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RESUMO DIREITO PENAL OAB

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Licensed to rachelcarbm@gmail.com
Parte Geral
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
Direito Penal*: conjunto de princípios e leis destinados a combater o crime e a 
contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal (pena ou medida 
de segurança).
Política criminal*: Ciência independente que tem por objeto a apresentação de 
críticas e propostas para a reforma do Direito Penal em vigor. Visa a análise 
crítica e meta jurídica do direito positivo, no sentido de ajustá-lo aos ideais 
jurídico-penais e de justiça. Encontra-se intimamente relacionada com a 
dogmática, uma vez que na interpretação e aplicação da lei penal interferem 
critérios de política criminal. Baseia-se em considerações filosóficas, 
sociológicas e políticas, e também de oportunidade, em sintonia com a 
realidade social, para propor modificações no sistema penal vigente. As leis 
penais são frutos de uma determinada vontade política manifestada pelos 
cidadãos por intermédio de seus representantes junto aos Poderes do Estado. 
Na instituição ou adoção de princípios e regras refletidas pelo sistema penal de 
um povo estão as marcas sensíveis de sua civilização e cultura, razão pela qual 
se pode falar em leis que pegam e leis que não pegam como demonstração da 
afinidade ou do divórcio entre os interesses dos indivíduos e a vontade do 
Estado. A política criminal é o filtro para revelar esses fenômenos. Essa ciência 
analisa de forma crítica a dinâmica dos fatos sociais e, comparando-a com o 
sistema penal vigente, propõe inclusões, exclusões ou mudanças, visando 
atender o ideal de justiça, colaborando, pois, com a Dogmática Penal.
Licensed to rachelcarbm@gmail.com
Criminologia*: A criminologia é a ciência que se ocupa das circunstâncias 
humanas e sociais relacionadas com o surgimento, a prática e a maneira de 
evitar o crime, assim como do tratamento dos criminosos. Preocupa-se 
com os aspectos sintomáticos, individuais e sociais do crime e da 
criminalidade, enquanto o Direito Penal se dedica ao estudo das 
consequências jurídicas do delito.
*MASSON,Cleber. Código Penal Comentado. 2 ed. Ver. Atual. E ampl. Rio 
de Janeiro: Método, 2014. p. 27, 29, 30.
 
PRINCÍPIOS PENAIS E CONSTITUCIONAIS
a) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: É o princípio norteador de 
todo o ordenamento jurídico brasileiro e está previsto na Constituição no 
inciso III de seu primeiro artigo.
Art. 1º, CF: A República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em 
Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos:
(...) III - a dignidade da pessoa humana;
Em sentido subjetivo tem a finalidade de garantir o mínimo existencial a 
todos, e em sentido objetivo tem por fim colocar o ser humano como 
finalidade ou como meta de toda e qualquer medida estatal.
 a) Quanto ao crime: vedação à incriminação de condutas 
socialmente inofensivas.
 b) Quanto à pena: vedação de penas cruéis, degradantes ou 
vexatórias.
b) Princípio da Legalidade – art. 5º, inc. XXXIX, CF e art. 1º, do CP: “Não 
há Estado Democrático de Direito sem legalidade penal” (NUCCI). Trata-se 
de limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades 
individuais – nullum crimen, nulla poena sine lege.
Licensed to rachelcarbm@gmail.com
 O princípio da legalidade está expresso no texto constitucional 
no art. 5º, inc. XXXIX e no Código Penal em seu art. 1º.
 
Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal.
 
Reserva legal – lege scripta
Anterioridade – lege praevia
Taxatividade – lege certa
São desdobramentos do princípio da legalidade:
● Princípio da Reserva Legal: exigência de lei em sentido formal. Está 
proibida a utilização de costumes ou analogia para criar ou agravar 
punições.
O princípio da legalidade se aplica aos crimes e às contravenções, bem como 
às penas e medidas de segurança.
- Fundamentos do princípio da legalidade:
Político: obrigam-se os poderes executivo, legislativo e judiciária a leis 
formuladas de forma abstrata, impedindo o poder punitivo de maneira 
arbitrária.
Democrático: respeito ao princípio da separação dos poderes, conferindo ao 
poder legislativo elaborar a lei como representantes do povo.
- Jurídico: a lei prévia e inteligível traz maior segurança jurídica. específicos 
em matéria penal (art. 22 parágrafo único CF).
 ATENÇÃO
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- Medidas Provisórias:
Art. 62, CF: Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República 
poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las 
de imediato ao Congresso Nacional
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria
I - relativa a (...)
b) direito penal, processual penal e processual civil;
ATENÇÃO: embora as medidas provisórias não possam criar infrações penais, 
podem tratar de direito penal não incriminador.
- Lei Delegada
Art. 68, CF: As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da 
República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do 
Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei 
complementar, nem a legislação sobre (...)
- Decreto-lei
O decreto-lei poderá tipificar condutas, desde que anterior a Constituição 
e que tenha sido recepcionado por esta. Ex.: Decreto-lei n. 2.848/40 – Código 
Penal.
- Decreto-legislativo
 Conforme entendimento do STF, o decreto-legislativo só tem efeito erga 
omnes a partir da edição da resolução.
· 
● Princípio da Anterioridade: para a preservação da segurança jurídica, a 
criação de tipos penais e a cominação de sanções exige lei anterior ao 
fato, proibindo-se a retroatividade maléfica. Porém, a Constituição 
ressalva que é possível que a lei retroaja para beneficiar o réu.
Art. 5º, inc. XL, CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
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● ·Princípio da Taxatividade: A lei penal deve ter conteúdo 
determinado. Esse princípio é dirigido diretamente ao legislador que 
deve elaborar os tipos penais de maneira clara, sem que reste 
dúvidas, proibindo a existência de tipos vagos.
 
c) Princípio da Intervenção Mínima: Esse princípio tem por fim coibir a 
elaboração de infrações penais sem necessidade, principalmente quando a 
conduta possa ser reprimida por outro ramo do direito, devendo ser a 
ultima ratio.
 - Desdobramentos:
● Princípio da Subsidiariedade: o direito penal só se justifica em 
caráter subsidiário, quando outros ramos não puderem oferecer 
proteção suficiente ao bem jurídico tutelado.
 
● Princípio da Fragmentariedade: dentre diversos ilícitos, apena uma 
parcela trata de ilícitos penais que correspondem aos fatos mais 
graves e tutelam os bens jurídicos mais importantes.
 
d) Princípio da Insignificância/Bagatela: Minima non cura praeter.
 
Enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, 
postula que devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que 
afetam muito infimamente a um bem jurídico-penal. A irrelevante lesão do 
bem jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena, devendo-se 
excluir a tipicidade em caso de danos de pouca importância.
ATENÇÃO: em situações de inequívoca insignificância, a autoridade policial 
não deve lavrar o flagrante ou instaurar o inquérito, mas registra a 
ocorrência fundamentando-a.
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Observações: 1 não se aplica o princípio da insignificância em:
- Reincidência;
- Crimes cometidos com violência ou grave ameaça;
- Furto qualificado;
- Crimes funcionais;
- Crimes contra o meio ambiente;
- Infrações que envolvam a lei de droga;
- Infrações que envolvam o art. 28, CP.
2 o STF aplica o princípio da insignificância para o crime de descaminhoquando o tributo e seus acessórios não atingir 20 mil reais.
Art. 1º da Portaria n. 75/2012 do Ministério da Fazenda: Determinar:
I - a não inscrição na Dívida Ativa da União de débito de um mesmo 
devedor com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou 
inferior a R$ 1.000,00 (mil reais); e
II - o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda 
Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 
(vinte mil reais).
Critérios de aplicação do STF
 
1 – Quantificação: quando o bem subtraído não atingir 10% do salário 
mínimo.
2 – Aplica-se o princípio da insignificância se reconhecido os seguintes 
vetores:
 Periculosidade social (ausência)
 Reprovabilidade do ato (reduzida)
 Ofensividade da conduta (mínima)
 Lesividade jurídica (ínfima)
Expressão mnemônica: “PROL”
Fique sabendo!
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e) Princípio da Ofensividade ou Lesividade – nullem crimen sine injuria: 
Apenas existirá crime quando houver efetiva lesão ou perigo de lesão ao 
bem jurídico.
 Portanto, é proibida a criminalização de atitudes internas, de estados 
existenciais, de condutas que se esgotem no âmbito do próprio autor ou 
de qualquer conduta que não afete quaisquer bens jurídicos.
Observação: relaciona-se com o princípio da exteriorização ou 
materialização do fato.
 
f) Princípio da Alteridade: O direito penal deve punir tão somente 
condutas que produzam lesão a bens alheios, pois o sujeito não pode ser 
punido por causar mal a si próprio. Ex.: autolesão e tentativa de suicídio.
 
g) Princípio da Exclusiva Proteção do Bem Jurídico: O direito penal não ser 
utilizado para tutelar concepções puramente ideológicas ou preceitos que 
violem normas religiosas, morais ou éticas. São dignos de tutela penal, os 
bens jurídicos consagrados na Constituição Federal.
 
h) Princípio da Adequação Social: Trata-se de um vetor geral de 
hermenêutica segundo o qual “não se pode reputar como criminosa uma 
ação ou uma omissão aceita e tolerada pela sociedade, ainda que 
formalmente assumida”.
 Todavia, “a aplicação deste princípio no exame da tipicidade deve ser 
realizada em caráter excepcional, porquanto ao legislador cabe 
precipuamente eleger aquelas condutas que serão descriminadas”.
 
i) Princípio da Individualização da Pena: Trata-se de um princípio 
constitucional constante no art. 5º, inc. XLVI, vejamos:
Art. 5º, inc. XLVI, CF: a lei regulará a individualização da pena (...)
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j) Princípio da Proporcionalidade: A conduta do agente e a pena que 
deverá cumprir deve atender a um juízo de ponderação para que a 
resposta penal seja justa.
 Logo, a proporcionalidade atinge dois aspectos: a proteção contra o 
excesso e a vedação da proteção penal deficiente.
 
k) Princípio da Presunção de Inocência:
Art. 5º, inc. LVII, CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória;
“O princípio constitucional da presunção de inocência , em nosso sistema 
jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma regra de 
tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em 
relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes 
já houvessem sido condenados, definitivamente , por sentença do Poder 
Judiciário” (STF, HC 115.613/SP, Min. Celso de Mello, 2ª Turma, j. 
25/06/2013).
A individualização da pena será observada em 3 momentos, quais sejam:
- Cominação: o legislador valora os bens que devem ser protegidos 
pelo direito penal.
- Aplicação da pena: o juiz deve fixa-lo de acordo com o critério 
trifásico estabelecido pelo Código Penal.
- Execução penal: os condenados serão classificados, segundo os seus 
antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da 
execução penal – art. 5º da LEP. 
 ATENÇÃO
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 Princípio da Presunção de Inocência x Execução Provisória da Pena
Data Julgado Entendimento
2009
HC 
84.078
Foi em fevereiro de 2009 que o plenário do Supremo 
permitiu a um condenado pelo Tribunal do Júri da Comarca 
de Passos (MG), que recorresse aos tribunais superiores, 
em liberdade, de uma condenação de sete anos e seis 
meses de reclusão, em regime inicialmente fechado.
2016
HC 
126.292
Sem a alteração constitucional, com a alteração na 
composição do Supremo, a repercussão negativa de casos 
de impunidade e já com a Operação Lava Jato nas ruas, o 
tribunal manejou uma guinada na sua jurisprudência. No dia 
17 de fevereiro de 2016, em julgamento apertado, o plenário 
da Corte entendeu que a possibilidade de início da 
execução da pena condenatória após a confirmação da 
sentença em segundo grau não ofendia o princípio 
constitucional da presunção da inocência.
2016
ADC 43 e 
44
STF admite execução da pena após condenação em 
segunda instância
Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) 
entendeu que o artigo 283 do Código de Processo Penal 
(CPP)* não impede o início da execução da pena após 
condenação em segunda instância e indeferiu liminares 
pleiteadas nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade 
(ADCs) 43 e 44.
2018
HC 
152.752
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por 
maioria de votos, o Habeas Corpus (HC) 152752, por meio 
do qual a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva 
buscava impedir a execução provisória da pena diante da 
confirmação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região 
(TRF-4) de sua condenação pelos crimes de corrupção 
passiva e lavagem de dinheiro.
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l) Princípio da Humanidade (Princípio da Humanidade das Penas): 
Trata-se de princípio consagrado na Constituição Federal em seu art. 5º, 
incs. III, XLVI, XLVII e XLIX.
Decorre também da Declaração dos Direitos do Homem - ONU 
(1948), do Pacto de San José da Costa Rica.
O Direito Penal deve tratar com benignidade vislumbrando sempre a 
coletividade social. Seria inaceitável tratar de forma desumana o indivíduo 
mesmo quando tenha sido condenado por transgredir o ordenamento 
penal.
Não se admitem penas cruéis como as penas de caráter perpétuo, de 
morte (salvo em caso de guerra declarada), de trabalhos forçados, de 
banimento ou toda e qualquer pena de castigos corporais.
Qualquer pena que possa atingir a condição físico-psicológica do ser 
humano é inconstitucional (Zaffaroni).
Lembre-se: o Código Penal Militar prevê a pena de morte em caso de 
guerra declarada.
 
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL
Entendimento Consolidado
Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes 
ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das 
relações domésticas (2017).
Súmula 599, STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes 
contra a administração pública (2018).
Quanto ao sujeito Quanto ao modo Quanto ao Resultado
Autentica (contextual; 
posterior)
Doutrinária
Jurisprudencial
Literal
Teleológica
Histórica
Sistemática
Progressiva
Declarativa
Restritiva
Extensiva
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a) Interpretação quanto ao sujeito
Autêntica ou legislativa - aquela fornecida pela própria lei (exemplo: o art. 
327 do CP define quem pode ser considerado funcionário público para fins 
penais);
Doutrinária ou científica - aquela aduzida pelo jurista por meio de sua 
doutrina;
Jurisprudencial - é o significado da lei dado pelos Tribunais (exemplo: 
súmulas). ressalte-se que a Exposição dos Motivos do Código Penal 
configura uma interpretação doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos 
que criaram o Código, ao passo que a Exposição de Motivos do Código de 
Processo Penal é autêntica ou legislativa, pois foi criada por lei.
 
b) Interpretação quanto ao modo
Gramatical, filológica ou literal - considera o sentido literal das palavras;
Teleológica – refere-se à intenção objetivada pela lei (exemplo: proibir a 
entrada de acessórios de celular, mesmoque a lei se refira apenas ao 
aparelho);
Histórica - indaga a origem da lei;
Sistemática - interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com 
os princípios gerais do direito;
Progressiva ou evolutiva - busca o significado legal de acordo com o 
progresso da ciência.
 
c) Interpretação quanto ao resultado
Declarativa ou declaratória - é aquela em que a letra da lei corresponde 
exatamente àquilo que a ela quis dizer, sem restringir ou estender seu 
sentido;
Restritiva - a interpretação reduz o alcance das palavras da lei para 
corresponder à intenção do legislador;
Extensiva - amplia o alcance das palavras da lei para corresponder à sua 
vontade.
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Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica
 Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance das palavras, a 
analógica fornece exemplos encerrados de forma genérica, permitindo ao juiz 
encontrar outras hipóteses, funcionando como uma analogia in malan partem 
admitida pela lei.
 Rogério Greco fala em interpretação extensiva em sentido amplo, a qual 
abrange a interpretação extensiva em sentido estrito e interpretação analógica.
 A analogia não é forma de interpretação, mas sim de integração de lacuna 
(quando não há na lei previsão legal sobre um caso concreto). São pressupostos 
da analogia: certeza de que sua aplicação será favorável ao réu; existência de 
uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária do legislador).
É possível aplicar a interpretação extensiva em relação ao réu?
1ª corrente (Guilherme Nucci e Luiz Regis Prado) - é possível, não 
importando se irá beneficiar ou prejudicar o réu, pois sua utilização tem por 
finalidade evitar a injustiça. Sustentam, ainda, que a interpretação extensiva 
não está vedada pela Constituição Federal;
2º corrente (Luiz Flávio Gomes) - em respeito ao princípio do in dubio pro 
reo, o juiz não pode se utilizar da interpretação extensiva em hipótese que 
prejudica o réu. Esse argumento é baseado no que prevê o art. 22, § 2ª, do 
Estatuto de Roma: "A previsão de um crime será estabelecida de forma 
precisa e não será permitido o recurso à analogia. Em caso de ambiguidade, 
será interpretada a favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou 
condenada");
3ª corrente (Zaffaroni) - em regra, não cabe interpretação extensiva contra o 
réu, salvo quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua 
notória irracionalidade (exemplo: a interpretação do conceito de arma, 
enquanto majorante do delito de roubo).
Fique sabendo!
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APLICAÇÃO DA LEI PENAL
LEI PENAL NO TEMPO
Lei penal no tempo
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os 
efeitos penais da sentença condenatória. 
 Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 Lei excepcional ou temporária
 Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o 
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Tempo do crime
 Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
 
- Teoria da atividade: O art. 4º do CP tipifica que, o crime será considerado 
praticado no momento de sua ação ou omissão, mesmo que, o resultado 
ocorra em momento diverso. Considera-se praticado o crime no momento 
da sua conduta.
- Teoria do resultado: será considerado praticado o crime assim que gerar 
o resultado pretendido.
- Teoria mista ou da ubiquidade: Considerará tanto a ação ou omissão, 
como o resultado, o momento da prática do delito.
Extratividade da lei penal
A extratividade é a capacidade maleável que a Lei Penal encontra 
para regulamentar no caso concreto, fatos que ocorreram dentro da sua 
vigência, e que de alguma maneira já não está mais em vigor, devendo ser 
utilizada apenas para benefício do réu.
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Pode ser dividida em:
 - Ultra-atividade: aplicação da lei após a sua revogação, porém o fato 
deve ter ocorrido ainda em sua vigência, e;
 - Retroatividade: aplicação da lei penal a fato ocorrido antes da sua 
vigência.
Pressupõem sucessão de leis no tempo e só podem agir em benefício 
do réu, salvo nos casos de lei temporária ou excepcional.
 
Conflito Aparente de Normas: Solução
Princípio da Especialidade: majoritariamente, para os doutrinadores é o 
mais importante dos princípios utilizados para sanar o conflito aparente de 
normas penais. Os demais princípios “somente devem ser lembrados 
quando o primeiro não resolver satisfatoriamente os conflitos.
Princípio da Subsidiariedade: A norma subsidiária descreve um grau 
menor de violação de um mesmo bem jurídico, ou seja, um fato menos 
amplo e menos grave, que definido como delito autônomo é também 
compreendido como parte da fase normal de execução de crimes mais 
grave.
Princípio da Consunção: Princípio segundo o qual o fato mais amplo e mais 
grave absorve outros menos amplos e graves, que funcionam como fase 
normal de preparação ou execução ou mero exaurimento.
Princípio da Alternatividade: Princípio aplicado quando a norma descreve 
várias formas de realização da figura típica, onde a ação de uma ou de 
todas configura crime. São os chamados tipos alternativos, que descrevem 
crimes de ação múltipla.
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Conflito de leis penais no tempo
Abolitio criminis e lex mitior X Novatio legis incriminadora e lex gravior: 
Haverá abolição de crime quando a lei nova deixa de considerar 
crime/contravenção penal o fato anteriormente tipificado como ilícito 
penal. Nesse caso, o legislador retira a ilicitude da conduta, 
descriminalizando o ato que outrora era considerado como delito.
 O instituto da abolitio criminis está descrito no caput do art. 2º do 
Código Penal, sendo causa de extinção de punibilidade (art. 107, inciso III, 
do CP).
 
Lex mitior e o trânsito em julgado - Súmula 611, STF: Transitada em 
julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a 
aplicação de lei mais benigna.
 
Novatio legis incriminadora: Em se tratando de novatio legis 
incriminadora, ou seja, uma lei posterior que criminaliza determinada 
conduta, aplica-se a regra geral da irretroatividade penal. Segundo Capez 
“é a lei posterior que cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta 
considerada irrelevante penal pela lei anterior” (CAPEZ, 2007, p. 56). Como 
se vê, nesta hipótese, a regra é aquela insculpida no princípio da legalidade 
e da anterioridade: não haverá crime ou pena sem lei prévia.
 Portanto, em decorrência da máxima nullum crimen nullum poena 
sine praevia lege, as condutas que, superveniente, se tornaram crime não 
retroagem, sendo aplicáveis a partir de sua vigência.
 
Novatio legis in pejus: Entende-se por novatio legis in pejus, também 
chamada de lex gravior, a lei posterior que, de qualquer modo, agrava a 
situação do agente.
 Aplicando-se o critério supracitado, a lei nova que prejudica o agente 
não retroage, isto é, deve ser mantida a lei revogada (ultratividade da lei 
vigente na época do fato). 
 
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Novatio legis in mellius: Outra hipótese de conflito de lei penal no tempo 
é a novatio legis in mellius, vale dizer, ocorre quando a lei posterior que 
traz um benefício, de certa forma, para o agente do fato (a lei nova 
beneficia a situação do acusado). Rene Ariel Dotti leciona que “O advento 
de uma lei nova poderá beneficiar o agente não apenas quando 
descriminaliza o fato anteriormente punível, mas quando institui uma 
regra de Direito Penal que: a) altera a composição do tipo de ilícito; b) 
modifica a natureza, a qualidade, a quantidade oua forma de execução da 
pena; c) estabelece uma condição de punibilidade ou processabilidade; d) 
de qualquer outro modo é mais favorável” (DOTTI, 2010, p. 343).
 Ocorrendo, portanto, essa novatio legis in mellius, aplicar-se-á a lex 
mitior (lei melhor) ao caso concreto, retroagindo à data dos fatos. Esse 
instituto está previsto no parágrafo único do artigo 2º do Código Penal e 
também não encontra obstáculo à coisa julgada, não havendo que se falar 
em direito adquirido do jus puniendi estatal.
 Em suma, a novatio legis in mellius, assim como a abolitio criminis, 
retroage para beneficiar o agente criminoso, aplicando-se de forma 
imediata aos processos em andamento, sentenciados ou não, e também à 
execução penal.
Lex mitior x vacatio legis
Sancionada, promulgada e publicada uma lei penal mais benéfica, é 
possível sua aplicação imediata? Isto é, antes mesmo de encerrar o prazo 
da sua vacatio, caso existente?
1ª Corrente: seguida por Damásio de Jesus, Guilherme de Souza Nucci e 
Frederico Marques, defende que não é possível a lei nova abranger o fato 
anterior ou concomitante ao período da vacatio. Isto é, “a lei penal não 
possui eficácia jurídica ou social, devendo imperar a lei vigente. 
Fundamenta-se esta corrente no fato de que a lei no período de vacatio 
legis não passa de mera expectativa de lei. Esta é a corrente 
predominante” (CUNHA, 2013, p. 104).
Licensed to rachelcarbm@gmail.com
2ª corrente: defendida por Rene Dotti, Celso Delmanto e Alberto Silva 
Franco, entende que, em se tratando de lex mitior, deve a lei ser aplicada 
desde logo, independentemente se se encontra em vacatio legis ou não. 
Isso porque “a lei em período de vacatio não deixa de ser lei posterior, 
devendo ser aplicada desde logo, se for mais favorável ao réu” (DOTTI, 
2010, p. 344/345).
 
Combinação de leis penais – lex tertia
Duas são as teorias que respondem essa questão.
Corrente tradicional:, defendida principalmente por Nelson Hungria, 
Aníbal Bruno, Heleno Cláudio Fragoso, Eugenio Raul Zaffaroni, José 
Henrique Pierangeli, Costa e Silva, afirma não ser possível a fusão de leis, 
isto é, que não é possível dividir a norma para aplicar a parte mais 
benéfica, criando uma terceira lei (lex tertia).
Corrente moderna: fazem parte Basileu Garcia, Damásio de Jesus, 
Frederico Marques, Celso Delmanto, Cezar Roberto Bitencourt, Rene Ariel 
Dotti, Bustos Ramirez, Francisco de Assis Toledo e Magalhães Noronha, 
admite a combinação de leis favoráveis ao réu, sob o fundamento de que o 
juiz não cria uma terceira lei, mas apenas efetua uma integração das 
normas, pois, quem pode aplicar o todo, pode aplicar somente uma parte 
dela. A propósito, Damásio disserta que “Se o juiz pode aplicar o todo de 
uma ou de outra lei para favorecer o sujeito, não vemos por que não possa 
acolher parte de uma e de outra para o mesmo fim, aplicando o preceito 
constitucional. Este não estaria sendo obedecido se o Juiz deixasse de 
aplicar a parcela benéfica da lei nova, porque impossível a combinação de 
leis” (JESUS, 2006, p. 94/95).
O Supremo Tribunal Federal tem se posicionado majoritariamente (contra: 
HC 107583 / MG, HC 96844 / MS eHC 68416 / DF) no sentido da 
possibilidade da combinação das leis, quando houver ineditismo penal, 
conforme julgamento do Recurso Extraordinário em Repercussão Geral, 
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em que analisou a minorante do art. 33, § 4º da Lei n. 11.343/06 em 
conjunto com a Lei n. 6368/76: “No plano do agravamento da pena de 
reclusão, a regra mais nova não tem como retroincidir. Sendo (como de 
fato é) constitutiva de política criminal mais drástica, a nova regra cede 
espaço ao comando da norma penal de maior teor de benignidade, que é 
justamente aquela mais recuada no tempo: o art. 12 da Lei 6.368/1976, a 
incidir por ultra-atividade. O novidadeiro instituto da minorante, que, por 
força mesma do seu ineditismo, não se contrapondo a nenhuma anterior 
regra penal, incide tão imediata quanto solitariamente, nos exatos termos 
do inciso XL do art. 5º da Constituição Federal” (STF. RE 596152 RG / SP. 
Rel. p. Ac. Min. Ayres Britto. Pleno. Julg. 13.10.2011).
No mesmo diapasão: “A causa de diminuição de pena prevista no art. 33 
da Lei nº 11.343/2006, mais benigna, pode ser aplicada sobre a pena 
fixada com base no disposto no art. 12, caput, da Lei nº 6.368/76”. (STF. HC 
95435 / RS. Rel. p. Ac. Min. Cezar Peluso. 2ª T. Julg. 21/10/2008).
Súmula 501, STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, 
desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja 
mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, 
sendo vedada a combinação de leis.
 
Lei Penal Temporária e Excepcional
 
Art. 3º, CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o 
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
Lei Penal Temporária: São leis penais criadas para reger fatos ocorridos 
durante determinada situação excepcional ou durante determinado 
período. Ex.: Lei Penal Temporária – Lei Geral da Copa que contém tipos 
penais, porém impõe uma elementar que condiciona aplicação dos tipos 
penais para fatos praticados até dia 31/12/14. Hoje, não gera mais novas 
subsunções.
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Lei Penal Excepcional: criada para vigorar sob determinadas condições 
excepcionais (calamidade, guerra etc). Sua vigência se dá, apenas, no 
período de tais condições, ou seja, fora dos períodos “normais”. Ex.:Lei 
1.521/51 – Lei 8.137/90> vender ou expor a venda produto com preço 
superior ao preço da tabela oficial, situação excepcional é a crise 
econômica e congelamento de preço. Revogada em 2011; Crimes Militares 
em tempo de Guerra.
 
➔ São leis intermitentes dotadas de ultratividade. Em regra, a posterior 
autorrevogação. Não caracteriza abolitio criminis em relação aos 
fatos ocorridos durante a vigência da lei temporária ou excepcional.
 
Crime continuado e crime permanente
 Em se tratando de crime continuado (ou continuidade delitiva, art. 
71, do Código Penal) ou de crime permanente (cuja consumação se 
prolonga no tempo), a regra é que se aplica a lei mais nova, ainda que 
maléfica ao acusado. Portanto, havendo a modificação da lei quando ainda 
em prosseguimento a prática de crime continuado ou permanente, a lei 
nova é aplicada a toda a série de delitos praticados (caso seja crime 
continuado) ou para o crime permanente.
 
Súmula 711, STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou 
ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da 
continuidade ou da permanência”.
 Aplica-se o princípio da continuidade normativo-típica quando uma 
lei é revogada, porém, a conduta ainda continua incriminada em outro 
dispositivo legal, não ocorrendo, nessa hipótese, a abolitio criminis.
A revogação do complemento da Lei Penal em Branco constitui abolitio 
criminis?
 Como regra, a revogação do complemento produz abolitio criminis já 
que ele faz parte da norma penal. Exceção: não haverá descriminalização 
quando o complemento possuir caráter excepcional ou temporário.
 
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Lei Penal em Branco: Aquela cujo preceito primário se mostra incompleto 
e por isso carece de um complemento que se encontra em outra norma 
jurídica. Pode ser:
- Da mesma hierarquia: lei penal em branco homogênea em sentido 
lato. Ex.: art. 237/CP.
- De hierarquia diferente: lei penal em branco heterogênea em 
sentido estrito. Ex.: Lei n. 11.343/06 nos art. 28 e 33> Portaria da ANVISA; 
Lei 1.521/51 e Lei 8.137/90 – revogadas, tabela oficial - Portaria da 
SUNABB.
 De acordo com Código, o crime se considera praticado no momento 
da ação ou omissão ainda que outro seja o do resultado. – Teoria da 
Atividade.
 Será usado quando uma conduta ocorrer numa data e o resultado só 
acontecerno futuro.
a) Conduta e resultado ocorrem em momentos diferentes
b) Maioridade Penal
c) Superveniência de Lei Penal mais Gravosa
d) Questões que envolvam circunstâncias do crime ligadas à idade da 
vítima
Ao termo inicial da prescrição não se aplica o art. 4º e sim o art. 111/CP. 
Só começa a ocorrer com a consumação do crime.
 
LEI PENAL NO ESPAÇO
Territorialidade
 
Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional.
 
 O ordenamento jurídico brasileiro adotou a territorialidade. Trata-se 
se regra relativa, pois comporta exceções previstas em convenções, 
tratados e regras de direito internacional (territorialidade temperada).
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● Princípio da Territorialidade Temperada ou Mitigada: segundo ele, 
os crimes ocorridos em território brasileiro estarão sujeitos à 
legislação penal pátria, ressalvados se houver crimes que, embora 
praticados em territórios brasileiros, não ficaram sujeitos à lei penal 
brasileiro.
 EXCEÇÕES:
 
- Imunidade Diplomática: tem caráter absoluto, ou seja, abrange toda 
e qualquer infração penal. (Embaixadores, Chefes de Estado e de 
Governo, os Representantes de Organismos Internacionais em 
missão diplomática, Núncio apostólico. Se estende aos familiares e 
“séquitos”, ou seja, funcionários que trabalham junto à missão 
diplomática).
 Ex.: no interior da baixada da Espanha houve o crime de violência 
doméstica, aplicar-se-á a Lei Maria da Penha? O interior das embaixadas é 
território do país onde elas se encontram. Mas dependerá do fator 
pessoal, ou seja, quem praticou a conduta. Sendo um embaixador, por 
exemplo, há a imunidade diplomática.
 
- Imunidade Consular: tem caráter relativo, ou seja, abrange apenas 
aqueles fatos ligados à função.
 Em virtude dessa relativização à territorialidade, permite-se a 
aplicação de lei estrangeira a fato praticado em território brasileiro, 
fenômeno conhecido como intraterritorialidade. Cabe ressaltar que este 
não se confunde com a extraterritorialidade, adotada pelo Código no art. 
7º.
 Princípio da 
territorialidade
Princípio da 
extraterritorialidade
Princípio da 
intraterritorialidade
Local do 
crime
Brasil País estrangeiro Brasil
Lei a ser 
aplicada
Brasileira Brasileira Estrangeira 
(intraterritorialidade)
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O que se entende por território nacional?
Art. 5º, § 1º, CP - Para os efeitos penais, consideram-se como 
extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro 
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que 
se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em 
alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a 
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade 
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em 
vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil.
 
Território Nacional = espaço físico + espaço jurídico
*Espaço físico: espaço geográfico.
Espaço jurídico: espaço físico por ficção, por equiparação, por extensão ou 
território flutuante.
● Os navios ou aeronaves brasileiras que forem públicos ou estiverem a 
serviço do governo, quer se encontrem em território nacional ou 
estrangeiro, são considerados parte do território nacional.
● Caso os navios e aeronaves sejam privados, quando em alto-mar ou 
espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que 
ostentam.
● Os navios e aeronaves estrangeiros em território brasileiro, desde 
que privados, são considerados parte de nosso território.
Art. 6º, CP - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu 
a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu 
ou deveria produzir-se o resultado.
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É possível que uma infração penal se desenvolva em diversos lugares e a 
solução para esse conflito é encontrada no art. 6º, do CP. Adotou-se, 
quanto ao lugar (locus comissi delicti), a teoria da ubiquidade, hibrida ou 
mista. Isso quer dizer que se deve considerar o fato praticado tanto no 
território brasileiro como no estrangeiro, será aplicável a lei brasileira.
Extraterritorialidade
A extraterritorialidade é a aplicação da legislação penal brasileira aos 
crimes cometidos no exterior. Justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado, 
relativamente à lei penal no espaço, o princípio da territorialidade 
temperada ou mitigada (CP, art. 5º), o que autoriza, excepcionalmente, a 
incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território 
nacional.
➔ Vide art. 7º e 8º, do CP.
CRIMES À DISTÂNCIA X CRIMES DE TRÂNSITO X CRIMES PLURILOCAIS
Crimes à distância: trata-se de crime que percorre o território de dois 
Estados soberanos (Ex.: Bolívia e Brasil). Havendo conflito quanto a 
fixação de competência, aplicar-se-á o art. 6º, CP.
Crimes de trânsito: trata-se de crime que percorre territórios de mais 
de dois países soberanos (Ex.: Brasil, Paraguai e Argentina). Em caso de 
conflito, aplicar-se-á o art. 6º, do CP.
Crimes plurilocais: o crime percorre dois ou mais territórios do mesmo 
país (Ex.: comarca de São Paulo, São Bernardo do Campo e Guarulhos). 
Aplicar-se-á, em regra, o art. 70, do CPP.
 ATENÇÃO
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1. Princípio Real, Proteção ou Defesa: Refere-se a agressões contra bens 
jurídicos nacionais de relevância pública.
2. Princípio da Nacionalidade ou Personalidade: Leva em conta a 
nacionalidade do sujeito do crime.
 - Ativa: nacionalidade do autor do crime.
- Passiva: nacionalidade da vítima.
 
3. Princípio da Bandeira ou Representação: Diz respeito a fatos ocorridos 
à bordo de embarcações ou aeronave privadas brasileiras no exterior, 
quando ali não forem julgados.
 
4. Princípio da Justiça Penal Universal ou Cosmopolita: Refere-se a fatos 
de extrema gravidade que atingem bens jurídicos cuja tutela interessa a 
toda humanidade.
● Extraterritorialidade Incondicionada – Não está sujeita a nenhuma 
condição. A mera prática do crime em território estrangeiro autoriza 
a incidência da lei penal brasileira, independentemente de qualquer 
outro requisito
 Art. 7º, inc. I, CP:
Alínea “a”: Princípio Real
Alínea “b”: Princípio Real
Alínea “c”: Princípio Real
Alínea “d”: Princípio da Justiça Penal Universal
 
● Extraterritorialidade Condicionada – Relaciona-se aos crimes 
indicados pelo art. 7º, II, e § 3º, do CP. A aplicação da lei penal 
brasileira aos crimes cometidos no exterior se sujeita às condições 
descritas pelo art. 7º, § 2º, alíneas a, b, c e d, e § 3º, do CP. Em se 
tratando de extraterritorialidade condicionada, a lei penal brasileira é 
subsidiária em relação aos crimes praticados fora do território 
nacional, elencados pelo art. 7º, II, e § 3º, do CP.
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Art. 7º, inc. II, CP:
Alínea “a”: Princípio da Justiça Penal Universal
Alínea “b”: Princípio Nacionalidade Ativa
Alínea “c”: Princípio da Bandeira
 
Extraterritorialidade Hipercondicionada – ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, além das condições previstas 
no §2º, para a aplicação da lei brasileiro é preciso observar ainda: a) não 
ter sido pedida ou ter sido negada a extradição; e b) ter havida requisição 
do Ministro da Justiça.
 
Art. 7º, parágrafo 3º, CP:
Princípio da Nacionalidade Passiva
 
Pena cumprida no estrangeiro: A pena cumprida no exterior será 
descontada na pena imposta no Brasil ou a atenuará. Atenua-se a pena 
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas e, nela é 
computada, descontada, quando idênticas (detração). Pressupõe 
execução.
 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no 
Brasil pelo mesmocrime, quando diversas, ou nela é computada, 
quando idênticas.
 Eficácia da Sentença Penal estrangeira – art. 9º, CP
 
 O Código Penal nessa hipótese refere-se a casos em que a sentença 
tramitou no exterior e a execução ocorrerá no Brasil. A execução 
pressupõe homologação da sentença estrangeira pelo STJ que faz uma 
análise formal, juízo de deliberação.
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Quais os efeitos oriundos de sentença penal estrangeira podem ser 
reproduzidos em território nacional?
● Cumprimento de medidas de segurança
● Efeitos Civis da Condenação
 
Para a homologação pelo STJ é necessário que a lei brasileira autorize 
aqueles efeitos para casos semelhantes. O país pode pedir extradição, mas 
jamais o cumprimento de pena em solo brasileiro.
 
Reincidência: reincidente é o indivíduo que pratica novo crime após 
trânsito em julgado por crime anterior praticado no Brasil ou estrangeiro. 
Não é preciso a homologação, apenas prova idônea, certidão reproduzida 
por autoridade estrangeira traduzida por tradutor juramentado.
 
Contagem de Prazo Penal
● Dias a quo: inclui
● Dias ad quem: exclui
 
Meses e anos são contados de acordo com calendário comum.
 
Art. 11 – Ações não computáveis na pena
Despreza-se centavos e horas
 
Art. 12 – Princípio da Especialidade
Lugar > Ubiquidade Tempo > Atividade
Expressão Mnemônica: “LUTA”
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TEORIA GERAL DO DELITO
 
Conceito de crime
 
a) Conceito material: “Crime é o comportamento ou expõe a perigo bens 
considerados fundamentais para a paz e o convívio social.” Adota um 
enfoque intrínseco, ontológica, mirando a essência do fenômeno. 
Finalidade é limitar o legislador a fim de que ele não transforme como 
criminosa a conduta que bem entenda, apenas criminalize aquela conduta 
que atinja essa diretriz.
 
b) Conceito formal: “Crime é o comportamento ilícito passível de sanções 
penais.” Tem uma abordagem extrínseca, definindo o crime a partir de 
suas consequências jurídicas.
 
c) Conceito analítico: Aquele que procura sistematizar os elementos e a 
estrutura do crime. Abordagem que tem caráter científico.
● Teorias Quadripartida: fato típico, antijurídico, culpável e punível.
● Teoria Tripartida (adotada pelo Brasil): fato típico, antijurídico e 
culpável.
● Teoria Bipartida: fato típico e antijurídico (culpabilidade como 
pressuposto da pena).
● Teoria Constitucionalista do Delito: fato típico, antijurídico e punível 
(culpabilidade como pressuposto da pena).
 Crime, delito e contravenção penal
 
Gênero: Infração Penal.
 Espécies: a) Crime – punido com reclusão ou detenção; cumprimento 
máximo de 30anos
b) Contravenção penal – punida com prisão simples; 
cumprimento máximo de 5 anos
 
Obs.: crime e delito são sinônimos no Brasil.
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Fato Típico
 
 O fato típico é o comportamento humano previsto em lei como crime 
ou contravenção.
 
Nos crimes materiais formado por: CONDUTA + RESULTADO + NEXO 
CAUSAL + TIPICIDADE
 
Nos crimes formais e de mera conduta por: CONDUTA + TIPICIDADE
Conduta
É definida como a ação ou omissão humana consciente e dirigida a 
uma determinada finalidade. Conduta é o gênero, para as espécies: ação e 
omissão.
 
Teorias da Ação
 
● Teoria Causalista ou naturalística – Von List: conduta é um 
comportamento voluntário que produz uma modificação do mundo 
exterior.
Classificação Conceito
Materiais O tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico, 
sendo este necessário para a consumação (ex.: homicídio). Vide 
Súmula Vinculante 24
Formais O tipo descreve uma conduta que possibilita a produção de um 
resultado naturalístico, mas não exige a realização desde para a 
consumação (ex.: extorsão). Vide sumulas 96 e 500 do STJ
Mera conduta O tipo descreve apenas a conduta, da qual não decorre nenhum 
resultado naturalístico externo a ela (ex.: porte ilegal de arma de 
fogo).
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● Teoria Finalista – Welzel: conduta é um comportamento humano 
voluntário e consciente, dirigido a determinada finalidade (teoria mais 
aceita no Brasil). Para essa teoria, dolo e culpa estão no tipo e não na 
culpabilidade como afirma a teoria causalista.
 
● Teoria Social – Jescheck e Wessels: a conduta é considerada a partir de 
sua relevância social, ou seja, o que importa é a ação com relevância para 
a sociedade.
 
● Teorias funcionalistas: ao contrário das demais teorias, que enfatizam a 
ação, o funcionalismo prioriza o próprio tipo. Destacam-se duas vertentes 
funcionalistas:
 
(a) a de Roxin, para quem ação é a exteriorização da personalidade (teoria 
personalista da ação);
(b) a de Jakobs, para quem a ação é vista numa perspectiva negativa, como a 
não evitação de um resultado evitável pelo sujeito (teoria da evitabilidade 
individual).
 
Teorias da Omissão
● Teoria naturalística da omissão: a omissão é considerada análoga ao fazer, 
ou seja, é perceptível no mundo natural como algo que muda o estado das 
coisas. Assim, quem se omite dá causa ao resultado.
 
● Teoria normativa da omissão: quem se omite não faz nada e o nada não 
causa coisa alguma, ou seja, não há relevância causal em sentido físico. No 
entanto, a lei impõe um dever jurídico de agir em determinadas 
circunstâncias. É a teoria adotada pelo art. 13, § 2º, CP.
 
Omissão própria e omissão imprópria
● Crime omissivo próprio ou puro: a omissão vem descrita no tipo penal. 
Nesse caso, o omitente responderá pela simples conduta, e não pelo 
resultado naturalístico (ex.: omissão de socorro – art. 135, CP).
 
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● Crime omissivo impróprio, impuro, espúrio ou comissivo por 
omissão: é a ampliação mediata de um tipo penal que descreve 
conduta positiva (ex.: homicídio), com a imposição de um dever 
jurídico de agir para evitar o resultado. Está previsto no art. 13, § 2º, 
CP.
 
De acordo com o Código Penal (art. 13, § 2º), a omissão é 
penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir pode se dar de três formas:
(a) dever legal: o agente, por lei, tem obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância. O policial que, vendo o estupro, nada faz para evitar o resultado, 
responde por estupro;
(b) dever contratual: o agente, de outra forma, assumiu a 
responsabilidade de impedir o resultado. Se a criança de tenra idade cair 
do berço, a babá contratada para cuidá-la responderá pelas lesões; e
(c) ingerência: o agente, com seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado. O autor que convida pessoa que não sabe nadar 
para fazer a travessia do rio responderá pelo resultado se esta vier a se 
afogar.
 
Ausência de conduta
Conforme a teoria finalista, a conduta pressupõe um comportamento 
humano voluntário e consciente. Assim, ausente a vontade ou a 
consciência, não se pode falar em conduta (o fato será atípico). Hipóteses 
– causas excludentes da conduta:
● Coação física irresistível: o coator vale-se do coagido como se este 
fosse um instrumento. Por exemplo, o coagido é amarrado e jogado 
sobre a vítima, matando-a. Só responderá o coator, pois o coagido 
pratica fato atípico; e
● Estados de inconsciência: trata-se da falta de capacidade psíquica de 
vontade, que faz desaparecer a conduta (ex.: comportamentos 
praticados durante estados de sonambulismo ou hipnose).
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Resultado
É a consequência provocada pela conduta do agente. Nada obstante 
algumas divergências, também pode ser encontrada na doutrina a 
utilização da palavra “divergência”, contudo, o uso mais comum no Brasil é 
o “resultado”.
 
Espécies: Em Direito Penal, o resultado pode ser naturalístico ou jurídico.
a) Resultado Jurídico (ou normativo): é a lesão ou exposição a perigo de 
lesão do bem jurídico tutelado pela lei penal. É a agressão do valor ou 
interesse protegido pela norma.
b) Resultado naturalístico (ou material):é a modificação no mundo exterior 
provocada pela conduta do agente.
Obs.: vide nota sobre crimes materiais, formais e de mera conduta.
 
Nexo Causal ou Relação de Causalidade
Relação de casualidade, onde emprega-se, comumente, o termo 
“nexo causal” para referir-se a essa ligação entre a conduta e o resultado 
naturalístico. O Código Penal, em seu art. 13, preferiu a expressão “relação 
de causalidade” para definir o vínculo formando entre a conduta praticada 
pelo autor e o resultado por ele produzido.
A utilização da relação de causalidade (nexo causal) se faz presente 
nos crimes de resultado naturalístico (crimes materiais), onde é preciso 
verificar a relação de causa entre a conduta e o resultado para a 
responsabilização do agente, dispensável esse estudo nos crimes formais 
ou de mera conduta, que não possuem resultado naturalístico, mas apenas 
o resultado jurídico (ou normativo).
 O Código Penal adota a teoria da equivalência dos antecedentes 
causais ou a teoria da conditio sine qua non. De acordo com art. 13, caput, 
considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido.
Crítica à essa teoria: regresso ao infinito. Por exemplo, o agente mata a 
vítima com emprego de arma de fogo. Por essa autoria seria possível a 
punição do fabricante do armamento, uma vez que, sem a arma de fogo, o 
crime não teria acontecido.
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Limites ao Regresso ao Infinito:
1) art. 13, §1º, do CP: A superveniência de causa relativamente 
independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; 
entretanto, os fatos anteriores, imputam-se a quem os praticou. Por 
exemplo, a vítima é alvejada com um tiro de raspão no ombro, dirigindo-se 
ao hospital para fazer um simples curativo, local em que morre em virtude 
de um incêndio (causa superveniente que, por si só, produziu o resultado). 
Em face do disposto no art. 13, § 1º, CP o atirador responderá por 
tentativa de homicídio, e não por homicídio consumado.
 
2) Critérios da Imputação Objetiva: A teoria da imputação objetiva 
procura estabelecer critérios objetivos para a imputação de um resultado a 
alguém (ROXIN, 1997, p. 362):
- Criação ou incremento de um risco não permitido para o objeto da 
ação: para que haja imputação do resultado à conduta, ela deve criar um 
risco não permitido ao bem jurídico;
- Realização do risco no resultado concreto: ainda que criado um 
risco não permitido, caso ele não se realize no resultado concreto, este 
não pode ser imputado objetivamente ao agente. Por exemplo, motorista 
imprudente atropela o ciclista, causando-lhe lesões. No hospital, a vítima 
acaba morrendo porque o teto desaba sobre sua cabeça. O motorista não 
responderá pela morte;
- Resultado dentro do alcance do tipo: caso seja criado um risco não 
permitido, que venha a se realizar no resultado concreto, ainda assim será 
possível excluir a imputação objetiva da conduta ao agente no caso de o 
resultado não estar abarcado pelo tipo penal. Por exemplo, motorista 
imprudente trafega em velocidade incompatível, parando a centímetros de 
pedestre que atravessava a via na faixa de segurança. Em face do susto 
sofrido, o pedestre tem um ataque fulminante do coração e morre. O 
homicídio não poderá ser imputado ao motorista, já que a lei regulatória 
do limite de velocidade pune a morte em face de atropelamento, e não em 
face de susto.
- Análise de dolo e culpa (imputação subjetiva): Os institutos serão 
vistos a seguir, logo após a “tipicidade”.
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Há duas espécies de Causas:
a) Dependentes: é aquela que, originando-se da conduta, insere-se na 
linha normal de desdobramento causal da conduta (ex.: atirar contra a 
vítima – são desdobramentos normais de causa e efeito: a perfuração do 
corpo humano, a lesão de órgão vital, a hemorragia interna aguda 
traumática, a parada cardiorrespiratória, a morte). Há uma relação de 
interdependência entre os fenômenos, de modo que sem o anterior não 
haveria o posterior, e assim por diante. Logo, a causa dependente não 
exclui o nexo causal, ao contrário, integra-o como parte fundamental. É 
uma causa que decorre logicamente da conduta, como algo previsível e 
esperado, as causas dependentes não rompem com o nexo causal;
b) Independentes: é aquela que refoge ao desdobramento causal da 
conduta, produzindo por si só o resultado. Seu surgimento não é uma 
decorrência esperada, lógica, natural do fato anterior, mas sim um 
fenômeno totalmente inusitado, imprevisível (ex.: não é conseqüência 
normal de um simples susto a morte por parada cardíaca. São aquelas que 
se encontram fora da linha normal de desdobramento causal da conduta. 
As causas independentes podem ser absolutamente ou relativamente 
independentes, a causa absolutamente independente é aquela que é 
capaz de produzir o resultado sozinha.
Tipicidade
 
Última etapa do fato típico, é o juízo de subsunção entre a conduta 
praticada pelo agente no mundo real e o modelo hipotético descrito pelo 
tipo penal.
ATENÇÃO: Não se deve confundir o tipo com a tipicidade. O tipo é a 
fórmula que pertence à lei, enquanto a tipicidade pertence à conduta. 
Veja abaixo:
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 Tipo Tipicidade
Tipo penal é o próprio artigo da lei. Um fato típico é uma conduta 
humana, por isso prevista na norma 
penal.
Fato típico é inerente a norma penal.
 
Tipicidade é a qualidade que se 
dá a esse fato.
 
Típica é a conduta que apresenta 
característica específica de tipicidade 
(atípica a que não apresenta).
Tipicidade é a adequação da conduta 
a um tipo.
tipo é a fórmula legal que permite 
averiguar a tipicidade da conduta.
O juiz comprova a tipicidade 
comparando a conduta particular e 
concreta com a individualização 
típica, para ver se adéqua ou não a 
ela. Este processo mental é o juízo de 
tipicidade que o juiz deve realizar. 
TI
PI
C
ID
A
D
E
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Adequação típica: Pode ser:
- Adequação típica direta ou imediata: o fato se ajusta perfeitamente à lei 
penal, sem que se exija o concurso de qualquer outra norma;
- Adequação típica indireta ou mediata: o fato não se ajusta 
perfeitamente à lei penal, sendo necessário o concurso de outra norma, 
chamada de norma de extensão ou ampliação da figura típica. É o que 
ocorre na omissão imprópria (art. 13, § 2º, CP), na tentativa (art. 14, II, CP) 
e na participação (art. 29, CP).
 
Crime doloso
Teorias sobre o dolo:
Teoria da representação ou previsão do resultado: para a configuração do 
dolo basta o sujeito agir após ter previsto o resultado, ainda que não o 
aceite. Não foi adotada no Brasil, pois confunde dolo com culpa 
consciente.
Teoria da vontade: para a configuração do dolo basta a vontade livre e 
consciente de querer o resultado. Foi adotada no Brasil em relação ao dolo 
direto (art. 18, I, 1ª parte, CP).
 
Teoria do consentimento ou assentimento: atua com dolo quem, mesmo 
prevendo o resultado lesivo e não o querendo de forma direta, assume o 
risco de produzi-lo. Foi adotada no Brasil em relação ao dolo eventual (art. 
18, I, 2ª parte, CP).
 
Espécies de dolo
Dolo direto: é aquele em que o agente quer praticar a conduta descrita no 
tipo penal, dirigindo-se finalisticamente para o resultado. Divide-se em: 
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● Dolo direto de primeiro grau: o fim é diretamente desejado pelo 
agente;
● Dolo direto de segundo grau: o resultado é obtido como 
consequência necessária à produção do fim. É conhecido como dolo 
de consequências necessárias (BUSATO, 2015, p. 419).
 
Dolo indireto: ocorre quando o agente não quer produzir resultado certo e 
determinado. Divide-se em:
- Dolo eventual: o agente não quer produzir o resultado, mas o prevê 
e o aceita como possível, assumindo o risco que ele ocorra. 
Recorde-se da célebre fórmula de Frank: “Seja como for, dê no que 
der, em qualquer caso não deixo de agir”.- Dolo alternativo: o agente, com igual intensidade, deseja produzir 
um ou outro resultado. Por exemplo, o autor dispara para matar ou 
ferir.
Dolo de dano: é a vontade de produzir uma efetiva lesão ao bem jurídico. 
Por exemplo, art. 121, CP.
 
Dolo de perigo: é a vontade de expor o bem jurídico a uma situação de 
perigo dano. Por exemplo, art. 132, CP.
 
Crime Culposo
 
O crime será culposo quando o agente dá causa ao resultado por (art. 
18, inc. II, do CP):
a) Imprudência: ação que foi realizada de forma precipitada e sem cautela.
b) Negligência: deixar de fazer algo que sabidamente deveria ter feito, 
causando o resultado danoso.
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c) Imperícia: ausência de conhecimento teórico, técnico ou prático para 
praticar o ato.
 
- Princípio da excepcionalidade: O art. 18, parágrafo único, CP prevê o 
princípio da excepcionalidade do crime culposo. Em regra, os tipos penais 
são dolosos. Portanto, os tipos culposos, que são exceção, devem ser 
previstos expressamente.
Espécies de culpa
● Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado previsível.
Elementos do crime culposo Conceito
Conduta Voluntária Nos crimes culposos a finalidade da conduta é 
normalmente lícita.
Violação do dever objetivo de 
cuidado
Trata-se da não observância de deveres impostos 
a todos, com consequente provocação de danos a 
bens jurídicos de terceiros. Tal inobservância do 
dever objetivo de cuidado é provocada por 
imprudência, negligência ou imperícia.
Resultado naturalístico involuntário Se o resultado fosse desejado, haveria dolo.
Nexo Causal Os crimes culposos são materiais
Previsibilidade objetiva do resultado Deve ser possível ao homo medius (representante 
hipotético do homem comum) prever o resultado 
nas circunstâncias em que ocorreu.
Ausência de previsão No caso concreto, o agente não prevê o 
resultado. Há uma exceção: culpa consciente, que 
é uma espécie de culpa com previsão.
Tipicidade Os crimes culposos, regra geral, são tipos penais 
abertos, ou seja, incompletos, devendo ser 
complementados pelo juiz.
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● Culpa consciente: o agente representa a possibilidade de ocorrer o 
resultado, mas não assume o risco de produzi-lo, pois confia 
sinceramente que não ocorrerá.
● Culpa própria: o agente não quer o resultado e nem assume o risco 
de produzi-lo.
 
● Culpa imprópria: é a que decorre do erro inescusável (art. 20, § 1º, 
CP).
 
Crime Preterdoloso ou preterintencional: É aquele em que há dolo na 
conduta antecedente e culpa no resultado consequente. Por exemplo, 
lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º, CP).
IMPORTANTE: não cabe tentativa.
Erro
Erro é a falsa percepção da realidade. No Direito Penal há duas espécies de 
erro: o erro de tipo (será analisado neste tópico) e o erro de proibição 
(será analisado dentro da culpabilidade).
 
- Erro de Tipo: Está previsto no art. 20, “caput”, do Código Penal. Ocorre, 
no caso concreto, quando o indivíduo não tem plena consciência do que 
está fazendo; imagina estar praticando uma conduta lícita, quando na 
verdade, está a praticar uma conduta ilícita, mas que por erro, acredite ser 
inteiramente lícita.
 
Formas:
· Erro de Tipo Essencial: de acordo com o art. 20, caput, CP o erro 
sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas 
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. São suas espécies:
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- Escusável, inevitável ou invencível: não podia ter sido evitado, ainda 
que o agente utilizasse o grau de atenção do homem médio. A 
consequência será a exclusão do dolo e da culpa;
- Vencível, evitável ou inescusável (chamada de culpa imprópria): 
podia ter sido evitado, desde que o agente fosse mais cauteloso. A 
consequência será apenas a exclusão do dolo, permitindo-se a punição 
do autor a título de culpa, desde que exista forma culposa prevista em 
lei.
 
· Erro de Tipo Acidental: Como referido, o erro de tipo acidental é aquele 
que incide sobre dados acessórios ou secundários do crime.
 
- Erro sobre o objeto (error in objeto): o agente supõe que sua conduta 
recai sobre uma coisa, quando na verdade recai sobre outra. Por 
exemplo, supondo ser um relógio Rolex, o agente pratica a subtração, 
posteriormente descobrindo se tratar de imitação barata.
- Erro sobre a pessoa (error in persona): o agente confunde a sua vítima 
com outra. De acordo com o art. 20, § 3º, CP o erro quanto à pessoa 
contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as 
da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Por exemplo, 
desejando matar o próprio pai, o agente dispara contra a vítima, 
supondo ser o seu ascendente, mas mata uma pessoa que era muito 
parecida com o seu pai. Responderá pelo homicídio, inclusive com a 
agravante de crime contra ascendente (art. 61, II, e, CP).
- Erro na execução (aberratio ictus): conforme o art. 73, CP, quando, 
por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés 
de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, 
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo 
ao disposto no § 3º do art. 20, CP. Sendo também atingida a pessoa que 
o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70.
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 Por exemplo, o agente dispara para matar o próprio irmão, mas erra 
a pontaria e atinge terceira pessoa. Responderá pelo homicídio, 
inclusive com a agravante de crime contra irmão (art. 61, inc. II, 
alínea e, CP).
- Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): o resultado 
pretendido pelo agente se produz, porém de outro modo. Por 
exemplo, o agente dispara contra a vítima para matá-la. Na fuga, o 
ofendido escorrega e cai da ponte, morrendo em virtude da queda. O 
autor responderá pelo homicídio.
- Resultado diverso do pretendido ou aberratio criminis/delicti: de acordo 
com o art. 74, CP, fora dos casos do art. 73, quando, por acidente ou erro 
na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o 
agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se 
ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70. Por 
exemplo, o agente atira a pedra para quebrar a vidraça, mas erra a 
pontaria e acerta a cabeça da vítima. Responderá por lesão culposa ou 
homicídio culposo, conforme o caso.
 
ATENÇÃO: Esta espécie de erro de tipo não exclui dolo e culpa nem isenta 
o agente de pena.
 
Iter Criminis
 
 
 
 
 
 Fase Interna Fase Externa
 
 
 
Cogitação Preparação Execução Consumação
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Fases do Crime:
Cogitação: intenção de praticar o delito (fase interna ou subjetiva).
Preparação: atos necessários para o agente iniciar a execução do delito. Os 
atos preparatórios são em regra impuníveis, salvo quando caracterizarem 
crime autônomo (ex.: porte de arma) ou houver expressa previsão legal 
(ex.: art. 5º, Lei de Terrorismo).
Execução: somente com os atos executórios o agente pode ser punido.
Consumação: diz-se o crime consumado quando nele se reúnem todos os 
elementos de sua definição legal (art. 14, I, CP).
Exaurimento: O exaurimento ocorre quando o agente alcança, de maneira 
efetiva, o objetivo que motivou a sua conduta delituosa. É a etapa final, o 
esgotamento do iter criminis.
Crimes Momento da Consumação
Materiais Com a produção do resultado naturalístico
Formais Com a prática da conduta
De mera conduta Com a prática da conduta
Permanentes A consumação se prolonga no tempo
De perigo Com a exposição do bem jurídico a perigo
Habituais
Com a reiteração de atos que revelam um estilo ou 
modo de vida do agente
Omissivos próprios ou puros Com a abstenção de comportamento devido
Omissivos impróprios, impuros ou 
comissivospor omissão
Com a produção do resultado naturalístico
Culposos Com a produção do resultado naturalístico
Qualificados pelo resultado Com a produção do resultado agravador.
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Tentativa - artigo 14, inc. II, e parágrafo único, CP
É o início de execução de um crime que somente não se consuma por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. O sujeito não alcança a 
consumação. A punição da tentativa (art. 14, parágrafo único, CP) é a 
mesma pena do crime consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. A redução será 
tanto maior quanto distante da consumação.
A tentativa é composta de três elementos:
● início da execução;
● ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do 
agente; e
● dolo de consumação.
 
➔ Classificação:
 
a) Branca ou incruenta: é a modalidade onde o objeto material não é 
atingido pela conduta criminosa.
b) Perfeita ou imperfeita: nesta espécie, o objeto material é atingido pela 
atuação do agente, porém, a consumação não ocorre.
c) Tentativa perfeita, acabada (crime falho): nesta tentativa, o agente 
esgota todos os meios executórios que estavam à sua disposição, e mesmo 
assim não sobrevém a produção do resultado naturalístico, por 
circunstancias alheias à sua vontade. Pode ser cruenta ou incruenta.
d) Tentativa imperfeita, inacabada (tentativa propriamente dita): o 
agente inicia a execução sem, contudo, utilizar todos os meios que tinha 
ao seu alcance. O crime também não se consuma por circunstancias 
alheias ao seu intento.
 
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➔ Infrações penais que não admitem tentativa:
 
a) Crimes unissubsistentes: não aceitam intervalo temporal entre 
o início da execução e a consumação, a conduta não pode ser 
fracionada;
b) Crimes culposos: não se pode tentar aquilo que não se quer;
c) Crimes preterdolosos: que vão além do dolo. Dolo no 
antecedente, culpa no consequente.
d) Crime habitual: a conduta pressupõe reiteração de atos da 
mesma espécie para se consumar, e a prática isolada não configura 
crime. Ex. exercício irregular da medicina.
e) Crimes de atentado: quando se fala em tentativa, "salvo 
disposição em contrário" a pena é diminuída. Em alguns casos a 
tentativa já configura crime, e nesses não haverá diminuição da 
pena. (Ex.: tentativa de fuga de preso.)
f) Contravenções penais: (crime anão). Art. 4º LCT.
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Desistência Voluntária, Arrependimento Eficaz e 
Arrependimento Posterior
Crime Impossível – art. 17/CP (ou Tentativa Inidônea)
 
 Diz respeito sobre possibilidades que a consumação é 
impossível de ocorrer.
 
Há três teorias:
● Sintomática: Sustenta que deve ser aplicada uma medida de 
segurança, pois a atitude do sujeito é um sintoma de sua 
periculosidade.
● Subjetiva: o agente responde por tentativa, pois age com dolo de 
consumar o crime, embora seja impossível fazê-lo.
● Objetiva: não se pune como tentativa, dada a impossibilidade de 
consumar a infração.
- Pura: qualquer que seja o motivo da impossibilidade há 
crime impossível.
Desistência Voluntária
Arrependimento 
Eficaz
Arrependimento 
Posterior
Previsão Legal Art. 15, 1ª parte, CP Art. 15, 1ª parte, CP Art. 16, CP
Momento
O agente abandona o 
intento antes de esgotar 
os atos executórios
O agente, depois de 
esgotados os atos 
executórios, 
abandona o intento.
Ocorre depois da 
consumação
Consumação
Não é consumado por 
circunstâncias inerentes 
à vontade do agente
Não é consumado 
por circunstâncias 
inerentes à vontade 
do agente
Crime é consumado
Consequência 
Jurídica
O agente responde pelos 
atos até então praticados
O agente responde 
pelos atos até então 
praticados
Há redução da pena 
de 1/3 a 2/3
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- Temperada: só há crime impossível se a impossibilidade 
de consumação for absoluta, completa, total, do contrário 
é tentativa (adotada pelo Brasil).
 
Absoluta:
● Ineficácia do meio: meio executório.
Ex.: aborto tentado por simpatia.
● Impropriedade do objeto: objeto material
Ex.: aborto de quem não estava grávida.
 Obs.: quando relativa trata-se-á de tentativa.
 
➢ Crime impossível por obra do agente provocador: assunto tratado 
pela súmula 145/STF.
- Preparação do flagrante pela polícia que ao mesmo tempo se cerca da 
impossibilidade de consumação. (A polícia induz o agente a fazer algo; não 
se trata de situação em que a polícia observe o agente aguardando ação – 
Flagrante preparado X flagrante esperado).
Os Tribunais superiores entendem que é tentativa a hipótese em que o 
agente pega um objeto em uma loja de conveniência e a polícia 
observando aguarda-o sair da loja e o aborda.
 
Natureza Jurídica:
● Causa da exclusão da punibilidade (corrente pouco prestigiada)
● Causa da exclusão da tipicidade da tentativa (concurso)
 
 
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Ilicitude
 
Conceito: É a contradição entre a conduta e o ordenamento jurídico, pela 
qual a ação ou omissão típicas tornam-se ilícitas. Na hipótese da 
atipicidade, encerra-se, desde logo, qualquer indagação acerca da ilicitude. 
Pode-se assim dizer que todo fato penalmente ilícito é, antes de mais 
nada, típico.
Costuma-se dizer que todo fato típico, contém um caráter indiciário da 
ilicitude. Isso significa que, constatada a tipicidade de uma conduta, passa 
a incidir sobre ela uma presunção de que seja ilícita, afinal de contas no 
tipo penal somente estão descritas condutas indesejáveis.
Art. 23, caput, CP: rol das excludentes de ilicitude.
Parágrafo único: Excesso - só é possível reconhecê-lo se em um primeiro 
momento uma excludente de ilicitude estava configurada (desnecessária 
intensificação de uma conduta inicialmente permitida):
- Consciente/ Voluntário: crime doloso (excesso doloso)
- Inconsciente/ Involuntário: Erro:
 - Evitável: Crime culposo, se previsto em lei (excesso 
culposo)
 - Inevitável: Exclui dolo e culpa (Excesso exculpante)
Causas de Exclusão da Ilicitude
 
Estado de necessidade — art. 24, CP: quando o autor pratica a conduta 
para salvar de perigo atual direito próprio ou alheio.
a) Pressuposto: perigo gerador de “sistema limite” (aquela que exige uma 
saída radical ou extrema)
b) Característica: “conflito”entre 2 ou + bens juridicamente protegidos.
 Ex.: tábua de salvação
Perigo consiste na probabilidade de dano a algum bem juridicamente 
protegido.
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Requisitos
 
O legislador exige que este perigo seja (requisitos da situação de 
necessidade):
Inevitável: “o agente não podia de outro modo evitar”, é necessário que 
haja hipótese na qual só se possa salvaguardar um bem com sacrifício de 
outro. Havendo a possibilidade de salvar os dois não configura essa 
hipótese, pois havia outro meio de evitar.
 
Se havia outro meio de evitar o perigo, mas não era do conhecimento 
dos envolvidos? É reconhecido o estado de necessidade putativo.
A natureza é de erro de tipo permissivo – art. 20, § 1º,CP: exclui o dolo 
sempre, mas permite a punição de crime culposo se previsto em lei, 
quando o erro é evitável.
 
Atual: perigo presente, caracterizado. Por opção consciente do legislador o 
perigo não é contemplado por aquele iminente, mas apenas atual. É 
comprovada ser uma opção, pois no art. 25, CP considera agressão atual 
ou iminente.
Se o perigo ainda não é atual isso poderia pressupor que existe outro 
modo de salvaguardar o bem.
 
Não seria razoável àquele que está em perigo iminente aguardar que o 
perigo seja atual para agir, portanto aplicar-se-á, em analogia in bonam 
partem, o perigo iminente. (Esta é um argumento que somente deve ser 
utilizado em segunda fase, em prova preliminar utilizar texto literal de lei).
 
Direito próprio ou alheio: qualquer bem jurídico, entretanto é preciso 
comparar o que foi salvo e o que foi sacrificado. (Estado de necessidade 
próprio ou de terceiro)
 
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Conhecimentoda situação justificante (requisito subjetivo expresso): 
“para salvar”.
Ex.: Cezar Roberto Bitencourt: aborto.
 
Demais requisitos:
- Não provocação voluntária do perigo: perigo que o agente não provocou 
por sua vontade tendo sido o evento provocado por ação humana.
● Provocador:
- Voluntário: não há estado de necessidade.
- Involuntário: há estado de necessidade.
● Provocação culposa – negligência, imprudência e imperícia: quando 
o indivíduo age perante culpa a ação é voluntária, embora não tenha 
intenção de produz o resultado. O termo vontade no CP é uma 
expressão indicativa de dolo. Portanto, haveria estado de 
necessidade a seu favor.
Art. 13, § 2º, alínea c, CP: quem cria o perigo tem o dever jurídico de 
impedir o resultado.
Trata-se aqui do princípio da especialidade, pois o CP só exclui da proteção 
do estado de necessidade as pessoas que possuem dever legal de 
enfrentar o perigo.
 
Dever Jurídico:
- Dever legal – não há estado de necessidade
- Dever de garante – há estado de necessidade
- Dever ingerente na norma – há estado de necessidade
 
Conclusão: Provocação voluntária significa provocação dolosa.
 
Inexigibilidade do sacrifício do bem salvo: requisito que demanda uma 
ponderação.
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❏ Bem salvo X Bem sacrificado:
❏ Se o bem salvo for mais importante: Há estado de necessidade
❏ Se o bem salvo for equivalente ao bem sacrificado: há estado de 
necessidade
❏ Se bem sacrificado for menos importante: não há estado de 
necessidade, entretanto há uma causa de diminuição de pena 
conforme o art. 24, § 2º,CP (1/3 a2/3).
 
Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo – art. 24, § 1º, CP: não 
se exigem atos de heroísmo.
Classificação do Estado de Necessidade
 
● Estado de Necessidade Justificante: justificante remete à chamada 
causa de justificação, nome antigo dado às causas excludentes de 
ilicitude. É uma expressão utilizada quando: bem salvo > bem 
sacrificado.
 
● Estado de Necessidade Exculpante: exculpante significa excludente 
de culpabilidade É uma expressão utilizada quando: bem salvo = bem 
sacrificado.
 
O art. 24/CP revela que não adotamos o estado de necessidade 
exculpante.
 
Obs.: o CPM acolheu o estado de necessidade justificante e exculpante – 
art. 39 e 43/CPM.
 
Legítima Defesa – art. 25/CP
 
Pressuposto: agressão ilícita que propicia uma defesa legítima, lícita.
 No mínimo 2 Personagens:
● Agressor atuará de maneira ilícita.
● Vítima atuará de maneira lícita, legítima.
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Obs.: não há no estado de necessidade essa figura maniqueísta da legítima 
defesa: um está certo e outro está errado. No estado de necessidade todos 
estavam amparados pelo direito.
 
Agressão é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo bens 
juridicamente protegidos.
 
Se não houver agressão logo no início, não legítima defesa.
 
Ex.: animal ataca uma pessoa e para se defender a pessoa atira: nesse 
caso, há estado de necessidade, em tese.
Porém se o animal é utilizado como instrumento de ataque a pessoa para 
se defender, atira no animal: há a legítima defesa.
 
Agressão X Provocação: aquele que reage a uma provocação age 
criminosamente. O ordenamento jurídico reconhece benefícios legais que 
possam redundar em uma pena mais branda, mas jamais em uma 
excludente de ilicitude.
Ex.: se há uma provocação e o sujeito reage a uma provocação da vítima 
há uma conduta criminosa. Os benefícios são (benefícios alternativos):
● “Privilégio” – causa de diminuição de pena: homicídio doloso e lesão 
corporal dolosa. Exige-se que haja uma injusta provocação, que atue 
sob o domínio de violenta emoção e que reaja logo em seguida.
● Reconhecimento de uma atenuante genérica – art. 65, inc. III, alínea 
c, CP: exige provocação por parte da vítima, porém que exija a 
provocação em menor grau e a reação não precisa ser imediata.
● Reconhecimento de circunstância judicial favorável – art. 59, caput, 
CP: se a vítima tenha contribuído para algum desencadeamento do 
fato isso favorecerá o réu.
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 Requisitos
 
● Atual ou iminente: atual é presente e iminente é que está prestes a 
ocorrer. Agressão passada é vingança. Agressão futura é “fazer 
justiça com as próprias mãos.
● Agressão injusta: agressão ilícita. Não é necessário que a agressão 
seja criminosa. Pouco importa saber se o agressor compreendia ou 
não o caráter ilícito de sua ilicitude.
 
Obs.: agressão lícita/justa não configura legítima defesa.
 
Ex.: policial dá voz de prisão e após agride o preso.
Legítima Defesa – art. 25/CP
 
“Art. 25/CP: Entende-se em legítima defesa quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou 
iminente, a direito seu ou de outrem.”
 
● Agressão (conduta humana):
- Animus deffendendi: trata-se de um requisito subjetivo.
Ex.: A mata B por vingança que estava prestes a matar C. Não 
se trata de legítima defesa de terceiro, pois não há animus 
deffendendi.
 A repulsa deve ser exercida com meios necessários e 
ação moderada. Os meios necessários são aqueles menos 
lesivos à disposição do agente e eficaz para repelir a agressão.
 A ação moderada é associada à ideia de ação 
proporcional, mas por vezes há um equívoco quanto à 
conotação da palavra racionalidade (não se trata de 
intensidade, pois seria injusta). É aquela exercida até se fazer 
cessar a agressão praticada (reação ex improviso).
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Obs.: 1 É possível agredir com arma de fogo alguém que está 
desarmado? Depende, se esta for a única forma, sim.
 2A mera provocação não dá ensejo à legítima defesa.
 
- Injusta: ilícita, contrária ao direito, não sendo necessária que 
seja criminosa.
Deve ser apreciada objetivamente, ou seja, pouco importa se o 
agressor tinha compreensão acerca da ilicitude.
ATENÇÃO: agressor totalmente inimputável: contra esta atitude 
cabe a legítima defesa.
Entretanto, há autores que sugerem cautela quanto à agressão 
de inimputáveis: só deve ser autorizada a reação se a agressão 
for inevitável (Commodus discessus).
 
 - Atual ou iminente: a agressão atual é aquela presente, que 
está acontecendo. Já a iminente está prestes a acontecer.
 
- Direito próprio ou alheio: qualquer bem jurídico pode ser 
protegido em uma situação de legítima defesa.
 
Legítima defesa recíproca: cabe legítima defesa de legítima defesa?
 
 A legítima defesa pressupõe a existência de ao menos duas 
pessoas, um agressor e a vítima. A princípio, não é cabível, visto que se 
trata uma reação amparada pelo direito. É possível, no entanto, que um 
desses personagens encontre-se em legítima defesa putativa, o que 
admitiria-se a legítima defesa recíproca. Legítima defesa putativa é um 
erro de tipo e, portanto exclui o dolo – art. 20, § 1º/CP.
 
✓Legítima defesa putativa X Legítima defesa real
✓ Legítima defesa putativa X Legítima defesa putativa
✗ Legítima defesa real X Legítima defesa real > não é possível
 
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 A partir do momento em que o excesso seja aplicado é possível 
a legítima defesa, mas chama-se legítima defesa sucessiva. Não ao mesmo 
tempo (simultaneamente) e sim sucessivamente. Trata-se de reação 
contra o excesso.
 
Obs.: commodus discessus (é a saída mais cômoda) consiste na 
possibilidade de deixar local evitando a agressão.
Fica descaracterizada a legítima defesa, nessa hipótese? O commudus 
discessus não é requisito de legítima defesa, apenas em uma hipótese: 
quem age em legítima defesa defendendo-se de agressão de inimputável.
 
Espécies
 
● Legítima defesa própria e de terceiro
● Legítima defesa real X Legítima defesa putativa
● Legítima defesa recíproca
● Legítima defesa sucessiva
● Legítima defesa subjetiva: Legítima defesa com excesso exculpante
 
Absolvição por legítima defesa faz coisa julgada no civil impedindo a 
indenização?

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