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Licensed to rachelcarbm@gmail.com Parte Geral CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Direito Penal*: conjunto de princípios e leis destinados a combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal (pena ou medida de segurança). Política criminal*: Ciência independente que tem por objeto a apresentação de críticas e propostas para a reforma do Direito Penal em vigor. Visa a análise crítica e meta jurídica do direito positivo, no sentido de ajustá-lo aos ideais jurídico-penais e de justiça. Encontra-se intimamente relacionada com a dogmática, uma vez que na interpretação e aplicação da lei penal interferem critérios de política criminal. Baseia-se em considerações filosóficas, sociológicas e políticas, e também de oportunidade, em sintonia com a realidade social, para propor modificações no sistema penal vigente. As leis penais são frutos de uma determinada vontade política manifestada pelos cidadãos por intermédio de seus representantes junto aos Poderes do Estado. Na instituição ou adoção de princípios e regras refletidas pelo sistema penal de um povo estão as marcas sensíveis de sua civilização e cultura, razão pela qual se pode falar em leis que pegam e leis que não pegam como demonstração da afinidade ou do divórcio entre os interesses dos indivíduos e a vontade do Estado. A política criminal é o filtro para revelar esses fenômenos. Essa ciência analisa de forma crítica a dinâmica dos fatos sociais e, comparando-a com o sistema penal vigente, propõe inclusões, exclusões ou mudanças, visando atender o ideal de justiça, colaborando, pois, com a Dogmática Penal. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Criminologia*: A criminologia é a ciência que se ocupa das circunstâncias humanas e sociais relacionadas com o surgimento, a prática e a maneira de evitar o crime, assim como do tratamento dos criminosos. Preocupa-se com os aspectos sintomáticos, individuais e sociais do crime e da criminalidade, enquanto o Direito Penal se dedica ao estudo das consequências jurídicas do delito. *MASSON,Cleber. Código Penal Comentado. 2 ed. Ver. Atual. E ampl. Rio de Janeiro: Método, 2014. p. 27, 29, 30. PRINCÍPIOS PENAIS E CONSTITUCIONAIS a) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: É o princípio norteador de todo o ordenamento jurídico brasileiro e está previsto na Constituição no inciso III de seu primeiro artigo. Art. 1º, CF: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana; Em sentido subjetivo tem a finalidade de garantir o mínimo existencial a todos, e em sentido objetivo tem por fim colocar o ser humano como finalidade ou como meta de toda e qualquer medida estatal. a) Quanto ao crime: vedação à incriminação de condutas socialmente inofensivas. b) Quanto à pena: vedação de penas cruéis, degradantes ou vexatórias. b) Princípio da Legalidade – art. 5º, inc. XXXIX, CF e art. 1º, do CP: “Não há Estado Democrático de Direito sem legalidade penal” (NUCCI). Trata-se de limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais – nullum crimen, nulla poena sine lege. Licensed to rachelcarbm@gmail.com O princípio da legalidade está expresso no texto constitucional no art. 5º, inc. XXXIX e no Código Penal em seu art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Reserva legal – lege scripta Anterioridade – lege praevia Taxatividade – lege certa São desdobramentos do princípio da legalidade: ● Princípio da Reserva Legal: exigência de lei em sentido formal. Está proibida a utilização de costumes ou analogia para criar ou agravar punições. O princípio da legalidade se aplica aos crimes e às contravenções, bem como às penas e medidas de segurança. - Fundamentos do princípio da legalidade: Político: obrigam-se os poderes executivo, legislativo e judiciária a leis formuladas de forma abstrata, impedindo o poder punitivo de maneira arbitrária. Democrático: respeito ao princípio da separação dos poderes, conferindo ao poder legislativo elaborar a lei como representantes do povo. - Jurídico: a lei prévia e inteligível traz maior segurança jurídica. específicos em matéria penal (art. 22 parágrafo único CF). ATENÇÃO Licensed to rachelcarbm@gmail.com - Medidas Provisórias: Art. 62, CF: Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria I - relativa a (...) b) direito penal, processual penal e processual civil; ATENÇÃO: embora as medidas provisórias não possam criar infrações penais, podem tratar de direito penal não incriminador. - Lei Delegada Art. 68, CF: As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre (...) - Decreto-lei O decreto-lei poderá tipificar condutas, desde que anterior a Constituição e que tenha sido recepcionado por esta. Ex.: Decreto-lei n. 2.848/40 – Código Penal. - Decreto-legislativo Conforme entendimento do STF, o decreto-legislativo só tem efeito erga omnes a partir da edição da resolução. · ● Princípio da Anterioridade: para a preservação da segurança jurídica, a criação de tipos penais e a cominação de sanções exige lei anterior ao fato, proibindo-se a retroatividade maléfica. Porém, a Constituição ressalva que é possível que a lei retroaja para beneficiar o réu. Art. 5º, inc. XL, CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Licensed to rachelcarbm@gmail.com ● ·Princípio da Taxatividade: A lei penal deve ter conteúdo determinado. Esse princípio é dirigido diretamente ao legislador que deve elaborar os tipos penais de maneira clara, sem que reste dúvidas, proibindo a existência de tipos vagos. c) Princípio da Intervenção Mínima: Esse princípio tem por fim coibir a elaboração de infrações penais sem necessidade, principalmente quando a conduta possa ser reprimida por outro ramo do direito, devendo ser a ultima ratio. - Desdobramentos: ● Princípio da Subsidiariedade: o direito penal só se justifica em caráter subsidiário, quando outros ramos não puderem oferecer proteção suficiente ao bem jurídico tutelado. ● Princípio da Fragmentariedade: dentre diversos ilícitos, apena uma parcela trata de ilícitos penais que correspondem aos fatos mais graves e tutelam os bens jurídicos mais importantes. d) Princípio da Insignificância/Bagatela: Minima non cura praeter. Enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postula que devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que afetam muito infimamente a um bem jurídico-penal. A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir a tipicidade em caso de danos de pouca importância. ATENÇÃO: em situações de inequívoca insignificância, a autoridade policial não deve lavrar o flagrante ou instaurar o inquérito, mas registra a ocorrência fundamentando-a. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Observações: 1 não se aplica o princípio da insignificância em: - Reincidência; - Crimes cometidos com violência ou grave ameaça; - Furto qualificado; - Crimes funcionais; - Crimes contra o meio ambiente; - Infrações que envolvam a lei de droga; - Infrações que envolvam o art. 28, CP. 2 o STF aplica o princípio da insignificância para o crime de descaminhoquando o tributo e seus acessórios não atingir 20 mil reais. Art. 1º da Portaria n. 75/2012 do Ministério da Fazenda: Determinar: I - a não inscrição na Dívida Ativa da União de débito de um mesmo devedor com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais); e II - o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Critérios de aplicação do STF 1 – Quantificação: quando o bem subtraído não atingir 10% do salário mínimo. 2 – Aplica-se o princípio da insignificância se reconhecido os seguintes vetores: Periculosidade social (ausência) Reprovabilidade do ato (reduzida) Ofensividade da conduta (mínima) Lesividade jurídica (ínfima) Expressão mnemônica: “PROL” Fique sabendo! Licensed to rachelcarbm@gmail.com e) Princípio da Ofensividade ou Lesividade – nullem crimen sine injuria: Apenas existirá crime quando houver efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Portanto, é proibida a criminalização de atitudes internas, de estados existenciais, de condutas que se esgotem no âmbito do próprio autor ou de qualquer conduta que não afete quaisquer bens jurídicos. Observação: relaciona-se com o princípio da exteriorização ou materialização do fato. f) Princípio da Alteridade: O direito penal deve punir tão somente condutas que produzam lesão a bens alheios, pois o sujeito não pode ser punido por causar mal a si próprio. Ex.: autolesão e tentativa de suicídio. g) Princípio da Exclusiva Proteção do Bem Jurídico: O direito penal não ser utilizado para tutelar concepções puramente ideológicas ou preceitos que violem normas religiosas, morais ou éticas. São dignos de tutela penal, os bens jurídicos consagrados na Constituição Federal. h) Princípio da Adequação Social: Trata-se de um vetor geral de hermenêutica segundo o qual “não se pode reputar como criminosa uma ação ou uma omissão aceita e tolerada pela sociedade, ainda que formalmente assumida”. Todavia, “a aplicação deste princípio no exame da tipicidade deve ser realizada em caráter excepcional, porquanto ao legislador cabe precipuamente eleger aquelas condutas que serão descriminadas”. i) Princípio da Individualização da Pena: Trata-se de um princípio constitucional constante no art. 5º, inc. XLVI, vejamos: Art. 5º, inc. XLVI, CF: a lei regulará a individualização da pena (...) Licensed to rachelcarbm@gmail.com j) Princípio da Proporcionalidade: A conduta do agente e a pena que deverá cumprir deve atender a um juízo de ponderação para que a resposta penal seja justa. Logo, a proporcionalidade atinge dois aspectos: a proteção contra o excesso e a vedação da proteção penal deficiente. k) Princípio da Presunção de Inocência: Art. 5º, inc. LVII, CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; “O princípio constitucional da presunção de inocência , em nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido condenados, definitivamente , por sentença do Poder Judiciário” (STF, HC 115.613/SP, Min. Celso de Mello, 2ª Turma, j. 25/06/2013). A individualização da pena será observada em 3 momentos, quais sejam: - Cominação: o legislador valora os bens que devem ser protegidos pelo direito penal. - Aplicação da pena: o juiz deve fixa-lo de acordo com o critério trifásico estabelecido pelo Código Penal. - Execução penal: os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal – art. 5º da LEP. ATENÇÃO Licensed to rachelcarbm@gmail.com Princípio da Presunção de Inocência x Execução Provisória da Pena Data Julgado Entendimento 2009 HC 84.078 Foi em fevereiro de 2009 que o plenário do Supremo permitiu a um condenado pelo Tribunal do Júri da Comarca de Passos (MG), que recorresse aos tribunais superiores, em liberdade, de uma condenação de sete anos e seis meses de reclusão, em regime inicialmente fechado. 2016 HC 126.292 Sem a alteração constitucional, com a alteração na composição do Supremo, a repercussão negativa de casos de impunidade e já com a Operação Lava Jato nas ruas, o tribunal manejou uma guinada na sua jurisprudência. No dia 17 de fevereiro de 2016, em julgamento apertado, o plenário da Corte entendeu que a possibilidade de início da execução da pena condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não ofendia o princípio constitucional da presunção da inocência. 2016 ADC 43 e 44 STF admite execução da pena após condenação em segunda instância Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o artigo 283 do Código de Processo Penal (CPP)* não impede o início da execução da pena após condenação em segunda instância e indeferiu liminares pleiteadas nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44. 2018 HC 152.752 O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por maioria de votos, o Habeas Corpus (HC) 152752, por meio do qual a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscava impedir a execução provisória da pena diante da confirmação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de sua condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Licensed to rachelcarbm@gmail.com l) Princípio da Humanidade (Princípio da Humanidade das Penas): Trata-se de princípio consagrado na Constituição Federal em seu art. 5º, incs. III, XLVI, XLVII e XLIX. Decorre também da Declaração dos Direitos do Homem - ONU (1948), do Pacto de San José da Costa Rica. O Direito Penal deve tratar com benignidade vislumbrando sempre a coletividade social. Seria inaceitável tratar de forma desumana o indivíduo mesmo quando tenha sido condenado por transgredir o ordenamento penal. Não se admitem penas cruéis como as penas de caráter perpétuo, de morte (salvo em caso de guerra declarada), de trabalhos forçados, de banimento ou toda e qualquer pena de castigos corporais. Qualquer pena que possa atingir a condição físico-psicológica do ser humano é inconstitucional (Zaffaroni). Lembre-se: o Código Penal Militar prevê a pena de morte em caso de guerra declarada. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL Entendimento Consolidado Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas (2017). Súmula 599, STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública (2018). Quanto ao sujeito Quanto ao modo Quanto ao Resultado Autentica (contextual; posterior) Doutrinária Jurisprudencial Literal Teleológica Histórica Sistemática Progressiva Declarativa Restritiva Extensiva Licensed to rachelcarbm@gmail.com a) Interpretação quanto ao sujeito Autêntica ou legislativa - aquela fornecida pela própria lei (exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser considerado funcionário público para fins penais); Doutrinária ou científica - aquela aduzida pelo jurista por meio de sua doutrina; Jurisprudencial - é o significado da lei dado pelos Tribunais (exemplo: súmulas). ressalte-se que a Exposição dos Motivos do Código Penal configura uma interpretação doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos que criaram o Código, ao passo que a Exposição de Motivos do Código de Processo Penal é autêntica ou legislativa, pois foi criada por lei. b) Interpretação quanto ao modo Gramatical, filológica ou literal - considera o sentido literal das palavras; Teleológica – refere-se à intenção objetivada pela lei (exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular, mesmoque a lei se refira apenas ao aparelho); Histórica - indaga a origem da lei; Sistemática - interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais do direito; Progressiva ou evolutiva - busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência. c) Interpretação quanto ao resultado Declarativa ou declaratória - é aquela em que a letra da lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis dizer, sem restringir ou estender seu sentido; Restritiva - a interpretação reduz o alcance das palavras da lei para corresponder à intenção do legislador; Extensiva - amplia o alcance das palavras da lei para corresponder à sua vontade. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance das palavras, a analógica fornece exemplos encerrados de forma genérica, permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses, funcionando como uma analogia in malan partem admitida pela lei. Rogério Greco fala em interpretação extensiva em sentido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva em sentido estrito e interpretação analógica. A analogia não é forma de interpretação, mas sim de integração de lacuna (quando não há na lei previsão legal sobre um caso concreto). São pressupostos da analogia: certeza de que sua aplicação será favorável ao réu; existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária do legislador). É possível aplicar a interpretação extensiva em relação ao réu? 1ª corrente (Guilherme Nucci e Luiz Regis Prado) - é possível, não importando se irá beneficiar ou prejudicar o réu, pois sua utilização tem por finalidade evitar a injustiça. Sustentam, ainda, que a interpretação extensiva não está vedada pela Constituição Federal; 2º corrente (Luiz Flávio Gomes) - em respeito ao princípio do in dubio pro reo, o juiz não pode se utilizar da interpretação extensiva em hipótese que prejudica o réu. Esse argumento é baseado no que prevê o art. 22, § 2ª, do Estatuto de Roma: "A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e não será permitido o recurso à analogia. Em caso de ambiguidade, será interpretada a favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada"); 3ª corrente (Zaffaroni) - em regra, não cabe interpretação extensiva contra o réu, salvo quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua notória irracionalidade (exemplo: a interpretação do conceito de arma, enquanto majorante do delito de roubo). Fique sabendo! Licensed to rachelcarbm@gmail.com APLICAÇÃO DA LEI PENAL LEI PENAL NO TEMPO Lei penal no tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. - Teoria da atividade: O art. 4º do CP tipifica que, o crime será considerado praticado no momento de sua ação ou omissão, mesmo que, o resultado ocorra em momento diverso. Considera-se praticado o crime no momento da sua conduta. - Teoria do resultado: será considerado praticado o crime assim que gerar o resultado pretendido. - Teoria mista ou da ubiquidade: Considerará tanto a ação ou omissão, como o resultado, o momento da prática do delito. Extratividade da lei penal A extratividade é a capacidade maleável que a Lei Penal encontra para regulamentar no caso concreto, fatos que ocorreram dentro da sua vigência, e que de alguma maneira já não está mais em vigor, devendo ser utilizada apenas para benefício do réu. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Pode ser dividida em: - Ultra-atividade: aplicação da lei após a sua revogação, porém o fato deve ter ocorrido ainda em sua vigência, e; - Retroatividade: aplicação da lei penal a fato ocorrido antes da sua vigência. Pressupõem sucessão de leis no tempo e só podem agir em benefício do réu, salvo nos casos de lei temporária ou excepcional. Conflito Aparente de Normas: Solução Princípio da Especialidade: majoritariamente, para os doutrinadores é o mais importante dos princípios utilizados para sanar o conflito aparente de normas penais. Os demais princípios “somente devem ser lembrados quando o primeiro não resolver satisfatoriamente os conflitos. Princípio da Subsidiariedade: A norma subsidiária descreve um grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, ou seja, um fato menos amplo e menos grave, que definido como delito autônomo é também compreendido como parte da fase normal de execução de crimes mais grave. Princípio da Consunção: Princípio segundo o qual o fato mais amplo e mais grave absorve outros menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de preparação ou execução ou mero exaurimento. Princípio da Alternatividade: Princípio aplicado quando a norma descreve várias formas de realização da figura típica, onde a ação de uma ou de todas configura crime. São os chamados tipos alternativos, que descrevem crimes de ação múltipla. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Conflito de leis penais no tempo Abolitio criminis e lex mitior X Novatio legis incriminadora e lex gravior: Haverá abolição de crime quando a lei nova deixa de considerar crime/contravenção penal o fato anteriormente tipificado como ilícito penal. Nesse caso, o legislador retira a ilicitude da conduta, descriminalizando o ato que outrora era considerado como delito. O instituto da abolitio criminis está descrito no caput do art. 2º do Código Penal, sendo causa de extinção de punibilidade (art. 107, inciso III, do CP). Lex mitior e o trânsito em julgado - Súmula 611, STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. Novatio legis incriminadora: Em se tratando de novatio legis incriminadora, ou seja, uma lei posterior que criminaliza determinada conduta, aplica-se a regra geral da irretroatividade penal. Segundo Capez “é a lei posterior que cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta considerada irrelevante penal pela lei anterior” (CAPEZ, 2007, p. 56). Como se vê, nesta hipótese, a regra é aquela insculpida no princípio da legalidade e da anterioridade: não haverá crime ou pena sem lei prévia. Portanto, em decorrência da máxima nullum crimen nullum poena sine praevia lege, as condutas que, superveniente, se tornaram crime não retroagem, sendo aplicáveis a partir de sua vigência. Novatio legis in pejus: Entende-se por novatio legis in pejus, também chamada de lex gravior, a lei posterior que, de qualquer modo, agrava a situação do agente. Aplicando-se o critério supracitado, a lei nova que prejudica o agente não retroage, isto é, deve ser mantida a lei revogada (ultratividade da lei vigente na época do fato). Licensed to rachelcarbm@gmail.com Novatio legis in mellius: Outra hipótese de conflito de lei penal no tempo é a novatio legis in mellius, vale dizer, ocorre quando a lei posterior que traz um benefício, de certa forma, para o agente do fato (a lei nova beneficia a situação do acusado). Rene Ariel Dotti leciona que “O advento de uma lei nova poderá beneficiar o agente não apenas quando descriminaliza o fato anteriormente punível, mas quando institui uma regra de Direito Penal que: a) altera a composição do tipo de ilícito; b) modifica a natureza, a qualidade, a quantidade oua forma de execução da pena; c) estabelece uma condição de punibilidade ou processabilidade; d) de qualquer outro modo é mais favorável” (DOTTI, 2010, p. 343). Ocorrendo, portanto, essa novatio legis in mellius, aplicar-se-á a lex mitior (lei melhor) ao caso concreto, retroagindo à data dos fatos. Esse instituto está previsto no parágrafo único do artigo 2º do Código Penal e também não encontra obstáculo à coisa julgada, não havendo que se falar em direito adquirido do jus puniendi estatal. Em suma, a novatio legis in mellius, assim como a abolitio criminis, retroage para beneficiar o agente criminoso, aplicando-se de forma imediata aos processos em andamento, sentenciados ou não, e também à execução penal. Lex mitior x vacatio legis Sancionada, promulgada e publicada uma lei penal mais benéfica, é possível sua aplicação imediata? Isto é, antes mesmo de encerrar o prazo da sua vacatio, caso existente? 1ª Corrente: seguida por Damásio de Jesus, Guilherme de Souza Nucci e Frederico Marques, defende que não é possível a lei nova abranger o fato anterior ou concomitante ao período da vacatio. Isto é, “a lei penal não possui eficácia jurídica ou social, devendo imperar a lei vigente. Fundamenta-se esta corrente no fato de que a lei no período de vacatio legis não passa de mera expectativa de lei. Esta é a corrente predominante” (CUNHA, 2013, p. 104). Licensed to rachelcarbm@gmail.com 2ª corrente: defendida por Rene Dotti, Celso Delmanto e Alberto Silva Franco, entende que, em se tratando de lex mitior, deve a lei ser aplicada desde logo, independentemente se se encontra em vacatio legis ou não. Isso porque “a lei em período de vacatio não deixa de ser lei posterior, devendo ser aplicada desde logo, se for mais favorável ao réu” (DOTTI, 2010, p. 344/345). Combinação de leis penais – lex tertia Duas são as teorias que respondem essa questão. Corrente tradicional:, defendida principalmente por Nelson Hungria, Aníbal Bruno, Heleno Cláudio Fragoso, Eugenio Raul Zaffaroni, José Henrique Pierangeli, Costa e Silva, afirma não ser possível a fusão de leis, isto é, que não é possível dividir a norma para aplicar a parte mais benéfica, criando uma terceira lei (lex tertia). Corrente moderna: fazem parte Basileu Garcia, Damásio de Jesus, Frederico Marques, Celso Delmanto, Cezar Roberto Bitencourt, Rene Ariel Dotti, Bustos Ramirez, Francisco de Assis Toledo e Magalhães Noronha, admite a combinação de leis favoráveis ao réu, sob o fundamento de que o juiz não cria uma terceira lei, mas apenas efetua uma integração das normas, pois, quem pode aplicar o todo, pode aplicar somente uma parte dela. A propósito, Damásio disserta que “Se o juiz pode aplicar o todo de uma ou de outra lei para favorecer o sujeito, não vemos por que não possa acolher parte de uma e de outra para o mesmo fim, aplicando o preceito constitucional. Este não estaria sendo obedecido se o Juiz deixasse de aplicar a parcela benéfica da lei nova, porque impossível a combinação de leis” (JESUS, 2006, p. 94/95). O Supremo Tribunal Federal tem se posicionado majoritariamente (contra: HC 107583 / MG, HC 96844 / MS eHC 68416 / DF) no sentido da possibilidade da combinação das leis, quando houver ineditismo penal, conforme julgamento do Recurso Extraordinário em Repercussão Geral, Licensed to rachelcarbm@gmail.com em que analisou a minorante do art. 33, § 4º da Lei n. 11.343/06 em conjunto com a Lei n. 6368/76: “No plano do agravamento da pena de reclusão, a regra mais nova não tem como retroincidir. Sendo (como de fato é) constitutiva de política criminal mais drástica, a nova regra cede espaço ao comando da norma penal de maior teor de benignidade, que é justamente aquela mais recuada no tempo: o art. 12 da Lei 6.368/1976, a incidir por ultra-atividade. O novidadeiro instituto da minorante, que, por força mesma do seu ineditismo, não se contrapondo a nenhuma anterior regra penal, incide tão imediata quanto solitariamente, nos exatos termos do inciso XL do art. 5º da Constituição Federal” (STF. RE 596152 RG / SP. Rel. p. Ac. Min. Ayres Britto. Pleno. Julg. 13.10.2011). No mesmo diapasão: “A causa de diminuição de pena prevista no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, mais benigna, pode ser aplicada sobre a pena fixada com base no disposto no art. 12, caput, da Lei nº 6.368/76”. (STF. HC 95435 / RS. Rel. p. Ac. Min. Cezar Peluso. 2ª T. Julg. 21/10/2008). Súmula 501, STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. Lei Penal Temporária e Excepcional Art. 3º, CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Lei Penal Temporária: São leis penais criadas para reger fatos ocorridos durante determinada situação excepcional ou durante determinado período. Ex.: Lei Penal Temporária – Lei Geral da Copa que contém tipos penais, porém impõe uma elementar que condiciona aplicação dos tipos penais para fatos praticados até dia 31/12/14. Hoje, não gera mais novas subsunções. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Lei Penal Excepcional: criada para vigorar sob determinadas condições excepcionais (calamidade, guerra etc). Sua vigência se dá, apenas, no período de tais condições, ou seja, fora dos períodos “normais”. Ex.:Lei 1.521/51 – Lei 8.137/90> vender ou expor a venda produto com preço superior ao preço da tabela oficial, situação excepcional é a crise econômica e congelamento de preço. Revogada em 2011; Crimes Militares em tempo de Guerra. ➔ São leis intermitentes dotadas de ultratividade. Em regra, a posterior autorrevogação. Não caracteriza abolitio criminis em relação aos fatos ocorridos durante a vigência da lei temporária ou excepcional. Crime continuado e crime permanente Em se tratando de crime continuado (ou continuidade delitiva, art. 71, do Código Penal) ou de crime permanente (cuja consumação se prolonga no tempo), a regra é que se aplica a lei mais nova, ainda que maléfica ao acusado. Portanto, havendo a modificação da lei quando ainda em prosseguimento a prática de crime continuado ou permanente, a lei nova é aplicada a toda a série de delitos praticados (caso seja crime continuado) ou para o crime permanente. Súmula 711, STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. Aplica-se o princípio da continuidade normativo-típica quando uma lei é revogada, porém, a conduta ainda continua incriminada em outro dispositivo legal, não ocorrendo, nessa hipótese, a abolitio criminis. A revogação do complemento da Lei Penal em Branco constitui abolitio criminis? Como regra, a revogação do complemento produz abolitio criminis já que ele faz parte da norma penal. Exceção: não haverá descriminalização quando o complemento possuir caráter excepcional ou temporário. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Lei Penal em Branco: Aquela cujo preceito primário se mostra incompleto e por isso carece de um complemento que se encontra em outra norma jurídica. Pode ser: - Da mesma hierarquia: lei penal em branco homogênea em sentido lato. Ex.: art. 237/CP. - De hierarquia diferente: lei penal em branco heterogênea em sentido estrito. Ex.: Lei n. 11.343/06 nos art. 28 e 33> Portaria da ANVISA; Lei 1.521/51 e Lei 8.137/90 – revogadas, tabela oficial - Portaria da SUNABB. De acordo com Código, o crime se considera praticado no momento da ação ou omissão ainda que outro seja o do resultado. – Teoria da Atividade. Será usado quando uma conduta ocorrer numa data e o resultado só acontecerno futuro. a) Conduta e resultado ocorrem em momentos diferentes b) Maioridade Penal c) Superveniência de Lei Penal mais Gravosa d) Questões que envolvam circunstâncias do crime ligadas à idade da vítima Ao termo inicial da prescrição não se aplica o art. 4º e sim o art. 111/CP. Só começa a ocorrer com a consumação do crime. LEI PENAL NO ESPAÇO Territorialidade Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. O ordenamento jurídico brasileiro adotou a territorialidade. Trata-se se regra relativa, pois comporta exceções previstas em convenções, tratados e regras de direito internacional (territorialidade temperada). Licensed to rachelcarbm@gmail.com ● Princípio da Territorialidade Temperada ou Mitigada: segundo ele, os crimes ocorridos em território brasileiro estarão sujeitos à legislação penal pátria, ressalvados se houver crimes que, embora praticados em territórios brasileiros, não ficaram sujeitos à lei penal brasileiro. EXCEÇÕES: - Imunidade Diplomática: tem caráter absoluto, ou seja, abrange toda e qualquer infração penal. (Embaixadores, Chefes de Estado e de Governo, os Representantes de Organismos Internacionais em missão diplomática, Núncio apostólico. Se estende aos familiares e “séquitos”, ou seja, funcionários que trabalham junto à missão diplomática). Ex.: no interior da baixada da Espanha houve o crime de violência doméstica, aplicar-se-á a Lei Maria da Penha? O interior das embaixadas é território do país onde elas se encontram. Mas dependerá do fator pessoal, ou seja, quem praticou a conduta. Sendo um embaixador, por exemplo, há a imunidade diplomática. - Imunidade Consular: tem caráter relativo, ou seja, abrange apenas aqueles fatos ligados à função. Em virtude dessa relativização à territorialidade, permite-se a aplicação de lei estrangeira a fato praticado em território brasileiro, fenômeno conhecido como intraterritorialidade. Cabe ressaltar que este não se confunde com a extraterritorialidade, adotada pelo Código no art. 7º. Princípio da territorialidade Princípio da extraterritorialidade Princípio da intraterritorialidade Local do crime Brasil País estrangeiro Brasil Lei a ser aplicada Brasileira Brasileira Estrangeira (intraterritorialidade) Licensed to rachelcarbm@gmail.com O que se entende por território nacional? Art. 5º, § 1º, CP - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Território Nacional = espaço físico + espaço jurídico *Espaço físico: espaço geográfico. Espaço jurídico: espaço físico por ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante. ● Os navios ou aeronaves brasileiras que forem públicos ou estiverem a serviço do governo, quer se encontrem em território nacional ou estrangeiro, são considerados parte do território nacional. ● Caso os navios e aeronaves sejam privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que ostentam. ● Os navios e aeronaves estrangeiros em território brasileiro, desde que privados, são considerados parte de nosso território. Art. 6º, CP - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Licensed to rachelcarbm@gmail.com É possível que uma infração penal se desenvolva em diversos lugares e a solução para esse conflito é encontrada no art. 6º, do CP. Adotou-se, quanto ao lugar (locus comissi delicti), a teoria da ubiquidade, hibrida ou mista. Isso quer dizer que se deve considerar o fato praticado tanto no território brasileiro como no estrangeiro, será aplicável a lei brasileira. Extraterritorialidade A extraterritorialidade é a aplicação da legislação penal brasileira aos crimes cometidos no exterior. Justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à lei penal no espaço, o princípio da territorialidade temperada ou mitigada (CP, art. 5º), o que autoriza, excepcionalmente, a incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território nacional. ➔ Vide art. 7º e 8º, do CP. CRIMES À DISTÂNCIA X CRIMES DE TRÂNSITO X CRIMES PLURILOCAIS Crimes à distância: trata-se de crime que percorre o território de dois Estados soberanos (Ex.: Bolívia e Brasil). Havendo conflito quanto a fixação de competência, aplicar-se-á o art. 6º, CP. Crimes de trânsito: trata-se de crime que percorre territórios de mais de dois países soberanos (Ex.: Brasil, Paraguai e Argentina). Em caso de conflito, aplicar-se-á o art. 6º, do CP. Crimes plurilocais: o crime percorre dois ou mais territórios do mesmo país (Ex.: comarca de São Paulo, São Bernardo do Campo e Guarulhos). Aplicar-se-á, em regra, o art. 70, do CPP. ATENÇÃO Licensed to rachelcarbm@gmail.com 1. Princípio Real, Proteção ou Defesa: Refere-se a agressões contra bens jurídicos nacionais de relevância pública. 2. Princípio da Nacionalidade ou Personalidade: Leva em conta a nacionalidade do sujeito do crime. - Ativa: nacionalidade do autor do crime. - Passiva: nacionalidade da vítima. 3. Princípio da Bandeira ou Representação: Diz respeito a fatos ocorridos à bordo de embarcações ou aeronave privadas brasileiras no exterior, quando ali não forem julgados. 4. Princípio da Justiça Penal Universal ou Cosmopolita: Refere-se a fatos de extrema gravidade que atingem bens jurídicos cuja tutela interessa a toda humanidade. ● Extraterritorialidade Incondicionada – Não está sujeita a nenhuma condição. A mera prática do crime em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira, independentemente de qualquer outro requisito Art. 7º, inc. I, CP: Alínea “a”: Princípio Real Alínea “b”: Princípio Real Alínea “c”: Princípio Real Alínea “d”: Princípio da Justiça Penal Universal ● Extraterritorialidade Condicionada – Relaciona-se aos crimes indicados pelo art. 7º, II, e § 3º, do CP. A aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior se sujeita às condições descritas pelo art. 7º, § 2º, alíneas a, b, c e d, e § 3º, do CP. Em se tratando de extraterritorialidade condicionada, a lei penal brasileira é subsidiária em relação aos crimes praticados fora do território nacional, elencados pelo art. 7º, II, e § 3º, do CP. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Art. 7º, inc. II, CP: Alínea “a”: Princípio da Justiça Penal Universal Alínea “b”: Princípio Nacionalidade Ativa Alínea “c”: Princípio da Bandeira Extraterritorialidade Hipercondicionada – ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, além das condições previstas no §2º, para a aplicação da lei brasileiro é preciso observar ainda: a) não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição; e b) ter havida requisição do Ministro da Justiça. Art. 7º, parágrafo 3º, CP: Princípio da Nacionalidade Passiva Pena cumprida no estrangeiro: A pena cumprida no exterior será descontada na pena imposta no Brasil ou a atenuará. Atenua-se a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas e, nela é computada, descontada, quando idênticas (detração). Pressupõe execução. Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmocrime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Eficácia da Sentença Penal estrangeira – art. 9º, CP O Código Penal nessa hipótese refere-se a casos em que a sentença tramitou no exterior e a execução ocorrerá no Brasil. A execução pressupõe homologação da sentença estrangeira pelo STJ que faz uma análise formal, juízo de deliberação. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Quais os efeitos oriundos de sentença penal estrangeira podem ser reproduzidos em território nacional? ● Cumprimento de medidas de segurança ● Efeitos Civis da Condenação Para a homologação pelo STJ é necessário que a lei brasileira autorize aqueles efeitos para casos semelhantes. O país pode pedir extradição, mas jamais o cumprimento de pena em solo brasileiro. Reincidência: reincidente é o indivíduo que pratica novo crime após trânsito em julgado por crime anterior praticado no Brasil ou estrangeiro. Não é preciso a homologação, apenas prova idônea, certidão reproduzida por autoridade estrangeira traduzida por tradutor juramentado. Contagem de Prazo Penal ● Dias a quo: inclui ● Dias ad quem: exclui Meses e anos são contados de acordo com calendário comum. Art. 11 – Ações não computáveis na pena Despreza-se centavos e horas Art. 12 – Princípio da Especialidade Lugar > Ubiquidade Tempo > Atividade Expressão Mnemônica: “LUTA” Licensed to rachelcarbm@gmail.com TEORIA GERAL DO DELITO Conceito de crime a) Conceito material: “Crime é o comportamento ou expõe a perigo bens considerados fundamentais para a paz e o convívio social.” Adota um enfoque intrínseco, ontológica, mirando a essência do fenômeno. Finalidade é limitar o legislador a fim de que ele não transforme como criminosa a conduta que bem entenda, apenas criminalize aquela conduta que atinja essa diretriz. b) Conceito formal: “Crime é o comportamento ilícito passível de sanções penais.” Tem uma abordagem extrínseca, definindo o crime a partir de suas consequências jurídicas. c) Conceito analítico: Aquele que procura sistematizar os elementos e a estrutura do crime. Abordagem que tem caráter científico. ● Teorias Quadripartida: fato típico, antijurídico, culpável e punível. ● Teoria Tripartida (adotada pelo Brasil): fato típico, antijurídico e culpável. ● Teoria Bipartida: fato típico e antijurídico (culpabilidade como pressuposto da pena). ● Teoria Constitucionalista do Delito: fato típico, antijurídico e punível (culpabilidade como pressuposto da pena). Crime, delito e contravenção penal Gênero: Infração Penal. Espécies: a) Crime – punido com reclusão ou detenção; cumprimento máximo de 30anos b) Contravenção penal – punida com prisão simples; cumprimento máximo de 5 anos Obs.: crime e delito são sinônimos no Brasil. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Fato Típico O fato típico é o comportamento humano previsto em lei como crime ou contravenção. Nos crimes materiais formado por: CONDUTA + RESULTADO + NEXO CAUSAL + TIPICIDADE Nos crimes formais e de mera conduta por: CONDUTA + TIPICIDADE Conduta É definida como a ação ou omissão humana consciente e dirigida a uma determinada finalidade. Conduta é o gênero, para as espécies: ação e omissão. Teorias da Ação ● Teoria Causalista ou naturalística – Von List: conduta é um comportamento voluntário que produz uma modificação do mundo exterior. Classificação Conceito Materiais O tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico, sendo este necessário para a consumação (ex.: homicídio). Vide Súmula Vinculante 24 Formais O tipo descreve uma conduta que possibilita a produção de um resultado naturalístico, mas não exige a realização desde para a consumação (ex.: extorsão). Vide sumulas 96 e 500 do STJ Mera conduta O tipo descreve apenas a conduta, da qual não decorre nenhum resultado naturalístico externo a ela (ex.: porte ilegal de arma de fogo). Licensed to rachelcarbm@gmail.com ● Teoria Finalista – Welzel: conduta é um comportamento humano voluntário e consciente, dirigido a determinada finalidade (teoria mais aceita no Brasil). Para essa teoria, dolo e culpa estão no tipo e não na culpabilidade como afirma a teoria causalista. ● Teoria Social – Jescheck e Wessels: a conduta é considerada a partir de sua relevância social, ou seja, o que importa é a ação com relevância para a sociedade. ● Teorias funcionalistas: ao contrário das demais teorias, que enfatizam a ação, o funcionalismo prioriza o próprio tipo. Destacam-se duas vertentes funcionalistas: (a) a de Roxin, para quem ação é a exteriorização da personalidade (teoria personalista da ação); (b) a de Jakobs, para quem a ação é vista numa perspectiva negativa, como a não evitação de um resultado evitável pelo sujeito (teoria da evitabilidade individual). Teorias da Omissão ● Teoria naturalística da omissão: a omissão é considerada análoga ao fazer, ou seja, é perceptível no mundo natural como algo que muda o estado das coisas. Assim, quem se omite dá causa ao resultado. ● Teoria normativa da omissão: quem se omite não faz nada e o nada não causa coisa alguma, ou seja, não há relevância causal em sentido físico. No entanto, a lei impõe um dever jurídico de agir em determinadas circunstâncias. É a teoria adotada pelo art. 13, § 2º, CP. Omissão própria e omissão imprópria ● Crime omissivo próprio ou puro: a omissão vem descrita no tipo penal. Nesse caso, o omitente responderá pela simples conduta, e não pelo resultado naturalístico (ex.: omissão de socorro – art. 135, CP). Licensed to rachelcarbm@gmail.com ● Crime omissivo impróprio, impuro, espúrio ou comissivo por omissão: é a ampliação mediata de um tipo penal que descreve conduta positiva (ex.: homicídio), com a imposição de um dever jurídico de agir para evitar o resultado. Está previsto no art. 13, § 2º, CP. De acordo com o Código Penal (art. 13, § 2º), a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir pode se dar de três formas: (a) dever legal: o agente, por lei, tem obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. O policial que, vendo o estupro, nada faz para evitar o resultado, responde por estupro; (b) dever contratual: o agente, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado. Se a criança de tenra idade cair do berço, a babá contratada para cuidá-la responderá pelas lesões; e (c) ingerência: o agente, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. O autor que convida pessoa que não sabe nadar para fazer a travessia do rio responderá pelo resultado se esta vier a se afogar. Ausência de conduta Conforme a teoria finalista, a conduta pressupõe um comportamento humano voluntário e consciente. Assim, ausente a vontade ou a consciência, não se pode falar em conduta (o fato será atípico). Hipóteses – causas excludentes da conduta: ● Coação física irresistível: o coator vale-se do coagido como se este fosse um instrumento. Por exemplo, o coagido é amarrado e jogado sobre a vítima, matando-a. Só responderá o coator, pois o coagido pratica fato atípico; e ● Estados de inconsciência: trata-se da falta de capacidade psíquica de vontade, que faz desaparecer a conduta (ex.: comportamentos praticados durante estados de sonambulismo ou hipnose). Licensed to rachelcarbm@gmail.com Resultado É a consequência provocada pela conduta do agente. Nada obstante algumas divergências, também pode ser encontrada na doutrina a utilização da palavra “divergência”, contudo, o uso mais comum no Brasil é o “resultado”. Espécies: Em Direito Penal, o resultado pode ser naturalístico ou jurídico. a) Resultado Jurídico (ou normativo): é a lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico tutelado pela lei penal. É a agressão do valor ou interesse protegido pela norma. b) Resultado naturalístico (ou material):é a modificação no mundo exterior provocada pela conduta do agente. Obs.: vide nota sobre crimes materiais, formais e de mera conduta. Nexo Causal ou Relação de Causalidade Relação de casualidade, onde emprega-se, comumente, o termo “nexo causal” para referir-se a essa ligação entre a conduta e o resultado naturalístico. O Código Penal, em seu art. 13, preferiu a expressão “relação de causalidade” para definir o vínculo formando entre a conduta praticada pelo autor e o resultado por ele produzido. A utilização da relação de causalidade (nexo causal) se faz presente nos crimes de resultado naturalístico (crimes materiais), onde é preciso verificar a relação de causa entre a conduta e o resultado para a responsabilização do agente, dispensável esse estudo nos crimes formais ou de mera conduta, que não possuem resultado naturalístico, mas apenas o resultado jurídico (ou normativo). O Código Penal adota a teoria da equivalência dos antecedentes causais ou a teoria da conditio sine qua non. De acordo com art. 13, caput, considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Crítica à essa teoria: regresso ao infinito. Por exemplo, o agente mata a vítima com emprego de arma de fogo. Por essa autoria seria possível a punição do fabricante do armamento, uma vez que, sem a arma de fogo, o crime não teria acontecido. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Limites ao Regresso ao Infinito: 1) art. 13, §1º, do CP: A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; entretanto, os fatos anteriores, imputam-se a quem os praticou. Por exemplo, a vítima é alvejada com um tiro de raspão no ombro, dirigindo-se ao hospital para fazer um simples curativo, local em que morre em virtude de um incêndio (causa superveniente que, por si só, produziu o resultado). Em face do disposto no art. 13, § 1º, CP o atirador responderá por tentativa de homicídio, e não por homicídio consumado. 2) Critérios da Imputação Objetiva: A teoria da imputação objetiva procura estabelecer critérios objetivos para a imputação de um resultado a alguém (ROXIN, 1997, p. 362): - Criação ou incremento de um risco não permitido para o objeto da ação: para que haja imputação do resultado à conduta, ela deve criar um risco não permitido ao bem jurídico; - Realização do risco no resultado concreto: ainda que criado um risco não permitido, caso ele não se realize no resultado concreto, este não pode ser imputado objetivamente ao agente. Por exemplo, motorista imprudente atropela o ciclista, causando-lhe lesões. No hospital, a vítima acaba morrendo porque o teto desaba sobre sua cabeça. O motorista não responderá pela morte; - Resultado dentro do alcance do tipo: caso seja criado um risco não permitido, que venha a se realizar no resultado concreto, ainda assim será possível excluir a imputação objetiva da conduta ao agente no caso de o resultado não estar abarcado pelo tipo penal. Por exemplo, motorista imprudente trafega em velocidade incompatível, parando a centímetros de pedestre que atravessava a via na faixa de segurança. Em face do susto sofrido, o pedestre tem um ataque fulminante do coração e morre. O homicídio não poderá ser imputado ao motorista, já que a lei regulatória do limite de velocidade pune a morte em face de atropelamento, e não em face de susto. - Análise de dolo e culpa (imputação subjetiva): Os institutos serão vistos a seguir, logo após a “tipicidade”. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Há duas espécies de Causas: a) Dependentes: é aquela que, originando-se da conduta, insere-se na linha normal de desdobramento causal da conduta (ex.: atirar contra a vítima – são desdobramentos normais de causa e efeito: a perfuração do corpo humano, a lesão de órgão vital, a hemorragia interna aguda traumática, a parada cardiorrespiratória, a morte). Há uma relação de interdependência entre os fenômenos, de modo que sem o anterior não haveria o posterior, e assim por diante. Logo, a causa dependente não exclui o nexo causal, ao contrário, integra-o como parte fundamental. É uma causa que decorre logicamente da conduta, como algo previsível e esperado, as causas dependentes não rompem com o nexo causal; b) Independentes: é aquela que refoge ao desdobramento causal da conduta, produzindo por si só o resultado. Seu surgimento não é uma decorrência esperada, lógica, natural do fato anterior, mas sim um fenômeno totalmente inusitado, imprevisível (ex.: não é conseqüência normal de um simples susto a morte por parada cardíaca. São aquelas que se encontram fora da linha normal de desdobramento causal da conduta. As causas independentes podem ser absolutamente ou relativamente independentes, a causa absolutamente independente é aquela que é capaz de produzir o resultado sozinha. Tipicidade Última etapa do fato típico, é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no mundo real e o modelo hipotético descrito pelo tipo penal. ATENÇÃO: Não se deve confundir o tipo com a tipicidade. O tipo é a fórmula que pertence à lei, enquanto a tipicidade pertence à conduta. Veja abaixo: Licensed to rachelcarbm@gmail.com Tipo Tipicidade Tipo penal é o próprio artigo da lei. Um fato típico é uma conduta humana, por isso prevista na norma penal. Fato típico é inerente a norma penal. Tipicidade é a qualidade que se dá a esse fato. Típica é a conduta que apresenta característica específica de tipicidade (atípica a que não apresenta). Tipicidade é a adequação da conduta a um tipo. tipo é a fórmula legal que permite averiguar a tipicidade da conduta. O juiz comprova a tipicidade comparando a conduta particular e concreta com a individualização típica, para ver se adéqua ou não a ela. Este processo mental é o juízo de tipicidade que o juiz deve realizar. TI PI C ID A D E Licensed to rachelcarbm@gmail.com Adequação típica: Pode ser: - Adequação típica direta ou imediata: o fato se ajusta perfeitamente à lei penal, sem que se exija o concurso de qualquer outra norma; - Adequação típica indireta ou mediata: o fato não se ajusta perfeitamente à lei penal, sendo necessário o concurso de outra norma, chamada de norma de extensão ou ampliação da figura típica. É o que ocorre na omissão imprópria (art. 13, § 2º, CP), na tentativa (art. 14, II, CP) e na participação (art. 29, CP). Crime doloso Teorias sobre o dolo: Teoria da representação ou previsão do resultado: para a configuração do dolo basta o sujeito agir após ter previsto o resultado, ainda que não o aceite. Não foi adotada no Brasil, pois confunde dolo com culpa consciente. Teoria da vontade: para a configuração do dolo basta a vontade livre e consciente de querer o resultado. Foi adotada no Brasil em relação ao dolo direto (art. 18, I, 1ª parte, CP). Teoria do consentimento ou assentimento: atua com dolo quem, mesmo prevendo o resultado lesivo e não o querendo de forma direta, assume o risco de produzi-lo. Foi adotada no Brasil em relação ao dolo eventual (art. 18, I, 2ª parte, CP). Espécies de dolo Dolo direto: é aquele em que o agente quer praticar a conduta descrita no tipo penal, dirigindo-se finalisticamente para o resultado. Divide-se em: Licensed to rachelcarbm@gmail.com ● Dolo direto de primeiro grau: o fim é diretamente desejado pelo agente; ● Dolo direto de segundo grau: o resultado é obtido como consequência necessária à produção do fim. É conhecido como dolo de consequências necessárias (BUSATO, 2015, p. 419). Dolo indireto: ocorre quando o agente não quer produzir resultado certo e determinado. Divide-se em: - Dolo eventual: o agente não quer produzir o resultado, mas o prevê e o aceita como possível, assumindo o risco que ele ocorra. Recorde-se da célebre fórmula de Frank: “Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de agir”.- Dolo alternativo: o agente, com igual intensidade, deseja produzir um ou outro resultado. Por exemplo, o autor dispara para matar ou ferir. Dolo de dano: é a vontade de produzir uma efetiva lesão ao bem jurídico. Por exemplo, art. 121, CP. Dolo de perigo: é a vontade de expor o bem jurídico a uma situação de perigo dano. Por exemplo, art. 132, CP. Crime Culposo O crime será culposo quando o agente dá causa ao resultado por (art. 18, inc. II, do CP): a) Imprudência: ação que foi realizada de forma precipitada e sem cautela. b) Negligência: deixar de fazer algo que sabidamente deveria ter feito, causando o resultado danoso. Licensed to rachelcarbm@gmail.com c) Imperícia: ausência de conhecimento teórico, técnico ou prático para praticar o ato. - Princípio da excepcionalidade: O art. 18, parágrafo único, CP prevê o princípio da excepcionalidade do crime culposo. Em regra, os tipos penais são dolosos. Portanto, os tipos culposos, que são exceção, devem ser previstos expressamente. Espécies de culpa ● Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado previsível. Elementos do crime culposo Conceito Conduta Voluntária Nos crimes culposos a finalidade da conduta é normalmente lícita. Violação do dever objetivo de cuidado Trata-se da não observância de deveres impostos a todos, com consequente provocação de danos a bens jurídicos de terceiros. Tal inobservância do dever objetivo de cuidado é provocada por imprudência, negligência ou imperícia. Resultado naturalístico involuntário Se o resultado fosse desejado, haveria dolo. Nexo Causal Os crimes culposos são materiais Previsibilidade objetiva do resultado Deve ser possível ao homo medius (representante hipotético do homem comum) prever o resultado nas circunstâncias em que ocorreu. Ausência de previsão No caso concreto, o agente não prevê o resultado. Há uma exceção: culpa consciente, que é uma espécie de culpa com previsão. Tipicidade Os crimes culposos, regra geral, são tipos penais abertos, ou seja, incompletos, devendo ser complementados pelo juiz. Licensed to rachelcarbm@gmail.com ● Culpa consciente: o agente representa a possibilidade de ocorrer o resultado, mas não assume o risco de produzi-lo, pois confia sinceramente que não ocorrerá. ● Culpa própria: o agente não quer o resultado e nem assume o risco de produzi-lo. ● Culpa imprópria: é a que decorre do erro inescusável (art. 20, § 1º, CP). Crime Preterdoloso ou preterintencional: É aquele em que há dolo na conduta antecedente e culpa no resultado consequente. Por exemplo, lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, CP). IMPORTANTE: não cabe tentativa. Erro Erro é a falsa percepção da realidade. No Direito Penal há duas espécies de erro: o erro de tipo (será analisado neste tópico) e o erro de proibição (será analisado dentro da culpabilidade). - Erro de Tipo: Está previsto no art. 20, “caput”, do Código Penal. Ocorre, no caso concreto, quando o indivíduo não tem plena consciência do que está fazendo; imagina estar praticando uma conduta lícita, quando na verdade, está a praticar uma conduta ilícita, mas que por erro, acredite ser inteiramente lícita. Formas: · Erro de Tipo Essencial: de acordo com o art. 20, caput, CP o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. São suas espécies: Licensed to rachelcarbm@gmail.com - Escusável, inevitável ou invencível: não podia ter sido evitado, ainda que o agente utilizasse o grau de atenção do homem médio. A consequência será a exclusão do dolo e da culpa; - Vencível, evitável ou inescusável (chamada de culpa imprópria): podia ter sido evitado, desde que o agente fosse mais cauteloso. A consequência será apenas a exclusão do dolo, permitindo-se a punição do autor a título de culpa, desde que exista forma culposa prevista em lei. · Erro de Tipo Acidental: Como referido, o erro de tipo acidental é aquele que incide sobre dados acessórios ou secundários do crime. - Erro sobre o objeto (error in objeto): o agente supõe que sua conduta recai sobre uma coisa, quando na verdade recai sobre outra. Por exemplo, supondo ser um relógio Rolex, o agente pratica a subtração, posteriormente descobrindo se tratar de imitação barata. - Erro sobre a pessoa (error in persona): o agente confunde a sua vítima com outra. De acordo com o art. 20, § 3º, CP o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Por exemplo, desejando matar o próprio pai, o agente dispara contra a vítima, supondo ser o seu ascendente, mas mata uma pessoa que era muito parecida com o seu pai. Responderá pelo homicídio, inclusive com a agravante de crime contra ascendente (art. 61, II, e, CP). - Erro na execução (aberratio ictus): conforme o art. 73, CP, quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo ao disposto no § 3º do art. 20, CP. Sendo também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Por exemplo, o agente dispara para matar o próprio irmão, mas erra a pontaria e atinge terceira pessoa. Responderá pelo homicídio, inclusive com a agravante de crime contra irmão (art. 61, inc. II, alínea e, CP). - Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): o resultado pretendido pelo agente se produz, porém de outro modo. Por exemplo, o agente dispara contra a vítima para matá-la. Na fuga, o ofendido escorrega e cai da ponte, morrendo em virtude da queda. O autor responderá pelo homicídio. - Resultado diverso do pretendido ou aberratio criminis/delicti: de acordo com o art. 74, CP, fora dos casos do art. 73, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70. Por exemplo, o agente atira a pedra para quebrar a vidraça, mas erra a pontaria e acerta a cabeça da vítima. Responderá por lesão culposa ou homicídio culposo, conforme o caso. ATENÇÃO: Esta espécie de erro de tipo não exclui dolo e culpa nem isenta o agente de pena. Iter Criminis Fase Interna Fase Externa Cogitação Preparação Execução Consumação Licensed to rachelcarbm@gmail.com Fases do Crime: Cogitação: intenção de praticar o delito (fase interna ou subjetiva). Preparação: atos necessários para o agente iniciar a execução do delito. Os atos preparatórios são em regra impuníveis, salvo quando caracterizarem crime autônomo (ex.: porte de arma) ou houver expressa previsão legal (ex.: art. 5º, Lei de Terrorismo). Execução: somente com os atos executórios o agente pode ser punido. Consumação: diz-se o crime consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (art. 14, I, CP). Exaurimento: O exaurimento ocorre quando o agente alcança, de maneira efetiva, o objetivo que motivou a sua conduta delituosa. É a etapa final, o esgotamento do iter criminis. Crimes Momento da Consumação Materiais Com a produção do resultado naturalístico Formais Com a prática da conduta De mera conduta Com a prática da conduta Permanentes A consumação se prolonga no tempo De perigo Com a exposição do bem jurídico a perigo Habituais Com a reiteração de atos que revelam um estilo ou modo de vida do agente Omissivos próprios ou puros Com a abstenção de comportamento devido Omissivos impróprios, impuros ou comissivospor omissão Com a produção do resultado naturalístico Culposos Com a produção do resultado naturalístico Qualificados pelo resultado Com a produção do resultado agravador. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Tentativa - artigo 14, inc. II, e parágrafo único, CP É o início de execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. O sujeito não alcança a consumação. A punição da tentativa (art. 14, parágrafo único, CP) é a mesma pena do crime consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. A redução será tanto maior quanto distante da consumação. A tentativa é composta de três elementos: ● início da execução; ● ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente; e ● dolo de consumação. ➔ Classificação: a) Branca ou incruenta: é a modalidade onde o objeto material não é atingido pela conduta criminosa. b) Perfeita ou imperfeita: nesta espécie, o objeto material é atingido pela atuação do agente, porém, a consumação não ocorre. c) Tentativa perfeita, acabada (crime falho): nesta tentativa, o agente esgota todos os meios executórios que estavam à sua disposição, e mesmo assim não sobrevém a produção do resultado naturalístico, por circunstancias alheias à sua vontade. Pode ser cruenta ou incruenta. d) Tentativa imperfeita, inacabada (tentativa propriamente dita): o agente inicia a execução sem, contudo, utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance. O crime também não se consuma por circunstancias alheias ao seu intento. Licensed to rachelcarbm@gmail.com ➔ Infrações penais que não admitem tentativa: a) Crimes unissubsistentes: não aceitam intervalo temporal entre o início da execução e a consumação, a conduta não pode ser fracionada; b) Crimes culposos: não se pode tentar aquilo que não se quer; c) Crimes preterdolosos: que vão além do dolo. Dolo no antecedente, culpa no consequente. d) Crime habitual: a conduta pressupõe reiteração de atos da mesma espécie para se consumar, e a prática isolada não configura crime. Ex. exercício irregular da medicina. e) Crimes de atentado: quando se fala em tentativa, "salvo disposição em contrário" a pena é diminuída. Em alguns casos a tentativa já configura crime, e nesses não haverá diminuição da pena. (Ex.: tentativa de fuga de preso.) f) Contravenções penais: (crime anão). Art. 4º LCT. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Desistência Voluntária, Arrependimento Eficaz e Arrependimento Posterior Crime Impossível – art. 17/CP (ou Tentativa Inidônea) Diz respeito sobre possibilidades que a consumação é impossível de ocorrer. Há três teorias: ● Sintomática: Sustenta que deve ser aplicada uma medida de segurança, pois a atitude do sujeito é um sintoma de sua periculosidade. ● Subjetiva: o agente responde por tentativa, pois age com dolo de consumar o crime, embora seja impossível fazê-lo. ● Objetiva: não se pune como tentativa, dada a impossibilidade de consumar a infração. - Pura: qualquer que seja o motivo da impossibilidade há crime impossível. Desistência Voluntária Arrependimento Eficaz Arrependimento Posterior Previsão Legal Art. 15, 1ª parte, CP Art. 15, 1ª parte, CP Art. 16, CP Momento O agente abandona o intento antes de esgotar os atos executórios O agente, depois de esgotados os atos executórios, abandona o intento. Ocorre depois da consumação Consumação Não é consumado por circunstâncias inerentes à vontade do agente Não é consumado por circunstâncias inerentes à vontade do agente Crime é consumado Consequência Jurídica O agente responde pelos atos até então praticados O agente responde pelos atos até então praticados Há redução da pena de 1/3 a 2/3 Licensed to rachelcarbm@gmail.com - Temperada: só há crime impossível se a impossibilidade de consumação for absoluta, completa, total, do contrário é tentativa (adotada pelo Brasil). Absoluta: ● Ineficácia do meio: meio executório. Ex.: aborto tentado por simpatia. ● Impropriedade do objeto: objeto material Ex.: aborto de quem não estava grávida. Obs.: quando relativa trata-se-á de tentativa. ➢ Crime impossível por obra do agente provocador: assunto tratado pela súmula 145/STF. - Preparação do flagrante pela polícia que ao mesmo tempo se cerca da impossibilidade de consumação. (A polícia induz o agente a fazer algo; não se trata de situação em que a polícia observe o agente aguardando ação – Flagrante preparado X flagrante esperado). Os Tribunais superiores entendem que é tentativa a hipótese em que o agente pega um objeto em uma loja de conveniência e a polícia observando aguarda-o sair da loja e o aborda. Natureza Jurídica: ● Causa da exclusão da punibilidade (corrente pouco prestigiada) ● Causa da exclusão da tipicidade da tentativa (concurso) Licensed to rachelcarbm@gmail.com Ilicitude Conceito: É a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, pela qual a ação ou omissão típicas tornam-se ilícitas. Na hipótese da atipicidade, encerra-se, desde logo, qualquer indagação acerca da ilicitude. Pode-se assim dizer que todo fato penalmente ilícito é, antes de mais nada, típico. Costuma-se dizer que todo fato típico, contém um caráter indiciário da ilicitude. Isso significa que, constatada a tipicidade de uma conduta, passa a incidir sobre ela uma presunção de que seja ilícita, afinal de contas no tipo penal somente estão descritas condutas indesejáveis. Art. 23, caput, CP: rol das excludentes de ilicitude. Parágrafo único: Excesso - só é possível reconhecê-lo se em um primeiro momento uma excludente de ilicitude estava configurada (desnecessária intensificação de uma conduta inicialmente permitida): - Consciente/ Voluntário: crime doloso (excesso doloso) - Inconsciente/ Involuntário: Erro: - Evitável: Crime culposo, se previsto em lei (excesso culposo) - Inevitável: Exclui dolo e culpa (Excesso exculpante) Causas de Exclusão da Ilicitude Estado de necessidade — art. 24, CP: quando o autor pratica a conduta para salvar de perigo atual direito próprio ou alheio. a) Pressuposto: perigo gerador de “sistema limite” (aquela que exige uma saída radical ou extrema) b) Característica: “conflito”entre 2 ou + bens juridicamente protegidos. Ex.: tábua de salvação Perigo consiste na probabilidade de dano a algum bem juridicamente protegido. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Requisitos O legislador exige que este perigo seja (requisitos da situação de necessidade): Inevitável: “o agente não podia de outro modo evitar”, é necessário que haja hipótese na qual só se possa salvaguardar um bem com sacrifício de outro. Havendo a possibilidade de salvar os dois não configura essa hipótese, pois havia outro meio de evitar. Se havia outro meio de evitar o perigo, mas não era do conhecimento dos envolvidos? É reconhecido o estado de necessidade putativo. A natureza é de erro de tipo permissivo – art. 20, § 1º,CP: exclui o dolo sempre, mas permite a punição de crime culposo se previsto em lei, quando o erro é evitável. Atual: perigo presente, caracterizado. Por opção consciente do legislador o perigo não é contemplado por aquele iminente, mas apenas atual. É comprovada ser uma opção, pois no art. 25, CP considera agressão atual ou iminente. Se o perigo ainda não é atual isso poderia pressupor que existe outro modo de salvaguardar o bem. Não seria razoável àquele que está em perigo iminente aguardar que o perigo seja atual para agir, portanto aplicar-se-á, em analogia in bonam partem, o perigo iminente. (Esta é um argumento que somente deve ser utilizado em segunda fase, em prova preliminar utilizar texto literal de lei). Direito próprio ou alheio: qualquer bem jurídico, entretanto é preciso comparar o que foi salvo e o que foi sacrificado. (Estado de necessidade próprio ou de terceiro) Licensed to rachelcarbm@gmail.com Conhecimentoda situação justificante (requisito subjetivo expresso): “para salvar”. Ex.: Cezar Roberto Bitencourt: aborto. Demais requisitos: - Não provocação voluntária do perigo: perigo que o agente não provocou por sua vontade tendo sido o evento provocado por ação humana. ● Provocador: - Voluntário: não há estado de necessidade. - Involuntário: há estado de necessidade. ● Provocação culposa – negligência, imprudência e imperícia: quando o indivíduo age perante culpa a ação é voluntária, embora não tenha intenção de produz o resultado. O termo vontade no CP é uma expressão indicativa de dolo. Portanto, haveria estado de necessidade a seu favor. Art. 13, § 2º, alínea c, CP: quem cria o perigo tem o dever jurídico de impedir o resultado. Trata-se aqui do princípio da especialidade, pois o CP só exclui da proteção do estado de necessidade as pessoas que possuem dever legal de enfrentar o perigo. Dever Jurídico: - Dever legal – não há estado de necessidade - Dever de garante – há estado de necessidade - Dever ingerente na norma – há estado de necessidade Conclusão: Provocação voluntária significa provocação dolosa. Inexigibilidade do sacrifício do bem salvo: requisito que demanda uma ponderação. Licensed to rachelcarbm@gmail.com ❏ Bem salvo X Bem sacrificado: ❏ Se o bem salvo for mais importante: Há estado de necessidade ❏ Se o bem salvo for equivalente ao bem sacrificado: há estado de necessidade ❏ Se bem sacrificado for menos importante: não há estado de necessidade, entretanto há uma causa de diminuição de pena conforme o art. 24, § 2º,CP (1/3 a2/3). Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo – art. 24, § 1º, CP: não se exigem atos de heroísmo. Classificação do Estado de Necessidade ● Estado de Necessidade Justificante: justificante remete à chamada causa de justificação, nome antigo dado às causas excludentes de ilicitude. É uma expressão utilizada quando: bem salvo > bem sacrificado. ● Estado de Necessidade Exculpante: exculpante significa excludente de culpabilidade É uma expressão utilizada quando: bem salvo = bem sacrificado. O art. 24/CP revela que não adotamos o estado de necessidade exculpante. Obs.: o CPM acolheu o estado de necessidade justificante e exculpante – art. 39 e 43/CPM. Legítima Defesa – art. 25/CP Pressuposto: agressão ilícita que propicia uma defesa legítima, lícita. No mínimo 2 Personagens: ● Agressor atuará de maneira ilícita. ● Vítima atuará de maneira lícita, legítima. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Obs.: não há no estado de necessidade essa figura maniqueísta da legítima defesa: um está certo e outro está errado. No estado de necessidade todos estavam amparados pelo direito. Agressão é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo bens juridicamente protegidos. Se não houver agressão logo no início, não legítima defesa. Ex.: animal ataca uma pessoa e para se defender a pessoa atira: nesse caso, há estado de necessidade, em tese. Porém se o animal é utilizado como instrumento de ataque a pessoa para se defender, atira no animal: há a legítima defesa. Agressão X Provocação: aquele que reage a uma provocação age criminosamente. O ordenamento jurídico reconhece benefícios legais que possam redundar em uma pena mais branda, mas jamais em uma excludente de ilicitude. Ex.: se há uma provocação e o sujeito reage a uma provocação da vítima há uma conduta criminosa. Os benefícios são (benefícios alternativos): ● “Privilégio” – causa de diminuição de pena: homicídio doloso e lesão corporal dolosa. Exige-se que haja uma injusta provocação, que atue sob o domínio de violenta emoção e que reaja logo em seguida. ● Reconhecimento de uma atenuante genérica – art. 65, inc. III, alínea c, CP: exige provocação por parte da vítima, porém que exija a provocação em menor grau e a reação não precisa ser imediata. ● Reconhecimento de circunstância judicial favorável – art. 59, caput, CP: se a vítima tenha contribuído para algum desencadeamento do fato isso favorecerá o réu. Licensed to rachelcarbm@gmail.com Requisitos ● Atual ou iminente: atual é presente e iminente é que está prestes a ocorrer. Agressão passada é vingança. Agressão futura é “fazer justiça com as próprias mãos. ● Agressão injusta: agressão ilícita. Não é necessário que a agressão seja criminosa. Pouco importa saber se o agressor compreendia ou não o caráter ilícito de sua ilicitude. Obs.: agressão lícita/justa não configura legítima defesa. Ex.: policial dá voz de prisão e após agride o preso. Legítima Defesa – art. 25/CP “Art. 25/CP: Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.” ● Agressão (conduta humana): - Animus deffendendi: trata-se de um requisito subjetivo. Ex.: A mata B por vingança que estava prestes a matar C. Não se trata de legítima defesa de terceiro, pois não há animus deffendendi. A repulsa deve ser exercida com meios necessários e ação moderada. Os meios necessários são aqueles menos lesivos à disposição do agente e eficaz para repelir a agressão. A ação moderada é associada à ideia de ação proporcional, mas por vezes há um equívoco quanto à conotação da palavra racionalidade (não se trata de intensidade, pois seria injusta). É aquela exercida até se fazer cessar a agressão praticada (reação ex improviso). Licensed to rachelcarbm@gmail.com Obs.: 1 É possível agredir com arma de fogo alguém que está desarmado? Depende, se esta for a única forma, sim. 2A mera provocação não dá ensejo à legítima defesa. - Injusta: ilícita, contrária ao direito, não sendo necessária que seja criminosa. Deve ser apreciada objetivamente, ou seja, pouco importa se o agressor tinha compreensão acerca da ilicitude. ATENÇÃO: agressor totalmente inimputável: contra esta atitude cabe a legítima defesa. Entretanto, há autores que sugerem cautela quanto à agressão de inimputáveis: só deve ser autorizada a reação se a agressão for inevitável (Commodus discessus). - Atual ou iminente: a agressão atual é aquela presente, que está acontecendo. Já a iminente está prestes a acontecer. - Direito próprio ou alheio: qualquer bem jurídico pode ser protegido em uma situação de legítima defesa. Legítima defesa recíproca: cabe legítima defesa de legítima defesa? A legítima defesa pressupõe a existência de ao menos duas pessoas, um agressor e a vítima. A princípio, não é cabível, visto que se trata uma reação amparada pelo direito. É possível, no entanto, que um desses personagens encontre-se em legítima defesa putativa, o que admitiria-se a legítima defesa recíproca. Legítima defesa putativa é um erro de tipo e, portanto exclui o dolo – art. 20, § 1º/CP. ✓Legítima defesa putativa X Legítima defesa real ✓ Legítima defesa putativa X Legítima defesa putativa ✗ Legítima defesa real X Legítima defesa real > não é possível Licensed to rachelcarbm@gmail.com A partir do momento em que o excesso seja aplicado é possível a legítima defesa, mas chama-se legítima defesa sucessiva. Não ao mesmo tempo (simultaneamente) e sim sucessivamente. Trata-se de reação contra o excesso. Obs.: commodus discessus (é a saída mais cômoda) consiste na possibilidade de deixar local evitando a agressão. Fica descaracterizada a legítima defesa, nessa hipótese? O commudus discessus não é requisito de legítima defesa, apenas em uma hipótese: quem age em legítima defesa defendendo-se de agressão de inimputável. Espécies ● Legítima defesa própria e de terceiro ● Legítima defesa real X Legítima defesa putativa ● Legítima defesa recíproca ● Legítima defesa sucessiva ● Legítima defesa subjetiva: Legítima defesa com excesso exculpante Absolvição por legítima defesa faz coisa julgada no civil impedindo a indenização?
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