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Condições de validade dos contratos

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1. Requisitos de ordem geral (art. 104, CC): são aqueles comuns a todos os negócios jurídicos:
· Capacidade do agente;
· Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
· Forma prescrita ou não defesa em lei.
2. Requisito de ordem especial: específico dos contratos:
· Consentimento recíproco (acordo de vontades)
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Esses requisitos podem ser agrupados em requisitos de ordem subjetiva; requisitos de ordem objetiva e requisitos formais.
Requisitos subjetivos
1. Capacidade genérica. 
· Se absolutamente incapaz: a incapacidade precisa ser suprida pela representação;
· Se relativamente incapaz: a incapacidade precisa ser suprida pela assistência. 
Os contratos serão nulos (CC, art. 166, I) ou anuláveis (art. 171, I), se a incapacidade, absoluta ou relativa, não for suprida pela representação ou pela assistência.
1Nota:
· Representação: O suprimento da incapacidade absoluta dá-se através da representação. Os menores de dezesseis anos são representados por seus pais ou tutores e os enfermos ou deficientes mentais, privados de discernimento, além das pessoas impedidas de manifestar a sua vontade, mesmo que por causa transitória, por seus curadores.
· Assistência: para relativamente incapazes. É uma forma mais branda de representação, pois o denominado “assistente” não pratica o ato “em nome” do representado, mas juntamente consigo.
2. Aptidão específica para contratar. Exemplos: 
· Outorga uxória (para alienar bem imóvel, p. ex.: CC, arts. 1.647, I, 1.649 e 1.650)
· Consentimento dos descendentes e do cônjuge do alienante (para a venda a outros descendentes: art. 496).
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
3. Consentimento. Abrange:
· Acordo sobre a existência e natureza do contrato (tipo de contrato): se um dos contratantes quer aceitar uma doação e o outro quer vender, contrato não há. 
· Acordo sobre o objeto do contrato. 
· Acordo sobre as cláusulas que o compõem (se a divergência recai sobre ponto substancial, não poderá ter eficácia o contrato).
A falta de consentimento implica em vício ou defeito no negócio jurídico.
Requisitos objetivos
1. Licitude de seu objeto: objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes. 
Nota:
· Objeto imediato do negócio é sempre uma conduta humana e se denomina prestação: dar, fazer ou não fazer. 
· Objeto mediato são os bens ou prestações sobre os quais incide a relação jurídica obrigacional. Quando o objeto jurídico do contrato é imoral, os tribunais por vezes aplicam o princípio de direito de que ninguém pode valer-se da própria torpeza (art. 150, CC).
2. Possibilidade física e jurídica do objeto: 
· Possibilidade física: ninguém pode, por exemplo, negociar uma viagem pra lua. 
· Possibilidade jurídica: ex: os bens gravados com cláusula de inalienabilidade (comum nas doações), são impossíveis juridicamente de serem, por exemplo, objetos de compra e venda.
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Nota: a impossibilidade deve ser absoluta, se for apenas relativa, o negócio jurídico ainda é válido. Exemplo de impossibilidade relativa: pedreiro que temporariamente está impossibilitado de prestar serviço em função de acidente que sofreu.
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.
3. Determinação do objeto: o objeto do negócio jurídico deve ser, igualmente, determinado ou determinável.
· Determinado: especificado, individualizado. 
· Determinável significa ser indeterminado relativamente ou suscetível de determinação no momento da execução. Admite-se, assim, a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade (CC, art. 243).
4. Suscetível de apreciação econômica: embora não mencionado expressamente na lei, a doutrina exige outro requisito objetivo de validade dos contratos: o objeto do contrato deve ter algum valor econômico.
Requisitos formais
1. A forma deve ser prescrita (descrita) ou não defesa (não proibida) em lei. No direito brasileiro a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. É nulo o negócio jurídico quando “não revestir a forma prescrita em lei” ou “for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade” (CC, art. 166, IV e V). Em alguns casos a lei reclama também a publicidade, mediante o sistema de Registros Públicos (CC, art. 221).
· Forma livre: é a predominante no direito brasileiro (CC, art. 107).
· Forma especial ou solene. Finalidade de assegurar a autenticidade dos negócios, garantir a livre manifestação da vontade, demonstrar a seriedade do ato e facilitar a sua prova. 
· Única: é a que por lei não pode ser substituída por outra;
· Múltipla (plural): o ato é solene, mas a lei permite a formalização do negócio por diversos modos.
1Nulidade absoluta e nulidade relativa (anulabilidade) dos contratos
1. Se algum dos requisitos mencionados acima não for atendido o contrato será nulo ou anulável. 
2. Nulidade absoluta: é quando o ato nulo atinge interesse público. 
· Não admite confirmação. 
· Pode ser reconhecida a qualquer tempo.
· Pode ser arguida pelas partes, por terceiro interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de ofício pelo juiz.
3. Nulidade relativa (anulabilidade): é quando o ato anulável atinge interesses particulares.
· Admite confirmação 
· Somente pode ser arguida pelos legítimos interessados.
· A anulabilidade somente pode ser arguida, pela via judicial, em prazos decadenciais de quatro (regra geral) ou dois (regra supletiva) anos, salvo norma específica em sentido contrário.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
(...)
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Referências: 
GONÇALVES. Carlos Roberto. Coleção Direito civil brasileiro volume 3. 17. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
1 GAGLIANO, Pablo Stolze. RODOLFO, Pamplona Filho. Novo curso de direito civil – Parte geral – vol. 1. 23 ed. São Paulo:Saraiva Educação, 2021.

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