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AULA 4 - Balanço Patrimonial

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Curso: Ciências Contábeis 
Disciplina: Contabilidade 1 
Professora: Giselle Carvalho 
 
AULA 4 – BALANÇO PATRIMONIAL 
 
1. Introdução 
 
Você já viu nas aulas anteriores que existem algumas demonstrações obrigatórias 
de acordo com a lei 6.404/76 e o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. 
As demonstrações contábeis são ferramentas importantes para diversos usuários como, 
por exemplo, o governo, fornecedor, banco, investidor dentre outros. E cada usuário 
extrairá desses relatórios o que lhe for importante. Então, por exemplo, se uma empresa 
for pedir um financiamento em um Banco, este irá fazer uma análise para verificar se a 
empresa possui um fluxo de caixa compatível para pagar suas obrigações, irá analisar o 
Patrimônio dela e fazer algumas análises de indicadores financeiros que vocês aprenderão 
na disciplina de análise econômica e financeira de balanços. O investidor que deseja 
comprar as ações de uma empresa também irá verificar a saúde financeira da empresa 
através da Demonstração de Fluxo de Caixa, se está gerando lucro e pagando dividendos 
e se não há nenhum risco de descontinuidade do negócio. Isso são alguns exemplos de 
uso das demonstrações contábeis e como eles são importantes para vários usuários. 
Vamos agora aprender um pouco mais sobre o Balanço Patrimonial 
 
2. Balanço Patrimonial 
Nas aulas anteriores, vocês aprenderam o conceito básico de Ativo (bens e 
direitos), Passivo (obrigações) e Patrimônio líquido (os valores investidos pelos sócios). 
Vamos agora aprofundar um pouco mais esses conceitos? 
Antes de começarmos a estudar o Balanço Patrimonial vamos entender o que é 
patrimônio. O objetivo da contabilidade é o controle de um Patrimônio que pode ser tanto 
da pessoa física como jurídica. Esse controle é realizado através de coleta, 
armazenamento e processamento das informações diárias que tem potencial para alterar 
esse patrimônio (PADOVEZE, 2014). Desta forma, o mesmo autor define então que a 
contabilidade é o sistema de informação responsável por controlar o patrimônio de uma 
entidade. E esse controle se dará ao longo dos anos, com a continuidade dela. 
 
 
Como já vimos anteriormente, o Balanço Patrimonial é composto do Ativo, 
Passivo e Patrimônio Líquido. Ele apresentará a situação patrimonial (bens, direitos e 
obrigações) e capacidade financeira de uma empresa em determinada data. Por isso, ele 
é considerado uma demonstração estática, como se fosse uma foto, a realidade naquela 
data, naquele momento. 
O CPC 00 – Estrutura Conceitual apresenta as seguintes definições para Ativo, 
Passivo e Patrimônio Líquido conforme abaixo: 
(a) ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do 
qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade; 
(b) passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja 
liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar 
benefícios econômicos; 
(c) patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos 
todos os seus passivos. 
 
O termo Balanço indica exatamente o equilíbrio entre o ativo, passivo e 
patrimônio líquido (SZUSTER, 2013) conforme a figura abaixo. 
 
Fonte: https://canalcederj.cecierj.edu.br/recurso/7001 
 
A partir da figura acima chegamos a umas das equações mais importantes na 
Contabilidade: 
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido 
 (Lado esquerdo) (Lado direito) 
 
 
 
Balanço Patrimonial 
ATIVO PASSIVO 
 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
 
Essa é a configuração de uma Balanço, o lado esquerdo é formado pelo Ativo 
(bens e direito) e o lado direito pelo Passivo (obrigações) e Patrimônio Líquido. A lei 
6.404/76 no artigo 178, § 2º considera o lado esquerdo do balanço como Passivo, ou seja, 
a soma do Passivo Exigível e do Patrimônio Líquido. 
O Balanço Patrimonial também pode ser analisado por uma outra ótica: a 
financeira (PADOVEZE, 2014). Ou seja, a origem dos recursos e onde esses recursos são 
aplicados. Assim, o ativo representa onde o recurso foi aplicado na empresa e o passivo 
e patrimônio líquido representam as origens dos recursos aplicados na entidade, esses 
recursos podem ser próprios (acionistas) ou de terceiros (obrigações). 
 
 ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
aplicação de recursos origem de recursos 
 Onde o dinheiro foi aplicado? De onde o dinheiro veio? 
Fonte: Adaptado de Szuster, 2013 
 
Vamos agora aplicar o conceito de origem e aplicação de recursos nas operações 
contábeis apresentadas abaixo: 
 
a. O Sr. Feliz decidiu abrir um negócio e investiu o valor de R$ 300.000, sendo 
depositado em conta corrente aberta em nome da empresa no Banco Preciso. 
Origem = Capital Social 
Aplicação = Conta Corrente bancária 
 
ATIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Conta Corrente bancária 300.000 Capital Social 300.000 
Total 300.000 Total 300.000 
 
b. A entidade comprou à vista um veículo no valor R$ 15.000 
Origem = Conta Corrente bancária 
Aplicação = Veículo 
 
 
 
ATIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Conta Corrente bancária 285.000 Capital Social 300.000 
Veículo 15.000 
Total 300.000 Total 300.000 
 
c. A entidade comprou mercadorias a prazo no valor de R$ 22.500. 
Origem = Fornecedores 
Aplicação = Estoque de mercadorias 
 
ATIVO PASSIVO 
Conta Corrente bancária 285.000 Passivo 
Veículo 15.000 Fornecedores 22.500 
Estoque de mercadorias 22.500 Patrimônio líquido 
 Capital Social 300.000 
Total 322.500 Total 322.500 
 
d. A entidade comprou um imóvel através de um financiamento bancário no valor de R$ 
180.000 
Origem = Financiamento 
Aplicação = Imóvel 
 
ATIVO PASSIVO 
Conta Corrente bancária 285.000 Passivo 
Estoque de mercadorias 22.500 Fornecedores 22.500 
Veículo 15.000 Financiamento a pagar 180.000 
Imóvel 180.000 Patrimônio líquido 
 Capital Social 300.000 
Total 502.500 Total 502.500 
 
e. A entidade verificou que uma parte da mercadoria estava danificada e por isso teve 
que devolver parte da mercadoria ao fornecedor no valor de R$ 10.000. 
Origem = Estoque de mercadorias 
Aplicação = Fornecedores 
 
ATIVO PASSIVO 
Conta Corrente bancária 285.000 Passivo 
Estoque de mercadorias 12.500 Fornecedores 12.500 
Veículo 15.000 Financiamento a pagar 180.000 
Imóvel 180.000 Patrimônio líquido 
 Capital Social 300.000 
Total 492.500 Total 492.500 
 
 
f. A entidade pagou a primeira parcela do fornecedor no valor de R$ 6.250. 
Origem = Conta Corrente bancária 
Aplicação = Fornecedores 
 
ATIVO PASSIVO 
Conta Corrente bancária 278.750 Passivo 
Estoque de mercadorias 12.500 Fornecedores 6.250 
Veículo 15.000 Financiamento a pagar 180.000 
Imóvel 180.000 Patrimônio líquido 
 Capital Social 300.000 
Total 486.250 Total 486.250 
 
g. A entidade pagou a primeira parcela do financiamento bancário no valor de R$ 18.000. 
Origem = Conta Corrente bancária 
Aplicação = Financiamento 
ATIVO PASSIVO 
Conta Corrente bancária 260.750 Passivo 
Estoque de mercadorias 12.500 Fornecedores 6.250 
Veículo 15.000 Financiamento a pagar 162.000 
Imóvel 180.000 Patrimônio líquido 
 Capital Social 300.000 
Total 468.250 Total 468.250 
 
h. O Sr. Feliz decidiu colocar R$ 100.000 em uma aplicação de liquidez imediata. 
Origem = Conta Corrente bancária 
Aplicação = Aplicação financeira 
ATIVO PASSIVO 
Conta Corrente bancária 160.750 Passivo 
Aplicação financeira 100.000 Fornecedores 6.250 
Estoque de mercadorias 12.500 Financiamento a pagar 162.000 
Veículo 15.000 Patrimônio líquido 
Imóvel 180.000 Capital Social 300.000 
Total 468.250 Total 468.250 
 
Pode haver situações nas empresas em que suas obrigações (Passivo Exigível) 
sejam superiores aos seus bens e direitos (Ativo). Essa situação é denominada de Passivo 
a descoberto ou Patrimônio LíquidoNegativo. Mas isso não é nada bom para as 
empresas, pois significa que ela está gastando mais do que pode pagar, consumindo 
inclusive o patrimônio líquido. Vamos apresentar abaixo algumas situações patrimoniais 
 
 
que podem ocorrer com uma empresa baseado na equação patrimonial (A=P+PL). 
Lembrando que a situação abaixo é hipotética e serve apenas para analisarmos as 
situações distintas que pode existir com o ativo, passivo e patrimônio líquido, 
considerando também que o ativo e o passivo não podem ser negativos. Assim, baseado 
na equação patrimonial, podemos extrair as situações abaixo: 
 
a) A>P significa que PL>0 
 
ATIVO PASSIVO 
Caixa e equivalentes a caixa $16.000 Passivo 
Estoque $ 1.500 Fornecedores $2.000 
 Patrimônio Líquido 
 Capital Social $15.500 
Total $ 17.500 Total $ 17.500 
 
Neste caso, a situação líquida1 é positiva tendo em vista que o Ativo é maior que 
o Passivo e assim a empresa tem capacidade suficiente de honrar com suas obrigações. 
 
b) A>P e P=0, logo PL >0 
 
ATIVO PASSIVO 
Caixa e equivalentes a caixa $16.000 Patrimônio Líquido 
Estoque $ 1.500 Capital Social $17.500 
Total $ 17.500 Total $ 17.500 
 
 A situação líquida também é positiva e demonstra que a empresa ainda não tem 
dívidas (obrigações). Esta situação ocorre normalmente quando a entidade começa suas 
atividades, quando apenas aplicou o capital investido em Ativos e ainda não contraiu 
dívidas. Vamos estudar mais a frente sobre as configurações do capital, não se 
preocupem! 
 
c) A = P e P = 0, logo PL = 0 
 
ATIVO PASSIVO 
Caixa e equivalentes a caixa $16.000 Passivo 
 Fornecedores $16.000 
Total $ 16.500 Total $ 16.500 
 
1 Situação líquida é a diferença entre o Ativo e o Passivo, ou seja, é o sinônimo de Patrimônio Líquido. 
SL = A-P 
 
 
 
A situação líquida, neste caso, é nula e apresenta uma situação hipotética em que 
não há riqueza própria (patrimônio líquido) e seus ativos estão comprometidos com o 
pagamento das obrigações com terceiros. 
 
d) P > A, logo PL < 0 
 
ATIVO PASSIVO 
Caixa e equivalentes a caixa $16.000 Passivo 
 Fornecedores $20.000 
 Patrimônio Líquido ($4.000) 
Total $ 16.000 Total $ 16.000 
 
 Neste caso, a situação líquida é negativa, pois as obrigações são superiores aos 
bens e direitos da entidade revelando que entidade está em má situação financeira. A 
situação líquida negativa também é chamada de Passivo a Descoberto. 
 
De acordo com o art. 178, § 1º da Lei no 6.404/76, as contas2 no Balanço 
Patrimonial serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e 
agrupadas de maneira a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da 
companhia. Assim, ela determina que as contas no ativo serão dispostas em ordem 
decrescente de liquidez. Mas o que significa liquidez? Liquidez3 é a capacidade do bem 
ou do direito se transforma em dinheiro mais rapidamente. O que é mais fácil vender um 
carro de R$ 350.000,00 ou um carro popular de R$ 30.000,00? De uma maneira geral, 
vender um carro popular é mais fácil. É mais fácil para uma empresa de eletrodoméstico 
vender uma TV de R$ 1.200,00 ou uma de R$ 15.000,00? A TV de menor valor possui 
maior liquidez do que a de maior valor, ou seja, é mais provável que a empresa consiga 
 
2 “É uma denominação utilizada na Contabilidade para os bens, direitos, obrigações, e todas as operações 
(fatos) realizadas pelas entidades. Por exemplo, para o conjunto de cadeiras, mesas, armários de uma 
empresa podemos utilizar a conta Móveis e Utensílios. Canetas, apontadores, cadernos, podemos incluir na 
conta Material de Escritório. As contas são sempre expressas com a primeira letra maiúscula”. (Material do 
Cederj, livro texto de Contabilidade Geral 1, Aula 4). 
 
3 “A liquidez é a capacidade de um bem ou direito se transformar em dinheiro. Você deve perceber que 
existe uma relação direta entre liquidez e o preço absoluto da mercadoria/poder aquisitivo das pessoas. 
Quanto menos custa um produto, maior o número de pessoas que estão aptas a comprá-lo. Se você comparar 
um imóvel com uma caneta, certamente existem mais pessoas que possuem dinheiro para comprar uma 
caneta do que para comprar um apartamento! Além disso, há outros aspectos que influenciam a liquidez de 
um produto, como a propaganda que é feita para vendê-lo, o quanto ele é útil, necessário, duradouro e fácil 
de ser encontrado, por exemplo”. (Material do Cederj, livro texto de Contabilidade Geral 1, Aula 4) 
 
 
vender mais rápido (e até em maiores quantidades) do que a de menor valor. Por isso, o 
Balanço das empresas começa sempre com o Caixa, a conta de maior liquidez do Ativo. 
Gostaria apenas de mencionar que o CPC 26 não determina como deve ser a 
disposição das contas no Balanço Patrimonial, mas determina que deve ser seguida a lei 
brasileira. A lei 6.404/76 art. 178 §§ 1o e 2o determina a divisão do Ativo e do Passivo 
conforme abaixo: 
 
BALANÇO PATRIMONIAL 
 
ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
ATIVO CIRCULANTE 
 
ATIVO NÃO CIRCULANTE 
 
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 
INVESTIMENTOS 
IMOBILIZADO 
INTANGÍVEL 
PASSIVO CIRCULANTE 
 
PASSIVO NÃO CIRCULANTE 
 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
CAPITAL SOCIAL 
RESERVAS DE CAPITAL 
AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL 
RESERVAS DE LUCROS 
AÇÕES EM TESOURARIA 
PREJUÍZOS ACUMULADOS 
 
 De acordo com o art.175 da lei 6.404/76, o exercício social4 da entidade terá a 
duração de um ano sendo que a data do término será determinada no estatuto5. Então, se 
a empresa determina em seu estatuto que o término do exercício social será 31de agosto, 
o início do exercício social será em 01/09. Mas normalmente as empresas seguem o ano 
civil, começando 01 de janeiro e terminando em 31de dezembro, coincidindo com a 
apuração do imposto de renda previsto no art. 220 do Regulamento do Imposto de Renda. 
Este regulamento será estudado mais a frente nas disciplinas de Legislação Tributária e 
Contabilidade Tributária. 
 A lei societária apresenta duas exceções em que a duração do exercício social 
poderá ser diferente de 12 meses conforme abaixo: na constituição da companhia; e nos 
casos de alteração estatutária. 
 Pode, por exemplo, uma empresa ser constituída em 01de janeiro de 2015 e ter 
sido determinado no estatuto que o término do exercício social será em 30 de abril. Logo, 
 
4 Exercício social é o período de tempo (normalmente 12 meses) que as entidades registram os fatos 
contábeis necessários para a elaboração das Demonstrações Contábeis e para a apuração dos impostos 
entalecidos pela legislação do imposto de renda. 
5 O estatuto social é o documento de criação da Sociedade Anônima. Será estudado mais afundo na 
disciplina de Legislação Empresarial. 
 
 
o exercício social iniciará em 01 de maio e terminará 30 de abril. Quantos meses terá o 
exercício social? Neste caso, o exercício poderá ter duração de 4 meses (de janeiro a abril 
de 2015) ou 16 meses (os 12 meses de 2015 somados aos a primeiros meses de 2016). 
 A outra exceção é quando ocorre a alteração societária. Suponha que uma empresa 
encerre seu exercício social em 30 de junho de 2015. Mas decida alterar o término do 
exercício social para 31 de dezembro. A empresa irá encerrar seu exercício social em 30 
de junhode 2015 e iniciará o novo exercício social em 01 de julho de 2015. Assim, no 
ano-calendário de 2015, o novo exercício social terá a duração de 6 meses (julho a 
dezembro), diferente dos 12 meses estabelecidos pela lei societária. 
As empresas deverão elaborar anualmente o Balanço Patrimonial sendo que as 
sociedades anônimas de capital aberto deverão elaborar o Balanço e as demais 
demonstrações contábeis a cada trimestre além de ter a obrigatoriedade de publicá-las. 
Mas é importante ressaltar que as demonstrações são elaboradas mensalmente pelas 
empresas, ou seja, todos os meses as empresas encerram o mês para apurar seus resultados 
e desta forma, a empresa poderá ter uma visão mais ampla sobre o seu negócio. 
A Lei 11.638/2007, que alterou a lei 6.404/76, trouxe uma grande mudança para 
as empresas consideradas de grande porte, independentemente de serem Sociedades 
Anônimas ou não. A lei determinou que, grande porte é a sociedade ou conjunto de 
sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior 
a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual 
superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais). Essas empresas deverão seguir 
a lei 6.404/76 no que tange a escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a 
obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na Comissão de Valores 
Mobiliários. Assim, desde 2007 mais empresas são obrigadas a divulgar suas 
demonstrações contábeis melhorando a transparência e permitindo que a sociedade tenha 
acesso a informações que antes não estava disponível. 
De acordo com o CPC 26, as entidades devem divulgar as demonstrações 
contábeis de pelo menos dois anos para fins de comparação, ou seja, o exercício social 
findo e do ano anterior, inclusive a nota explicativa deve constar as informações 
relevantes dos dois anos publicados. 
A seguir apresentamos um modelo de Balanço Patrimonial e discutiremos os 
grupos adiante. 
 
 
 
 
Empresa Estrela S/A 
Balanço Patrimonial em 31/12/17 
ATIVO R$ PASSIVO R$ 
Ativo circulante R$ 290.217,00 Passivo circulante R$ 278.300,00 
Caixa e equivalentes a caixa R$ 180.000,00 Salários e encargos a pagar R$ 55.000,00 
Banco R$ 23.487,00 Impostos a recolher R$ 11.800,00 
Contas a receber ou Clientes R$ 29.500,00 Fornecedores R$ 47.980,00 
(-) Perdas estimadas em 
crédito de liquidação 
duvidosa -R$ 3.700,00 Empréstimo a pagar R$ 13.700,00 
Estoque R$ 54.830,00 Títulos a pagar R$ 16.300,00 
Adiantamento a fornecedor R$ 1.500,00 Financiamento a pagar R$ 27.100,00 
Despesa antecipada com 
seguros R$ 4.600,00 Duplicatas descontadas R$ 15.900,00 
Ativo não circulante R$ 906.720,00 Adiantamento de clientes R$ 19.520,00 
Ativo realizável a longo 
prazo R$ 25.300,00 Dividendos a pagar R$ 71.000,00 
Contas a receber ou Clientes R$ 6.900,00 
Empréstimo a diretores R$ 18.400,00 
Investimentos R$ 279.800,00 Passivo não circulante R$ 229.200,00 
Participação permanente em 
outras entidades R$ 53.000,00 Empréstimo a pagar R$ 66.000,00 
Propriedade para 
investimento R$ 160.800,00 Debêntures R$ 69.200,00 
Obras de arte R$ 66.000,00 Provisão para garantia R$ 94.000,00 
Imobilizado R$ 530.820,00 Patrimônio Líquido R$ 689.437,00 
Veículo R$ 150.000,00 Capital social subscrito R$ 650.000,00 
(-) Depreciação Acumulada -R$ 30.000,00 Capital social a integralizar -R$ 80.000,00 
(-) Perdas estimadas por 
redução ao valor recuperável -R$ 10.000,00 Ajuste de Avaliação patrimonial R$ 20.000,00 
Móveis e utensílios R$ 33.000,00 Reserva de capital R$ 7.747,00 
(-) Depreciação Acumulada -R$ 13.000,00 Reserva de lucro R$ 120.000,00 
Máquinas e equipamentos R$ 28.000,00 Ações em tesouraria -R$ 28.310,00 
Terrenos R$ 166.000,00 
Animais de tração R$ 29.300,00 
Recursos minerais R$ 177.520,00 
Intangível R$ 70.800,00 
Marcas R$ 21.000,00 
Patente R$ 18.400,00 
Pesquisa e desenvolvimento R$ 44.000,00 
(-) Amortização acumulada -R$ 12.600,00 
Total do ativo R$ 1.196.937,00 Total do passivo + PL R$ 1.196.937,00 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 Ativo 
Como vimos anteriormente, o Ativo (divisão em grupo e as contas) é organizado 
considerando a ordem de liquidez imposta pela lei societária. O Ativo, então, começa com 
o Circulante, iniciando com a conta Caixa e equivalentes a caixa6 (ou Disponibilidade), 
pois ela é a conta mais líquida do Balanço. Mas o que o Contador deve registrar como 
circulante e como não circulante? 
2.1.1 Ativo Circulante 
Lei 6.404/76 
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: 
I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do 
exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício 
seguinte; 
 
De acordo com o CPC 26, o ativo deve ser classificado como circulante quando 
satisfizer qualquer dos seguintes critérios: 
(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no 
decurso normal do ciclo operacional da entidade; 
(b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; 
(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou 
(d) é caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de 
passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. 
 
 Então, serão classificados como ativo não circulante os demais ativos da empresa. 
 Há sempre uma dúvida entre os alunos em relação ao circulante e realizável a 
longo prazo. Por exemplo, a empresa efetuou a venda de mercadorias no valor de R$ 
50.000 e o comprador irá pagar em 20 parcelas iguais (desconsiderar neste momento o 
ajuste a valor presente que vamos estudar mais adiante) iniciando em setembro os 
 
6 “Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de curto 
prazo e não para investimento ou outros fins e devem ter conversibilidade imediata em um montante 
conhecido de caixa e estar sujeitos a um insignificante risco de mudança de valor. Por conseguinte, um 
investimento ou aplicação financeira (ex. CDB-DI), normalmente, se qualifica como equivalente de caixa 
quando tem vencimento de curto prazo, por exemplo, três meses ou menos, a contar da data da contratação” 
(IUDÍCIBUS, et al, p. 41, 2018) 
 
 
pagamentos. Considerando que o exercício social se encerra em 31 de dezembro de 2017, 
vamos analisar o que será circulante e não circulante. 
• Setembro de 2017 até dezembro de 2018 – 16 parcelas (R$ 40.000) 
• Janeiro de 2019 em diante – 4 parcelas (R$ 10.000) 
 
Note que no circulante serão registradas 16 parcelas, ou seja R$ 40.000, pois 
devemos considerar que o circulante é o valor que será realizável até 12 meses após a data 
do balanço, ou seja, do encerramento do exercício. 
Contudo, o art. 179, parágrafo único da lei societária determina que a entidade 
deve considerar também o ciclo operacional quando da classificação em circulante ou no 
longo prazo. O ciclo operacional é o tempo que a entidade leva entre a aquisição de uma 
mercadoria ou uma matéria prima, seu processamento e sua venda. Em alguns casos, esse 
ciclo pode durar mais que um exercício social. Por exemplo, qual o ciclo operacional da 
construção, por encomenda, de uma plataforma de petróleo? Com certeza construí-la 
demorará mais de um exercício social. Então, nos casos em que ciclo operacional tiver 
duração maior que o exercício social, a lei determina que a classificação no circulante ou 
longo prazo deverá considerar o prazo deste ciclo. 
 
 Vejamos alguns exemplos de ativo circulante 
• Caixa e equivalentes a caixa – inclui numerários e aplicações financeiras de 
curtíssimo prazo (até 90 dias); 
• Banco – depósitos bancários; 
• Contas a receber (também denominado de clientes ou duplicatas a receber) – 
valores ainda não recebidosoriundos de venda a prazo 
• Estoque de mercadorias – mercadorias adquiridas de terceiros ou de fabricação 
própria destinada para venda. 
• Adiantamento a fornecedores – quando a empresa paga antecipadamente para o 
fornecedor, mas somente irá receber a mercadoria posteriormente. Ou seja, a empresa tem 
um direito com o fornecedor (receber a mercadoria) e o fornecedor tem a obrigação de 
entregar a mercadoria. Após o recebimento, essas mercadorias farão parte do Estoque da 
entidade. 
• Despesa antecipada com seguros – Corresponde ao pagamento de despesas que 
ainda não ocorrerão e que não podem ser consideradas uma despesa propriamente dita 
 
 
tendo em vista que ainda não ocorreu o fato gerador da despesa. Corresponde um direito 
para a entidade. 
 
2.1.2 Ativo Não Circulante 
 
O ativo não circulante é dividido em: realizável a longo prazo, investimento, 
imobilizado e intangível. 
 
Realizável a longo prazo 
Lei 6.404/76 
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: 
 II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do 
exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a 
sociedades coligadas7 ou controladas8 (artigo 243), diretores, acionistas ou 
participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na 
exploração do objeto da companhia; 
 
Vejamos alguns exemplos de realizável a longo prazo: 
• Contas a receber de longo prazo – quando a entidade irá receber após o término 
do exercício social seguinte. 
• Empréstimos a diretores - independente do prazo de recebimento, por 
conservadorismo a lei determinou que a seja classificado no realizável a longo prazo. 
Note que o objeto social (atividade-fim) de uma empresa comercial, por exemplo, não é 
emprestar dinheiro, e como a relação entre o diretor e a entidade é mais próxima, pode 
ser que o diretor não pague e a empresa não cobre. 
 
Investimento 
Lei 6.404/76 
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: 
 
7 Coligada – quando a empresa investidora tem influência significativa sobre a entidade, ou seja, participa 
do processo decisório, mas sem controlá-la. 
8 Controlada – quando a empresa investidora tem preponderância nas decisões operacionais e financeiras 
da entidade capaz de controlá-la. 
 
 
III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os 
direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se 
destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; 
 
Vejamos alguns exemplos de conta do Investimentos: 
• Investimento em Coligadas e Controladas – essas participações em empresas têm 
caráter permanente e não de venda. Ou seja, há intenção da empresa em participar do 
negócio da investida. 
• Propriedade para investimento – Terrenos ou outros imóveis mantidos pela 
entidade para fins de aluguel ou valorização ou para ambos. Note que para ser classificado 
como propriedade para investimento esses bens não podem ser utilizados pela entidade 
na sua atividades administrativas e o operacional. Se for, deverá ser classificado como 
Imobilizado. 
• Obras de arte – é um bem que a tendência é ser valorizado. 
 
Imobilizado 
Lei 6.404/76 
IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos 
destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com 
essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os 
benefícios, riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) 
 
 O Pronunciamento técnico CPC 27 (R1)- Ativo Imobilizado define o ativo 
imobilizado como um item tangível (bem que se pode tocar, palpável) ou corpóreo que: 
(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para 
aluguel a outros, ou para fins administrativos; e 
(b) se espera utilizar por mais de um período. 
 
Vejamos alguns exemplos de contas do Imobilizado: terreno, máquinas e 
equipamentos, instalações, móveis e utensílios, veículos, dentre outros. 
Percebam que a conta terreno apareceu como exemplo tanto no grupo de 
Investimento como no Imobilizado. Tudo dependerá da intenção da empresa com o bem 
comprado. Então, por exemplo, a empresa compra um terreno com o objetivo de 
valorização, sabendo que aquela região sofrerá uma intervenção do Governo que 
http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm#art1
 
 
valorizará a área. Esse terreno deve, então, ser classificado no grupo de Investimento 
como Propriedade para Investimento. Se esse terreno foi comprado para ser construído a 
fábrica ou o prédio administrativo então, o terreno será classificado como Imobilizado. A 
mesma situação ocorre quando a empresa compra um prédio (Instalações). Esse prédio 
pode ser tanto para fins de gerar renda com a locação (aluguel) de salas ou para ser a sede 
administrativa. Se for para gerar renda esse prédio será classificado no grupo de 
Investimento como Propriedade para Investimento. E na segunda situação como 
Imobilizado. 
Intangível 
 
Lei 6.404/76 
VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos 
destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive 
o fundo de comércio adquirido. 
 
O pronunciamento técnico CPC 04 (R1) – Ativo Intangível define o ativo 
intangível como um item não monetário (não é caixa, dinheiro) identificável sem 
substância física. Vejamos alguns exemplos de contas do Intangível: patentes, 
marcas, fórmulas, direitos autorais, gastos com desenvolvimento, direitos de 
concessão (rodoviária, ferroviária, etc.), dentre outros. 
 
2.2 Passivo 
 
A legislação societária considera o passivo o somatório do circulante, não 
circulante e patrimônio líquido. Mas o CPC 26 (R1) não faz essa diferenciação, tratando 
o passivo (circulante e não circulante) separadamente do patrimônio líquido mas isso é 
apenas uma questão teórica, na prática não altera em nada. O passivo corresponde as 
obrigações (dívidas) que a empresa possui com terceiros e também é chamado de capital 
de terceiros. 
O CPC 00 (R1) define o passivo como “uma obrigação presente da entidade, 
derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos 
da entidade capazes de gerar benefícios econômicos”. Vamos analisar o que significa essa 
definição? Vejam o que consta no CPC 00 (R1). 
 
 
4.15. Uma característica essencial para a existência de passivo é que a entidade 
tenha uma obrigação presente. Uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir 
ou de desempenhar uma dada tarefa de certa maneira. As obrigações podem ser 
legalmente exigíveis em consequência de contrato ou de exigências estatutárias. Esse é 
normalmente o caso, por exemplo, das contas a pagar por bens e serviços recebidos. 
Entretanto, obrigações surgem também de práticas usuais do negócio, de usos e costumes 
e do desejo de manter boas relações comerciais ou agir de maneira equitativa. Desse 
modo, se, por exemplo, a entidade que decida, por questão de política mercadológica ou 
de imagem, retificar defeitos em seus produtos, mesmo quando tais defeitos tenham se 
tornado conhecidos depois da expiração do período da garantia, as importâncias que 
espera gastar com os produtos já vendidos constituem passivos. 
4.16. Deve-se fazer uma distinção entre obrigação presente e compromisso 
futuro. A decisão da administração de uma entidade para adquirir ativos no futuro não 
dá origem, por si só, a uma obrigação presente. A obrigação normalmente surge somente 
quando um ativo é entregue ou a entidade ingressa em acordo irrevogável para adquirir 
o ativo. Nesse último caso, a natureza irrevogável do acordo significa que as 
consequências econômicas de deixar de cumprir a obrigação, como, porexemplo, em 
função da existência de penalidade contratual significativa, deixam a entidade com 
pouca, caso haja alguma, liberdade para evitar o desembolso de recursos em favor da 
outra parte. 
4.17. A liquidação de uma obrigação presente geralmente implica a utilização, 
pela entidade, de recursos incorporados de benefícios econômicos a fim de satisfazer a 
demanda da outra parte. A liquidação de uma obrigação presente pode ocorrer de 
diversas maneiras, como, por exemplo, por meio de: 
(a) pagamento em caixa; 
(b) transferência de outros ativos; 
(c) prestação de serviços; 
(d) substituição da obrigação por outra; ou 
(e) conversão da obrigação em item do patrimônio líquido. 
A obrigação pode também ser extinta por outros meios, tais como pela renúncia 
do credor ou pela perda dos seus direitos. 
 
4.18. Passivos resultam de transações ou outros eventos passados. Assim, por 
exemplo, a aquisição de bens e o uso de serviços dão origem a contas a pagar (a não ser 
 
 
que pagos adiantadamente ou na entrega) e o recebimento de empréstimo bancário 
resulta na obrigação de honrá-lo no vencimento. A entidade também pode ter a 
necessidade de reconhecer como passivo os futuros abatimentos baseados no volume das 
compras anuais dos clientes. Nesse caso, a venda de bens no passado é a transação que 
dá origem ao passivo. 
 
O passivo é dividido em Circulante e Não circulante conforme estabelecido na lei 
6.404/76 art. 180. 
 
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de 
direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem 
no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, 
observado o disposto no parágrafo único do art. 179 desta Lei. 
 
As contas do passivo serão ordenadas de acordo com o grau de exigibilidade das 
obrigações, ou seja, em ordem de vencimento da obrigação. 
Assim como ocorre no Ativo, a classificação em circulante e não circulante 
também deve considerar o ciclo operacional da empresa. Se o ciclo for superior ao 
exercício social, deve-se considerar o ciclo para a classificação em circulante e não 
circulante. 
 
2.2.1 Passivo Circulante 
 
De acordo com o CPC 26 (R1), o passivo deve ser classificado como circulante 
quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: 
(a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; 
(b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; 
(c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou 
(d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante 
pelo menos doze meses após a data do balanço. 
 
Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. 
Vejamos alguns exemplos de contas do Passivo Circulante: 
• Fornecedores; 
 
 
• Salários e encargos a pagar; 
• Impostos a recolher; 
• Adiantamento de clientes – quando o cliente paga antecipadamente para receber 
posteriormente a mercadoria. Neste caso, a empresa tem a obrigação de entregar a 
mercadoria no futuro e o cliente tem o direito a receber o bem. 
• Dividendos a pagar 
 
2.2.2 Passivo não circulante 
 
 Considerem as contas que não foram classificadas no passivo circulante baseado 
nos critérios estipulados do CPC 26 (R1) apresentado anteriormente. Ele também é 
conhecido como passivo exigível a longo prazo. 
 Vamos mostrar o exemplo apresentado no livro de Contabilidade Geral 1 que 
estamos utilizando para deixar o conceito mais claro. 
Imagine este cenário: uma empresa comprou um carro por R$ 48.000,00 em dezembro 
de 2004, financiado em 24 prestações. Como não deu nenhuma entrada, o valor de cada 
parcela é de R$ 2.000,00, com vencimento no dia 30 de cada mês, a partir de janeiro de 
2005. Quando essa empresa elaborou o Balanço Patrimonial, em 31 de dezembro de 
2004, teve que classificar o financiamento em curto e longo prazo. As 12 primeiras 
prestações foram classificadas no passivo circulante (curto prazo). As prestações 
restantes, com vencimentos superiores a 12 meses após a data do balanço, foram 
classificadas no exigível a longo prazo. 
 
Vejamos alguns exemplos de contas do Passivo Não Circulante: Empréstimo e 
financiamento a longo prazo, debêntures, impostos diferidos. 
2.2.3 Patrimônio Líquido 
O Patrimônio Líquido é a diferença entre o ativo e passivo e representa o valor 
pertencente aos sócios ou acionistas. Também é conhecido como capital próprio. 
Segundo o art.178 §2º item III, o patrimônio líquido é dividido em capital social, reservas 
de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e 
prejuízos acumulados. 
 
 
 Iudícibus et al (2018,p.379) define os itens do patrimônio líquido conforme 
abaixo. 
a) Capital Social – representa valores recebidos dos sócios e também aqueles gerados 
pela empresa que foram formalmente (juridicamente) incorporados ao Capital (lucros a 
que os sócios renunciaram e incorporaram como capital); 
b) Reservas de Capital – representam valores recebidos que não transitaram e não 
transitarão pelo resultado como receitas, pois derivam de transações de capital com os 
sócios; 
c) Ajustes de Avaliação Patrimonial – representam as contrapartidas de aumentos ou 
diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua 
avaliação a valor justo9, enquanto não computadas no resultado do exercício em 
obediência ao regime de competência; algumas poderão não transitar pelo resultado, 
sendo transferidas diretamente para lucros ou prejuízos acumulados. 
d) Reservas de Lucros – representam lucros obtidos e reconhecidos pela empresa, retidos 
com finalidade específica; 
e) Ações em Tesouraria – representam as ações da companhia que são adquiridas pela 
própria sociedade (podem ser quotas, no caso das sociedades limitadas); 
f) Prejuízos Acumulados – representam resultados negativos gerados pela empresa à 
espera de absorção futura; no caso de sociedades que não por ações, podem ser Lucros 
ou Prejuízos Acumulados, pois pode também abranger lucros à espera de destinação 
futura. 
 Ao final do exercício social as sociedades anônimas precisam destinar todo o seu 
lucro, não havendo mais a conta Lucros Acumulados. Notem que isso ocorre apenas no 
final, quando se encerra o exercício social, mas durante o ano a conta Lucros Acumulados 
é utilizada para registrar o lucro mensal. No caso das demais sociedades que não sejam 
por ações, elas podem reter lucro que ainda não foi destinado para nenhuma reserva ou 
para os sócios e neste caso, a entidade pode utilizar a conta Lucros acumulados 
(IUDÍCIBUS, et al.2018). 
 Há muito mais que se conhecer do grupo do patrimônio líquido mas vamos deixar 
para depois. Neste momento, os conceitos apresentados acima são suficientes e 
necessários para a disciplina de Contabilidade 1. 
 
9 Segundo o CPC 27 - Imobilizado valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que 
seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do 
mercado na data de mensuração 
 
 
 Apenas um item do patrimônio líquido vamos estudar um pouco mais. Vamos 
aprender um pouco mais sobre o capital social? 
 Acho que todos devem ter ouvido esta frase algum dia na vida: “Quero abrir um 
negócio e preciso de R$ XXX de capital para abrir meu negócio”. O que seria esse capital? 
O capital seria o recurso inicial necessário para abrir um negócio, ou seja, o compromisso 
inicial para a concretização do negócio. Quando se trata de sociedade anônima, elas 
também precisam de capital, mas esse capital é denominado de Capital Social Subscrito. 
O Capital Social Subscrito representa o compromisso assumido pelos sócios em 
entregar recursos para a entidade. De acordo com o art.7º da lei 6.404/76,o capital social 
poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens 
suscetíveis de avaliação em dinheiro. 
O art. 182 da Lei no 6.404/76 estabelece que “a conta do capital social discriminará 
o montante subscrito, e, por dedução, a parcela ainda não realizada”. Isso significa que os 
sócios podem integralizar (ou realizar), ou seja, entregar o numerário ou bem tudo de uma 
vez só ou pode deixar para depois, respeitando o previsto no estatuto social. Desta forma, 
caso a empresa não realize a integralização devemos criar a conta Capital Social a 
integralizar ou realizar. Mas lembre-se, o que aparece no subgrupo Capital Social deve 
ser o valor do Capital Social Realizado. 
Vamos fazer um exemplo? 
a) No dia 25/01/2017, o Sr. Feliz decidiu abrir uma empresa e subscreveu um 
capital no valor de R$ 300.000, mas ainda não integralizou esse valor (não entregou bem 
ou numerário). 
 
ATIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
 Capital Social Subscrito $300.000 
 - Capital Social a integralizar ($300.000) 
Total - Total - 
 
b) No dia 10/02/2017, o Sr. Feliz integralizou R$ 200.000 sendo que metade em 
numerário e metade em um imóvel. 
ATIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Caixa $100.000 Capital Social Subscrito $300.000 
Imóvel $100.000 - Capital Social a integralizar ($100.000) 
 Capital Social Realizado $200.000 
Total $200.000 Total $200.000 
 
 
 
 Importante ressaltar que as empresas normalmente divulgam no Balanço 
Patrimonial apenas a linha de Capital Social Realizado, mas simplesmente com o nome 
Capital Social. O detalhamento costuma ser divulgado na Nota Explicativa. 
 Note também que no Balanço, o ativo sempre será igual ao passivo + patrimônio 
líquido, confirmando o método das partidas dobradas que começamos a estudar na aula 
3. 
 Chegamos ao final da nossa aula. Como falei anteriormente temos muito ainda 
que aprender sobre o Balanço Patrimonial. Isso é o começo da nossa caminhada! 
 
Referências Bibliográficas 
 
CPC 26 - Apresentação das demonstrações contábeis. 
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57 
 
CPC 00 (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro - http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 
 
Lopes, Cardoso, R., Szuster, Natan, Szuster, Rechtman, Szuster, Fernanda Rechtman S. 
Contabilidade geral: introdução à Contabilidade Societária, 4ª edição. Atlas, 03/2013. 
 
Marcio Aleixo da Cruz et al. Contabilidade geral I. v. 1. Rio de Janeiro: Fundação 
CECIERJ, 2009 
 
Padoveze, Clóvis . Manual de Contabilidade Básica: Contabilidade Introdutória e 
Intermediária, 9ª edição. Atlas, 04/2014. 
 
Rubens, GELBCKE, E., SANTOS, dos, IUDÍCIBUS, de, MARTINS, Eliseu. Manual 
de Contabilidade Societária, 3ª edição. Atlas, 03/2018. 
 
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80

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