônio livre para 
exercer uma ação biológica.
A maioria das proteínas carreadoras 
são globulinas sintetizadas no fígado 
e algumas delas são específicas para 
determinada proteína. Além disso, a 
albumina também pode se ligar aos 
hormônios. Devido à origem hepáti-
ca comum dessas proteínas, altera-
ções na função hepática pode resul-
tar em anormalidades nos níveis de 
proteínas de ligação, podendo afetar 
indiretamente os níveis totais dos 
hormônios. 
21INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
SE LIGA! Os hormônios esteroides e ti-
reoidianos circulam ligados a proteínas 
de transporte específicas, de modo que 
menos de 10% deles existem livres em 
solução no plasma. Eles não conseguem 
se difundir facilmente pelos capilares e 
ganhar acesso às suas células – alvo, 
sendo, portanto, biologicamente ina-
tivos até que dissociem das proteínas 
plasmáticas. Já os hormônios hidros-
solúveis são dissolvidos no plasma e 
transportados para tecidos – alvo, onde 
se difundem dos capilares, entram no lí-
quido intersticial e, finalmente, chegam 
às células – alvo.
As concentrações de hormônio liga-
do (HP), hormônio livre (H) e proteí-
nas plasmáticas de transporte (P) são 
equilibradas. Se os níveis de hormônio 
livre caem, as proteínas de transporte 
liberarão hormônio. Esta relação pode 
ser expressa pela equação:
[H] x [P] = [HP] ou K = [H] X [P]/[HP] , 
onde K é a constante de dissociação.
O hormônio livre (H) é a forma biologi-
camente ativa para a ação no órgão-
-alvo, controle da retroalimentação 
e depuração pelo consumo e meta-
bolismo celular. Portanto, quando se 
avalia o estado hormonal, deve-se às 
vezes determinar os níveis de hormô-
nio livre ao invés de apenas os níveis 
de hormônio total.
9. MECANISMO DE AÇÃO 
HORMONAL
A resposta biológica aos hormônios é 
desencadeada pela ligação a recep-
tores hormonais específicos no órgão 
– alvo, baseada em alta afinidade e 
especificidade. A afinidade é deter-
minada pelas taxas de dissociação 
e associação do complexo hormônio 
– receptor em condições de equilí-
brio. A constante de dissociação do 
equilíbrio (Kd) ilustra a concentração 
hormonal necessária para a ligação 
dos 50% dos sítios dos receptores. 
Quando mais baixa a Kd, maior a afi-
nidade de ligação, o que reflete o grau 
de intensidade da interação entre o 
hormônio e o receptor. Já a especifici-
dade refere – se à capacidade de um 
receptor hormonal de discriminar en-
tre vários hormônios com estruturas 
correlatas. 
Devemos lembrar que há um limite 
de receptores aos quais um hormônio 
pode se ligar. Geralmente, a ocupa-
ção do receptor necessária para pro-
duzir uma resposta biológica é baixa, 
e os receptores que não ocupados 
são chamados de “receptores de re-
serva”. Nesse sentido, uma redução 
do número de receptores nos tecidos 
– alvo não necessariamente provoca 
um comprometimento imediato da 
ação hormonal.
22INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
SE LIGA! A função endócrina anormal 
resulta de excesso ou deficiência na 
ação dos hormônios, podendo resultar 
da produção anormal do hormônio, ou 
da redução no número ou na função de 
receptores. Na clínica, utiliza – se ago-
nistas e antagonistas para o tratamento 
de pacientes com deficiência ou excesso 
de hormônios.
Os receptores para alguns hormônios 
estão localizados na membrana da 
célula – alvo, enquanto outros locali-
zam – se no citoplasma ou no núcleo. 
Quando o hormônio se combina com 
seu receptor, essa ação em geral ini-
cia uma cascata de reações na célula, 
com cada etapa ficando mais poten-
cialmente ativada, de modo que até 
pequenas concentrações do hormô-
nio podem ter grande efeito.
O número de receptores na célula – 
alvo, em geral, não permanece cons-
tante. As proteínas dos receptores 
costumam ser inativadas ou destruí-
das durante o curso de função e em 
outros casos são reativadas ou novas 
são sintetizadas. O controle da quan-
tidade de receptores presentes na 
célula segue dois princípios:
• Down – regulation – Redução do 
número de receptores ativos e da 
responsividade do tecido – alvo ao 
hormônio diante do aumento da 
concentração do hormônio e de 
suas ligações. Esse processo pode 
ocorrer em decorrência de:
◊ Inativação de algumas das 
moléculas de receptores
◊ Inativação de parte das molé-
culas de sinalização das pro-
teínas intracelulares
◊ Sequestro temporário do re-
ceptor para o interior da célula, 
longe de seu local de ação
◊ Destruição dos receptores por 
lisossomos
◊ Diminuição da produção de 
receptores
• Up – regulation – Estimula a ação 
do hormônio ao induzir a forma-
ção de receptores ou moléculas de 
sinalização, maior que a normal, 
pela célula – alvo ou maior dispo-
nibilidade do receptor para inte-
ração com o hormônio. Quando 
isso ocorre, o tecido – alvo se torna 
cada vez mais sensível aos efeitos 
de estimulação do hormônio.
Quase sem exceção, o hormônio afe-
ta seus tecidos – alvo formando, pri-
meiro, um complexo hormônio – re-
ceptor. A formação desse complexo 
altera a função do próprio receptor 
e o receptor ativado inicia os efeitos 
hormonais. 
Em consequência do caráter hidros-
solúvel, os hormônios peptídicos e as 
catecolaminas não podem atraves-
sar a membrana celular lipoproteica. 
Por essa razão, costumam apresentar 
23INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
receptores localizadosna membrana 
plasmática da célula – alvo, com o lo-
cal de reconhecimento ao hormônio 
exposto ao meio intracelular. Já os 
hormônios lipossolúveis como os es-
teroides e os tireóideos atuam a partir 
da ligação a receptores intracelulares, 
cujo complexo hormônio – receptor 
termina por se ligar em locais espe-
cíficos da região promotora de genes 
– alvo, agindo como fatores transcri-
cionais da expressão gênica. Recen-
tes observações demonstram que 
esses hormônios também têm ações 
biológicas imediatas, independentes 
do controle de transcrição gênica e 
utilizando – se de segundos mensa-
geiros, sugerindo a existência de re-
ceptores na membrana plasmática e/
ou intracelulares.
Dentre os possíveis mecanismos de 
segundo mensageiros, encontramos: 
• Adenilil ciclase – AMPc: Para 
ativar esse sistema, o hormônio 
deve se ligar a um receptor ligado 
à proteína G, a qual se liga à en-
zima adenilil ciclase. Ao estimular 
a enzima, ela catalisa a conversão 
de pequena quantidade de trifos-
fato de adenosina citoplasmático 
em AMPc, dentro da célula. Isso 
ativa a proteínocinase dependen-
te de AMPc, que fosforila proteí-
nas específicas na célula, desen-
cadeando reações químicas que, 
finalmente, produzem a resposta 
da célula ao hormônio. Nesse pro-
cesso, o AMPc ativa uma cascata 
de enzimas, de modo que a quan-
tidade mais discreta de hormônio 
pode desencadear uma cascata 
poderosa que ativa toda a célula. 
24INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Figura 8. Mecanismo do monofosfato adenosina cíclico (AMPc). Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: 
Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 
SE LIGA! A resposta de uma célula a 
determinado mecanismo de segundo 
mensageiro depende da natureza da 
maquinaria intracelular – algumas célu-
las têm conjuntos de enzimas e outras 
células têm outras enzimas. Portanto, 
diferentes funções são desencadeadas 
em diferentes células – alvo.
• Fosfolipídeos: Alguns hormônios 
ativam receptores transmembra-
nas que ativam a fosfolipase C na 
região interna. Essa enzima catalisa 
a degradação de alguns fosfolipí-
deos na membrana celular, espe-
cialmente o bifosfato de fosfatidi-
linositol (PIP2), em dois diferentes 
segundos mensageiros – trifosfa-
to de inositol (IP3) e diacilglicerol 
(DAG). O IP3 age na mobilização de 
íons cálcio que apresenta seus pró-
prios efeitos, enquanto o DAG ativa 
a enzima proteinocinase C que fos-
forila diversas proteínas, desenca-
deando respostas celulares. 
25INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Figura 9. O sistema de segundo mensageiro de fosfolipídeos da membrana celular. Fonte: HALL, John E.. Tratado de 
Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 
• Cálcio – Calmodulina: Esse siste-
ma opera de acordo com a entrada 
de cálcio na célula, seja por altera-
ções do potencial de membrana, 
seja pela interação de hormônios 
com receptores de membrana, que 
abrem os canais de cálcio. Na célu-
la, os íons cálcio se ligam à proteí-
na calmodulina, que altera sua for-
ma e inicia múltiplos efeitos dentro 
da célula
26INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Mecanismos 
de segundos 
mensageiros
Fosfolipídeos
Degradação de 
fosfolipídeos da 
membrana celular 
(IP3 e DAG)
Fosforilação 
de proteínas 
específicas
Cascata de 
enzimas Resposta celular
Adenilil ciclase – 
AMPc
Cálcio – 
Calmodulina
Receptores 
ligados a 
enzimas
Ativação da 
fosfolipase C
Alterações de 
potencial de 
membrana
Receptores 
ligados a canais 
iônicos
Conversão de ATP 
em AMPc pela 
adenilil – ciclase
Receptor ligado 
a proteína G
AMPc ativa a 
proteínocinase 
dependente
Abertura de 
canais de cálcio
IP3 mobiliza 
íons cálcio
DAG ativa a 
enzima 
proteínocinase C
Cálcio de liga 
à proteína 
calmodulina
Resposta celular
Resposta celular
MAPA MENTAL MECANISMOS DE SEGUNDOS MENSAGEIROS
27INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
10. RECEPTORES
Receptores Ligados a Canais 
Iônicos
Esses receptores geralmente são ati-
vados pela ligação com neurotrans-
missores, resultando, quase sempre, 
em alterações na estrutura do recep-
tor que abrem ou fecham canais iô-
nicos. A movimentação dos diversos 
íons pelos canais específicos causa 
os efeitos subsequentes nas células 
pós – sinápticas. 
Receptores Hormonais Ligados à 
Proteína G
Esses receptores regulam indireta-
mente a atividade de proteínas – alvo 
por acoplamento com grupos de pro-
teínas da membrana celular, as pro-
teínas G. Todos esses receptores 
apresentam sete segmentos trans-
membrana que formam alças para 
dentro e para fora da célula. Interna-
mente, algumas partes do receptor 
estão acopladas às proteínas G, for-
madas por três subunidades (a, b e 
g). Quando o hormônio alcança a par-
te extracelular do receptor, alterações 
em sua estrutura ativam as proteínas 
G e induzem sinais intracelulares que 
abrem ou fecham canais iônicos da 
membrana celular, mudam a ativida-
de de uma enzima intracelular ou ati-
vam a transcrição gênica. 
Em seu estado inativo, a subunida-
de a está ligada ao guanosina fosfato 
(GDP). Quando o receptor é ativado, 
ele passa por alterações de confor-
mação que faz com que a proteína G 
trimérica, ligada ao GDP, troque GDP 
por GTP e consequentemente a su-
bunidade a se dissocia do complexo 
trimérico e se associa a outras prote-
ínas de sinalização intracelular. Essas 
proteínas alteram a atividade de ca-
nais iônicos ou de enzimas intracelu-
lares, o que altera a função da célula.
O efeito da sinalização é encerrado 
rapidamente quando o hormônio é 
removido e a subunidade a se inativa 
por conversão de seu GTP ligado em 
GDP. Depois, a subunidade a volta a 
se combinar com as subunidades b e 
g para retomar a forma inativa da pro-
teína G.
Alguns hormônios se acoplam a pro-
teínas G inibitórias, enquanto outros 
se unem a proteínas G estimuladoras. 
Dessa forma, a depender do acopla-
mento do receptor hormonal a deter-
minada proteína G, o hormônio pode 
aumentar ou diminuir a atividade das 
enzimas intracelulares. Esse sistema 
complexo de proteínas G da membra-
na celular permite conjunto de variado 
de respostas celulares em potencial a 
diferentes hormônios, nos vários teci-
dos – alvo do corpo.
28INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Receptores integrinas
Os receptores integrinas são classifi-
cados como catalíticos. As integrinas 
são proteínas transmembrana que 
medeiam a coagulação do sangue, o 
reparo de feridas, o reconhecimento 
na resposta imune e o movimento ce-
lular durante o desenvolvimento. Os 
receptores integrina se ligam às pro-
teínas da matriz celular ou a ligantes 
(anticorpos, moléculas relacionadas 
na coagulação sanguínea) no lado 
extracelular da membrana. Na parte 
intracelular, as integrinas se ligam ao 
citoesqueleto através de proteínas de 
ancoragem. Quando ocorre a ligação 
ligante-integrina, ocorre ativação de 
enzimas intracelulares que alteram a 
conformação do citoesqueleto. 
SE LIGA! Em algumas doenças geneti-
camente herdadas, o receptor integrina 
encontra – se ausente nas plaquetas, 
podendo levar a defeitos na coagulação 
sanguínea desses indivíduos.
Receptores Hormonais Ligados a 
Enzimas
Alguns receptores, quando ativados, 
funcionam diretamente como enzi-
mas ou se associam estreitamente 
às enzimas que ativam. Esses recep-
tores são proteínas que atravessam 
a membrana por apenas uma vez. 
Quando o hormônio se liga à par-
te extracelular do receptor, é ativada 
(ou às vezes inativada) uma enzima, 
imediatamente dentro da membrana 
celular. Embora muitos receptores li-
gados a enzima tenham atividade en-
zimática intrínseca, outros dependem 
de enzimas que se associam estreita-
mente ao receptor.
Figura 10. Mecanismo de ativação de um receptor acoplado a proteína G. 
Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
29INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
O receptor de leptina, um hormônio 
secretado por células adiposas e im-
portante na regulação do apetite e 
do balanço energético, é umexem-
plo de receptor ligado à enzima. Ele 
é membro da família de receptores 
de citocinas que não contêm ativida-
de enzimática intrínseca, mas atuam 
por meio de enzimas associadas. No 
caso da leptina, uma das vias de si-
nalização ocorre por meio de tirosino-
cinase da família JACK, a JAK 2. Com 
a ativação do receptor, ocorre fosfori-
lação e ativação das moléculas JAK2 
que, fosforilam outros resíduos de 
tirosina do complexo receptor – JAK 
2 da leptina, para mediar a sinaliza-
ção intracelular. Os sinais intracelula-
res incluem fosforilação de proteínas 
de transdutor de sinal e de ativador 
de transcrição (STAT), o que ativa a 
transcrição pelos genes-alvo da lep-
tina a iniciar a síntese proteica.
Figura 11. Receptor ligado a enzimas: receptor de leptina. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton 
e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 
30INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Outro exemplo já ilustrado, é o do hor-
mônio que se liga a receptor trans-
membrana especial, que então se tor-
na a enzima ativada adenilil ciclase ao 
final, que faz protrusão para o interior 
da célula e catalisa a formação do se-
gundo mensageiro AMPc.
Figura 12. Receptores das células – alvo localizadas na superfície celular. Fonte: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisio-
logia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
31INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
RECEPTORES HORMONAIS 
INTRACELULARES
Figura 13. Mecanismos de interação de hormônios lipofílicos com receptores intracelulares. Fonte: HALL, John E.. 
Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 
Vários hormônios, incluindo os hor-
mônios esteroides adrenais e os hor-
mônios da tireoide, ligam-se a re-
ceptores proteicos dentro da célula 
e não na membrana celular. Como 
esses hormônios são lipossolúveis, 
eles prontamente atravessam a 
membrana celular e interagem com 
receptores no citoplasma ou no nú-
cleo. O complexo hormônio-receptor 
ativado então se liga à sequência do 
DNA regulador (promotor) específico 
chamado elemento de resposta hor-
monal e, dessa maneira, ativa ou re-
prime a transcrição de genes específi-
cos e a formação de RNA mensageiro 
(mRNA). Portanto, minutos, horas ou 
até dias, depois do hormônio entrar 
na célula, aparecem proteínas recém-
-formadas na célula, que passam a 
ser as controladoras das funções ce-
lulares novas ou alteradas.
32INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
SE LIGA! Um receptor intracelular só 
pode ativar a resposta do gene se es-
tiver presente a combinação apropriada 
das proteínas reguladoras dos genes e 
muitas dessas são tecidos – específicas. 
Assim, as respostas de diferentes teci-
dos ao hormônio dependem tanto da 
especificidade dos receptores, quanto 
da expressão dos genes que o receptor 
regula.
Podem ser identificados dois tipos 
gerais de receptores intracelulares. O 
receptor de hormônio tireoidiano não 
ocupado liga – se ao DNA e reprime 
Figura 14. Receptores intracelulares. 
Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014
a transcrição. A ligação do hormônio 
possibilita a ocorrência de transcrição 
gênica. Já no caso de receptores de 
esteroides, como aqueles usados por 
estrogênio, progesterona, cortisol e 
aldosterona, não são capazes de se 
ligarem ao DNA na ausência do hor-
mônio. Após a ligação do hormônio 
esteroide, o receptor dissocia – se das 
proteínas chaperonas associadas a 
ele e o complexo hormônio – receptor 
é translocado para o núcleo, onde se 
liga a seu elemento de resposta es-
pecífico no DNA, dando início à trans-
crição gênica.
33INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Receptores 
Ligados a 
Proteína G
R
ec
ep
to
re
s
Receptores 
Ligados a 
Enzimas
Receptores 
Intracelulares
Receptores 
integrinas
Receptores 
Ligados 
a Canais 
Iônicos
Ativados, geralmente, pela ligação 
com neurotransmissores
Atuam na coagulação sanguínea, reparo de feridas, 
resposta imune e mov. celular durante desenvolvimento
Proteínas transmembrana
Interginas se ligam ao citoesqueleto 
intracelularmente
Sete segmentos transmembranas
Proteínas G = 3 subunidades (a, b e g)
Abrem/fecham canais iônicos OU mudam atividade 
enzimática OU ativam transcrição gênica
Estado inativo subunidade a ligada ao GDP
Também pode apresentar 
atividade enzimática intrínseca
Único segmento transmembrana
Ex.: receptor de leptina
Hormônios lipossolúveis
Presentes no núcleo ou no citoplasma
O complexo hormônio – receptor liga – se à 
sequência de DNA específica Hormônios 
esteroides
Hormônio tireoidiano
Ativação ou inibição 
de transcrição de 
genes específicos
Ativação do receptor
Alteração da 
conformação 
do citoesqueleto 
após ligação 
ligante-integrina
Família de receptores 
de citocinas
Síntese proteica
O receptor só 
se liga ao DNA 
na presença do 
hormônio
A ligação do 
hormônio permite 
a transcrição
Seu receptor 
inativo encontra 
–se já no DNA 
reprimindo a 
transcrição
Troca de GDP por 
GTP
Ativação do 
receptor
A
 s
ub
un
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ad
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a
MAPA MENTAL TIPO DE RECEPTORES 
34INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
11. ELIMINAÇÃO
A remoção dos hormônios da circula-
ção também é conhecida como taxa 
de depuração metabólica, que cor-
responde ao volume de depuração 
plasmática do hormônio por unidade 
de tempo. Uma vez liberados na cir-
culação, os hormônios podem intera-
gir com seus receptores, sofrer trans-
formação metabólica pelo fígado ou 
ser excretado na urina. No fígado, os 
hormônios podem ser inativados pe-
las reações da fase I (hidroxilação ou 
oxidação) ou da fase II (conjugação) e 
em seguida são excretados pelo fíga-
do através da bile ou pelo rim. 
Os hormônios também podem ser 
degradados em suas células – alvo 
pela internalização do complexo hor-
mônio – receptor, seguida da degra-
dação lisossomal do hormônio. 
Figura 15. Destino metabólico dos hormônios. Fonte: MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: 
AMGH, 2014
35INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2017. 
GARDNER, David G.; SHOBACK, Dolores. Endocrinologia Básica e Clínica de Greenspan. 9. 
ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
MOLINA, Patricia E.. Fisiologia Endócrina. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A.. Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: El-
sevier, 2009.
SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2017.
36INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO

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