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aula 2010 praticapenal

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Procedimento dos crimes de competência do Tribunal do Júri.
O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ CONHECER O PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI
AUTOR(A)
PROF. HANS ROBERT DALBELLO BRAGA
  
PLENÁRIO DO TRIBUNAL DO JÚRI
INTRODUÇÃO
 
A Instituição do Tribunal do Júri, rodeada de controvérsias, permanece em grande parte das legislações contemporâneas, em geral, com variantes. É com certeza o procedimento que causa mais fascínio, provoca toda a sociedade, tanto os juristas mais renomados, quanto a massa que clama justiça às cegas, bem como a imprensa, vislumbrada com os índices de audiência que obtém com esse tema, abordado, em geral, com ênfase no discurso da denominada criminologia midiática da qual trata EUGENIO RAÚL ZAFFARONI.  
Todavia, o Júri tem antecedentes bem remotos, haja vista que a participação de cidadãos comuns no julgamento de seus pares, nos casos de delitos considerados mais graves, é uma premissa existente nos diversos modelos de sociedade ao longo da sua história.
 Já na Grécia antiga existia uma forma primitiva do Júri, o Tribunal da Helieia, os heliastas, em número de 6.000 (seis mil), distribuídos em 10 (dez) seções de 600 (seiscentos) membros, criados anualmente por sorteio em meio aos cidadãos com mais de 30 (trinta) anos, de reputação ilibada e não devedores da Cidade-Estado (BONFIM, 2012, p. 606).  
No entanto, é na Inglaterra que se pode buscar as origens remotas do Tribunal do Júri moderno, uma vez que a instituição inglesa nasceu de um procedimento antigamente usado na Normandia, levado a solo britânico após a tomada da Inglaterra por William, o Conquistador (1066). Assim, depois que o julgamento das ordálias ou juízos de deus foi abolido pelo Papa Inocêncio III, em 1215, por ocasião do 4° Concílio de Latrão, a Inglaterra se orientou no sentido de um então novo modelo de justiça penal, estabelecendo para tanto, àquela época, o número de 12 (doze) jurados, em alusão aos 12 (doze) apóstolos do evangelho cristão, pois, assim, estaria presente o espírito santo e a decisão seria sempre justa. Este corpo de 12 (doze) cidadãos era denominado Júri (jurados) porque prestava juramento antes de dar seu veredicto, o que era considerado verdadeiramente dito (BONFIM, 2012, p. 606).
No Brasil, o Tribunal do Júri surgiu no ano de 1822, e era exclusivo para os crimes de imprensa. Posteriormente, a Constituição Imperial de 1824, estendeu-o às causas cíveis e criminais, muito embora nunca houvesse funcionado nessas matérias. Com o advento do Código de Processo Criminal do Império, de 1832, atribuiu-se à instituição o julgamento de quase todas as infrações penais (TOURINHO FILHO, 2009, p. 719).
Atualmente a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, no Art. 5º, inciso XXXVIII, trata expressamente do Tribunal do Júri, destinado ao julgamento dos CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA. Ademais, o Código de Processo Penal brasileiro prevê o procedimento especial do Tribunal do Júri no Art. 394 § 3º. Outrossim, os Arts. 406 a 497 do CPP disciplinam o procedimento especial do Tribunal do Júri. Referidos dispositivos sofreram substancial alteração com o advento da Lei 11.689/2008. 
 
O TRIBUNAL DO JÚRI NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 
O Art. 5.°, inciso XXXVIII, da Constituição da República dispõe: “é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida”.
Conforme entendimento de GUILHERME DE SOUZA NUCCI o Tribunal do Júri é uma garantia fundamental formal, haja vista que está previsto no catálogo de direitos e garantias fundamentais constantes do Art 5º da Constituição Federal ( NUCCI, 2012, p. 40).
Ademais, é o Tribunal do Júri um ÓRGÃO DO PODER JUDICIÁRIO, nesse sentido é importante citar:
 
É praticamente pacífico na doutrina ser o júri um órgão do Poder Judiciário (...). São fundamentos disso: a)o Tribunal do Júri é composto de um Juiz Presidente (togado) e de vinte e cinco jurados, dos quais sete tomam assento no Conselho de Sentença. O magistrado togado não poderia tomar parte em um órgão meramente político, sem qualquer vínculo com o Judiciário, o que é vedado não somente pela Constituição, mas também pela Lei Orgânica da Magistratura nacional; b) o art. 78, I, do CPP determina que “no concurso entre a competência do Júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do Júri”, vindo a demonstrar que se trata de órgão do Judiciário; c) o art. 593, III, d, do CPP, prevê a possibilidade de recurso contra as decisões proferidas pelo Júri ao Tribunal de Justiça, não tendo qualquer cabimento considerar que um “órgão político” pudesse ter suas decisões revistas, em grau de apelação, por um órgão judiciário; c) a inserção do Júri no capítulo dos direitos e garantias individuais atende muito mais à vontade política do constituinte originário de considera-lo cláusula pétrea do que a finalidade de excluí-lo do Poder Judiciário; d) a Constituição Estadual de São Paulo, como a de outros Estados da Federação, prevê, taxativamente, ser ele órgão do Judiciário (art. 54, III) (NUCCI, 2012, p. 45).
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO JÚRI
 
A Constituição Federal, no Art. 5.°, XXXVIII, tratou de enumerar os princípios fundamentais que informam a instituição do Júri. Senão vejamos:
A PLENITUDE DE DEFESA: A Constituição da República assegura ao acusado submetido ao julgamento pelo Júri a plenitude de defesa e, não somente a ampla defesa. Assim, surge a perplexidade, pois, realmente existe diferença entre plenitude de defesa e ampla defesa? A primeira é uma defesa plena, completa, absoluta, enquanto que, a segunda é apenas vasta e abrangente. Percebe-se que o constituinte originário quis estabelecer um nível maior de defesa no âmbito do Tribunal do Júri, tendo em vista que os julgadores, os jurados, são juízes de fato. A manifestação do princípio da plenitude de defesa, não decorre, apenas, da participação no sorteio dos jurados, direito também conferido à acusação, mas na possibilidade do defensor utilizar tudo o que for possível para realizar a defesa técnica. Assim sendo, não precisa ficar restrito aos argumentos meramente jurídicos, mas, além disso, poderá utilizar argumentos metajurídicos, sociais, filosóficos, políticos, psicológicos, religiosos etc. O defensor deverá procurar demonstrar aos jurados, todas as teses de defesa possíveis. Nesse sentido, é interessante o disposto no Art. 497, inciso V do Código de Processo Penal, pois constitui atribuição do juiz presidente a nomeação de defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, inclusive, dissolver o Conselho de sentença e designar novo dia para o julgamento, com a nomeação de novo defensor (NUCCI, 2012, p. 28/32).
O SIGILO DAS VOTAÇÕES: O veredicto dos jurados decorre das respostas dadas aos quesitos formulados pelo juiz presidente na sala especial. A votação será realizada na denominada sala especial (vide Art. 485, caput, do Código de Processo Penal), recebendo cada jurado pequenas cédulas feitas de papel opaco, contendo umas a palavra "SIM" e outras a palavra "NÃO", com o escopo de, secretamente serem recolhidos os votos (Art. 486 do CPP). Durante a resposta aos quesitos, o oficial de justiça recolherá, em urnas separadas, as cédulas relativas aos votos e as que não forem utilizadas (Art. 487 do CPP) (BONFIM, 2012, p. 610). Ademais, conforme o disposto no Art. 489 do Código de Processo Penal brasileiro a contagem dos votos será realizada por MAIORIA DE VOTOS. Portanto, computando 4 (quatro) votos (SIM ou NÃO), a decisão será finalizada passando, então, para o próximo quesito, se possível, ou finalizando a votação. Nesse sentido, a Constituição no Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “b”, faz referência ao sigilo das votações (NUCCI, 2012, p. 32/34).
A SOBERANIA DOS VEREDICTOS: A soberania dos veredictos está prevista no Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea "c" da Constituição da República e caracteriza-se na manutenção da decisão dos juradosacerca dos elementos que integram o delito, que  não poderá ser substituída em grau de recurso. Todavia, não obstaculiza, porém, conforme entendimento doutrinário majoritário, que o Tribunal, julgando a decisão manifestamente contrária à prova dos autos, determine seja o réu submetido a novo Júri (vide Art. 593, inciso III, alínea “d” e § 3º do CPP). Ademais, não impede a possibilidade jurídica de impugnação por meio de revisão criminal (vide Art. 621 do CPP).
A COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA: O Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea "d"  trata da competência mínima do Júri, não podendo a legislação infraconstitucional retirar do Tribunal do Júri a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Nada impede, entretanto que o legislador amplie essa competência, inserindo outras infrações penais reputadas graves. Não se trata de competência exclusiva, cabendo ao Tribunal do Júri julgar outros crimes, desde que haja conexão ou continência com algum crime doloso contra a vida. São crimes dolosos contra a vida, portanto sujeitos ao julgamento pelo Tribunal do Júri nos termos do Art. 74 § 1.° do Código de Processo Penal:
 
-  HOMICÍDIO DOLOSO, SIMPLES, MAJORADO, PRIVILEGIADO OU QUALIFICADO (Art. 121 do Código Penal);
-  INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (Art. 122 do Código Penal);
-  INFANTICÍDIO (Art. 123 do Código penal);
-  ABORTO, EM TODAS AS SUAS MODALIDADES (Arts. 124, 125, 126 e 127 todos do Código Penal).
 
A competência do Júri abrange tanto os delitos consumados quanto os tentados. A Súmula 603 do Supremo Tribunal Federal dispõe que “a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri”. Os crimes conexos, conforme previsão do Art. 78, inciso I do Código de Processo Penal, também são julgados pelo Tribunal do Júri (exemplo: homicídio qualificado e ocultação de cadáver, Art. 211 do Código Penal).
Ademais, acresça-se que o Genocídio, cujas maneiras de execução equivalem a delitos dolosos contra a vida (vide Art. 1º, alienas “a” e “d”, da Lei 2.889 de 1956), pode ser julgado no âmbito do Tribunal do Júri, como crime conexo. Portanto, em regra, o genocídio é da competência da justiça comum, salvo, quando nas hipóteses retro mencionadas, em que será considerado crime conexo aos dolosos contra a vida.
É importantísismo ressaltar que não é porque o genocídio é um crime contra a humanidade (vide Arts. 5º e 6º, alínea "a" do Decreto nº 4.388 de 2002, que estatuiu o Tribunal Penal Internacional), visando o agente à destruição do grupo, que a competência para seu processamento será exclusiva do Tribunal do Júri.  A competência para processar e julgar o crime de genocídio poderá ser da justiça federal. Isto ocorrerá em duas hipóteses. A primeira hipótese se dá com base no Art. 109, V-A, c/c § 5.° do mesmo artigo, todos da Consituição Federal, em que, no caso de grave violação aos direitos humanos, o procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, o deslocamento  da competência da justiça federal. A segunda hipótese se dá quando o genocídio é praticado contra comunidade indígena, em que, segundo o Art. 109, inciso XI da Constituição da República, a competência também é da justiça federal. Foi o que aconteceu, no caso denominado “massacre de Haximu”, em que vários índios Yanomâmis foram mortos por garimpeiros, os agentes foram processados e julgados pelo juízo monocrático federal, aliás, o STF validou esse entendimento (ANDREUCCI, 2009, p. 302).  
Nesse sentido, é interessante a pesquisa referente ao RECURSO EXTRAORDINÁRIO nº 351.487-3/2006, RORAIMA, de Relatoria do Ministro Cezar Peluso, cuja ementa é a seguinte:
 
EMENTAS: 1. CRIME. Genocídio. Definição legal. Bem jurídico protegido. Tutela penal da existência do grupo racial, étnico, nacional ou religioso, a que pertence a pessoa ou pessoas imediatamente lesionadas. Delito de caráter coletivo ou transindividual. Crime contra a diversidade humana como tal. Consumação mediante ações que, lesivas à vida, integridade física, liberdade de locomoção e a outros bens jurídicos individuais, constituem modalidade executórias. Inteligência do art. 1º da Lei nº 2.889/56, e do art. 2º da Convenção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto nº 30.822/52. O tipo penal do delito de genocídio protege, em todas as suas modalidades, bem jurídico coletivo ou transindividual, figurado na existência do grupo racial, étnico ou religioso, a qual é posta em risco por ações que podem também ser ofensivas a bens jurídicos individuais, como o direito à vida, a integridade física ou mental, a liberdade de locomoção etc.. 2. CONCURSO DE CRIMES. Genocídio. Crime unitário. Delito praticado mediante execução de doze homicídios como crime continuado. Concurso aparente de normas. Não caracterização. Caso de concurso formal. Penas cumulativas. Ações criminosas resultantes de desígnios autônomos. Submissão teórica ao art. 70, caput, segunda parte, do Código Penal. Condenação dos réus apenas pelo delito de genocídio. Recurso exclusivo da defesa. Impossibilidade de reformatio in peius. Não podem os réus, que cometeram, em concurso formal, na execução do delito de genocídio, doze homicídios, receber a pena destes além da pena daquele, no âmbito de recurso exclusivo da defesa. 3. COMPETÊNCIA CRIMINAL. Ação penal. Conexão. Concurso formal entre genocídio e homicídios dolosos agravados. Feito da competência da Justiça Federal. Julgamento cometido, em tese, ao tribunal do júri. Inteligência do art. 5º, XXXVIII, da CF, e art. 78, I, cc. art. 74, § 1º, do Código de Processo Penal. Condenação exclusiva pelo delito de genocídio, no juízo federal monocrático. Recurso exclusivo da defesa. Improvimento. Compete ao tribunal do júri da Justiça Federal julgar os delitos de genocídio e de homicídio ou homicídios dolosos que constituíram modalidade de sua execução.
 
Ademais, se a pessoa tiver foro por prerrogativa de função definida na Constituição Federal, segundo o entendimento majoritário, deverá ser processada e julgada pelo Tribunal a que estiver subordinada. É que a Constituição, pode excepcionar a si mesma (TOURINHO FILHO, 2009, p. 717).
 
PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI
 
O procedimento especial do Tribunal do Júri é bifásico, compreendendo uma fase preliminar, preparatória, seguida de uma fase definitiva.
A fase preparatória volta-se ao julgamento da denúncia, resultando em um juízo de admissibilidade da acusação, também denominada JUDICIUM ACCUSATIONIS ou juízo da acusação. Esta primeira fase tem como marco inicial o recebimento da denúncia e termina com a decisão de pronúncia.
 A fase definitiva, em contrapartida, tem por finalidade o julgamento da causa, transferindo aos jurados (juízes de fato) o exame da procedência, ou improcedência, da pretensão acusatória. Esta fase é denominada de JUDICIUM CAUSAE, e inicia-se com a preclusão da decisão de pronúncia e termina, após as alegações orais, com a votação do questionário e a prolação da sentença (BONFIM, 2012, p. 615). 
 
Primeira Fase  "Judicium Accusationis"
 
A primeira fase do procedimento bifásico do Tribunal do Júri tem início com o recebimento da denúncia ou da queixa-crime subsidiária, terminando no momento em que preclui a de decisão interlocutória de pronúncia.
 
1°) Inicia-se o procedimento com o oferecimento da DENÚNCIA ou da QUEIXA-CRIME (esta ultima somente na hipótese do Art. 29 do Código de Processo Penal). Oferecida a denúncia ou queixa-crime subsidiária, o Juiz poderá rejeitá-la com base no Art. 395 do Código de Processo Penal. 
2°) Recebida a denúncia ou a queixa-crime, o Juiz determinará a CITAÇÃO do acusado, concedendo-lhe o prazo de 10 (dez) dias para apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO (vide Art. 406 do CPP). 
3°) Na resposta à acusação, poderão ser argüidas questões preliminares (levantamento de eventuais vícios ou falhas processuais até então ocorridas), bem como possiblitaa lei a juntada de documentos e justificações (excludentes de ilicitude), deve ainda, a defesa especificar as provas pretendidas e arrolar até 8 (oito) testemunhas.
4°) Se forem opostas exceções: incidentes processuais que não suspendem, em regra, o andamento da ação principal, serão processados em apartado, na forma prevista nos Arts. 95 a 112 do Código de Processo Penal (vide Art. 407 do CPP).
5°) Regularmente citado o acusado e não oferecida a resposta no prazo, o magistrado nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos (vide Art. 408 do CPP).
6°) Em obediência ao princípio constitucional do contraditório, o magistrado, oferecida a resposta, dará oportunidade para o Parquet ou querelante manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias, se argüidas preliminares ou juntados documentos, é o que a doutrina vem denominado de réplica (vide Art. 409 do CPP). A realização das diligências requeridas e a oitiva das testemunhas deverão ser realizadas no prazo máximo de 10 (dez) dias (Art. 410 do CPP).
7°) Após , o Juiz designará AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO, (vide Art. 411 do CPP). Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, no caso de estar vivo, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem. Haverá ainda os esclarecimentos dos peritos, que dependerão de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz (Art. 411, § 1° do CPP). Proceder-se-á às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas , interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se aos debate. 
8°) Ao término da instrução, se for o caso, será observado o disposto no Art. 384 do Código de Processo Penal (vide Art. 411, § 3° do CPP). Trata-se da possibilidade da denominada mutatio libelli. 
9°) Não sendo hipótese de mutatio libelli, ocorreram os  debates orais. À acusação e à defesa será oportunizado  o tempo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez) minutos para realizarem suas alegações orais (vide Art. 411, § 4° do Código de Processo Penal). Na hipótese de mais de um acusado, o tempo dos debates será individual para cada um, ou seja, a acusação e a defesa terão 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez) minutos, para apresentarem suas pretensões em relação a cada acusado (Art. 411, § 5° do CPP). O assistente de acusação terá a palavra por 10 (dez) minutos, após o Parquet, prorrogando-se por igual período o tempo de defesa (Art. 411, § 6° do CPP).
10°) Encerrados os debates orais, o juiz decidirá na própria audiência ou no prazo de 10 (dez) dias (vide Art. 411, § 9° do CPP). Assim, Caberá ao juiz, ao final, proferir uma entre as seguintes decisões possíveis:
 
A – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE PRONÚNCIA (Art. 413 do CPP)
A Pronúncia é a decisão interlocutória mista, que julga admissível a acusação, remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri. Conforme o disposto no Art. 413 do Código de Processo Penal, o juiz, de maneira fundamentada, pronunciará o acusado quando houver indícios de autoria e prova da materialidade delitiva.
Para as correntes doutrinárias e jurisprudenciais majoritárias, prevalece, nesta fase, o princípio do "in dubio pro societate", ou seja, na dúvida o juiz poderá pronunciar o acusado remetendo o julgamento ao Tribunal do Júri. 
O Art. 413 § 1º do Código de Processo Penal determina que a fundamentação da pronúncia deverá ser limitada à indicação da materialidade, bem como dos indícios suficientes de autoria ou de participação, especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. No entanto, o Art. 7º do Decreto-Lei nº 3.931/19941, a Lei de Introdução ao Código de Processo Penal, dispõe que não se insere na decisão de pronúncia qualquer causa de diminuição especial de pena, pois viloaria o princípio da plenitude de defesa limitando as teses dos defensores (NUCCI, 2013, p. 763). 
Da decisão de pronúncia caberá recurso em sentido estrito (vide Art. 581, inciso IV do CPP). 
 
B – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE  IMPRONÚNCIA (Art. 414 do CPP)
A impronúncia é a decisão interlocutória na qual o magistrado encerra a primeira fase do processo, deixando de dar início ao julgamento em plenário do Júri, haja vista que pode inexistir prova da materialidade delitiva, bem como ausência de indícios suficientes de autoria. Assim, conforme Art. 414 do Código de Processo Penal o magistrado deverá impronunciar o acusado. 
No entanto, se surgirem novas provas outro processo penal pode ser instalado, salvo se ocorreu a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva.  
Da decisão de impronúncia caberá recurso de apelação (vide Art. 416 do CPP). 
              
C – SENTENÇA DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (Art. 415 do CPP)
O Art. 415, incisos I a IV do Código de Processo Penal prevê, expressamente, hipóteses de absolvição sumária. Assim, o juiz poderá absolver sumariamente o acusado se constatar alguma das hipóteses previstas: I - estiver provada a inexistência do fato; II - estiver provado não ser o réu o autor ou partícipe do crime; III - o fato narrado evidentemente não constituir infração penal; IV ficar demonstrada alguma excludente de ilicitude ou dirimente de culpabilidade, ressalvado, neste último caso, a da inimputabilidade penal.
O Art. 415, parágrafo único, do Código de Processo Penal determina que o juiz não pode absolver sumariamente o acusado em caso de inimputabilidade penal, se a defesa aventou outras teses. Por exemplo, ainda que o acusado seja ininmputável, o juiz não poderá absolvê-lo e aplicar-lhe medida de segurança (vide Arts. 96 a 99 do Código Penal) se apresentou a tese da legítima defesa, haja vista que poderá sustentá-la para os jurados.
Da decisão de absolvição sumária caberá recurso de apelação (vide Art. 416 do CPP). 
               
D – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DE DESCLASSIFICAÇÃO (Art. 419 do CPP)
A decisão de desclassificação remete o julgamento da causa ao juízo competente quando o juiz depreender da existência de crime diverso dos dolosos contra a vida, consumados ou tentados (vide Art. 74 § 1º do CPP). Assim, nessa situação remeterá os autos do processo ao juiz competente (vide Art. 419 do CPP).
Da decisão de desclassificação caberá recurso em sentido estrito (vide Art. 581, inciso II do CPP). 
 
Preparação do Processo para Julgamento em Plenário
 
1°) Recebidos os autos, o juiz presidente determinará que se intimem o Ministério Público ou o querelante e o defensor para, em 5 (cinco) dias, oferecerem o rol de testemunhas, no máximo 5 (cinco), que deporão em plenário do Júri, podendo ser juntados documentos e requerer diligências (Art. 422, CPP).
2°) Em seguida, após as manifestações, o juiz delibera acerca de quais provas serão produzidas de imediato e quais ficarão para o plenário. Promoverá as diligências necessárias para sanar qualquer falha ou vício até então ocorridos. Buscará esclarecer fato interessante à busca da verdade real. Cabe ao juiz sanar qualquer nulidade antes da ocorrência do julgamento em plenário, justamente na fase de preparação da sessão do Tribunal do Júri (art. 423, caput e inciso I). 
3°) Posteriormente, deve o magistrado elaborar, por escrito, o relatório do processo, que será entregue, por cópia, a cada um dos jurados componentes do Conselho de Sentença (art. 423, II, CPP).
4°) Caso a lei de organização judiciária não atribua ao juiz presidente o preparo do processo para julgamento, o juiz competente lhe remeterá o feito devidamente preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteio dos 25 (vinte e cinco)  jurados para a reunião periódica ou extraordinária (Art. 424, caput, do CPP). Aliás, os processos preparados até o encerramento da reunião deverão ser remetidos para a realização do julgamento (Art. 424, parágrafo único, do CPP).
5°) Regularizado o feito, o juiz designará data para julgamento no Plenário, e determina a intimação do representante do Ministério Público, do querelante, se houver, do assistente da acusação, se existir, do réu e seu defensor. Lembrar, ainda, que a inquirição do ofendido, se viável, deveser providenciada, assim como dos peritos, se solicitado pelas partes (Art. 431, CPP). Salvo motivo relevante, na ordem de julgamento dos processos terão preferência (art. 429): I – os réus presos; II – dentre os presos, os mais antigos na prisão; III – em igualdade de condições, os que tiverem sido pronunciados há mais tempo. 
6°) O órgão do Tribunal do Júri é composto de um Juiz de Direito, que é seu presidente, e de 25 (vinte e cinco) jurados, que se sortearão dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento (Art. 447 do CPP).  Os Arts. 432 e 433 do Código de Processo Penal determina que o procedimento desse sorteio será realizado após a organização da pauta de julgamentos (Arts. 429 a 431 do CPP). Assim, o juiz determinará a intimação do Ministério Público, da OAB e da Defensoria Pública para acompanharem o sorteio.
7º) A audiência de sorteio não será adiada em face da ausência de comparecimento e ocorrerá entre o 15° e o 10° dias úteis anteriores à instalação da Reunião. No dia e hora designados, serão sorteados 25 jurados, da lista geral de alistamento organizada anualmente, que deverão servir na sessão (Art. 433, caput, CPP). Exigi-se que o sorteio seja feito a portas abertas, cabendo ao juiz presidente retirar da urna geral as cédulas com os nomes dos jurados. Essas cédulas serão, então, recolhidas a outra urna, que ficará sob responsabilidade do magistrado. Expede-se edital convocatório, onde constará a data em que o Júri se reunirá, bem como o nome dos jurados sorteados, afixando-se à porta do fórum (Art. 435, do CPP). Após, serão os jurados devidamente intimados para o comparecimento à sessão de julgamento pelo correio ou por qualquer outro meio hábil (por exemplo, por telefone), conforme dispõe o Art. 434 do Código de Processo Penal.
8º) Nesta fase é possível que ocorra o DESAFORAMENTO. Trata-se de decisão que altera a competência fixada pelo lugar da infração penal (vide Art. 69, inciso I c/c Art. 70, ambos do CPP). O desaforamento poderá ocorrer nas hipóteses previstas nos Arts. 427 a 428, ambos do Código de Processo Penal, em quatro situações: a) se o interesse da ordem pública reclamar; b) se houver dúvida sobre a imparcialidade do Júri; c) para garantir a segurança pessoal do acusado; e d) se o julgamento não se realizar no período de seis meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia desde que para a demora não tenha contribuído a própria defesa. Com efeito, deferida a alteração da competência, o processo será remetido para outra comarca, para o julgamento por outro Tribunal do Júri. 
 
Segunda fase "Judicium causae" 
JULGAMENTO EM PLENÁRIO
             
O julgamento no Plenário do Tribunal do Júri, aqui no Brasil, é próximo do que se vê nos filmes estadunidenses. Debates acalorados entre a acusação e a defesa, pessoas comuns decidindo o futuro do réu e um juiz responsável para lavrar a sentença, tudo permeado por uma verdadeira guerra de nervos. Ademais, assim como nos filmes, o ponto culminante do julgamento é o debate entre a acusação e a defesa. Como precisam convencer pessoas comuns, de suas versões do fato, eles costumam utilizar de uma dialética com forte apelo emocional.
Por força do princípio da publicidade dos atos processuais, previsto nos Arts. 5º, inciso LX e 93, inciso IX, ambos da Constituição Federal, bem como no Art. 792 do Código de Processo Penal qualquer pessoa, em regra, pode assistir o julgamento. Em geral, o Plenário é ocupado por parentes do réu e da vítima, jornalistas e estudantes de direito.
O funcionamento do Tribunal do Júri obedece à lei de organização judiciária de cada Estado (Art. 453 do CPP). O plenário é o local onde será julgado o acusado. O Tribunal é composto pelo juiz togado, que o preside, e por 25 (vinte e cinco) jurados sorteados para a sessão. Há, na realidade, 26 (vinte e seis) pessoas envolvidas no julgamento (um juiz de direito e 25 juízes leigos), dos quais, em uma segunda etapa, atinge-se o número de 8 (oito) (um juiz presidente e 7 sete jurados). Por outro lado, para validamente começar seus trabalhos, devem reunir-se, pelo menos, 16 (dezesseis) pessoas (um juiz togado e 15 (quinze) jurados). Portanto, pode-se dizer que há o Tribunal do Júri pleno (26 pessoas), e o Tribunal do Júri mínimo (16 pessoas) e o Tribunal do Júri constituído para o julgamento (8 pessoas) (vide Arts. 447 a 452 do CPP).
É importante salientar que o ALISTAMENTO DOS JURADOS está regulado no Art. 425 do Código de Processo Penal. Ademais, os Arts. 432 a 435 do Código regulamentam os sorteios e convocações dos JURADOS. A relevante função de JURADO está regulada nos Arts. 436 a 446 do Código de Processo Penal.
Por conseguinte, é importante conhecer o fluxograma do procedimento realizado no plenário do Tribunal do Júri. Senão vejamos:
1°) Até o momento do início da sessão, o juiz presidente decidirá sobre os casos de isenção e dispensa de jurados, bem como pedidos de adiamento do julgamento, fazendo consignar todas as deliberações em ata (Art. 454 do CPP);
2°) Verificação do comparecimento das partes, (Arts. 455 a 461 do CPP). A falta de qualquer testemunha não será motivo para adiamento, salvo se postulada sua intimação por mandado e arrolada em caráter de imprescindibilidade (Arts 422 e 461 do CPP). Se não for encontrada no local indicado, proceder-se-á ao julgamento. Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz suspenderá os trabalhos a fim de que seja trazida, ou adiará o julgamento para o primeiro dia útil desimpedido, ordenando sua condução coercitiva.
3°) É necessário a colocação das testemunhas de acusação e defesa em salas próximas, permanecendo incomunicáveis (Art. 460 do CPP). 
4°) Conforme o Art. 462 do Código de Processo Penal após a realização das diligências previstas nos Arts. 454 a 461 do CPP, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas com os nomes dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão lhes faça a chamada. 
5º) Assim, contadas as cédulas e feita a chamada para atestar, publicamente, estarem os jurados no local, torna-se a colocá-las na urna, que é devidamente fechada. À proporção que forem proferidos seus nomes, cada jurado, deverá responder presente. O juiz, então, anuncia que está instalada a sessão, determinando ao oficial que faça o pregão (Art. 463, §1° do CPP), o pregão é o anúncio do processo a ser julgado, com a identificação do acusado e do suposto crime praticado.
6°) Ainda antes do sorteio do Conselho de Sentença, o juiz advertirá os jurados presentes dos impedimentos e das suspeições (Art. 466 do CPP), para que, se for o caso, quando chamado, o sorteado decline afirmando a sua situação de incompatibilidade. Ademais, o juiz-presidente deverá advertir os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si, nem manifestar sua opinião sobre as coisas do processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2° do Art. 436 do Código de Processo Penal.          
7°) Procede-se, então, ao sorteio do Conselho de Sentença (Art. 467 do CPP). Verificado que a urna contém as cédulas pertinentes aos jurados presentes e após as advertências acima referidas, o juiz passa a realizar ao sorteio dos 7 (sete) jurados que deverão integrar o Conselho de Sentença. Nessa oportunidade, à proporção que os nomes forem sendo sorteados e lidos em voz alta (Art. 468 do CPP), a Defesa e, depois dela, a Acusação poderão recusar até 3 (três) jurados, sem dar os motivos da recusa. São chamadas recusas imotivadas ou peremptórias. Ademais, é possível a recusa em virtude de impedimentos e suspeições.  Haverá separação do julgamento apenas, se, em virtude das recusas, não for atingido o número de 7 (sete) jurados para completar o Conselho de Sentença (art. 469 §1° do CPP), é o chamado “estouro da urna” (Art. 471 do CPP).
8°) Diante disso deve ser realizado o juramento solene. Sorteados os 7 (sete) jurados e formado o Conselho de Sentença o juiz presidente deverá proferir a seguinte exortação: “ Em nome da lei, concito-vos a examinaresta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça” (vide Art. 472 do CPP). Em seguida, procederá à chamada nominal de cada jurado, que responderá: “ Assim o prometo”.
9°) Dispõe o Art. 472, parágrafo único, do CPP: “O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo”.
10°) Prestado o compromisso terá início a INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. Assim, será ouvido o ofendido, se possível, quando o juiz presidente, o Parquet, o assistente de acusação, o querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido.
11º) Logo em seguida serão inquiridas as testemunhas arroladas pela acusação. A inquirição será direta e sucessiva, na seguinte ordem: juiz, acusador, assistente e advogado do acusado (Art. 473, caput, do CPP). Após e do mesmo modo serão inquiridas as testemunhas de defesa pelo juiz, pelo advogado, pelo Parquet e pelo assistente de acusação (Art. 473, §1° do CPP). Os jurados poderão fazer perguntas à vítima e às testemunhas, mas sempre por intermédio do juiz presidente, de forma indireta (Art. 473, §2° do CPP).
12°) Se necessário podem ser realizadas acareações, reconhecimentos de pessoas e coisas, bem como esclarecimentos dos peritos ou leitura de peças (Art. 473, §3° do CPP).
13º) Por fim, será realizado o INTERROGATÓRIO DO ACUSADO. O interrogatório deverá observar o disposto nos Arts. 185 a 196 do CPP (vide Art. 474 e 475 do CPP). Os jurados, também, tem direito de fazer perguntas ao acusado. Os sujeitos processuais podem perguntar diretamente (vide Art. 212 do CPP). No entanto, os jurados indagaram por intermédio do juiz presidente (vide Art. 474, § 2º do CPP).
14º) Encerrada a instrução em plenário iniciará a realização dos DEBATES ORAIS.
15º) Preliminarmente, O Ministério Público deverá realizar a acusação nos termos da decisão de pronúncia. O Promotor de Justiça terá o tempo regulamentar de 1 hora e 30 minutos para manifestações horais (2 horas e 30 minituos, em caso de 2 (dois) ou mais acusados) (vide Art. 476, caput e §§ 1° e 2° do CPP)
16°) Terminada a acusação terá a palavra a Defesa do acusado, pelo mesmo tempo (Art. 476, §3° do CPP). O defensor deverá, necessariamente, opor resistência à acusação, sob pena de nulidade do julgamento. Se o magistrado perceber que o defensor está intentando a condenação em processo impróprio a isso, deixando o acusado manifestamente indefeso, deve dissolver o Conselho de Sentença, colocando na ata as razões, designando nova data para o julgamento (vide Art. 497, inciso V do CPP).
17°) Encerradas as alegações orais da defesa o juiz presidente concederá ao Ministério Público a oportunidade de RÉPLICA. Se a resposta for positiva, passa-lhe a palavra por 1 (uma) hora para a acusação, se houver mais de um réu 2 (duas) horas (Art. 477, caput, CPP). Se não desejar, cessam os debates;
18º) Após a réplica, cabe ao defensor manifestar-se em TRÉPLICA, por 1 (uma) hora, havendo mais de um réu 2 (duas) horas. Admite-se a reinquirição de qualquer das testemunhas já ouvidas em plenário (Art. 476, §4° do CPP). É fundamental que elas estejam aguardando e não tenham sido dispensadas. Essa nova inquirição deve ser realizada dentro do tempo da parte que assim deseje. Não poderá haver tréplica sem a réplica, e esse é o atual entendimento majoritário. A defesa pode inovar na tréplica de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. 
 
O Direito ao Aparte
 
Poderão as partes fazer uso de apartes, desde que sejam breves e não tenham por fim tumultuar o julgamento em plenário. Aparte é, a intervenção da acusação durante a manifestação da defesa, ou a interferência desta durante a fala do Promotor. Nos termos do Art. 497, XII, do Código de Processo Penal caberá ao juiz presidente “regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a outra estiver com a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo das partes”.
Dois são os tipos de apartes existentes no Tribunal do Júri: a) o aparte livre, que consiste em uma concessão do orador que estiver fazendo uso da palavra; b) o aparte regulamentado pelo Art. 497, XII, do CPP, que decorre de um requerimento dirigido ao juiz-presidente, pelo apartante.
          
Restrições impostas às partes
 
Existem certas restrições impostas à acusação, bem como à defesa. Nesse sentido determina o  Art. 478, do CPP, in verbis: “Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências”:
 
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgam admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumentação de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado;
II – ao silêncio do acusado ou à ausência, de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo.
 
Ademais, para não ocorrer inovação na produção de provas, surpreendendo qualquer das partes, preceitua o Art. 479 do CPP, in verbis: “Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte”. Aliás, o parágrafo único, do mesmo dispositivo determina que: “Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados”.
O Art. 480 do CPP, dispõe in verbis: “A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado".
 
19°) Concluídos os debates, o juiz presidente indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos (vide Art. 480, § 1° do CPP).
20°) A seguir, o juiz presidente lerá os quesitos e indagará das partes se têm requerimentos ou reclamações a fazer, devendo qualquer deles, bem como a decisão, constar da ata (Art. 484, CPP). Ademais, ainda em plenário, o Juiz presidente explicará aos jurados o significado de cada quesito. A leitura e explicação dos quesitos, segundo o Art. 484 do CPP, devem ser feitos em plenário, na presença do público.
    
Quesitos
O Art. 482 do Código de Processo Penal estabelece que serão os jurados questionados sobre matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido.  A ordem da seqüência dos quesitos está regulada no Art. 483 do Código de Processo Penal:
 I – quesito sobre a materialidade do fato;
 II – quesito sobre a autoria ou participação;
 III – quesito se o acusado deve ser absolvido;
 IV – quesito sobre causas de diminuição de pena alegadas pela defesa;
 V – quesitos acerca de circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em posteriores decisões que julgaram admissível a acusação.
        
21°) Se os jurados estiverem habilitados a julgar, após a leitura e explicação dos quesitos em plenário, serão convidados a acompanhar o juiz presidente e as partes (exceto o próprio acusado) à SALA ESPECIAL (denominada também de “sala secreta”).  Não havendo sala especial, o público deverá se retirar do plenário (Art. 485, caput, e §1° do CPP). 
22°) Na sala especial será realizada a VOTAÇÃO, nesta ocasisão os jurados recebem pequenas cédulas de papel opaco, contendo umas a palavra SIM e outras a palavra NÃO, para que, respeitado o princípio constitucional do sigilo das votações, possam proferir seus votos (vide Art. 486 do CPP). 
23°) O juiz dá por iniciado os trabalhos, colocando em votação o primeiro quesito, cabendo-lhe  sempre, com tranqüilidade, aguardar que todos estejam prontos para depositar o voto. Assim, faz a leitura do quesito emvoz alta e indaga se estão preparados a votar, concedendo tempo suficiente aos jurados para escolherem a cédula correta, correspondente ao voto desejado, a fim de colocar na urna. A primeira urna que passa, no sentido anti-horário, conduzida pelo oficial de justiça, começa a recolher os votos válidos, a partir do primeiro jurado (levando-se em conta o que foi sorteado e aceito em primeiro lugar e assim sucessivamente), passando, após, ao segundo, terceiro, quarto, quinto, sexo, sétimo. Quando termina e entrega a urna de carga ao juiz, determina este que outro oficial, no sentido horário, começando do sétimo jurado, até o primeiro, recolha os votos de descarga (Art. 487 do CPP).
24°) Se mais de 3 (três) jurados responderam negativamente a qualquer um dos quesitos referentes à materialidade ou autoria delitiva, a votação será encerrada, sendo o acusado absolvido (vide Art. 483, §1° do CPP). Por outro lado, se mais de 3 (três) jurados responderem afirmativamente a tais quesitos, será formulado outro quesito com a seguinte redação: “O jurado absolve o acusado?” (vide Art. 483, §2° do CPP). Caso haja condenação, com a resposta negativa a este quesito, o julgamento prossegue.  As decisões do Júri serão tomadas por maioria de votos (vide Art. 489 do CPP). Terminada a votação, o termo será assinado pelo juiz, pelos jurados e pelas partes (Art. 491 do CPP);
25°) Dispõe o Art. 483, §3° do Código de Processo Penal: “decidindo os jurados pela condenação prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; II – Circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgam admissível a acusação”.
26°) Havendo crime tentado ou divergência a respeito da tipificação do delito, sendo este também doloso contra a vida e, portanto, da competência do Júri, haverá quesitos sobre estes fatos, a serem respondidos após o segundo quesito (Art. 483, §5° do CPP).
27°) Sustentada a desclassificação do crime para outro de competência do juízo singular, será formulado quesito a esse respeito, a ser respondido após o segundo ou terceiro, conforme o caso (Art.483, §4° do CPP). 
28°) SENTENÇA. Terminada a votação e assinado o respectivo termo, o juiz presidente lavrará sentença que deverá ser fundamentada, salvo quanto às conclusões que resultarem das respostas ao quesitos. A sentença está regulada no Art. 492, I e II do Código de Processo Penal.        .
29°) A sentença será lida em plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instrução e julgamento (vide Art. 493 do CPP). 
30°) Ata do julgamento. De cada sessão de julgamento será lavrada ata, que descreverá fielmente todas as ocorrências e incidentes. A ata é regulamentada pelos Arts. 494, 495, 496, todos do Código de Processo Penal. Nela constarão todos os elementos descritos no Art. 495 do Código de Processo Penal, incluindo-se outras formalidades essenciais ao julgamento. Será assinada pelo juiz e pelas partes, adquirindo nesse ato sua autenticidade.
 
Atribuições do Juiz Presidente
 
O Art. 497 do Código de Processo Penal regulamenta, expressamente, as atribuições do juiz presidente no Plenário do Tribunal do Júri. Senão vejamos:
I – regular a polícia das sessões e prender os desobedientes;
II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva autoridade;
III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de linguagem ou mediante requerimentos de uma das partes;
IV – resolver as questões incidentes que não dependam de pronunciamento do júri;
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor;
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença;
VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à realização das diligências requeridas ou entendidas necessárias, mantida a incomunicabilidade dos jurados;
VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir sentença e para repouso ou refeição dos jurados;
IX – decidir, de ofício, ouvidos o MP e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a argüição de extinção de punibilidade;
X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do julgamento;
XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade;
XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a outra estiver com a palavra, podendo conceder até 3 minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo desta última.
 
            
              
Letra d – LESÃO CORPORAL QUALIFICADA PELA MORTE
Não é competência do tribunal do júri
Letra A
Não foi observado o procedimento ordinário 
Alternativa B
Letra A
l

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