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Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
AGRAVO DE INSTRUMENTO
JUÍZO DE ORIGEM:
AGRAVANTE:
AGRAVADO:
AGRAVANTE, brasileiro (a), estado civil, CPF n.º , residente e domiciliado na Rua____, vem, mui respeitosamente, por intermédio de seus procuradores judiciais infra-assinados, à presença desse E. Tribunal, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, com fulcro nas disposições contidas no art. 1.015, parágrafo único do CPC/2015, consubstanciado nos termos das razões anexas, contra a r. decisão de fl. – que indeferiu o pedido de remessa dos autos à contadoria judicial – proferida pelo MM. Juízo da ___Vara Cível da Comarca de ____, nos autos do processo em epígrafe, AÇÃO ____, que é movida por si, em face do AGRAVADO, representado nos autos por seu procurador jurídico, com endereço profissional localizado na ______; requerendo, desde já, o recebimento do presente recurso e seu posterior e regular processamento, para que este Colendo Colegiado reforme a decisão recorrida.
O agravante deixa de efetuar o preparo para a interposição do presente recurso, uma vez ser beneficiário da gratuidade de justiça, concedida nos autos de origem (art. 98, § 1º, VIII).
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Cidade, data.
Advogado
OAB
RAZÕES DA AGRAVANTE.
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA.
I – SÍNTESE FÁTICA:
Trata-se o presente de Recurso de Agravo de Instrumento, interposto em face da decisão prolatada pelo juízo a quo à fl. ___, que indeferiu o pedido de remessa dos autos à Contadoria Judicial para a elaboração do cálculo de liquidação de sentença.
II – DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE:
Disponibilizada a NE nº. ___no DJe de _____ e publicada a decisão que dá causa ao agravo no primeiro dia útil subsequente (qual seja, _____), sendo o presente recurso interposto em _____, faz-se necessário reconhecer sua tempestividade, pois protocolado dentro dos 15 (quinze) dias úteis a que se refere o art. 1.003, § 5º, CPC/15.
Ademais, é cabível agravo de instrumento da referida decisão, uma vez tratar-se de decisão interlocutória proferida na fase de liquidação de sentença, nos termos do parágrafo único do art. 1.015, também do CPC/15.
III – DAS RAZÕES PARA A REFORMA:
A agravante, utilizando-se do presente recurso legal, busca a reforma da decisão interlocutória proferida pelo juízo a quo, à fl. ____ dos autos, que INDEFERIU O PEDIDO DE REMESSA DOS AUTOS À CONTADORIA JUDICIAL PARA ELABORAÇÃO DO CÁLCULO DA FASE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.
Pedimos vênia para transcrever a referida decisão, apenas para não perder-se a literalidade:
(...) DECISÃO JUIZ (...)
[...]
Dito isso, indefiro o postulado na petição retro, cumprindo à parte autora juntar aos autos o cálculo.
Pois bem. Primeiramente, cabe salientar que o agravante é beneficiário da gratuidade de justiça, conforme despacho prolatado à fl. ____ dos presentes autos.
Reza o inciso VII, do § 1º, do art. 98, do CPC/15 que, “in verbis”:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade de justiça, na forma da lei.
§ 1º. A gratuidade de justiça compreende:
[...]
VII – o custo com a elaboração da memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução.
(Grifo nosso).
Ora Excelências, data máxima vênia, a parte agravante discorda do entendimento da nobre magistrada singular, isto porque, é notória e flagrante a complexidade do cálculo a ser elaborado para a instauração da fase de execução/cumprimento de sentença, o que autoriza a remessa dos autos à contadoria judicial.
Não se trata de mera atualização de cálculo, conforme jurisprudência que embasou a decisão de primeiro grau (nº. 70063099865), mas sim de cálculo com a incidência de mais de um índice de correção/atualização (IGP-M e índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança), além de cálculo dos juros e atualização dos próprios honorários advocatícios sucumbenciais.
Ora, smj., os procuradores infra-assinados não são obrigados a serem peritos em todas as áreas de conhecimento (assim como os próprios julgadores não o são). Todavia, em indeferindo o pedido de remessa dos autos à contadoria, o juízo singular impõe ao agravante que contrate um perito/contabilista para ter seu direito assegurado, o que por certo importaria na cobrança de valores consideráveis, que não podem ser despendidos sem grave prejuízo de sua mantença pessoal e familiar.
Assim, o juízo singular impõe ao agravante ônus excessivo que se consubstancia em verdadeiro cerceamento de defesa, o que não pode ser admitido!
A jurisprudência deste ETJERGS é pacífica quanto à possibilidade da remessa dos autos à contadoria judicial quando a parte é beneficiária da gratuidade de justiça, senão vejamos, com grifos nossos:
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PARTE BENEFICIÁRIA DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PEDIDO DE REMESSA DOS AUTOS À CONTADORIA JUDICIAL PARA ATUALIZAÇÃO DO DÉBITO. CABIMENTO. Sendo a parte beneficiária da assistência judiciária gratuita, deve o processo ser encaminhado ao Contador Judicial para atualização do débito, pois o benefício da gratuidade compreende todos os atos do processo. Inteligência do art. 98, inc. VII, do NCPC. Recurso provido. (Agravo de Instrumento Nº 70075608935, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 30/05/2018).
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. ATUALIZAÇÃO DA DÍVIDA. REMESSA DOS AUTOS À CONTADORIA JUDICIAL. PARTE QUE LITIGA SOB OS AUSPÍCIOS DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PRECEDENTES DO EGRÉGIO STJ E DESTA CORTE. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70076710995, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 21/02/2018).
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. COMPLEXIDADE DOS CÁLCULOS. ELABORAÇÃO PELO CONTADOR JUDICIAL. CABIMENTO. ARTS. 98, § 1º, VII, E 524, § 2º, do CPC de 2015. Tratando-se de parte beneficiária da gratuidade da justiça, cabível a remessa dos autos à Contadoria Judicial para elaboração do cálculo de liquidação da sentença, por força do disposto nos arts. . 98, § 1º, VII, e 524, § 2º, do Código de Processo Civil de 2015. Precedentes do e. STJ e deste TJRS. Agravo de instrumento provido (Agravo de Instrumento Nº 70074512799, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Delgado, Julgado em 26/10/2017).
Pedimos vênia, também, para colacionar entendimento do C. STJ, com grifo nosso:
PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. CÁLCULOS PELA CONTADORIA JUDICIAL. DIREITO DO BENEFICIÁRIO.
1. Consoante entendimento assentado pelo STJ, o beneficiário da assistência judiciária gratuita tem direito à elaboração de cálculos pela Contadoria Judicial, independentemente da complexidade deles (REsp 1.200.099/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe 19/5/2014; REsp 449.320/RS, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, DJ 3/8/2006, p. 242; REsp 691.978/RS, Rel.Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 22/8/2005, p.139).2. Nessa linha, é absolutamente irrelevante a análise sobre a ausência de complexidade dos cálculos, motivo pelo qual não há falar em ofensa à Súmula 7/STJ.3. Agravo Regimental não provido.(AgRg no AREsp 783.343/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 05/02/2016)
Dessa forma Excelências, considerando que o agravante é beneficiário da gratuidade de justiça e, bem assim, tendo em mente a complexidade dos cálculos a serem elaborados em fase de liquidação de sentença, pugna-se como ultima ratio, pela reforma da decisão agravada, eis que sua manutenção importará em prejuízo ao próprio exercício dos direitos do agravante. 
IV - DO PEDIDO:
EX POSITIS, requer seja CONHECIDO e PROVIDO o presente recurso, para reformar a decisão agravada e determinar a remessados autos à contadoria judicial para elaboração do cálculo de liquidação de sentença.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Cidade, data.
Advogado
OAB