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DIREITO PENAL I

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Introdução ao Direito
Penal
Conceito de Direito Penal
CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS
O delito ocorre em todas as sociedades
constituídas pelo ser humano, conforme
preceitua Durkheim. Pelo fato das relações
humanas serem contaminadas pela violência,
são necessárias normas que as regulem.
Assim, o fato social que contrariar o
ordenamento jurídico constitui um ilícito
jurídico, sendo o ilícito penal a modalidade
mais grave, já que ele atinge bens
considerados importantes pelos membros da
sociedade.
O direito penal surge quando as infrações aos
direitos e aos interesses dos indivíduos não
conseguem ser resolvidos pelos outros meios
de controle social.
CONCEITO DE DIREITO PENAL
O direito penal é um conjunto de normas,
princípios e valorações. Por um lado, ele é
conjunto de normas jurídicas que determina
quais são as infrações de natureza penal e
suas correspondentes sanções (penas e
medidas de segurança). Por outro lado,
também é um conjunto de valorações e de
princípios que orientam a aplicação e a
interpretação das normas penais.
Direito penal é tanto um (i) conjunto de leis
penais (legislação penal) quanto um (ii)
sistema de interpretação penal.
Pode-se dizer, também, que o direito penal é
um conjunto de normas jurídicas que vão
regular o exercício do poder punitivo do
Estado, sendo o delito um pressuposto e a
pena uma consequência.
caracteres Do DIREITO PENAL
O direito penal é um meio de controle social
altamente formalizado, sendo exercido
exclusivamente pelo Estado. Assim, o direito
penal só acontece se observadas as normas
preestabelecidas, legisladas conforme um
sistema democrático. Dessa forma, os bens
protegidos não são de interesse apenas da
vítima, mas da sociedade como um todo, já
que quem pode punir é apenas o Estado. O
Estado é o detentor da ius puniendi.
O direito penal é fragmentado, ele representa
a ultima ratio, ou seja, deve ser usado como
última alternativa do sistema para proteger
bens e interesses de maior importância.
O direito penal, quanto à forma, se caracteriza
pela imposição de sanções específicas (penas
e medidas de segurança) como resposta aos
conflitos,
Quanto à finalidade, o direito penal tem o
objetivo de produzir efeitos não só sob quem
delinque, mas também para toda a
sociedade. Primeiramente, o direito penal tem
finalidade preventiva genérica, ou seja,
procura motivar a sociedade em geral a evitar
a prática do crime, por meio da criação das
normas penais e de suas consequentes
sanções. Falhando essa função motivadora, o
direito penal deixa de ter uma sanção
abstrata e passa a ter uma sanção efetiva sob
o indivíduo que delinquiu. Assim, o direito
penal assume a finalidade de prevenção
especial, atuando sob o indivíduo
especificamente.
O direito penal também é normativo,
valorativo e finalista. Normativo porque tem o
intuito de estudar a norma e os critérios de
ponderação jurídica que estruturam esse
dever-ser, assim como as consequências
jurídicas do não cumprimento das normas
penais. O direito penal é valorativo porque
sua atuação está pautada a partir de valores
consolidados pelo ordenamento jurídico. E
tem caráter finalista porque visa a proteção
de bens jurídicos fundamentais.
O direito penal também é sancionador, uma
vez que protege os bens jurídicos através da
cominação de sanções. Assim, ele é
predominantemente sancionador porque não
cria bens jurídicos, geralmente, mas sim
acrescenta uma tutela penal aos bens
jurídicos já regulados em outras áreas do
direito. Mas, excepcionalmente, o direito
penal é constitutivo, quando protege bens
não regulados em outras áreas, como a
omissão de socorro, os maus-tratos a animais,
etc. Vale lembrar que, mesmo tutelando bens
jurídicos já cobertos pela proteção de outras
áreas do direito, o direito penal faz isso de
forma totalmente peculiar, sendo, portanto,
autônomo.
direito penal objetivo e subjetivo
O Direito Positivo é o conjunto de normas
criadas ou reconhecidas pelo poder político,
ou seja, é o direito posto. O direito positivo
depende, então, de um ato da vontade
soberana que garanta a criação e o
cumprimento das normas de forma coercitiva.
Assim, pode-se concluir que o Direito penal é
Direito Positivo, já que sua obrigatoriedade
depende da vontade estatal soberana que o
impõe, e o seu cumprimento é garantido pela
coerção (penas).
Direito Penal objetivo é, justamente, o
conjunto de normas positivadas, preceitos
legais que regulam o exercício do poder
punitivo do Estado, definindo crimes e suas
respectivas sanções penais. O Direito Penal
objetivo é dividido em: (i) normas penais não
incriminadoras, que são aquelas localizadas
na Parte Geral do CP, responsáveis por
regular o exercício do poder punitivo e (ii)
normas penais incriminadoras, localizadas na
Parte Especial, responsáveis por definir as
infrações e suas correspondentes sanções.
Direito Penal Subjetivo é o próprio poder
punitivo, ou seja, é o direito de punir, que é
limitado pelo Direito Penal Objetivo que limita
a atuação estatal por meio das normas penais
positivadas,
direito penal comum e especial
O direito penal comum é aquele cujas normas
podem ser aplicadas pela Justiça Comum. Já
aquelas normas que precisam ser aplicadas
por órgãos especiais, tais como a Justiça
Eleitoral e a Justiça Militar, tratam-se de
normas do direito penal Especial.
Esses conceitos não se confundem com
legislação penal comum - Código Penal - e
legislação penal especial ou extravagante -
demais diplomas legais que não se
encontram no Código Penal.
direito penal substantivo e adjetivo
Direito penal substantivo, ou direito penal
material é aquele conhecido por Direito Penal
Material, isto é, normas que regulam os
institutos jurídico-penais e os princípios que
orientam a aplicação dessas normas. Já o
direito penal adjetivo, ou direito penal formal
é aquele conhecido por Direito Penal
Processual, que contém a forma como deve
ser aplicado o direito Penal, sendo um
instrumento de aplicação do direito penal
substantivo.
direito penal num estado democrático
O direito penal pode ser construído em uma
concepção autoritária e totalitária de Estado,
ou pode ser construído sob uma concepção
democrática de Estado. Pela CF de 1988, o
direito penal brasileiro foi concebido em um
ambiente democrático, respeitando os
princípios e as garantias constitucionais. Isso
quer dizer que o direito de punir do Estado foi
submetido ao império da lei, estando o Direito
Penal à serviço dos interesses da sociedade.
Pode-se dizer que a função do direito penal
num Estado democrático de direito é
justamente a proteção subsidiária de bens
jurídicos fundamentais, com limites do poder
punitivo estatal,
Acerca do bem jurídico, Roxin defende que as
normas penais somente podem perseguir a
finalidade de assegurar aos cidadãos uma
coexistência livre e pacífica. O Estado deve
garantir penalmente as condições individuais
necessárias para a coexistência, como a
proteção da vida, ao mesmo tempo que deve
garantir as instituições estatais
imprescindíveis para alcançar esse fim, como
uma administração da justiça que funcione.
Dessa maneira, bens jurídicos seriam todos os
objetos legitimamente protegidos pelas
normas sob essas condições.
É a proteção do bem jurídico o fundamento
de um Direito Penal liberal, sendo um
princípio interpretativo do Direito Penal,
sendo um ponto de partida da estrutura do
delito.
Acerca da função da pena, Welzel considera
que ela tem função ético-social e função
preventiva. A função ético-social diz respeito
à proteção dos bens jurídicos, que são os
bens vitais da sociedade e do indivíduo,
Assim, o direito penal visa assegurar o
reconhecimento e a proteção desses valores.
A função preventiva surge como
consequência lógica da função ético-social. O
direito penal visa a proteção dos bens
jurídicos através da proteção de valores de
caráter ético-social.
CONCEITO DE PENA
Pena é a imposição pelo Estado ao
condenado de sanção contra a prática de um
fato definido na lei como crime. É a sanção
imposta pelo Estado, mediante a ação penal,
ao autor de uma infração penal, como forma
de retribuiçãode seu ato ilícito, sendo essa
pena consistente na diminuição de um bem
jurídico e com o fim de evitar novos delitos.
Atenção: pelo conceito agnóstico de pena,
nenhuma função positiva da pena é aceita.
A pena tem alguns momentos de
concretização:
1) COMINAÇÃO: A pena encontra seu
fundamento no dever do Estado de
preservar a ordem e a segurança da
convivência social. Isso se faz com a
incriminação de determinadas
condutas que mais gravemente
atingem certos bens e interesses.
2) APLICAÇÃO: Com a transgressão da
norma impõe-se a pena ao
transgressor, ou seja, a ele impõe-se
um mal, a perda de determinados bens
jurídicos. O fundamento da pena aqui é
a realização da conduta delituosa.
3) EXECUÇÃO: No momento da execução
o fundamento da pena é a sentença
condenatória. Esta impõe a perda ou
diminuição de bens jurídicos ao
condenado
MEDIDAS DE SEGURANÇA
● Penas para os imputáveis. Avalia a
culpabilidade do agente.
● Medidas de segurança para os
inimputáveis por insanidade mental.
● Sistema Duplo Binário: Vigorava antes
de 1984, no texto original do CP. Nesse
modelo, o inimputável poderia receber
pena OU medida de segurança. A
medida de segurança era iniciada após
o condenado cumprir a pena privativa de
liberdade.
● Sistema Vicariante: Pós reforma do CP.
O inimputável só pode ser colocado em
medida de segurança, o sujeito é
absolvido, mas recebe medida de
segurança. Ou seja, o sujeito que pratica
● ato ilícito e típico, porém não culpável.
Imputáveis recebem pena e o
inimputável medida de segurança.
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL
Não há continuidade histórica no Direito Penal
(Zaffaroni). Não se trata de uma progressão
sistemática, com princípios, períodos e
épocas caracterizadoras de cada um de seus
estágios. É composto de uma sucessão de
marchas e contramarchas na qual vai
surgindo a concepção de homem como
pessoa. A legislação penal tem caráter
cultural, e não natural, e a história das penas
é mais sangrenta que a história dos crimes.
ERA DA VINGANÇA
 
1. Vingança privada:
A pena, nesse caso, representava o revide a
uma agressão sofrida pela coletividade. Era
punido o indivíduo isoladamente, ou o seu
grupo social, por meio de sangrentas
batalhas que, muitas vezes, eliminavam todo
o grupo. Não havia a ideia de
proporcionalidade na retribuição, as punições
não seguiam a justiça.
Não havia individualização da pena e nem
proporcionalidade.
● Lei de Talião e composição: Para evitar a
dizimação das tribos, surgiu essa lei que
possuía a ideia de proporcionalidade.
Assim, o mal praticado receberia sua
pena proporcional. "Olho por olho, dente
por dente". Essa lei foi considerada o
embrião do princípio da
proporcionalidade. No entanto, com o
passar do tempo, as populações foram
ficando deformadas devido ao Direito
Talional. Assim, surgiu a composição,
sistema em que o infrator poderia
comprar a sua liberdade e não sofrer
castigo. Esse sistema é um dos
antecedentes da reparação no direito
civil e das penas pecuniárias do Direito
Penal.
2. Vingança divina:
Trata-se do direito penal religioso. A igreja
possuía a posição de liderança e utilizava o
direito penal para defender seus interesses. O
castigo era aplicado pelos sacerdotes
(tribunais eclesiásticos) e por delegação
divina. Eram penas cruéis, desumanas, que
serviam para a purificação da alma do
criminoso e com a finalidade maior de
intimidação. Os povos antigos possuíam
grande influência da religião, por isso, o
princípio que dominava a repressão era a
satisfação da divindade, ofendida pelo crime.
Assim, a rigorosidade da punição tinha
relação com a grandeza do deus ofendido.
Direito penal e Igreja se confundiam, assim, o
pecado trazia punição. Era muito comum as
penas corpóreas, pois os criminosos
precisavam de purificação da alma. Os
deuses exigiam que fossem punidos aqueles
que fossem contrários aos seus valores, ou
seja, aos valores da igreja.
O delito era tido como pecado, e a pena
como punição. Havia forte influência da
religião, e os castigos eram aplicados pelos
sacerdotes. Era o oposto da vingança privada.
Aqui, a prisão era pena de reflexão para punir
clérigos faltosos, a famosa penitência.
3. Vingança Pública ou política:
Posteriormente, com uma melhor
organização social, o Estado assumiu o dever
de manter a ordem e a segurança social. Com
o enfraquecimento da igreja, esta não detinha
mais a autonomia de aplicar penas, mas
mesmo assim exercia alguma influência. O
Estado passa a ser o detentor do jus
puniendi. A vingança pública surge, então,
com objetivo de repressão criminal
intimidatória. Mantém-se as características de
crueldade e de severidade, com o objetivo de
segurança do monarca.
Transferência do poder divino ao monarca.
Era o monarca o representante do Estado. Os
interesses desse soberano eram protegidos.
Crimes de lesa majestade são aqueles que se
sobressaíram na época. A consequência dos
crimes eram as sentenças de pena de morte.
Direito Penal Hebraico – Talmud. Vingança
privada. Composição (Lei de Talião dá lugar a
penas mais brandas)
Direito Penal Romano – viveu todas as fases.
Inova o Direito Penal com incorporação de
princípios como erro, dolo, culpa,
imputabilidade, atenuante, agravante.
Direito Penal Germânico – vingança privada +
composição. Era consuetudinário. Punição
embasava-se somente no dano causado. Uso
de ordálias ou juízo de Deus.
Direito Canônico (D. Penal da Igreja) –
influência do cristianismo. Incorpora Direito
Romano. Busca humanizar o Direito Penal.
Pregava Igualdade entre os homens. Visavam
a regeneração do delinquente pelo
arrependimento e purgação da culpa.
Direito Medieval – Direito Romano + Canônico
+ Bárbaro. Intimidação com violência. Penas
cruéis (morte, suplícios, etc). Insegurança
jurídica. Sistema inquisitorial.
- Antiguidade:
A antiguidade desconheceu a privação de
liberdade no sentido de uma sanção penal.
Acontece que até o século XVIII, a prisão
serviu somente à contenção e à guarda dos
réus para preservá-los até o momento de
serem julgados. A prisão servia de depósito -
contenção e custódia - da pessoa que
esperava em situações desumanas a
celebração da sua pena - que normalmente
era pena de morte e pena de mutilação
corporal.
- Idade Média:
Modelo penal: Vingança divida e Vingança
pública
Nessa época, o delito era visto como pecado
e a pena como libertação.Aqui também se
desconheceu a ideia de pena privativa de
liberdade. A privação da liberdade servia
apenas para a custódia. As penas mais
comuns eram as de mutilação e de morte,
que serviam de espetáculo para as multidões.
Nessa época surgem a prisão de Estado e a
prisão eclesiástica. Na prisão de Estado
ficavam os inimigos do poder que tinham
cometido crime de traição ou os adversários
dos governantes. Ela servia, então, tanto
como custódia daqueles que aguardavam até
a sua pena, ou como detenção temporária ou
perpétua, ou até que se recebesse o perdão
real. A prisão eclesiástica, por sua vez,
destinava aos clérigos rebeldes e tinham a
finalidade de penitência e meditação.
O pensamento cristão proporcionou, tanto no
aspecto material quanto no ideológico,
fundamentos para a futura pena privativa de
liberdade. A prisão canônica que se aplicava
aos membros de clero era uma das poucas
exceções de prisão custódia no século XVI. O
direito canônico contribui decisivamente para
o surgimento da prisão moderna.
A jurisdição criminal era bipartite (Igreja e
Estado). Havia tribunais de inquisição, que
julgavam crimes contra a fé, a moral e os
bons costumes, comandados pela Igreja, e os
tribunais leigos, que julgavam crimes contra a
vida e o patrimônio, comandados pelo Estado.
Penas aplicadas eram de morte civil, de
morte na fogueira e de suplícios. As penas
acessórias eram as de multa e de confisco de
bens.
Os suplícios eram técnicas sofisticadas de
poder e foram aplicados oficialmente até a
primeira metade do século XVIII.
Suplícios eram penas corpóreas de intensa
dor e sofrimento, eram torturas corporais de
longa duração.
Os crimes punidos pela inquisição (feitiçaria,
heresia, judaísmo, protestantismo, entre
outros) sofriamdois tipos de penas: as penas
acessórias (multas e confisco de bens) e as
penas principais (morte civil, pena de morte
na fogueira e os suplícios).
 
Procedimentos inquisitoriais:
1. Denúncia anônima;
2. Instauração do processo inquisitorial;
3. Sigilo no curso do processo até a
sentença, e o réu sem advogado;
4. Confisco de todos os bens (Casa
trancada. Família na rua);
5. Prova: confissão mediante tortura. Réu
declina da versão anterior;
6. Publicidade na execução da pena.
Corpo exposto, espetáculo público,
leitura de sentença nos Autos de Fé;
7. Pena de morte na fogueira sob o
patíbulo.
- Idade Moderna:
Com o iluminismo, as pessoas já estavam
cansadas com os abusos do absolutismo.
Assim, eles se rebelam contra o poder
soberano. O direito penal passa a ser visto
com um viés humanitário. Beccaria, em seu
livro "Dos delitos e das Penas" é um nome
importante nesse processo de humanização
do direito penal. Houve, então, uma transição
das penas de suplícios para a pena de prisão.
 
ANTES: as penas eram para chamar a
atenção, com o objetivo de ridicularizar o
criminoso e de intimidar o povo. DEPOIS: as
penas passaram a ser discretas.
 
Reação humanitária advinda com o
Iluminismo trouxe reforma no sistema penal.
Houve a afirmação de princípios penais, tais
quais a legalidade, a individualização da pena
e o devido processo legal.
Na segunda metade do século XVIII, as
penas de morte entram em crise, e deu
origem a uma nova modalidade de pena: a
pena privativa de liberdade, que se mostrava
mais eficiente no quesito controle social. O
fator principal para a mudança foi a revolução
industrial. As prisões representavam um
interesse econômico.
Quando a pena privativa de liberdade se
torna a principal resposta penológica,
principalmente no século XIX, acreditava-se
que ela seria um meio adequado para
conseguir a reforma do delinquente. No
entanto, a prisão hoje está em crise, já que
não se acredita que ela seja capaz de
ressocializar o apenado.
Transição dos suplícios para as penas de
prisão.
Inicialmente as penas de prisão eram apenas
para mendigos, prostitutas, vagabundos e
loucos. Depois foi para todos.
A prisão, então, passou pelas seguintes fases:
primeiro foi meramente cautelar, depois foi
tida como penitência canônica, e após como
pena no sentido de salvação (ressocialização,
reeducação, reinserção social).
- Sistema penitenciário Brasileiro:
1º) Período Colonial - Ordenações Filipinas
(1603)
Não havia sistema penitenciário. A legislação
portuguesa punia com a morte na fogueira,
suplícios e açoites.
2º) Período Imperial – Código Criminal do
Império (1830) – As penas eram de açoites
apenas para os escravos, trabalhos forçados,
exílio e morte por enforcamento, para os
demais.
A partir de 1835 – construção do primeiro
sistema penitenciário.
3º) República Velha
Código Penal Republicano (1890)
A pena de morte foi oficialmente abolida,
juntamente com o exílio e os trabalhos
forçados. Expansão do sistema penitenciário
4º) Código Penal de 1940 (até o presente)
Mantém a prisão e a reduz
Introdução de penas Alternativas
Lei de Execução Penal
ESCOLAS PENAIS
1. ESCOLA CLÁSSICA
Vigorou no fim do século XVIII e início do
século XIX, como reação ao Estado
Absolutista, filiando-se ao movimento
iluminista.
Os seus fundamentos tiveram origem com os
estudos de Baccaria.
Era utilizado o método lógico-abstrato e
dedutivo (lógico).
Basicamente, entendiam o crime como um
conceito meramente jurídico, tendo como
sustentáculo o direito natural.
Predominava-se a concepção do livre arbítrio,
ou seja, o homem com faculdade de agir teria
de ser moralmente responsável pelos seus
atos. Assim, por ser responsável, teria de ser
imposta uma pena como forma de retribuição
caso cometesse um crime. Se, no entanto, o
agente não estivesse em pleno gozo de suas
condições psíquicas não poderia ser punido.
2. ESCOLA POSITIVA
Vigorou no final do século XIX e início do
século XX, em ambientes póliticos e
filosóficos em ascendencia. Manifestava-se a
necessidade de defesa da sociedade.
Lombroso acreditava que o homem não tinha
livre vontade, mas era determinado por forças
inatas. Assim, com ele se iniciou a aplicação
do método experimental no estudo da
criminalidade. Lombroso acreditava que a
prática de infrações eram determinadas pelas
características antropológicas do indivíduo.
Nessa escola se utilizava o método indutivo.
3. ESCOLA ITALIANA
Principal doutrinador: Manuel Carnevale
A responsabilidade penal tem por base a
imputabilidade moral, sem
o livre arbítrio, que é substituído pelo
determinismo psicológico.
O delito é contemplado no seu aspecto real –
fenômeno natural e
social.
A pena tem função de defesa social. Ignora
qualquer hipótese de ressocialização do
individuo. A pena serve
apenas para afastar o criminoso do meio
social.
4. ESCOLA ALEMÃ
Principal doutrinador: von Liszt
imposição de pena para os delinquentes
normais e de medida de
Segurança para os perigosos (anormais e
reincidentes)
A pena retributiva se transforma em pena
determinada totalmente pela prevenção
ajustada a um fim (prevenção geral -
intimidação)
Sugestão de que as penas privativas de
liberdade de curta duração
devem ser eliminadas ou substituídas.
5. ESCOLA CORRECIONALISTA
Surge na Alemanha (1839) com Karl Roder,
depois na Espanha
Busca fixar a correção ou cura do delinquente
como fim único de pena (forte influência
cristã)
A administração da Justiça deve visar o
saneamento social (higiene e profilaxia social)
e o juiz ser entendido como médico social
Começa-se a pensar, mesmo que forma
indireta, na ressocialização do delinquente
através da pena
A pena deve ser indeterminada – sem prévia
fixação do tempo de sua duração (até buscar
a cura)
A pena tem a finalidade de corrigir a injusta e
perversa vontade do criminoso e, dessa
forma, não pode ser fixa e determinada.
A pena deve ser indeterminada e passível de
cessação de sua execução quando se tornar
prescindível.
6. ESCOLA DA DEFESA SOCIAL
Pós II GM - Felipe Gramática (Itália) e Marc
Ancell (França)
Propõe-se a substituição da responsabilidade
penal, fundada no delito, pela
anti-sociabilidade, fundada em dados
subjetivos do autor; substituir a pena por
medidas sociais
Funda-se a política criminal inserida no
processo de ressocialização
Consegue atribuir a pena uma preocupação
com os direitos humanos, pensando numa
política criminal de prevenção e redução da
criminalidade, defendendo a sociedade dos
riscos dos delitos
7. ESCOLA TÉCNICO JURÍDICA
Expulsa a defesa social do Direito Penal e a
acomoda na Política
Criminal, elaborando o modelo de ciência
penal mais apto à
realização concreta dos ideais dos estados
autoritários.
Inicia-se em 1905 e é uma reação à corrente
positivista. Procura
restaurar o critério propriamente jurídico da
ciência do Direito
Penal. O seu primeiro expoente é Arturo
Rocco.
O maior objetivo é desenvolver a ideia que a
ciência penal é autônoma, com objeto e
métodos próprios, ou seja, ela é única não se
misturando com outras ciências.
PRINCÍPIOS PENAIS
As ideias de Igualdade e de liberdade,
trazidas pelo Movimento Iluminista,
forneceram ao Direito Penal um caráter
menos cruel, impondo limites à intervenção
estatal nas liberdades individuais, diferente
do que acontecia no Absolutismo. Esses
princípios limitadores passaram a integrar
diversos Códigos Penais em países
democráticos. Hoje, esses princípios são
garantias do cidadão perante o poder
punitivo do Estado e estão amparados pela
Constituição Brasileira de 1988. Além disso, o
corpo da constituição também traz princípios
como liberdade, igualdade e justiça, que
orientam todo o sistema normativo, inclusive
orientam a interpretação das normas
infraconstitucionais em matéria penal.
 
princípio de legalidade e da reserva legal
Previsão: artigo 1º do CP e art. 5º, XXXIX da CF,
O princípio da legalidade serve para
controlar o poder punitivo estatal. Por esse
princípio, a elaboração das normas penais e
suas respectivas sanções é função exclusiva
da lei. Isso quer dizer que nenhum fato pode
ser consideradocrime e nenhuma pena pode
ser aplicada sem que antes tenha uma lei
definindo o crime e sua sanção.
O princípio da legalidade está em
concordância com o art. 5º XXXIX CF que diz
que “não haverá crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação
legal”. Trata-se de cláusula pétrea.
Já o princípio da reserva legal determina que
a regulação de certas matérias deve ser
feita por meio de lei formal. Assim, pelo art.
22, I CF, compete à União legislar sobre
Direito Penal.
Princípio da taxatividade: Dentro do princípio
da legalidade, é necessário pontuar que o
legislador penal deve evitar ao máximo
expressões vagas, equívocas ou ambíguas.
Isso porque se a lei não for clara e precisa,
não poderá proteger o cidadão contra a
arbitrariedade do Estado. Além disso, caso a
lei seja muito ambígua e imprecisa, o juiz irá
fazer sua interpretação própria, gerando
insegurança jurídica. É claro que o legislador
não deve abandonar os conceitos valorativos,
no entanto, deve, também, descrever
efetivamente a conduta proibida, para não
resultar na violação à segurança jurídica.
Dessa forma, para uma técnica correta ao
princípio da legalidade, deve-se evitar ambos
extremos: tanto a proibição total da utilização
de conceitos normativos gerais, quanto o
exagerado uso dessas cláusulas gerais
valorativas que não descrevem com precisão
as condutas proibidas. É preciso achar um
meio-termo entre o uso equilibrado de
cláusulas gerais valorativas que permitem a
abertura do Direito Penal à adequação da
realidade dinâmica, e a efetiva proteção dos
bens jurídicos.
Assim, o princípio da taxatividade diz que a lei
precisa ser certa.
No Brasil, crimes e contravenções penais são
instituídos por lei ordinária. É vedada a edição
de medidas provisórias sobre matéria de
direito penal (art. 62, §1º, I, alínea b), seja ela
prejudicial ou favorável ao réu. Entretanto, a
jurisprudência do STF está firmada no sentido
de que as medidas provisórias podem ser
utilizadas na esfera penal, desde que
benéficas ao agente (RHC 117.566/SP).
O princípio da reserva legal compreende três
fundamentos:
I) fundamento jurídico, que é a taxatividade,
a certeza, a determinação precisa do
conteúdo do tipo penal e da sanção penal a
ser aplicada (pelo legislador) e na máxima
vinculação ao mandamento legal (pelo
magistrado). O juiz deve, inclusive, vincular-se
à lei na apreciação de benefícios legais.
“O princípio da reserva legal atua como
expressiva limitação constitucional ao
aplicador judicial da lei, cuja competência
jurisdicional, por tal razão, não se reveste de
idoneidade suficiente para lhe permita a
ordem jurídica ao ponto de conceder
benefícios proibidos pela norma vigente, sob
pena de incidir em domínio reservado ao
âmbito de atuação do Poder Legislativo” (HC
92.010/ES).
II) fundamento político, que é a proteção do
ser humano frente ao arbítrio do Estado.
III) fundamento democrático, que revela a
aceitação pelo povo, representado pelo
Congresso Nacional. Em tese, é o povo quem
escolhe os crimes e as penas, visto que os
parlamentares são eleitos pelo povo.
Diferença entre reserva legal (estrita
legalidade) e legalidade é que o princípio da
legalidade apenas impõe que os crimes e as
penas devem ser construídos por lei,
enquanto o princípio da reserva legal
compreende a visão de que deve ser utilizada
lei em sentido formal, ou seja, lei editada em
consonância com o processo legislativo
previsto pela CF.
O princípio da anterioridade também decorre
do art. 5º, XXXIX da CF e do art. 1º do CP. O
crime e a pena devem estar definidos em lei
prévia ao fato cuja punição se pretende. A lei
penal somente produz efeitos a partir da data
em que entra em vigor. Daí decorre a
irretroatividade da lei, que nao se aplica a
fatos pretéritos, salvo se beneficiar o réu (art.
5º, XL, CF)
Possui quatro desdobramentos: lex praevia,
lex stricta, lex scripta e lex
certae.
1) Lei Prévia - o agente somente poderá ser
validamente punido se já houver
aquela norma incriminadora no momento
anterior a prática da conduta
(Princípio da Anterioridade).
2) Lei Estrita - Deve ser elaborada através de
Lei Ordinária, conforme o
processo legislativo constitucionalmente
estabelecido (Princípio da
Legalidade Estrita).
3) Lei Escrita - Não pode haver incriminação
por costumes ou por
jurisprudência.
4) Lei Certa – O tipo penal deve ser o mais
preciso possível, evitando termos
vagos ou genéricos (Princípio da Taxatividade)
 
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
O princípio da legalidade impõe limites ao
arbítrio judicial, mas não impede que o Estado
crie tipos penais absurdos e nem comine
sanções cruéis. Por isso, há a necessidade da
observância do princípio da intervenção
mínima, que limita o arbítrio do legislador no
que diz respeito ao conteúdo das leis penais.
Esse princípio também é conhecido como
ultima ratio, isto porque a criminalização de
uma conduta só pode ser feita em último
caso, ou seja, quando os demais ramos do
direito não forem suficientes para tutelar a
conduta. Assim, a criminalização de uma
conduta só se legitima se constituir meio
necessário para prevenção de ataques contra
bens jurídicos importantes e quando as
outras formas de sanção forem insuficientes.
O direito penal deve ser a ultima ratio legis.
 
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
Está relacionado com o princípio da
intervenção mínima. O direito penal é um
ramo da ciência jurídica que protege somente
os valores imprescindíveis à sociedade. Não
se pode utilizá-lo como instrumento de tutela
de todos os bens jurídicos. Nem todas as
ações que lesionam bens jurídicos são
proibidos pelo Direito Penal, ele limita-se
apenas a castigar as ações mais graves
praticadas contra os bens jurídicos mais
importantes, daí o seu caráter fragmentário. O
direito penal se ocupa apenas de uma parte
dos bens jurídicos protegidos pelo
ordenamento jurídico.
Segundo o princípio da fragmentariedade, só
devem os bens jurídicos ser defendidos
penalmente diante de certas formas de
agressão, consideradas socialmente
intoleráveis.
Se houver outro ramo do direito que possa
conter a lesão ao bem jurídico, esse deve
prevalecer ao detrimento do direito penal.
  
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
É o princípio da bagatela. Nem sempre
qualquer ofensa aos bens jurídicos
protegidos é suficiente para configurar um
injusto típico. É necessário uma efetiva
proporcionalidade entre a gravidade da
conduta que se pretende punir e a
drasticidade da intervenção estatal. A
insignificância não é sinônimo de pequenos
crimes, mas se refere à gravidade e à
extensão da ofensa produzida a determinado
bem jurídico penalmente tutelado. Quando a
lesão ao bem jurídico não é significante, não
há crime devido a esse princípio. A
insignificância da ofensa afasta a tipicidade.
Não se configura a tipicidade material
porque a rigor o bem jurídico não chegou a
ser lesado.
 
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
Art. 5º, XLVI, CF: a lei regulará a
individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Individualizar a pena significa não adotar um
padrão de pena, mas buscar um cálculo de
pena para aquele réu e para aquele crime
praticado. O juiz não pode padronizar penas
para os crimes, deve ter um olhar
individualizado, considerando a pessoa do réu
e as circunstâncias do crime praticado,
buscando a pena perfeita para aquele caso.
Cada indivíduo deve ser apenado levando as
características da conduta de cada um. É uma
noção de justiça. (artigo 59 CP)
O julgador deve fixar a pena conforme a
cominação legal e determinar a forma de sua
execução.
Deve ser concretizado em três âmbitos: i)
Legislativo; ii)Judicial e iii) Executória.
O legislador é aquele que comina as penas
em abstrato, ele estabelece uma modalidade
e duração da pena em tempo mínimo e
máximo, mas ela vai ser estabelecida com um
olhar individualizado do juiz. O juiz da
condenação é diferente do juiz da execução
penal, este também deve acompanhar o
processode cumprimento da pena com olhar
individualizado.
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Algumas penas são vedadas pela
Constituição Federal: penas cruéis, pena de
morte, pena de trabalhos forçados, pena de
banimenta e penas perpétuas.
Art. 5º, XLVII, CF: não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra
declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Antes, se preponderava penas corporais,
período de extrema crueldade. Com o tempo,
percebeu-se que essas penas eram inviáveis,
devido ao aumento exacerbado de crimes, o
que resultaria em grande número de pessoas
mutiladas e mortas. Não se usava penas
privativas de liberdade, era apenas uma
transição onde a pessoa ficava até receber a
pena de morte ou de mutilação. Atribui-se ao
direito canônico o nascimento da pena
privativa de liberdade, os clérigos eram
levados a penitenciarem pelos seus erros,
abre espaço para as penitenciárias. Surgem
no século XVIII. Embora haja esse processo
de humanização, ainda hoje não é o ideal, o
sistema prisional possui muitos problemas.
A constituição brasileira elevou a dignidade
da pessoa humana a um valor fundante de
toda ordem normativa interna. O princípio da
humanidade no direito penal sustenta que o
poder punitivo estatal não pode aplicar
sanções que atinjam a dignidade da pessoa
ou que lesionem a constituição
físico-psíquico dos condenados. Nenhuma
pena privativa de liberdade pode ter uma
finalidade que atente contra a incolumidade
da pessoa como ser social, o que violaria o
princípio da dignidade humana postulado na
Constituição.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
 
não há crime sem culpabilidade, ou seja, se
na conduta não houver dolo ou culpa, o
sujeito não pode ser responsabilizado. A
culpabilidade permite atribuir
responsabilidade pela prática de um fato
típico a uma certa pessoa para que seja
aplicada a consequente pena; funciona como
limite e medida da pena que deve ser
proporcional à gravidade do fato realizado e
impede a atribuição da responsabilidade
penal objetiva. É a impossibilidade de se
responsabilizar uma ação ou omissão que
tenha ocorrido sem dolo ou culpa.
Postulado basilar de que não há pena sem
culpabilidade (nulla poena sine culpa) e de
que a pena não pode ultrapassar a medida da
culpabilidade – proporcionalidade na
culpabilidade.
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI
PENAL MAIS SEVERA
Desde que uma lei entra em vigor até que se
cesse a sua vigência, ela rege todos os atos
abrangidos pela sua destinação. Assim, os
fatos ocorridos antes ou depois de sua
eficácia não são alcançados por essa lei. Ela
não retroage. Essa regra está consagrada no
artigo 1º do CP.
Não alcança assim, os fatos ocorridos, antes
ou depois dos dois limites extremos: não
retroage e nem tem ultra-atividade. É o
princípio do TEMPUS REGIT ACTUM.
Contudo, o princípio da irretroatividade vige
somente em relação à lei mais severa.
Admite-se, no Direito intertemporal, a
aplicação retroativa da lei mais favorável (art.
5° inc. XL, da CF).
 
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Deve sempre haver uma medida de justo
equilíbrio entre a gravidade do fato praticado
e a sanção imposta. O princípio da
proporcionalidade é uma concordância
material entre ação e reação, causa e
consequência jurídico-penal, constituindo
parte do postulado de justiça: ninguém pode
ser incomodado ou lesionado em seus
direitos com medidas jurídicas
desproporcionais.
Com relação à proporcionalidade entre os
delitos e as penas (poena debet
commensurari delicto), deve existir sempre
uma medida de justo equilíbrio – abstrata
(legislador) e concreta (juiz) – entre a
gravidade do fato ilícito praticado, do injusto
penal (desvalor da ação e desvalor do
resultado), e a pena cominada ou imposta.
 A pena deve estar proporcionada ou
adequada à intensidade ou magnitude da
lesão ao bem jurídico representado pelo
delito e a medida de segurança à
periculosidade criminal do agente. A noção
de proporcionalidade vem a ser uma
exigência de justiça e não somente de
prevenção (geral/especial).
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
O direito penal tipifica somente condutas que
tenham uma certa relevância social, caso
contrário, não poderiam ser delitos. Assim, de
acordo com esse princípio, as condutas
socialmente aceitas não se revestem de
tipicidade e não podem ser delitos.
Para o princípio da adequação social, apesar
de uma conduta se subsumir ao modelo
legal, não será considerada típica se estiver
de acordo com a ordem social da vida
historicamente condicionada.
 
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM
JURÍDICO
Para que se tipifique um crime, em sentido
material, é indispensável que haja um perigo
concreto, real e efetivo de dano a um bem
jurídico penalmente protegido. Somente se
justifica a intervenção estatal, em termos de
repressão penal, se houver efetivo e concreto
ataque a um interesse socialmente relevante,
que represente perigo concreto a um bem
jurídico tutelado.
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE DA PENA
Só o autor pode ser responsabilizado pela
conduta. É o princípio da intranscendência.
Art. 5º XLV, CF: nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens ser, nos termos da
lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
A ideia é de que no direito penal a pena não
passa da pessoa do criminoso, o que difere
do direito civil, onde existe a possibilidade de
uma terceira pessoa ser responsabilizada,
mas no direito penal, somente a pessoa que
cometeu o ilícito penal é que poderá ser
penalizada. A responsabilidade é
obrigatoriamente pessoal no direito penal. Só
a pessoa do réu pode sofrer as sanções
penais.
 
PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM
não se pode valorar um fato duas vezes para
o mesmo réu.
 
PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE
Ninguém será preso senão em flagrante
delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente.
Art. 5, LXI, CF :ninguém será preso senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei;
PRINCÍPIO DA INDERROGABILIDADE
 
Não se pode deixar de aplicar a lei penal por
vontade do julgador.
Exceções: anistia, graça, indulto, livramento
condicional, perdão judicial.
TEORIA DA NORMA GERAL
As normas penais se classificam da seguinte
maneira:
1. Normas Penais Incriminadoras: são as
que criam crimes e cominam penas.
Descrevem as condutas puníveis e
suas respectivas sanções.
2. Normas Penais Permissivas: autorizam
a prática de condutas típicas, são as
causas de exclusão da ilicitude (art. 23
CP), as causas de exclusão de
culpabilidade e as causas de exclusão
de ilicitude.
3. Normas Penais Complementares ou
Explicativas: esclarecem o conteúdo
das outras, ou delimitam o âmbito de
sua aplicação. Ex: Art. 327 do CP, que
explica quem é considerado
funcionário público para efeitos
penais.
NORMAS PENAIS EM BRANCO: são aquelas
em que o preceito está incompleto. É aquela
cujo preceito precisa de ser complementado
por outra norma para que possa ter
exequibilidade,
a) Norma Penal em Branco em sentido
LATO. É aquela cujo complemento
advém da mesma fonte formal ou
legislativa da norma incriminadora, ou
seja, o complemento nasce da mesma
fonte legislativa.
Ex.: art. 237 do CP. Qual é esse impedimento?
O juiz terá que recorrer ao Código Civil. Ex: O
casamento de irmãos é NULO.
b) norma penal em sentido estrito: É
aquela cujo complemento está
contido em norma procedente de
outra fonte legislativa, diversa daquela
da criação da norma penal
incriminadora. Ex.: art. 33 da Lei 11.343
de 2006. Como o juiz irá aplicar o art.
33 sem saber quais são as substâncias
que causam dependência física ou
psíquica? O Magistrado irá precisar de
uma portaria do Ministério da Saúde,
determinando quais são as
substâncias que causem tal
dependência. O que está completando
a norma penal em branco é uma
portaria.
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA:
Quando se iniciao estudo da Analogia em
Direito Penal, devemos partir da seguinte
premissa: é terminantemente proibido, em
virtude do princípio da legalidade, o recurso à
analogia quando esta for utilizada de modo a
prejudicar o agente, seja ampliando o rol de
agravantes, seja ampliando o conteúdo dos
tipos penais incriminadores, a fim de abranger
hipóteses não previstas expressamente pelo
legislador.
ANALOGIA IN BONAM PARTEM: O que
justifica a aplicação da analogia in bonam
partem no Direito Penal, para beneficiar o réu,
é o princípio da equidade.
A diferença entre interpretação analógica e
analogia é que na primeira. pretende a
vontade da norma abranger os casos
semelhantes aos por ela regulados; na
segunda, ocorre o inverso: não é a pretensão
da lei aplicar o seu conceito aos casos
analógicos, tanto que silencia respeito, mas o
intérprete assim, o faz, suprindo a lacuna.
Interpretação analgica é método de
interpretação. Diferentemente da
analogia, na interpretação analógica há
uma lei a ser aplicada e interpretada e,
então, não há lacuna ou omissão legislativa
ou normativa.
LEI PENAL NO TEMPO
Uma lei penal nasce, vive e morre. Desde que
ela entra em vigor, rege todos os atos
abrangidos por sua destinação, até que cesse
sua vigência. A lei anterior, como regra, perde
sua vigência quando entra em vigor uma lei
nova regulando a mesma matéria. Assim, via
de regra, uma lei não retroage e nem tem
ultra-atividade pelo princípio do tempus regit
actum, ou seja, durante sua vigência a lei
abarca os fatos ocorridos naquele período.
Pelo princípio da irretroatividade da lei
penal, a lei de matéria penal não retroage. No
entanto, segundo o artigo 2º do código penal,
a lei pode retroagir para beneficiar o infrator.
Essa é a retroatividade da lei penal mais
benigna. O inverso também ocorre, ou seja, a
lei anterior, quando for mais favorável, terá
ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo
de vigência da lei nova, apesar de já estar
revogada.
Assim, o princípio da irretroatividade vige
somente em relação à lei mais severa.
 
OBS: O princípio da retroatividade da lei mais
benéfica restringe-se à leis de CARÁTER
PENAL. As LEIS PROCESSUAIS não se
submetem, estas terão incidência imediata.
CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO:
1. Abolitio Criminis - ocorre quando uma
lei nova deixa de considerar crime um
fato anteriormente tipificado como
ilícito penal.
Nesse caso, como a lei nova é mais
adequada, mais benéfica e o Estado não tem
mais interesse na punição dos autores de tais
condutas, a lei nova retroage para afastar as
consequências jurídico-penais dos sujeitos
condenados. (artigo 2º CP)
É causa de extinção da punibilidade do
agente, pelo artigo 107, inciso III do CP (pela
retroatividade da lei que não mais considera
fato como criminoso)
2. Novatio Legis incriminadora - acontece
quando uma lei nova considera crime
um fato anteriormente não tipificado
como crime.
Nesse caso, a lei nova não retroage, não
podendo ser aplicada a fatos praticados
antes de sua vigência, pelo princípio da
anterioridade que define que nullum crimen
sine praevia lege, ou seja, de que não há crime
e nem pena sem lei prévia.
3. Novatio legis in pejus - lei posterior que
de qualquer modo agrave a situação do
sujeito não retroagirá. Se houver um
conflito entre duas leis, sendo a anterior
mais benigna, ela será ultra-ativa,
enquanto a posterior mais severa não
retroagirá. Conceito de tempus regit
actum está sendo cumprido.
4. Novatio legis in mellius - a lei nova,
mesmo sem descriminalizar, dá
tratamento mais favorável ao sujeito,
nesse caso ela retroage para beneficiar
o réu.
 
LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS
As leis excepcionais e temporárias são leis
que vigem por um período predeterminado,
pois nascem com a finalidade de regular
circunstâncias transitórias especiais que, em
situação normal, seriam desnecessárias. Tem
como características a auto-revogação e a
ultra-atividade.
Leis temporais são aquelas cuja vigência é
previamente fixada pelo legislador, por
exemplo a lei da copa, enquanto as leis
excepcionais são as que vigem durante
situações de emergência, como em guerras.
Pelo artigo 3º CP elas têm ultra-atividade.
Dessa forma, o sujeito pode ser
responsabilizado posteriormente, mesmo que
a lei não esteja mais em vigor, desde que
tenha cometido o ato durante o prazo de
vigência. É a exceção da regra da
retroatividade da lei penal mais benéfica.
 
As leis temporárias perdem sua vigência
automaticamente na data prevista, e as leis
excepcionais perdem a vigência quando
cessar o período.
LEX TERTIA (CONJUGAÇÃO DE LEIS)
Na busca pela lei mais favorável, é possível
conjugar os aspectos favoráveis da lei
anterior com os aspectos desfavoráveis da lei
posterior? Há dois posicionamentos: a
doutrina majoritária diz que não seria
possível, já que representaria a criação de
uma terceira lei e colocaria o juiz como
legislador. Já a doutrina minoritária, como
Bitencourt, é favorável a essa possibilidade já
que o desejo da CF é que retroaja a norma
mais benéfica e não o texto integral. Se há
vários dispositivos, uns benéficos e outros
não, retroage apenas os benéficos. O
entendimento do STF, com a súmula 501 é
que é vedada a conjunção de leis.
LEI PENAL NO ESPAÇO
Lugar do crime: Há três teorias sobre o lugar
do crime.
TEORIA DA ATIVIDADE/AÇÃO: onde a
conduta foi realizada. Lugar do delito é
aquele em que se realizou a conduta típica.
 
TEORIA DO RESULTADO/EVENTO: o crime
ocorre no momento da consumação da
conduta. Lugar do delito é aquele em que
ocorreu o evento ou o resultado, isto é, onde
o crime se consumou, pouco importando a
ação ou intenção do agente.
 
TEORIA DA UBIQUIDADE/MISTA: é a teoria
mista, que defende que o lugar do crime
pode ser no lugar da conduta ou no lugar da
consumação. Lugar do crime tanto pode ser o
da ação como o do resultado, ou ainda o
lugar do bem jurídico atingido. Essa é a teoria
adotada pelo Direito brasileiro:
“Considera-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou
deveria produzir-se o resultado” (art. 6º do
CP).
 
No brasil, considera-se local do crime aquele
em que se realizou qualquer dos momentos
do iter, seja da prática dos atos executórios,
seja da consumação.
 
CONCEITO DE CRIME PLURILOCAL: tipo de
delito praticado em mais de um Estado da
federação. É aquele que, dentro de um
mesmo país, tem a conduta realizada em um
local e a consumação do delito acontece em
outra localidade. Ex: quadrilha de roubo de
carros, rouba em SP e vende no RJ.
Ex: Mévio, alvejado por tiros na cidade de
Crato/CE (local da conduta) é transportado
em um avião e falece em hospital no Rio de
Janeiro (local da morte, consumação)
 
CRIME A DISTÂNCIA: é aquele em que parte
do iter criminis é realizada dentro de um país,
e a outra acontece em localidade diferente,
mas em outro país. A ação e o resultado
realizam-se em países diversos.
Ex: Se a manobra abortiva se fez no Brasil e a
morte do feto ocorreu na Bolívia, em face do
art. 6º do CP, o processo deve tramitar no
Brasil.
 
TERRITORIALIDADE: No tocante aos crimes
praticados no país, o Brasil adotou o princípio
da Territorialidade temperada, aplica-se a lei
penal brasileira aos fatos praticados no
território nacional, independentemente da
nacionalidade do agente, da vítima ou do
bem jurídico lesado, com observância de
convenções, tratados e regras de direito
internacional. (art. 5°, caput, do CP).
O fundamento desse princípio é a soberania
política do Estado, que, segundo Juarez Cirino
dos Santos, apresenta três caracteres: “a
plenitude, como totalidade de competências
sobre questões da vida social; a autonomia,
como rejeição de influências externas nas
decisões sobre essas questões; e a
exclusividade, como monopólio do poder nos
limites de seu território.
 
Território Nacional é o local no qual o Estado
exerce a sua soberania, e compreende a faixa
terrestre, o seu subsolo, seus cursos de águas
internos, lacustres ou fluviais, o mar territorial
(vale da faixa litorânea até 12 milhas
marítimas), e o espaço aéreocorrespondente.
 
Admitem-se hipóteses de extensão
territorial. Existem extensões do território
nacional, cuja lei penal brasileira irá ser
aplicada, previstas no artigo 5º CP referente a
aeronaves e embarcações.
Embarcações e Aeronaves de natureza
Pública (ex.: de guerra), ou a serviço do
governo brasileiro (ex.: transportando o
Presidente da República) – art. 5°, § 1°, 1ª parte,
do CP;
Embarcações e Aeronaves brasileiras, de
natureza privada (ex.: mercantes, turismo) que
estejam em alto-mar ou no espaço aéreo
correspondente a este - art. art. 5°, § 1°, in fine,
do CP
Aplica-se, ainda, a lei brasileira aos fatos
cometidos a bordo de aeronaves e
embarcações de natureza privada que
estejam em nosso espaço aéreo ou mar
territorial – art. 5°, § 2° do CP.
 
REGRAS DE TERRITORIALIDADE: (quando
aplica-se a lei brasileira)
 
Regra 1: aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo
do que está previsto nos tratados e nas
convenções nacionais, ao crime ocorrido no
território nacional.
Regra 2: extensão do território nacional:
aeronaves e embarcações brasileiras públicas
(forças armadas) ou a serviço do Estado
Brasileiro, onde quer que estejam. (art. 5°, § 1°,
1ª parte, do CP)
Regra 3: Aeronaves e embarcações
brasileiras, privadas ou mercantes,
localizadas no alto mar ou no espaço aéreo
referente ao alto mar. (art. 5°, § 1°, in fine, do
CP)
Regra 4: aeronaves estrangeiras privadas
estando em pouso no território nacional ou
no espaço aéreo brasileiro (art. 5°, § 2° do CP).
Regra 5: embarcações estrangeiras privadas
em portos brasileiros ou no mar do brasil (art.
5°, § 2° do CP).
EXTRATERRITORIALIDADE: aplica-se
algumas leis brasileiras, como exceção, fora
do território nacional.
As contravenções praticadas fora do território
brasileiro NÃO estão sujeitas às regras de
extraterritorialidade (art. 2°, da LCP- Dec-Lei
3.688/41).
As regras de extraterritorialidade podem ser
condicionadas ou incondicionadas:
 
1. Extraterritorialidade incondicionada
Artigo 7º inciso I, CP:
A) contra a vida ou a liberdade do presidente
da república. (não é todo crime praticado
contra o presidente)
B) contra o patrimônio ou a fé pública da
administração pública direta (União, estados,
municípios e DF) ou indireta (autarquia
federal).
C) contra a administração pública a quem
esta o seu serviço.
D) Genocídio quando o agente for brasileiro
ou domiciliado no Brasil.
 
Nesses casos aplica-se a lei brasileira sem
nenhuma condição.
2. Extraterritorialidade condicionada
Artigo 7º inciso II, CP:
Aplica-se condicionalmente a lei penal
brasileira aos crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se
obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
Condições: Esses requisitos são cumulativos,
é preciso acoplar todas as hipóteses.
A) o agente deve ter entrado no Brasil
B) o fato deve ser punível no país em que foi
praticado
C) o crime deve ser incluído no rol dos crimes
que a lei brasileira admite a extradição. (artigo
77 da lei 6815/80)
D) Não ter sido o agente absolvido ou não ter
cumprido integralmente a pena no exterior.
E) Não pode existir perdão judicial
F) Não pode estar extinta a punibilidade.
 
 Competência para julgamento ► Se o crime
é praticado no exterior por brasileiro, a
competência para processar e julgar o caso é
do juiz criminal da capital do Estado onde
reside o acusado.
A pena cumprida integralmente no exterior,
sendo hipóteses de extraterritorialidade
condicionada, impede a aplicação de lei
penal brasileira (art. 7º§2º, “d” do CP).
Se a pena for cumprida parcialmente ou for
hipótese de extraterritorialidade
incondicionada pode haver duas
consequências:
a) diminuição da pena se ela for de
natureza diversa
b) é computada na pena a ser imposta no
Brasil, caso seja da mesma natureza.
PRINCÍPIOS DA EXTRATERRITORIALIDADE
 
● Princípio da defesa ou proteção real (art.
7°, I, “a”, “b” e “c”, do CP e §3 do CP):
princípio que leva em conta a
nacionalidade da vítima.
● Princípio da representação (artigo 7º
Inciso II, "c"): quando o crime é praticado
em aeronaves ou embarcações
brasileiras privadas em território
estrangeiro e lá não tenham sido
julgados.
● Princípio da personalidade ou da
nacionalidade (artigo 7º, II, "b"): refere-se
ao fato dele ser brasileiro
● Princípio da justiça universal (artigo 7º, II,
"a"): Crimes que o Brasil se obriga a
reprimir em razão de tratados ou
convenções internacionais.
 
 
Tribunal Penal Internacional foi adotado pelo
Brasil com a EC 45. O Brasil se submete a
esse tribunal. Os crimes jugados no TPI:
genocídio, crimes de guerra, crimes contra a
humanidade e a agressão. Esses crimes
estão definidos no Estatuto de Roma.
CLASSIFICAÇÃO DE CRIME
No direito brasileiro não há diferenciação
entre Crime e delito, eles são sinônimos. No
entanto, diferencia-se contravenção penal de
crime.
Crime e Contravenção são duas modalidades
de infração penal.
Fato punível pode ser:
a) crime ou delito
b) contravenção penal
Crimes são regulados pelo código penal,
enquanto as contravenções estão previstas
na lei de contravenções penais (decreto nº
3683/41)
Contravenção penal não é um crime, é uma
infração penal menos gravosa. ex: jogo do
bicho, perturbação da tranquilidade,
importunação ofensiva ao pudor.
Possuem penas muito pequenas. Pena
prevista é prisão simples, enquanto para o
crime é reclusão ou detenção.
 
CONCEITOS DE CRIME:
 
CONCEITO FORMAL: "Crime é toda a ação ou
omissão proibida por lei, sob ameaça de
pena." Crime é a conduta que adequa-se a
um determinado tipo penal.
CONCEITO MATERIAL: "Crime é a ação ou
omissão que contraria os valores ou
interesses do corpo social, exigindo sua
proibição com a ameaça de pena." Conceito
material de crime diz que o crime é uma
conduta que viola valores sociais relevantes,
os chamados bens jurídicos. Não basta esta
dentro de um tipo penal, mas é necessário
violar bens jurídicos.
Os conceitos formal e material são
insuficientes para permitirem à dogmática
penal a realização de uma análise dos
elementos estruturais do conceito de crime.
 
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME: pressupõe
que o crime possui três elementos:
tipicidade, ilicitude e culpabilidade. É o
conceito mais moderno de crime.
Obs: antijuridicidade é sinônimo de ilicitude.
Nesse caso, o crime é toda AÇÃO TÍPICA,
ANTIJURÍDICA (ou ilícita) e CULPÁVEL.
Ação - conduta humana
Típica - tipicidade: adequa-se a um tipo
penal, ou seja, a um crime previsto no
ordenamento.
Antijurídica (ilícita) - contrária ao direito. A
conduta não é ilícita quando não há causa de
exclusão da ilicitude. O direito autoriza uma
conduta quando há uma causa de exclusão
da ilicitude. Ex: legítima defesa.
Culpável - culpabilidade é a possibilidade de
responsabilizar alguém penalmente. Juízo de
reprovação que recai sobre a conduta ilícita
de imputável que tem ou pode ter
consciência da ilicitude, sendo-lhe exigível
comportamento conforme o direito.
 
Fato típico é o comportamento humano que
provoca um resultado previsto como infração
penal.
Fato antijurídico é aquele que contraria o
ordenamento jurídico.
TIPO PENAL: É uma abstração, é criada uma
conduta delitiva na norma penal. Conduta
descrita no dispositivo legal, uma norma
incriminadora Tipo é a descrição concreta da
conduta proibida.
DOLO E CULPA: Segundo os ensinamentos da
teoria da ação finalista, dolo e culpa são
elementos psicológicos que animam a
conduta, ligando o agente ao seu fato. Esses
elementos, portanto, não são a causa da
responsabilidade da conduta, situando-se no
terreno da tipicidade e não da culpabilidade.
● DOLO: é ação na qual o sujeito age
com vontade livre e consciente e
deseja o resultado.
● CULPA: Não há o desejo de produzir
resultado. Mas nos dois casos há
responsabilidade penal. Se não há
dolo e nem culpa não há crime.
Formas de responder culposamente pelo
crime:
- Imprudência- ex: furar o sinal
vermelho e matar uma pessoa.
- Negligência- ex: viajar de carro sem
freio eatropelar alguém.
- Imperícia- ex: dirigir sem carteira de
motorista e matar alguém.
 
ESTRUTURA DO TIPO DOLOSO:
O tipo doloso se compõe de duas partes: tipo
objetivo e tipo subjetivo
1) TIPO OBJETIVO: compreende a ação
delituosa descrita com todas as suas
características descritivas e, às vezes,
de elementos normativos e subjetivos.
Compõem assim, o verbo, o objeto
material, o resultado, circunstâncias de
tempo, lugar, modo e meios
executivos, finalidades da ação.
O tipo objetivo abstrato tem como única
função descrever os elementos que devem
ser constatados no plano dos fatos capazes
de identificar e delimitar o conteúdo da
proibição penal. Tudo aquilo que estiver
previsto no tipo objetivo deverá estar
objetivado no mundo exterior. Os elementos
que compõem o tipo objetivo são: autor da
ação, uma ação ou uma omissão, um
resultado, nexo causal e imputação objetiva.
2) TIPO SUBJETIVO: finalidade específica
que deve ou não animar o agente. É
quando examina-se se há dolo. Dolo é
a ação livre e consciente, deseja o
resultado.
O tipo subjetivo reúne todas as características
subjetivas direcionadas à produção de um
tipo penal objetivo. Os elementos que
formam o tipo subjetivo são: o dolo na
condição de elemento geral e os elementos
acidentais também denominados elementos
subjetivos especiais do tipo com incidência
esporádica.
O tipo subjetivo tem como finalidade
investigar o ânimo do sujeito que praticar um
tipo penal objetivo, ou seja, sua função é
averiguar o ânimo e a vontade do agente. O
dolo, como elemento subjetivo geral,
resume-se à consciência e vontade do
agente direcionadas à realização da conduta
descrita em um tipo penal objetivo. O dolo,
em suma, é a vontade de realizar um tipo
objetivo orientada pelo conhecimento de
todos os elementos componentes do tipo
objetivo constatadas no caso concreto.
 
ESTRUTURA DO TIPO CULPOSO:
Os tipos culposos não descrevem a conduta.
É um tipo penal aberto, a estrutura não
descreve elementos do tipo. Em geral, no tipo
somente está descrito o resultado, ou seja, a
lesão ou perigo de lesão do bem jurídico,
constituindo-se assim num “tipo aberto”. Há
um resultado punível. O crime culposo é
exceção. O crime admite a classificação de
tipo penal culposo apenas quando está
previsto expressamente em lei. Ex: artigo 121
parágrafo 3º indica o homicídio culposo.
 
SUJEITOS DO CRIME
SUJEITO ATIVO: É o autor do delito. O sujeito
ativo é quem pratica o fato descrito na norma
penal incriminadora. Somente o homem
possui capacidade para delinquir. É possível
haver mais de um.
O sujeito ativo pode ser chamado de agente;
na fase do inquérito policial recebe o nome
de indiciado; durante o processo recebe o
nome de acusado, denunciado ou réu. Aquele
que já sofreu sentença condenatória é
chamado sentenciado, condenado, recluso ou
detento, Na ação penal privada é chamado de
querelado e na fase de execução, apenado.
SUJEITO PASSIVO: Vítima do crime. É o titular
do bem jurídico tutelado pelo tipo penal e
que foi violado. Em alguns crimes o sujeito
passivo pode não ser uma pessoa específica,
mas o Estado ou a sociedade.
Ex: fabricou moeda falsa sem entrar em
circulação, a vítima é o Estado
 
Obs: Os animais e as coisas inanimadas
podem ser objeto material do delito, mas não
sujeito passivo.
OBJETO JURÍDICO:
Objetividade jurídica é o bem jurídico que
está sendo protegido.
Ex: no furto, o objeto jurídico é o patrimônio e
no estupro o objeto jurídico é a dignidade
sexual.
É imprescindível que haja objeto jurídico, mas
nem sempre há objeto material
OBJETO MATERIAL: é a pessoa ou a coisa
sobre a qual recai a conduta do sujeito ativo
Ex: furto de celular, o objeto material é o
celular e no estupro o objeto material é a
pessoa.
Formação de quadrilha (associação
criminosa) não tem objeto material
especificamente, não é identificável o objeto
material por vezes.
 
CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS:
CRIME DOLOSO: o sujeito assume o risco
(dolo eventual) ou deseja o resultado (dolo
direto). Está previsto no código no artigo 18, I..
Crime doloso é quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. A
regra é o crime ser doloso, sendo o culposo a
exceção.
CRIME CULPOSO: O sujeito não quer o
resultado, mas na sua conduta há
imprudência, negligência ou imperícia.
Previsto no artigo 18, II CP.
CRIME PRETERDOLOSO: Preter quer dizer
pretérito, anterior. Assim, o crime preterdoloso
pressupõe dois resultados. O resultado total é
mais grave do que o resultado pretendido
pelo agente.
Dolo no antecedente e culpa no
consequente.
Ex: dar um soco (lesão corporal com dolo) e o
cara morreu porque bateu a cabeça no chão
(morte com culpa)
Crime de lesão corporal seguida de morte,
artigo 129 parágrafo 3º
Ex: espancar uma mulher grávida e causar
aborto (dolo ao espancar e culpa no aborto)
 
CRIME COMISSIVO: Fruto de uma ação
dirigida a um fim, de um agir. Realização de
uma ação positiva visando a um resultado
tipicamente ilícito, ou seja, fazer o que a lei
proíbe. A regra é o crime ser comissivo.
CRIME OMISSIVO PRÓPRIO: Consiste no fato
de o agente deixar de realizar uma conduta,
tendo a obrigação jurídica de fazê-lo.
Deixar de agir é a premissa para o crime ser
omissivo. No omissivo próprio o agente
responde por uma conduta descrita nesse
tipo penal, fruto de omissão. O resultado não
é relevante, por exemplo, deixou de prestar
socorro e a pessoa morre, você não responde
pelo resultado da morte, apenas pela
conduta de deixar de prestar socorro.
ex: omissão de socorro artigo 135
verbo- deixar de prestar socorro
CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO: a omissão é o
meio pelo qual o agente produz um
resultado. Nesses crimes, o agente responde
não só pela omissão, mas pelo resultado
decorrente dessa, a que estava,
juridicamente, obrigado a impedir.
Crimes comissivos por omissão: via de regra é
comissivo mas é possível praticá-lo na forma
de omissão.
ex: homicídio é conduta comissiva (matar
alguém) mas é possível praticar esse crime
na forma omissiva imprópria
Existe um personagem chamado de
garantidor ou o garante, que é um sujeito
que tem dever de agir e a possibilidade de
evitar o resultado.
ex: o salva vidas é o garantidor que tem o
dever de salvar alguém que está se afogando,
se ele não faz isso ele responde pelo crime.
Responde pelo RESULTADO, a pessoa morreu
afogada, então ele responde pelo homicídio
culposo, caso ele não quisesse o resultado.
Exemplos de garantidor: policial, salva vidas,
segurança, pai.
 
CRIME INSTANTÂNEO: É o crime que se
esgota com a ocorrência do resultado. Crime
em que a consumação ocorre no momento
da conduta. É o que se completa num
determinado instante, sem continuidade
temporal. Ex: furto, roubo, lesão corporal
CRIME PERMANENTE: é o crime cuja
consumação prolonga-se no tempo. Depende
da atividade do agente, que poderá cessar
quando este quiser. Ex: sequestro. O crime
acontece desde o momento em que a vítima
é privada de liberdade até o momento em
que ela é liberada. O crime permanente está
sendo consumado durante todo esse tempo.
Consequência- em qualquer momento do
período de consumação o agente pode ser
preso em flagrante. O flagrante acontece
apenas no período de consumação de um
crime.
O tráfico tem alguns verbos que é de crime
permanente. Ex: transportar, guardar,
armazenar.
CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITO
PERMANENTE: o resultado praticado é
irreversível, não pode ser reparado. Ex:
homicídio.
 
CRIME CONTINUADO: previsto no artigo 71.
Em tese, há vários crimes da mesma
característica, mas o indivíduo responde por
um crime só, e acrescenta uma fração à pena.
CRIME HABITUAL: crime que para ser
consumado exige habitualidade na conduta
do sujeito.
 
CRIME DE DANO: para ser consumado
necessita gerar uma lesão ao bem jurídico,
não basta tentativa. É necessária a
superveniência de um resultado material que
consiste na lesão efetiva do bem jurídico. A
ausência dessa caracteriza a tentativa. Ex:
homicídio retira o bem jurídico da vida.
Lesão é diferente de risco ao bem jurídico.
CRIME DE PERIGO: para ser consumado não
necessita gerar lesão ao bem jurídico,um
dano efetivo, mas basta que ele coloque o
bem jurídico EM RISCO. Se subdivide em
perigo abstrato e perigo concreto:
A) Perigo concreto: é necessário provar o
risco ao bem jurídico. Não pode ser
presumido, é necessário comprovar nos autos
do processo. Ex: crime de incêndio coloca em
risco a vida, a integridade física e o
patrimônio. Para responder a esse crime
basta que tenha colocado em risco esses
bens. Precisa comprovar esse risco, esse
crime deixa vestígio, então dá para ser
comprovado
B) Perigo abstrato: ao contrário, não precisa
ser comprovado, ele é presumido. A simples
prática da ação se pressupõe perigosa. Ex:
crime de ingestão de bebida alcoólica para
condução de veículo. Coloca em risco o bem
jurídico de alguém, por isso é crime de perigo,
e é crime abstrato porque não precisa haver
comprovação do risco, o risco é presumido.
 
CRIME MATERIAL: para ser consumado é
necessário que seja produzido um resultado
naturalístico, ou seja, uma determinada
consequência, alteração no mundo exterior. É
preciso haver um resultado separado do
comportamento que o precede. A não
ocorrência de um resultado caracteriza a
tentativa. Ex: homicídio para ser consumado é
preciso que produza o resultado naturalístico
da morte da vítima, é uma consequência da
conduta.
CRIME FORMAL: até existe a descrição de um
resultado naturalístico, no entanto não é
necessário que este resultado ocorra para o
crime ser consumado. Basta a ação do agente
e a vontade de concretizá-lo. No crime
formal, o legislador antecipa a consumação,
satisfazendo-se com a simples ação do
agente. Ex: crime de extorsão tem como
resultado naturalístico exigir vantagem
indevida, mas não é necessário receber essa
vantagem, só o ato já se consuma como
crime.
Ex: crimes contra a honra (injúria, difamação,
calúnia...) Mesmo que a honra não tenha sido
atingida, acontece o crime.
Esses crimes também são chamados de
crimes de consumação antecipada. Os crimes
formais não admitem tentativa. Uma exceção
é o crime contra a honra de forma escrita, por
exemplo, tentar mandar uma carta e ela não
chegar.
CRIME DE MERA CONDUTA: não existe sequer
um resultado naturalístico. O legislador
descreve somente o comportamento do
agente, sem se preocupar com o resultado.
Ex: crime de violação de domicílio.
 
CRIME UNISSUBJETIVO: pode ser praticado
por apenas um sujeito, ou por mais de um. Ex:
homicídio, furto, roubo, estupro, lesão
corporal
CRIME PLURISSUBJETIVO: só pode ser
praticado por mais de um sujeito. Ex:
associação criminosa, crime de bigamia
 
CRIME UNISSUBSISTENTE: pressupõe um
único ato que não pode ser fracionado, não
admite tentativa. Ex: calúnia e difamação.
Nos crimes unissubsistentes NÃO EXISTE ATO
PREPARATÓRIO, é consumação desde logo.
Assim, não admite tentativa de crime.
CRIME PLURISSUBSISTENTE: sua execução
pode desdobrar-se em vários atos sucessivos.
Cabe tentativa, vez quepode parar o processo
nos atos executórios .A tentativa tem
consequência de diminuição da pena.
OBS: INTER CRIMINIS (PROCESSO DO CRIME)
1- Cogitatio (NÃO HÁ CRIME)
2- Atos preparatórios (NÃO HÁ CRIME)
3- Atos Executórios (se para aqui é
TENTATIVA DE CRIME)
4- Consumação (CRIME)
ate o segundo ponto não é punível, a não ser
o terrorismo que somente preparar já é
necessário para consumar o crime.
Em alguns crimes exige o EXAURIMENTO:
como no caso do furto que é necessário estar
com a posse mansa, não pode estar em fuga
porque aí é tentativa de furto.
 
CRIME COMUM: é o que pode ser praticado
por qualquer pessoa (lesão corporal,
homicídio, estelionato, furto).
CRIME PRÓPRIO OU ESPECIAL: é aquele que
exige determinada qualidade ou condição
pessoal do agente. Ex: infanticídio.
CRIME DE MÃO PRÓPRIA: só pode ser
praticado pelo agente pessoalmente. Ex:
crime de falso testemunho só pode
responder a testemunha, mesmo que outra
pessoa tenha ajudado a inventar a história.
 
CRIME IMPOSSÍVEL: artigo 17 CP
 
CRIME CONSUMADO: consumou a conduta.
Artigo 14, I CP
CRIME TENTADO: a conduta foi interrompida
nos atos executórios. Artigo 14, II CP
 
TENTATIVA BRANCA: erra o objeto material. O
objeto material não sofre lesão
TENTATIVA VERMELHA: o agente atinge o
objeto material, mas não consegue consumar
o delito.  
CRIME TRANSEUNTE: não deixa vestígios. Ex:
calúnia e difamação
CRIME NÃO-TRANSEUNTE: deixa vestígios.
Ex: homicídio deixa cadáver
 
CRIME DE TIPO FECHADO: possuem
conteúdo claro
CRIME DE TIPO ABERTO: não há clareza na
descrição, como nos crimes culposos
TIPICIDADE
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME: Conceito
analítico de crime pressupõe que o crime
possui três elementos: tipicidade, ilicitude e
culpabilidade.
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO:
1. conduta
2. resultado
3. relação de causalidade (nexo causal)
4. tipicidade
Para um fato ser típico é preciso ter conduta,
que pode ser dolosa ou culposa, que
provoque um resultado, que tenha nexo
causal e tipicidade.
A doutrina atual diz que a tipicidade penal
seria constituída pela tipicidade formal e
tipicidade conglobante.
 
TIPICIDADE é a adequação do fato da vida
real ao modelo descrito abstratamente na lei
penal.
 
● TIPICIDADE FORMAL: mera adequação
de uma conduta abstratamente ao
conteúdo de um tipo penal.
● TIPICIDADE CONGLOBANTE: é preciso
haver duas coisas:
1. A conduta deve ser anti normativa:
ANTINORMATIVIDADE- quando a
conduta praticada não é autorizada pelo
direito.
2. Tem que ter tipicidade material.
 
● TIPICIDADE MATERIAL: a conduta deve
gerar uma lesão ou risco de lesão
relevante ao bem jurídico. Princípio da
insignificância e o Princípio da
adequação social acarretam a exclusão
da tipicidade.
 
 Ex: uma pessoa ao fazer manobra em um
carro, encosta na perna de uma outra,
causando lhe lesão de apenas um arranhão
na perna. Ao analisar o fato: a conduta foi
culposa, houve um resultado; existe um nexo
de causalidade entre a conduta e o resultado;
há tipicidade formal, pois existe um tipo penal
abstrato incriminando esta conduta. Porém,
ao verificar a tipicidade material,
analisa-se que, embora a nossa integridade
física seja importante a ponto de ser
protegida pelo direito penal, nem toda e
qualquer lesão estará abrangida pelo tipo
penal. Somente as lesões corporais que
tenham algum significado, isto é, que gozem
de certa importância, é que nele estarão
previstas.
ADEQUAÇÃO TÍPICA PENAL: adequação da
conduta praticada pelo sujeito a um tipo
penal.
● Adequação típica imediata ou direta:
ocorre quando a conduta consuma o
delito.
● Adequação típica mediata ou indireta:
não ocorre a forma consumada do
delito, mas sim a forma tentada.
Consequência de praticar o crime de
forma tentada: artigo 14 inciso II,
consequência é a causa de diminuição
de um terço a dois terço da pena.
 
 
Tipicidade é uma decorrência do princípio da
reserva legal que diz que não há crime sem
lei anterior que o defina.
Conceito: conformidade do fato praticado
pelo agente com o descrito na lei penal.
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO:
 
Fato típico é o fato dotado de tipicidade. O
fato típico é constituído por elementos:
1. Conduta Humana.
2. Resultado (provocado pela conduta
humana).
3. Relação de causalidade (entre a conduta
e o resultado),
4. Tipicidade (adequação da conduta a um
tipo penal).
 
CONDUTA
 
Conceito: é a ação ou omissão humana
consciente e dirigida a determinada
finalidade.
 
A conduta pode ser comissiva ou omissiva,
ser uma ação ou uma omissão. É uma
conduta humana que deve ser consciente.
Uma conduta pressupõe um ato de vontade
dirigido a um fim e a manifestação dessa
vontade que abrange o aspecto psíquico e o
aspecto mecânico.
 
Constituem elementos da conduta, um ato de
vontade dirigido a um fim e a manifestação
dessa vontade (atuação), que abrange o
aspecto psíquico (campo intelectual derivado
do comando cerebral) e o aspecto mecânico
ou neuromuscular (movimento ou abstenção
de movimento).
A vontade domina a conduta dolosa ou
culposa, a diferença, na ação dolosa, é que a
voluntariedade alcança o resultado, enquanto
a culposa só vai até a causa do resultado.
Fato atípico não é criminoso porque não tem
tipicidade
CAUSAS QUE EXCLUEMA CONDUTA: (tornam
o fato atípico)
● Coação física irresistível - o sujeito não
tem vontade nem ação. (Coação moral
irresistível - exclui a culpabilidade, existe
ação livre mas não há vontade livre).
● Estados de inconsciência. (sonho,
sonambulismo, hipnose, desmaio)
● Atos reflexos. (ataque epilético, espirro,
tosse)
Elementos da conduta:
a. Elemento subjetivo: dolo ou culpa. Se na
conduta não há dolo nem culpa, não se
pode punir o sujeito. Se alguém for
punido sem a presença de dolo ou
culpa, estaria sendo admitida a
responsabilidade penal objetiva. Hoje a
responsabilidade penal exige elemento
subjetivo.
b. Elemento objetivo: realização do projeto,
movimentar o corpo para a obtenção do
fim.
 
A conduta é, em regra, consubstanciada em
uma AÇÃO em sentido estrito ou ato
comissivo, que é um movimento corpóreo,
um fazer, um comportamento ativo (atirar,
subtrair, ofender, etc.). Poderá, entretanto
constituir-se numa OMISSÃO, que, segundo a
teoria normativa, é a inatividade, a abstenção
de movimento, é o “não fazer alguma coisa
que é devida”.
Um crime pode ser enquadrado em omissivo
próprio e impróprio
 
CONDUTA OMISSIVA (artigo 13)
A omissão é penalmente relevante quando o
omitente podia e devia evitar o resultado.
O dever de agir incube ao garantidor: artigo 13
§2 CP
Deve agir quem:
1. Alguém que tenha por lei a obrigação
de cuidado, proteção e vigilância.
(gatinador por forma de obrigação
legal). Ex: pai que tem o dever de
alimentar o filho
2. Aquele que assumiu a responsabilidade
de evitar o resultado (garantidor por
obrigação legal) Ex: médico em pronto
socorro.
3. Criou o risco de ocorrência do resultado
com seu comportamento anterior (é
garantidor porque gerou o risco).
 
Pode agir quem:
1. Tem conhecimento da situação de fato.
2. Tem consciência da condição que o
coloca na qualidade de garantidor.
3. Tem consciência de que pode executar
a ação.
4. Tem possibilidade real - física de
executar a ação.
 
A conduta é, em regra, consubstanciada em
uma AÇÃO em sentido estrito ou ato
comissivo, que é um movimento corpóreo,
um fazer, um comportamento ativo (atirar,
subtrair, ofender, etc.). Poderá, entretanto
constituir-se numa OMISSÃO, que, segundo a
teoria normativa, é a inatividade, a abstenção
de movimento, é o “não fazer alguma coisa
que é devida”.
Caso fortuito e força maior são fatos atípicos,
geram atipicidade
 
RESULTADO
Nos crimes materiais, a ação modifica algo
externamente, produzindo um resultado.
Nesses crimes, sem o resultado não há
tipicidade.
 
No entanto, há crimes sem resultado, já que o
legislador descreveu condutas típicas que se
consumam sem a necessidade de produção
de alteração natural. Ex: artigos 130 a 135.
Há crimes que só em colocar em perigo já é
crime.
 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (NEXO CAUSAL)
É necessário um vínculo entre minha conduta
e o resultado. Exige-se um nexo causal.
 
1. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA:
Causa é a condição mais adequada para se
gerar o resultado.
2. TEORIA DA EFICIÊNCIA:
Causa é a mais eficaz para a produção do
resultado
3. TEORIA DA RELEVÂNCIA JURÍDICA:
É tudo o que concorre para a adequação da
conduta ao tipo penal.
 
No Brasil prevalece a TEORIA DA
EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES. Não
diferenciamos o que é causa ou condição,
ambas contribuem para o resultado e é isso
que importa. (ARTIGO 13 CP)
Causa- aquilo que uma coisa depende para
existir
Condição- o que permite à causa produzir
seus efeitos.
 
Condição indispensável (conditio sine qua
non): A conduta deve ter condição
indispensável para o resultado. Ex: dar um
soco em pessoa com câncer terminal e ela
morre. Não há crime de homicídio pq ela já
estava para morrer, apenas lesão corporal. O
soco não foi uma condutio sine qua non.
 
PROCESSO HIPOTÉTICO DE ELIMINAÇÃO
Se eu retirar essa conduta, mesmo assim o
resultado vai acontecer?
Para que se possa reconhecer se a condição
é causa do resultado, utiliza-se o PROCESSO
HIPOTÉTICO DE ELIMINAÇÃO, segundo o qual
causa é todo antecedente que não pode ser
suprimido IN MENTE, sem afetar o resultado
(Fragoso).
Assim, se a vítima se fere na fuga quando
procura fugir à agressão, há relação de
causalidade, pois, se hipoteticamente se
suprimisse a agressão, a vítima não fugiria e,
portanto, não sofreria a lesão.
 
CONCAUSAS: mais de uma causa que
concorre ao resultado. É outra causa que,
ligada a primeira, concorre ao resultado.
A Teoria da Equivalência das Condições tem a
desvantagem de levar AD INFINITUM a
pesquisa do que seja causa: Todos os agentes
das condições anteriores responderiam pelo
crime.
Na verdade, se remontarmos todo o processo
causal, vamos descobrir que uma série de
antecedentes bastante remotos foram
condições indispensáveis à ocorrência do
resultado.
A relação de causalidade entre a conduta
humana e o resultado é uma relação
valorada, que deve ser aferida conjuntamente
com o vínculo subjetivo do agente.
Causalidade relevante para o Direito Penal é
aquela que pode ser prevista, isto é, aquela
que é previsível, que pode ser mentalmente
antecipada pelo agente. Em outros termos, a
cadeia causal, aparentemente infinita sob a
ótica puramente naturalística, será sempre
limitada pelo dolo ou pela culpa.
Concausas podem ser: preexistentes,
concomitantes ou supervenientes.
1. CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE
INDEPENDENTES
São aquelas que não interferem no resultado,
este iria acontecer mesmo que incluíssem a
concausa.
● Preexistentes: as concausas
absolutamente independentes
preexistentes o sujeito responde pela
forma tentada do crime.
Ex: : X atirou às 20h em Y, porém este já tinha
sido envenenado por Z às 19h. Assim, X
responde por tentativa de homicídio.
 
● Concomitante: as concausas
absolutamente independentes
concomitante também respondem por
tentativa.
Ex: X está envenenando Y, ao mesmo tempo
em que Z atira em Y. X responde por tentativa
de homicídio.
 
● Supervenientes: as concausas
absolutamente independentes
supervenientes respondem por
tentativa.
Ex: X envenenou Y às 19h, às 20h caiu um
lustre na cabeça de Y. X responde por
tentativa de homicídio.
Essa segunda causa, superveniente, sendo
totalmente independente da primeira,
impede o fluxo do nexo causal entre a
conduta (envenenamento) e o resultado
(morte por traumatismo encefálico).
 
2. CONCAUSAS RELATIVAMENTE
INDEPENDENTES
● Preexistentes: responde por crime
consumado.
Ex: X dá facadas em Y, hemofílico.
 
● Concomitante: responde pela
consumação do crime
Ex: X dispara um projétil contra Y que vendo a
bala se aproximar sofre um ataque cardíaco
fulminante.
 
● Superveniente: também é de
consumação do crime
Ex: X sofre um tiro, na cirurgia ocorre um erro
médico e X vem a óbito.
 
● Superveniente fora da linha de
desdobramento: responde por tentativa
se ocorrer fora da linha de
desdobramento lógico.
Ex: X sofre um tiro, no hospital cai o teto na
cabeça de X.
 
DOLO E CULPA
Dispõe o parágrafo único do art. 18 do CP:
“Salvo os casos expressos em lei ninguém
pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente”.
A regra contida neste parágrafo é a de que
todo crime é doloso, somente havendo a
possibilidade de punição pela prática de
conduta culposa se a lei assim o prevê
EXPRESSAMENTE.
Na teoria causalista, dolo e culpa eram
analisados na culpabilidade. Na teoria
finalista, dolo e culpa são elementos da
conduta e por isso são pressupostos para o
fato típico.
 
DOLO
Artigo 18 paragrafo único: "salvo casos
expressos em lei, ninguém pode ser punido
por fato previsto como crime, senão quando o
pratica dolosamente". A regra é o crime
possuir modalidade dolosa,
excepcionalmente pode haver modalidade
culposa quando expressamente prevista em
lei. Exemplo de crimes que admitem a
modalidade culposa: homicídio
 
TEORIAS DO DOLO
1. Teoria da Vontade:
de acordo com essa teoria, dolo é a ação
consciente e voluntária na qual o sujeito
deseja o resultado. O brasil adota essa teoria
para configurar o chamado dolo direto.
(artigo 18 primeira parte)
2. Teoria da representação:
Dolo é a mera previsão do resultado,
independente do sujeito desejar

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